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Agência para a Modernização Administrativa, I.P. 07 - Dezembro 2018

Agência para a Modernização Administrativa, I.P.
07 - Dezembro 2018

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<strong>AMA</strong> — Agência para a Modernização Administrativa, I.P. • ama.gov.pt • ama@ama.pt • facebook.com/ama.gov.pt • twitter.com/ama_gov_pt<br />

DEZEMBRO 2018<br />

07<br />

Luís Goes Pinheiro<br />

Secretário de<br />

Estado Adjunto e<br />

da Modernização<br />

Administrativa<br />

Helena<br />

Monteiro<br />

A APDSI<br />

e os Serviços<br />

Digitais<br />

Câmara<br />

Municipal<br />

de Cascais<br />

Inovação Digital<br />

e Social<br />

Alexandre Nilo<br />

MUDA<br />

Movimento<br />

pela Utilização<br />

Digital Ativa<br />

Entrevista<br />

Opinião<br />

Boas Práticas<br />

Entrevista


Ficha técnica<br />

Índice<br />

Propriedade e Edição<br />

<strong>AMA</strong><br />

Agência para a Modernização<br />

Administrativa, I.P.<br />

Direção<br />

Pedro Silva Dias<br />

Coordenação Editorial:<br />

Comunicação/<strong>AMA</strong><br />

Editores<br />

Pedro Silva Dias<br />

Presidente do Conselho Diretivo/<strong>AMA</strong><br />

António Cruz<br />

Diretor de Comunicação/<strong>AMA</strong><br />

Regina Araújo<br />

Tiago Pereira<br />

Comunicação/<strong>AMA</strong><br />

Fotografia<br />

Comunicação/<strong>AMA</strong><br />

Projeto gráfico<br />

RPVP Designers<br />

Paginação<br />

Elsa Perdigão<br />

Comunicação/<strong>AMA</strong><br />

Impressão<br />

Palmigráfica<br />

Tiragem<br />

1500 exemplares<br />

Periodicidade<br />

Trimestral<br />

ISSN<br />

2183-9751<br />

Depósito Legal<br />

423678/17<br />

Distribuição Gratuita<br />

<strong>AMA</strong><br />

Agência para a Modernização<br />

Administrativa, I.P.<br />

ama.gov.pt | ama@ama.pt<br />

facebook.com/ama.gov.pt<br />

twitter.com/ama_gov_pt<br />

3 Editorial<br />

Pedro Silva Dias<br />

António Cruz<br />

4 Projeto <strong>AMA</strong><br />

Espaço Empresa<br />

6 Notícias<br />

8 Opinião<br />

INCODE<br />

10 Entrevista<br />

Luís Goes Pinheiro<br />

18 Artigo<br />

ACEPI<br />

22 Opinião<br />

Helena Monteiro - APDSI<br />

26 Boas Práticas<br />

Câmara Municipal de Cascais<br />

30 Entrevista<br />

Alexandre Nilo<br />

34 Artigo<br />

Cultura Digital 1.0 à procura de ser 4.0<br />

38 Artigo<br />

E-Government Survey das Nacões Unidas<br />

42 Simplex+<br />

44 S<strong>AMA</strong>2020<br />

Instituto do Desporto e da Juventude I.P.<br />

46 Loja de Cidadão<br />

Aveiro<br />

50 Estatísticas<br />

52 Participação Pública<br />

54 Notícias<br />

55 Números<br />

56 Agenda


Editorial<br />

<strong>Diagrama</strong> • dezembro 2018 3<br />

Pedro Silva Dias<br />

Editor<br />

Presidente — <strong>AMA</strong>, I.P.<br />

António Cruz<br />

Editor-Adjunto<br />

Comunicação — <strong>AMA</strong>, I.P.<br />

Oatendimento de serviços<br />

públicos é porventura a face<br />

mais visível do Estado na<br />

sua relação com os cidadãos<br />

e as empresas. É aqui que,<br />

frequentemente, começam ou terminam<br />

vários processos e interações com a<br />

Administração Pública.<br />

Ontem, como hoje, o que os cidadãos e as<br />

empresas exigem, nesta relação, é o mesmo:<br />

transparência, celeridade, simplicidade e<br />

comodidade.<br />

O que tem mudado, e sem dúvida<br />

nenhuma para melhor, são os métodos, a<br />

organização e as ferramentas que, hoje, nos<br />

permitem almejar prestar serviços públicos<br />

com a exigência e os níveis de serviço que a<br />

sociedade nos exige.<br />

Programas como o Simplex, que dá<br />

corpo a mais de centena e meia de medidas<br />

por ano, desempenham aqui um papel<br />

fundamental, tanto no diagnóstico de<br />

processos redundantes como na deteção<br />

de boas práticas passíveis de serem<br />

aplicadas noutros organismos e em<br />

contextos distintos. São estes processos,<br />

paulatinamente agilizados ou por vezes<br />

até mesmo eliminados, geralmente<br />

impulsionados pela evolução tecnológica,<br />

que permitem a prestação de serviços mais<br />

transparentes, mais céleres, mais simples e<br />

prestados com maior comodidade.<br />

É importante realçar que a melhoria dos<br />

processos de atendimento nem sempre<br />

precisa de tecnologia. Muitas vezes<br />

conseguem-se ganhos de eficiência, ou de<br />

eficácia, muito consideráveis a partir da<br />

mudança de mentalidades, da eliminação ou<br />

revisão de procedimentos desnecessários, ou<br />

ainda através da simplificação legislativa ou<br />

normativa. Mas não há dúvida que a inovação<br />

e a evolução tecnológica trazem várias<br />

oportunidades para agilizarmos os serviços<br />

públicos. E a comodidade que hoje nos é<br />

exigida pela sociedade passa, invariavelmente,<br />

cada vez mais pelo mundo digital,<br />

assegurando que podemos fazer um pedido a<br />

partir de qualquer lugar e a qualquer hora. É o<br />

que temos vindo a fazer, sem nunca esquecer<br />

quem não sabe ou não pode, como aqui já<br />

abordámos noutras edições da <strong>Diagrama</strong>.<br />

Nesta edição damos destaque às duas faces<br />

do atendimento: a presencial e a digital. Bons<br />

exemplos nas duas áreas não faltam!<br />

Para uma outra edição ficará o que podemos<br />

fazer casando as duas frentes, nomeadamente<br />

através da inteligência artificial, da realidade<br />

aumentada e da experimentação… porque<br />

não há sucesso sem arrojo, nem inovação sem<br />

experimentação. ≤


4<br />

Projeto <strong>AMA</strong><br />

São cada vez mais os serviços<br />

do Espaço Empresa<br />

«Para a empresa excelente a inovação é a única coisa permanente». A frase é de Tom Peters e<br />

ajuda a introduzir o «clima» de mutação permanente nos vários mercados globais. Num dos<br />

seus vários apontamentos sobre o universo digital, o engenheiro civil de formação reconhece<br />

que a «avalanche de inovação» tem vindo a modificar os paradigmas de negócio que hoje, mais<br />

do que nunca, são postos «à prova» de uma forma incessante, exigindo às entidades públicas e<br />

privadas uma disponibilidade diária de acompanhamento da atualidade.<br />

A explosão impulsionada pelas tecnologias da chamada «3.ª Plataforma Tecnológica», o<br />

Big Data, o Cloud Computing e as tecnologias mobile, justifica uma modificação progressiva<br />

dos ritmos de trabalho das empresas. Os contributos que, também, estão na base desta<br />

transformação digital são dados pelos «Aceleradores de Inovação», como: a Robótica, a<br />

Impressão 3D, a Inteligência Artificial, a Blockchain, a Internet of Things (IoT), entre outros.<br />

A competitividade das organizações nacionais está vinculada a um mercado cada vez mais<br />

global e que exige, aos principais agentes presentes no espaço digital, uma capacidade singular<br />

para inovar a partir dos projetos já existentes.<br />

O sucesso das novas plataformas digitais poderá ser medido através da capacidade que as<br />

organizações têm de se adaptarem e reverem internamente processos de investigação, análise<br />

conjuntural e consequentemente de tomada de decisão.<br />

É com base neste processo de mutação constante que urge diversificar as novas ofertas<br />

digitais, mantendo os mesmos canais de comunicação, os quais já têm um grau significativo<br />

de familiarização com os cidadãos, fomentando a criação de novos mecanismos digitais e<br />

procurando encontrar um ponto de equilíbrio entre a realidade digital conhecida e as novas<br />

plataformas a incorporar no mercado.<br />

«Num único lugar, aceda a vários serviços públicos e esclareça múltiplos assuntos que<br />

interessam à sua empresa ou atividade económica. Assim, tudo fica mais perto, mais rápido<br />

e mais simples. Não lhe parece um bom negócio?» É muito provável que este texto lhe seja<br />

familiar. Talvez já o tenha ouvido ao sintonizar uma estação de rádio perto de si. Teve início<br />

em junho de 2017, quando nasceu em Leiria o projeto-piloto do Espaço Empresa. Desde<br />

então, a <strong>AMA</strong> tem feito um esforço contínuo no sentido de sedimentar e dinamizar o projeto,<br />

alargando-o a diversos municípios e freguesias do nosso País.<br />

encontrar um ponto de equilíbrio entre a realidade<br />

digital conhecida e as novas plataformas a<br />

incorporar no mercado


<strong>Diagrama</strong> • dezembro 2018<br />

5<br />

Este é um projeto que<br />

percorre o seu caminho<br />

ladeado pela política dos<br />

três I’s: Investir, Inovar e<br />

Internacionalizar<br />

O conceito do Espaço Empresa rege-<br />

-se por cinco princípios básicos: 1.<br />

Financiamento e incentivos; 2. Exportação<br />

e internacionalização; 3. Aconselhamento<br />

e acompanhamento empresarial; 4.<br />

Intermediação e facilitação com entidades<br />

da Administração Pública (AP); 5. Apoio à<br />

realização de serviços eletrónicos.<br />

A <strong>AMA</strong> e o IAPMEI, em parceria,<br />

anunciaram, em abril de 2018, a instalação<br />

de mais 20 Espaços um pouco por todo o<br />

país. A ideia do Espaço Empresa é criar uma<br />

«rede de pontos únicos para atendimento às<br />

empresas, com serviços disponibilizados pela<br />

Administração Central e Local», reunindo<br />

no mesmo espaço o atendimento presencial<br />

de questões relacionadas com o ecossistema<br />

empresarial. O conceito deste projeto está<br />

assente numa «lógica de proximidade e de<br />

atendimento personalizado», sendo ainda<br />

complementado através dos canais online e<br />

telefónico.<br />

Entre o dia 5 de junho de 2017 e o dia 5 de<br />

junho de 2018, a linha de call center associada<br />

ao Portal do Cidadão recebeu um total de<br />

16.077 chamadas. Se atendermos unicamente<br />

aos serviços do Espaço Empresa, os números<br />

traduzem-se em 15% do número total de<br />

chamadas recebidas (2404), sendo que o mês<br />

de julho de 2017 foi o que registou o maior<br />

número de contactos (306).<br />

O Espaço Empresa mobiliza uma rede<br />

de pontos focais dos organismos da<br />

Administração Pública nacional, regional<br />

e local que reúnem sinergias em prol deste<br />

projeto, fazendo com que esta marca da AP<br />

não seja estática. Para além do atendimento<br />

presencial, este serviço «desdobra-se» ainda<br />

numa multiplicidade de serviços que reforçam<br />

a rede de atendimento online, materializada<br />

pelo Balcão do Empreendedor e Empresa<br />

Online.<br />

O Balcão do Empreendedor tem como<br />

serviços mais procurados o setor da<br />

restauração e bebidas, alojamento local,<br />

ocupação do espaço público, licenciamento<br />

industrial e mediação imobiliária,<br />

respetivamente. Na área reservada à Empresa<br />

Online é possível realizar serviços como a<br />

criação de empresa, obter uma marca na<br />

hora, solicitar o pedido de nome e proceder<br />

a inúmeros registos online, entre outros<br />

serviços.<br />

Este é um projeto que percorre o seu<br />

caminho ladeado pela política dos três I’s:<br />

Investir, Inovar e Internacionalizar, onde<br />

a principal preocupação se prende com a<br />

satisfação dos cidadãos e a eficiência dos<br />

serviços prestados.<br />

O horizonte tecnológico reserva novos<br />

desenvolvimentos que procurarão melhorar<br />

o leque de funcionalidades e valências<br />

disponíveis neste projeto. Com este portal,<br />

a Administração Pública reforça a panóplia<br />

de serviços ao dispor dos cidadãos e das<br />

empresas, numa perspetiva cada vez mais<br />

desafiante e que contribui para elevar<br />

o índice de presença<br />

e participação no<br />

espaço digital. ≤


6<br />

Notícias<br />

Infoexclusão Zero na Administração<br />

Pública<br />

No âmbito da medida 3.8 do INCoDe.2030 – Qualificação Digital dos Trabalhadores em Funções<br />

Públicas, o INA, em colaboração com a Agência para a Modernização Administrativa, deu<br />

início, no dia 20 de setembro, ao processo de diagnóstico das competências digitais básicas na<br />

Administração Pública, começando pelo Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.<br />

Integrado no projeto «Infoexclusão Zero», este diagnóstico será realizado em toda a<br />

Administração Central, nas diferentes áreas governativas. A sua execução permitirá um<br />

mapeamento do nível de competências digitais básicas detido pelos trabalhadores da<br />

Administração Pública, associando-lhe a formação adequada para a aquisição e desenvolvimento<br />

das referidas competências.<br />

10.º Congresso Nacional<br />

da Administração Pública<br />

Decorreu no dia 31 de outubro, no Centro de Congressos<br />

de Lisboa, na Junqueira, e o 10.º Congresso Nacional da<br />

Administração Pública, que pôs a debate a «Inovação Sem<br />

Fronteiras onde se procura desmistificar a realidade por trás<br />

de mitos e barreiras».<br />

O evento organizado pelo INA – Direção-geral da Qualificação dos Trabalhadores em<br />

Funções Públicas, na sua generalidade, reuniu gestores públicos experientes, empresários de<br />

sucesso e vários investigadores e, entre os temas que estiveram em análise, destacam-se as<br />

políticas públicas de inovação, as tecnologias aliadas à Administração Pública do futuro e o<br />

papel dos ambientes de trabalho.<br />

A sessão de inauguração contou com a presença de dois membros do Governo, o Ministro das<br />

Finanças, Mário Centeno, e a Ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Maria<br />

Manuel Leitão Marques. Paralelamente, realizaram-se três sessões onde foram apresentados<br />

projetos experimentais de inovação, projetos inovadores com resultados na Administração<br />

Pública portuguesa e a ligação entre a investigação e a inovação.<br />

O Presidente do Conselho Diretivo da <strong>AMA</strong>, Pedro Silva Dias, integrou o painel de oradores,<br />

com o tema «As Fronteiras Digitais: As Tecnologias na Administração Pública do Futuro», e o<br />

painel da tarde, sob o tema «Resultados da Inovação na Administração Pública», contou com a<br />

presença do Coordenador do LabX, Bruno Monteiro.


