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Histologia Básica, Texto e Atlas - 12ª Edição - Junqueira & Carneiro

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17 1 Aparelho Respiratório<br />

l><br />

Capilar<br />

'<br />

Endotélio<br />

Macrólago<br />

inlra-alveola.r<br />

Figura 17 .22 Corte de um pulmão fixado por injeção intra-alveolar de fixador. Obseive mo septo interalveolar estruturas trilaminares (pontas de seta) constituídas por uma membrana<br />

basal central e duas camadas muito finas de citoplasma de pneumócito tipo 1 e de célula endotelial do capilar. (Pararrosanilina e azul de toluidina. Grande aumento.)<br />

possibilitar as trocas de gases e ao mesmo tempo impedir a<br />

passagem de líquido.<br />

Os pneumócitos tipo II, também chamados de células<br />

septais, localizam-se entre os pneumócitos tipo l,<br />

com os quais formam desmossomos e junções mútivas<br />

(Figuras 17.23 a 17.25). Os pneumócitos tipo II são células<br />

arredondadas que ficam sempre sobre a membrana basal<br />

do epitélio alveolar, como parte desse epitélio. Aparecem de<br />

preferência em grupos de duas ou três células, nos pontos<br />

em que as paredes alveolares se tocam. O núcleo é maior e<br />

mais vesicular, em relação às demais células da parede interalveolar.<br />

O citoplasma não se adelgaça e, na microscopia<br />

óptica, aparece vacuolizado. Essas células apresentam retículo<br />

endoplasmático granuloso desenvolvido e microvilos<br />

na sua superfície livre. Sua principal característica são os<br />

corpos multilamelares de l a 2 µ,m de diâmetro, elétron·<br />

densos (Figuras 17.24 e 17.25), que são os responsáveis<br />

pelo aspecto vesicular do citoplasma à microscopia óptica.<br />

Os corpos multilamelares contêm fosfolipídios, proteínas,<br />

glicosaminoglicanos, e são continuamente sintetizados e<br />

•o <strong>Histologia</strong> aplicada<br />

Diversos agentes (bactérias, vírus, certos medicamentos, drogas<br />

il ícitas, como heroína), que causam lesão nos pneumócitos tipo 1 e nas<br />

células endoteliais dos capilares pulmonares, levam à síndrome do<br />

desconforto respiratório do adulto, devido a um edema intra-alveolar<br />

e exsudato de fib rina, frequentemente seguidos por uma fibrose intersticial<br />

(acúmulo de fibras colágenas) que se instala rapidamente. Nessa<br />

situação foi observado um aumento do RNA mensageiro para o colágeno<br />

no pulmão, confirmando a síntese aumentada dessa proteína. Essa<br />

síndrome causa alta mortalidade, principalmente em pessoas com mais<br />

de 60 anos de idade.<br />

liberados pela porção apical dos pneumócitos tipo II. Os<br />

corpos lamelares originam o material que se espalha sobre<br />

a superficie dos alvéolos. Esse material forma uma camada<br />

extracelular nos alvéolos, denominada surfatante pulmonar.<br />

A camada surfatante consiste em uma hipofase aquosa<br />

e proteica, coberta por uma camada monomolecular de<br />

fosfolipídios, composta principalmente de dipalmitoilfosfatidilcolina<br />

e fosfatidilglicerol. O surfatante exerce diver-<br />

•o <strong>Histologia</strong> aplicada<br />

A síndrome do desconforto respiratório do recém-nascido é uma<br />

condição mórbida, causada pela deficiência em surfatante, que pode<br />

resultar na morte do recém-nascido. É muito mais frequente nas crianças<br />

prematuras do que nas nascidas a termo e representa a principal<br />

causa de mortalidade entre os prematu ros. A incidência da síndrome<br />

do desconforto respiratório do recém-nascido varia inversamente com o<br />

tempo de gestação. O pulmão imaturo é deficiente tanto na quantidade<br />

como na composição do surfatante. No recém-nascido normal, o início<br />

da respiração coincide com a liberação de grande quantidade de surf a­<br />

tante armazenado no citoplasma dos pneumócitos tipo li, o que diminui<br />

a tensão superficial dos alvéolos. Isso reduz a força necessária para<br />

inflar os alvéolos, e o trabalho respiratório é menor. Nessa síndrome, a<br />

microscopia mostra que os alvéolos estão colabados e os bronquíolos<br />

respiratórios e duetos alveolares estão distendidos e contêm liquido.<br />

Um material eosinófilo, rico em fib rina, chamado de membrana hialina,<br />

cobre os duetos alveolares. Por isso, inicialmente essa síndrome foi chamada<br />

de doença de membrana hialina. A síntese de surfatante pode ser<br />

induzida pela administração de glicocorticoides, a medicação usada nos<br />

casos de síndrome do desconforto respiratório do recém-nascido. Mais<br />

recentemente, foi verificado que o surfatante tem poder bactericida,<br />

participando da eliminação de bactérias patógenas que cheguem até os<br />

alvéolos pulmonares.

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