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Desejo a meia-noite - Lisa Kleypas

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particularmente zangada com ele. Aquelas eram a casa e a propriedade de Leo – o mínimo<br />

que ele podia fazer era ajudar a recuperá-las. Ou contratar criados decentes.<br />

– Os olhos dele mudaram – murmurou Win. – Não foi apenas sua expressão. A cor. Já<br />

reparou?<br />

Amelia ficou imóvel e levou muito tempo para responder.<br />

– Achei que fosse imaginação minha.<br />

– Não. Eles sempre foram azul-escuros, como os seus. Agora parecem cinza-claros. Como<br />

um lago refletindo o céu do começo do inverno.<br />

– Tenho certeza de que a cor dos olhos de algumas pessoas muda com a idade.<br />

– Você sabe que é por causa de Laura.<br />

Um sombrio pesar dominou Amelia quando ela pensou na amiga que perdera e no irmão<br />

que parecia ter perdido ao mesmo tempo. Mas não podia pensar muito nisso naquele<br />

momento. Havia coisas demais a fazer.<br />

– Não acho que seja possível. Nunca ouvi falar... – Ela interrompeu a frase ao ver Win<br />

embrulhando as tranças em um pano parecido com o que ela usava. – O que você está<br />

fazendo?<br />

– Hoje vou ajudá-la – disse Win. Embora seu tom fosse tranquilo, o queixo delicado estava<br />

inflexível como o de uma mula. – Estou me sentindo muito bem e...<br />

– Ah, não, não está! Vai acabar tendo um colapso e levará dias para se recuperar. Encontre<br />

um lugar para se sentar enquanto nós...<br />

– Estou cheia de ficar sentada. Estou cansada de ficar olhando todo mundo trabalhar.<br />

Posso determinar meus limites, Amelia. Deixe-me fazer o que quero.<br />

– Não! – Incrédula, Amelia viu Win pegar uma vassoura em um canto. – Win, largue isso e<br />

pare de agir como uma boba! – A irritação tomou conta dela. – Não vai ajudar ninguém<br />

esgotando suas forças com esse tipo de tarefa.<br />

– Posso fazer isso. – Win agarrou o cabo da vassoura com ambas as mãos, como se<br />

percebesse que Amelia estava a ponto de tomá-la. – Não vou me exaurir.<br />

– Largue a vassoura.<br />

– Me deixe em paz! – exclamou Win. – Vá espanar algum móvel.<br />

– Win, se você não... – A atenção de Amelia se desviou quando ela percebeu o olhar da<br />

irmã se dirigir para a entrada da cozinha.<br />

Merripen estava ali, os ombros largos ocupando todo o umbral. Embora a manhã apenas<br />

começasse, ele já estava coberto de poeira e suado, com a camisa grudada aos poderosos<br />

contornos de seu tórax. Elas conheciam bem sua expressão implacável, que queria dizer que<br />

era mais fácil deslocar uma montanha com uma colher de chá do que fazer com que ele<br />

mudasse de ideia. Ao se aproximar de Win, ele estendeu a mão numa exigência silenciosa.<br />

Os dois permaneceram imóveis. Porém, mesmo naquele teimoso antagonismo, Amelia<br />

enxergou uma ligação singular, como se vivessem um eterno impasse do qual nenhum dos<br />

dois desejava se libertar.

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