<strong>Diagrama</strong> • dezembro 2018<br />

7<br />

Portugal entre os países com melhores<br />

práticas de governo eletrónico<br />

O nosso País entrou, no dia 22 de novembro, no D9, o grupo dos países mais avançados em<br />

termos de governo digital.<br />

Criado em Londres, em 2014, por Reino Unido, Estónia, Israel, Nova Zelândia e Coreia do<br />

Sul, este grupo teve inicialmente a designação de D5 (pelo número de membros), alargando-se<br />

para D7, em 2017, com a entrada de Uruguai e Canadá.<br />

Nesse mesmo ano, a Nova Zelândia propôs a entrada de Portugal, contando com o apoio da<br />

Estónia, tendo a candidatura sido aceite por unanimidade pelos restantes Estados.<br />

Portugal foi admitido no dia em que também o México passou a integrar este grupo, onde<br />

será possível partilhar as boas práticas que temos seguido, dando a conhecer algumas delas,<br />

como a Chave Móvel Digital ou o Cartão de Cidadão, a Interoperabilidade ou mesmo os projetos<br />

recentes de Inteligência Artificial na Administração Pública.<br />

A assinatura da entrada formal de Portugal decorreu em Israel, na cidade de Jerusalém,<br />

numa cerimónia onde estiveram presentes a Ministra da Presidência e da Modernização<br />

Administrativa, Maria Manuel Leitão Marques, e o Presidente da Agência para a Modernização<br />

Administrativa, Pedro Silva Dias.


8<br />

Opinião<br />

A transformação digital<br />

e a importância do INCoDe2030<br />

Vivemos num momento de grandes transformações, onde a Internet mudou «inesperadamente»<br />

a vida das pessoas. As rotinas pessoais sofreram inúmeras modificações, novas atitudes<br />

preencheram o dia a dia e novos conceitos estão presentes para caracterizar uma vida repleta de<br />

informação.<br />

Novas terminologias incorporaram o vocabulário, como «Ciber», o prefixo «e-» e «digital».<br />

Ciber vem da cibernética e começou a ser utilizado nos anos 40 enquanto ciência que estudava<br />

o funcionamento de mecanismos de comunicação e de processos de controlo nos sistemas<br />

biológicos, mecânicos e eletrónicos. Nas décadas de 1990 e 2000 assistimos à massiva utilização do<br />

prefixo «e-», que foi criando neologismos relacionados com dinâmicas e atividades na Internet.<br />

Na última década alguns grupos começaram a denominar «Ciberespaço» o atual mundo em<br />

que vivemos, mas tem sido o «digital» que tem vindo a descrever a atual sociedade e economia<br />

cada vez mais interconectadas e ligadas à Internet. Ciber, por sua vez, começou a ser utilizado<br />

nas palavras ligadas aos aspetos mais negativos da Internet, como sejam «cyberbullying, cyberattacks,<br />

cyberwar, cybercrime e cyberterrorism».<br />

A Internet inaugurou uma nova Sociedade denominada da Informação, que surgiu no fim do<br />

Século XX, e que é caracterizada pelo acesso democrático, universal e total à informação. Mas o<br />

grande desafio rapidamente passou a ser a Sociedade do Conhecimento, com a necessidade de<br />

saber como criar, difundir e utilizar, em tempo real, novo conhecimento, a partir de um volume<br />

enorme e incontrolável de informação, com a consequente alteração das dinâmicas económicas e<br />

sociais e numa escala «global».<br />

Para enfrentar esta mudança estrutural, o principal desafio passa pela capacidade de aprender e<br />

de obter as necessárias competências digitais.<br />

A maturidade da Sociedade do Conhecimento implicou o desenvolvimento de políticas públicas<br />

que primem pela liberdade e acesso à informação e pela existência de espaços que fomentem a<br />

comunicação e a partilha da tomada de decisão pelo cidadão comum. Implica a necessidade de<br />

desenvolvimento de projetos em governo eletrónico e políticas públicas que garantam o acesso<br />

físico e cognitivo de toda a população aos serviços públicos digitais, a capacitação analítica para<br />

a sociedade e a economia em contexto de grande volume de dados (big data). Neste contexto, a<br />

inclusão digital não é uma opção, o que envolve políticas públicas específicas para pessoas com<br />

necessidades especiais, com baixas qualificações, idosos e minorias.<br />

O programa Iniciativa Nacional Competências Digitais e.2030 - INCoDe.2030 é criado com<br />

a RCM n.º 26/2018, de 8 de março, «através da reunião e colaboração de competências já<br />

existentes em diferentes organismos e estruturas, públicas e privadas». Trata-se de um Programa<br />

muito interessante porque promove as competências digitais de forma holística, integrada e<br />

ímpar a nível internacional. Inclui ações estratégicas e estruturantes na inclusão, literacia e<br />

acessibilidade digitais, na educação, na qualificação e na requalificação, na especialização até à<br />

produção de novo conhecimento, onde se incluem, e.g. a Ciência Aberta e as Tecnologias Futuras<br />

e Emergentes, como a Robótica, a Computação de Alto Desempenho, a Inteligência Artificial, a<br />

Internet das Coisas e as decentralized ledger technologies, como a Blockchain.


<strong>Diagrama</strong> • dezembro 2018<br />

9<br />

o principal desafio passa pela capacidade<br />

de aprender e de obter as necessárias<br />

competências digitais<br />

A sociedade tende a ser cada vez mais<br />

competitiva, criando mais riqueza e<br />

consequentemente qualidade de vida. Mas<br />

para que isto seja possível e não se criem<br />

maiores dissimetrias sociais, as políticas<br />

educativas desempenham um papel<br />

primordial. Assim, a escola assume um<br />

papel fundamental para dotar o cidadão de<br />

capacidades para competir com o avanço<br />

tecnológico. O INCoDe.2010 responde a este<br />

desafio a partir dos seus Eixos 2 «Educação»,<br />

4 «Especialização» e 5 «Investigação».<br />

Na Sociedade do Conhecimento, o maior<br />

ativo das organizações é o que as pessoas<br />

pensam e produzem intelectualmente.<br />

As organizações precisam mais do que de<br />

colaboradores operacionais. Elas precisam de<br />

pessoas táticas, estratégicas, cujas qualidades<br />

estejam nas interações e colaborações que<br />

fomentam e produzem.<br />

O próprio INCoDe.2030 é trabalho<br />

colaborativo e interativo.<br />

Mesmo a questão do desemprego,<br />

substituição por robots será ultrapassada<br />

se as pessoas estiverem dispostas a serem<br />

requalificadas, apostando crescentemente<br />

em novos conhecimentos e na capacidade<br />

de criar novos empregos. O INCoDe.2010<br />

responde a este desafio a partir dos seus Eixos<br />

3 «Qualificação» e 4 «Especialização».<br />

Atualmente, a capacitação digital<br />

constitui um instrumento indispensável às<br />

comunicações pessoais, de trabalho e de lazer.<br />

Estar matriculado num curso, seja ele MBA,<br />

pós-graduação, mestrado ou doutoramento,<br />

é garantir um lugar no mundo da sociedade<br />

do conhecimento e criar maior valor<br />

acrescentado na economia. O INCoDe.2010<br />

responde a este desafio a partir dos seus Eixos<br />

3 «Qualificação» e 4 «Especialização».<br />

Vivemos num momento de grandes<br />

transformações, onde a Internet mudou<br />

«inesperadamente» a vida das pessoas. O<br />

programa INCoDe.2030 visa preparar as<br />

pessoas para melhor perceber e enfrentar<br />

o futuro, pois todas as tecnologias<br />

disruptivas são difíceis de prever, através<br />

do desenvolvimento da competência digital<br />

como instrumento de apoio à preparação<br />

para o «desconhecido». O objetivo é que o<br />

«inesperado» se torne menos «inesperado»<br />

e se consiga obter o melhor possível da<br />

disrupção tecnológica. E Portugal tem de estar<br />

profundamente preparado para enfrentar esta<br />

mudança.<br />

Ana Neves<br />

Diretora, Departamento da Sociedade da<br />

Informação, FCT, I.P.;<br />

European Digital Leader 2018<br />

(CIONET International)


10<br />

Entrevista


<strong>Diagrama</strong> • dezembro 2018 11<br />

Luís Goes Pinheiro<br />

Secretário de Estado Adjunto<br />

e da Modernização<br />

Administrativa<br />

Nasceu no Porto, em 1975.<br />

Licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade<br />

de Coimbra e com uma pós-graduação em Direito Penal Económico<br />

e Europeu pela mesma universidade.<br />

É, desde outubro de 2018, Secretário de Estado Adjunto e da<br />

Modernização Administrativa.<br />

Anteriormente, exerceu funções de Secretário-Geral Adjunto da<br />

Administração Interna, responsável pela administração eleitoral.<br />

Desempenhou funções como Chefe do Gabinete do Secretário de<br />

Estado da Presidência do Conselho de Ministros do XXI Governo<br />

(2015-2016), como Secretário-Geral da Ordem dos Solicitadores<br />

e dos Agentes de Execução (2011-2015; 2016-2018), como Chefe do<br />

Gabinete da Secretária de Estado da Modernização Administrativa<br />

do XVIII Governo (2009-2011), como Presidente do Conselho<br />

Diretivo do Instituto das Tecnologias de Informação na Justiça<br />

(2008-2009), como Adjunto do Gabinete do Secretário de Estado<br />

da Justiça do XVII Governo Constitucional (2005-2008), como<br />

Diretor Adjunto do Gabinete de Auditoria e Modernização do<br />

Ministério da Justiça (2004-2005) e ainda como Consultor no<br />

Gabinete de Política Legislativa e Planeamento do Ministério<br />

da Justiça (2001-2004), tendo acompanhado de perto o<br />

desenvolvimento e implementação do Programa Simplex e,<br />

particularmente, de medidas-bandeira como a Empresa na Hora,<br />

o Documento Único Automóvel e a Casa Pronta.


