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Desejo a meia-noite - Lisa Kleypas

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começou a puxar as cortinas, tentando abri-las.<br />

– Obrigada, Sr. Rohan, mas, como pode ver, está tudo sob controle.<br />

– Acho que vou ficar. Depois de impedi-la de cair por uma janela, detestaria vê-la<br />

despencar pela outra.<br />

– Isso não vai acontecer. Ficarei bem. Está tudo sob...<br />

Ela puxou com mais força e a vara despencou do mesmo modo que a anterior. Mas,<br />

diferentemente da outra cortina, que era forrada com veludo envelhecido, essa era revestida<br />

com um tecido cintilante e farfalhante, uma espécie de...<br />

Amelia ficou paralisada de terror. A parte de baixo da cortina estava coberta de abelhas.<br />

Abelhas. Centenas. Não, milhares delas, com asas iridescentes que se agitavam num zumbido<br />

furioso e incessante. Erguiam-se em massa, saindo do veludo amassado, enquanto mais delas<br />

surgiam de uma rachadura na parede, onde fervilhava uma imensa col<strong>meia</strong>. Deviam ter<br />

entrado por algum buraco aberto na parede externa. Os insetos agitavam-se como chamas<br />

em torno de Amelia, que estava paralisada.<br />

Ela sentiu o sangue se esvair de seu rosto.<br />

– Ai, meu Deus...<br />

– Não se mexa. – A voz de Rohan estava surpreendentemente calma. – Não as espante.<br />

Ela nunca havia sentido tanto medo, brotando de sua pele, vazando por cada poro.<br />

Nenhuma parte de seu corpo parecia estar sob controle. O ar fervilhava com abelhas e mais<br />

abelhas.<br />

Não seria uma forma agradável de morrer. Fechando os olhos com força, Amelia obrigouse<br />

a ficar parada, quando todos os seus músculos se tensionavam e imploravam que ela se<br />

movesse. Os insetos se movimentavam descrevendo desenhos sinuosos em volta dela,<br />

minúsculos corpos tocando suas mangas, mãos, ombros.<br />

– Elas sentem mais medo de você do que você delas – disse Rohan.<br />

Amelia tinha muitas dúvidas quanto a isso.<br />

– Não parecem abelhas a... amedrontadas. – Sua voz estava presa. – São abelhas f... furiosas.<br />

– Parecem mesmo um pouco irritadas – concedeu Rohan, aproximando-se dela devagar. –<br />

Talvez seja por causa do seu vestido. Abelhas não gostam de cores escuras. – Uma breve<br />

pausa. – Ou pode ser porque você destruiu metade da col<strong>meia</strong> delas.<br />

– Como você con... consegue se divertir com essa situação... – Ela interrompeu a frase e<br />

cobriu o rosto com as mãos, toda trêmula.<br />

A voz reconfortante de Rohan se sobrepôs ao zumbido em volta deles.<br />

– Fique parada. Está tudo bem. Estou aqui com você.<br />

– Tire-me daqui – sussurou Amelia, desesperada.<br />

Seu coração batia com tanta força que fazia seus ossos tremerem, impedindo-a de pensar<br />

com coerência. Ela sentiu que ele afastava alguns insetos curiosos de seu cabelo e de suas<br />

costas. Seus braços a enlaçaram, seu ombro firme sob seu rosto.<br />

– Vou levá-la, querida. Ponha seus braços em volta do meu pescoço.

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