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Histologia Básica, Texto e Atlas - 12ª Edição - Junqueira & Carneiro

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<strong>Histologia</strong> <strong>Básica</strong><br />

... Apoptose<br />

A multiplicação mitótica para o crescimento e a renovação<br />

dos tecidos é um processo de significado fisiológico<br />

evidente; porém o processo de apoptose, que é rápido e não<br />

deixa vestígios, também tem grande importância para as<br />

funções normais do organismo, como mostram os exemplos<br />

a seguir, em <strong>Histologia</strong> aplicada.<br />

~O <strong>Histologia</strong> aplicada<br />

A maioria dos linfócitos T produzidos no timo são capazes de atacar e destruir<br />

componentes dos tecidos do corpo e causariam grandes danos se entrassem<br />

na circulação sanguínea. Em contrapartida, esses linfócitos recebem<br />

sinais moleculares que ativam o programa apoptótico codificado em seus cromossomos<br />

e são destruídos por apoptose, antes de saírem do timo carregados<br />

pelo sangue circulante (Capitulo 14). Outro exemplo são as modificações que<br />

ocorrem nas glândulas mamárias em cada ciclo menstrual. Há um discreto<br />

crescimento dessas glândulas, e as células que se formam são destruídas por<br />

apoptose. Na glândula mamária pós-lactação existe apoptose muito mais<br />

intensa, porque, durante a gestação, as células da glândula proliferaram-se,<br />

preparando a glândula para a secreção de leite. Terminada a amamentação,<br />

as células excedentes acionam o programa apoptótico (Figura 3.23) e morrem,<br />

sem causar inflamação nas glândulas mamárias.<br />

Qualquer célula pode ativar seu programa de autodestruição quando acontecem<br />

grandes modificações em seu ONA, como ocorre durante o surgimento de<br />

um câncer. O câncer se origina do clone de uma única célula que se multiplica<br />

e vai acumulando mutações, até tornar-se maligna. Assim, para formar o clone<br />

maligno, a célula pré-cancerosa tem de, além de outros obstáculos, vencer seu<br />

programa apoptótico. Muitas vezes elas conseguem isso desativando os genes<br />

que controlam a apoptose, mas outras vezes não conseguem, e o processo apoptótico<br />

impede que se forme o clone canceroso. Não é somente na destruição de<br />

células cancerosas que a apoptose atua como mecanismo de defesa. As células<br />

que são invadidas por vírus, que são parasitas intracelulares, também muitas<br />

vezes entram em apoptose. O ácido nucleico do vírus é o fator que põe em andamento<br />

o processo apoptótico. Como os vírus só se multiplicam no meio intracelular,<br />

a morte da célula significa a destruição dos vírus que a invadiram.<br />

A apoptose foi descoberta durante estudos sobre o desenvolvimento<br />

embrionário, no qual sua importância para a formação dos órgãos é muito<br />

clara. Posteriormente, foi observado que também no adulto saudável típico a<br />

apoptose é um fenômeno muito frequente.<br />

Na apoptose, a célula e seu núcleo se tornam compactos, diminuindo<br />

de tamanho. Nesta fase, a célula apoptótica é facilmente identificada ao<br />

microscópio óptico, porque apresenta o núcleo com a cromatina muito<br />

condensada e corando-se fortemente (núcleo picnótico ). Em seguida, a<br />

cromatina é cortada em pedaços por endonucleases do ONA. O microscópio<br />

eletrônico mostra que o citoplasma da célula em apoptose forma saliências<br />

que se separam da superfície celular (Figura 3.24). Os fragmentos que se<br />

destacam dessa maneira estão envolvidos por membrana plasmática modificada<br />

e são rapidamente fagocitados pelos macrófagos (ver Capítulo 5).<br />

Todavia, os fragmentos apoptóticos não induzem os macrófagos a produzir<br />

as moléculas sinalizadoras que desencadeiam a resposta inflamatória nos<br />

tecidos adjacentes.<br />

A morte acidental de células, um processo patológico, chama-se necrose.<br />

Pode ser causado por microrganismos, vírus, agentes químicos e outros. As<br />

células necróticas incham, suas organelas também aumentam de volume e,<br />

finalmente, a célula se rompe, lançando seu conteúdo no espaço extracelular.<br />

Na apoptose, ao contrário, os fragmentos celulares estão sempre envoltos por<br />

membrana plasmática. O conteúdo das células que morrem por necrose também<br />

é fagocitado pelos maérófagos, mas nesse ca.so os macrófagos secretam<br />

moléculas que vão ativar outras células de defesa, que promovem a inflamação.<br />

Por isso, a necrose, processo patológico, é seguida de inflamação, o que<br />

não ocorre na apoptose.<br />

Figura 3.23 Corte da glândula mamária de uma rata, cuja lactação foi interrompida dura11te 5 dias. As células secretoras estão atJofiadas (muito baixas) e muitas são vistas no lúmen<br />

glandular, com morfologia nuclear que indica apoptose. (Pararrosanilina e azul de toluidina. Médio aumento.)

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