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edição de 26 de novembro de 2018

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NegROs AiNdA sãO<br />

miNORiA NAs empResAs<br />

Patrícia Santos, da consultoria<br />

<strong>de</strong> RH EmpregueAfro,<br />

fala que é gritante a falta<br />

<strong>de</strong> representativida<strong>de</strong> negra<br />

nas empresas. pág. 10<br />

liNkediN RevelA tOp<br />

iNflueNceRs dO bRAsil<br />

Walter Longo, ex-Grupo<br />

Abril, aparece em<br />

<strong>de</strong>staque. Re<strong>de</strong> social<br />

também divulgou os Top<br />

Voices <strong>de</strong> <strong>2018</strong>. pág. 39<br />

NOvA gestãO dA publicis<br />

cOmpletA pRimeiRO ANO<br />

Para marcar a data, os<br />

copresi<strong>de</strong>ntes Eduardo<br />

Lorenzi e Miriam Shirley (foto)<br />

lançaram semana passada o<br />

hub digital Brain Lab. pág. 16<br />

propmark.com.br<br />

ANO 54 - Nº 2723 - <strong>26</strong> <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> <strong>2018</strong> R$ 15,00<br />

Gearstd/iStock<br />

tv paga mantém<br />

conteúdo em alta<br />

diante <strong>de</strong> um cenário <strong>de</strong> crise e transformações, a qualida<strong>de</strong> do<br />

conteúdo da tv paga atrai anunciantes e audiência, ajudando a<br />

compensar a perda <strong>de</strong> assinantes. O meio ocupa hoje a segunda<br />

posição em investimento publicitário no país, com 13,2% do mercado,<br />

e faturamento <strong>de</strong> R$ 17,6 bilhões. A tecnologia também ajuda<br />

o setor a se reinventar. confira especial nesta edição. pág. 44<br />

sONY music cOmbiNA<br />

NegÓciOs e mÚsicA<br />

Wilson Lannes, responsável<br />

pela área <strong>de</strong> business<br />

<strong>de</strong>velopment, revela planos<br />

da empresa para promover<br />

marcas e engajar fãs. pág. <strong>26</strong><br />

glObO explORA O sONhO<br />

em meNsAgem <strong>de</strong> NAtAl<br />

Criação <strong>de</strong> Sergio Valente,<br />

campanha contempla uma<br />

caixa <strong>de</strong> música gigante<br />

impulsionada pelo elenco<br />

da emissora. pág. 33<br />

especiAlistA fAlA <strong>de</strong><br />

sOluções pARA jORNAis<br />

Jeffrey Cole, da USC<br />

Annenberg School, observa<br />

que, nos EUA, os veículos<br />

estão batendo recor<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

assinaturas digitais. pág. 36


editorial<br />

Armando Ferrentini<br />

aferrentini@editorareferencia.com.br<br />

Mercado acordando<br />

visível aumento da publicida<strong>de</strong> nos últimos dias, tanto na mídia tradicional<br />

como na digital, estimulado não apenas pela Black Friday<br />

O<br />

e pela aproximação dos festejos natalinos, mas também, e principalmente,<br />

por uma melhora (embora lenta) nas condições da nossa economia<br />

em geral, traduz o esperado reflexo <strong>de</strong>corrente do resultado das<br />

últimas eleições.<br />

A <strong>de</strong>rrota das esquerdas e a reafirmação dos nossos valores <strong>de</strong>mocráticos<br />

são as principais garantias <strong>de</strong> que as <strong>de</strong>monstrações acima não <strong>de</strong>vem<br />

ser interpretadas como meramente ocasionais. Para quem tem boa<br />

memória, basta recordar a Black Friday <strong>de</strong> 2017 e até mesmo as campanhas<br />

natalinas, muito inferiores ao que agora estamos presenciando e os<br />

novos governos (fe<strong>de</strong>ral e estaduais no plano executivo) sequer tomaram<br />

posse.<br />

Trata-se <strong>de</strong> uma clara <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> que os brasileiros e seus mercados<br />

rejeitam o controle absoluto estatal, apostando suas preferências na<br />

livre iniciativa, cuja longa história em nosso país fez <strong>de</strong>le a potência que é.<br />

Sem dúvida, há muito ainda a se fazer, principalmente nos importantes<br />

campos da saú<strong>de</strong> e da educação, e aqui incluiríamos também a questão<br />

da segurança. Mas, esse trabalho em larga escala e longo alcance somente<br />

será possível a partir do caminhar <strong>de</strong>ste novo momento que o país<br />

atravessa, propiciando a todos perceberem que o capitalismo aplicado<br />

com parcimônia e respeito à soberania popular e em obediência às regras<br />

dos novos tempos torna-se imbatível no confronto com alternativas heterodoxas,<br />

<strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ologias que contrariam a própria natureza<br />

humana.<br />

que <strong>de</strong> pior tem a natureza humana: valer-se da promessa <strong>de</strong> um bem<br />

coletivo para aten<strong>de</strong>r a outros fins camuflados <strong>de</strong> “políticos”, mas que<br />

na realida<strong>de</strong> têm outra característica.<br />

Isso ocorre quando os altos mandatários, mesmo em regimes ditos <strong>de</strong>mocráticos,<br />

atrevem-se a criar ou usar <strong>de</strong> mecanismos ditos confi<strong>de</strong>nciais,<br />

sob a alegação <strong>de</strong> segurança nacional ou coisa que o valha.<br />

Por trás <strong>de</strong>sse biombo, po<strong>de</strong>m se abrigar as piores intenções.<br />

***<br />

Imperdível a matéria <strong>de</strong> capa <strong>de</strong>sta edição do PROPMARK, abordando<br />

o momento atual da TV paga, que não tem poupado esforços para manter<br />

seu conteúdo em alta. Com isso, contribui para atrair mais audiência<br />

e em consequência maior número <strong>de</strong> anunciantes e das suas verbas a<br />

esse meio <strong>de</strong>stinadas, ajudando a compensar a perda (esperamos que<br />

momentânea, <strong>de</strong>vido à crise que começa a dar sinais <strong>de</strong> <strong>de</strong>spedida) <strong>de</strong><br />

assinantes.<br />

Um dado <strong>de</strong> realce nessa questão: o meio ocupa hoje a segunda posição<br />

em investimento publicitário no país, com cerca <strong>de</strong> 13% do mercado e<br />

um faturamento <strong>de</strong> R$ 17,6 bilhões em 2017.<br />

Mais que imperdíveis nessa matéria, as entrevistas com executivos <strong>de</strong>sse<br />

tra<strong>de</strong>, mostrando os <strong>de</strong>safios do setor e discorrendo sobre streaming,<br />

produções e formatos publicitários, estes em constante atendimento às<br />

exigências dos nossos tempos midiáticos.<br />

Voltando à publicida<strong>de</strong>, razão <strong>de</strong> ser do PROPMARK, além do significativo<br />

aumento da sua presença nos meios, principalmente em <strong>de</strong>corrência<br />

dos dois principais fatores <strong>de</strong> época que acima apontamos, vamos<br />

aos poucos percebendo a volta à mídia <strong>de</strong> tradicionais anunciantes que<br />

haviam se recolhido ou na melhor das hipóteses diminuído seus investimentos<br />

publicitários.<br />

Observe o leitor como o setor automotivo, por exemplo, está retornando<br />

com força aos meios analógicos e digitais, <strong>de</strong>monstrando acreditar nestes<br />

novos tempos brasileiros.<br />

Bom para todos que assim seja. Como se dizia no passado e se repete no<br />

presente, a comunicação publicitária é uma das mais importantes molas<br />

propulsoras do <strong>de</strong>senvolvimento e da estabilida<strong>de</strong> econômica dos países.<br />

Os mais avançados <strong>de</strong>ntre estes sabem que se trata <strong>de</strong> um investimento<br />

obrigatório em qualquer budget empresarial e hoje até mesmo nos orçamentos<br />

<strong>de</strong> governos.<br />

***<br />

O episódio do programa Mais Médicos, criado na gestão da presi<strong>de</strong>nte<br />

Dilma Rousseff, está <strong>de</strong>monstrando <strong>de</strong> forma muito clara como são tratadas<br />

as verbas públicas, mesmo quando os sistemas <strong>de</strong> governo são ditos<br />

<strong>de</strong>mocráticos, mas seus executores bem diferentes disso.<br />

Temos para nós que se trata <strong>de</strong> um vergonhoso escândalo, agregado ao<br />

***<br />

A ABMN (Associação Brasileira <strong>de</strong> Marketing & Negócios) promoverá na<br />

noite <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro, a partir das 19h, no Belmond Copacabana Palace,<br />

a Festa do Marketing Contemporâneo/<strong>2018</strong>, com apresentação <strong>de</strong><br />

histórias vencedoras <strong>de</strong> negócios e suas personalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trajetórias<br />

inspiradoras, como afirma a divulgação da própria entida<strong>de</strong>.<br />

Mais uma <strong>de</strong>monstração do otimismo do mercado, <strong>de</strong>ixando para trás os<br />

momentos <strong>de</strong> pouca comemoração que recentemente tivemos.<br />

***<br />

Recordando slogans publicitários que fizeram sucesso, alguns ainda vivos<br />

na lembrança dos consumidores: 1. Não pense em pneus. Pense Good-<br />

Year; 2. Tudo anda bem com Bardhal; 3. Uma boa i<strong>de</strong>ia/Caninha 51; 4.<br />

Gostoso como uma tar<strong>de</strong> no circo/Nescau; 5. A cueca que gosta <strong>de</strong> aparecer/<br />

Mash. (Fonte: Elóy Simões, Bordões, Slogans & Conceitos na Publicida<strong>de</strong><br />

Brasileira. Editora Unisul).<br />

***<br />

Este Editorial é em homenagem a Abel Reis, CEO da Dentsu Aegis<br />

Network, pela sua brilhante carreira e pelo lançamento na noite <strong>de</strong> <strong>26</strong>/11,<br />

na Livraria Plana (Fradique Coutinho, 1.139 – SP), do livro Socieda<strong>de</strong>.com<br />

Abel.Reis, cuja renda da venda da obra será integralmente doada ao ITS<br />

Rio (Instituto <strong>de</strong> Tecnologia e Socieda<strong>de</strong> do Rio).<br />

jornal propmark - <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> 3


conexões<br />

PROPMARK propõe uma reflexão sobre<br />

a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> racial existente no<br />

mercado publicitário. A reportagem<br />

traz um recorte específico para a representativida<strong>de</strong><br />

feminina.<br />

Izabela Quirino<br />

Nosso coor<strong>de</strong>nador sênior <strong>de</strong> mídia, o<br />

Ed Correia, conversou com o PROP-<br />

MARK sobre os principais <strong>de</strong>safios<br />

dos negros nas agências e como<br />

combatem o preconceito.<br />

VML Brasil<br />

Post: Community managers merecem<br />

mais atenção das marcas<br />

última Hora<br />

BRASILEIROS<br />

A revista IstoÉ vai<br />

homenagear, no dia 3 <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>zembro, no Credicard<br />

Hall, em São Paulo, as<br />

pessoas mais <strong>de</strong>stacadas<br />

do país com o título <strong>de</strong><br />

Brasileiros do Ano. Na<br />

ocasião, a revista IstoÉ<br />

Dinheiro, também<br />

da Editora Três, entregará<br />

o Prêmio Empreen<strong>de</strong>dor<br />

do Ano.<br />

EDITORIAL<br />

Na próxima sexta-feira<br />

(30), na se<strong>de</strong> da Abigraf,<br />

em São Paulo, o Grupo<br />

Empresarial <strong>de</strong> Livros e<br />

Revistas <strong>de</strong>bate mudanças,<br />

novas tecnologias,<br />

achatamento dos preços,<br />

volume <strong>de</strong> impressos<br />

importados e crise nas<br />

livrarias, temas que<br />

impactam diretamente<br />

as margens do setor.<br />

Linkedin<br />

Post: Os <strong>de</strong>safios dos negros na<br />

publicida<strong>de</strong><br />

Orgulho <strong>de</strong>ssas meninas lindas, guerreiras<br />

e talentosas.<br />

Sandra Azedo<br />

No mês da consciência negra, o<br />

dorinHo<br />

Community managers <strong>de</strong>veriam<br />

ocupar um papel mais estratégico<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> agências e <strong>de</strong>partamentos<br />

<strong>de</strong> marketing.<br />

Juliana Freitas<br />

Facebook<br />

Post: Skol relembra inovações<br />

históricas em nova campanha<br />

Que campanha maravilhosa.<br />

Insight incrível.<br />

Junior Schenkel<br />

SOLO<br />

O executivo Luís Fernando<br />

Lui <strong>de</strong>ixa no início <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>zembro a posição <strong>de</strong> vicepresi<strong>de</strong>nte<br />

<strong>de</strong> atendimento<br />

da Tribal Worldwi<strong>de</strong> Brasil.<br />

Sua i<strong>de</strong>ia é empreen<strong>de</strong>r e<br />

abrir a própria agência. Será<br />

substituído interinamente<br />

por Rodrigo Victorio.<br />

O anúncio da <strong>de</strong>cisão aos<br />

profissionais da agência<br />

foi formalizado pelo<br />

copresi<strong>de</strong>nte Carlos Pitchu<br />

na semana passada.<br />

UX<br />

Na quinta-feira (29), a J&J<br />

inaugura na sua unida<strong>de</strong><br />

fabril <strong>de</strong> São José dos<br />

Campos, em SP, o primeiro<br />

Centro <strong>de</strong> Experiência<br />

do Consumidor no Brasil.<br />

A i<strong>de</strong>ia da multinacional<br />

norte-americana é realizar<br />

estudos sobre hábitos<br />

<strong>de</strong> consumo no país e<br />

acelerar as inovações<br />

necessárias para os produtos<br />

do portfólio Brasil e do<br />

mercado global.<br />

RETORNO<br />

Após alguns anos longe<br />

do Brasil, o Red Bull<br />

La<strong>de</strong>ira Abaixo está <strong>de</strong><br />

volta ao país. Disputada<br />

por carros sem motor, mas<br />

extremamente criativos,<br />

a divertida corrida será<br />

realizada, em São Paulo,<br />

no dia 14 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong><br />

2019, ainda com local<br />

em <strong>de</strong>finição. Mas para<br />

promover o evento <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

já, a Red Bull coloca no ar<br />

uma campanha criada pela<br />

DPZ&T com filmes para os<br />

canais digitais da marca<br />

protagonizados pelo ator<br />

Felipe Titto e o atleta Pedro<br />

Scooby.<br />

FAKE 1<br />

As fake news estão no radar<br />

<strong>de</strong> uma pesquisa realizada<br />

pelo Ibope Conecta.<br />

De acordo com o estudo,<br />

90% dos usuários <strong>de</strong><br />

internet no Brasil afirmam<br />

já ter recebido notícias<br />

com conteúdo falso.<br />

Destes, 76% tinham<br />

informações enganosas e<br />

falsas, 57% eram notícias<br />

antigas utilizadas como<br />

<strong>de</strong> fossem recentes, 45%<br />

continham conteúdo<br />

manipulado, 37% tinham<br />

um título que não condizia<br />

com o restante do<br />

conteúdo e outras<br />

37% eram 100% falsas.<br />

VOLKS<br />

Nesta segunda-feira (<strong>26</strong>),<br />

Jochen Sengpiehl,<br />

chief marketing<br />

officer da Volkswagen<br />

Passenger Cars Brand,<br />

faz anúncio oficial<br />

da holding que vai<br />

comandar a comunicação<br />

mercadológica da<br />

montadora alemã<br />

Volkswagen nos seus<br />

quatro hubs globais:<br />

Estados Unidos, Ásia,<br />

Europa/África e Latam.<br />

FAKE 2<br />

A maior parte das fake<br />

news foi lida no Facebook<br />

(80%) e no WhatsApp<br />

(75%). Há também uma<br />

parcela que foi contada<br />

pessoalmente (23%) ou<br />

vista em outras re<strong>de</strong>s sociais<br />

como Instagram (18%),<br />

YouTube (15%) e Twitter<br />

(8%). Para se prevenirem,<br />

47% dos entrevistados<br />

dizem sempre checar a<br />

veracida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todas as<br />

notícias que leem.<br />

4 <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark


Índice<br />

Qualida<strong>de</strong><br />

mantém TV paga<br />

atraente para<br />

anunciantes<br />

Conteúdo qualificado compensa<br />

três anos consecutivos da pior<br />

crise econômica da história.<br />

Tecnologia também ajuda setor.<br />

Especial mostra atual cenário.<br />

caPa<br />

44<br />

rclassenlayouts/iStock<br />

diGiTaL<br />

aGênciaS<br />

enTreViSTa<br />

Divulgação Divulgação Divulgação<br />

Linkedin divulga Top<br />

Voices e influencers<br />

Re<strong>de</strong> social divulgou nomes <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque no<br />

Brasil. Entre eles estão Ricardo Chester, da<br />

AlmapBBDO, e Luiza Trajano, do Magazine<br />

Luiza. Para quem quer fazer parte da<br />

próxima lista, Rafael Kato (foto), editorchefe,<br />

fala que a dica é produzir sempre<br />

conteúdo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. pág. 39<br />

isobar Group lança<br />

plataforma nöse<br />

Com acesso gratuito, i<strong>de</strong>ia do novo<br />

empreendimento é ajudar mercado a<br />

compreen<strong>de</strong>r impactos do ambiente digital<br />

nos negócios das empresas e na vida das<br />

pessoas. Segundo Abel Reis, CEO do Dentsu<br />

Aegis Network no país e Isobar na região<br />

Latam, plano é fomentar discussão. pág. 19<br />

MÍdia<br />

SBT inaugura<br />

estúdio para<br />

produção digital<br />

Emissora cria o Nano Box para<br />

aten<strong>de</strong>r exigências do universo<br />

multiplataforma. Entre as primeiras<br />

produções está a série <strong>de</strong> “reactions”<br />

com artistas do SBT digital, como<br />

Maisa Silva. Canal planeja uma série<br />

<strong>de</strong> lançamentos para a web nos<br />

próximos meses. pág. 35<br />

Sony Music busca<br />

diversificar atuação<br />

Companhia <strong>de</strong> entretenimento tem área<br />

<strong>de</strong> business <strong>de</strong>velopment no Brasil para<br />

ampliar atuação da empresa li<strong>de</strong>rada pelo<br />

VP Wilson Lannes. Ele conta como as<br />

marcas que apostam na música se engajam<br />

com o público. Executivo revela ainda<br />

planos e <strong>de</strong>safios para o futuro. pág. <strong>26</strong><br />

editorial ................................................................3<br />

conexões ...............................................................4<br />

curtas ....................................................................8<br />

Mercado ..............................................................10<br />

agências .............................................................16<br />

Marcas .................................................................20<br />

Beyond the Line .................................................24<br />

entrevista ...........................................................<strong>26</strong><br />

inspiração ..........................................................28<br />

Marketing & negócios ......................................32<br />

Mídia ...................................................................33<br />

Storyteller ..........................................................37<br />

We Love MKT ......................................................38<br />

digital .................................................................39<br />

Quem Fez ............................................................40<br />

arena do esporte ...............................................42<br />

especial TV paga ...............................................44<br />

Produtoras ..........................................................56<br />

Supercenas .........................................................57<br />

Última Página ....................................................58<br />

6 <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark


curtas<br />

Bancos dominam<br />

ranking das marcas<br />

mais valiosas<br />

A consultoria global Interbrand anunciou<br />

o ranking das 25 Marcas Brasileiras<br />

Mais Valiosas em <strong>2018</strong>. Repetindo os resultados<br />

<strong>de</strong> 2017, as instituições financeiras<br />

e cervejarias dominam o levantamento.<br />

Entre as cinco primeiras posições figuram<br />

Itaú, Bra<strong>de</strong>sco, Skol, Brahma e Banco do<br />

Brasil. A novida<strong>de</strong> da lista geral é o Assaí,<br />

que chega ao ranking para ocupar a 23ª<br />

posição, com um valor <strong>de</strong> R$ 459 milhões.<br />

O valor total do portfólio que compõe a<br />

edição <strong>2018</strong> do ranking cresceu 2,7%, se<br />

aproximando da marca dos R$ 120 bilhões.<br />

Quinze das 25 marcas apresentaram<br />

uma variação positiva no comparativo com<br />

o ano anterior. Delas, quatro cresceram<br />

dois dígitos percentuais em seus valores<br />

<strong>de</strong> marca, em comparação com 2017:<br />

Magazine Luiza, com 50%, apresentando<br />

o crescimento mais expressivo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2013;<br />

CVC, com 21%; Porto Seguro, com 12%; e<br />

Localiza, com 10%.<br />

Fotos: Divulgação<br />

Cena da campanha Leia para uma criança, da DPZ&T para o Itaú; banco é lí<strong>de</strong>r no ranking das marcas mais valiosas<br />

MuLhereS InSpIrAdorAS<br />

J&J teM novo Lí<strong>de</strong>r no MArketIng<br />

WMCCAnn CrIA ConCeIto <strong>de</strong> yokI<br />

Obra traz histórias repletas <strong>de</strong> <strong>de</strong>safios e superação<br />

O livro Mulheres antes e <strong>de</strong>pois dos 50,<br />

da Editora Lea<strong>de</strong>r, será lançado no próximo<br />

dia 4 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro, às 19h, na Livraria<br />

da Vila no shopping Iguatemi, em São Paulo.<br />

A obra reúne experiências <strong>de</strong> mulheres<br />

entre 28 e 75 anos que se reinventaram,<br />

<strong>de</strong>ntre elas, Sandra Martinelli, presi<strong>de</strong>nte-<br />

-executiva da ABA.<br />

A profissional também participa do livro<br />

Mulheres do Marketing, que tem lançamento<br />

previsto para o dia 12 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro,<br />

na Livraria Cultura do Shopping Iguatemi,<br />

em São Paulo, ao lado <strong>de</strong> Andrea Mello,<br />

da Samsung; Danielle Bibas, da Avon; e<br />

Vanessa Vilar, da Unilever; entre outras.<br />

Wolff será responsável por estratégia e planejamento<br />

O executivo Ricardo Wolff é o novo vice-<br />

-presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> estratégia e marketing da<br />

Johnson & Johnson Consumo no Brasil.<br />

O profissional acumula mais <strong>de</strong> 15 anos <strong>de</strong><br />

carreira na companhia, incluindo a li<strong>de</strong>rança<br />

<strong>de</strong> equipes locais para OTC, cuidados<br />

femininos e Sundown. Antes <strong>de</strong> receber a<br />

promoção, Wolff ocupou a posição <strong>de</strong> vice-<br />

-presi<strong>de</strong>nte global <strong>de</strong> marketing da área<br />

<strong>de</strong> cuidados femininos. Agora, o executivo<br />

será responsável por conduzir a agenda <strong>de</strong><br />

planejamento estratégico em todas as áreas<br />

funcionais para acelerar o crescimento<br />

das marcas da companhia no país e li<strong>de</strong>rar<br />

a organização <strong>de</strong> marketing.<br />

Yoki adota primeiro posicionamento<br />

Com mais <strong>de</strong> 30 anos <strong>de</strong> atuação no<br />

mercado, a Yoki, que pertence à general<br />

Mills, apresenta seu primeiro posicionamento<br />

<strong>de</strong> marca: Viva as suas raízes, que<br />

tem como foco o envolvimento dos brasileiros<br />

com a comida. “Temos uma relação<br />

<strong>de</strong> confiança com os nossos consumidores.<br />

Damos agora um passo à frente para fortalecer<br />

essa conexão”, diz Manuel Garabato,<br />

diretor <strong>de</strong> marketing da Yoki. O conceito,<br />

<strong>de</strong>senvolvido pela agência WMcCann,<br />

estará presente nos próximos comerciais,<br />

merchandising em TV, ações em digitais,<br />

com influenciadores, pontos <strong>de</strong> vendas e<br />

algumas embalagens.<br />

Diretor e Jor na lis ta Res pon sá vel<br />

Ar man do Fer ren ti ni<br />

Editora-chefe: Kelly Dores<br />

Editores: Neu sa Spau luc ci, Paulo Macedo<br />

e Alê Oliveira (Fotografia)<br />

Editores-assistentes: Danúbia Paraizo<br />

e Renato Rogenski<br />

Repórteres: Alisson Fernán<strong>de</strong>z (SP),<br />

Felipe Turlão (SP), Jéssica Oliveira (SP),<br />

Leonardo Araujo (SP) e Claudia Penteado (RJ)<br />

Arte: Adu nias Bis po da Luz, Anilton<br />

Rodrigues Marques e Lucas Boccatto<br />

Revisor: José Carlos Boanerges<br />

Site: propmark.com.br<br />

Redação: Rua Fran çois Coty, 228<br />

CEP 01524-030 – São Pau lo-SP<br />

Tels: (11) 2065-0772 e 2065-0766<br />

e- mail: re da cao@prop mark. com.br<br />

Departamento Comercial<br />

Gerentes: Mel Floriano<br />

mel@editorareferencia.com.br<br />

Tel.: (11) 2065-0748<br />

Monserrat Miró<br />

monserrat@editorareferencia.com.br<br />

Tel.: (11) 2065-0744<br />

Diretor Executivo: Tiago A. Milani Ferrentini<br />

tferrentini@editorareferencia.com.br<br />

Departamento <strong>de</strong> Assinaturas<br />

Coor<strong>de</strong>nadora: Regina Sumaya<br />

regina-sumaya@editorareferencia.com.br<br />

Assinaturas/Renovação/<br />

Atendimento a assinantes<br />

assinatura@editorareferencia.com.br<br />

São Paulo (11) 2065-0738<br />

Demais estados: 0800 704 4149<br />

O PrO PMar k é uma pu bli ca ção da Edi to ra re fe rên cia Ltda.<br />

rua Fran çois Coty, 228 - São Pau lo - SP<br />

CEP: 01524-030 Tel.: (11) 2065-0766<br />

as ma té rias as si na das não re pre sen tam ne ces sa ria men te a<br />

opi nião <strong>de</strong>s te jor nal, po <strong>de</strong>n do até mes mo ser con trá rias a ela.<br />