12<br />

Entrevista Luís Goes Pinheiro<br />

hoje temos os serviços públicos orientados para<br />

quem deles beneficia, em vez de centrados sobre si<br />

próprios como acontecia no passado<br />

Assumiu em outubro a tutela da<br />

modernização administrativa, uma área<br />

governamental de cariz transversal a toda a<br />

Administração Pública. Como vê o papel de<br />

definir e implementar políticas transversais<br />

face à inovação e modernização setorial?<br />

Iniciei funções muito recentemente. Aceitei<br />

este convite com imenso entusiasmo,<br />

sabendo bem a responsabilidade que teria<br />

em dar continuidade à herança tão valiosa<br />

que os meus antecessores de Governos<br />

Socialistas ofereceram ao país em matéria de<br />

modernização administrativa. Entendo que<br />

a minha missão abarca todos os atos que se<br />

possam traduzir na simplificação da vida das<br />

pessoas, na criação de um melhor ambiente<br />

para os negócios e na construção de uma<br />

Administração Pública mais eficiente. Sei bem<br />

que é um trabalho que não se faz sozinho.<br />

Trata-se de um desafio que implica, acima de<br />

tudo, cooperar e promover a cooperação entre<br />

as várias áreas governativas, o que nos obriga<br />

a pensar de forma integrada, criando pontes e<br />

apostando na partilha.<br />

Acompanhou o Simplex em edições<br />

anteriores. O programa atual, Simplex+ 2018,<br />

com 175 medidas, é naturalmente diferente<br />

dos anteriores. Como tem assistido à<br />

evolução deste programa e quais são para si<br />

os fatores determinantes do seu sucesso?<br />

O Simplex faz parte da vida das pessoas há<br />

doze anos. Mesmo durante o período em que<br />

foi interrompido, as pessoas continuaram a<br />

pedir medidas Simplex e a usar o seu nome<br />

como sinónimo de um Estado mais amigo dos<br />

cidadãos e das empresas. E essa talvez seja<br />

a maior prova do sucesso deste programa.<br />

Outra conquista que muito valorizo foi a<br />

capacidade que o Simplex teve de, medida<br />

a medida, edição após edição, mudar de<br />

forma tão profunda a maneira como a<br />

Administração Pública se vê a si mesma:<br />

hoje temos os serviços públicos orientados<br />

para quem deles beneficia, em vez de<br />

centrados sobre si próprios como acontecia<br />

no passado. Além disso, temos hoje uma<br />

Administração Pública Open Space em que<br />

os diversos departamentos abriram as suas<br />

janelas, quebraram alguns dos seus muros<br />

e passaram a trabalhar mais em rede com<br />

os seus vizinhos. Finalmente, os resultados<br />

estão à vista de todos: surgido em 2006,<br />

todas as edições do Simplex registaram taxas<br />

de cumprimento superiores a 80%. E, para<br />

termos uma noção quantificada do impacto<br />

das medidas, bastará recordarmos o estudo<br />

realizado pela NOVA — IMS (Information<br />

Management School), da Universidade Nova<br />

de Lisboa, baseado apenas numa amostra de<br />

13 medidas do Simplex+ 2016, que concluiu<br />

que estas originaram uma poupança de 624<br />

milhões de euros por ano para as empresas,<br />

um potencial impacto económico superior a<br />

1.000 milhões de euros na economia nacional<br />

e uma redução dos tempos despendidos<br />

por funcionários da Administração Pública<br />

em 490 mil horas anuais (o equivalente ao<br />

total de horas trabalhadas por mais de 300<br />

funcionários), libertando-os para a prestação


<strong>Diagrama</strong> • dezembro 2018 13<br />

dos serviços de que efetivamente as pessoas<br />

e as empresas precisam, em vez de estarem<br />

ocupados com tarefas inúteis.<br />

Para além do Simplex, foram igualmente<br />

lançados nesta legislatura outros programas<br />

de participação pública, como o Orçamento<br />

Participativo Portugal (OPP) e o GovTech. Que<br />

papel atribui aos programas de participação<br />

pública na modernização da nossa<br />

administração?<br />

Tal como o Simplex+, também estas iniciativas<br />

têm o poder de envolver as pessoas no<br />

processo de decisão. O sucesso mede-se então<br />

pelos resultados alcançados, mas também pela<br />

participação conquistada e, olhando para trás,<br />

fica a certeza: devemos continuar a apostar<br />

em iniciativas como estas em que mobilizamos<br />

a comunidade, aperfeiçoamos o processo de<br />

decisão e sedimentamos a democracia.<br />

E o interesse tem sido crescente: na edição<br />

de 2017 do Orçamento Participativo Portugal<br />

(OPP), o primeiro elaborado à escala nacional,<br />

tivemos a votação 599 projetos com 78.815<br />

votos; já no OPP 2018 foram votados 691<br />

projetos (mais 92 do que no OPP de 2017),<br />

tendo sido alcançado um total de 119.073<br />

votos, uma subida superior a 50%.<br />

Quanto ao GovTech, esta iniciativa do<br />

Governo tem como objetivo premiar e apoiar<br />

produtos e serviços inovadores, criados<br />

por startups, que respondam a um dos 17<br />

Sustainable Development Goals (SDG)<br />

das Nações Unidas. Este programa busca<br />

protótipos funcionais de produtos e serviços<br />

com um modelo de negócio associado, e não<br />

apenas ideias, que se enquadrem no setor<br />

público ou no setor privado. No âmbito da<br />

edição 2018, a primeira fase contou com 140<br />

candidaturas submetidas, sendo que, depois


14<br />

Entrevista Luís Goes Pinheiro<br />

da verificação da elegibilidade, seguiram<br />

para a fase de investimentos 113 projetos.<br />

A apresentação e votação das propostas<br />

também foi revolucionária e assentou<br />

na utilização de uma infraestrutura de<br />

blockchain, sendo atribuída, ao júri e ao<br />

público, a moeda virtual «GovTech» para<br />

simulação de investimento nos projetos<br />

concorrentes. No total registaram-se 1.734<br />

investidores que, através deste inovador<br />

sistema de votação, escolheram os seis<br />

finalistas do concurso. Na última fase da<br />

competição, esses seis finalistas precisaram<br />

de demonstrar os seus protótipos numa<br />

sessão pública, tendo sido depois eleitos<br />

pelo júri três vencedores que, entre outros<br />

prémios, tiveram a oportunidade de exibir<br />

os seus projetos na Web Summit. Estive lá<br />

com eles, conheci os seus protótipos e as<br />

suas histórias e fiquei ainda mais convencido<br />

da relevância de programas como este.<br />

Olhando para estes programas constatamos<br />

que a maioria das medidas é implementada<br />

com recurso a tecnologia e envolvendo<br />

serviços digitais. Considera que ainda é<br />

possível modernizar o país sem recorrer ao<br />

mundo digital?<br />

A modernização não se faz apenas de<br />

tecnologia. Esta é hoje instrumental a todas<br />

as áreas, não podendo, porém, ser um fim<br />

em si mesma. O que importa são as pessoas e<br />

as empresas, sem esquecer a necessidade de<br />

a Administração Pública procurar fazer mais<br />

gastando menos. Assim, embora defenda que<br />

temos na tecnologia um meio essencial para<br />

conseguirmos servir melhor as pessoas, para<br />

criarmos melhores condições para as nossas<br />

empresas, para estarmos mais próximos<br />

de quem está distante e para criarmos<br />

alternativas e novas formas de contacto, não<br />

podemos esquecer quem continua a procurar<br />

o atendimento presencial ou telefónico. E isto


<strong>Diagrama</strong> • dezembro 2018 15<br />

é modernização, ou seja, criar opções sem<br />

destruir as que já existem e que continuam a<br />

ser resposta para muitos. Por isso, diria que<br />

modernizar o país passa por embarcar na era<br />

digital sem deixar ninguém para trás.<br />

E qual o papel que a Administração Pública<br />

deve ter para a transformação digital de toda<br />

a sociedade?<br />

A Administração Pública deve ter um papel<br />

importante na transformação digital da<br />

sociedade. Não apenas criando instrumentos<br />

tecnológicos que facilitem o cumprimento<br />

das obrigações perante o Estado ou<br />

disponibilizando ferramentas que todos<br />

possam usar, como a Chave Móvel Digital ou<br />

os certificados do Cartão de Cidadão, mas<br />

também assumindo a liderança nalgumas<br />

áreas, como sejam as da inteligência artificial<br />

ou da aplicação de tecnologias emergentes<br />

como, por exemplo, a blockchain.<br />

No que respeita à inteligência artificial<br />

relembro que, ainda este ano, em cooperação<br />

com a área governativa da Ciência, Tecnologia<br />

e Ensino Superior, foi lançado um projeto<br />

de financiamento que totalizou o valor de<br />

4,3 milhões de euros e que visou promover<br />

o desenvolvimento de soluções na área de<br />

ciência de dados e da inteligência artificial.<br />

Este projeto teve a virtude de aliar instituições<br />

de ensino superior com departamentos da<br />

Administração Pública, pois o projeto de<br />

investigação tinha de ser subscrito por ambas<br />

as entidades. Foi um verdadeiro sucesso. Na<br />

verdade, permitiu criar o casamento perfeito<br />

A modernização<br />

não se faz apenas de<br />

tecnologia<br />

entre quem tem os dados e a capacidade de<br />

implementar o projeto, a Administração<br />

Pública, e quem tem a capacidade de<br />

desenvolver um projeto tecnologicamente<br />

exigente e que se traduza em benefícios para os<br />

cidadãos, as instituições de ensino superior.<br />

A título de exemplo, refiram-se alguns projetos<br />

muito curiosos como: um destinado a prever a<br />

probabilidade de alguém que se inscreve num<br />

centro de emprego vir a ser um desempregado<br />

de longa duração, outro que visa detetar<br />

padrões anormais de prescrição de antibióticos<br />

ou, ainda, um que pretende utilizar a<br />

inteligência artificial para melhorar o rastreio<br />

teledermatológico de cancro da pele.<br />

Portugal tem sido recorrentemente apontado<br />

como um líder no desenvolvimento de novos<br />

serviços públicos digitais. No entanto, os<br />

níveis de utilização são mais modestos,<br />

em parte pelas competências digitais<br />

heterogéneas da nossa população. Como acha<br />

que podemos garantir a inclusão de todos?<br />

Estamos a fazer o nosso caminho e,<br />

recentemente, Portugal passou a integrar<br />

o grupo D9 que abrange os países mais<br />

desenvolvidos na área do governo digital.<br />

Isto diz muito sobre o que temos construído.<br />

Estamos orgulhosos. Porém, tal como já referi:<br />

ninguém pode ficar para trás. Desde logo,<br />

não podemos desistir das pessoas e temos<br />

de procurar elevar as competências digitais<br />

da nossa população. É isso que se pretende<br />

fazer com a Iniciativa Nacional Competências<br />

Digitais e.2030 — INCoDe.2030. No entanto,<br />

é preciso estar bem ciente de que isso nunca<br />

será suficiente. É fundamental continuar<br />

a comunicar o que existe e simplificar<br />

ainda mais o acesso. É isso que estamos a<br />

fazer. Brevemente, lançaremos uma nova<br />

versão do Portal do Cidadão que, entre<br />

diversas novidades, procurará melhorar<br />

muito o seu nível de usabilidade para que


16<br />

Entrevista Luís Goes Pinheiro<br />

qualquer cidadão possa usufruir dos vários<br />

serviços que a Administração Pública já<br />

disponibiliza e de forma muito mais intuitiva.<br />

Finalmente, temos de continuar a investir<br />

nos serviços de proximidade, como sejam<br />

as Lojas de Cidadão, os Espaços Empresa e,<br />

especialmente, os Espaços Cidadão que, além<br />

de levarem a prestação de serviços públicos<br />

junto das populações, servem diariamente<br />

de mediadores entre as pessoas menos<br />

familiarizadas com os sistemas de informação<br />

e os serviços online.<br />

O atendimento presencial de serviços<br />

públicos continua a ser distintivo em<br />

Portugal, nomeadamente através das redes<br />

de Lojas e Espaços Cidadão. O que espera<br />

destas redes no futuro?<br />

Vamos continuar a investir na inversão do<br />

paradigma: queremos serviços centrados<br />

no utente e não fechados em si próprios.<br />

Queremos continuar a apostar no alargamento<br />

da rede, na formação das pessoas, na melhoria<br />

da qualidade do atendimento e, assim,<br />

manteremos a certeza de estarmos a ir ao<br />

encontro das necessidades e expectativas dos<br />

nossos cidadãos. As Lojas de Cidadão vieram,<br />

há 20 anos, revolucionar o atendimento e<br />

representam um modelo que tem sabido<br />

adaptar-se e fazer frente aos desafios de cada<br />

momento, sendo atualmente 54, espalhadas<br />

por todo o país. Já os Espaços Cidadão são hoje<br />

526 e garantem mais do que atendimento:<br />

permitiram descentralizar os serviços, chegar<br />

a todo o país e, todos os dias, são veículos de<br />

autonomização do cidadão que, ali, poderá<br />

aprender a recorrer, sozinho, aos serviços<br />

online, a partir do seu computador. E, muitas<br />

vezes, é mesmo preciso ir ao encontro de<br />

quem não consegue deslocar-se ao serviço<br />

público: o Espaço Cidadão Móvel e o Espaço<br />

Cidadão Solidário comprovam que tal é<br />

possível e fundamental.<br />

Falamos de um investimento contínuo e<br />

os números corroboram isso: nos últimos<br />

três anos, foram abertas 17 Lojas e, em 2019,<br />

esperamos abrir pelo menos mais sete.<br />

Também nos últimos três anos (desde o dia<br />

26 de novembro de 2015), foram abertos 310<br />

Espaços Cidadão. Não podemos igualmente<br />

esquecer a aposta no Centro de Contacto do<br />

Cidadão, a renovação e reforço do Centro<br />

de Contacto do Serviço Nacional de Saúde,<br />

a reabertura do Centro de Contacto da<br />

Segurança Social e o lançamento do Centro<br />

de Atendimento Consular. No Centro de<br />

Contacto do Cidadão foram atendidas mais<br />

de 250 mil chamadas entre janeiro e outubro<br />

de 2018; o Centro de Contacto do Serviço<br />

Nacional de Saúde (SNS) registou, entre<br />

janeiro e o dia 2 de dezembro de 2018, mais<br />

de 1 milhão de chamadas atendidas; já o da<br />

Segurança Social, que reabriu há pouco mais<br />

de um ano, atendeu, só até setembro de<br />

2018, cerca de 1,6 milhões de chamadas; e a<br />

experiência piloto do Centro de Atendimento<br />

Consular – em Espanha –, até novembro de<br />

2018, contou com mais de 16 mil chamadas e<br />

mais de 3.500 e-mails.<br />

Como acha que irão ser os serviços públicos<br />

do futuro?<br />

Os serviços públicos do futuro serão,<br />

certamente, aqueles que forem prestados<br />

sem que o cidadão se aperceba. Ou seja,<br />

antes de o pedido ocorrer, a necessidade<br />

foi colmatada. Estes serviços ditos «sem<br />

costuras» assentam na ideia de que a<br />

informação deve ser partilhada entre os<br />

sistemas dos diferentes departamentos<br />

do Estado, resolvendo os problemas sem<br />

incomodar as pessoas e as empresas e sem<br />

ocupar os funcionários públicos, que são tão<br />

escassos, com tarefas inúteis e repetitivas,<br />

que podem ser efetuadas automaticamente.<br />

E já temos exemplos de que tal é possível:


