Histologia Básica, Texto e Atlas - 12ª Edição - Junqueira & Carneiro
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13 1 Hemocitopoese<br />
•o <strong>Histologia</strong> aplicada<br />
A medula óssea é uma fonte de células-tronco<br />
para outros tecidos<br />
Ao contrário do que sugeriam observações mais antigas, a medula<br />
óssea contém muitas células-tronco que podem produzir diversos tecidos,<br />
e não apenas células sangu íneas. Com seu grande potencial de<br />
diferenciação, essas células tornam possível a produção de células especializadas<br />
que não são rejeitadas pelo organismo porque se originam da<br />
medula da mesma pessoa. Depois de coletadas da medula óssea e isoladas<br />
por meio de marcadores especificas, as células-tronco são cultivadas<br />
em meio que dirige a diferenciação para originar as células especializadas<br />
que se deseja transplantar. Essas células são, então, utilizadas para<br />
substituir as células de que o paciente necessita. Nesse caso, o doador e<br />
o receptor são a mesma pessoa, e existe total histocompatibilidade, o<br />
que exclui qualquer possibilidade de rejeição. Apenas 0,001a0,01% das<br />
células isoladas por gradiente de densidade a partir de um aspirado de<br />
medula óssea são células-tronco; no entanto, seu número aumenta em<br />
SOO vezes em um período de 12 h de cultura in vitro.<br />
Embora esses estudos estejam ainda em desenvolvimento, os resultados<br />
parecem promissores. O uso de células-tronco provenientes da<br />
medula tem oferecido alguns benefícios clínicos a pacientes com osteogênese<br />
imperfeita e infarto do miocárdio, por exemplo. Os benefícios<br />
têm sido atribuídos a dois mecanismos de ação, ainda não totalmente<br />
esclarecidos: efeito parácrino de fatores secretados pelas células-tronco<br />
e diferenciação das células-tronco in situ para reposição do tecido lesionado.<br />
Em contrapartida, faltam resultados mais precisos.<br />
Um aspecto interessante do uso de células-tronco de adultos com o<br />
intuito de promover a regeneração tecidual é a ausência de conflitos éticos<br />
e técnicos, frequentemente associados à obtenção de células-tronco<br />
a partir de embriões.<br />
díploe dos ossos do crânio; no adulto jovem, é vista nas<br />
epífises proximais do fêmur e do úmero. A medula amarela<br />
ainda retém células-tronco e, em certos casos, como<br />
nas hemorragias, alguns tipos de intoxicação e irradiação,<br />
pode transformar-se em medula óssea vermelha e voltar a<br />
produzir células do sangue.<br />
Tanto na medula óssea vermelha como na amarela existem<br />
nódulos linfáticos, que são acúmulos de linfócitos (ver<br />
Capítulo 14). A medula óssea não tem vasos linfáticos.<br />
• Medula óssea vermelha<br />
A medula óssea vermelha (Figura 13.3) é constittúda por<br />
células reticulares, associadas a fibras reticulares ( colágeno<br />
tipo III). Essas células e fibras formam uma rede, percorrida<br />
por numerosos capilares sinusoides, que se originam de capi·<br />
lares no endósteo e terminam em um grande vaso central, cujo<br />
sangue desemboca na circulação sistêmica venosa por meio de<br />
veias emissárias. Artérias também são encontradas na medula,<br />
principalmente na região cortical, próxima do endósteo. A<br />
inervação da medula consiste principalmente em fibras nervosas<br />
mielínicas e amielínicas existentes na parede das artérias.<br />
Algumas fibras amielínicas terminam em regiões de hemocitopoese,<br />
e algm1s neurotransmissores (p. ex., substância P)<br />
contribuem para a regulação deste processo.<br />
O endotélio dos capilares e as células reticulares são<br />
fontes de citocinas hemocitopoéticas. A hemocitotopoese<br />
'<br />
Para saber mais<br />
Além de produzir as células do sangue, a medula óssea armazena<br />
ferro sob a forma de ferritina e de hemossiderina, principalmente no<br />
citoplasma dos macrófagos. A ferritina é constituída pelo ferro ligado<br />
a uma proteína de peso molecular 480 mil dáltons (D), denominada<br />
apoferritina. A hemossiderina é um complexo heterogêneo que contém<br />
ferro, apoferritina e outras proteínas, glicídios, lipídios e outras moléculas.<br />
Outra função da medula óssea vermelha é a destruição de eritrócitos<br />
envelhecidos.<br />
ocorre nos espaços entre capilares e células reticulares,<br />
sendo regulada por citocinas estimulatórias e inibitórias,<br />
contatos intercelulares e proteínas da matriz extracelular<br />
existentes neste estroma. Neste ambiente especial, célulastronco<br />
proliferam e se diferenciam em todos os tipos de<br />
células do sangue (Figuras 13.3 a 13.5). Células adiposas<br />
ocupam aproximadamente 50% da medula óssea vermelha<br />
no indivíduo adulto. O aumento do tecido adiposo se continua<br />
gradualmente com o envelhecimento. Os adipócitos<br />
medulares se desenvolvem a partir de células fibroblastoides,<br />
provavelmente células reticulares. Diferentemente de<br />
outros adipócitos do organismo, essas células são relativamente<br />
resistentes à lipólise promovida pelo jejum prolongado.<br />
A matriz extracelular, além de colágeno tipos I e III,<br />
contém fibronectina, laminina, tenascina, trombospondina,<br />
vitronectina, glicosaminoglicanos e proteoglicanos. Várias<br />
destas moléculas e outra molécula com afinidade para células,<br />
a hemonectina, interagem com receptores celulares,<br />
fixando temporariamente as células e interferindo positivamente<br />
ou negativamente na função de diferentes citocinas.<br />
Essas interações formam nichos (microrregiões)<br />
especializados que podem facilitar o desenvolvimento de<br />
linhagens sangtúneas específicas, favorecer a sobrevivência<br />
de células-tronco ou a quiescência celular. A medula apresenta<br />
microrregiões nas quais predomina um mesmo tipo<br />
de glóbulo sangtúneo, em diversas fases de maturação.<br />
A liberação de células maduras da medula para o sangtte<br />
ocorre por migração através do endotélio, próximo<br />
das junções intercelulares. De modo geral, o processo de<br />
maturação envolve a perda de receptores de adesão célulacélula<br />
e célula-matriz, podendo ser controlada por fatores<br />
de liberação, moléculas produzidas em resposta às necessidades<br />
do organismo. Diferentes linhagens sangttíneas<br />
podem responder de maneira diferenciada a esses fatores.<br />
A Figura 13.4 ilustra a passagem de células da medula óssea<br />
para o sangtie (liberação).<br />
~ Maturação dos eritrócitos<br />
Célula madura é a que alcançou um estágio de diferenciação<br />
que lhe possibilita exercer todas as suas funções<br />
especializadas. O processo básico da maturação da<br />
série eritrocítica ou vermeU1a é a síntese de hemoglobina<br />
e a formação de ttm corpúsculo pequeno e bicôncavo, que<br />
oferece o máximo de superfície para as trocas de oxigênio.<br />
A diferenciação dos eritrócitos ocorre em nichos que contêm<br />
macrófagos no seu estroma central e células eritrocí-