8 <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark


mercADO<br />

“Atualmente,<br />

executivos<br />

negros são 4%”<br />

Mais um dia da Consciência Negra se passou,<br />

e o tema racismo segue como uma gran<strong>de</strong><br />

sombra - sem que evoluam <strong>de</strong> maneira<br />

significativa as estatísticas <strong>de</strong> inclusão<br />

<strong>de</strong> negros em cargos <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança nas 500 maiores<br />

empresas, ou que o mercado publicitário realize<br />

mudanças efetivas para tornar ambientes <strong>de</strong> trabalho<br />

mais inclusivos e diversos. Patrícia Santos, criadora da<br />

EmpregueAfro, consultoria <strong>de</strong> RH especializada em<br />

diversida<strong>de</strong> étnico-racial, fala que é gritante a falta <strong>de</strong><br />

representativida<strong>de</strong> negra nas empresas, em contraste<br />

à realida<strong>de</strong> da socieda<strong>de</strong>. “A J. Walter Thompson foi<br />

a primeira agência que me contatou”. Veja a seguir<br />

principais trechos <strong>de</strong>sta entrevista.<br />

Claudia Penteado<br />

O cOmeçO<br />

O projeto começou com a<br />

minha inquietu<strong>de</strong>, ao ver a<br />

falta <strong>de</strong> candidatos negros nos<br />

processos seletivos que eu fazia<br />

há 18 anos. Porém, somente<br />

em 2005 criei a EmpregueAfro.<br />

Nos sete primeiros anos como<br />

um projeto, e nos últimos cinco<br />

anos nos posicionamos<br />

como consultoria. A minha<br />

própria vivência em RH, a rotina<br />

<strong>de</strong> processos seletivos e <strong>de</strong><br />

análise <strong>de</strong> candidatos foram<br />

motivadores para uma ação<br />

afirmativa <strong>de</strong> inclusão, que é<br />

a EmpregueAfro. Somos uma<br />

consultoria <strong>de</strong> recursos humanos<br />

com foco em diversida<strong>de</strong><br />

étnico-racial. Fazemos serviços<br />

<strong>de</strong> treinamento sobre a temática,<br />

recrutamento, seleção<br />

e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> profissionais<br />

negros.<br />

cenáriO<br />

Ainda não dá para comemorar.<br />

Nos últimos <strong>de</strong>z anos, as estatísticas<br />

mudaram muito pouco.<br />

De acordo com pesquisa do<br />

Instituto Ethos, as estatísticas<br />

<strong>de</strong> representativida<strong>de</strong> negra<br />

em cargos <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança nas 500<br />

maiores empresas do país, por<br />

exemplo, não subiram mais que<br />

dois pontos percentuais. Atualmente<br />

executivos negros são<br />

4%. Temos muito o que fazer.<br />

DiversiDADe<br />

A J. Walter Thompson foi a<br />

primeira agência que me contatou.<br />

Mesmo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 12<br />

anos falando para gran<strong>de</strong>s empresas,<br />

o mercado publicitário<br />

ainda não se atentava para essa<br />

questão e a JWT foi pioneira.<br />

O problema era a baixa quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> profissionais negros<br />

no core business da agência.<br />

En<strong>de</strong>reçamos com a criação<br />

conjunta do Programa Thompson<br />

20/20 <strong>de</strong> forma top down,<br />

começamos pelo programa <strong>de</strong><br />

estágio com vagas exclusivas<br />

e seleção “às cegas”. Fazemos<br />

também, com frequência, treinamentos<br />

sobre a temática<br />

para toda a agência e ainda<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> competências<br />

envolvendo todos os<br />

profissionais negros contratados<br />

por meio <strong>de</strong> coaching<br />

tanto em grupo quanto individual.<br />

Depois da JWT, outras<br />

nove agências me procuraram.<br />

Mas eu só consegui fechar com<br />

a Mutato e a iCherry e Mirum,<br />

que são do mesmo grupo da<br />

JWT. A principal <strong>de</strong>manda é<br />

treinamento interno sobre a<br />

temática, hunting e recrutamento.<br />

O maior problema nas<br />

agências passa, com toda certeza,<br />

pelo viés inconsciente, a<br />

contratação <strong>de</strong> iguais e a dificulda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> engajamento interno<br />

para conscientização sobre<br />

a temática.<br />

Patrícia Santos: “Precisamos ter mais negros na li<strong>de</strong>rança principalmente”<br />

ensinO<br />

Nosso pacote <strong>de</strong> seleção envolve<br />

parceria com as áreas <strong>de</strong><br />

comunicação, RH e toda a li<strong>de</strong>rança<br />

para que a marca seja<br />

inclusiva, ou seja, vista pelo<br />

público <strong>de</strong> forma a mostrar<br />

profissionais negros em ví<strong>de</strong>os<br />

e artes, para assim atrair esse<br />

público para os processos seletivos.<br />

Assim, recebemos os currículos,<br />

em paralelo buscamos<br />

profissionais no nosso banco <strong>de</strong><br />

talentos, entrevistamos as pessoas<br />

e enviamos para as empresas-clientes<br />

os currículos com<br />

um parecer do nosso consultor/<br />

headhunter especializado.<br />

Divulgação<br />

encOntrO<br />

Eu sempre admirei a Fátima<br />

Bernar<strong>de</strong>s (TV Globo). Quando<br />

soube que ela estava indo para<br />

o entretenimento, acompanhei<br />

todos os primeiros programas. E<br />

quando vi que havia muitas pautas<br />

que valorizam a diversida<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong>cidi escrever um e-mail para<br />

a produção pedindo para contar<br />

minha história. E, em abril<br />

<strong>de</strong> 2017, fui, pela primeira vez,<br />

participar como personagem. E<br />

a Fátima e a direção gostaram e<br />

me pediram para ser parceira.<br />

Sim, estar na Fátima Bernar<strong>de</strong>s<br />

mudou completamente a minha<br />

vida! Tenho visto um maior<br />

reconhecimento das empresas<br />

sobre o meu trabalho e muito carinho<br />

das pessoas através das re<strong>de</strong>s<br />

sociais. A cada programa, a<br />

experiência tem sido fantástica!<br />

DesAfiOs<br />

Temos ainda muito mais<br />

trabalho para fazer, temos <strong>de</strong><br />

reverter as estatísticas, precisamos<br />

ter mais negros na li<strong>de</strong>rança<br />

principalmente. Hoje, só<br />

temos uma CEO negra <strong>de</strong> uma<br />

empresa multinacional (Rachel<br />

Maia, na Pandora). Precisamos<br />

<strong>de</strong> mais representativida<strong>de</strong>.<br />

fOcO<br />

Por enquanto meu foco é só<br />

a questão racial mesmo. Até<br />

porque, quando a gente fala <strong>de</strong><br />

raça, há uma interseccionalida<strong>de</strong><br />

direta com gênero e pessoas<br />

com <strong>de</strong>ficiência, por exemplo.<br />

PubliciDADe<br />

Ainda existe muito racismo<br />

pelos próprios papéis da maioria<br />

dos negros como personagens<br />

tanto na publicida<strong>de</strong>,<br />

como na dramaturgia. Não tenho<br />

nenhuma emissora ainda<br />

no meu portfólio <strong>de</strong> clientes.<br />

cOtAs<br />

Acredito que as cotas <strong>de</strong>vem<br />

continuar na educação para que<br />

haja mais inclusão nas faculda<strong>de</strong>s,<br />

e as empresas <strong>de</strong>vem trabalhar<br />

com metas <strong>de</strong> contratação<br />

para que possam refletir nossa<br />

socieda<strong>de</strong> brasileira e um mundo<br />

mais justo e igualitário para todos.<br />

10 <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark


MerCado<br />

Criativida<strong>de</strong> e objetivo <strong>de</strong>vem vir<br />

antes <strong>de</strong> plataformas e recursos<br />

Em visita ao Brasil, Daren Poole, global head of creative da Kantar<br />

Insights Division, falou sobre como as marcas po<strong>de</strong>m ser mais assertivas<br />

JÉSSICA OLIVEIRA<br />

australiano Daren Poole,<br />

O global head of creative da<br />

Kantar Insights Division (Kantar<br />

TNS & Kantar Millward Brown),<br />

não tem dois dias iguais<br />

em sua rotina. Responsável<br />

pelas soluções que ajudam os<br />

clientes a tomar as <strong>de</strong>cisões<br />

certas sobre como investir melhor<br />

em criativida<strong>de</strong>, seu trabalho<br />

pulsa ininterruptamente e<br />

segue em constante mudança.<br />

“Clientes precisam criar<br />

mais conteúdo do que nunca,<br />

e é muito importante que<br />

tenha coesão e consistência.<br />

Quais os insights que vão fazer<br />

as pessoas prestarem atenção<br />

no que estão dizendo? E quais<br />

i<strong>de</strong>ias po<strong>de</strong>m ser as fundações<br />

para esse trabalho criativo?<br />

Buscamos sempre inovações<br />

para que as soluções sejam as<br />

melhores possíveis e para ter<br />

certeza que sejam produtivas e<br />

previsíveis”, explica.<br />

Já outra parte <strong>de</strong> seu trabalho<br />

diz respeito à li<strong>de</strong>rança<br />

e a <strong>de</strong>ixar os clientes sempre<br />

um passo à frente. Poole costumava<br />

dizer que o mundo da<br />

criativida<strong>de</strong> mudou tanto nos<br />

últimos 10 anos, <strong>de</strong>pois nos<br />

cinco, <strong>de</strong>pois nos dois, e agora<br />

constantemente. “Para mim<br />

é importante estar no top do<br />

que estão mudando. Este ano<br />

estamos estudando inteligência<br />

artificial. Todo mundo está<br />

falando <strong>de</strong> AI. Parte <strong>de</strong> nosso<br />

trabalho na Kantar é ajudar os<br />

clientes a enten<strong>de</strong>r o que AI<br />

po<strong>de</strong> fazer e o que não po<strong>de</strong> fazer<br />

por eles”, diz.<br />

Mais foCo e Criativida<strong>de</strong><br />

Acostumado a julgar prêmios,<br />

especialmente na parte<br />

<strong>de</strong> creative effectiveness, Poole<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que o júri precisa ter<br />

um ceticismo profissional para<br />

i<strong>de</strong>ntificar os trabalhos <strong>de</strong> verda<strong>de</strong><br />

e os que buscam objetivos.<br />

Ele também chama a atenção<br />

para importância da criativida<strong>de</strong><br />

nesses festivais. No Cannes<br />

Daren Poole: “O objetivo <strong>de</strong>veria guiar todos os insights, da i<strong>de</strong>ia à execução final. E não o contrário”<br />

Lions <strong>de</strong>ste ano, ele viu muitos<br />

seminários sobre tecnologia,<br />

AI, inclusão e diversida<strong>de</strong>, e<br />

menos sobre criativida<strong>de</strong>. “Não<br />

vi muitos seminários em que as<br />

pessoas fossem expostas a novos<br />

trabalhos e i<strong>de</strong>ias para criar<br />

novas coisas. Gostei <strong>de</strong> acompanhar<br />

a premiação, a exibição<br />

dos trabalhos. Acho que está<br />

muito focado em tecnologia<br />

e não o suficiente em pensar<br />

como fazer o público amar o<br />

trabalho que foi feito”.<br />

Nesse sentido, ele aponta o<br />

perigo <strong>de</strong> colocar a tecnologia<br />

acima da criativida<strong>de</strong>. Poole<br />

ressalta que é praticamente impossível<br />

separar uma coisa da<br />

outra, já que as pessoas estão<br />

conectadas uma gran<strong>de</strong> parte<br />

do tempo, mas é necessário dar<br />

importâncias diferentes a cada<br />

uma <strong>de</strong>las.<br />

Para Poole, parte do problema<br />

está em enten<strong>de</strong>r que a criativida<strong>de</strong><br />

é um processo e ele<br />

<strong>de</strong>veria começar pelo objetivo<br />

“Clientes preCisam<br />

Criar mais<br />

Conteúdo do que<br />

nunCa, e é muito<br />

importante que<br />

tenha Coesão e<br />

ConsistênCia”<br />

Divulgação<br />

a ser cumprido. “Qual o trabalho<br />

a ser feito para a marca?<br />

Qual o papel da marca no meu<br />

portfólio? O que preciso que a<br />

marca alcance? Essa peça é para<br />

aumentar as vendas, para aumentar<br />

o amor pela marca...? O<br />

objetivo <strong>de</strong>veria guiar todos os<br />

insights, da i<strong>de</strong>ia à execução final.<br />

E não o contrário”, pontua.<br />

Ele conta que vê com frequência<br />

um <strong>de</strong>slumbre sobre o<br />

que a tecnologia po<strong>de</strong> fazer. Por<br />

isso ele <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que as marcas<br />

e agências vejam a tecnologia<br />

como uma ferramenta e não<br />

a base. “O certo é ser ‘isso é o<br />

que precisamos e isso é como<br />

po<strong>de</strong>mos usar a tecnologia para<br />

alcançar’. Frequentemente, na<br />

nossa indústria, falamos sobre<br />

a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a criativida<strong>de</strong><br />

ser digital primeiro, mobile primeiro,<br />

mas <strong>de</strong>veria ser objetivo<br />

primeiro”, diz.<br />

Acompanhe a entrevista completa<br />

no site do PROPMARK:<br />

https://bit.ly/2znkgnI.<br />

12 <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark


MeRcADO<br />

Futebol cresce como pano <strong>de</strong> fundo<br />

para ações com causas sociais<br />

O ano <strong>de</strong> <strong>2018</strong> teve uma série <strong>de</strong> ações em campo; parceria entre Ogilvy<br />

e Sport continua referência em iniciativas que extrapolam o gramado<br />

JÉSSICA OLIVEIRA<br />

Em fevereiro <strong>de</strong> <strong>2018</strong>, a ação<br />

Sangue Corinthiano, que<br />

<strong>de</strong>u origem à ONG Sobre Vivência,<br />

entrou em campo. Em março,<br />

o movimento Respeita as<br />

Minas iniciou uma partida que<br />

segue aberta. Em abril, o projeto<br />

Cale o Preconceito convidou<br />

marcas a cobrir frases machistas<br />

no uniforme das atlelas.<br />

Maio teve a iniciativa Respeita<br />

os Refugiados e, mais recentemente,<br />

o <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong><br />

marketing do Corinthians abordou<br />

temas como transplantes<br />

<strong>de</strong> órgãos, vacinação infantil e<br />

inclusão digital.<br />

Nos últimos meses, o Palmeiras<br />

também buscou chamar<br />

a atenção para algumas temáticas.<br />

Uma <strong>de</strong>las foi o Pulmão<br />

da Torcida, em partida contra o<br />

Botafogo. No intervalo, a torcida<br />

foi convocada a soltar a voz e<br />

encher um pulmão gigante presente<br />

no centro do estádio.<br />

A ação faz parte da campanha<br />

#RespireAgosto, promovida<br />

pelo Instituto Lado a Lado<br />

e assinada pela Ogilvy Brasil.<br />

A outra foi antes <strong>de</strong> jogo contra<br />

o Grêmio. Em parceria com<br />

a ONG Mães da Sé, os jogadores<br />

do alviver<strong>de</strong> não entraram<br />

em campo <strong>de</strong> mãos dadas com<br />

crianças, mas com 11 mães para<br />

alertar sobre o <strong>de</strong>saparecimento<br />

<strong>de</strong> jovens e adolescentes.<br />

Mesmo sendo rivais, os dois<br />

clubes estão cada vez mais próximos<br />

nesse sentido e longe <strong>de</strong><br />

estarem sozinhos. Ações como<br />

essas já fazem parte do calendário<br />

e do radar <strong>de</strong> clubes, tendo<br />

como pano <strong>de</strong> fundo o futebol<br />

e valores como o respeito.<br />

ALÉM DO GRAMADO<br />

Essas iniciativas ten<strong>de</strong>m a<br />

sair das quatro linhas. Um dos<br />

principais exemplos no Brasil<br />

está no histórico da parceria da<br />

Ogilvy com o Sport, <strong>de</strong> Recife.<br />

Em vigor há cinco anos, essa<br />

dobradinha tem três cases que<br />

ren<strong>de</strong>ram uma série <strong>de</strong> resulta-<br />

Fãs Imortais incentivou a doação <strong>de</strong> órgãos; campanha foi criada pela Ogilvy Brasil para o Sport em 2013<br />

dos: Fãs Imortais (2013) ganhou<br />

um Leão <strong>de</strong> ouro em Outdoor;<br />

um <strong>de</strong> prata e um <strong>de</strong> bronze em<br />

Direct; um GP e dois troféus <strong>de</strong><br />

ouro em Promo & Activation;<br />

um ouro em PR. Já Mães Seguranças<br />

(2015) conquistou um<br />

ouro em Outdoor; dois em Promo<br />

& Activation; um bronze em<br />

Media; e um em PR. Já o Adote<br />

um Pequeno Torcedor (2015/16)<br />

não ganhou Leão em Cannes,<br />

mas recebeu diversos prêmios<br />

no Brasil, como medalhas <strong>de</strong><br />

ouro no Colunistas e no Effie.<br />

Mais do que os trofeús que<br />

colocaram na bagagem, elas<br />

mudaram vidas. A Ogilvy explica<br />

que as i<strong>de</strong>ias surgiram a<br />

partir <strong>de</strong> problemas, como a carência<br />

<strong>de</strong> órgãos para doação, a<br />

violência nos estádios e a dificulda<strong>de</strong><br />

da adoção tardia, pois a<br />

cada <strong>de</strong>z crianças/adolescentes<br />

disponíveis para adoção, oito já<br />

passaram <strong>de</strong> sete anos.<br />

O propósito era chamar a<br />

atenção para as causas e engajar<br />

os torcedores, mas elas<br />

repercutiram mundialmente:<br />

18 crianças acima <strong>de</strong> sete anos<br />

foram adotadas por famílias <strong>de</strong><br />

diferentes estados, e Fãs Imortais<br />

e Mães Seguranças foram<br />

“se o meio é o<br />

futebol ou não,<br />

a causa tem <strong>de</strong><br />

ser verda<strong>de</strong>ira;<br />

o projeto,<br />

consistente e com<br />

resultados reais”<br />

Divulgação<br />

exportadas. Apesar <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar<br />

que o futebol, como paixão<br />

nacional, aproxima pessoas,<br />

tornando natural que causas<br />

relevantes tenham gran<strong>de</strong> repercussão<br />

através do esporte,<br />

a Ogilvy afirma que para dar<br />

certo é preciso um <strong>de</strong>sejo comum<br />

entre agência e cliente <strong>de</strong><br />

tornar real, que seja uma parceria<br />

<strong>de</strong> verda<strong>de</strong> e que o projeto<br />

cumpra os objetivos.<br />

Vendo um time como uma<br />

marca forte, construída por<br />

pessoas apaixonadas, os torcedores,<br />

a agência ressalta que as<br />

três campanhas falavam muito<br />

sobre o amor pelo time, uma<br />

vez que ao doar o coração, ele<br />

continuaria batendo pelo Sport<br />

no peito <strong>de</strong> outra pessoa. Além<br />

disso, a agência ressalta que o<br />

futebol <strong>de</strong>ve ser visto como um<br />

aliado na divulgação das causas<br />

sociais. E outros fatores, como<br />

a cobertura da mídia brasileira<br />

ao futebol, ajudam a tornar os<br />

projetos bem conhecidos.<br />

Uma coisa é mais do que certa,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente se o<br />

meio é o futebol ou não, a causa<br />

tem <strong>de</strong> ser verda<strong>de</strong>ira; o projeto,<br />

consistente e com resultados<br />

reais.<br />

14 <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark


agêncIaS<br />

Publicis Brasil apresenta Brain Lab<br />

para unir SEO, mídia, BI e conteúdo<br />

Novo hub marca o primeiro ano da gestão li<strong>de</strong>rada por Miriam Shirley<br />

e Eduardo Lorenzi; há crescimento com remuneração não tradicional<br />

Miriam Shirley e Eduardo Lorenzi assumiram a Publicis Brasil há um ano e celebram as conquistas do período e a consolidação digital<br />

Paulo Macedo<br />

Quando assumiram o comando<br />

da Publicis Brasil<br />

em <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> 2017 para<br />

substituir o publicitário Hugo<br />

Rodrigues, que os indicou para<br />

a função, os executivos Miriam<br />

Shirley e Eduardo Lorenzi já sabiam<br />

que a conta <strong>de</strong> varejo da<br />

montadora General Motors não<br />

permaneceria na carteira <strong>de</strong><br />

negócios da agência. O conhecimento<br />

antecipado da subtração<br />

da conta foi o combustível<br />

para impulsionar o trabalho da<br />

dupla, que não foi surpreendida<br />

com uma notícia <strong>de</strong> tamanho<br />

impacto logo no início da<br />

gestão.<br />

Agora, após um ano, o resultado<br />

é sintomático. Apesar <strong>de</strong><br />

não estar mais no 3º lugar do<br />

ranking do Kantar Ibope Media,<br />

como estava em 2017 quando<br />

encerrou o ano com faturamento<br />

bruto <strong>de</strong> R$ 3,5 bilhões,<br />

os gestores da Publicis Brasil<br />

não estão preocupados com a<br />

9ª colocação da pesquisa <strong>de</strong><br />

investimentos em mídia feita<br />

pelo instituto e o resultado,<br />

sem os <strong>de</strong>scontos <strong>de</strong> praxe, <strong>de</strong><br />

R$ 2,306 bilhões contabilizados<br />

no período. Por quê? A agência<br />

ampliou suas receitas com projetos<br />

<strong>de</strong> no mídia, que não são<br />

aferidos pela métrica do Kantar.<br />

Miriam e Lorenzi não po<strong>de</strong>m<br />

quantificar o volume, mas<br />

afirmam que os acionistas do<br />

Publicis Group “estão satisfeitos<br />

com a operação.” O volume<br />

<strong>de</strong> ações com compra <strong>de</strong> mídia<br />

é predominante e essa divisão<br />

da agência agrupa mais <strong>de</strong> 100<br />

profissionais sob o comando <strong>de</strong><br />

Viviana Maurman, head <strong>de</strong> estratégia<br />

<strong>de</strong> mídia.<br />

Não é por outro motivo que,<br />

para celebrar os primeiros 12<br />

meses à frente da administração<br />

da empresa, a dupla está<br />

consolidando na estrutura o<br />

Brain Lab, hub que vai centralizar<br />

as áreas <strong>de</strong> SEO, Business<br />

Intelligence, pesquisa <strong>de</strong> mídia<br />

e conteúdo (pelo olhar do planejamento).<br />

A i<strong>de</strong>ia, nas palavras<br />

<strong>de</strong> Lorenzi, é transformar<br />

dados em insights para a assertivida<strong>de</strong><br />

criativa.<br />

O novo hub, que será dirigido<br />

por Viviana e Alexandra<br />

Varassin (head <strong>de</strong> estratégia),<br />

reforça o envolvimento digital<br />

da Publicis, que já conta<br />

com o Future Lab, para testar<br />

novas ferramentas; Data Center,<br />

para monitoramento <strong>de</strong><br />

campanhas em tempo real; e o<br />

Partner Room, para parceiros e<br />

fornecedores, como Facebook e<br />

Google, por exemplo, apresentarem<br />

novas plataformas e tecnologias.<br />

“Montamos um war room<br />

para Dorflex durante a Copa<br />

do Mundo da Rússia, a #Tenso,<br />

para buscar engajamento em<br />

cada momento das partidas”,<br />

explicou Miriam. “A tecnologia<br />

nos ajuda a <strong>de</strong>scobrir insights.<br />

Por exemplo, na região Nor<strong>de</strong>ste<br />

foi <strong>de</strong>tectada que a expressão<br />

puro malte é recorrente nas<br />

“NA região<br />

Nor<strong>de</strong>ste foi<br />

<strong>de</strong>tectAdo que<br />

A expressão<br />

puro mAlte é<br />

recorreNte NAs<br />

re<strong>de</strong>s sociAis.<br />

eNtão, por que<br />

Não A puro mAlte<br />

HeiNekeN se<br />

AproveitAr <strong>de</strong>sse<br />

ceNário?”<br />

Divulgação<br />

re<strong>de</strong>s sociais. Então, por que<br />

não a puro malte Heineken se<br />

aproveitar <strong>de</strong>sse cenário?”, perguntou<br />

Lorenzi. “Esse é o papel<br />

da agência e da nova comunicação.<br />

Dados são pessoas”, ele<br />

acrescentou.<br />

Parte da receita perdida com<br />

GM foi composta por ações no<br />

media, mas a Publicis conquistou<br />

contas robustas no período,<br />

como novas marcas da Procter<br />

& Gamble e o atendimento ao<br />

anunciante para a região Latam.<br />

Também chegaram Motorola,<br />

Puig e Oracle. A re<strong>de</strong> <strong>de</strong> restaurantes<br />

Habib’s também cresceu<br />

na estrutura. “Antes ficávamos<br />

com as ações <strong>de</strong> propaganda.<br />

Agora estamos responsáveis<br />

por todo o planejamento <strong>de</strong> comunicação,<br />

que também inclui<br />

promoções, PDV, <strong>de</strong>sign e digital”,<br />

reforça Lorenzi. “Aproveitamos<br />

muitos profissionais da<br />

agência com promoções. Acreditamos<br />

no mercado e em crescimento”,<br />

ele finaliza.<br />

16 <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark


AgênciAs<br />

gut terá unida<strong>de</strong> na capital<br />

paulista a partir <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2019<br />

Comandada por Anselmo Ramos, baseado em Miami, e Gaston Bigio,<br />

em Buenos Aires, operação será conectada com os <strong>de</strong>mais escritórios<br />

publicitário Anselmo Ramos anunciou<br />

na última segunda-feira (19) que<br />

O<br />

a sua nova agência Gut está abrindo portas<br />

em São Paulo. É o terceiro escritório<br />

em menos <strong>de</strong> um ano.<br />

Em post no seu perfil<br />

no Facebook, o publicitário<br />

escreveu que ele e o<br />

sócio Gaston Bigio estão<br />

expandindo a atuação e<br />

que a nova unida<strong>de</strong> será<br />

inaugurada em março <strong>de</strong><br />

2019.<br />

Ele também comentou<br />

sobre as expectativas<br />

<strong>de</strong> trabalhar novamente<br />

perto <strong>de</strong> suas origens.<br />

“Eu nasci e fui criado no<br />

Brasil. É minha terra natal.<br />

Eu acho que o Brasil tem algumas das<br />

pessoas mais talentosas do mundo. Tenho<br />

certeza <strong>de</strong> que encontraremos talentos<br />

e clientes corajosos para tornar a Gut<br />

São Paulo uma das melhores agências do<br />

Brasil e além”, disse.<br />

Anselmo Ramos está à frente do escritório<br />

<strong>de</strong> Miami e Gaston Bigio no comando<br />

da operação <strong>de</strong> Buenos<br />

Aires.<br />

Este é o primeiro empreendimento<br />

100% in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

<strong>de</strong> Ramos no<br />

Brasil. Ele e Bigio também<br />

foram fundadores da David,<br />

do Grupo Ogilvy, em<br />

2011. A dupla anunciou<br />

sua saída em <strong>novembro</strong><br />

do ano passado, mas permaneceu<br />

na operação até<br />

fevereiro <strong>de</strong>ste ano.<br />

Ramos <strong>de</strong>stacou o caráter<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da agência, que permite<br />

fazer as coisas mais rapidamente.<br />

“Não po<strong>de</strong>ria estar mais feliz”.<br />

Divulgação<br />

Anselmo Ramos: certeza <strong>de</strong> encontrar clientes no país<br />

integer\OutPromo muda li<strong>de</strong>rança<br />

e adota um novo posicionamento<br />

Reestruturação visa maior integração entre as áreas; agência<br />

<strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser shopper marketing, para ser uma commerce agency<br />