<strong>Diagrama</strong> • dezembro 2018 17<br />

graças, designadamente, à plataforma<br />

de interoperabilidade da Administração<br />

Pública, hoje, os cidadãos, se tiverem direito,<br />

poderão usufruir da Tarifa Social de Energia<br />

Elétrica de forma automática, uma vez que as<br />

empresas conseguem consultar os elementos<br />

necessários na atribuição desse benefício<br />

sem precisarem de qualquer dado adicional<br />

fornecido pelo cidadão.<br />

Que mensagem final gostaria de deixar a<br />

todos nós que prestamos serviço público?<br />

Que questionem o vosso trabalho todos<br />

os dias, que, a cada momento, procurem<br />

pensar em alternativas, idealizar soluções,<br />

apresentar propostas, identificar caminhos<br />

que permitam poupar recursos, que tornem<br />

o trabalho mais interessante e menos<br />

repetitivo e que, simplificando a vida a quem<br />

presta e procura o serviço, contribuam para<br />

um país mais eficiente, atrativo e coeso. A<br />

mudança faz-se com todos e é na partilha,<br />

seja de experiências, sugestões, ferramentas<br />

ou conhecimentos, que mora o segredo do<br />

sucesso e da competitividade do nosso país<br />

que, tendo tanto para mostrar num cenário<br />

à escala global, pode e deve unir esforços.<br />

Não podemos ignorar o presente que deixa<br />

ver o futuro: a tecnologia veio para ficar.<br />

Vamos então, juntos, construir com ela um<br />

cenário melhor para todos. A Agência para a<br />

Modernização Administrativa tem assumido e<br />

continuará a assumir um papel decisivo neste<br />

caminho que se faz todos os dias e em que<br />

muitos têm sido os desafios superados. Por<br />

tudo isto, estou certo de que os funcionários<br />

públicos, rosto e voz dos serviços e que tão<br />

bem conhecem as dificuldades de quem por lá<br />

passa, também continuarão a fazer a diferença<br />

na manutenção e reforço desta rede de<br />

cooperação e partilha que vai levar Portugal<br />

mais longe. ≤<br />

A Administração<br />

Pública deve ter um<br />

papel importante<br />

na transformação<br />

digital da sociedade


18<br />

Artigo<br />

ACEPI<br />

18 anos a acelerar a<br />

transformação digital em<br />

Portugal<br />

Inspirar profissionais, desenvolver mercados, reconhecer a excelência, interligar organizações:<br />

esta é a missão da ACEPI — Associação da Economia Digital em Portugal. Quando foi fundada,<br />

em 2000, por alguns entusiastas da Internet, a sua atividade centrava-se no desenvolvimento<br />

do comércio eletrónico — que começava a dar os primeiros passos em Portugal. Hoje, passados<br />

18 anos, os portugueses compram quase 5 mil milhões de euros através da Internet e a ACEPI<br />

é a principal associação de economia digital em Portugal e representa as mais relevantes<br />

organizações dos mais variados setores de atividade.<br />

Inspirar profissionais, desenvolver mercados,<br />

reconhecer a excelência, interligar organizações


<strong>Diagrama</strong> • dezembro 2018 19<br />

Desde a fundação da ACEPI, muito se alterou<br />

no panorama tecnológico e na economia<br />

digital. Num país em que muitos agentes<br />

económicos se confrontam com problemas de<br />

escala, a digitalização e o comércio eletrónico<br />

afiguram-se importantes fatores de penetração<br />

em outros mercados. Se os benefícios são claros<br />

para o setor empresarial e para a riqueza gerada<br />

no país, também o serão, por acréscimo, para a<br />

sociedade globalmente considerada.<br />

Reconhecida sobretudo pelas iniciativas<br />

públicas que promove — como sejam<br />

estudos, conferências, roadshows, prémios<br />

e formação, a ACEPI constitui-se também<br />

como um espaço de debate e generalização<br />

da economia digital. É neste sentido que tem<br />

vindo a marcar presença em importantes<br />

fóruns internacionais neste domínio, como<br />

sejam a European Ecommerce Association, a<br />

Ecommerce Foundation, a Mobile Marketing<br />

Association ou através de parcerias com<br />

associações congéneres na China, Brasil,<br />

França ou Reino Unido. Destaca-se ainda o<br />

seu papel no desenvolvimento da Internet em<br />

Portugal, ao ter fundado a DNS.PT — a entidade<br />

gestora do domínio de topo do país, o «.PT»,<br />

conjuntamente com a DECO e a FCT.<br />

No amplo espectro de associados da<br />

ACEPI, encontram-se, entre diversas<br />

outras organizações, importantes empresas<br />

dos setores da banca, telecomunicações<br />

ou comércio e retalho. O seu universo de<br />

associados não se restringe ao universo<br />

empresarial e organizacional, abrangendo<br />

também a comunidade académica,<br />

investigadores e outros profissionais de algum<br />

modo interessados no universo da economia<br />

digital.<br />

No contexto do processo legislativo<br />

comunitário, tem vindo também a defender<br />

posições em prol de uma legislação mais clara,<br />

transparente e atualizada em torno destas<br />

matérias.<br />

Desde a fundação<br />

da ACEPI, muito se<br />

alterou no panorama<br />

tecnológico e na<br />

economia digital<br />

Portugal Digital Week<br />

De entre as diversas iniciativas promovidas<br />

pela ACEPI, uma das que adquire maior<br />

visibilidade a nível nacional, e que também<br />

fornece maior projeção à ACEPI, é a Portugal<br />

Digital Week. Promovida desde 2003 — na<br />

altura denominada Semana do Comércio<br />

Eletrónico — e que este ano teve lugar entre 22<br />

a 26 de outubro.<br />

Do amplo e diversificado programa, cabe<br />

destacar o Portugal Digital Summit’18<br />

(que decorreu entre 23 e 24 de outubro),<br />

a conferência internacional que constitui<br />

o principal palco de debate e troca de<br />

experiências sobre os desafios e oportunidades<br />

da transformação digital nos vários setores<br />

económicos e na sociedade portuguesa.<br />

O Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa, serviu<br />

de palco a painéis e debates em torno de<br />

três «pilares» — «Strategy for Digital»,<br />

«Industries Going Digital» e «TechTalks» —,<br />

todos eles com a economia e a transformação<br />

digitais como fio condutor, que pretendem<br />

corresponder à missão da ACEPI e aos seus<br />

principais eixos de atuação. Houve ainda lugar<br />

a exposições e networking.<br />

Contando com o apoio do Ministério da<br />

Economia, a edição deste ano teve o Reino<br />

Unido como país convidado. Neste âmbito, a<br />

25 de outubro, teve ainda lugar a «UK-<br />

-Portugal eCommerce Roundtable».<br />

Também a 25 de outubro, decorreu a<br />

cerimónia de entrega dos prémios ACEPI


20<br />

Artigo ACEPI<br />

Navegantes XXI, certame instituído em 2006<br />

e que, na edição deste ano, distinguiu os<br />

melhores projetos digitais num total de vinte<br />

categorias, desde melhores sites e plataformas<br />

em diversos domínios a melhor estratégia<br />

digital, melhor projeto digital ou melhor<br />

inovação digital, entre outras.<br />

Integraram também o programa da<br />

Portugal Digital Week a apresentação do<br />

«Estudo da Economia Digital» — estudo<br />

anual realizado pela ACEPI desde 2009,<br />

com estimativas sobre o volume do negócio<br />

eletrónico em Portugal e previsões até 2025<br />

— e o «Dia das Compras na Net’18» — que,<br />

agregando os melhores websites e lojas de<br />

comércio eletrónico, promove uma campanha<br />

de promoções e descontos incidentes sobre<br />

produtos e serviços de venda online.<br />

Transversalmente a todo o certame,<br />

decorrerá o Roadshow Nacional «Portugal<br />

Digital», que levará a todo o país uma série<br />

de debates sobre as mais recentes tendências<br />

no universo da economia digital, com especial<br />

incidência nos principais resultados do estudo<br />

mencionado.<br />

Outras iniciativas e projetos<br />

Outra iniciativa da ACEPI é o ciclo de<br />

conferências Norte Digital, que visa auxiliar as<br />

pequenas e médias empresas da região norte<br />

a retirarem o máximo proveito da economia<br />

digital e do comércio eletrónico, preparando-<br />

-as para a internacionalização e para a<br />

presença e competição num mercado<br />

globalizado.<br />

De não somenos relevância é o selo<br />

«Confio.pt», iniciativa resultante de parceria<br />

entre a ACEPI, a DECO e a DNS — enquanto<br />

representantes do comércio eletrónico,<br />

dos consumidores e da Internet — e que<br />

visa fomentar a «confiança e transparência<br />

online», ao mesmo tempo que incentiva e<br />

reforça a credibilidade e a responsabilização<br />

a ACEPI constitui-<br />

-se também como<br />

um espaço de debate<br />

e generalização da<br />

economia digital<br />

da comunidade fornecedora. Na prática, o selo<br />

«Confio» é um certificado atribuído a sítios e<br />

plataformas online que cumpram as melhores<br />

práticas do mercado digital e da utilização<br />

da Internet. O site confio.pt disponibiliza<br />

também o acesso a uma plataforma online<br />

gratuita destinada à resolução de conflitos de<br />

forma rápida e simples. A qualquer altura,<br />

o consumidor poderá também efetuar uma<br />

reclamação online junto da DECO, através de<br />

uma hiperligação disponibilizada no mesmo<br />

site.<br />

Quanto ao Diretório ACEPI, integra mais<br />

de 900 «lojas online», consultáveis por<br />

categoria, fornecendo para cada uma delas<br />

uma ficha detalhada com um descritivo dos<br />

serviços e produtos disponibilizados ou outras<br />

informações tidas por relevantes.<br />

A ACEPI publica também uma newsletter,<br />

já com mais de 200 números, destinada<br />

a reportar notícias relacionadas com as<br />

atividades da associação. Para além disso,<br />

publica no seu website diversas notícias<br />

relevantes para este universo, incluindo<br />

estudos e dados estatísticos, disponibilizando<br />

igualmente case studies, legislação setorial<br />

ou estudos de mercado, assim como uma<br />

área de perguntas frequentes que pretendem<br />

esclarecer algumas dúvidas pertinentes<br />

relacionadas com o universo do comércio<br />

eletrónico e da economia digital. ≤<br />

Mais informações em<br />

www.acepi.pt


22<br />

Opinião<br />

A APDSI e os Serviços Digitais:<br />

um percurso de vida partilhado<br />

A APDSI – Associação para o Desenvolvimento e Promoção da Sociedade da Informação nasceu<br />

em dezembro de 2001 tendo por Presidente o Professor Doutor José Dias Coelho, ex-presidente<br />

da Missão para a Sociedade da Informação.<br />

Esta Missão editou em 1997 um texto intemporal que, relido hoje, nos entusiasma pela<br />

antecipação projetada e confirmada da realidade observada em Portugal em 2018. Refiro-me ao<br />

Livro Verde para a Sociedade da Informação em Portugal, que convido todos a reler. 1<br />

«O processo conducente à sociedade da informação constitui uma revolução na<br />

verdadeira acepção da palavra… A única via para se conseguir o tipo ambicionado de<br />

desenvolvimento integral, com respeito pelos valores da democracia e da igualdade de<br />

oportunidades, é através do diálogo e da cooperação entre os cidadãos, as empresas e<br />

o Estado.<br />

Todos os intervenientes devem ser auscultados e devem poder participar na<br />

definição do caminho para as novas formas de organização e de vida em sociedade que<br />

são impulsionadas pelas profundas transformações em curso.<br />

Desse movimento têm de fazer parte as empresas, os seus trabalhadores, os<br />

professores, os jovens que estão no sistema de ensino, os idosos, os responsáveis<br />

políticos a nível nacional, regional e autárquico, e acima de tudo os próprios<br />

cidadãos.» (Livro Verde para a Sociedade da Informação em Portugal, 1997, p. 9)<br />

Quando nasce, a APDSI tem desde logo como objetivo maior ser uma associação para<br />

a promoção desta transformação e inclusão digital, reunindo profissionais, académicos,<br />

empresas, associações, organismos públicos e cidadãos em geral, em torno deste interesse<br />

comum.<br />

Na linha deste propósito, a APDSI tem vindo a desenvolver múltiplas atividades no seio de<br />

causas tecnológicas e societais, que se têm traduzido em eventos (conferências, workshops,<br />

encontros, etc.), prémios e homenagens, tomadas de posição e estudos realizados por<br />

grupos de trabalho multidisciplinares em domínios como o Mercado, a Saúde, a Justiça, a<br />

Administração e Governação Públicas, o Território, a Educação e Formação, a Segurança e a<br />

Inovação Social, entre outros.<br />

Em todos estes projetos e iniciativas, a APDSI procura identificar as tendências de evolução<br />

nacionais versus as internacionais e também as interações entre as tecnologias e outras<br />

dimensões sociais e económicas, contribuindo com uma visão mais aberta para a discussão, e<br />

tendo como meta a eficaz perceção e implementação destes conceitos na Sociedade Portuguesa.<br />

Esta edição da Revista <strong>Diagrama</strong> da Agência para a Modernização Administrativa tem por<br />

