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Desejo a meia-noite - Lisa Kleypas

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– Explico depois.<br />

Cam roubou-lhe um beijo rápido e deslizou o braço em torno dela, guiando-a para dentro<br />

da casa. Estava silenciosa como um mausoléu, o ar frio cheirando a fumaça e a poeira. Ao<br />

explorar em silêncio o primeiro andar, não encontraram nenhum sinal de Leo. Era difícil<br />

enxergar na escuridão, mas Cam encontrava o caminho de cômodo a cômodo com a<br />

segurança de um gato.<br />

Ouviram um som vindo do andar de cima, o ranger de tábuas. Amelia sentiu um tremor de<br />

nervosismo e ao mesmo tempo de alívio. Correu em direção à escada. Cam a deteve,<br />

apertando a mão em torno de seu braço. Ela compreendeu que queria que ela fosse devagar<br />

e se obrigou a relaxar.<br />

Foram para a escada, Cam na frente, testando cada degrau antes de permitir que Amelia o<br />

seguisse. A sujeira acumulada rangia sob seus pés silenciosos. Enquanto subiam, o ar ficava<br />

cada vez mais frio, como se agulhas penetrassem seu corpo. Era um frio profano, amargo<br />

demais e sinistro demais para vir de uma fonte natural. Um frio que secava seus lábios e fazia<br />

seus dentes doerem. Apertou a mão de Cam e ficou tão próxima dele quanto possível, sem<br />

derrubá-lo.<br />

Um brilho fraco e gélido veio de um aposento perto da ponta do corredor do andar de<br />

cima. Amelia emitiu um som de preocupação quando percebeu de onde vinha a luz da<br />

lamparina.<br />

– A Sala das Abelhas.<br />

– Abelhas não voam à <strong>noite</strong> – murmurou Cam, a mão subindo até a parte de trás de seu<br />

pescoço, deslizando por suas costas. – Mas, se preferir esperar aqui...<br />

– Não.<br />

Reunindo toda a sua coragem, Amelia ergueu os ombros e desceu o corredor com ele.<br />

Como era típico de Leo, aquele perverso infeliz, se esconder em um lugar que a apavorava<br />

até perder o juízo.<br />

Pararam diante da porta aberta. Cam impedia parcialmente a visão de Amelia.<br />

Olhando por sobre o seu ombro, ela soltou uma exclamação.<br />

Não era Leo, mas Christopher Frost, sua forma esguia dourada pela luz da lamparina<br />

enquanto ele se postava diante de um painel do revestimento de madeira da parede que<br />

continha a colônia de abelhas. As abelhas estavam tranquilas, mas nem um pouco<br />

silenciosas, milhões de asas batiam, provocando um zumbido ameaçador. O fedor da<br />

madeira podre exposta e do mel fermentado impregnava o ar. As sombras se despejavam<br />

sobre o chão como tinta derramada, enquanto a luz da lamparina contorcia e remexia aos<br />

pés de Christopher.<br />

Diante do rápido ofegar de Amelia, ele girou e tirou algo de seu bolso. Uma pistola.<br />

Os três ficaram paralisados em uma cena sombria. Uma ferroada de choque percorreu a<br />

pele de Amelia.<br />

– Christopher – disse ela, confusa. – O que está fazendo aqui?

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