Integer\OutPromo, operação brasileira<br />

A do The Integer Group – Omnicom, está<br />

reestruturando a sua li<strong>de</strong>rança e mudando<br />

o seu posicionamento. Mauricio Gallian<br />

<strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser CEO e assume como chairman<br />

das <strong>de</strong>mais operações dos sócios, além <strong>de</strong><br />

CEO da global shopper, nova agência do<br />

grupo focada em conversão digital. Além<br />

disso, ele permanece sendo o principal<br />

ponto <strong>de</strong> contato com o head quarter do<br />

The Integer Group nos Estados Unidos.<br />

Ricardo Franken, que era CCO, passa a<br />

ser o managing director. A li<strong>de</strong>rança terá<br />

ainda os sócios minoritários Antonio Neto,<br />

como CCO, e Rosana Carvalho, como CFO.<br />

A agência contará com Ana Luisa Périssé,<br />

como diretora-geral <strong>de</strong> atendimento, Janaína<br />

Reimberg, como VP <strong>de</strong> Insigh & Strategy;<br />

e Claudio Olimpio, como diretor-geral<br />

<strong>de</strong> operações.<br />

A nova estrutura visa maior integração<br />

entre as áreas para entregar i<strong>de</strong>ias e proje-<br />

“Acho que o<br />

BrAsil tem<br />

AlgumAs dAs<br />

pessoAs mAis<br />

tAlentosAs<br />

do mundo”<br />

Divulgação<br />

Da esquerda para a direita, Antonio Neto, Rosana<br />

Carvalho, Janaína Reimberg, Ana Luisa Périssé e Claudio<br />

Olimpio; à frente, Ricardo Franken<br />

tos mais consistentes, neste momento em<br />

que a agência <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser shopper marketing,<br />

para ser uma commerce agency, focada<br />

em gerar conversão e buscar o shopper<br />

on<strong>de</strong> ele estiver.<br />

A agência acredita que o shopper marketing<br />

não é mais suficiente para aten<strong>de</strong>r às<br />

necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sse mercado em constante<br />

transformação, com shoppers cada vez<br />

mais conectados e exigentes.<br />

Franken comenta que a jornada <strong>de</strong> compra<br />

<strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser apenas linear. É preciso<br />

colocar o shopper no centro da estratégia.<br />

“Por esta razão, estamos evoluindo o nosso<br />

posicionamento. Como uma full commerce<br />

agency, vamos entregar soluções integradas<br />

e criadas a partir <strong>de</strong> um profundo entendimento<br />

do comportamento do shopper, por<br />

meio <strong>de</strong> diversas ferramentas digitais. Tudo<br />

isso para melhorar, cada vez mais, a experiência<br />

<strong>de</strong> compra e, consequentemente, aumentar<br />

a conversão”, afirma.<br />

18 <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark


AGÊNCIAS<br />

Nöse é plataforma colaborativa da<br />

Isobar para conhecimento digital<br />

Temas como blockchain e <strong>de</strong>sign <strong>de</strong> serviços estão na pauta do projeto,<br />

que nasce no mercado brasileiro e po<strong>de</strong> inspirar a re<strong>de</strong> do grupo DAN<br />

pAULO MACEDO<br />

Tecnologia, inovação e transformação<br />

digital são o tripé<br />

básico da operação da recém-<br />

-criada Nöse, que passa a integrar<br />

o Isobar Group Brasil,<br />

que já conta com as operações<br />

da Pontomobi, Isobar, Cosin<br />

Consulting e Lov. O ponto <strong>de</strong><br />

partida, nas palavras <strong>de</strong> Abel<br />

Reis, CEO do Dentsu Aegis<br />

Network no país e Isobar na região<br />

Latam, é ajudar o mercado<br />

a compreen<strong>de</strong>r melhor os impactos<br />

oriundos do ambiente<br />

do digital nos negócios das empresas<br />

e das pessoas. O acesso<br />

à plataforma é gratuito e não<br />

há interesse em monetização.<br />

Um dos primeiros whitepapers<br />

é sobre blockchain, sistema que<br />

garante segurida<strong>de</strong> às transações<br />

financeiras (bitcoins). Esse<br />

conteúdo foi elaborado por um<br />

especialista da Cosin, mas com<br />

edição <strong>de</strong> profissionais terceirizados.<br />

Uma re<strong>de</strong> colaborativa,<br />

inclusive do exterior, vai alimentar<br />

o espaço.<br />

“Vamos ter pautas técnicas,<br />

mas também sobre como as<br />

pessoas vivenciam o amor e<br />

a amiza<strong>de</strong> nesses tempos digitais.<br />

O plano é fomentar a<br />

discussão do impacto digital<br />

na socieda<strong>de</strong>. No caso das empresas,<br />

elas já são suportadas<br />

por tecnologia, mas a conversa<br />

com os consumidores requer<br />

comunicação que observe a<br />

sua experiência com as marcas.<br />

É o que chamo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign<br />

<strong>de</strong> serviços. O propósito é sair<br />

do plano superficial e transferir<br />

maior aprofundamento<br />

a essas questões. Um novo<br />

conceito para o e-commerce é<br />

assunto que precisa ter maior<br />

discussão. A Nöse contempla<br />

coisas absolutamente nerds,<br />

mas também humanas; tudo<br />

cabe na proposta”, argumenta<br />

Reis, que alinha a estratégia a<br />

um posicionamento <strong>de</strong> PR do<br />

Isobar Group.<br />

Os ativos digitais ganham espaço<br />

nas empresas, mas preci-<br />

Abel Reis propõe por meio da Nöse um olhar mais atento para os impactos do digital<br />

sam ser aproveitados <strong>de</strong> forma<br />

intuitiva e natural. “E menos<br />

sujeitos a erros”, observa Reis,<br />

que acrescenta: “O papel é o<br />

<strong>de</strong> educar, formar opinião para<br />

o mercado, i<strong>de</strong>ntificar riscos e<br />

oportunida<strong>de</strong>s. Não importa<br />

se vai servir para o interesse <strong>de</strong><br />

curiosos, concorrentes, público<br />

em geral, clientes e não clientes.<br />

A compreeensão dos impactos<br />

que o digital está produzindo<br />

é uma questão coletiva. Com<br />

a Nöse, vamos trazer i<strong>de</strong>ias e<br />

fomentar uma conversa com<br />

Divulgação<br />

“Po<strong>de</strong> ser um<br />

centro <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias;<br />

um bureau <strong>de</strong><br />

inteligência <strong>de</strong><br />

marketing ou<br />

um localizador<br />

<strong>de</strong> soluções. não<br />

imPorta o que é<br />

mas o que faz”<br />

dados já processados e mastigados.<br />

Além <strong>de</strong> artigos, vamos<br />

ter entrevistas, análises, temas<br />

factuais, pesquisas etc. Sempre<br />

com a perspectiva <strong>de</strong> construir<br />

uma visão com suporte apropriado.<br />

A transformação digital<br />

é realida<strong>de</strong> em qualquer setor<br />

que busca inovação e eficiência<br />

para se diferenciar dos seus<br />

concorrentes”, observa Reis.<br />

Por que Nöse, que é nariz<br />

em inglês? O executivo explica:<br />

“Meter o nariz em tudo,<br />

para <strong>de</strong>scobrir o novo.” Ou<br />

seja, “é uma metáfora entre<br />

a função <strong>de</strong>sse órgão <strong>de</strong><br />

respirar e umidificar o ar,<br />

com a funcionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<br />

sentir cheiro.” Além disso, ter<br />

faro para i<strong>de</strong>ntificar temas capazes<br />

<strong>de</strong> fazer a diferença na<br />

gestão <strong>de</strong> marcas, produtos e<br />

serviços nesse momento <strong>de</strong><br />

transição do mundo analógico<br />

com as <strong>de</strong>mandas emergentes<br />

do digital.<br />

“Costumo <strong>de</strong>finir o Nöse<br />

como um órgão, um sentido.<br />

Mas po<strong>de</strong> ser um centro <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ias; um bureau <strong>de</strong> inteligência<br />

<strong>de</strong> marketing ou um localizador<br />

<strong>de</strong> soluções. Não importa<br />

o que é, mas o que faz”, comenta<br />

Rui Branquinho, CCO do DAN<br />

e Isobar Brasil Group. “Hoje, a<br />

transformação digital é realida<strong>de</strong><br />

em qualquer setor que busque<br />

inovação e eficiência para<br />

se diferenciar <strong>de</strong> seus concorrentes.<br />

Nós queremos com esta<br />

plataforma levar ao mercado todos<br />

os aspectos relevantes <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong>ssa discussão e produzir o<br />

conhecimento necessário para<br />

que se possa refletir e aplicar as<br />

boas práticas implícitas em um<br />

processo <strong>de</strong> transformação digital”,<br />

finaliza.<br />

Abel Reis lança nesta segunda-feira<br />

(<strong>26</strong>), em São Paulo, o<br />

livro Socieda<strong>de</strong>.com - Como<br />

as tecnologias digitais afetam<br />

quem somos e como vivemos,<br />

que é uma complilação dos seus<br />

artigos publicados na revista<br />

Época Negócios nos últimos<br />

dois anos.<br />

jornal propmark - <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> 19


mArcAs<br />

Apple convida consumidores a<br />

compartilharem talentos no Natal<br />

Ví<strong>de</strong>o Share Your Gifts, criado pela agência TBWA\Media Arts Lab e Buck<br />

Productions, narra a história <strong>de</strong> uma jovem insegura sobre seus <strong>de</strong>senhos<br />

Natal já chegou para a Apple.<br />

Na campanha Share<br />

O<br />

Your Gifts, a marca apresenta a<br />

personagem Sofia, uma jovem<br />

que trabalha em seu MacBook<br />

em um projeto secreto. Embalado<br />

apenas por uma trilha<br />

sonora, o comercial ganha um<br />

duplo sentido no título já que,<br />

em inglês, a palavra “gift” tem<br />

duplo significado: po<strong>de</strong> ser traduzida<br />

como “presente”, mas<br />

também como “dom”.<br />

A i<strong>de</strong>ia da marca é convidar<br />

seus consumidores a dividirem<br />

os seus talentos. Desenvolvido<br />

pela agência TBWA\Media Arts<br />

Lab e a produtora <strong>de</strong> animação<br />

Buck Productions, o filme<br />

tem um <strong>de</strong>sfecho que po<strong>de</strong> ser<br />

consi<strong>de</strong>rado frustrante e belo<br />

ao mesmo tempo. Sofia acaba<br />

compartilhando, sem querer,<br />

Elton John embala campanha da<br />

John Lewis para festas <strong>de</strong> fim <strong>de</strong> ano<br />

Criado pela agência Adam&Eve/DDB, filme traz a clássica canção<br />

Your Song como trilha; peça reforça importância dos presentes no Natal<br />

história <strong>de</strong> Elton John é<br />

A recontada por meio das diversas<br />

fases do cantor na nova<br />

campanha <strong>de</strong> Natal da loja <strong>de</strong><br />

varejo John Lewis.<br />

Reforçando o valor dos presentes<br />

na vida <strong>de</strong> quem os recebe,<br />

a empresa traz o clássico<br />

Your Song sendo tocado por<br />

vários “Eltons”. Des<strong>de</strong> o contemporâneo,<br />

passando pelo dos<br />

anos 1990, 1980, 1970... Até, finalmente,<br />

chegar ao Elton antes<br />

<strong>de</strong> Your Song. O garoto que tocava<br />

piano nas festas <strong>de</strong> família.<br />

O filme, criado pela agência<br />

Adam&Eve/DDB, traz em seu<br />

<strong>de</strong>sfecho a criança Elton John<br />

(quando ainda se chamava Reginald<br />

Kenneth Dwight) recebendo<br />

o presente que iniciaria<br />

No filme, um aci<strong>de</strong>nte faz com que Sofia acabe compartilhando seus <strong>de</strong>senhos<br />

Reprodução<br />

Reprodução<br />

Campanha revisita várias fases <strong>de</strong> Elton John para lembrar o verda<strong>de</strong>iro dom do cantor<br />

o seu trabalho com o mundo.<br />

A mensagem mostra que o que<br />

vale não é o que Sofia criou,<br />

mas o que o ato <strong>de</strong> compartilhar<br />

sua criação representa.<br />

Tradicionalmente, a Apple<br />

aproveita as festas <strong>de</strong> fim <strong>de</strong><br />

ano para fazer uma comunicação<br />

especial aos seus consumidores.<br />

No ano passado, por<br />

exemplo, a marca trouxe os<br />

dançarinos Christopher Grant<br />

e Lauren Yatango-Grant em um<br />

encontro inesperado pelas ruas<br />

<strong>de</strong> Nova York. Casados na vida<br />

real, os protagonistas dançam<br />

pela neve em um filme que termina<br />

com a seguinte mensagem:<br />

“Emocione alguém neste<br />

feriado”. A peça divulgou o<br />

então lançamento, iPhone X e<br />

a nova tecnologia <strong>de</strong> fones <strong>de</strong><br />

ouvido: os airPods.<br />

toda sua trajetória <strong>de</strong> sucesso.<br />

No fim, a música fica sem o som<br />

do piano e o Elton do passado<br />

toca o fim da canção com o Elton<br />

do presente.<br />

A assinatura da campanha é<br />

a cereja do bolo: Alguns presentes<br />

são mais do que apenas presentes.<br />

Assim como a Apple e outras<br />

gran<strong>de</strong>s marcas, como a Coca-<br />

-Cola, a John Lewis cria peças<br />

especiais para marcar o Natal.<br />

Sua comunicação para o período,<br />

aliás, é sempre bastante<br />

aguardada pelos consumidores.<br />

Em 2017, a história <strong>de</strong> um<br />

monstro imaginário e <strong>de</strong> um<br />

garotinho emocionou o público<br />

no comercial da loja <strong>de</strong> <strong>de</strong>partamentos.<br />

20 <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark


MARCAS<br />

Cida<strong>de</strong> das Artes vira um dos polos<br />

culturais do RJ e ganha campanha<br />

Antes conhecido como “elefante<br />

branco” pelos cariocas, hoje abriga<br />

gran<strong>de</strong>s atrações; Mullen cria ação<br />

Cida<strong>de</strong> das Artes, no Rio<br />

A <strong>de</strong> Janeiro, que um dia<br />

foi a Cida<strong>de</strong> da Música, ficou<br />

conhecida pelos cariocas por<br />

muito tempo como elefante<br />

branco.<br />

Mas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2017, por conta<br />

<strong>de</strong> um esforço para tornar<br />

o espaço dinâmico e interessante,<br />

ultrapassou 1 milhão<br />

<strong>de</strong> espectadores. A partir daí,<br />

mais <strong>de</strong> 1.500 atrações passaram<br />

por lá, entre produções<br />

artísticas e eventos abertos. O<br />

público saltou <strong>de</strong> 179 mil em<br />

2016 para 400 mil em <strong>2018</strong>. “O<br />

elefante se levantou e passou<br />

a exibir um colorido cada vez<br />

mais vibrante, transformando-<br />

-se em um dos polos culturais<br />

do Rio”, argumenta André Marini,<br />

presi<strong>de</strong>nte da Fundação<br />

Cida<strong>de</strong> das Artes. A agência <strong>de</strong><br />

publicida<strong>de</strong> Mullen Lowe Brasil<br />

assina uma campanha utilizando<br />

a imagem do elefante<br />

- agora colorido - como forma<br />

<strong>de</strong> se apropriar do elemento<br />

outrora negativo.<br />

Assinam a criação Guilherme<br />

Ferreira, Guilherme Rieth,<br />

Marcio Kota e Maurício Sadalla<br />

Bucci, com direção <strong>de</strong> criação<br />

<strong>de</strong> Eduardo Salles e Gil Pinna.<br />

Peça da campanha, assinada pela Mullen Lowe Brasil, que mostra transformação<br />

Divulgação<br />

Job: 50964-008 -- Empresa: Publicis -- Arquivo: 50964-008 AFD An Cabore DOM Propmark 21.7x15.5cm_pag001.pdf<br />

Registro: 194339 -- Data: 19:06:53 21/11/<strong>2018</strong><br />

jornal propmark - <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> 21


marcas<br />

“O humor é uma<br />

linguagem<br />

<strong>de</strong>ssa diversão<br />

<strong>de</strong> Itubaína”<br />

Divulgação<br />

Com mais <strong>de</strong> 40 anos <strong>de</strong> atuação no mercado,<br />

a Itubaína, marca que pertence <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2017<br />

ao Grupo Heineken, se renova com ações<br />

voltadas para o público jovem. Depois <strong>de</strong><br />

apostar no aspecto retrô, a marca nos últimos 12<br />

meses vem investindo no resgate da memória afetiva<br />

dos consumidores, oferecendo uma linguagem mais<br />

leve e divertida. Nesta entrevista, Bruna Fausto,<br />

diretora <strong>de</strong> marketing <strong>de</strong> Itubaína, fala sobre o novo<br />

posicionamento, do uso do humor como plataforma,<br />

<strong>de</strong> saudabilida<strong>de</strong> e revela <strong>de</strong>talhes do novo sabor<br />

guaraná, que pela primeira vez na história da marca<br />

ganhará uma campanha em televisão aberta.<br />

Bruna Fausto: “O que fizemos no último ano foi ressignificar essa nostalgia”<br />

Alisson Fernán<strong>de</strong>z<br />

POsIcIOnamentO<br />

No ano <strong>de</strong> 2008 a marca realizou<br />

o seu primeiro movimento<br />

para se reinventar e, com isso,<br />

trouxe o aspecto retrô. Para o<br />

consumidor isso trouxe um significado<br />

<strong>de</strong> nostalgia e <strong>de</strong> uma<br />

volta ao passado. O que fizemos<br />

no último ano foi ressignificar<br />

essa nostalgia, ou essa volta<br />

ao passado, para uma memória<br />

afetiva mais positiva. É essa<br />

emoção que queremos trazer<br />

para a marca. Então, quando<br />

falamos da característica emocional<br />

que trouxemos para o<br />

reposicionamento, falamos do<br />

resgate da memória afetiva das<br />

pessoas oferecendo a possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> se divertir a qualquer<br />

momento. Temos atualmente<br />

uma vida superdura, bastante<br />

corrida e isso não impe<strong>de</strong> as<br />

pessoas <strong>de</strong> se divertirem ao longo<br />

do dia.<br />

HumOr cOmO PlatafOrma<br />

O humor é uma linguagem<br />

<strong>de</strong>ssa diversão da marca. Então,<br />

o que a gente quer na<br />

verda<strong>de</strong> é trazer a vida esse<br />

posicionamento que resgata<br />

a memória afetiva através do<br />

divertimento em diferentes<br />

plataformas. Uma <strong>de</strong>las, com<br />

certeza, é o humor. Não é qualquer<br />

humor, mas sim o que<br />

olha a vida <strong>de</strong> uma forma leve<br />

e divertida. Este ano patrocinamos<br />

o Festival Risadaria, então,<br />

se você pega a nossa linha histórica<br />

<strong>de</strong>stes últimos 12 meses,<br />

este foi o primeiro aquecimento<br />

para trazer a vida este nosso<br />

novo posicionamento. Então,<br />

saímos da nostalgia e entramos<br />

no Risadaria, mostrando que a<br />

marca é a patrocinadora do ‘Ha<br />

Ha Ha’, trazendo um tom <strong>de</strong> voz<br />

mais alegre. Com o lançamento<br />

da versão guaraná, trazemos<br />

este novo posicionamento para<br />

uma campanha.<br />

nOvO sabOr<br />

Acabamos <strong>de</strong> lançar Itubaína<br />

Guaraná, trazendo como<br />

mote O <strong>de</strong>licioso gosto do sabor<br />

saboroso, que também está<br />

bastante alinhado com o nosso<br />

novo posicionamento. O sabor<br />

do guaraná, para o consumidor<br />

target, é muito associado<br />

à infância. A primeira coisa<br />

que realizamos quando o Grupo<br />

Heineken adquiriu a marca<br />

Itubaína foi realizar um estudo<br />

para enten<strong>de</strong>r quais eram os sabores<br />

que remetiam à infância,<br />

e o guaraná foi o principal <strong>de</strong>les,<br />

então, <strong>de</strong>senvolvemos uma<br />

nova fórmula. O nosso produto<br />

“O sabOr dO<br />

guaraná, para<br />

O cOnsumidOr<br />

target, é muitO<br />

assOciadO à<br />

infância”<br />

é 100% realizado com a semente<br />

do guaraná da Amazônia,<br />

com 30% menos açúcares que a<br />

fórmula original e com versões<br />

original e zero.<br />

saudabIlIda<strong>de</strong><br />

Essa é uma questão que<br />

abordamos bastante internamente.<br />

Acreditamos que as<br />

pessoas <strong>de</strong>vam consumir os<br />

produtos <strong>de</strong> maneira mo<strong>de</strong>rada,<br />

pois tudo aquilo que você<br />

faz <strong>de</strong> uma forma equilibrada<br />

<strong>de</strong>ntro do seu dia é saudável.<br />

Dizem que se você consumir<br />

muita água ela também vai<br />

fazer mal para você. De fato,<br />

acreditamos que o consumo<br />

mo<strong>de</strong>rado é um posicionamento<br />

muito importante para<br />

o grupo como um todo. Falamos<br />

isso da cerveja ao refrigerante.<br />

Mas isso também não<br />

quer dizer que não pensamos<br />

em alternativas <strong>de</strong> produtos<br />

que tragam possibilida<strong>de</strong>s<br />

mais saudáveis. Se você pegar<br />

o nosso portfólio, po<strong>de</strong>rá<br />

conferir que não só reduzimos<br />

a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> açúcar<br />

em nossos refrigerantes, mas<br />

também estamos ampliamos<br />

o nosso portfólio com versões<br />

zero, dando o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> escolha<br />

para o consumidor. E quando<br />

você pega o nosso portfólio <strong>de</strong><br />

produtos expandido temos até<br />

água, por exemplo.<br />

PróxImas ações<br />

Começamos agora uma campanha<br />

focada em nosso lançamento<br />

<strong>de</strong> Itubaína Guaraná.<br />

Acabamos <strong>de</strong> fazer essa gran<strong>de</strong><br />

aposta para a marca e estamos<br />

bastante confiantes com o produto.<br />

Entramos com uma campanha<br />

agressiva <strong>de</strong> 360º em<br />

marketing e, pela primeira vez<br />

na história da marca, vamos<br />

entrar com um filme em TV<br />

aberta, realizado pela agência<br />

Talent Marcel. Então, o nosso<br />

gran<strong>de</strong> olhar para os próximos<br />

quatro meses será com essa<br />

campanha que, além da televisão,<br />

vai contar com rádio,<br />

mobiliário urbano e <strong>de</strong>gustações<br />

em ponto <strong>de</strong> venda, pois<br />

o nosso produto é tão gostoso<br />

que precisamos fazer com que<br />

as pessoas sintam o <strong>de</strong>licioso<br />

gosto do sabor saboroso.<br />

22 <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark


eyond the line<br />

gustavofrazao/iStock<br />

Uma causa pra<br />

chamar <strong>de</strong> sua<br />

O fato é que as pessoas esperam mais das<br />

empresas. A sua está preparada?<br />

Alexis Thuller PAgliArini<br />

Tive acesso ao estudo apresentado no<br />

2º Fórum <strong>de</strong> Marketing Relacionado à<br />

Causa, organizado em São Paulo pela Cause,<br />

em parceria com a Ipsos, ESPM e Instituto<br />

Ayrton Senna. O estudo baseou-se em<br />

pesquisas recentes – Marketing <strong>de</strong> Causa II,<br />

Pulso Brasil, Reputation Council e Global<br />

Advisor – e traz uma visão atual da percepção<br />

do público com relação ao envolvimento<br />

<strong>de</strong> empresas e instituições a causas <strong>de</strong><br />

importância à socieda<strong>de</strong>.<br />

De cara, o estudo apresenta um quadro<br />

preocupante quanto à queda do índice <strong>de</strong><br />

confiança geral dos brasileiros nos últimos<br />

anos.<br />

A turbulência político-econômica provocou<br />

um arraso na confiança dos brasileiros<br />

em todos os setores da socieda<strong>de</strong>. Em quatro<br />

anos, o índice caiu pela meta<strong>de</strong>, <strong>de</strong> 162<br />

para 82 pontos (ACSP/Ipsos). Em todos os<br />

setores da economia, houve <strong>de</strong>créscimo <strong>de</strong><br />

confiança <strong>de</strong> 2017 para <strong>2018</strong>, com <strong>de</strong>staque<br />

para a estatais, com apenas 30% dos respon<strong>de</strong>ntes<br />

<strong>de</strong>clarando que confiam.<br />

As instituições também foram afetadas,<br />

com <strong>de</strong>staque negativo para a imprensa,<br />

com queda <strong>de</strong> 47% para 43% no seu índice<br />

<strong>de</strong> confiança. Perante esse quadro, fica mais<br />

fácil enten<strong>de</strong>r a eleição <strong>de</strong> governantes e<br />

congressistas menos conhecidos do público.<br />

É a esperança por renovação e honestida<strong>de</strong><br />

expressa nas urnas. E há <strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>rar<br />

ainda o alto índice <strong>de</strong> participação<br />

e engajamento político das pessoas, antes<br />

atordoadas pelos múltiplos escândalos que<br />

assolavam o país.<br />

canudos <strong>de</strong> plástico. Num período <strong>de</strong><br />

apenas dois meses <strong>de</strong> visibilida<strong>de</strong> sobre o<br />

problema, o tema tomou as re<strong>de</strong>s sociais,<br />

fazendo com que empresas tomassem atitu<strong>de</strong><br />

imediata. O McDonald’s parou <strong>de</strong> entregar<br />

canudos aos seus clientes e o Bob’s<br />

o substituiu por uma versão comestível<br />

no seu milk-shake.<br />

O estudo <strong>de</strong>monstra a preocupação das<br />

empresas em ações do tipo “Less bad” (Menos<br />

mal – Redução <strong>de</strong> risco), mas que isso<br />

só não basta: é preciso passar para uma atitu<strong>de</strong><br />

“More good” (Mais ações do bem – Impacto<br />

positivo).<br />

É o que esperam os potenciais consumidores.<br />

A pesquisa mostra que 77% concordam<br />

com a seguinte afirmação: “Espera-se<br />

que as empresas <strong>de</strong> hoje contribuam muito<br />

mais para a socieda<strong>de</strong> do que contribuíam<br />

no passado” e 78% com a frase: “Espera-se<br />

que as empresas <strong>de</strong> hoje invistam mais em<br />

causas do que investiam no passado”.<br />

Porém, as empresas ainda têm uma preocupação<br />

com uma possível reação negativa<br />

ao tomar uma clara posição em relação<br />

a um tema sensível. Igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> gêneros,<br />

por exemplo.<br />

Lembro dois exemplos corajosos, ganhadores<br />

<strong>de</strong> Leões em Cannes este ano: o case<br />

brasileiro da David para a Coca-Cola (Essa<br />

Coca-Cola é Fanta! E daí?) e o da Nike da<br />

Austrália, assumindo um lado e fazendo<br />

campanha <strong>de</strong> alta visibilida<strong>de</strong> a favor do<br />

casamento entre pessoas do mesmo sexo.<br />

Atitu<strong>de</strong>s como essas têm riscos, é verda<strong>de</strong>.<br />

77% dos integrantes do conselho <strong>de</strong> reputação<br />

<strong>de</strong> empresas assumiram temer os riscos<br />

<strong>de</strong> um posicionamento <strong>de</strong>sse tipo.<br />

As pessoas com um smartphone na mão<br />

se sentem empo<strong>de</strong>radas e não hesitam em<br />

manifestar sua opinião, mesmo que conflite<br />

com a <strong>de</strong> grupos po<strong>de</strong>rosos. Como diz<br />

o estudo: “Hoje, nada passa impune!”. “A<br />

nova geração <strong>de</strong> consumidores nativos digitais<br />

apren<strong>de</strong>u com o mundo online a contestar<br />

paradigmas, reforçando a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> social na era das<br />

re<strong>de</strong>s sociais”, reforça.<br />

Para exemplificar esse engajamento<br />

empo<strong>de</strong>rado, a Ipsos trouxe o case dos<br />

Mas 61% assumiram que os benefícios<br />

são maiores do que nunca. “Posicionar-se<br />

carrega riscos. Mas, se reflete genuinamente<br />

o propósito social e os valores do negócio,<br />

e é respaldado por evidências <strong>de</strong> ação,<br />

a recompensa po<strong>de</strong> ser um impacto po<strong>de</strong>roso<br />

e positivo na reputação e nos relacionamentos”,<br />

diz o estudo.<br />

O fato é que as pessoas esperam mais<br />

das empresas. Esperam autenticida<strong>de</strong>, sensibilida<strong>de</strong><br />

e protagonismo por um mundo<br />

melhor. A sua empresa está preparada?<br />

Alexis Thuller Pagliarini é superinten<strong>de</strong>nte<br />

da Fenapro (Fe<strong>de</strong>ração Nacional das Agências<br />

<strong>de</strong> Propaganda)<br />

alexis@fenapro.org.br<br />

24 <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark


entrevista<br />

Wilson lannes<br />

vice-presi<strong>de</strong>nte da Sony Music Brasil<br />

a música<br />

traz uma<br />

relevância<br />

cultural para<br />

a marca<br />

A<br />

área <strong>de</strong> business <strong>de</strong>velopment da Sony<br />

Music Entertainment Brasil nasceu<br />

para ampliar e diversificar a atuação da<br />

companhia. Hoje, ela é li<strong>de</strong>rada por Wilson<br />

Lannes, VP no Brasil. Nesta entrevista, o executivo<br />

conta como as marcas que <strong>de</strong>cidirem apostar na<br />

música para engajar o público po<strong>de</strong>m trabalhar,<br />

relembra cases marcantes e revela os planos para<br />

o futuro <strong>de</strong> uma empresa cuja carteira <strong>de</strong> artistas<br />

possui nomes como Roberto Carlos, Fernando e<br />

Sorocaba, Capital Inicial, Djavan, Emicida, Karol<br />

Conká e Pabllo Vittar.<br />

LEONARDO ARAUJO<br />

Como funciona a área <strong>de</strong> business<br />

<strong>de</strong>velopment da Sony Music?<br />

Nós somos uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

negócio <strong>de</strong>ntro da Sony Music<br />

que tem a missão <strong>de</strong> aproximar<br />

os artistas das marcas. E,<br />

ao mesmo tempo, prover aos<br />

artistas serviços mais completos<br />

que possam incluí-los junto<br />

às marcas e junto ao público <strong>de</strong><br />

uma forma geral. Dentro disso,<br />

nós temos a estratégia <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> duas áreas principais<br />

que seriam nossos dois<br />

pilares: live e brands. Elas são,<br />

<strong>de</strong> certa forma, complementares,<br />

mas têm produtos e algumas<br />

naturezas diferentes. O live<br />

faz a produção <strong>de</strong> eventos, on<strong>de</strong><br />

está inserida a nossa plataforma<br />

<strong>de</strong> eventos, a filtr live. A área<br />

<strong>de</strong> brands tem alguns produtos<br />

específicos já para marcas. Por<br />

exemplo, o product placement,<br />

que é quando você tem um produto<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um vi<strong>de</strong>oclipe. A<br />