1<br />

http://purl.pt/239


<strong>Diagrama</strong> • dezembro 2018 23<br />

tema «Utilização de Serviços Digitais», componente visível deste novo mundo de interação e<br />

colaboração entre o Cidadão e as Organizações de natureza Pública, Privada ou Social e entre<br />

as próprias organizações entre si. O digital, a mobilidade e a virtualização têm modificado os<br />

hábitos de consumo e, necessariamente, o modelo de interação entre os intervenientes nos<br />

diferentes setores da sociedade.<br />

Se nos consciencializarmos do nosso quotidiano, verificamos que não aceitamos facilmente<br />

outros canais que não os digitais. Resolvemos o nosso dia a dia familiar, profissional e lúdico<br />

com recurso aos serviços digitais proporcionados por múltiplos canais, onde o móvel começa a<br />

ser o de maior expressão.<br />

No entanto, os nossos avós ou pais e mesmo alguns vizinhos só jogam nesta nova realidade<br />

consoante o conhecimento, a vontade e a facilidade perspetivada para os utilizar. Para muitos,<br />

a mudança é brutal… e, portanto, não usam.<br />

Na maioria dos casos, há três razões para o cidadão recorrer ao canal presencial:<br />

a) Quando não há hipótese de resolver o assunto à distância, em virtude da sua<br />

complexidade;<br />

b) Quando há um desconhecimento total da oferta dos serviços digitais apropriados;<br />

c) Porque a sua iliteracia digital o impede de experimentar a nova maneira de «resolver o<br />

assunto».<br />

Em situações normais, excetuando a «complexidade do assunto e dos caminhos de<br />

resolução», todas as outras causas da não utilização de serviços digitais vão desaparecer<br />

progressivamente ao longo das próximas gerações. De 2012 a 2016, triplicou a percentagem de<br />

população portuguesa com smartphone (era 18% em 2012 e passou para 59% em 2016).<br />

Em 2016, 72% dos utilizadores portugueses acederam à Internet através de dispositivos<br />

móveis, face aos 35% de 2012 2 .<br />

Um aspeto crítico para acelerar este passo, no sentido de uma maior utilização digital, que<br />

substitua as filas enormes que ainda vemos no acesso presencial a serviços públicos, passa<br />

naturalmente pela simplificação de legislação, de processos e de procedimentos, ou seja, não<br />

basta investir na conveniência para o Cidadão e Agentes Económicos no modo como os serviços<br />

são prestados, é essencial focar na eliminação da própria necessidade de interação a partir<br />

de leis e processos mais simples, assentes em princípios como a reutilização da informação já<br />

disponível sobre determinadas características ou factos inerentes à pessoa, singular ou coletiva,<br />

em causa. E, naturalmente, partimos do princípio que se mantêm e intensificam os esforços<br />

para o aumento da literacia digital no nosso país.<br />

Portugal tem apresentado um passo de transformação firme para a Sociedade da Informação<br />

e Conhecimento, com uma velocidade de disponibilização de serviços digitais e do seu uso<br />

pelos Cidadãos e Agentes Económicos que vai aumentando ano após ano e se aproxima, hoje,<br />

no domínio do eGovernment, dos rankings internacionais mais elevados. Por exemplo, no<br />

ranking das Nações Unidas do «E-Government Survey 2018», Portugal subiu nove níveis<br />

desde o estudo anterior de 2016, ocupando o 29.º lugar, num total de 193 países 3 .<br />

2<br />

Fontes: INE (www.ine.pt); ANACOM (www.anacom.pt)<br />

3<br />

https://publicadministration.un.org/egovkb/en-us/reports/un-e-government-survey-2016<br />

https://publicadministration.un.org/egovkb/en-us/Reports/UN-E-Government-Survey-2018


24<br />

Opinião Helena Monteiro<br />

A APDSI tem contribuído vivamente e de<br />

forma continuada para este desiderato, ou<br />

seja, para a progressiva transformação da<br />

sociedade portuguesa tradicional numa<br />

sociedade de informação e de conhecimento.<br />

Neste relembrar do nosso percurso<br />

de vida, em paralelo com o percurso do<br />

desenvolvimento dos serviços digitais em<br />

Portugal, sugiro a leitura de dois estudos<br />

fundamentais desenvolvidos pela APDSI em<br />

2003, data em que o conhecimento destas<br />

realidades estava disperso e a análise e síntese<br />

apresentada nestes estudos não existia antes.<br />

São eles:<br />

• «Mudar a Máquina — Melhores práticas<br />

e estratégias de desenvolvimento<br />

internacionais» de janeiro de 2003,<br />

onde figura um quadro abrangente de<br />

desenvolvimento digital global através<br />

de um benchmarking de experiências<br />

internacionais 4 .<br />

• «Os Processos Básicos — da<br />

Administração Pública de interesse para<br />

os Cidadãos e Agentes Económicos» de<br />

julho de 2003, onde figura um excelente<br />

ponto de partida de serviços digitais em<br />

Portugal e que permite fazer agora uma<br />

avaliação do desenvolvimento nacional<br />

perante os resultados atuais obtidos nos<br />

diferentes setores de atividade e com<br />

os resultados do Programa SIMPLEX ao<br />

longo dos anos da sua execução 5 .<br />

Estes estudos foram desenvolvidos<br />

no contexto da APDSI, por equipas<br />

multidisciplinares formadas por Empresas,<br />

Organizações da Administração Pública,<br />

Universidades e outros Cidadãos associados<br />

da APDSI, tal como era preconizado no Livro<br />

Verde.<br />

4<br />

https://apdsi.pt/2003/estudo-mudar-a-maquinamelhores-praticas-e-estrategias-de-desenvolvimentointernacionais/<br />

5<br />

https://apdsi.pt/2003/estudo-processos-basicos-daadministracao-publica-de-interesse-para-os-cidadaose-agentes-economicos/<br />

Até ao fim de 2017, ao longo do seu<br />

percurso, a APDSI desenvolveu cerca<br />

de 300 atividades, envolvendo um<br />

universo de cerca de 13.000 participantes.<br />

Complementarmente, vai deixando rasto<br />

público da sua intervenção através dos<br />

conteúdos – estudos e vídeos – que estão<br />

disponíveis no seu sítio (www.apdsi.pt).<br />

Hoje, em 2018, inseridos num contexto de<br />

transformação digital emergente por via do<br />

desenvolvimento científico, da demografia e<br />

das condições económicas, políticas e sociais,<br />

a APDSI mantém a sua missão de facilitador<br />

desta transformação digital, mantendo o<br />

Cidadão no centro e promovendo a inclusão<br />

dos mais desfavorecidos digitalmente.<br />

A Direção que tomou posse em 21 de<br />

junho de 2018 6 tem por mote «Ousar,<br />

Desafiar e Inovar», mantendo uma linha<br />

de continuidade, mas ousando, desafiando<br />

e inovando como acelerador independente<br />

desta transformação digital, com novas<br />

abordagens e contando com todas as<br />

organizações dos setores privado, público e<br />

social e com todos os cidadãos que partilhem<br />

connosco a nossa missão. ≤<br />

Juntem-se a nós e desafiem-nos.<br />

Maria Helena Monteiro<br />

Presidente da Direção da APDSI<br />

6<br />

https://apdsi.pt/sobre/estrutura/


Um serviço de distribuição digital de aplicações da<br />

Administração Pública.<br />

Conheça-as e instale-as em Android.<br />

Já disponível em app.gov.pt e na PlayStore.


26<br />

Boas Práticas<br />

Câmara Municipal de Cascais:<br />

inovação digital e social<br />

Destacando-se a nível nacional quanto à disponibilização de serviços<br />

digitais e dados abertos, este município viu recentemente a sua<br />

app CityPoints Cascais ser distinguida pelas Nações Unidas com um<br />

prémio mundial de inovação digital com impacto na sociedade.<br />

A <strong>Diagrama</strong> quis saber o que mais é feito pela autarquia em termos de<br />

Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) e, em conversa com o<br />

seu Vice-Presidente, Miguel Pinto Luz, ficou a conhecer os exemplos de<br />

boas práticas que podemos encontrar naquele município.<br />

A Câmara Municipal de Cascais disponibiliza no seu portal o MyCascais, descrito como um<br />

serviço de autenticação única que permite o acesso a diversos serviços municipais. Como<br />

funciona e que serviços são esses?<br />

O serviço de autenticação MyCascais visa assegurar uma autenticação única em todos os serviços<br />

fornecidos pela Câmara Municipal ou por instituições de âmbito municipal, como empresas<br />

municipais e outras, para criar uma rede de serviços cada vez mais ampla. Assegura uma<br />

navegação single sign on, entre as diferentes plataformas com apenas uma autenticação. Outra


<strong>Diagrama</strong> • dezembro 2018 27<br />

vantagem para o cidadão é a visão 360º das<br />

suas interações com a Câmara e a gestão do<br />

seu perfil, definições de segurança e outras, de<br />

forma integrada.<br />

Está em constante evolução, sendo que,<br />

neste momento, via MyCascais é possível ao<br />

cidadão autenticar-se em serviços associados<br />

à cidadania e participação, como Voluntariado<br />

e Orçamento Participativo, e ainda na<br />

submissão de pedidos na Loja Cascais, em<br />

diferentes áreas, do Urbanismo ao Ambiente.<br />

Este sistema é também utilizado pelas<br />

aplicações CityPoints e Agenda Cascais.<br />

Que benefícios traz a disponibilização de<br />

serviços digitais?<br />

Inúmeros, nas mais diversas áreas e para<br />

todos os intervenientes. O cidadão apenas<br />

precisa de Internet para aceder mais fácil e<br />

comodamente (24h/dia, 365 dias/ano) aos<br />

serviços de que necessita, permitindo-lhe<br />

o acompanhamento e a interação com os<br />

processos sempre que necessário.<br />

Nos serviços municipais há uma<br />

inquestionável rentabilização de tempo, uma<br />

vez que todos os procedimentos se tornam<br />

mais ágeis e a integração com o sistema de<br />

gestão documental permite a constante<br />

monitorização dos processos e redução do<br />

tempo entre etapas.<br />

Como tem sido a adesão dos munícipes ao<br />

atendimento eletrónico?<br />

A adesão tem sido excelente. Ultrapassou<br />

mesmo as nossas expectativas. Hoje, por<br />

exemplo, cerca de 80% dos pedidos de<br />

licenciamento urbanístico são submetidos<br />

através do portal de serviços. Sabemos<br />

que a mudança de hábitos é um processo<br />

lento, dificultado por baixos conhecimentos<br />

informáticos ou difícil acesso a computadores<br />

ou serviços de dados, mas acreditamos<br />

que a evolução do número de utilizadores<br />

será sempre em sentido ascendente, como<br />

demonstram os dados.<br />

Um bom resultado que espelha o investimento<br />

na comunicação assertiva e direcionada dos<br />

recursos disponíveis. Mas, para isso, concorre<br />

muito o trabalho direto com os cidadãos,<br />

contribuíndo para que se tornem cada vez<br />

mais autónomos na utilização de serviços<br />

digitais. Por exemplo, quando um utilizador<br />

sente dificuldade na utilização dos serviços<br />

online pode contar com ajuda via atendimento<br />

telefónico (800 203 186). Há sempre (de 2.ª<br />

a 6.ª, das 9h00 às 18h00) um operador ou<br />

uma operadora para esclarecer dúvidas e/<br />

ou acompanhar a submissão do serviço. Nas<br />

Lojas de Cascais, com atendimento presencial,<br />

é possível submeter o serviço online em<br />

conjunto com o cidadão.<br />

A autarquia tem igualmente feito um trabalho<br />

relevante ao nível da disponibilização de<br />

dados abertos. Com que objetivos o têm feito?<br />

A política de dados abertos da Câmara<br />

Municipal de Cascais reflete-se numa<br />

plataforma pública de livre acesso e<br />

disponibilização de dados de Cascais. Esse<br />

portal deverá ser um reflexo do ecossistema<br />

de produção de dados do concelho, com<br />

contribuições da autarquia e de parceiros<br />

externos que incidam sobre o território.<br />

Subentende-se assim uma diversidade de<br />

informação passível de tratamento diverso e<br />

para qualquer fim, tendo por especial atenção<br />

a necessidade de tornar os dados acessíveis<br />

para o maior número de utilizações. A nossa<br />

estratégia passa pela promoção de uma cultura<br />

de disseminação de dados e transparência<br />

na gestão pública, que possa dar origem a


28<br />

Boas Práticas Câmara Municipal de Cascais<br />

Este conceito foi reconhecido pela ONU, porque<br />

apesar do seu aspeto local, pode ter um grande<br />

impacto global<br />

soluções inovadoras, criando em Cascais um<br />

laboratório vivo de experimentação.<br />

Estes serviços digitais contribuíram para<br />

a vossa subida de 22 lugares no Índice de<br />

Transparência Municipal? O que ainda está<br />

por fazer nesta área?<br />

O Índice de Transparência Municipal dá<br />

grande enfoque à informação online e não<br />

à disponibilização de serviços. Isto é, o que<br />

é valorizado é a informação disponibilizada<br />

e a facilidade do acesso à mesma. Estamos a<br />

implementar um workflow funcional entre<br />

os gestores de conteúdos do site e as áreas<br />

com informação preponderante. Também a<br />

lógica e arquitetura da informação tem de ser<br />

trabalhada, garantindo que a informação não<br />

só esteja disponível, como seja de fácil acesso.<br />

É neste procedimento que estamos a<br />

trabalhar e contamos, já no próximo ano,<br />

melhorar significativamente a nossa posição<br />

neste ranking.<br />

Têm apostado nos Orçamentos Participativos.<br />

No próximo mês de outubro terá lugar em<br />

Cascais a Smart Citizenship Academy, uma<br />

«Escola de Participação», e em 2020 vão<br />

receber o V Encontro Ibérico de Democracia<br />

e Orçamentos Participativos. Quer falar-nos<br />

sobre a importância destes eventos?<br />

A realização destes eventos em Cascais é um<br />

reconhecimento do nosso trabalho nas áreas<br />

da Participação e Cidadania. São importantes<br />

contributos para a divulgação da nossa<br />

experiência, consolidação da rede de partilha<br />

de conhecimento e oportunidade de projeção<br />

de Cascais, enquanto concelho de boas<br />

práticas.<br />

Por exemplo, em Cascais os cidadãos podem<br />

propor, votar e concretizar projetos (já mais<br />

de 80 obras executadas) alocando diretamente<br />

verbas públicas, atualmente superiores a 13<br />

milhões de euros. O OP Cascais é o maior de<br />

Portugal e um dos mais votados na Europa. O<br />

exemplo de Cascais já foi replicado em mais de<br />

dez cidades em todo o mundo.<br />

Mas a participação não se faz só no OP, faz-<br />

-se todos os dias, porque os cidadãos podem<br />

comunicar situações que querem corrigir<br />

(via Fix Cascais) e recebem pontos por boas<br />

práticas (Cascais CityPoints). Com a Smart<br />

Citizenship Academy passa a ser possível<br />

frequentar uma escola de participação, cujo<br />

objetivo é partilhar os bons exemplos no<br />

mundo e aprender com eles. O mesmo se passa<br />

com o Encontro Ibérico.<br />

Em 2018, a app City Points Cascais foi<br />

distinguida pelas Nações Unidas, recebendo<br />

o prémio mundial de inovação digital com<br />

impacto na sociedade, pela primeira vez<br />

atribuído a uma autarquia. O que esteve na<br />

base desta aplicação e o que oferece aos<br />

utilizadores?<br />

Enquanto Município queríamos valorizar<br />

ações relevantes em matéria de cidadania<br />

e participação. Esse foi o ponto de partida:<br />

desenvolver uma ferramenta que valorizasse<br />

essas ações. O método encontrado foi atribuir<br />

pontos aos cidadãos que concretizassem<br />

essas ações (por exemplo, adotar animais, dar<br />

sangue, fazer doações ou voluntariado). Hoje<br />

em dia quem já acumulou pontos suficientes<br />

pode trocá-los por vales de serviços ou<br />

eventos, como bilhetes para espetáculos,<br />

descontos em serviços, bilhetes para museus,<br />

etc. A gamificação deste processo pareceu-nos<br />

também muito interessante, criando rankings<br />

de cidadãos. Os mais ativos são premiados pelo<br />

seu envolvimento com a comunidade.


