EDUCAÇÃO EDUCAÇÃO TUDO COMEÇA A <strong>ComTempo</strong> entrevistou duas psicopedagogas que analisaram o cenário educacional infantil atual e opinaram sobre o que ainda po<strong>de</strong> ser ser feito para o Brasil Brasil torna-se referência referência em em educação. educação. 12 13 12 13 PELA EDUCAÇÃO INFANTIL MARCOS PITTA MARCOS PITTA
O número <strong>de</strong>veria ser zero. Mas, 65,9% das crianças <strong>de</strong> 0 a 3 anos estão sem matrículas na escolas e creches. O Anuário Brasileiro <strong>de</strong> Educação <strong>2018</strong>, que tem como referência dados <strong>de</strong> 2015 e 2016, revela que apenas 34,1% das crianças <strong>de</strong>sta faixa etária estão regularmente matriculadas nas escolas <strong>de</strong> todo o Brasil. A meta do Plano Nacional <strong>de</strong> Educação era atingir, pelo menos, 50% das crianças, mas esta realida<strong>de</strong> está distante. Observa-se no levantamento que em 17 anos a taxa <strong>de</strong> alunos frequentando a escola melhorou 142%, já que em 2001, o número <strong>de</strong> alunos nas unida<strong>de</strong>s educacionais era <strong>de</strong> 13,8%. Quando refere-se a Pré-escola, com crianças <strong>de</strong> 4 e 5 anos, o Anuário mostra resultados mais positivos. São 93% das crianças <strong>de</strong>sta faixa etária com acesso à educação. A a<strong>de</strong>são também aumentou, tendo em vista que em 2001, 66,4% <strong>de</strong>stes estudantes estavam <strong>de</strong>ntro das salas <strong>de</strong> aula. No entanto, dar educação às crianças é um <strong>de</strong>safio aos municípios brasileiros. O estudo revela também, a taxa <strong>de</strong> crianças que estão nas escolas por cada região do país. Entre crianças <strong>de</strong> 0 a 3 anos, a região Sul é a que mais aten<strong>de</strong>, são 40,9% <strong>de</strong>ste público <strong>de</strong>ntro das escolas. Em segundo lugar está o Su<strong>de</strong>ste com 40,4%. Em terceiro, o Nor<strong>de</strong>ste com 30,6%. O Centro Oeste vem em seguida, trazendo <strong>de</strong>ntro das escolas 26,9% das crianças <strong>de</strong>sta faixa etária. Por último, a região Norte é a que menos oferece possibilida<strong>de</strong>s para crianças na educação infantil, são apenas 18,3% que estão <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> escolar. Apesar das regiões terem quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> populações diferentes, observa-se que nenhuma, em sua proporção, consegue dar educação a pelo menos meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas crianças. Já quando os números rementem-se aos alunos <strong>de</strong> 4 e 5 anos, os dados por regiões são mais satisfatórios, assim como o acumulado <strong>de</strong> todo o país já citado anteriormente. Nesta faixa etária, o último lugar continua com a região Norte, que oferece educação infantil a 86,9% das crianças. O Centro Oeste também permanece como penúltimo, totalizando 88,6%. O terceiro lugar nesta faixa etária está com o Sul (90,4%), sendo antecedido pelo Su<strong>de</strong>ste com 94,5% e, o primeiro lugar, está com o Nor<strong>de</strong>ste, que coloca <strong>de</strong>ntro da pré-escola, 95,6% das crianças <strong>de</strong>sta região. Ainda assim, é possível analisar que muitas crianças continuam fora das escolas. Resultado disso é refletido quando os dados mostram a a<strong>de</strong>são <strong>de</strong> matrículas no ensino fundamental e médio. O Anuário revela que em 2017, 75,9% dos jovens <strong>de</strong> 16 anos concluíram o ensino fundamental. Já no ensino médio, quando a ida<strong>de</strong> está entre 15 e 17 anos, 67,5% estão <strong>de</strong>ntro das escolas. No entanto, o quadro é grave. Os indicadores revelam que 2 milhões <strong>de</strong> jovens entre 15 e 17 anos ainda nem começaram a cursar o ensino fundamental e outros 903,1 mil não estudam e não concluíram o ensino médio. Apesar dos números não serem os esperados para um país <strong>de</strong> primeiro mundo, notase que ano após ano, a taxa <strong>de</strong> matrícula nas escolas, em todas as faixa etárias vêm subindo. No entanto, não há motivos para comemorar, tendo em vista os déficits apresentados. Por isso, a <strong>ComTempo</strong> entrevistou duas especialistas em educação infantil. Ana Paula Salazar, psicopedagoga, professora <strong>de</strong> educação infantil e <strong>de</strong> Sala <strong>de</strong> Recursos (Deficiência Intelectual), na Secretaria da Educação do Estado <strong>de</strong> São Paulo e que atualmente aten<strong>de</strong> crianças, jovens e adultos com dificulda<strong>de</strong>s escolares em Jaboticabal-SP. E Mariana Galves, psicopedagoga clínica, alfabetizadora <strong>de</strong> turma do 1º ano