sincronização, que é quando a<br />

gente coloca uma música numa<br />

peça audiovisual, um filme ou<br />

campanha e trabalhos maiores<br />

<strong>de</strong> propaganda.<br />

Especificamente do product placement,<br />

quais as principais vantagens<br />

para o anunciante?<br />

Quando você já tem um fã<br />

olhando para um conteúdo, você<br />

traz a marca e insere naquilo,<br />

quem está vendo já está mais<br />

propenso, mais aberto a ter simpatia<br />

com aquele produto. Se for<br />

feito <strong>de</strong> uma forma fluida, que<br />

não interrompa, claro. Aumenta<br />

o engajamento e no longo prazo,<br />

não só com o product placement,<br />

mas com outros produtos, a música<br />

traz uma relevância cultural<br />

para a marca. Ela está muito associada<br />

à emoção e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.<br />

Se a marca tem um trabalho <strong>de</strong><br />

médio e longo prazo em relação<br />

à música, ela cria uma relevância<br />

cultural em relação à imagem e<br />

ao posicionamento que ela tem.<br />

A música trabalhada da forma<br />

correta po<strong>de</strong> posicionar a marca.<br />

Muita gente não vê mais o clipe.<br />

Entra no YouTube, mas <strong>de</strong>ixa a aba<br />

tocando a música. Vocês já pensaram<br />

em formato para atingir este<br />

público?<br />

O conteúdo musical, quando<br />

penso em todas as sincronizações,<br />

vai <strong>de</strong>s<strong>de</strong> uma propaganda<br />

engraçada, passando por uma<br />

emocionante. Quando vejo estas<br />

peças, é difícil você não se<br />

pren<strong>de</strong>r na questão visual. Veja<br />

a propaganda da Oi que fizemos<br />

a sincronização. Ela é superengraçada.<br />

É difícil você ver um<br />

ator pulando e não querer parar<br />

e ver o ví<strong>de</strong>o. Na verda<strong>de</strong>, a<br />

questão visual traz mais força<br />

para a música. Temos investido<br />

bastante nisso. Acho que não dá<br />

para separar um ou outro. O visual<br />

traz mais atenção. No caso<br />

do product placement, muitas<br />

vezes, você nem percebe, como<br />

no exemplo da 51 e do Tin<strong>de</strong>r no<br />

ví<strong>de</strong>o do Nego do Borel, ambas<br />

inseridas no clipe da música Você<br />

Partiu Meu Coração.<br />

O público aceita bem o product placement?<br />

Não temos uma pesquisa específica<br />

da Sony, mas acompanhamos<br />

todas as pesquisas da<br />

área. O público se i<strong>de</strong>ntifica sim<br />

e como você pega um vi<strong>de</strong>oclipe<br />

que se eterniza, para a marca<br />

aquela i<strong>de</strong>ntificação é duradoura.<br />

Esse tipo <strong>de</strong> negócio é também um<br />

jeito <strong>de</strong> a indústria fonográfica se<br />

reinventar?<br />

Do lado da Sony, é uma consequência<br />

natural do negócio.<br />

Enten<strong>de</strong>mos que havia muita sinergia<br />

e valor que a gente po<strong>de</strong>ria<br />

entregar em função do nosso<br />

relacionamento com o mercado,<br />

em todos os pontos da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><br />

valor da música, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> produção,<br />

música, show, marketing e<br />

promoção, entre outros. Como<br />

temos todo ecossistema para<br />

<strong>de</strong>senvolvimento dos artistas,<br />

a expansão foi natural. É como<br />

se estivéssemos jogando vários<br />

esportes numa única quadra. É<br />

preciso ir além. São ativida<strong>de</strong>s<br />

com sinergia, complementares.<br />

Quais cases você consi<strong>de</strong>ra emblemáticos?<br />

Em 2016, nas Olimpíadas,<br />

entregamos ao Consulado do<br />

Japão um evento completo que<br />

<strong>de</strong>terminava <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a criação do<br />

line up até a produção, marketing<br />

e promoção. Já que estavam<br />

sendo realizadas as Olimpíadas<br />

no Rio <strong>de</strong> Janeiro e as próximas<br />

ocorreriam no Império do Sol<br />

Nascente, os japoneses queriam<br />

aproveitar para divulgar e entregar<br />

um pouco <strong>de</strong> conhecimento<br />

da cultura japonesa através da<br />

música. Fizemos dois dias, produzidos<br />

no Vivo Rio, com Emicida,<br />

Vanessa da Mata, Tokyo Ska<br />

Paradise Orchestra e a cantora<br />

nipo-brasileira Marcia. Todos<br />

adoraram. A música po<strong>de</strong> muito.<br />

Esse é um exemplo. A Merce<strong>de</strong>s<br />

lançou uma série do Classe A e<br />

queria mostrar ao público que<br />

aquele produto era direcionado<br />

ao jovem. No evento <strong>de</strong> lançamento,<br />

chamamos a cantora dinamarquesa<br />

Karen Marie Aagaard<br />

Ørsted An<strong>de</strong>rsen, conhecida<br />

como MØ. É uma ciência trazer<br />

uma artista que atinja a um público<br />

específico. A escolha não é<br />

aleatória. Tem <strong>de</strong> fazer sentido.<br />

Essa é nossa expertise. Na <strong>de</strong>finição<br />

do posicionamento <strong>de</strong> marca,<br />

quem mais po<strong>de</strong>ria ter essa<br />

expertise como alguém que lida<br />

com música todos os dias? Outro<br />

exemplo é da Calvin Klein, que<br />

inaugurou uma flagship store,<br />

uma loja-conceito. Ela se posiciona<br />

como uma loja para jovem<br />

e queria um evento atrativo. A<br />

“Hoje, tudo<br />

que temos<br />

no físico<br />

a gente<br />

leva para o<br />

digital. com<br />

o filtr live é<br />

o contrário”<br />

<strong>26</strong> <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark


Divulgação<br />

marca nos chamou e perguntou<br />

o que po<strong>de</strong>ríamos fazer. Claro<br />

que um show <strong>de</strong> abertura na própria<br />

loja. Chamamos a dupla <strong>de</strong><br />

DJs Evokings e a verda<strong>de</strong> é que<br />

eles adoraram porque aten<strong>de</strong>u<br />

exatamente o que queriam: o posicionamento<br />

da música com o<br />

estilo e a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> quem<br />

compra aqueles produtos. Tudo<br />

associado a uma entrega garantida,<br />

já que a Sony é uma marca<br />

reconhecidamente que realiza<br />

com qualida<strong>de</strong> o que se propõe.<br />

Depois, como vocês me<strong>de</strong>m a eficácia?<br />

Normalmente, estabelecemos<br />

com o cliente qual é exatamente<br />

o pós-venda do que a gente está<br />

propondo entregar. Alguns são<br />

mais complexos, como o do Japan<br />

Foundation, on<strong>de</strong> tivemos<br />

<strong>de</strong> explicar aos japoneses qual foi<br />

o resultado e alcance do projeto.<br />

Para todo o trabalho que entregamos<br />

temos um relatório com<br />

os principais KPIs estabelecidos.<br />

No caso do vi<strong>de</strong>oclipe é mais fácil,<br />

tem o número <strong>de</strong> views. Mas<br />

varia <strong>de</strong> case para case.<br />

Além do product placement, quais<br />

as outras frentes <strong>de</strong> trabalho?<br />

O filtr live é uma das frentes<br />

em que uma marca po<strong>de</strong> entrar<br />

como patrocinadora. Aí estabelecemos<br />

quais serão as ativações.<br />

Ele sempre tem ativações, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

<strong>de</strong> ser patrocinado<br />

ou não. Você vai a um evento<br />

<strong>de</strong>sses, você não espera ver<br />

só um show, mas algo com uma<br />

experiência <strong>de</strong> aproximação<br />

com o artista. O evento nasceu<br />

a partir do filtr, que nada mais<br />

é do que um perfil nas plataformas<br />

<strong>de</strong> streaming <strong>de</strong> música que<br />

funciona como um serviço <strong>de</strong><br />

playlists. Nosso objetivo é simplificar<br />

e aprimorar a maneira<br />

pela qual as pessoas <strong>de</strong>scobrem<br />

e consomem música. O filtr live é<br />

como se a playlist ganhasse vida.<br />

Hoje, tudo que temos no físico a<br />

gente leva para o digital. Com o<br />

filtr live é o contrário. É o lugar<br />

para um lançamento, para uma<br />

experiência nova, para a fi<strong>de</strong>lização<br />

<strong>de</strong> um produto já conhecido,<br />

pois as pessoas estão ali felizes,<br />

escolheram estar ali. Essa é uma<br />

das propostas. Não necessariamente<br />

fazemos com marcas, mas<br />

enten<strong>de</strong>mos que é uma oportunida<strong>de</strong><br />

muito boa. Temos a sincronização,<br />

que consiste na inserção<br />

<strong>de</strong> músicas em conteúdos<br />

audiovisuais, como campanhas<br />

publicitárias. E qualquer projeto<br />

que você precise associar o artista<br />

à marca. Nosso time <strong>de</strong> criativos<br />

vai buscar como usar a música<br />

para alavancar um produto,<br />

ou trazer fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>. O case <strong>de</strong><br />

Calvin Klein é um exemplo. Recentemente<br />

fizemos outro com a<br />

CNCO, uma banda Sony que veio<br />

para o Brasil fazer um trabalho<br />

promocional. I<strong>de</strong>ntificamos que<br />

tinha um fit muito gran<strong>de</strong> com<br />

a Nissin. Achávamos que fazia<br />

sentido a junção da marca com o<br />

artista e fizemos um pocket show<br />

em que a empresa entrou como<br />

patrocinadora.<br />

As ações não necessariamente resultam<br />

em eventos, certo?<br />

O evento é um entregável. Mas<br />

a peça é outro, campanha <strong>de</strong> TV é<br />

outra, como o Nego do Borel para<br />

a Vivo e também para o Ministério<br />

da Saú<strong>de</strong>. Sempre é o seguinte:<br />

como a música po<strong>de</strong> ajudar a alcançar<br />

seu público? Daí entregamos<br />

soluções completas: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

escolha do artista até a produção<br />

da campanha <strong>de</strong> qualquer forma.<br />

Claro que trabalhamos com parceiros,<br />

mas é a expertise nossa<br />

<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar para qual público,<br />

artista e como po<strong>de</strong>mos colocar<br />

aquela marca.<br />

Só marcas gran<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m procurar<br />

a Sony?<br />

Isso precisa ser <strong>de</strong>smistificado.<br />

Obviamente, chamar um artista<br />

internacional famoso há 50 anos<br />

não é tão barato, mas a Sony não<br />

tem restrição a nenhum tipo <strong>de</strong><br />

marca pelo tamanho. Temos <strong>de</strong><br />

achar que o projeto faça sentido<br />

com o que temos <strong>de</strong> entregar estrategicamente.<br />

E quais as expectativas da área para<br />

o futuro?<br />

São as melhores possíveis. A<br />

gente já vem apresentando crescimento<br />

<strong>de</strong> faturamento nos<br />

últimos dois anos <strong>de</strong> 300%. Do<br />

“antes <strong>de</strong><br />

existir a<br />

fala, já<br />

existia a<br />

música”<br />

ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> lucro, a área<br />

vem aumentando 50% por ano.<br />

Prevemos duplicar nos próximos<br />

dois anos, do ponto <strong>de</strong> vista<br />

financeiro. Claro, não somos<br />

uma ilha no meio <strong>de</strong> um Brasil.<br />

Depen<strong>de</strong>mos sim das condições<br />

econômicas do país, mas a nossa<br />

perspectiva é que estamos preparados<br />

mesmo para situações<br />

adversas. Complementando, é<br />

díficil imaginar uma marca que<br />

não possa ter i<strong>de</strong>ntificação com a<br />

música. Se ela acha que isso po<strong>de</strong><br />

agregar valor ao posicionamento<br />

<strong>de</strong>la como marca, ao engajamento<br />

dos produtos <strong>de</strong>la com os fãs,<br />

à criação <strong>de</strong> uma imagem institucional,<br />

<strong>de</strong> certa forma, cultural,<br />

se associar com a música é um<br />

caminho muito rápido com os<br />

públicos diversos. É importante<br />

lembrar o seguinte: antes <strong>de</strong><br />

existir a fala, já existia a música.<br />

jornal propmark - <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> 27


inspiração<br />

rápidos, focados e incansáveis<br />

Divulgação e cbies/iStock<br />

"Eliud Kipchoge quebrou<br />

o recor<strong>de</strong> mundial <strong>de</strong><br />

maratonas, em Berlim.<br />

Ele correu os 42,195km<br />

da prova em 2 horas,<br />

1 minuto e 39 segundos”<br />

Astério segundo<br />

especial para o ProPMArK<br />

No último dia 16 <strong>de</strong> setembro, o queniano<br />

Eliud Kipchoge quebrou o recor<strong>de</strong><br />

mundial <strong>de</strong> maratonas, em Berlim. Ele correu<br />

os 42,195km da prova em 2 horas, 1 minuto<br />

e 39 segundos.<br />

Jamais na história das provas oficiais alguém<br />

foi capaz <strong>de</strong> correr tão rápido por tanto<br />

tempo. Para corredores do mundo inteiro,<br />

o feito <strong>de</strong> Kipchoge beira o assombroso.<br />

Mas, para quem se lança a empreen<strong>de</strong>r<br />

no Brasil <strong>de</strong> hoje, o feito é algo ainda<br />

maior. Kipchoge é a impossibilida<strong>de</strong> tornada<br />

real. Um <strong>de</strong>vaneio que um queniano<br />

foi lá e mostrou que podia não ser tão impossível<br />

assim. Empreen<strong>de</strong>r é dar pernas<br />

aos sonhos. E, como os maratonistas, nós<br />

também precisamos ser rápidos, focados e<br />

incansáveis.<br />

A <strong>de</strong>smonetização e a <strong>de</strong>smaterialização<br />

das coisas têm criado possibilida<strong>de</strong>s<br />

infinitas para quem <strong>de</strong>seja empreen<strong>de</strong>r.<br />

Estima-se que até 2025, US$ 300 bilhões<br />

serão levantados em plataformas <strong>de</strong><br />

crowdfunding. É gente comum financiando<br />

gente fora do comum. Sua gran<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ia<br />

está a uma vaquinha <strong>de</strong> se tornar uma<br />

gran<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ia viabilizada.<br />

Jamais falou-se tanto em inovação em<br />

todos os setores. Mas, como diz Peter Diamandis,<br />

inovar não é apenas criar um algoritmo<br />

melhor. É também melhorar as bilida<strong>de</strong>s que o mundo <strong>de</strong>senha diante <strong>de</strong><br />

conversas que temos com as pessoas. Boa nós. Seu nome, assim como sua metodologia<br />

<strong>de</strong> trabalho e cultura, tem inspiração no<br />

propaganda é, portanto, uma forma <strong>de</strong> rejuvenescer<br />

companhias usando alguns milhões<br />

a menos <strong>de</strong> seus budget.<br />

na, o 35k é um divisor <strong>de</strong> águas. Um ponto<br />

universo das maratonas. Em uma marato-<br />

A inovação que produz riquezas também<br />

está diminuindo distâncias. O Porto Os amadores dos faixas pretas. O <strong>de</strong>sejo e a<br />

crucial que separa o fracasso do sucesso.<br />

Digital, um dos principais parques tecnológicos<br />

do Brasil, não está em São Paulo. Empreen<strong>de</strong>dores do mundo inteiro vi-<br />

capacida<strong>de</strong> real <strong>de</strong> realizar algo grandioso.<br />

Está no Centro Histórico do Recife, dando vem hoje a magia <strong>de</strong> cruzar o 35. As novas<br />

vida nova a uma área que estava <strong>de</strong>gradada possibilida<strong>de</strong>s nunca tiveram um terreno<br />

e impulsionando o pensamento da economia<br />

criativa brasileira.<br />

está no DNA das startups está no radar das<br />

tão fértil à sua disposição. A inovação que<br />

Hoje, uma garota no Nor<strong>de</strong>ste com inteligência,<br />

bom gosto e um smartphone po<strong>de</strong> espaço entre elas, dando vida a iniciativas<br />

gran<strong>de</strong>s companhias. E está também no<br />

se tornar uma enorme plataforma para os como o iDEXO, a sensacional “<strong>de</strong>stravadora”<br />

<strong>de</strong> inovação que viabiliza negócios<br />

gran<strong>de</strong>s estilistas durante a Semana <strong>de</strong><br />

Moda <strong>de</strong> Paris. Duvida? Pergunte para a entre pequenos prodígios e gran<strong>de</strong>s corporações.<br />

Camila Coutinho.<br />

Ano passado, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> dois anos à frente<br />

da criação <strong>de</strong> uma agência e com mais <strong>de</strong> regras do jogo. Ser pequeno ou gran<strong>de</strong> já<br />

Um novo mindset está reinventando as<br />

15 novas contas conquistadas nesse período,<br />

<strong>de</strong>cidi me dar um presente.<br />

que muda tão rápido, a inteligência e a ca-<br />

não é mais um <strong>de</strong>finidor. Em um mundo<br />

Larguei uma <strong>de</strong>liciosa e bem-remunerada<br />

zona <strong>de</strong> conforto e fui para o Vale do parâmetros.<br />

pacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oferecer soluções são os novos<br />

Silício estudar inovação na Singularity Universitysegue<br />

gerar. Seja rápido. Seja focado. Seja<br />

Você é do tamanho das i<strong>de</strong>ias que con-<br />

Eu não sabia, mas era ali, entre as ruas incansável. Afinal, não são apenas os quenianos<br />

que po<strong>de</strong>m transformar <strong>de</strong>vaneios<br />

arborizadas <strong>de</strong> Palo Alto e a atmosfera inspiradora<br />

do NASA Ames Research Center, em possibilida<strong>de</strong>s reais.<br />

que se formava o embrião da 35.<br />

Rala que rola.<br />

A 35 é um cruzamento das nossas experiências<br />

publicitárias com as novas possi- Astério Segundo é fundador da 35<br />

28 <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark


marketing & negóCios<br />

icenando/iStock<br />

Como encarar o<br />

efeito manada<br />

Depois do porre generalizado da<br />

Black Friday, começa o do Natal, o do<br />

Ano Novo e, em seguida, o do Carnaval<br />

Rafael Sampaio<br />

Não é <strong>de</strong> agora que os anunciantes e<br />

suas agências enfrentam o dilema <strong>de</strong><br />

seguir ou não seguir a manada e usar as<br />

estratégias e táticas da temporada, que se<br />

repetem quase ao infinito ano após ano.<br />

Depois das clássicas abordagens <strong>de</strong> Natal,<br />

Ano Novo, férias <strong>de</strong> verão, Carnaval, Dia<br />

das Mães etc., vieram novida<strong>de</strong>s “importadas”<br />

e meio sem lógica para nós, que não<br />

temos um Dia <strong>de</strong> Ação <strong>de</strong> Graças forte, como<br />

a Black Friday, que já está sendo esticada<br />

para week e até month...<br />

Seguir esse efeito manada, até para não<br />

ser atropelado por ela, é muito tentador,<br />

inclusive gera algum resultado, mas esse<br />

efeito vai se esvanecendo à medida em<br />

que a competição pela atenção dos consumidores<br />

e pelo seu bolso é incrementada,<br />

começa a existir o <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong>vido<br />

aos anunciantes que se “aproveitam”, <strong>de</strong><br />

uma forma ou outra, da efeméri<strong>de</strong> em tela<br />

e o próprio consumidor vai se cansando<br />

do “truque” e o encarando com crescente<br />

apatia. O que fazer, então?<br />

Apesar dos evi<strong>de</strong>ntes benefícios <strong>de</strong> utilizar<br />

um approach que muitos estão empregando<br />

e gerando massa crítica para o<br />

tema, há que se consi<strong>de</strong>rar os aspectos<br />

negativos acima e o fato <strong>de</strong> que as mensagens<br />

individuais <strong>de</strong> cada anunciante se<br />

diluem na maré <strong>de</strong> comerciais, anúncios<br />

e cartazes no fundo bastante parecidos<br />

uns com os outros.<br />

As saídas para obter maior <strong>de</strong>staque são<br />

basicamente três: no tamanho da oferta<br />

em si, mas que, além <strong>de</strong> corroer a rentabilida<strong>de</strong><br />

em si, po<strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar a sensação<br />

<strong>de</strong> que “esmola gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>mais até santo<br />

<strong>de</strong>sconfia”; a originalida<strong>de</strong> da mensagem<br />

e a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua produção; e o estratagema<br />

<strong>de</strong> parecer que não se está seguindo<br />

o mainstream, ao usar uma variante do<br />

caminho <strong>de</strong> todos.<br />

Combinar essas duas últimas saídas<br />

costuma levar a resultados excepcionais,<br />

como muitos exemplos aqui e nos principais<br />

centros publicitários do mundo<br />

registram e comprovam. Para isso, no entanto,<br />

há que se combinar a disposição do<br />

cliente em investir mais do que o comum,<br />

principalmente em produção, e <strong>de</strong> ter a<br />

coragem <strong>de</strong> arriscar; bem como a agência<br />

ser capaz <strong>de</strong> propor alguma coisa ousada,<br />

mas consistente e pertinente com a marca<br />

anunciante e, ao mesmo tempo, relevante<br />

para a audiência.<br />

Um caso excepcional, que vale ser estudado<br />

e servir <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo para se pensar<br />

em soluções na mesma linha, é a já famosa<br />

e tradicional campanha <strong>de</strong> Natal da John<br />

Lewis, lí<strong>de</strong>r entre as lojas <strong>de</strong> <strong>de</strong>partamento<br />

do Reino Unido. Des<strong>de</strong> 2007 a empresa vem<br />

veiculando uma campanha <strong>de</strong> fim <strong>de</strong> ano<br />

que tem essa embocadura <strong>de</strong> escapar do óbvio<br />

dominante das ofertas e mensagens mecânicas<br />

<strong>de</strong> felicida<strong>de</strong> e esperança para <strong>de</strong>stacar<br />

o efeito emocional dos presentes bem<br />

pensados e escolhidos. Nos últimos anos, o<br />

aspecto emocional é cada vez mais dominante<br />

e a campanha virou em hit popular,<br />

principalmente pelo impacto na televisão e<br />

sua bem concatenada extensão na internet<br />

e outros meios, bem como a forte presença<br />

nas mídias próprias e conquistadas.<br />

A première do comercial <strong>de</strong> Natal da<br />

John Lewis é esperada pela população e<br />

noticiada pela gran<strong>de</strong> mídia britânica, que<br />

informa até mesmo o horário da primeira<br />

veiculação do filme. Através da mídia especializada<br />

em economia e marketing, a<br />

campanha vira notícia e é comentada em<br />

todo o mundo. Quanto vale isso? Quanto<br />

traz <strong>de</strong> resultado não apenas para as vendas<br />

da temporada, mas para a imagem e<br />

reputação da marca ao longo do ano? Priceless,<br />

como diria outra icônica campanha<br />

publicitária histórica. (Para conhecer mais<br />

<strong>de</strong>talhes, basta ir ao Google, on<strong>de</strong> existem<br />

centenas <strong>de</strong> boas matérias sobre a campanha,<br />

inclusive na Wikipédia, e uma ótima<br />

avaliação do The Guardian do período<br />

2007/2013, em www.theguardian.com/<br />

media/vi<strong>de</strong>o/2013/nov/12/john-lewis-<br />

-christmas-ad-2013-vi<strong>de</strong>o).<br />

Rafael Sampaio é consultor em propaganda<br />

rafael.sampaio@uol.com.br<br />

32 <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark


mídia<br />

Re<strong>de</strong> Globo propõe em campanha <strong>de</strong><br />

fim <strong>de</strong> ano a busca do sonho perdido<br />

Criação <strong>de</strong> Sergio Valente, projeto contemplou a montagem <strong>de</strong> uma<br />

caixa <strong>de</strong> música gigante com movimentos acionados pelo elenco<br />

paulo macedo<br />

tradicional mensagem <strong>de</strong><br />

A fim <strong>de</strong> ano da Globo entrou<br />

na gra<strong>de</strong> <strong>de</strong> programação<br />

da re<strong>de</strong> neste domingo (25).<br />

O storytelling propõe a busca<br />

do sonho, mas com sentido <strong>de</strong><br />

união coletiva. O cenário da<br />

megaprodução é uma caixa <strong>de</strong><br />

música, objeto que faz parte do<br />

imaginário das pessoas. Os movimentos<br />

são acionados com a<br />

força do elenco <strong>de</strong> artistas da<br />

emissora, entre os quais Edson<br />

Celulari, Fernanda Gentil,<br />

Ailton Graça, Deborah Secco e<br />

Viviane Araújo, por exemplo,<br />

com “bicicletas, engrenagens,<br />

cordas, roldanas, manivelas e<br />

um gran<strong>de</strong> cilindro, todos interligados<br />

e inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes.”<br />

A traquitana tem 45 metros <strong>de</strong><br />

comprimento e 24 metros <strong>de</strong><br />

profundida<strong>de</strong>.<br />

A criação é <strong>de</strong> Sergio Valente,<br />

diretor <strong>de</strong> comunicação da<br />

Globo, mas o projeto foi materializado<br />

com a participação do<br />

diretor <strong>de</strong> arte e cenógrafo paulistano<br />

Zé Carratu, que assina o<br />

cenário, que conta com estruturas<br />

metálicas e <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, dois<br />

mil metros quadrados <strong>de</strong> panos<br />

e 254 metros quadrados <strong>de</strong> painéis<br />

<strong>de</strong> LED, todos dos acervo<br />

<strong>de</strong> reuso dos Estúdios Globo.<br />

A montagem da caixa musical<br />

exigiu a presença <strong>de</strong> 80 profissionais,<br />

que precisaram <strong>de</strong> quatro<br />

dias para a concluir a opera-<br />

Fotos: Divulgação<br />

A máquina <strong>de</strong> música gigante tem a assinatura do diretor <strong>de</strong> arte e cenógrafo Zé Carratu<br />

Montagem do cenário da ação <strong>de</strong> fim <strong>de</strong> ano foi em quatro dias e com 80 profissionais<br />

ção. A captação das imagens da<br />

campanha foi feita em outubro<br />

passado, no Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

“Como convidar as pessoas<br />

a enxergar o ano que está por<br />

vir como um livro em branco,<br />

em que uma nova história, com<br />

novos sonhos, possa ser escrita?<br />

Essa é a primeira pergunta<br />

que procuramos respon<strong>de</strong>r<br />

quando iniciamos a criação <strong>de</strong><br />

cada mensagem <strong>de</strong> fim <strong>de</strong> ano<br />

da Globo. Neste ano, pelo momento<br />

que o mundo todo está<br />

vivendo, enten<strong>de</strong>mos que era<br />

hora <strong>de</strong> convidar as pessoas a<br />

voltar a sonhar, a acreditar que<br />

toda realida<strong>de</strong> começa <strong>de</strong> um<br />

sonho e elas precisam se permitir<br />

a sonhar”, diz Valente.<br />

“Para garantir a emoção que<br />

queríamos, tudo foi surpresa<br />

para o elenco, da construção<br />

do cenário, ao figurino e conceito<br />

da campanha. Foi incrível<br />

presenciar o encantamento<br />

das pessoas chegando ao set e<br />

vendo tudo aquilo pela primeira<br />

vez. Então pensamos numa<br />

gran<strong>de</strong> caixinha <strong>de</strong> música. Eu<br />

acredito que o mesmo encantamento,<br />

que a emoção do sonho<br />

que vimos nos olhos <strong>de</strong> quem<br />

participou da gravação, encherá<br />

também o coração do nosso<br />

público. É com esses sentimentos,<br />

com a certeza que po<strong>de</strong>mos<br />

sonhar e tornar realida<strong>de</strong> os<br />

nossos sonhos, que queremos<br />

que os brasileiros comecem<br />

2019”, <strong>de</strong>talha Sergio Valente.<br />

jornal propmark - <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> 33


Claudia Penteado<br />

revista 29 Horas, que há<br />

A quase 10 anos é distribuída<br />

gratuitamente nas áreas <strong>de</strong><br />

embarque e <strong>de</strong>sembarque do<br />

aeroporto <strong>de</strong> Congonhas, em<br />

São Paulo, ganha a partir <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>zembro uma versão carioca.<br />

Após vencer uma licitação<br />

promovida pela Infraero, o título<br />

será distribuído – também<br />

gratuitamente – nas áreas <strong>de</strong><br />

embarque e <strong>de</strong>sembarque do<br />

aeroporto Santos Dumont, no<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro, levando a publicação<br />

a uma tiragem total <strong>de</strong><br />

115 mil exemplares (antes era<br />

<strong>de</strong> 65 mil).<br />

Pedro Barbastéfano, publisher<br />

da revista, fala que o movimento<br />

<strong>de</strong> expansão vai na<br />

contramão do triste cenário<br />

editorial brasileiro, em que inúmeros<br />

títulos <strong>de</strong> revistas têm<br />

encerrado suas operações, sendo<br />

um dos exemplos recentes<br />

mais emblemáticos a Veja Rio.<br />

Outra novida<strong>de</strong> é que a edição<br />

<strong>de</strong> estreia no Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

em <strong>de</strong>zembro, será 100% sustentável,<br />

com pegada <strong>de</strong> carbono<br />

zero a partir da reversão dos<br />

investimentos na produção da<br />

revista para o plantio <strong>de</strong> árvores,<br />

via selo <strong>de</strong> certificação Iniciativa<br />

Ver<strong>de</strong>.<br />

Segundo a editora da revista,<br />

Chantal Brissac, todas as matérias<br />

abordarão temas ligados à<br />

sustentabilida<strong>de</strong>, mas a partir<br />

<strong>de</strong> janeiro as reportagens voltam<br />

a ser variadas.<br />

Com a presença em Congonhas<br />

e no Santos Dumont, a<br />

revista torna-se exclusiva nesta<br />

que é a quinta ponte aérea mais<br />

movimentada do mundo, e espera<br />

impactar mais <strong>de</strong> 30 milhões<br />

<strong>de</strong> passageiros por ano,<br />

segundo dados da Infraero.<br />

Em São Paulo, a publicação<br />

é disponibilizada ao público<br />

em quatro totens digitais, com<br />

painéis LED e <strong>de</strong>sign inspirado<br />

nos totens criados por Lina Bo<br />

Bardi para o Museu <strong>de</strong> Arte <strong>de</strong><br />

São Paulo (MASP). No Rio, a remíDia<br />

Distribuída nos aeroportos, revista<br />

29 Horas ganha edição carioca<br />

Publicação vence licitação da Infraero e será entregue gratuitamente<br />

no embarque e <strong>de</strong>sembarque do Santos Dumont a partir <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<br />