<strong>Diagrama</strong> • dezembro 2018 29<br />

Este conceito foi reconhecido pela ONU, pois<br />

apesar do seu aspeto local pode ter um grande<br />

impacto global. Não seria interessante que um<br />

cascalense pudesse trocar os seus pontos por<br />

uma entrada num museu em Berlim?<br />

Cascais tem outros projetos tecnológicos já<br />

implementados que gostasse de destacar?<br />

Adotámos por lema «Cascais começa nas<br />

pessoas», o que espelha bem a vontade do<br />

município de Cascais de recentrar toda a sua<br />

atividade em função das necessidades do<br />

munícipe. Mas isso implica conhecer bem<br />

o munícipe, para que a sua relação com os<br />

serviços seja a mais completa possível. Ora<br />

esta proximidade é dificultada pela dispersão<br />

física e orgânica das valências camarárias,<br />

pelo que em 2014 iniciámos um processo<br />

de transformação digital para aproximar e<br />

integrar as várias entidades municipais e<br />

proporcionar uma resposta adequada e cabal às<br />

dúvidas e necessidades dos munícipes.<br />

Neste âmbito, o município de Cascais<br />

optou pela cloud para todos os recursos de<br />

Tecnologias da Informação, em detrimento da<br />

implementação e manutenção de datacenters<br />

locais, cuja gestão implica knowhow específico<br />

e profundo. Integrámos as redes de dados<br />

e diretórios do universo municipal, o que<br />

permitiu a mobilidade aplicacional e de todos<br />

os colaboradores. Implementámos uma central<br />

telefónica virtual única (800 203 186), o que<br />

representou maior facilidade de contacto<br />

por parte dos cidadãos, e permitiu reduzir<br />

os custos com manutenção. Implementámos<br />

a gestão documental única, facilitando a<br />

desmaterialização dos documentos end-to-end,<br />

entre qualquer uma das entidades municipais,<br />

com repositório único para todos os fluxos<br />

documentais.<br />

Apostámos também no desenvolvimento<br />

de aplicações móveis, como o Fix Cascais, que<br />

permite a submissão de ocorrências e pedidos<br />

de intervenção em zonas públicas. É hoje um<br />

dos principais canais de comunicação com os<br />

munícipes. O CityPoints, que permite valorizar<br />

boas práticas dos cidadãos. A Agenda Cascais,<br />

aplicação que aproxima os cidadãos do seu<br />

concelho, permitindo saber em primeira mão<br />

tudo quanto há para fazer nas mais diversas<br />

áreas (cultura, desporto, lazer…). E ainda a<br />

plataforma MobiCascais, criada para promover<br />

de forma integrada a mobilidade em Cascais.<br />

Através desta plataforma é possível controlar<br />

a disponibilização de bicicletas partilhadas e<br />

de uso «turístico» ou o acesso aos parques,<br />

assim como visualizar em tempo real a frota de<br />

autocarros, interligação com a CP, Scotturb e<br />

outros operadores.<br />

Temos também em curso projetos<br />

relacionados com IoT 1 , nomeadamente a<br />

aposta na sensorização de todos os recursos<br />

do município, em particular das bicicletas e<br />

respetivas docas, na videovigilância, na recolha<br />

de resíduos, nos sensores ambientais e de<br />

iluminação inteligente, entre outros.<br />

O que se seguirá, no âmbito das TIC?<br />

Cascais orgulha-se de estar na linha da frente a<br />

liderar processos de transformação, assumindo-<br />

-se como concelho experimental para o teste de<br />

novas soluções tecnológicas. Até ao final do ano,<br />

Cascais vai ter um veículo autónomo a circular.<br />

Um outro projeto fundamental para Cascais<br />

é o C3 - Centro de Controlo de Cascais, que irá<br />

centralizar no mesmo espaço toda a informação<br />

de gestão do território e onde irá ser feita<br />

a coordenação de todas as operações (em<br />

articulação com outras instituições<br />

e privados). ≤<br />

1<br />

Internet of Things.


30<br />

Entrevista<br />

Alexandre Nilo Fonseca<br />

Fundador e Diretor Executivo<br />

do MUDA<br />

Apesar de ser um dos países da União Europeia com mais serviços<br />

públicos disponibilizados online, Portugal ainda é um país com uma<br />

taxa de inclusão e literacia digital relativamente baixa. Um cenário a<br />

melhorar, tendo em conta a importância do digital para uma sociedade<br />

mais desenvolvida, uma Administração Pública mais eficiente e uma<br />

cidadania mais ativa e participativa.<br />

Estes são precisamente alguns dos alertas e preocupações do MUDA —<br />

Movimento pela Utilização Digital Ativa. Alexandre Nilo Fonseca, fala-<br />

-nos do que mais urge fazer neste domínio.