do ensino fundamental e tutora em graduação <strong>de</strong> Pedagogia, além <strong>de</strong> realizar atendimentos psicopedagógicos clínicos em Ribeirão Preto. Durante a entrevista, as duas profissionais opinaram sobre o atual cenário educacional do Brasil, analisaram a importância da participação da família na vida escolar das crianças, além <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>rem questões que envolvem, <strong>de</strong> certa forma, as discussões sobre escola x opinião e os malefícios da aproximação, cada vez mais constante das crianças, com a tecnologia. <strong>ComTempo</strong>: Qual o principal <strong>de</strong>safio da educação infantil pública e privada no Brasil? Ana Paula: Com o trabalho que <strong>de</strong>senvolvo, vejo que a educação Infantil, tanto no setor público, quanto no privado, enfrenta <strong>de</strong>safios. O que preocupa, é o fato da re<strong>de</strong> pública não ter estrutura necessária para esta importante etapa da criança. Já na privada, percebo muitos pais, que por pagarem, terceirizam a educação que <strong>de</strong>veria acontecer em casa à instituição. Há também o <strong>de</strong>spreparo profissional, mas na particular tal fato é “mascarado”, o que fica mais explícito na re<strong>de</strong> pública. Mariana: Existem dois momentos na educação infantil: Creche (0 a 3 anos) e Pré-escola (4 e 5 anos), sendo a última, etapa obrigatória. Infelizmente, o acesso à re<strong>de</strong> pública é um gran<strong>de</strong> problema no país. Um ponto importante, é a questão da infraestrutura, nessa fase, as crianças precisam <strong>de</strong> espaço para explorar e <strong>de</strong>scobrir o mundo através dos sentidos, sendo assim, é <strong>de</strong>sejável que o espaço físico da escola conte com parques <strong>de</strong> areia, brinquedos, laboratórios, quadras esportivas, salas <strong>de</strong> arte, bibliotecas, entre outros. Materiais diversificados como: brinquedos apropriados para a faixa etária, materiais artísticos, livros paradidáticos, materiais pedagógicos, também são essenciais para o ambiente escolar. Além disso, a valorização dos profissionais da educação, bem como o investimento na formação continuada, são pontos extremamente relevantes na garantia <strong>de</strong> uma educação <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. Tanto na escola pública, como na privada, há <strong>de</strong>safio latente em compreen<strong>de</strong>r as características e peculiarida<strong>de</strong>s do aluno da Educação Infantil. Este <strong>de</strong>ve ser visto como um ser humano completo e complexo e não apenas como um adulto em miniatura. É indispensável o entendimento <strong>de</strong> que a infância é uma fase primordial no <strong>de</strong>senvolvimento do sujeito e como tal merece uma atenção especial. <strong>ComTempo</strong>: A educação é o principal meio para formar um cidadão. Como implantar uma educação <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> logo no ensino primário? Qual <strong>de</strong>ve ser a priorida<strong>de</strong> das escolas? Ana Paula: O papel da escola é transmitir e socializar conhecimentos que <strong>de</strong>verão influenciar principalmente na formação intelectual da criança. Porém, atualmente, não é o que acontece <strong>de</strong>vido à gestão governamental que não incentiva o ensino <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> nas escolas, já que muitas são assistencialistas. Vale ressaltar que a função <strong>de</strong> formar cidadão não se <strong>de</strong>lega somente à escola e sim à família, responsável por educar e transmitir valores éticos e morais para se viver em socieda<strong>de</strong>. Hoje, acredito que a priorida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser o <strong>de</strong>senvolvimento a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> cada criança, <strong>de</strong> acordo com sua faixa etária. Mariana: É importante a existência <strong>de</strong> Políticas Públicas <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> que promovam o <strong>de</strong>bate nas mais diversas esferas educacionais, proporcionando uma unida<strong>de</strong> entre Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. Para que isso ocorra, é preciso ter políticos responsáveis e engajados pela causa da Educação. A qualificação <strong>de</strong> gestores e professores também é fator relevante nesse processo <strong>de</strong> melhoria da qualida<strong>de</strong> do ensino. Dessa forma, com as <strong>de</strong>vidas mudanças e parcerias estabelecidas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o âmbito político até o âmbito educacional, é possível obter avanços nos níveis <strong>de</strong> ensino e apren-