29 Horas chega ao Rio <strong>de</strong> Janeiro a partir do mês que vem<br />

Pedro Barbastéfano:<br />

movimento <strong>de</strong> expansão vai<br />

na contramão do cenário<br />

editorial brasileiro<br />

Fotos: Divulgação<br />

“Para os<br />

anunciantes,<br />

a novida<strong>de</strong><br />

rePresenta a<br />

Possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

ter suas marcas<br />

inseridas em um<br />

cross-mídia que<br />

integra a edição<br />

imPressa com os<br />

circuitos digitais”<br />

vista também será colocada em<br />

três totens digitais nas salas <strong>de</strong><br />

embarque e <strong>de</strong>sembarque do<br />

aeroporto.<br />

“Para os anunciantes, a novida<strong>de</strong><br />

representa a possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> ter suas marcas inseridas em<br />

um cross-mídia que integra a<br />

edição impressa com os circuitos<br />

digitais nesses aeroportos<br />

do Rio e <strong>de</strong> São Paulo”, afirma<br />

Barbastéfano.<br />

Inicialmente, a revista passa<br />

a circular com duas capas:<br />

<strong>de</strong> um lado, a paulistana, e do<br />

outro, a do Rio <strong>de</strong> Janeiro. A<br />

edição <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro, <strong>de</strong>dicada<br />

à sustentabilida<strong>de</strong>, terá na<br />

capa carioca o jornalista André<br />

Trigueiro, por exemplo. Nos<br />

primeiros três meses, o título<br />

circulará com 100 páginas, sendo<br />

16 focadas no Rio. A partir<br />

<strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2019, passam a ser<br />

100 páginas <strong>de</strong>dicadas a São<br />

Paulo, e a edição do Rio terá 32<br />

páginas.<br />

A previsão é que, em seis meses,<br />

a publicação chegue a 168<br />

páginas, sendo 84 para cada<br />

praça, passando a ter inclusive<br />

uma operação na capital fluminense.<br />

Para viabilizar a presença no<br />

Rio, foram investidos cerca <strong>de</strong><br />

R$ 600 mil em equipamentos<br />

e outros R$ 300 mil por mês<br />

serão investidos para materializar<br />

a edição carioca, até ela se<br />

tornar in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da edição<br />

paulistana.<br />

34 <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark


mídia<br />

SBT lança estúdio exclusivo para<br />

a produção <strong>de</strong> conteúdo digital<br />

Espaço Nano Box será utilizado por casting da emissora para formatos<br />

com linguagem <strong>de</strong> internet, além <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> bran<strong>de</strong>d content<br />

Renato Rogenski<br />

Se o telespectador é multiplataforma<br />

e os veículos<br />

precisam <strong>de</strong> audiência para<br />

sobreviver, as empresas <strong>de</strong><br />

comunicação não po<strong>de</strong>m ficar<br />

restritas a um só meio. O SBT<br />

parece ter percebido isso há<br />

algum tempo e tem investido<br />

cada vez para ampliar, por<br />

exemplo, a sua atuação digital.<br />

O mais novo passo da emissora<br />

neste sentido foi anunciado<br />

no último dia 19, com o<br />

lançamento do Nano Box, espaço<br />

<strong>de</strong>dicado exclusivamente<br />

à produção digital. A novida<strong>de</strong><br />

surge em um momento estratégico<br />

do canal, que planeja<br />

uma série <strong>de</strong> lançamentos para<br />

a web nos próximos meses.<br />

“Não é <strong>de</strong> hoje que o meio<br />

digital vem abrindo um leque<br />

<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s não apenas<br />

para o SBT, mas também para<br />

os nossos parceiros e clientes,<br />

fazendo com que o nosso conteúdo<br />

esteja presente em todos<br />

os pontos <strong>de</strong> contato da nossa<br />

audiência, com mais relevância<br />

e assertivida<strong>de</strong>”, explica<br />

Giuliano Chiaradia, gerente <strong>de</strong><br />

conteúdo digital do SBT.<br />

A i<strong>de</strong>ia é que o Nano Box<br />

potencialize a produção <strong>de</strong><br />

formatos que vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> webséries,<br />

lives e entrevistas, tutoriais<br />

<strong>de</strong> moda e gastronomia,<br />

até o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> projetos<br />

especiais <strong>de</strong> bran<strong>de</strong>d content<br />

para anunciantes.<br />

A iniciativa também tem a<br />

intenção <strong>de</strong> expandir <strong>de</strong>ntro da<br />

casa a evolução <strong>de</strong> novas linguagens<br />

<strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o envolvendo<br />

marcas, creators e os próprios<br />

talentos da emissora.<br />

Entre as primeiras produções<br />

está uma série <strong>de</strong> “reactions”<br />

Fotos: Divulgação<br />

Giuliano Chiaradia: “Queremos focar em coisas compartilháveis, que realmente engajam”<br />

“O SBT é<br />

prOTagOniSTa<br />

nO ecOSSiSTema<br />

digiTal, cOm uma<br />

daS maiOreS<br />

audiênciaS dO<br />

BraSil nO YOuTuBe”<br />

com os artistas da emissora.<br />

“Nós queremos focar em coisas<br />

compartilháveis, aquelas<br />

que realmente engajam a nossa<br />

audiência, que geram interativida<strong>de</strong>,<br />

diálogo, informação e<br />

entretenimento. Um conteúdo<br />

que vá <strong>de</strong> encontro ao core da<br />

nossa estratégia, que é a cultura<br />

do fã”, <strong>de</strong>staca Chiaradia.<br />

Segundo o gerente do SBT, o<br />

Nano Box foi pensado para facilitar<br />

a produção <strong>de</strong> atrações<br />

exclusivas que esses fãs não assistem<br />

na TV, po<strong>de</strong>ndo envolver<br />

artistas do canal, marcas e<br />

influenciadores. “O SBT é protagonista<br />

no ecossistema digital,<br />

com uma das maiores audiências<br />

do Brasil no YouTube: 8<br />

bilhões <strong>de</strong> visualizações, sendo<br />

a maioria fãs que buscam conteúdo<br />

da nossa programação”.<br />

Dentro do novo estúdio e as<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção exclusiva<br />

para a web, o SBT <strong>de</strong>ve<br />

contar em seu elenco com profissionais,<br />

personalida<strong>de</strong>s e<br />

influenciadores como Maísa<br />

Silva, Celso Portiolli, Larissa<br />

Manuela, Flávia Pavanelli e<br />

João Guilherme, “além <strong>de</strong> tantos<br />

outros que naturalmente<br />

já fazem parte <strong>de</strong>sse universo<br />

digital”, como informa Chiaradia.<br />

Humor tem apelo: Carlos Alberto <strong>de</strong> Nóbrega testou novo estúdio da casa para atração<br />

Mamma Bruschetta também participou <strong>de</strong> “reactions”, primeira atração do Nano Box<br />

jornal propmark - <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> 35


FELIPE TURLÃO<br />

Não existem soluções mágicas<br />

para que os veículos<br />

que nasceram na mídia impressa<br />

voltem a crescer, mas,<br />

pelo menos nos Estados Unidos,<br />

já há claros sinais <strong>de</strong> que<br />

isso <strong>de</strong>ve acontecer, <strong>de</strong> acordo<br />

com Jeffrey Cole, CEO do Center<br />

for the Digital Future, braço<br />

<strong>de</strong> pesquisa da USC Annenberg<br />

School. Ele foi convidado<br />

do IAB Brasil para o primeiro<br />

Connecting Lea<strong>de</strong>rs, ocorrido<br />

neste mês <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> em São<br />

Paulo.<br />

“Existem apenas três maneiras<br />

para os consumidores adquirirem<br />

conteúdo. O número<br />

um é pagar por ele, o número<br />

dois é aceitar publicida<strong>de</strong>, e o<br />

número três é roubá-lo. Mesmo<br />

as pessoas que roubam reconhecem<br />

que este não é um<br />

mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> negócio muito bom.<br />

Então, existem apenas as duas<br />

primeiras escolhas ou uma<br />

combinação. Se os brasileiros<br />

não querem pagar paywalls, a<br />

única opção é a publicida<strong>de</strong>”,<br />

afirma o especialista, ao ser<br />

questionado sobre mo<strong>de</strong>los<br />

possíveis para os veículos impressos<br />

no país.<br />

Os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong> acordo com Cole, po<strong>de</strong>m ser<br />

formatos diretos ou compartilhamento<br />

<strong>de</strong> informações sobre<br />

hábitos <strong>de</strong> compra e <strong>de</strong>mais<br />

dados sobre os usuários. “No final<br />

das contas, as pessoas terão<br />

<strong>de</strong> pagar, <strong>de</strong> uma forma ou <strong>de</strong><br />

outra. Sem isso, não há como<br />

o conteúdo ser criado e mantido”,<br />

diz. “Nos Estados Unidos,<br />

a única alternativa para pagar<br />

paywalls e publicida<strong>de</strong> são os<br />

bilionários que compram jornais<br />

para serem bons cidadãos.<br />

Isto é o que Jeff Bezos fez com o<br />

Washington Post. Mas, lembramos,<br />

mesmo ele ainda tem uma<br />

paywall”, completa.<br />

Mas o que, <strong>de</strong> fato, po<strong>de</strong><br />

transformar hábitos e fazer<br />

com que as pessoas consi<strong>de</strong>rem<br />

investir em informação <strong>de</strong> quamídia<br />

Especialista aponta publicida<strong>de</strong> e<br />

paywall como soluções para impresso<br />

Jeffrey Cole, da USC Annenberg School, <strong>de</strong>staca que gran<strong>de</strong>s jornais,<br />

como o New York Times, estão batendo recor<strong>de</strong>s <strong>de</strong> assinaturas digitais<br />

Jeffrey Cole: “Se os brasileiros não querem pagar paywalls, a única opção é a publicida<strong>de</strong>”<br />

lida<strong>de</strong>, ainda mais em tempos<br />

<strong>de</strong> fake news? Segundo Cole, já<br />

existe um movimento nos Estados<br />

Unidos muito por conta<br />

da ascensão <strong>de</strong> Donald Trump.<br />

“Vimos que, sob Trump, as<br />

pessoas agora percebem que a<br />

qualida<strong>de</strong> da informação é importante.<br />

É por isso que o New<br />

York Times, o Washington Post<br />

e o Wall Street Journal estão<br />

quebrando recor<strong>de</strong>s com assinaturas<br />

digitais”, avalia. “Mais<br />

que mo<strong>de</strong>los, o que realmente<br />

precisa mudar é que os cidadãos<br />

têm <strong>de</strong> acreditar que a<br />

informação genérica não é boa<br />

o suficiente. Nos EUA, eles passaram<br />

a acreditar que escrever<br />

e editar profissionais é tão importante<br />

que vale a pena pagar.<br />

Essa é a única solução real para<br />

a solução dos problemas”.<br />

Um dos maiores problemas<br />

para se compreen<strong>de</strong>r o valor do<br />

bom conteúdo, hoje, são as fake<br />

news. Não há uma solução imediata<br />

para elas, mas o que tem<br />

“Sob Trump, aS<br />

peSSoaS agora<br />

percebem que<br />

a qualida<strong>de</strong> da<br />

informação é<br />

imporTanTe”<br />

<strong>de</strong> acontecer, segundo Cole, é<br />

que as pessoas se habilitem a<br />

apoiar a mídia em que confiam,<br />

e não aquela que apenas dá suporte<br />

às visões <strong>de</strong> mundo que<br />

elas já possuem. “É um passo<br />

muito gran<strong>de</strong> para ser dado. Por<br />

isso, é um problema tão difícil<br />

<strong>de</strong> se resolver”, resume Cole.<br />

“Historicamente, nem brasileiros,<br />

americanos ou pessoa <strong>de</strong><br />

qualquer outra nacionalida<strong>de</strong><br />

são bons em separar boas informações<br />

das ruins”, reconhece.<br />

Para conteúdos <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o, o<br />

mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> streaming será dominante<br />

no futuro, mas a i<strong>de</strong>ia<br />

<strong>de</strong> pagar para ver filmes e séries<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> players não<br />

Divulgação<br />

parece fazer muito sentido, na<br />

análise <strong>de</strong> Cole. “A era da televisão<br />

linear, observando quando<br />

outras pessoas dizem para<br />

você assistir, está morrendo e<br />

tudo será sob <strong>de</strong>manda. Mas o<br />

mo<strong>de</strong>lo OTT (over-the-table)<br />

não precisará ser sempre pago.<br />

Acredito que uma família média<br />

só estará disposta a pagar<br />

por três ou quatro serviços <strong>de</strong><br />

pagamento por ví<strong>de</strong>o, no máximo”,<br />

avalia. Assim, na prática,<br />

uma parte do streaming será<br />

paga, e outra parte po<strong>de</strong>rá ser<br />

ofertada mediante oferta <strong>de</strong><br />

publicida<strong>de</strong>.<br />

“Acreditamos firmemente<br />

que o streaming, parte <strong>de</strong>le por<br />

meio <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> pagamento,<br />

é o futuro do conteúdo.<br />

Nossos estudos mostram que,<br />

para pessoas com menos <strong>de</strong> 30<br />

anos, apenas 20% <strong>de</strong> sua televisão<br />

é ao vivo. Os outros 80%<br />

são gravados ou transmitidos. E<br />

dos 20% que são ao vivo, quase<br />

todos são esportes”, informa.<br />

36 <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark


STORYTELLER<br />

Nastco/iSotck<br />

Papai Noel<br />

Depois <strong>de</strong> sua morte, foi consi<strong>de</strong>rado<br />

santo e virou São Nicolau<br />

LuLa Vieira<br />

Já é Natal. Pelo menos nos shoppings.<br />

Aqui no Rio já estamos finalizando a árvore<br />

da Lagoa, antes Bra<strong>de</strong>sco, agora, Petrobras.<br />

E por todo canto a figura <strong>de</strong> Papai<br />

Noel, que tem resistido a todos os modismos.<br />

Sua história remonta ao século IV e,<br />

por incrível que pareça, sua origem é turca.<br />

Sua figura foi inspirada num bispo turco. Dá<br />

para acreditar? Pois é isso mesmo. Esse tal<br />

bispo, aliás arcebispo <strong>de</strong> Mira, na Turquia,<br />

costumava ajudar anonimamente seus paroquianos<br />

em dificulda<strong>de</strong>s. Ele i<strong>de</strong>ntificava<br />

quem precisava <strong>de</strong> um apoio concreto<br />

e, sorrateiramente, colocava um saco com<br />

dinheiro junto à chaminé do inadimplente.<br />

Nenhum conselho, nenhuma exortação,<br />

nenhuma palavra <strong>de</strong> força espiritual. Ele<br />

dava grana. Ouro, moeda.<br />

Depois <strong>de</strong> sua morte, foi consi<strong>de</strong>rado<br />

santo e virou São Nicolau. Na ritualística<br />

que a santificação exige, há sempre a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> que o candidato tenha produzido<br />

milagres. Ou melhor, é necessário que<br />

fique provado que através <strong>de</strong> sua intervenção<br />

tenham acontecido fatos sem explicação<br />

humana ou científica, uma ação divina.<br />

No caso do arcebispo, a burocracia vaticana<br />

foi facilitada. Não po<strong>de</strong>ria existir, além da<br />

loucura total, outra razão para alguém na<br />

calada da noite colocar sacos com dinheiro<br />

na chaminé <strong>de</strong> pessoas em dificulda<strong>de</strong>s. Só<br />

mesmo a presença <strong>de</strong> Deus. Eventualmente<br />

com chicote nas mãos. O arcebispo virou<br />

santo, São Nicolau, mesmo sem ter feito<br />

cego enxergar, aleijado andar e político ser<br />

honesto. Sua cota <strong>de</strong> milagres foi preenchida<br />

pelas suas ações terrenas. Pois bem, São<br />

Nicolau virou símbolo da distribuição <strong>de</strong><br />

presentes por ocasião do Natal. Era representado<br />

como bispo, com trajes típicos <strong>de</strong><br />

sua or<strong>de</strong>m religiosa, magro, sério, algumas<br />

vezes com uma áurea e acompanhado <strong>de</strong><br />

uma rena.<br />

Era mais ou menos assim que São Nicolau<br />

viveu e povoou os sonhos <strong>de</strong> muitas<br />

crianças que esperavam presentes <strong>de</strong> Natal.<br />

Até que em 1886 um cartunista americano<br />

chamado Thomas Nast <strong>de</strong>u uma remandiolada<br />

na figura clerical <strong>de</strong> Papai Noel e lhe<br />

vestiu com uma roupa vermelha e lhe <strong>de</strong>corou<br />

com farta barba branca, para ilustrar<br />

a capa da revista Harper’s Weeklys, da qual<br />

era o diretor <strong>de</strong> arte. Os americanos assumiram<br />

esse visual como padrão durante<br />

décadas. Mas não havia toda a lenda formada,<br />

embora em alguns casos já aparecessem<br />

outros elementos até hoje incorporados ao<br />

personagem, como o trenó e as renas. Em<br />

1931, a Coca-Cola adotou o Papai Noel como<br />

proprieda<strong>de</strong> sua e os artistas das agências<br />

que trabalhavam para a marca finalizaram<br />

a figura <strong>de</strong> uma das entida<strong>de</strong>s mais conhecidas<br />

do mundo. Papai Noel ficou rechonchudo,<br />

risonho, barbudo e o trenó e as renas<br />

entraram para seu universo.<br />

Centenas <strong>de</strong> anúncios <strong>de</strong> Coca-Cola serviram<br />

para <strong>de</strong>finir com exatidão como era<br />

a figura do bom velhinho. Ao mesmo tempo<br />

os estúdios Disney e outros criadores <strong>de</strong><br />

cinema <strong>de</strong> animação foram montando todo<br />

seu universo. Utilizando parte <strong>de</strong> lendas<br />

preexistentes e inventando outras, centenas<br />

<strong>de</strong> criadores construíram a história <strong>de</strong><br />

Noel. Com o tempo ele se fixou na Lapônia<br />

e se transformou em proprietário <strong>de</strong> imensa<br />

fábrica <strong>de</strong> brinquedos <strong>de</strong>stinados aos<br />

meninos que foram obedientes durante o<br />

ano. Seu trenó teve leiaute estabelecido e<br />

as renas traços padrões.<br />

Entre as renas uma se <strong>de</strong>stacou e hoje é<br />

marca com ações na bolsa: Rudolph do Nariz<br />

Vermelho, a nona rena <strong>de</strong> Papai Noel,<br />

com um nariz que produz uma luz tão forte<br />

que ilumina o caminho das outras no longo<br />

percurso da Lapônia até nossas casas. Rudolph<br />

é proprieda<strong>de</strong> da The Rudolph Company<br />

L.P. e o uso <strong>de</strong> sua imagem protegido<br />

por lei. Todo ano os jornais abrem espaço<br />

para uma longa discussão sobre a influência<br />

benéfica ou não da lenda nas cabecinhas<br />

das crianças. Des<strong>de</strong> que me entendo<br />

por gente, nunca tinha tido uma resposta<br />

<strong>de</strong>finitiva. Não perdi por esperar. Gregório<br />

Duvivier, entrevistado sobre o assunto,<br />

acabou com a discussão. Ele disse: “Se Papai<br />

Noel não existe, o que existe?”<br />

Lula Vieira é publicitário, diretor do Grupo Mesa<br />

e da Approach Comunicação, radialista, escritor,<br />

editor e professor<br />

lulavieira@grupomesa.com.br<br />

jornal propmark - <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> 37


we<br />

mkt<br />

Jorge Villalba/iStock<br />

“Vou ao<br />

shopping!”. Fui...<br />

“Não sei por que nos preocupamos<br />

com a morte se temos muitos outros<br />

problemas para resolver antes”<br />

Confúcio<br />

Francisco alberto Madia <strong>de</strong> souza<br />

Qualquer estudo meia-boca conseguiria<br />

<strong>de</strong>finir com elevada precisão a quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> shopping centers que um país como<br />

o Brasil comporta.<br />

tornaremos ao potencial. Exagerando e no<br />

máximo 300 shopping centers permanecerão<br />

em pé e abertos no Brasil.<br />

E, ainda assim, com muitas mudanças,<br />

adaptações, novida<strong>de</strong>s.<br />

A grosso modo, esse número é 300! Mas,<br />

empreen<strong>de</strong>dores entusiasmados e irracionais<br />

quase dobraram esse potencial e estamos<br />

batendo nos 500.<br />

Nos últimos três anos, notícias e mais<br />

notícias <strong>de</strong> shopping centers antigos e tradicionais<br />

com lojas vazias, salvo raríssimas<br />

exceções. E os novos que acabavam abrindo<br />

suas portas com, exagerando, 50% das<br />

lojas ocupadas.<br />

Semanas atrás uma fotografia tirada pelo<br />

Ibope Inteligência.<br />

E na fotografia a situação <strong>de</strong>sses 500<br />

shoppings no Brasil: 12 mil lojas vazias,<br />

41% <strong>de</strong> vacância. Assim, por esse estudo, se<br />

tudo corresse bem, se as razões e motivos<br />

para que esses shopping centers fossem<br />

construídos prevalecessem, mesmo assim,<br />

seriam necessários mais <strong>de</strong> quatro anos para<br />

ocupar todos os espaços vazios. Mas as<br />

razões e motivos ficaram pelo caminho.<br />

A vida mudou, as cida<strong>de</strong>s se reorganizam,<br />

as pessoas privilegiam o não ter <strong>de</strong><br />

pegar condução mesmo porque o sistema<br />

<strong>de</strong> transporte é <strong>de</strong>ficiente. E preferem,<br />

por <strong>de</strong>corrência, <strong>de</strong> um lado, comprarem o<br />

mais próximo possível <strong>de</strong> on<strong>de</strong> moram; e,<br />

<strong>de</strong>pois, em centros comerciais menores ou<br />

lojas específicas. Deixando os shoppings<br />

para circunstâncias, momentos e, ou, compras<br />

especiais. Duas ou três vezes por ano.<br />

Portanto, <strong>de</strong> nada adiantarão quatro<br />

anos para tentar ocupar-se todas as lojas.<br />

As pessoas são as mesmas, mas seus comportamentos,<br />

expectativas e motivações<br />

são outros. E, assim, gradativamente, re-<br />

Idêntico fenômeno ocorre em quase todos<br />

os <strong>de</strong>mais países, muito especialmente<br />

nos Estados Unidos. Lá, on<strong>de</strong> cresceram e<br />

se multiplicaram, vivem uma vazante e<br />

<strong>de</strong>rretimento excepcionais.<br />

Estudo recentemente divulgado pelo<br />

Credit Suisse fala que, sendo otimista, 25%<br />

dos shopping centers daquele país fecharão<br />

suas portas. Consi<strong>de</strong>rando-se que lá<br />

ainda existem 1.200, estamos falando do<br />

encerramento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 300 <strong>de</strong>les,<br />

que <strong>de</strong>ixarão <strong>de</strong> existir.<br />

No país on<strong>de</strong> a migração para as compras<br />

via digital se intensifica, só no ano passado,<br />

foram fechadas mais <strong>de</strong> 8 mil lojas, o maior<br />

número da história, superando inclusive o<br />

ano <strong>de</strong> 2008, o da crise das hipotecas. E a<br />

mais emblemática <strong>de</strong>ntre todas as lojas <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>partamento, que abriu suas portas em<br />

1886, a Sears, acaba <strong>de</strong> pedir concordata.<br />

Voltando ao Brasil, os poucos shopping<br />

centers abertos nos últimos anos permanecem<br />

com mais da meta<strong>de</strong> das lojas vazias,<br />

e, nos dois últimos anos, mais lojas fecharam<br />

do que abriram. Ou seja, o ciclo chegou<br />

ao fim. Como em tudo na natureza e na vida.<br />

Primavera, verão, outono e inverno.<br />

E mesmo os shoppings sobreviventes,<br />

nunca mais terão o mesmo brilho dos primeiros<br />

anos, e muito menos provocarão<br />

o encantamento das primeiras vezes que<br />

as pessoas iam conhecer, passear e fazer<br />

compras nos shopping centers. E, felizes<br />

e sorri<strong>de</strong>ntes, exclamavam: “Eu vou ao<br />

Shopping!”<br />

Fui!<br />

Francisco Alberto Madia <strong>de</strong> Souza<br />

é consultor <strong>de</strong> marketing<br />

famadia@madiamm.com.br<br />

38 <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark


dIgITAL<br />

LinkedIn divulga Top Voices e<br />

Influencers <strong>de</strong> <strong>2018</strong> no Brasil<br />

Lista traz nomes como Ricardo Chester e Luiza Trajano e mostra a força<br />

da produção <strong>de</strong> conteúdo na maior re<strong>de</strong> social corporativa do mundo<br />

Fotos: Divulgação<br />

Ricardo Chester, diretor <strong>de</strong> criação da AlmapBBDO, é um dos Top Voices <strong>2018</strong> Luiza Helena Trajano, dona do Magazine Luiza, figura como uma das Influencers <strong>de</strong> <strong>2018</strong><br />

