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Desejo a meia-noite - Lisa Kleypas

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CAPÍTULO 16<br />

Alvorecer.<br />

Uma palavra perfeita para descrever a forma como a manhã penetrara aos poucos pelo<br />

quarto, um raio de luz derramando-se pela cama, outro no chão entre a janela e a pequena<br />

lareira.<br />

Amelia piscou e ficou deitada durante algum tempo, em torpor. Havia fogo na lareira – ela<br />

devia estar dormindo quando a criada o acendeu.<br />

Fogo... Ramsay House... a lembrança caiu sobre ela com um impacto desagradável e ela<br />

fechou os olhos. Tornou a abri-los, porém, quando pensou na escuridão, no luar e na<br />

calorosa pele masculina. Sentiu arrepios.<br />

O que havia feito?<br />

Estava na cama, com apenas algumas lembranças indistintas da viagem de volta, ainda no<br />

escuro, de Cam carregando-a, envolvendo-a nas cobertas como se ela fosse uma criança.<br />

Feche os olhos, ele murmurara, a mão fazendo uma agradável pressão em sua cabeça. E ela<br />

dormira e dormira. Agora, ao forçar a vista para olhar o relógio sobre a lareira, que fazia um<br />

alegre tique-taque, percebeu que era quase meio-dia.<br />

O pânico a invadiu até que ela dissesse a si mesma que não era prático entrar em pânico.<br />

De qualquer forma, o coração bombeava algo que parecia ser quente e leve demais para ser<br />

sangue e sua respiração ficou ofegante.<br />

Gostaria de ser persuadida de que tudo não passara de um sonho, mas seu corpo ainda<br />

estava marcado pelo mapa invisível que ele desenhara com os lábios, a língua, os dentes e as<br />

mãos.<br />

Ao levar a ponta dos dedos aos lábios, Amelia sentiu que eles estavam mais inchados, mais<br />

lisos do que o normal... tinham sido lambidos e arranhados pela boca dele. Cada centímetro<br />

de seu corpo parecia sensível, fragilizado, ainda abrigando uma dor de prazer.<br />

Uma mulher decente sem dúvida teria sentido vergonha de seus atos. Amelia não sentia<br />

vergonha alguma. A <strong>noite</strong> havia sido extraordinária – intensa, sombria e doce – e ela<br />

guardaria aquela lembrança para sempre. Era uma experiência que ela não poderia deixar de<br />

ter, com um homem diferente de todos os que ela já conhecera ou que ainda conheceria.<br />

Como desejava que ele já tivesse partido!<br />

Com alguma sorte, Cam já teria ido embora para cuidar de seus assuntos em Londres.<br />

Amelia não tinha certeza de que seria capaz de encará-lo depois daquela <strong>noite</strong>. E, com tanta<br />

coisa a resolver, certamente não precisava da distração que ele representava.<br />

Quanto às lembranças da <strong>noite</strong> com Cam, todas se refratavam com delicadeza, como se ele<br />

fosse um prisma que seus sentimentos tivessem atravessado... Agora não era hora de pensar<br />

mais naquilo. Haveria tempo mais tarde. Dias, meses, anos.

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