<strong>Diagrama</strong> • dezembro 2018 31<br />

Quando surgiu o MUDA e qual a sua missão?<br />

O MUDA é uma iniciativa portuguesa lançada<br />

a 15 de Maio de 2017 por um conjunto de<br />

empresas dos vários setores da economia, por<br />

universidades e pelo Governo Português —<br />

representado pela <strong>AMA</strong> — que assumiram, em<br />

conjunto, a missão de reduzir o número de<br />

portugueses que nunca utilizaram a Internet<br />

e simultaneamente aumentar o número de<br />

utilizadores com competências avançadas.<br />

Estamos convictos de que ao incentivarmos<br />

os portugueses a utilizarem mais Internet no<br />

seu dia a dia por forma a tirarem mais partido<br />

dos benefícios associados aos serviços digitais<br />

— disponibilizados tanto pelo Estado como<br />

pelas empresas — iremos tornar Portugal<br />

numa sociedade mais desenvolvida, com uma<br />

cidadania mais ativa, inclusiva e participativa.<br />

O que é uma utilização digital ativa?<br />

Uma utilização digital ativa pressupõe que os<br />

cidadãos conseguem efetuar no seu dia a dia<br />

um conjunto de atividades no espaço digital.<br />

Desde logo é preciso assegurar que os cidadãos<br />

portugueses consigam ter acesso aos serviços<br />

digitais das empresas e do Estado, conheçam e<br />

saibam utilizar as tecnologias digitais; saibam<br />

comunicar por via digital; desenvolvam<br />

uma conduta digital apropriada; comprem<br />

produtos e serviços através da Internet;<br />

consigam assegurar a responsabilidade pelos<br />

atos e compromissos efetuados digitalmente;<br />

possam exprimir-se livre e responsavelmente<br />

na Internet; e por fim que se possam sentir<br />

seguros quando utilizam a Internet.<br />

Nos últimos anos, quais os principais<br />

progressos e as maiores limitações que<br />

destacaria no que diz respeito à adoção de<br />

tecnologias digitais?<br />

A aposta que tem sido feita pelo Estado<br />

Português nos últimos 10 anos na digitalização<br />

da Administração Pública e da sua relação<br />

iremos tornar Portugal<br />

numa sociedade mais<br />

desenvolvida, com<br />

uma cidadania mais<br />

ativa, inclusiva e<br />

participativa<br />

com os cidadãos e as empresas tem sido<br />

notável. Exemplos incluem os programas<br />

governamentais Simplex (2006) e o mais<br />

recente Simplex+2018, os contratos públicos<br />

eletrónicos obrigatórios (2009) ou o e-fatura<br />

(2013), entre muitos outros. Uma revolução<br />

equivalente tem vindo a desenvolver-se<br />

no setor privado, quer na relação entre as<br />

empresas, quer na relação destas com os<br />

consumidores.<br />

No entanto, se por um lado a oferta de<br />

serviços digitais do Estado e das empresas<br />

em Portugal está ao nível do que de melhor<br />

se faz na Europa — ou mesmo no Mundo —<br />

por outro, o nível de adoção destes serviços<br />

pelos portugueses é ainda particularmente<br />

baixo, nomeadamente entre os mais velhos,<br />

com menos rendimentos e menos formação.<br />

Para referência, antes do MUDA ser lançado<br />

cerca de 26% dos portugueses nunca tinham<br />

utilizado a Internet e apenas 28% faziam<br />

utilização avançada dela.<br />

Que mais pode ser feito para fomentar uma<br />

maior literacia e inclusão digitais?<br />

No primeiro ano de atividade, percorremos<br />

Portugal com o Roadshow MUDA, de Barcelos<br />

a Faro, com uma grande tenda, onde durante<br />

cinco meses milhares de portugueses tiveram<br />

a oportunidade de assistir a aulas sobre as<br />

vantagens de utilizar a Internet; receber<br />

aconselhamento personalizado — incluindo


32<br />

Entrevista Alexandre Nilo<br />

A aposta que tem sido feita pelo Estado Português<br />

nos últimos 10 anos na digitalização da<br />

Administração Pública e da sua relação com os<br />

cidadãos e as empresas tem sido notável<br />

uma avaliação de conhecimentos digitais e<br />

recomendações para utilização de serviços<br />

digitais — e ainda experimentar novidades<br />

tecnológicas, tais como realidade virtual e<br />

aumentada. Em parceria com a <strong>AMA</strong>, foi ainda<br />

possível fazer no espaço MUDA, a ativação<br />

da Chave Móvel Digital. Por outro lado,<br />

fizemos mais de vinte diretos em programas<br />

televisivos de grande audiência popular, onde<br />

se explicaram as vantagens da utilização da<br />

Internet aos Portugueses.<br />

Qual o impacto do primeiro ano de atividade<br />

do MUDA?<br />

O mais recente relatório «DESI — Digital<br />

Economy and Society Index 2018» da<br />

Comissão Europeia destaca o aumento da<br />

utilização da Internet pelos cidadãos em<br />

Portugal acima da média europeia em 2017.<br />

O relatório anual da Comissão Europeia<br />

destaca ainda o lançamento do Movimento<br />

pela Utilização Digital Ativa (MUDA) em 2017<br />

como exemplo do que o setor privado e a<br />

sociedade civil portuguesa estão a fazer para<br />

garantir que todos os cidadãos beneficiem<br />

da transformação digital, e refere ser crucial<br />

acompanhar a contribuição desta iniciativa.<br />

Este é obviamente um reconhecimento<br />

importante que a Comissão Europeia faz ao<br />

MUDA e que coloca definitivamente a nossa<br />

iniciativa no radar das entidades nacionais e<br />

internacionais.<br />

Segundo um estudo realizado em maio de<br />

2018 pela consultora internacional GFK, os<br />

portugueses que nunca utilizaram a Internet<br />

são agora agora menos de 20% — eram mais<br />

de 26% no ano antes do MUDA arrancar —<br />

um resultado que nos deixa particularmente<br />

animados e empenhados neste nosso<br />

segundo ano de atividade. Segundo a GFK, o<br />

MUDA terá impactado cerca de 1 milhão de<br />

portugueses no primeiro ano de atividade<br />

— entre eventos no terreno, programas de<br />

televisão em direto, publicidade e, como não<br />

podia deixar de ser, redes sociais e outros<br />

meios digitais como o site MUDA.PT.<br />

Feito o balanço das ações já realizadas, que<br />

medidas teremos no futuro e até onde pode ir<br />

o MUDA?<br />

Neste segundo ano de atividade, o Roadhsow<br />

MUDA voltou ao terreno e está já a percorrer<br />

o País desde julho, em trinta espaços<br />

comerciais,em parceria com o Continente.<br />

Em outubro arranca o MUDA Num Minuto,<br />

um programa de televisão diário, na RTP 1 e<br />

RTP 3, com dicas diárias sobre a utilização dos<br />

serviços digitais do Estado e das empresas.<br />

Um dos primeiros programas será com o<br />

Presidente da <strong>AMA</strong> a explicar as vantagens<br />

dos serviços do Estado.<br />

O MUDA conta hoje com mais de<br />

trinta parceiros dos mais variados setores<br />

de atividade, entre grandes empresas,<br />

universidades e Estado. Em conjunto, chegam<br />

todos os dias a milhões de portugueses,<br />

nomeadamente através dos mais de 5.000<br />

pontos de contacto com a população — uma


<strong>Diagrama</strong> • dezembro 2018 33<br />

rede de pontos de contacto que inclui balcões,<br />

lojas e até os Espaços do Cidadão — que<br />

são fundamentais para estar próximo da<br />

população que não é ainda digital.<br />

No mês de julho, o MUDA organizou uma<br />

conferência dedicada à Chave Móvel Digital.<br />

Qual é, no seu entender, a relevância deste<br />

novo e inovador meio de autenticação?<br />

A Conferência «Chave Móvel Digital: Impacto<br />

nos Consumidores, nas Empresas e no<br />

Estado», organizada em parceria pela <strong>AMA</strong><br />

e pelo MUDA, reuniu especialistas do setor<br />

público e do setor privado para discutir o<br />

impacto da adoção da Chave Móvel Digital<br />

pelos consumidores, empresas e Estado.<br />

Um dos objetivos do MUDA é potenciar<br />

a adoção de uma identidade única digital,<br />

móvel e transversal entre as empresas, o<br />

Estado e os consumidores. Neste sentido,<br />

foram apresentadas em primeira mão as<br />

implementações da Chave Móvel Digital<br />

em três das maiores empresas em Portugal:<br />

EDP, MEO e Millennium BCP. Ao longo dos<br />

próximos meses iremos anunciar novos<br />

parceiros MUDA que irão disponibilizar a<br />

Chave Móvel Digital nos seus serviços digitais.<br />

Também é feito um apelo à angariação<br />

de «voluntários MUDA», com mensagens<br />

dirigidas a escalões mais jovens. Que papel<br />

poderá ser assumido por esses «voluntários»?<br />

Os jovens são nativos digitais. Quando<br />

nasceram já havia Internet e utilizam-na<br />

constantemente como parte do seu ADN.<br />

Neste sentido, os jovens podem ajudar os<br />

mais velhos, que não são digitais, a criarem<br />

o seu primeiro email, a usarem uma rede<br />

social e mesmo a comunicarem com<br />

aqueles que vivem noutro país. Os jovens<br />

podem ser fundamentais na mudança de<br />

comportamentos em casa, tais como acabar<br />

com as faturas em papel, só para dar um<br />

exemplo. Temos neste momento mais de 700<br />

voluntários a nível nacional e ao longo dos<br />

próximos meses vamos continuar a contar<br />

com o seu apoio, nomeadamente num novo<br />

projeto que anunciaremos daqui a uns meses<br />

e que visa colocar os jovens voluntários nas<br />

escolas secundárias a dar aulas a cidadãos que<br />

não sabem utilizar a Internet. Esta é uma das<br />

novas iniciativas para 2019 em que estamos a<br />

trabalhar e que muito nos entusiasma. ≤<br />

Mais informações em<br />

www.muda.pt


34<br />

Artigo<br />

Cultura Digital 1.0<br />

à procura de ser 4.0<br />

«Ao digitalizar processos e fazer mudanças organizacionais, os Governos podem melhorar os<br />

serviços, economizar dinheiro e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos (McKinsey, 2013).»<br />

Esta é também a opinião partilhada pelo projeto MUDA (Movimento pela Utilização Digital<br />

Ativa).<br />

Num estudo 1 realizado em Portugal pela empresa alemã GFK (Gesellschaft für<br />

Konsumforschung) 2 entre os dias 08 e 17 de maio de 2018, surgem vários dados estatísticos que<br />

importa enumerar. 43% da população inquirida afirma não saber como usar nem navegar na<br />

Internet, por ausência de meios ou conhecimentos. Se atendermos a uma divisão das regiões<br />

por NUTS II, a região Norte apresenta uma taxa mais reduzida de não utilização mas, em<br />

contrapartida, a faixa etária mais jovem desta região é aquela que mais acede aos conteúdos nas<br />

redes sociais.<br />

Não obstante, 64% da população inquirida evoca uma utilização regular e intensa da<br />

Internet. Nesta base percentual, a consulta de email pessoal e profissional e o acesso às redes<br />

sociais afiguram-se como os dois comportamentos principais. As redes sociais têm um peso<br />

significativo nos motivos de acesso à Internet (65,5%), sendo que o principal trunfo apontado é<br />

a obtenção de informação de forma instantânea.<br />

Quando se trata de apontar as desvantagens da Internet para o utilizador, a falta de<br />

segurança associada às fraudes é o reverso da medalha. Isso poderá justificar que 59% da<br />

população inquirida não faça habitualmente compras online. A preferência pelo atendimento<br />

presencial, em loja, é ainda de 21%, o que traduz a necessidade de se assegurar o aumento da<br />

sensação de segurança e da proteção de dados pessoais.<br />

Lançar os dados para uma «sociedade digital por defeito»<br />

Para tentar inverter esta realidade, a IDC (International Data Corporation) e o estudo<br />

realizado pelo Center for Business Innovation da Porto Business School acendem a lanterna e<br />

apontam o caminho a percorrer por Portugal.<br />

Focando atenções neste último, procurar-se-á dar a conhecer as potencialidades de uma<br />

sociedade «Digital by Default», em Portugal.<br />

Nos últimos dois anos, as preocupações com a transformação digital têm vindo a crescer no<br />

universo empresarial, em todo o mundo, de forma transversal a todas as indústrias. Os líderes<br />

das principais organizações mundiais têm revelado algum ceticismo no que diz respeito ao<br />

impacto que o digital poderá trazer ao negócio.<br />

1<br />

N= 800. O total do universo amostral é composto por 800 inquiridos.<br />

2<br />

Tradução: Sociedade para Estudos do Consumidor.


<strong>Diagrama</strong> • dezembro 2018 35<br />

Neste sentido, procurou-se compilar<br />

uma panóplia de informações sobre estudos<br />

internacionais de benchmarking e dados<br />

portugueses. O objetivo é compreender os<br />

potenciais benefícios económicos e sociais<br />

e evidenciar fatores de sucesso. Para operar<br />

esta mudança, é essencial que as organizações<br />

possam atuar como «nativas digitais»,<br />

ou seja, que integrem o digital de forma<br />

transversal.<br />

O programa ProgeTiiger, desenvolvido<br />

pela Estónia, é um ótimo exemplo prático<br />

e que faz jus ao célebre ditado português<br />

«É de pequenino que se torce o pepino»,<br />

promovendo o acesso das crianças a noções<br />

de programação desde os tempos em que<br />

estão no jardim-de-infância. Esta medida tem<br />

implicações diretas na cultura organizacional<br />

da sociedade estoniana, permitindo que as<br />

indústrias de tecnologia de ponta assumam<br />

aproximadamente 15% do PIB.<br />

No ano de 2010, o Reino Unido lançou<br />

a plataforma Gov.UK, um conceito<br />

impulsionado pelo Governo e que tinha como<br />

objetivo reunir três stakeholders-chave:<br />

Governo, Cidadãos e Empresas. Na base da<br />

criação desta plataforma online está uma<br />

outra, designada Gov.UK Verify, capaz de<br />

garantir a segurança na navegação e de provar<br />

a identidade de cada cidadão.<br />

A substituição dos canais tradicionais<br />

de comunicação pelos canais digitais<br />

transformou a forma como os cidadãos e as<br />

empresas interagem com o Governo e entre<br />

si. Em adição, possibilitou que o Reino Unido<br />

economizasse 3,3 biliões de libras esterlinas<br />

(Gov.UK, 2017).<br />

A cidade de Leeds, localizada no condado<br />

de West Yorkshire, tenta galvanizar uma<br />

revolução digital de 45 milhões de libras<br />

esterlinas, trazendo banda larga gratuita<br />

para as habitações da cidade.<br />

No reino da Dinamarca, o preenchimento<br />

de formulários em papel é já um processo<br />

que pertence ao passado. Atualmente, 90%<br />

da população dinamarquesa usa a Internet<br />

para efetuar todas as transações (União<br />

Europeia, 2015).<br />

Uma lógica «Digital by Default»<br />

pressupõe que os serviços públicos devem<br />

contemplar quatro condições básicas:<br />

estarem disponíveis online; correrem em<br />

dispositivos móveis, serem acessíveis e fáceis<br />

de usar; oferecerem valor acrescentado.<br />

Em Portugal, o cálculo do impacto<br />

económico da adoção de uma estratégia<br />

«Digital by Default» dependerá do nível de<br />

integração e maturidade da abordagem.<br />

Como forma de consubstanciar esse<br />

nível de integração, será conveniente a<br />

análise de quatro estágios de crescimento<br />

ou maturidade: Catalogação, Transação,<br />

Integração Vertical e Integração Horizontal<br />

(Layne e Lee, 2001). Cada estágio implica<br />

um nível crescente de complexidade e<br />

integração.<br />

Na Catalogação, exige-se que os Governos<br />

sejam capazes de criar um «site do Estado»,<br />

principalmente devido a uma grande pressão<br />

dos media, ter funcionários especializados<br />

em tecnologia e, por fim, cidadãos exigentes<br />

e outras partes interessadas que possibilitem<br />

Quando se trata de apontar as desvantagens da<br />

Internet para o utilizador, a falta de segurança<br />

associada às fraudes é o reverso da medalha


36<br />

Artigo<br />

Para operar esta<br />

mudança, é essencial<br />

que as organizações<br />

possam atuar como<br />

«nativas digitais»,<br />

ou seja, que integrem<br />

o digital de forma<br />

transversal<br />

a entrada na «rede».<br />

Na Transação, à medida que os sites da<br />

entidade governamental evoluem e os canais<br />

oficiais se propagam, os cidadãos interiorizam<br />

o valor da Internet como outro canal de<br />

aproximação aos serviços e cultivam o gosto<br />

pelo online, beneficiando dos novos recursos.<br />

Numa lógica de Integração Horizontal,<br />

todo o potencial inerente às tecnologias de<br />

informação, do ponto de vista do cidadão,<br />

só pode ser alcançado através da integração<br />

horizontal dos serviços do Governo em<br />

diferentes plataformas funcionais.<br />

Como último estágio surge a Integração<br />

Vertical, onde o foco se desloca em direção<br />

à transformação dos serviços do Governo.<br />

Em vez de se automatizarem e digitalizarem<br />

os processos já existentes, poderão ocorrer<br />

mudanças permanentes nos processos<br />

governativos e até na própria definição<br />

conceptual de Governo, tal como hoje a<br />

conhecemos.<br />

Com a perspetiva de adoção de uma<br />

estratégia de digitalização com integração<br />

parcial dos dois primeiros estágios<br />

evidenciados (catalogação e transações<br />

básicas), e tomando o caso da Dinamarca<br />

como referência, estima-se um potencial<br />

de poupanças na ordem dos 140 milhões<br />

de euros por ano. Não obstante, se a opção<br />

recair na implementação de uma estratégia<br />

de e-Government com Integração Vertical,<br />

estima-se uma poupança, para Portugal, na<br />

ordem dos 280 milhões de euros por ano. Se o<br />

exemplo a seguir for o do Reino Unido, através<br />

de uma Integração Horizontal, aí a poupança<br />

poderá ser na ordem dos 428 milhões de euros<br />

por ano.<br />

Na perspetiva do estudo desenvolvido pelo<br />

Center for Business Innovation da Porto<br />

Business School, uma sociedade centrada<br />

numa cultura organizacional orientada<br />

para o Digital by Default deverá fomentar a<br />

existência de um plano económico de longo<br />

prazo, estimular uma cultura digital ativa,<br />

desenvolver uma visão tecnológica holística<br />

e, por fim, implementar uma nova visão<br />

organizacional.<br />

Todavia, digital by default não quer dizer<br />

digital only (apenas digital). Por defeito, os<br />

cidadãos passarão a receber, por exemplo,<br />

faturas eletrónicas ou extratos digitais. Os<br />

portugueses que não queiram, numa fase<br />

inicial, adotar o digital, poderão continuar a<br />

receber os documentos em formato papel. No<br />

fundo, o que se pretende é aumentar o envio<br />

de documentação através de plataformas<br />

digitais.<br />

Se o exemplo a<br />

seguir for o do Reino<br />

Unido, através de<br />

uma Integração<br />

Horizontal, aí a<br />

poupança poderá ser<br />

na ordem dos 428<br />

milhões de euros<br />

por ano


<strong>Diagrama</strong> • dezembro 2018 37<br />

Todavia, digital by default não quer dizer digital only<br />

(apenas digital). Por defeito, os cidadãos passarão<br />

a receber, por exemplo, faturas eletrónicas ou<br />

extratos digitais<br />

Quando falamos de medidas/programas europeus e nacionais de Digital by Default são<br />

vários os exemplos que podemos elencar: o Programa Simplex, a Agenda Digital, a Estratégia<br />

Indústria 4.0, Portugal INCoDe 2030, Chave Móvel Digital, Orçamento Participativo Portugal,<br />

GovTech, entre outras.<br />

Conferência da IDC Directions 2018<br />

Este e outros assuntos do universo digital estiveram em discussão na conferência da IDC<br />

Directions 2018, que decorreu no dia 18 de outubro, no Centro de Congressos do Estoril. Por<br />

lá, procurou criar-se a visão e os insights 3 necessários para ultrapassar com sucesso o cenário<br />

de rápida mudança, ajudando as organizações a reduzirem os riscos, a aplicarem inovação, a<br />

agilizarem o tempo de lançamento no mercado e a gerarem mais resultados para o negócio.<br />

Make change happen. Que é como quem diz: façamos de Portugal um País mais digital. O<br />

importante será que continuemos com um registo de crescimento constante e orientado para o<br />

aperfeiçoamento das medidas e projetos já existentes, acompanhando as melhores práticas que<br />

nos chegam. ≤<br />

Modelo de cultura organizacional (McKinsey, 2013)<br />

DIGITAL<br />

BY DEFAULT<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

DIGITAL<br />

BY DEFAULT<br />

<br />

<br />

DIGITAL<br />

BY DEFAULT<br />

3<br />

Tradução: Perceções.