LEONARDO ARAUJO<br />

LinkedIn divulgou na última<br />

semana a lista <strong>de</strong> Top<br />

O<br />

Voices e Top Influencers <strong>de</strong><br />

<strong>2018</strong> no Brasil. Entre os nomes,<br />

<strong>de</strong>stacam-se alguns ligados ao<br />

mundo da propaganda e marketing<br />

como, por exemplo, Ricardo<br />

Chester, diretor <strong>de</strong> criação<br />

da AlmapBBDO; Luiza Trajano,<br />

dona do Magazine Luiza;<br />

e Walter Longo, ex-Grupo Abril<br />

e Newcomm, entre outros.<br />

A diferença entre uma lista<br />

e outra é a seguinte: a <strong>de</strong> Top<br />

Voices conta com a presença<br />

<strong>de</strong> usuários que se <strong>de</strong>stacam<br />

na plataforma, sendo já conhecidos<br />

ou não. Já a lista <strong>de</strong> Top<br />

Influencers usa os algoritmos<br />

da plataforma para ranquear<br />

os lí<strong>de</strong>res brasileiros que fazem<br />

parte do programa.<br />

Na primeira lista, o LinkedIn<br />

leva em conta o engajamento<br />

gerado pelos usuários,<br />

isto é, comentários e compartilhamentos;<br />

o crescimento <strong>de</strong><br />

seguidores relativos, ou seja,<br />

como o usuário atraiu fãs <strong>de</strong><br />

seu setor <strong>de</strong> atuação; e, por fim,<br />

a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assuntos sobre<br />

os quais publicam.<br />

Já na segunda, é utilizada<br />

uma combinação <strong>de</strong> dados com<br />

uma visão editorial para encontrar<br />

as vozes <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque.<br />

É analisada a produção dos Influencers<br />

<strong>de</strong>ntro das suas áreas<br />

<strong>de</strong> expertise, avaliando em que<br />

medida o conteúdo original publicado<br />

propiciou conversas no<br />

LinkedIn.<br />

Como se INsPIRAR?<br />

É preciso ter em mente que<br />

um Top Voice ou Influencer<br />

é uma pessoa, não marca. No<br />

entanto, as empresas po<strong>de</strong>m<br />

trabalhar suas li<strong>de</strong>ranças com<br />

vozes ativas na re<strong>de</strong> e, consequentemente,<br />

esses lí<strong>de</strong>res po<strong>de</strong>m<br />

se tornar Top Voices.<br />

“A dica do LinkedIn é produzir<br />

sempre conteúdo <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> relevância para<br />

a audiência que o lí<strong>de</strong>r ou pessoa<br />

<strong>de</strong>seja atingir. Esse conteúdo<br />

po<strong>de</strong> ser um texto simples,<br />

uma foto, um ví<strong>de</strong>o ou um<br />

artigo. A frequência do conteúdo<br />

também é importante. O<br />

usuário que vai seguir um Top<br />

Voice ou Influencer não precisa<br />

ser ‘bombar<strong>de</strong>ado’ por publicações,<br />

mas elas precisam ter um<br />

mínimo <strong>de</strong> periodicida<strong>de</strong> para<br />

manter o usuário interessado”,<br />

explica Rafael Kato, editor-<br />

-chefe do LinkedIn na América<br />

Latina.<br />

Kato afirma ainda que o conteúdo<br />

nunca foi tão valorizado<br />

como nos dias atuais. “O usuário<br />

ativo no LinkedIn tem a<br />

chance <strong>de</strong> alcançar um número<br />

enorme <strong>de</strong> pessoas, gerar conversas<br />

e criar uma comunida<strong>de</strong><br />

em torno da sua marca profissional.<br />

Por isso, encorajamos<br />

que as pessoas compartilhem<br />

cada vez mais artigos, ví<strong>de</strong>os,<br />

fotos e publicações <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>”,<br />

completa.<br />

Perguntado se o LinkedIn facilita<br />

o contato <strong>de</strong> marcas que<br />

quiserem fazer parcerias com<br />

os nomes citados, Kato explica<br />

que o time editorial funciona<br />

<strong>de</strong> maneira in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. “Há<br />

uma separação Igreja-Estado.<br />

Não mantemos nenhuma relação<br />

comercial com eles e não<br />

fazemos essa ponte. Nosso<br />

olhar está voltado unicamente<br />

para o conteúdo. Portanto,<br />

as marcas <strong>de</strong>vem procurar os<br />

usuários diretamente. Os posts<br />

patrocinados são permitidos no<br />

LinkedIn, com exceção das pessoas<br />

que fazem parte do nosso<br />

programa global <strong>de</strong> Influencers.<br />

O selo no perfil reconhece<br />

os lí<strong>de</strong>res mais importantes dos<br />

negócios. Eles não po<strong>de</strong>m fazer<br />

posts patrocinados <strong>de</strong>ntro da<br />

plataforma”, elucida.<br />

Outros nomes do setor <strong>de</strong><br />

comunicação, como Gilberto<br />

Dimenstein (Catraca Livre) e<br />

Ricardo Amorim (Manhattan<br />

Connection), também foram<br />

mencionados. Para acessar a<br />

lista completa basta entrar no<br />

link: http://bit.ly/linkedinlista.<br />

jornal propmark - <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> 39


quem fez<br />

Danúbia Paraizo danubia@propmark.com.br<br />

encontros<br />

Dando continuida<strong>de</strong> à série Encontros inusitados,<br />

a cerveja Crystal reuniu três vilãs célebres<br />

da teledramaturgia: as atrizes Deborah<br />

Secco, Glória Pires e Carolina Ferraz. O filme<br />

reforça o posicionamento Cerveja dos Encontros,<br />

e traz intérpretes <strong>de</strong> novelas populares,<br />

como Segundo Sol, Anjo Mau e Beleza Pura. As<br />

atrizes contracenam com o garçom Orestes.<br />

Y&R<br />

Cervejaria PetrOPOlis<br />

Fotos: divulgação<br />

Título: Vilãs; produto: Crystal; criação: Laura Esteves<br />

e Rafa Oliveira; produtora <strong>de</strong> filme: Cine Cinematográfica;<br />

direção: Clovis Mello; produtora <strong>de</strong><br />

som: Coletiva Produtora; aprovação do cliente:<br />

Eliana Cassandre, Naiara Brugneroto, Nadia Maekawa<br />

Bellagamba e Luiz Felipe Santos.<br />

tempo<br />

Para divulgar o novo Mucilon Crescidinhos,<br />

a Nestlé traz campanha que evi<strong>de</strong>ncia<br />

o vínculo materno com as crianças em<br />

fase pré-escolar. O filme, veiculado na TV<br />

aberta, paga e na internet reforça um <strong>de</strong>sejo<br />

<strong>de</strong> toda mãe quando vê seu filho crescendo:<br />

que o tempo passe <strong>de</strong>vagarinho para<br />

aproveitar cada momento com o pequeno.<br />

pubLicis<br />

nestlé<br />

Título: Crescidinhos; produto: Mucilon Crescidinhos;<br />

criação: Daniel Rocha, Samuel Normando,<br />

Rafael Ribeiro e Larissa Almeida; produtora <strong>de</strong><br />

filme: Corazon; direção: Raphael Gasparini; produtora<br />

<strong>de</strong> som: Cabaret; aprovação do cliente:<br />

Ionah Kochen, Fernanda Syuffi e Fabiola Cotrim.<br />

agra<strong>de</strong>cimento<br />

Como forma <strong>de</strong> marcar seu novo posicionamento,<br />

a marca <strong>de</strong> água <strong>de</strong> coco Obrigado lançou<br />

na semana passada campanha com o ator<br />

Vladimir Brichta. Com o conceito Agra<strong>de</strong>cer é<br />

da nossa natureza, a comunicação tem trilha<br />

sonora própria, e aborda o respeito da companhia<br />

com o meio ambiente e com as pessoas.<br />

Live Team<br />

ObrigadO<br />

Título: Agra<strong>de</strong>cer é da nossa natureza; criação: Fernanda<br />

Lhacer, Luis Grillo, Marco Stiepcich e Daniel<br />

Soldá; social media: Flávia Matsudo; produtora <strong>de</strong><br />

filme: Piccolo; produtora <strong>de</strong> som: Lua Nova; letra<br />

da música: Marco Stiepcich e Thomas Roth; aprovação<br />

do cliente: Hel<strong>de</strong>r Quadros, Mark van <strong>de</strong> Grift<br />

e Rodnei Guariza.<br />

40 <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark


inclusão<br />

O direito das pessoas com <strong>de</strong>ficiência embala<br />

a campanha da nova/sb para o Ministério<br />

da Saú<strong>de</strong>. A comunicação divulga a feira<br />

Cida<strong>de</strong> PCD (Pessoa com Deficiência) – Rio<br />

<strong>2018</strong>, evento sobre inclusão, tecnologias,<br />

acessibilida<strong>de</strong>, esportes adaptados e mobilida<strong>de</strong>,<br />

que ocorre <strong>de</strong> 7 a 9 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro na<br />

capital fluminense. As peças mostram como<br />

pessoas com <strong>de</strong>ficiência são capazes. A<br />

partir <strong>de</strong> histórias reais, uma bailarina, um<br />

chef <strong>de</strong> cozinha e um mecânico mostram<br />

que são exemplo por sua competência e<br />

não pela <strong>de</strong>ficiência.<br />

nova/sb<br />

MinistériO da saú<strong>de</strong><br />

Título: Inclusão é; criação: Ana Alvarenga e Alexsan<strong>de</strong>r<br />

Nascimento; produção gráfica: Ticiana<br />

Rocha; mídia: Artur Barros e Érica Castro; direção<br />

geral: Cristina Gutemberg; estúdio <strong>de</strong> fotografia:<br />

Estúdio Moretti; aprovação do cliente:<br />

Juliana Costa Vieira e Veridiana Pinto.<br />

redondo<br />

O verão é sempre muito aguardado para<br />

quem é apaixonado por praia, sol e calor. E<br />

para fazer um aquecimento para a temporada,<br />

Skol lança quatro filmes que convidam<br />

os clientes a entrarem no clima. Na primeira<br />

peça, a marca resgata inovações históricas,<br />

como a primeira cerveja a ser vendida em lata<br />

<strong>de</strong> alumínio e long neck.<br />

F/nazca saaTchi & saaTchi<br />

aMbev<br />

Título: Abertura; produto: Skol; criação: Dudu Barcelos<br />

e Rodrigo Adam; produtora <strong>de</strong> filme: Stink;<br />

direção <strong>de</strong> cena: Kid Burro; produtora <strong>de</strong> som:<br />

Studio Tesis; aprovação do cliente: Paula Lin<strong>de</strong>nberg,<br />

Maria Fernanda Albuquerque, Daniel Feitoza,<br />

Adriana Molari, Leandro Thot e Mariana Bier.<br />

eficiência<br />

A Amil está com novo posicionamento que<br />

traz o conceito Cuidado certo, na hora certa,<br />

no lugar certo. O filme que materializa a comunicação<br />

<strong>de</strong>bate o sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e como<br />

isso impacta o cotidiano das pessoas. De<br />

maneira leve, as peças trazem situações rotineiras,<br />

fazendo um paralelo entre como <strong>de</strong>ve<br />

funcionar um serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.<br />

aRTpLan<br />

aMil<br />

Título: Amil 40 anos; criação: Alessandra Sadock,<br />

Sérgio Carvalho, Rodrigo Dorfman, João Resen<strong>de</strong>, David<br />

Tabalipa, Leonardo Valpassos, Danilo Yamanaka e<br />

Renato Tagliari; produtora e filme: YOURMAMA; direção:<br />

Filippo Capuzzi Lapietra; produtora <strong>de</strong> Som:<br />

Beat; aprovação do cliente: Leandro Conti.<br />

jornal propmark - <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> 41


ArenA do eSporte<br />

Danúbia Paraizo danubia@propmark.com.br<br />

Fotos:Divulgação<br />

FreeStyle<br />

Os gramados do futebol tradicional<br />

foram substituídos por<br />

um piso mais liso, próprio para<br />

manobras. Esse foi o palco da 10ª<br />

edição do Red Bull Street Style,<br />

campeonato mundial <strong>de</strong> futebol<br />

estilo livre, que foi realizado na<br />

semana passada, em Varsóvia,<br />

na Polônia. Com presença <strong>de</strong><br />

competidores <strong>de</strong> peso, como o<br />

brasileiro Ricardinho Chahini, a<br />

competição teve nada menos que<br />

o pentacampeão Roberto Carlos<br />

como um dos jurados. Ex-lateral<br />

da seleção brasileira e ídolo do<br />

Real Madrid, Roberto Carlos teve<br />

a missão <strong>de</strong> analisar os movimentos<br />

das <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> participantes<br />

<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 50 países, nas categorias<br />

masculina e feminina. O<br />

evento já contou com as presenças<br />

do italiano Fabio Cannavaro,<br />

do holandês Davids e dos brasileiros<br />

Neymar Jr. e Raí. Os fãs<br />

brasileiros do esporte pu<strong>de</strong>ram<br />

acompanhar a transmissão ao<br />

vivo e em português por meio da<br />

plataforma digital <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>os da<br />

Red Bull, i<strong>de</strong>alizadora do evento.<br />

AcelerA<br />

A Ford anunciou a segunda edição <strong>de</strong> sua corrida <strong>de</strong> rua. A competição será realizada no<br />

próximo dia 2 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro, <strong>de</strong>ntro das <strong>de</strong>pendências <strong>de</strong> sua fábrica em São Bernardo do<br />

Campo, em São Paulo. Os inscritos po<strong>de</strong>m escolher entre os circuitos <strong>de</strong> corrida <strong>de</strong> seis<br />

quilômetros ou caminhada <strong>de</strong> três quilômetros. O trajeto inclui a fábrica <strong>de</strong> automóveis e<br />

o pátio <strong>de</strong> veículos zero-quilômetro. Neste ano, a fábrica <strong>de</strong> Camaçari, na Bahia, também<br />

terá edição inédita da Ford Run, no dia 16 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro.<br />

como umA gArotA<br />

Os canais Combate e GNT<br />

anunciaram parceria para a<br />

veiculação da série Mulheres<br />

Na Luta. A produção da<br />

Conspiração Filmes e UFC<br />

será exibida a partir <strong>de</strong> 2 <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>zembro no GNT, e relata a<br />

trajetória <strong>de</strong> mulheres como<br />

Ketlen Vieira e Poliana Botelho<br />

(foto), em busca <strong>de</strong> seu<br />

sonho <strong>de</strong> entrar para o MMA.<br />

Produzida em oito episódios, a série traz histórias reais <strong>de</strong> atletas, bem como suas batalhas,<br />

que se iniciam muito antes do octógono. O primeiro episódio contextualiza a entrada<br />

das mulheres no UFC, com a chegada <strong>de</strong> Ronda Rousey abrindo as portas para as <strong>de</strong>mais<br />

atletas <strong>de</strong> uma vez por todas. “Essa parceria com os canais GNT e Combate foi muito positiva<br />

para a série. Acredito que a ida do Mulheres na Luta para o GNT mostra a importância<br />

da história que estamos contando. A discussão e a narrativa foram para além do octógono<br />

e do público que consome o esporte normalmente”, contou ao PROPMARK Flavio Barone,<br />

diretor da produção.<br />

câmerA indiScretA<br />

A Tilibra, em parceria com o canal ESPN, está recrutando jogadores do game Clash Royale<br />

para o reality show Tilibra Kings and Queens. A atração reunirá 12 competidores em<br />

uma locação em Teresópolis, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, para a disputa <strong>de</strong> três vagas na equipe <strong>de</strong><br />

treinamentos da Pain Gaming, maior equipe <strong>de</strong> eSports da América Latina. O projeto <strong>de</strong><br />

conteúdo foi i<strong>de</strong>alizado pela agência Talent Marcel, e envolverá ativida<strong>de</strong>s e habilida<strong>de</strong>s<br />

necessárias para atletas profissionais <strong>de</strong> eSports, assim como provas <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança, trabalho<br />

em equipe e estratégia. O reality show terá o comando <strong>de</strong> Luciano Amaral, apresentador<br />

dos canais ESPN, e será exibido pelo canal ESPN Extra e pela plataforma online<br />

WatchESPN. O programa tem estreia no dia 10 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro.<br />

endorfina criativa<br />

Encarar <strong>de</strong>safios profissionais<br />

ficou muito mais fácil<br />

e prazeroso <strong>de</strong>pois que comecei<br />

a correr. A corrida se mostrou<br />

para mim um exercício diário <strong>de</strong> superar<br />

barreiras, conquistar objetivos<br />

e alcançar feitos incríveis. Aprendi a<br />

ser muito mais disciplinado, <strong>de</strong>terminado<br />

e autoconfiante.”<br />

Felipe Held, head <strong>de</strong> marketing na Konduto<br />

Fome <strong>de</strong> vitóriA<br />

O Burger King entrou para o cenário dos<br />

eSports com o patrocínio à Superliga ABC-<br />

DE <strong>de</strong> League Of Legends. Como primeira<br />

ativação, a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> fast food premiará o<br />

MVP (melhor jogador da partida) com uma<br />

coroa. A prática <strong>de</strong> eleger os <strong>de</strong>staques dos<br />

jogos já é popular em esportes como futebol<br />

e basquete. Até o momento, os jogadores<br />

Gustavo “Minerva” Queiroz e Diogo<br />

“Shini” Rogê (foto) já levaram para casa o<br />

título <strong>de</strong> King of the Match. Além do Burger<br />

King, o torneio tem patrocínio da NET, que<br />

investe pela primeira vez no segmento<br />

<strong>de</strong> eSports. Promovida pela Associação<br />

Brasileira <strong>de</strong> Clubes <strong>de</strong> eSports em 2017, a<br />

segunda edição da competição recebe o reforço<br />

<strong>de</strong> Christian Costantini, responsável<br />

pela gestão e captação <strong>de</strong> parcerias.<br />

42 <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark


especial tv paga<br />

simpson33/iStock<br />

Reinvenção é palavra-chave para<br />

setor se manter no radar das marcas<br />

Projetos que visam aprimorar os formatos e também a comercialização<br />

mantêm o interesse dos anunciantes, apesar <strong>de</strong> crise e transformações<br />

Claudia Penteado<br />

Alta qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conteúdo e diversida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> opções em TV por assinatura<br />

vêm ajudando a compensar três anos<br />

consecutivos da pior crise econômica da<br />

história para o setor. Em <strong>2018</strong>, segundo<br />

dados da ABTA (Associação Brasileira <strong>de</strong><br />

Televisão por Assinatura), houve uma retração<br />

<strong>de</strong> 1,74% na base <strong>de</strong> assinantes, entre<br />

janeiro e setembro.<br />

O segmento ocupa hoje a segunda posição<br />

em share <strong>de</strong> investimento publicitário,<br />

com 13,2% do mercado, atrás apenas da<br />

TV aberta, <strong>de</strong> acordo com estudo do Kantar<br />

Ibope Media referente a 2017, quando<br />

o setor faturou R$ 17,6 bilhões. “O elevado<br />

índice <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego e a queda no po<strong>de</strong>r<br />

<strong>de</strong> consumo da população são os principais<br />

fatores <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>sempenho da TV por assinatura,<br />

assim como em outros setores da<br />

economia. Nos últimos meses, há sinais <strong>de</strong><br />

estabilida<strong>de</strong>, que esperamos que se confirmem<br />

nos próximos”, diz Oscar Simões, presi<strong>de</strong>nte-executivo<br />

da ABTA. O total da base<br />

<strong>de</strong> assinantes no país é <strong>de</strong> 17,85 milhões.<br />

Outros fatores que contribuem para o<br />

cenário <strong>de</strong>safiador são as transformações<br />

a partir <strong>de</strong> novas tecnologias, novas mídias<br />

e hábitos das pessoas, que vêm <strong>de</strong>mandando<br />

um completo reposicionamento<br />

do setor. “No campo tecnológico, a TV<br />

por assinatura vem adotando novas formas<br />

<strong>de</strong> entrega <strong>de</strong> conteúdo, em diversas<br />

plataformas, acessíveis a qualquer hora e<br />

<strong>de</strong> qualquer lugar. No Brasil há dois outros<br />

<strong>de</strong>safios importantes: o combate à pirataria<br />

e a simplificação regulatória do setor”,<br />

afirma Simões.<br />

Segundo ele, o acesso ilegal à TV por<br />

assinatura vem crescendo aceleradamente<br />

e contê-lo tem sido uma priorida<strong>de</strong> da<br />

indústria, que conta também com iniciativas<br />

dos Três Po<strong>de</strong>res públicos - Executivo,<br />

Luciana Schwartz: investimentos são constantes<br />

Fotos Divulgação<br />

Legislativo e Judiciário.<br />

Estima-se que a pirataria provoque uma<br />

perda <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> R$ 4 bilhões ao ano, tanto<br />

para empresas do setor quando para governos<br />

fe<strong>de</strong>ral e estaduais, que <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong><br />

arrecadar impostos. Sem falar que o furto<br />

<strong>de</strong> sinal da TV compromete empregos e<br />

coloca em risco a segurança das pessoas,<br />

uma vez que equipamentos piratas são conectados<br />

às re<strong>de</strong>s domésticas <strong>de</strong> internet<br />

e po<strong>de</strong>m acessar e roubar dados pessoais.<br />

“No campo regulatório e tributário, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>mos<br />

a revisão do atual conjunto <strong>de</strong><br />

regras e tributos, em função dos novos<br />

mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> negócio que surgem também<br />

<strong>de</strong> forma acelerada”, comenta Simões.<br />

<strong>de</strong>manda<br />

Luciana Schwartz, conselheira e curadora<br />

do Mídia Dados no Grupo <strong>de</strong> Mídia <strong>de</strong><br />

São Paulo e Omnichannel Media Director<br />

da VML Brasil, fala que a TV por assinatura<br />

vem surpreen<strong>de</strong>ndo pela boa qualida<strong>de</strong><br />

no conteúdo, dos profissionais que<br />

li<strong>de</strong>ram a programação e a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

canais e sua repercussão no mundo digital,<br />

por exemplo, nas medições <strong>de</strong> tuites/<br />

impressões feitas pela Kantar, posicionam<br />

vários programas <strong>de</strong> TV por assinatura em<br />

posições inclusive <strong>de</strong> vantagem em relação<br />

a programas <strong>de</strong> TV aberta e séries <strong>de</strong><br />

VOD. “Além dos eventos ao vivo, o meio<br />

tem conseguido gerar excelentes projetos,<br />

integrando mídia <strong>de</strong> comerciais, bran<strong>de</strong>d<br />

content, plataformas digitais e ativações.<br />

As produções nacionais são crescentes,<br />

44 <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark


ano a ano, e os canais têm se empenhado<br />

em inovar em formatos, o que possibilita a<br />

inserção <strong>de</strong> marcas e produtos <strong>de</strong>ntro das<br />

programações, <strong>de</strong> forma sutil, mas com<br />

gran<strong>de</strong> impacto”, comenta Luciana.<br />

Segundo ela, inovações também têm<br />

ocorrido na forma <strong>de</strong> comercialização,<br />

como a compra <strong>de</strong> segundos em públicos-<br />

-alvo específicos, <strong>de</strong> acordo com o inventário<br />

disponível dos canais.<br />

A oferta sob <strong>de</strong>manda e via streaming<br />

tem se ampliado na TV por assinatura, que<br />

já enxerga as plataformas OTT (over the<br />

top) mais como complementares do que<br />

concorrentes.<br />

Luciana Schwartz fala que a TV por assinatura<br />

vem se empenhando para se a<strong>de</strong>quar<br />

aos novos tempos e lidar com as mudanças<br />

drásticas no consumo das mídias,<br />

a partir da busca <strong>de</strong> uma personalida<strong>de</strong><br />

própria e potencializando audiências com<br />

ações locais e regionalizadas.<br />

“Um excelente exemplo disso foi o<br />

evento da Nickelo<strong>de</strong>on que ocorreu recentemente<br />

no Citibank Hall, em São Paulo,<br />

que atraiu mais <strong>de</strong> 5 mil pessoas e 110<br />

milhões <strong>de</strong> votos. Também foi realizado o<br />

Encontro <strong>de</strong> Patas com mais <strong>de</strong> 18 mil pessoas<br />

e o Miaw da MTV, que atraiu mais <strong>de</strong><br />

5 mil pessoas e contabilizou mais <strong>de</strong> 320<br />

milhões <strong>de</strong> votos”, exemplifica.<br />

O futuRO<br />

Luciana fala que o futuro do meio será<br />

manter o DNA da segmentação e diversida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> canais (e <strong>de</strong> público), investindo<br />

constantemente em produções nacionais<br />

e em eventos multiplataforma, com projetos<br />

especiais envolvendo âncoras, além <strong>de</strong><br />

formatos <strong>de</strong> comercialização únicos.<br />

Simões, da ABTA, fala que no momento<br />

é difícil fazer prognósticos para qualquer<br />

setor da economia brasileira, mas espera-<br />

-se que os sinais <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> da base<br />

<strong>de</strong> assinantes se mantenha nos próximos<br />

meses e que o Brasil retome a rota <strong>de</strong> crescimento<br />

econômico em 2019.<br />

“No campo das oportunida<strong>de</strong>s, a TV<br />

por assinatura está permanentemente<br />

em evolução e os avanços vão continuar<br />

nos próximos anos. Serão cada vez mais<br />

opções <strong>de</strong> acesso à programação sob<br />

<strong>de</strong>manda e em diversos dispositivos. E<br />

ainda <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> canais com alta qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> imagem, em HD ou 4K, bem como<br />

a maior cobertura esportiva e o mais variado<br />

catálogo <strong>de</strong> filmes, séries, programas<br />

infantis, reality shows, jornalismo 24<br />

horas e muito mais, o que faz da TV por<br />

assinatura a melhor fonte <strong>de</strong> cultura, informação<br />

e entretenimento para milhões<br />

<strong>de</strong> brasileiros”, diz Simões.<br />

cRescimentO<br />

Em recente levantamento feito pela<br />

ABTA sobre o mercado global <strong>de</strong> TV por<br />

assinatura com base em dados públicos,<br />

constatou-se que há estabilida<strong>de</strong> ou crescimento<br />

da base <strong>de</strong> assinantes em diversos<br />

países. “O volume total <strong>de</strong> clientes passou<br />

Simões: “Momento é difícil para fazer prognósticos”<br />

<strong>de</strong> 999 milhões em 2016 para 1,063 bilhão<br />

em agosto <strong>de</strong> <strong>2018</strong>”, <strong>de</strong>staca Simões.<br />

Na América Latina, entre 2016 e agosto<br />

<strong>de</strong> <strong>2018</strong>, houve crescimento na Argentina<br />

(9,2 milhões para 9,4 milhões), Chile (3<br />

milhões para 3,3 milhões) e Colômbia (5,4<br />

milhões para 5,6 milhões).<br />

Segundo o levantamento, na Europa<br />

houve crescimento <strong>de</strong> 168,5 milhões <strong>de</strong><br />

assinantes em 2016 para 172,3 milhões em<br />

2017, sendo que os principais <strong>de</strong>staques<br />

foram Alemanha (<strong>de</strong> 7,8 milhões para 8,2<br />

milhões), Espanha (<strong>de</strong> 6 milhões para 6,5<br />

milhões) e França (16 milhões para 16,7<br />

milhões).<br />

Na Ásia, entre 2016 e 2017, a base <strong>de</strong> assinantes<br />

cresceu na China (<strong>de</strong> 313 milhões<br />

para 324,9 milhões), na Coreia do Sul<br />

(<strong>de</strong> 29 milhões para 31,6 milhões) e na<br />

Índia (<strong>de</strong> 149 milhões para 152,7 milhões).<br />

Já nos Estados Unidos houve retração,<br />

no entanto trata-se <strong>de</strong> um<br />

mercado on<strong>de</strong> a TV por assinatura<br />

já alcançou mais <strong>de</strong> 90% dos lares.<br />

“E mesmo assim, a plataforma<br />

ainda continua muito robusta naquele<br />

país. É uma situação diferente da que<br />

ocorre no Brasil, on<strong>de</strong> ainda não alcançamos<br />

30% <strong>de</strong> penetração”, analisa Simões.<br />

jornal propmark - <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> 45


ESPECIAL TV PAgA<br />

VOD e streaming são alternativas<br />

para emissoras na era everywhere<br />

Canais que exploram o Pay TV enfrentam queda <strong>de</strong> vendas no formato<br />

tradicional, mas investem em mobilida<strong>de</strong> e distribuição sob <strong>de</strong>manda<br />

Divulgação/Cleiby Trevisan<br />

Matheus, Maisa Silva e Kauan no MPN (Meus Prêmios Nick), conteúdo exclusivo que movimenta a programação do canal Nickelo<strong>de</strong>on, da Viacom, que é dirigido para o público jovem<br />

Paulo Macedo<br />

mercado <strong>de</strong> TV paga vive<br />

O um momento <strong>de</strong>safiador no<br />

Brasil. De acordo com Manuel<br />

Belmar, diretor-geral <strong>de</strong> operações<br />

da Globosat, há sinais <strong>de</strong><br />

recuperação, mas os investimentos<br />

ainda estão cautelosos<br />

diante dos efeitos da perda <strong>de</strong><br />

musculatura da economia. “Tivemos<br />

uma redução na base <strong>de</strong><br />

assinantes, mas por outro lado<br />

as audiências, tanto no linear<br />

quanto no digital, continuam<br />

crescendo. Ou seja, quem tem<br />

acesso ao conteúdo continua<br />

envolvido e engajado. E isso<br />

para nós é muito positivo”, explica<br />

Belmar.<br />

Como contempla o VOD<br />

(Vi<strong>de</strong>o On Demand)? E o streaming?<br />

Belmar respon<strong>de</strong>: “Todos<br />

os planos comerciais atualmente<br />

consi<strong>de</strong>ram a exibição<br />

multiplataforma, e já oferecem<br />

oportunida<strong>de</strong>s nas plataformas<br />

da nossa Família Play (como o<br />

Globosat Play, Telecine Play,<br />

Premiere Play e Combate Play)<br />

e ações em re<strong>de</strong>s sociais. Há<br />

uma possibilida<strong>de</strong> imensa <strong>de</strong><br />

formatos que po<strong>de</strong>rão ser mais<br />

a<strong>de</strong>quados para cada campanha<br />

ou cada cliente, e isso hoje<br />

já faz parte da rotina das nossas<br />

equipes comerciais. A principal<br />

observação que faço é que os<br />

novos hábitos e a forma com<br />

que os conteúdos são consumidos<br />

acabam moldando as<br />

entregas. Acho que este é um<br />

movimento que se esten<strong>de</strong>rá<br />

<strong>de</strong> maneira consistente não só<br />

pela marca corporativa como<br />

também pelos vários canais,<br />

serviços e aplicativos que preten<strong>de</strong>mos<br />

lançar ao longo dos<br />

próximos anos. Continuamos<br />

investindo em novas tecnologias<br />

e <strong>de</strong>senvolvendo produtos,<br />

marcas e parcerias <strong>de</strong> alto valor.<br />

Levamos nossos parceiros<br />

anunciantes junto conosco ao<br />

longo <strong>de</strong>ssa jornada”, <strong>de</strong>talha o<br />

executivo da Globosat, pioneira<br />

no serviço <strong>de</strong> VOD.<br />

O usuário quer ter a programação<br />

disponível no momento<br />

que <strong>de</strong>terminar. Daí a impor-<br />

“Fazemos<br />

streaming <strong>de</strong> toda<br />

a programação ao<br />

vivo dos nossos<br />

11 canais a partir<br />

do app da FoX, que<br />

po<strong>de</strong> ser acessado<br />

em plataFormas<br />

móveis,<br />

chromecast<br />

e consoles <strong>de</strong><br />

vi<strong>de</strong>ogame”<br />

46 <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark


Getty Images<br />

Fotos: Divulgação<br />

Rogério Francis explica que transformação digital não é mais baseada apenas no VOD<br />

A atriz Taís Araújo no Miaw, prêmio da MTV, da Viacom, para artistas da geração Y<br />

tância da complementarida<strong>de</strong><br />

entre as plataformas. Essa interação<br />

po<strong>de</strong> ocorrer em qualquer<br />

tela. É a materialização,<br />

nas palavras <strong>de</strong> Belmar, “da TV<br />

everywhere”. “Os investimentos<br />

robustos realizados pela<br />

indústria <strong>de</strong> TV paga nos serviços<br />

<strong>de</strong> TV em qualquer lugar e<br />

ví<strong>de</strong>o sob <strong>de</strong>manda nos últimos<br />

anos tem se confirmado como<br />

um gran<strong>de</strong> sucesso junto ao público<br />

<strong>de</strong> TV paga, que percebe o<br />

valor <strong>de</strong> contar com as opções<br />

que lhe interessam.”<br />

Ari Martire, diretor sênior<br />

<strong>de</strong> brand solutions da Viacom<br />

Brasil, vê o mercado <strong>de</strong> TV paga<br />

como o canal para a exibição <strong>de</strong><br />

conteúdos segmentados e <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong>. “A Viacom percebeu<br />

esta mudança a tempo e não<br />

parou <strong>de</strong> produzir conteúdos<br />

<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>; produzimos 95%<br />

dos conteúdos <strong>de</strong> nossas marcas<br />

e enten<strong>de</strong>mos que as pessoas<br />

querem consumi-los <strong>de</strong> diferentes<br />

maneiras, por isto nem<br />

nos vemos mais como uma empresa<br />

<strong>de</strong> ‘canais’, mas <strong>de</strong> conteúdo,<br />

e este conteúdo <strong>de</strong>ve estar<br />

on<strong>de</strong> as pessoas o querem, seja<br />

na TV, nas re<strong>de</strong>s, aplicativos ou<br />

plataformas <strong>de</strong> streaming”, observou<br />

Martire.<br />

O VOD, nas palavras <strong>de</strong> Rogerio<br />

Francis, diretor sênior<br />

<strong>de</strong> distribuição da Viacom, é a<br />

gran<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> para a expansão<br />

do mercado. “A TV por<br />

assinatura está sendo afetada<br />

como qualquer outro mercado<br />

em função da crise econômica<br />

que impactou todas as classes<br />

socioeconômicas, no momento<br />

em que a crise transformar em<br />

crescimento, seguramente vamos<br />

voltar a crescer. O VOD será<br />

uma forma <strong>de</strong> experiência sim<br />

na TV Paga, seja diminuindo os<br />

cancelamentos bem como entregando<br />

uma forma alternativa<br />

<strong>de</strong> assistir o conteúdo, entretanto<br />

também será uma forma<br />

<strong>de</strong> crescimento das empresas<br />

produtoras <strong>de</strong> conteúdo, como<br />

no caso da Viacom, <strong>de</strong>tento-<br />

Ari Martire, diretor da Viacom: “Produzimos 95% dos conteúdos <strong>de</strong> nossas marcas”<br />

Piestun fala que conteúdos po<strong>de</strong>m ser assistidos quando e como o assinante quiser<br />

O executivo Manuel Belmar, da Globosat: “Interação po<strong>de</strong> ocorrer em qualquer tela”<br />

“eu não diria que<br />

a transFormação<br />

digital está<br />

baseada no vod e<br />

sim no conteúdo<br />

disponível nas<br />

plataFormas<br />

<strong>de</strong> ott, como no<br />

caso do noggin,<br />

iniciativa da<br />

viacom”<br />

ra <strong>de</strong> 95% dos direitos do que<br />

produz. Hoje eu não diria mais<br />

que a transformação digital está<br />

baseada no VOD e sim no conteúdo<br />

disponível nas plataformas<br />

<strong>de</strong> OTT, como no caso do Noggin,<br />

uma iniciativa OTT da Viacom”,<br />

<strong>de</strong>talha Francis.<br />

A FOX Networks Group<br />

(FNG) Latin America é um hub<br />

completo <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong> e inovação,<br />

muito além da TV. Para<br />

Michel Piestun, diretor-geral da<br />

empresa no Brasil, o importante<br />

é conhecer o comportamento<br />

da audiência. “Fazemos streaming<br />

<strong>de</strong> toda a programação<br />

ao vivo dos nossos 11 canais a<br />

partir do App da FOX, que po<strong>de</strong><br />

ser acessado em plataformas<br />

móveis, como celular e tablet,<br />

SmarTVs, Chromecast e consoles<br />

<strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ogame. Temos também<br />

um catálogo on <strong>de</strong>mand<br />

com temporadas completas<br />

<strong>de</strong> sucessos como The Walking<br />

Dead, Outlan<strong>de</strong>r, Pose, The Resi<strong>de</strong>nt,<br />

This is Us, American<br />

Horror Story, Trust e Arquivo<br />

X, entre outros, para serem assistidos<br />

quando e como o consumidor<br />

quiser. Para ter acesso<br />

ao App da FOX, o consumidor<br />

po<strong>de</strong> assinar uma mensalida<strong>de</strong><br />

com operadoras <strong>de</strong> TV, celular<br />

ou banda larga ou ainda através<br />

do Google Play e Apple Store”,<br />

<strong>de</strong>talha o executivo.<br />

jornal propmark - <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> 47


ESPECIAL TV PAgA<br />

Pirataria afeta setor, qualida<strong>de</strong><br />

do conteúdo e economia do país<br />

Players utilizam tecnologia no combate a downloads e transmissões<br />

ilegais; ABTA reforça luta das operadoras contra o “Gato NET”<br />

LEONARDO ARAUJO<br />

aixa da NET com todos<br />

“Cos canais! Na minha mão<br />

é mais barato”. Quem passa pela<br />

Rua Santa Ifigênia, no centro<br />

da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, já se<br />

acostumou: a oferta <strong>de</strong> caixas<br />

que pirateiam os canais das<br />

principais operadoras <strong>de</strong> TV<br />

por assinatura é <strong>de</strong>scarada. E<br />

se muitos acham um absurdo<br />

comprar tais aparelhos, baixar<br />

séries e filmes ilegalmente parece<br />

ser visto como um crime<br />

“menos” grave. Ledo engano,<br />

pois ambos afetam o mercado<br />

e dificultam a ascensão da TV<br />

paga no Brasil.<br />

Segundo a ABTA (Associação<br />

Brasileira <strong>de</strong> Televisão por Assinatura),<br />

calcula-se que em <strong>de</strong>z<br />

anos sem um combate eficiente,<br />

a frau<strong>de</strong> <strong>de</strong> sinal no setor<br />

po<strong>de</strong> extinguir 150 mil postos<br />

<strong>de</strong> trabalho legais e qualificados.<br />

A realida<strong>de</strong>, nua e crua, é<br />

que ao baixar ilegalmente uma<br />

série ou piratear o sinal, o usuário<br />

afeta o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

econômico do Brasil. Só o “Gato<br />

NET” possui mais <strong>de</strong> 3 milhões<br />

<strong>de</strong> “assinantes”, o que causa<br />

perdas anuais que atingem a<br />

casa dos R$ 6 bilhões em receitas<br />

ao setor.<br />

Muitos pensam: “se eu falar<br />

da série e divulgá-la nas re<strong>de</strong>s<br />

sociais, vou ajudar e não preciso<br />

assinar o canal”. Outro<br />

entendimento equivocado. “A<br />

pirataria não ajuda a indústria<br />

audiovisual em nenhuma instância.<br />

Imaginar que um canal<br />

<strong>de</strong> TV se beneficia do buzz causado<br />

pelo consumo <strong>de</strong> conteúdo<br />

pirata é uma falsa percepção.<br />

A ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> produção <strong>de</strong><br />

conteúdo não é <strong>de</strong>vidamente<br />

remunerada quando o conteúdo<br />

é consumido <strong>de</strong> maneira não<br />

oficial e isso prejudica a indústria<br />

<strong>de</strong> maneira preocupante”,<br />

explica Paulo Barata, CEO da<br />

NBCUniversal Networks Brasil.<br />

Um dos canais mais afetados<br />

pela pirataria é a HBO. Segundo<br />

o site TorrentFreak, a série<br />

Javier Figueras, vice-presi<strong>de</strong>nte corporativo <strong>de</strong> relações com afiliados da HBO Latin America, uma das mais afetadas pela pirataria<br />

Game of Thrones é, há seis anos<br />

consecutivos, a mais pirateada<br />

da TV. Para Javier Figueras,<br />

vice-presi<strong>de</strong>nte corporativo <strong>de</strong><br />

relações com afiliados da HBO<br />

Latin America, o impacto na<br />

indústria é “gigantesco”. “A<br />

pirataria é uma questão crítica<br />

que afeta a todos nós, tanto os<br />

criadores <strong>de</strong> conteúdo quanto<br />

o público. Temos apoiado iniciativas<br />

para combatê-la por<br />

vários anos, através <strong>de</strong> estreita<br />

colaboração e responsabilida<strong>de</strong><br />

compartilhada. Nossos esforços<br />

para educar o público e<br />

as partes interessadas incluem<br />

participar <strong>de</strong> discussões com<br />

representantes do governo e<br />

do setor para apoiar reformas<br />

legais e <strong>de</strong> governança, além <strong>de</strong><br />

fornecer casos <strong>de</strong> sucesso comprovado<br />

que possam ser replicados<br />

como melhores práticas<br />

para evitar a pirataria”, afirma<br />

Figueras.<br />

Obviamente, os canais também<br />

precisam agir individualmente.<br />

No caso da Globosat, o<br />

conteúdo original é protegido<br />

através <strong>de</strong> tecnologias como o<br />

fingerprint e watermark, monitorando<br />

toda a web através<br />

<strong>de</strong> robôs <strong>de</strong> busca, análise e<br />

remoção. “Nesse ponto, a automatização<br />

do processo é fundamental<br />

para que a operação<br />

seja eficiente e enxuta. Outro<br />

fator importantíssimo é adicionar<br />

cada vez mais inteligência<br />

ao processo, fazendo um trabalho<br />

<strong>de</strong> analytics e agregando<br />

inteligência artificial e machine<br />

learning. As frentes <strong>de</strong> batalha<br />

são inúmeras. Mas é essencial<br />

sabermos priorizar os recursos<br />

e nos anteciparmos ao avanço<br />

<strong>de</strong> novas formas <strong>de</strong> pirataria”,<br />

explica Manuel Belmar, diretor-geral<br />

<strong>de</strong> operações da empresa.<br />

Já a Fox Networks Group Latin<br />

America possui uma área<br />

específica <strong>de</strong>dicada ao combate<br />

à pirataria, li<strong>de</strong>rada por<br />

posições espalhadas por toda a<br />

América Latina. “Nossas estratégias<br />

baseiam-se em 4 pilares:<br />

Fotos: Divulgação<br />

“A pirAtAriA é<br />

umA questão<br />

críticA que AfetA<br />

todos nós, tAnto<br />

os criAdores <strong>de</strong><br />

conteúdo quAnto<br />

o público”<br />

48 <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark


educação, tecnologia, enforcement<br />

e agenda pública. As<br />

infrações ocorridas na internet<br />

têm crescido nos últimos anos,<br />

e tornaram-se a maior ameaça<br />

à proteção <strong>de</strong> nosso conteúdo.<br />

Utilizamos diversas ferramentas<br />

tecnológicas para monitorar<br />

e i<strong>de</strong>ntificar a pirataria, bem<br />

como para removê-la da re<strong>de</strong>.<br />

Em casos mais graves, acionamos<br />

judicialmente os responsáveis,<br />

e procuramos obter or<strong>de</strong>ns<br />

<strong>de</strong> bloqueio <strong>de</strong> acesso dos<br />

usuários a sites piratas. Temos<br />

atuado com bastante eficácia<br />

contra a transmissão in<strong>de</strong>vida<br />

<strong>de</strong> nossos direitos esportivos,<br />

bem como contra a pirataria <strong>de</strong><br />

nossas produções originais”,<br />

explica Daniel Steinmetz, vice-<br />

-presi<strong>de</strong>nte sênior <strong>de</strong> antipirataria<br />

da FOX Networks Group<br />

Latin America.<br />

E é bom que haja automação,<br />

pois, assim como um Jack Sparrow<br />

encurralado que encontra<br />

uma saída inesperada, a pirataria<br />

mudou nos últimos anos.<br />

Agora, há o streaming ilegal<br />

que funciona, principalmente,<br />

em gran<strong>de</strong>s eventos, como cerimônias<br />

<strong>de</strong> premiação, esportivas<br />

e finais <strong>de</strong> série. O combate<br />

começa com o endosso da lei,<br />

com colaboração multifacetada<br />

e com o compromisso contínuo<br />

<strong>de</strong> diferentes partes. “Formar<br />

alianças com criadores <strong>de</strong> conteúdo<br />

na indústria e com os<br />

governos locais para erradicar<br />

a pirataria na região é crucial.<br />

Faz parte do nosso compromisso<br />

continuar a <strong>de</strong>senvolver<br />

e executar estratégias que aumentem<br />

a conscientização sobre<br />

a pirataria, que são cruciais<br />

para manter a discussão entre<br />

os lí<strong>de</strong>res da indústria e dar à<br />

questão a importância que ela<br />

merece”, ressalta o VP da HBO.<br />

Um dos pontos <strong>de</strong>stacados<br />

pela Fox Networks Group é a<br />

importância da educação do<br />

público. De acordo com a empresa,<br />

tal estratégia serve como<br />

meio <strong>de</strong> prevenir que as novas<br />

gerações se engajem em pirataria.<br />

“Nosso projeto ‘Liga Antipirataria’<br />

é um exemplo: a primeira<br />

campanha educativa do<br />

Grupo voltada às crianças, que<br />

busca gerar consciência sobre o<br />

valor das criações e a importância<br />

<strong>de</strong> se respeitar a proprieda<strong>de</strong><br />

intelectual em todos os âmbitos”,<br />

explica Steinmetz.<br />

A praticida<strong>de</strong> também faz<br />

parte dos esforços dos players.<br />

“Oferecer nosso conteúdo <strong>de</strong><br />

forma fácil e prática para nossos<br />

fãs, através dos app da FOX<br />

Paulo Barata, CEO da NBCUniversal Networks Brasil: “A pirataria não ajuda a indústria”<br />

Steinmetz: “Utilizamos diversas ferramentas tecnológicas para monitorar a pirataria”<br />

e da FOX Sports, também é uma<br />

medida bastante eficaz para a<br />

redução dos níveis <strong>de</strong> pirataria.<br />

Contudo, ainda é necessário<br />

<strong>de</strong>senvolver novas regulações<br />

na América Latina para incrementar<br />

o combate às infrações<br />

aos direitos autorais, bem como<br />

manter ações <strong>de</strong> enforcement<br />

contra os distribuidores <strong>de</strong> conteúdo<br />

pirata”, alerta o VP antipirataria.<br />

Vale lembrar que, embora<br />

cada empresa do setor adote<br />

sua política <strong>de</strong> combate à pirataria,<br />

o Núcleo Antifrau<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

TV por assinatura da ABTA<br />

congrega os esforços compartilhados<br />

<strong>de</strong> operadoras e programadoras<br />

e coor<strong>de</strong>na o monitoramento<br />

da ativida<strong>de</strong> ilegal,<br />

com a participação e cooperação<br />

<strong>de</strong> toda a ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> valor<br />

<strong>de</strong>sta indústria.<br />

Na opinião <strong>de</strong> Figueras, infelizmente,<br />

a pirataria vai continuar<br />

crescendo e, exatamente<br />

por isso, o combate também<br />

precisa evoluir. “Isto é especialmente<br />

importante, consi<strong>de</strong>rando<br />

que o processo administrativo<br />

e criminal po<strong>de</strong> ser muito<br />

<strong>de</strong>morado, o que dá vantagem<br />

e tempo aos criminosos para<br />

<strong>de</strong>senvolverem formas alternativas<br />

<strong>de</strong> continuar a piratear e<br />

fugir. A maneira mais eficaz <strong>de</strong><br />

impactar é através dos governos<br />

locais, trabalhando conosco e<br />

outros criadores <strong>de</strong> conteúdo,<br />

para bloquear imediatamente<br />

as páginas mais populares dos<br />

sites <strong>de</strong> piratas. Nossa luta está<br />

longe <strong>de</strong> terminar, e continuaremos<br />

oferecendo nossa orientação<br />

e experiência para erradicar<br />

esse problema crescente”,<br />

explica o vice-presi<strong>de</strong>nte corporativo<br />

<strong>de</strong> relações com afiliados<br />

da HBO Latin America.<br />

Conforme <strong>de</strong>staca Belmar,<br />

da Globosat, <strong>de</strong> forma nenhuma<br />

po<strong>de</strong>mos encarar a pirataria<br />

como algo benéfico para a<br />

indústria. Segundo o executivo,<br />

a prática é um dos maiores<br />

<strong>de</strong>safios que o setor enfrenta.<br />

“É preciso ficar claro que a produção<br />

<strong>de</strong> séries <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />

está diretamente relacionada a<br />

ótimos roteiristas, atores, produtores,<br />

e tudo isso só é possível<br />

porque os direitos <strong>de</strong> exibição<br />

são remunerados. Do nosso<br />

lado, <strong>de</strong>vemos sempre perseguir<br />

mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> negócio que<br />

possibilitem o maior acesso ao<br />

conteúdo. Nesse ponto, a chegada<br />

das plataformas digitais<br />

naturalmente já vem tornando<br />

isso mais viável”, finaliza o executivo<br />

da Globosat.<br />

jornal propmark - <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> 49


ESPECIAL TV PAgA<br />

Formatos especiais aquecem<br />

relação entre canais e anunciantes<br />

Projetos, incluindo os <strong>de</strong> bran<strong>de</strong>d content, ganham mais espaço em<br />

meio às oportunida<strong>de</strong>s, tendências e <strong>de</strong>safios do segmento no Brasil<br />

Renato Rogenski<br />

Não é preciso ser nenhum expert em<br />

mídia para perceber que, embora a<br />

televisão por assinatura não tenha a mesma<br />

penetração que a TV aberta no Brasil,<br />

ela traz um vasto cardápio <strong>de</strong> conteúdos<br />

premium e mais flexibilida<strong>de</strong> para trabalhar<br />

projetos variados para anunciantes<br />

que querem ir muito além dos convencionais<br />

30 segundos. Ao aliar muitas <strong>de</strong><br />

suas características com a <strong>de</strong>manda das<br />

marcas e um consumidor que se acostumou<br />

a assistir o que quer, quando e on<strong>de</strong><br />

quiser, a TV paga encontra um contexto<br />

interessante para puxar a indústria por<br />

meio <strong>de</strong> novos formatos e soluções multiplataformas.<br />

“Há todo um cenário que faz com que<br />

o papel dos veículos seja hoje cada vez<br />

mais tático. Não dá para apenas receber<br />

um mapa <strong>de</strong> mídia e programar. Estamos<br />

tentando recriar uma conversa. Não queremos<br />

ocupar o lugar das agências, mas<br />

queremos dialogar com todo mundo, enten<strong>de</strong>ndo<br />

que po<strong>de</strong>mos ter maior relevância<br />

em nosso papel estratégico”, acredita<br />

Roberto Nascimento, VP <strong>de</strong> vendas publicitárias<br />

da Discovery Networks Brasil.<br />

“Mudanças tecnológicas estão transformando<br />

profundamente o mercado,<br />

com a experiência multitela sendo a tendência<br />

<strong>de</strong> maior <strong>de</strong>staque: não só pela diversida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> aparelhos que transmitem<br />

os canais favoritos da audiência, como<br />

também a maneira que esse público conversa<br />

sobre o conteúdo que consome por<br />

meio das re<strong>de</strong>s sociais”, diz Luciana Valério,<br />

VP <strong>de</strong> ad sales da Sony Pictures Television<br />

Networks no Brasil. Se por um lado<br />

o ecossistema <strong>de</strong> mídia favorece a maior<br />

elasticida<strong>de</strong> na oferta <strong>de</strong> produtos publicitários<br />

para a televisão paga, por outro,<br />

isso não significa que o caminho seja fácil<br />

para as programadoras e canais.<br />

“A <strong>de</strong>manda que vem dos anunciantes<br />

para projetos especiais nunca esteve <strong>de</strong>ste<br />

tamanho e com este volume <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s.<br />

Mas, é necessário tomar cuidado<br />

com a maneira como tratamos isso. É preciso<br />

ter sensibilida<strong>de</strong> para fazer algo pertinente.<br />

Até porque o avanço digital criou<br />

na cabeça da audiência uma rejeição imediata<br />

ao que não faz sentido. Não há um<br />

mo<strong>de</strong>lo pronto, estamos apren<strong>de</strong>ndo em<br />

movimento. Cada projeto tem uma possibilida<strong>de</strong>”,<br />

explica Gilberto Corazza, VP<br />

<strong>de</strong> vendas publicitárias da Turner Brasil.<br />

Luciana Valério: “Mudanças tecnológicas estão transformando o mercado, com a experiência multitela sendo <strong>de</strong>staque”<br />

quALIFICAção<br />

Como reflexo <strong>de</strong>stes novos tempos do<br />

segmento, os players do meio têm investido<br />

na estruturação e no aprimoramento <strong>de</strong> seus<br />

times, principalmente aqueles <strong>de</strong>partamentos<br />

e profissionais que trabalham direta ou<br />

indiretamente apoiando as vendas publicitárias.<br />

A Sony, por exemplo, tem uma área para<br />

Fotos: Alê Oliveira e Divulgação<br />

aten<strong>de</strong>r e realizar projetos especiais, li<strong>de</strong>rada<br />

pelo diretor <strong>de</strong> Brand Partnerships and<br />

Innnovation, Eduardo Coutinho, que hoje<br />

conta com cinco pessoas em seu time. Para<br />

isso, tem também o apoio <strong>de</strong> uma diretora<br />

<strong>de</strong> pesquisa, Fabiana Rodrigues, que auxilia<br />

a equipe com insights diários e estudos.<br />

Tudo funciona em conjunto com o time comercial,<br />

com cinco executivos <strong>de</strong> vendas<br />

50 <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark


Roberto Nascimento: “Não há um mo<strong>de</strong>lo pronto, estamos apren<strong>de</strong>ndo em movimento”<br />

e a área <strong>de</strong> operações.<br />

Na Discovery, o <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> vendas<br />

tem uma equipe <strong>de</strong> suporte e trabalha<br />

em conjunto com os times <strong>de</strong> planejamento<br />

(que inclui o bran<strong>de</strong>d content), tra<strong>de</strong><br />

marketing, insights, licenciamento e BI.<br />

Na Turner, o <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> ad sales<br />

tem oito escritórios no Brasil e atua em<br />

conjunto com as áreas <strong>de</strong> planejamento estratégico<br />

e comercial, inovação, BI (comandado<br />

por Marcela Doria) e uma diretoria <strong>de</strong><br />

digital.<br />

“Você não po<strong>de</strong> querer ven<strong>de</strong>r apenas o<br />

que você precisa. Muitas vezes é necessário<br />

criar uma história, uma narrativa, que em<br />

diversos casos não têm a ver com os produtos<br />

<strong>de</strong> prateleira que você tem. O executivo<br />

<strong>de</strong>ve ter uma capacida<strong>de</strong> estratégica, <strong>de</strong><br />

planejamento e trabalhar <strong>de</strong> maneira muito<br />

integrada com as equipes <strong>de</strong> ad sales”, pontua<br />

Corazza.<br />

“é uM território Muito<br />

próxiMo da gente e está<br />

Mais eM nosso radar do<br />

que no do cliente. isso<br />

não significa, poréM,<br />

que o bran<strong>de</strong>d content<br />

se aplica a todas as<br />

situações”<br />

“Você não po<strong>de</strong> querer<br />

Ven<strong>de</strong>r apenas o que<br />

Você precisa. Muitas<br />

Vezes é necessário<br />

criar uMa narratiVa”<br />

correspon<strong>de</strong>u a projetos especiais. Os principais<br />

<strong>de</strong>les serão realizados nas áreas <strong>de</strong><br />

bran<strong>de</strong>d content, product placement e cápsulas<br />

diferenciadas, que são peças exclusivas<br />

que envolvem marca e conteúdo em<br />

um mesmo ambiente.<br />

Para os executivos ouvidos, a recorrência<br />

e o volume <strong>de</strong> projetos especiais, principalmente<br />

os <strong>de</strong> bran<strong>de</strong>d content, vão aumentar<br />

na medida em que o mercado encontrar<br />

os melhores mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> mensuração<br />

e precificação. O dilema ocorre, sobretudo,<br />

com os chamados formatos longos, que<br />

têm padrões totalmente diferentes <strong>de</strong> contexto<br />

e tamanho com relação ao break comercial.<br />

Para a Discovery, uma porta <strong>de</strong> entrada<br />

para conteúdos envolvendo marcas tem<br />

sido os mo<strong>de</strong>los curtos. “Os formatos longos<br />

diminuíram um pouco em função da<br />

crise. E os curtos estão crescendo. Eles<br />

são mais agressivos comercialmente, e são<br />

mais percebidos e trabalhados como mídia<br />

<strong>de</strong> fato”, explica Roberto.<br />

Entre alguns dos trabalhos <strong>de</strong>stacados<br />

pelas programadoras neste ano estão Narradora<br />

Lay’s, da Turner (Esporte Interativo)<br />

com a Lays (da Pepsico), Donos da P****<br />

Toda, do canal Sony com a Fanta, e Por<br />

Dentro da West Coast Customs, da Discovery<br />

com a Mitsubishi.<br />

ProduToS E FormAToS<br />

Um dos <strong>de</strong>safios é <strong>de</strong>senvolver algo<br />

novo o tempo todo. Na Turner, em termos<br />

<strong>de</strong> produtos para anunciantes, há alguns<br />

formatos no padrão básico, mas a maioria<br />

dos projetos tem criação sob <strong>de</strong>manda<br />

para cada cliente. “Muita coisa é específica<br />

e não advém <strong>de</strong> formatos <strong>de</strong> prateleira. Vai<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r do que funciona para cada cliente.<br />

Dentro <strong>de</strong> toda essa entrega ainda está a<br />

experiência, incluindo os eventos, como a<br />

Corrida Cartoon, por exemplo. Marcas que<br />

patrocinam iniciativas do tipo se beneficiam<br />

da paixão dos fãs”, diz o VP <strong>de</strong> vendas<br />

publicitárias da Turner Brasil.<br />

O bran<strong>de</strong>d content é uma ferramenta<br />

cada vez mais po<strong>de</strong>rosa para os canais e<br />

programadoras. Na Discovery, <strong>de</strong> cada três<br />

reais <strong>de</strong> investimento <strong>de</strong> mídia em suas plataformas,<br />

pelo menos um real está sempre<br />

relacionado com algum entrega neste formato.<br />

“É um território muito próximo da<br />

gente e está mais em nosso radar do que no<br />

do cliente. Já tem muitas marcas que enten<strong>de</strong>ram<br />

essa nossa expertise e estão nos<br />

procurando. Isso não significa, porém, que<br />

o bran<strong>de</strong>d content se aplica a todas as situações”,<br />

afirma Nascimento.<br />

Na Sony, 30% do faturamento <strong>de</strong> 2017<br />

jornal propmark - <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> 51


EsPEcial TV Paga<br />

Produção nacional ganha força com<br />

diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gêneros e formatos<br />

Passados sete anos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Lei da TV Paga, canais exibem conteúdo<br />

brasileiro além da cota mínima; projetos transmídia ampliam alcance<br />

Danúbia Paraizo<br />

familiarida<strong>de</strong> e a proximida<strong>de</strong><br />

com que são feitas<br />

A<br />

séries, filmes e documentários<br />

no Brasil têm produzido um<br />

fenômeno importante para o<br />

mercado <strong>de</strong> TV paga: o crescimento<br />

do interesse por conteúdos<br />

nacionais. Passados sete<br />

anos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a criação da Lei da<br />

TV Paga (12.485/2011), que <strong>de</strong>termina<br />

cota mínima semanal<br />

<strong>de</strong> três horas e meia <strong>de</strong> conteúdo<br />

produzido no Brasil em<br />

horário nobre, é consenso na<br />

indústria que o investimento<br />

em produções nacionais não é<br />

uma questão <strong>de</strong> obrigatorieda<strong>de</strong>,<br />

mas estratégia <strong>de</strong> negócio.<br />

Não à toa, os principais players<br />

têm <strong>de</strong>senvolvido quantida<strong>de</strong><br />

muito superior ao <strong>de</strong>terminado<br />

por lei.<br />

Nos canais da Globosat, por<br />

exemplo, foram mais <strong>de</strong> 17 mil<br />

horas <strong>de</strong> produções nacionais<br />

inéditas em 2017, incluindo os<br />

eventos esportivos, 13% a mais<br />

que no ano anterior. Para Paulo<br />

Marinho, diretor-geral <strong>de</strong><br />

canais e conteúdos da Globosat,<br />

os investimentos vão além<br />

da produção e da curadoria do<br />

conteúdo. “Buscamos enten<strong>de</strong>r<br />

com profundida<strong>de</strong> os brasileiros,<br />

o que eles procuram quando<br />

acessam nossas plataformas<br />

e as emoções que nossos conteúdos<br />

<strong>de</strong>spertam”.<br />

Com atrações já consagradas,<br />

como Detetives do Prédio Azul<br />

(DPA), em sua décima primeira<br />

temporada, no canal Gloob, ou<br />

novida<strong>de</strong>s como Escola <strong>de</strong> Gênios,<br />

lançada em outubro <strong>de</strong>ste<br />

ano, o filão infantil tem sido um<br />

dos maiores celeiros da produção<br />

nacional. Lançado em 2012,<br />

o Gloob é o carro-chefe no segmento<br />

infantil. Em outubro, o<br />

canal alcançou a li<strong>de</strong>rança na<br />

audiência do horário nobre infantil<br />

da TV paga (crianças <strong>de</strong> 4<br />

a 11 anos). Os bons resultados<br />

são fruto da combinação transmídia<br />

das atrações. Uma das<br />

novida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sta temporada <strong>de</strong><br />

Detetives do Prédio azul, em sua nova temporada, aposta no formato transmídia em que o final po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>cidido via internet<br />

Rios, da HBO: responsabilida<strong>de</strong> das programadoras é semear bons conteúdos<br />

Fotos:Divulgação<br />

DPA é a mistura <strong>de</strong> conteúdos<br />

na TV, re<strong>de</strong>s sociais e participação<br />

do público na escolha do final<br />

<strong>de</strong> cinco episódios, uma vez<br />

por semana. Todas as sextas-<br />

-feiras, o elenco fará uma live,<br />

diretamente do canal oficial do<br />

Gloob no YouTube, com flashes<br />

ao vivo na TV durante os intervalos,<br />

para convidar o público a<br />

<strong>de</strong>finir o <strong>de</strong>sfecho do episódio<br />

que vai ao ar naquele dia.<br />

Mas não é apenas o público<br />

infantil que é ávido para consumo<br />

<strong>de</strong> conteúdo nacional.<br />

As séries <strong>de</strong> ficção, <strong>de</strong> não-<br />

-ficção e documentários para o<br />

público adulto também estão<br />

no alvo das programadoras. A<br />

HBO, em 15 anos <strong>de</strong> produções<br />

originais na América Latina,<br />

já produziu mais <strong>de</strong> 80 títulos<br />

na região. No Brasil, apenas<br />

em <strong>2018</strong>, foram anunciadas 19<br />

novas produções, além <strong>de</strong> sucessos<br />

como a série Magnífica<br />

70, em sua terceira temporada.<br />

Entre os lançamentos, <strong>de</strong>sta-<br />

52 <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark


EsPEcial TV Paga<br />

Fotos:Divulgação<br />

“Sinto que,<br />

como produtor<br />

<strong>de</strong> conteúdo<br />

original, noSSa<br />

reSponSabilida<strong>de</strong><br />

é imenSa”<br />

que para a série Pico na Neblina,<br />

que se passa em uma São<br />

Paulo ficcional on<strong>de</strong> a maconha<br />

foi recentemente legalizada. A<br />

trama gira em torno do jovem<br />

traficante Biriba, que <strong>de</strong>ci<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ixar para trás a vida do crime<br />

e usar seus conhecimentos para<br />

ven<strong>de</strong>r o produto <strong>de</strong>ntro da lei<br />

e junto com Vini, seu sócio investidor<br />

pouco experiente. A<br />

produção é da O2, dirigida por<br />

Quico Meirelles, filho <strong>de</strong> Fernando<br />

Meirelles. “Quando a<br />

gente fez Filhos do Carnaval, o<br />

filho do Meirelles tinha 14 anos.<br />

Hoje temos uma nova geração<br />

pensando diretamente em produções<br />

<strong>de</strong> TV paga. É um universo<br />

criativo muito ágil, em<br />

ebulição. Há muitas histórias a<br />

serem contadas”, <strong>de</strong>staca Roberto<br />

Rios, vice-presi<strong>de</strong>nte corporativo<br />

<strong>de</strong> produções originais<br />

da HBO Latin America.<br />

#MeChamaDebruna se prepara para sua terceira temporada, em <strong>de</strong>zembro, na Fox; produção é uma das mais populares no canal<br />

Goes: criar conexões emocionais com a audiência é fundamental<br />

númEros faVoráVEis<br />

O Informe Anual da TV Paga<br />

2017, publicado pela Agência<br />

Nacional <strong>de</strong> Cinema (Ancine),<br />

evi<strong>de</strong>nciou a consolidação do<br />

conteúdo brasileiro na gra<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> programação dos canais <strong>de</strong><br />

TV paga. As obras nacionais<br />

ocuparam 17,7% das horas <strong>de</strong><br />

programação no ano passado,<br />

com <strong>de</strong>staque para as ficções e<br />

documentários, que correspon<strong>de</strong>ram<br />

a 68,5% do montante total.<br />

As expectativas evi<strong>de</strong>nciam<br />

números ainda mais favoráveis<br />

para <strong>2018</strong>.<br />

Segundo Zico Goes, vice-<br />

-presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> produções originais<br />

da Fox Networks Group,<br />

o mercado tem uma “pungência<br />

latente”, mas ainda está em<br />

fase <strong>de</strong> amadurecimento. “Hoje<br />

há mais qualida<strong>de</strong> na relação<br />

dos canais com os produtores.<br />

Temos também criadores que<br />

vêm <strong>de</strong> diferentes áreas – cinema,<br />

teatro e publicida<strong>de</strong> – e<br />

<strong>de</strong>ixam a discussão mais rica”.<br />

Para o executivo, esse amadurecimento<br />

contribuiu para aprimorar<br />

a qualida<strong>de</strong> do conteúdo<br />

final, seja ele factual ou ficcional.<br />

A companhia investe em<br />

até cinco novas temporadas <strong>de</strong><br />

séries <strong>de</strong> ficção por ano, o equivalente<br />

a 40 horas anuais. Em<br />

outubro, acabou <strong>de</strong> estrear a<br />

série Impuros, drama com base<br />

em fatos reais e ambientada<br />

nos anos 1990, auge da guerra<br />

do narcotráfico do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Histórias inspiradas em situações<br />

reais fazem o sucesso das<br />

produções do grupo. Em sua<br />

terceira temporada, que estreia<br />

em <strong>de</strong>zembro, #MeChameDe-<br />

Bruna é uma das principais produções<br />

da companhia. A série é<br />

inspirada na história da garota<br />

Marinho: enten<strong>de</strong>r o consumidor ajuda na produção <strong>de</strong> conteúdo<br />

<strong>de</strong> programa Bruna Surfistinha.<br />

“Os objetivos <strong>de</strong> uma produção<br />

original vão muito além do retorno<br />

financeiro direto. Em primeiro<br />

lugar, é importante atrair<br />

e engajar a audiência, estabelecendo<br />

uma relação mais direta<br />

com o público”, avalia Goes.<br />

Cada vez mais complexos<br />

e com linguagem sofisticada,<br />

próxima ao cinema e gran<strong>de</strong>s<br />

produções, o conteúdo nacional<br />

tem se tornado instrumento<br />

para que produtoras e programadoras<br />

se aproximem com<br />

proprieda<strong>de</strong> do público, criando<br />

valor. Para Rios, da HBO, entra<br />

em cena a responsabilida<strong>de</strong><br />

pelo que é apresentado. “Sinto<br />

que, como produtor <strong>de</strong> conteúdo<br />

original, nossa responsabilida<strong>de</strong><br />

é imensa. Colocar a melhor<br />

semente e condições para<br />

que essas séries tenham relações<br />

duradouras. O nosso terreno<br />

está em ampla discussão”.<br />

Marinho concorda, ressaltando<br />

que o momento é <strong>de</strong><br />

aprendizagem. “Atravessamos<br />

uma fase em que a qualida<strong>de</strong> e<br />

a relevância dos produtos audiovisuais<br />

são cada vez maiores.<br />

E o potencial competitivo<br />

também”.<br />

54 <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark


ESPECIAL TV PAGA<br />

“A Pay TV continua<br />

se reinventando<br />

todos os dias”<br />

Os canais <strong>de</strong> TV por assinatura têm se<br />

beneficiado dos novos formatos para a<br />

comunicação das marcas, entre os quais<br />

o bran<strong>de</strong>d content. Para o executivo<br />

Gilberto Corazza, vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> vendas<br />

publicitárias da Turner Brasil e coor<strong>de</strong>nador do<br />

Comitê <strong>de</strong> Publicida<strong>de</strong> da ABTA, o raciocínio<br />

integrado é estratégico e indissociável do<br />

planejamento <strong>de</strong> ocupação dos espaços nas gra<strong>de</strong>s<br />

comerciais das emissoras do ecossistema. Nessa<br />

entrevista, Corazza explica que o meio teve <strong>de</strong> se<br />

reinventar e vai continuar nessa busca. “Estamos<br />

na era da inovação”, ele resume, querendo dizer<br />

que as programadoras precisam ter ofertas <strong>de</strong><br />

produtos além da prateleira.<br />

Divulgação<br />

Corazza, da Turner e ABTA: “Um olhar profundo para as necessida<strong>de</strong>s dos anunciantes”<br />

Paulo Macedo<br />

CENÁRIO<br />

Os últimos anos foram marcados<br />

pela pior crise econômica<br />

da história, o que levou a uma<br />

retração do mercado e um cenário<br />

bastante <strong>de</strong>safiador tanto<br />

para veículos, quanto para os<br />

anunciantes. Nos últimos meses,<br />

essa retração tem sido bem<br />

menor, em linha com a retomada<br />

da economia, que ainda é<br />

lenta. Essa nova realida<strong>de</strong> traz<br />

novas oportunida<strong>de</strong>s e é uma<br />

constante busca <strong>de</strong> transformações<br />

por parte <strong>de</strong> todos os<br />

players, influenciando diretamente<br />

no crescimento <strong>de</strong> empresas<br />

produtoras <strong>de</strong> conteúdo.<br />

A TV paga teve <strong>de</strong> se reinventar<br />

e continua se reinventando todos<br />

os dias. Os mo<strong>de</strong>los estão<br />

mudando, alcançando outras<br />

plataformas <strong>de</strong> forma vertiginosa,<br />

alterando estrutura <strong>de</strong><br />

custos e receitas. Em termos <strong>de</strong><br />

distribuição da verba publicitária,<br />

a TV aberta ainda <strong>de</strong>tém a<br />

maior parte do bolo no Brasil,<br />

entretanto, vejo um enorme<br />

potencial <strong>de</strong> crescimento para<br />

a Pay TV.<br />

OPORTUNIDADES<br />

O ecossistema <strong>de</strong> TV pagaoferece<br />

uma ampla gama <strong>de</strong><br />

novos formatos para marcas e<br />

anunciantes. Estamos na era<br />

da inovação. As programadoras<br />

<strong>de</strong> TV por assinatura têm, cada<br />

vez mais, um olhar profundo<br />

para as necessida<strong>de</strong>s dos anunciantes<br />

e pensam em soluções<br />

integradas com eles para fazer<br />

uma entrega 360, indo muito<br />

além dos produtos <strong>de</strong> prateleira,<br />

e atuando uma indústria <strong>de</strong><br />

criação e customização. Várias<br />

programadoras reúnem capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> produção e possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> inserção da marca <strong>de</strong><br />

forma orgânica, via bran<strong>de</strong>d<br />

content, um dos formatos mais<br />

explorados para contar a história<br />

<strong>de</strong> uma marca.<br />

MARKETING<br />

A TV por assinatura acredita<br />

na força do conteúdo relevante<br />

para que os assinantes<br />

consumam em qualquer tela,<br />

em qualquer lugar, a qualquer<br />

hora. É nisso que investimos,<br />

pois é isso que o público quer:<br />

liberda<strong>de</strong> para selecionar o que<br />

lhe interessa e interagir com<br />

esta escolha. Entre as evoluções<br />

da Pay TV po<strong>de</strong>mos citar a força<br />

da programação ao vivo, especialmente<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s eventos<br />

internacionais, e as ofertas <strong>de</strong><br />

programação on <strong>de</strong>mand e em<br />

diversos <strong>de</strong>vices, valorizando a<br />

“A publicidA<strong>de</strong><br />

em TV esTá em<br />

consTAnTe<br />

eVolução”<br />

entrega <strong>de</strong> conteúdo integrado.<br />

DIFERENÇA<br />

A publicida<strong>de</strong> em TV está em<br />

constante evolução. O break<br />

comercial <strong>de</strong> 30” ainda é parte<br />

importante da entrega para as<br />

marcas, e a TV por assinatura<br />

tem um papel muito importante<br />

na otimização das compras<br />

<strong>de</strong> flights <strong>de</strong> televisão; ajuda<br />

tanto em cobertura quanto<br />

em rentabilida<strong>de</strong> em todos os<br />

targets mais relevantes para o<br />

mercado. O consumidor está<br />

cada vez mais exigente na experiência<br />

<strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> entretenimento;<br />

na realida<strong>de</strong>, ele<br />

quer interagir <strong>de</strong> forma orgânica<br />

com as marcas e se i<strong>de</strong>ntificar<br />

com o posicionamento das<br />

mesmas, através <strong>de</strong> uma conversa<br />

engajadora. E neste ponto<br />

a TV por assinatura tem muita<br />

flexibilida<strong>de</strong> e diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

formatos, criando um ambiente<br />

propício para que haja este tipo<br />

<strong>de</strong> interação. Sejam nos sinais<br />

lineares ou nas plataformas digitais,<br />

a criação <strong>de</strong> projetos que<br />

contribuem para a estratégia<br />

<strong>de</strong> comunicação dos clientes é<br />

um gran<strong>de</strong> diferencial também.<br />

Para sermos relevantes para os<br />

assinantes, é preciso ter uma<br />

conexão emocional. As pessoas<br />

estão sintonizadas na Pay TV<br />

para ver um conteúdo específico<br />

que as agra<strong>de</strong> e com o qual<br />

querem interagir. É exatamente<br />

isso que vários players estão<br />

fazendo: construindo uma jornada<br />

do assinante no on-air e<br />

no off-air, na TV e nas re<strong>de</strong>s sociais<br />

e nos eventos ao vivo (live<br />

experiences). Entregamos uma<br />

experiência <strong>de</strong> marca <strong>de</strong> forma<br />

diversificada e engajadora!<br />

PLATAFORMAS<br />

Evoluímos juntos. Não encaramos<br />

as plataformas <strong>de</strong> VOD<br />

como concorrentes e sim, complementares.<br />

É parte do processo<br />

natural da evolução do segmento.<br />

Os hábitos <strong>de</strong> consumo<br />

mudam e acompanhamos essa<br />

evolução <strong>de</strong> forma que o público<br />

se veja cada vez mais como<br />

parte integrante da construção<br />

<strong>de</strong>ste meio, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

da plataforma.<br />

jornal propmark - <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> 55


Produtoras<br />

Prática do treatment alia estética,<br />

linguagem e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> venda<br />

A Cine reestrututou sua área <strong>de</strong> criação e pesquisa para se aliar à nova<br />

tendência do mercado e Corazón ganha job internacional com a técnica<br />

Fotos: Divulgação<br />

Doria <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias para viabilizar filmes <strong>de</strong>ntro do custo Mariane Goebel recomenda bom senso para não onerar Ferreira, da Corazón, fala que treatment significa criativida<strong>de</strong><br />

Paulo Macedo<br />

Treatment, ou tratamento, é<br />

a macrotendência do segmento<br />

<strong>de</strong> produção <strong>de</strong> conteúdos<br />

audiovisuais <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>,<br />

agora com bran<strong>de</strong>d content<br />

e digital, ou seja, além dos tradicionais<br />

comerciais <strong>de</strong> 30. A<br />

Cine, por exemplo, promoveu<br />

reestruturação nas áreas <strong>de</strong><br />

pesquisa e criação para se a<strong>de</strong>quar<br />

à nova realida<strong>de</strong>.<br />

“O treatment é fundamental<br />

para apresentar à agência e ao<br />

cliente a visão do diretor para<br />

a produção do filme, alinhado<br />

com o orçamento, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r<br />

uma visão criativa que<br />

está em sintonia com o propósito<br />

da campanha e agrega ao<br />

projeto i<strong>de</strong>ias inovadoras <strong>de</strong><br />

linguagem, estética e narrativa,<br />

o que melhora o processo entre<br />

produtora e agência. O treatment<br />

traz i<strong>de</strong>ias a mais, inspiração<br />

e propostas <strong>de</strong> produção<br />

que po<strong>de</strong>m viabilizar o filme <strong>de</strong><br />

maneira criativa e alinhada ao<br />

conceito”, explica Raul Doria,<br />

sócio-diretor da Cine.<br />

Segundo ele, o fato <strong>de</strong> o<br />

treatment apresentar referências<br />

junto da <strong>de</strong>fesa do diretor<br />

traz alinhamento <strong>de</strong> intenção<br />

x viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção e<br />

assim ajuda o processo como<br />

um todo na previsão <strong>de</strong> custos.<br />

“Em alguns projetos temos<br />

uma abertura maior <strong>de</strong> troca<br />

<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias e já ocorreram casos<br />

em que o tratamento foi fundamental<br />

para a aprovação do job,<br />

pois o diretor apresentou uma<br />

proposta estética e linguagem<br />

que fez o projeto crescer muito,<br />

ou i<strong>de</strong>ias estratégicas para<br />

viabilizar o filme <strong>de</strong>ntro do custo,<br />

sem per<strong>de</strong>r autenticida<strong>de</strong> e<br />

conceito”.<br />

A Corazón Filmes competiu<br />

com outras nove produtoras em<br />

pitch promovido pela Ogilvy <strong>de</strong><br />

Chicago/EUA. E venceu, <strong>de</strong>vido<br />

ao treatment proposto. “Não éramos<br />

a preferência dos criativos.<br />

Porém, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> apresentarmos<br />

a visão do diretor, ficaram encantados<br />

e acabamos ganhando<br />

o job. Então, é claro que existem<br />

“em muitos casos,<br />

o tratamento<br />

po<strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir<br />

um trabalho”<br />

muitas concorrências em que o<br />

tratamento não tem tanto peso;<br />

os critérios são outros como repertório,<br />

relacionamento etc.<br />

Mas, em muitos casos, o tratamento<br />

po<strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir um trabalho”,<br />

<strong>de</strong>staca Igor Ferreira, sócio<br />

e diretor-executivo da Corazón,<br />

que tem equipe composta por<br />

cinco profissionais para dar suporte<br />

ao treatment.<br />

Ferreira acrescenta: “Na publicida<strong>de</strong>,<br />

não basta ser um<br />

gran<strong>de</strong> diretor. Se você <strong>de</strong>seja<br />

que um cliente compre suas<br />

i<strong>de</strong>ias, terá <strong>de</strong> vendê-las muito<br />

bem. Muitos trabalhos incríveis<br />

foram perdidos por conta do<br />

mau ven<strong>de</strong>dor. Se você quer a<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criar um comercial<br />

para ven<strong>de</strong>r o produto<br />

<strong>de</strong> um cliente, primeiro, você<br />

precisa <strong>de</strong> um tratamento <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>staque para ven<strong>de</strong>r a ele sua<br />

i<strong>de</strong>ia. Criar ótimos tratamentos<br />

não é apenas ven<strong>de</strong>r suas<br />

i<strong>de</strong>ias, é um ato <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong><br />

em si. O tratamento para os<br />

diretores precisa ser uma parte<br />

essencial do processo.”<br />

Para Mariane Goebel, diretora<br />

<strong>de</strong> produção integrada da<br />

BETC/Havas, “a visão do diretor<br />

é uma ferramenta importantíssima<br />

para alinhar as expectativas<br />

da agência e cliente, tanto<br />

criativa como financeiramente.<br />

Porém, <strong>de</strong>ve ser utilizada com<br />

muito bom senso, pois é algo<br />

que onera nossos parceiros, um<br />

investimento <strong>de</strong> tempo e dinheiro<br />

dos profissionais, e não<br />

<strong>de</strong>veria ser solicitada em projetos<br />

mais simples - on<strong>de</strong> um<br />

treatment não se faz essencial”.<br />

56 <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark


supercenas<br />

Paulo Macedo paulo@propmark.com.br<br />

Fotos: Divulgação<br />

As cantoras Preta Gil e Iza são as<br />

protagonistas da campanha digital<br />

Eu posso ser o que eu quiser, da<br />

marca Salon Line, que começou<br />

a ser veiculada no último dia 19<br />

nas re<strong>de</strong>s sociais do anunciante<br />

MANIFESTO<br />

Especializada em produtos capilares, a marca Salon Line lançou<br />

na semana passada a campanha institucional Eu posso ser o que eu<br />

quiser, com a participação <strong>de</strong> Preta Gil e Iza, suas embaixadoras.<br />

Exclusiva para o digital e plataforma OOH, a ação tem como ponto<br />

alto um discurso narrado por Preta: “O padrão do cabelo, do corpo,<br />

da perfeição, da fragilida<strong>de</strong>, acabou. Essa história <strong>de</strong> você não<br />

po<strong>de</strong>, você não <strong>de</strong>ve, você não é boa, você não é bonita, acabou.<br />

As pessoas nem sempre vão gostar <strong>de</strong> você. Só uma mulher po<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>cidir quem ela quer ser.” Há mais <strong>de</strong> 20 anos no mercado, a Salon<br />

Line propõe esse manifesto sobre “beleza, diversida<strong>de</strong> e sororida<strong>de</strong>”<br />

como um “basta” às padronagens estabelecidas pelas pessoas e<br />

pela mídia. Por isso, quer dialogar com mulheres <strong>de</strong> diversas estaturas,<br />

etnias, ida<strong>de</strong>s e personalida<strong>de</strong>s. A campanha, que teve direção<br />

<strong>de</strong> criação <strong>de</strong> Alexandre Manisk, conta com a participação <strong>de</strong> 19<br />

mulheres, entre as quais a influencer Karol Pinheiro, que participa<br />

da última cena do ví<strong>de</strong>o com a frase Ninguém segura uma mulher<br />

segura. Não mesmo!<br />

Com direção <strong>de</strong> João Papa, do elenco da Barry Company, Anitta bate recor<strong>de</strong> <strong>de</strong> views no YouTube com seus clipes<br />

RECORDE<br />

Figura onipresente na cena pop brasileira,<br />

a cantora Anitta está ‘caitituando’ seu EP<br />

Solo com apoio <strong>de</strong> três clipes dirigidos por<br />

João Papa, da produtora Barry Company,<br />

que após três dias já tinham alcançado a<br />

marca <strong>de</strong> 32 milhões <strong>de</strong> views no YouTube.<br />

Porém, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que chegou à plataforma<br />

audivisual do Google, no último dia 9, a<br />

audiência já superou as 50 milhões <strong>de</strong> interações.<br />

Os ví<strong>de</strong>os contemplam as canções<br />

Não perco meu tempo, em português;<br />

Goals, em inglês; e Veneno, em espanhol.<br />

“Esses clipes são reflexo também do novo<br />

momento da produtora, que tem atuado<br />

nos mais diversos formatos”, <strong>de</strong>staca<br />

Krysse Mello, sócia e produtora-executiva<br />

da Barry Company. Em cenas <strong>de</strong> Não perco<br />

meu tempo, Anitta empresta toque <strong>de</strong> ousadia<br />

ao distribuir beijos em 24 pessoas. “A<br />

i<strong>de</strong>ia dos beijos foi <strong>de</strong>la. Propus <strong>de</strong> fazermos<br />

em um plano sequência, o que exigiu<br />

uma filmagem bem técnica e repetitiva”,<br />

disse Papa.<br />

jornal propmark - <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> 57


última página<br />

Sa<strong>de</strong>ugra/iStock<br />

as empresas<br />

tech e síndrome<br />

<strong>de</strong> münchausen<br />

Claudia Penteado<br />

curioso como, por mais que se encontre<br />

É sujeira <strong>de</strong>baixo do tapete das gran<strong>de</strong>s<br />

empresas do universo tech, a indústria da<br />

comunicação segue firme mantendo investimentos<br />

e contribuindo para mantê-las<br />

entre as mais po<strong>de</strong>rosas do planeta. Não<br />

sou Poliana, estou ciente <strong>de</strong> que em muitas<br />

ocasiões interesses econômicos se sobrepuseram<br />

a <strong>de</strong>slizes éticos. Mas o que estamos<br />

vendo hoje me parece estarrecedor<br />

e sem prece<strong>de</strong>ntes. Pego como exemplo o<br />

Facebook, envolvido em um escândalo<br />

<strong>de</strong> vazamento <strong>de</strong> dados <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 87 milhões<br />

<strong>de</strong> pessoas que teriam ajudado uma<br />

consultoria a montar (entre outras coisas)<br />

a estratégia <strong>de</strong> campanha eleitoreira<br />

<strong>de</strong> Donald Trump. Mais<br />

recentemente, ficou claro que<br />

também o Facebook pagava<br />

uma empresa <strong>de</strong> RP para <strong>de</strong>sacreditar<br />

rivais - algo que, aparentemente,<br />

tornou-se lugar-<br />

-comum nas disputas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<br />

no Vale do Silício.<br />

ViVendo uma<br />

das maiores<br />

crises <strong>de</strong><br />

imagem, o<br />

Facebook<br />

Viu seu<br />

Faturamento<br />

crescer 50%<br />

Vivendo uma das maiores crises<br />

<strong>de</strong> imagem, o Facebook viu<br />

seu faturamento crescer 50%<br />

no primeiro trimestre <strong>de</strong> <strong>2018</strong>,<br />

com lucros avançando 63% e,<br />

no segundo trimestre, o lucro líquido crescer<br />

31%, e a receita subir 42%. O Facebook<br />

segue firme concentrando, junto com o<br />

Instagram, pelo menos 87% dos investimentos<br />

no formato ví<strong>de</strong>o nos EUA. É um<br />

dos “Big 4”, gigantes do mundo digital que<br />

incomodam, ganham críticas, são tema <strong>de</strong><br />

análises, livros, palestras e <strong>de</strong>bates ao redor<br />

do mundo. Mas no fim do dia, na hora<br />

<strong>de</strong> aprovar os investimentos em mídia, os<br />

principais CMOs do mundo mantêm suas<br />

estratégias tanto no Facebook quanto nas<br />

<strong>de</strong>mais empresas do grupo, pois nelas está<br />

a tão ambicionada audiência. As empresas<br />

tech concentram o maior “share na mente”<br />

das pessoas, como bem <strong>de</strong>finiu um artigo<br />

recente na The Economist, que aborda precisamente<br />

como as po<strong>de</strong>rosas empresas<br />

<strong>de</strong> tecnologia, tão controversas em suas<br />

ações, se expan<strong>de</strong>m mais e mais ocupando<br />

o papel <strong>de</strong> intermediárias nas interações<br />

entre as pessoas e o mundo. São elas, as<br />

empresas Tech, que formam a fina camada<br />

que envolve toda a economia <strong>de</strong> consumo<br />

global. Quanto mais acumulam dados das<br />

pessoas, mais as enredam, tornando qualquer<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escape cara ou trabalhosa<br />

<strong>de</strong>mais. Quanto mais evoluem em<br />

tecnologias - como inteligência artificial<br />

-, mais potentes se tornarem habilida<strong>de</strong>s<br />

manipulativas. O artigo é educativo e assustador<br />

(seu título é Technology firms are<br />

both the friend and the foe of competition<br />

- algo como As empresas <strong>de</strong> tecnologia são<br />

tanto as amigas quanto as inimigas<br />

da competição) e me parece<br />

<strong>de</strong>scortinar essa estranha síndrome<br />

<strong>de</strong> Münchausen que nos<br />

faz adorar aqueles que são, na<br />

realida<strong>de</strong>, nossos algozes.<br />

Meu ponto é: como encaixar<br />

neste cenário o discurso das<br />

empresas e marcas em torno<br />

<strong>de</strong> propósito, confiança e transparência,<br />

se na prática ele não<br />

se materializa? Parece-me uma<br />

esquizofrenia crônica, que molda<br />

discursos na <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> relações<br />

mais éticas, enquanto vela ações que<br />

sustentam mo<strong>de</strong>los nitidamente tóxicos.<br />

Por sinal, “Tóxico” foi escolhida a palavra<br />

<strong>de</strong> <strong>2018</strong> pelo Dicionário Oxford: resume o<br />

mood do ano, além <strong>de</strong> ter sido a mais buscada<br />

no site neste ano <strong>de</strong> imensa polarização<br />

política e instabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> humores, comportamentos,<br />

i<strong>de</strong>ologias. Prefiro acreditar<br />

que há, neste momento, uma imensa janela<br />

<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> para algumas empresas e<br />

marcas que, <strong>de</strong> fato, acreditam que ações<br />

são mais relevantes do que palavras e belas<br />

i<strong>de</strong>ias exibidas em painéis <strong>de</strong> alta <strong>de</strong>finição<br />

da Times Square. Talvez algumas <strong>de</strong>las -<br />

com seu po<strong>de</strong>r financeiro - aju<strong>de</strong>m a criar<br />

uma cena digital menos tóxica. Ou talvez<br />

eu esteja sendo um pouco idílica. Talvez.<br />

58 <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark

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