38<br />

Artigo<br />

UNITED NATIONS<br />

E-GOVERNMENT<br />

SURVEY 2018<br />

E-Government Survey das Nações<br />

Unidas<br />

Nova análise sobre o Governo<br />

Eletrónico a nível mundial


<strong>Diagrama</strong> • dezembro 2018 39<br />

mantém-se o fosso digital entre as<br />

diferentes zonas do globo<br />

Foi publicada, no passado mês de julho,<br />

a edição de 2018 do United Nations<br />

E-Government Survey, uma análise global<br />

desenvolvida pelo departamento de assuntos<br />

económicos e sociais da Organização das<br />

Nações Unidas (ONU), que apresenta uma<br />

avaliação sistemática da utilização e do<br />

potencial que as tecnologias de informação<br />

e comunicação podem ter na transformação<br />

do setor público, levando a um aumento de<br />

eficácia, transparência, acesso a serviços<br />

públicos e participação dos cidadãos, e em<br />

todos os níveis de desenvolvimento social.<br />

A análise apresentada nesta edição do<br />

relatório evidencia uma utilização ainda<br />

maior do Governo Eletrónico no apoio à<br />

Agenda 2030, examinando como pode ser<br />

utilizado, em conjunto com as tecnologias de<br />

informação, na construção de sociedades mais<br />

sustentáveis e resilientes.<br />

Para além dos 193 Estados-membros,<br />

o estudo abrange, pela primeira vez,<br />

o desenvolvimento de serviços de<br />

E-Government em quarenta cidades<br />

mundiais. Para o efeito, foram analisados<br />

portais municipais de sete cidades africanas,<br />

cinco do continente americano, treze da Ásia,<br />

doze europeias e duas da Oceânia, tendo<br />

Moscovo, a Cidade do Cabo e Talin ficado no<br />

topo dessa tabela.<br />

Num relatório que pode ser consultado<br />

online, explorando várias infografias, uma<br />

base de dados interativa e um mapa que<br />

permite verificar os vários indicadores para<br />

cada país e região, é possível verificar que<br />

os países europeus lideram globalmente<br />

o desenvolvimento ao nível do Governo<br />

Eletrónico. Apesar dos avanços registados,<br />

mantém-se o fosso digital entre as diferentes<br />

zonas do globo, com algumas nações ainda<br />

muito atrasadas na disponibilização de<br />

serviços eletrónicos para os cidadãos e<br />

empresas, especialmente nas regiões mais<br />

pobres do planeta.<br />

Em resumo, há cada vez mais países,<br />

e também cidades, a melhorarem o seu<br />

desempenho ao nível da disponibilização de<br />

serviços públicos online, uma aposta que<br />

tem tido resultados bastante positivos na<br />

sustentabilidade e resiliência das sociedades.<br />

Ranking E-Government Development Index<br />

(EGDI)<br />

No ranking de 2018 do EGDI, um índice que<br />

mede não só a disponibilização dos serviços,<br />

mas também a sua abrangência e qualidade,<br />

bem como as condições das infraestruturas<br />

de comunicações e a capacidade humana<br />

existentes, a Dinamarca, a Austrália e a<br />

República da Coreia foram as nações que<br />

conseguiram os melhores resultados,<br />

encabeçando uma lista de 40 países que<br />

melhor tiram partido das tecnologias de<br />

informação e comunicação para os serviços<br />

públicos.<br />

Portugal passou a<br />

fazer parte do «clube»<br />

de países de alta<br />

performance do EGDI


40<br />

Artigo<br />

O nosso País encontra-<br />

-se agora colocado no<br />

29.º lugar do ranking<br />

mundial<br />

A líder Dinamarca, que saltou do 9.º lugar<br />

em 2016 para o 1.º em 2018, vê assim premiada<br />

uma estratégia iniciada precisamente em<br />

2016, pela qual se determina que todos os<br />

cidadãos devem usar os serviços públicos<br />

online e o correio eletrónico nas suas<br />

interações com o Estado, existindo exceções<br />

apenas para quem não entende dinamarquês,<br />

não possui um computador ou tem algum tipo<br />

de deficiência.<br />

Portugal melhora cada vez mais o seu<br />

desempenho tecnológico<br />

Integrando o grupo de países que<br />

melhores resultados alcançaram no seu<br />

desenvolvimento em termos de Governo<br />

Eletrónico, Portugal passou a fazer parte do<br />

«clube» de países de alta performance do<br />

EGDI, denominado Very High, juntamente<br />

com a Grécia, Bielorrússia, Liechtenstein,<br />

Malta, Mónaco, Polónia e a Federação Russa,<br />

numa clara demonstração de evoluções no<br />

respeitante à disponibilização de serviços<br />

públicos online.<br />

O nosso País encontra-se agora colocado<br />

no 29.º lugar do ranking mundial, o que<br />

representa uma subida de nove lugares<br />

em comparação com 2016 (data do último<br />

relatório). Já em relação à quantidade<br />

de portugueses a utilizarem os serviços<br />

disponibilizados, a subida foi de vinte<br />

posições, com um salto para o 30.º lugar<br />

dessa tabela.<br />

Entre os resultados agora apresentados,<br />

destacam-se importantes indicadores para<br />

o desempenho nacional, como o «Serviço<br />

Centrado no Cidadão», os «Facilitadores de<br />

TI» e a «Transparência».<br />

Portugal conseguiu o segundo lugar no<br />

critério «Serviço Centrado no Cidadão»,<br />

com 91%, mais um ponto comparativamente<br />

com o estudo anterior e imediatamente atrás<br />

de Malta, e a mesma subida registou-se no<br />

indicador «Transparência», com 72%, a que<br />

corresponde a terceira posição, a seguir a<br />

Malta e Estónia.<br />

Ao nível de «Facilitadores de TI» (Key<br />

Enablers), Portugal alcançou o terceiro<br />

lugar, com 86%, com a autenticação com o<br />

Cartão de Cidadão, a Chave Móvel Digital ou a<br />

disponibilidade de serviços na Plataforma de<br />

Interoperabilidade da Administração Pública<br />

(iAP) a revelarem-se contributos decisivos<br />

para o resultado alcançado.<br />

No indicador «Mobilidade<br />

Transfronteiriça», Portugal ocupa agora o 10.º<br />

lugar, com 73%, e, nos «Serviços Prestados<br />

aos Cidadãos», o 18.º lugar, com 39% (face a<br />

uma média europeia de 43%), um acréscimo<br />

de 7% face a 2016.<br />

Nas suas conclusões, a ONU sublinha<br />

a modernização dos serviços públicos<br />

nacionais, apontando as Lojas de Cidadão e<br />

o Programa Simplex+ como bons exemplos a<br />

seguir, e considerando o alargamento da rede<br />

de Espaços Cidadão como «uma boa solução<br />

para combater a exclusão digital». ≤<br />

a ONU sublinha a<br />

modernização dos<br />

serviços públicos<br />

nacionais


<strong>Diagrama</strong> • dezembro 2018 41<br />

Serviços<br />

nline<br />

Sabia que...<br />

Em qualquer fase da sua vida vai encontrar serviços<br />

públicos disponíveis online que facilitam o seu<br />

relacionamento com o Estado?<br />

Pode autenticar-se de forma simples e segura, aceder<br />

a serviços sem se deslocar, obter declarações ou<br />

documentos num só clique, dar informações ao Estado<br />

de uma só vez ou mesmo obter senhas de atendimento à<br />

distância.<br />

Aproveite melhor o tempo para fazer<br />

o que mais gosta.


42<br />

Simplex+<br />

NASCIMENTO SAÚDE EDUCAÇÃO VEÍCULOS EMPRESA TRABALHO<br />

Magia em todas as fases da vida<br />

«É impossível que as vacas voem», mas<br />

a mudança que o Simplex traz à vida dos<br />

cidadãos, essa, é bem real. No Simplex+ 2018<br />

são 112 as medidas destinadas a beneficiar o<br />

cidadão em todas as fases da sua vida. E esta<br />

estruturação das medidas é precisamente uma<br />

das novidades face aos programas anteriores.<br />

Quando tudo começa a acontecer, já<br />

é possível contar com médico de família<br />

imediatamente após o nascimento de um<br />

filho. No domínio da educação, destaca-se a<br />

Escola 360º, que concentra todas as interações<br />

escolares num único local. Para quem pensa<br />

formar família, pode iniciar o processo de<br />

casamento online sem sair de casa. E os<br />

exemplos poderiam continuar.<br />

Tudo começou há 12 anos, quando os portugueses ouviram a<br />

palavra «Simplex» pela primeira vez, o programa do Governo<br />

que chegou para introduzir uma mudança significativa no<br />

funcionamento dos serviços públicos e na vida dos cidadãos,<br />

eliminando burocracias desnecessárias. Com mais de uma década<br />

de existência, o Simplex já dispensa as aspas e a magia já foi<br />

posta em prática através de mais de 1200 medidas, algumas delas<br />

icónicas, como o e-fatura.<br />

O programa Simplex+ 2018 traz 175 ideias que prometem dar a<br />

volta à sua vida, diminuindo deslocações, encurtando tempos de<br />

espera, pondo a resolução dos problemas do cidadão à distância de<br />

um click.<br />

O Ministério da Justiça disponibilizou a nova Plataforma<br />

Digital da Justiça, que, pela primeira vez, reúne num único local


<strong>Diagrama</strong> • dezembro 2018 43<br />

CASA<br />

FAMÍLIA<br />

REFORMA<br />

LAZER<br />

AO LONGO DA VIDA<br />

MORTE<br />

as diferentes áreas, temáticas e serviços da<br />

Justiça: Tribunais, Registos, Reinserção e<br />

Serviços Prisionais, Propriedade Industrial,<br />

Medicina Legal ou Investigação Criminal. São<br />

mais de 60 fichas de serviço disponíveis com<br />

mais de 120 indicadores e estatísticas.<br />

Já o Portal de Fornecedores do Estado vem simplificar, com recurso a meios digitais, os<br />

procedimentos de verificação da inexistência de impedimentos à contratação por parte dos<br />

fornecedores. Em suma, os fornecedores ficam dispensados de fazerem prova de idoneidade e<br />

da situação tributária e contributiva regularizada perante cada entidade pública.<br />

Quanto aos turistas que tenham residência fora da Europa, podem agora recuperar o IVA<br />

de compras que tenham efetuado, à saída do território europeu. Para tal, têm de certificar<br />

as respetivas faturas. Chama-se e-Tax-Free e permite selecionar as faturas que dão direito<br />

a reembolso, bastando que, depois, se dirijam às empresas de intermediação financeira que<br />

trabalham no aeroporto para receberem o dinheiro a que têm direito.<br />

Para construir o Simplex+ 2018, o Governo ouviu mais de 500 pessoas, entre cidadãos,<br />

empresários e autarcas de todo o país. Entre estes, contou também com os funcionários<br />

públicos, que participaram nos cinco encontros de onde resultaram 500 propostas, 30% das<br />

quais foram integradas no programa Simplex, no âmbito do Simplex Jam. ≤


44<br />

S<strong>AMA</strong>2020<br />

Instituto Português do Desporto<br />

e Juventude, I.P.<br />

O Instituto Português do Desporto e<br />

Juventude, I.P. tem por missão a execução<br />

de uma política integrada e descentralizada<br />

para as áreas do desporto e juventude, em<br />

estreita colaboração com entidades públicas<br />

e privadas, designadamente organismos<br />

desportivos, associações juvenis, estudantis e<br />

autarquias locais.<br />

Tendo em conta a exigência dos nossos<br />

públicos-alvo, o IPDJ tem vindo a promover<br />

a inovação e a implementação de processos<br />

de melhoria, adaptando a sua atividade às<br />

necessidades dos seus públicos e contribuído<br />

para uma Administração Pública aberta.<br />

É com este enquadramento que têm<br />

sido levados a cabo vários projetos de<br />

desenvolvimento e melhoria de instrumentos<br />

tecnológicos.<br />

De entre os vários projetos financiados<br />

pelo S<strong>AMA</strong>, dois já viram a sua conclusão:<br />

o projeto cuja finalidade era executar uma<br />

plataforma digital para Registo de Clubes e<br />

Federações e pedido de Mecenato Desportivo<br />

e o projeto que teve por finalidade a execução<br />

de um Balcão Único de acesso a programas na<br />

área da juventude, tendo ambas contribuído<br />

para a execução de medidas Simplex.<br />

Registo de Clubes e Federações<br />

O Sistema Nacional de Informação<br />

Desportiva/Carta Desportiva Nacional<br />

(SNID/CDN) é uma plataforma digital com<br />

informação sobre alguns dos principais fatores<br />

de desenvolvimento, dando particular relevo<br />

às instalações desportivas e espaços naturais<br />

de recreio e desporto de Portugal.<br />

Com o objetivo de potenciar a plataforma<br />

SNID foram desenvolvidos, através de<br />

financiamento comunitário, os módulos<br />

Registo de Clubes e Federações Desportivos e<br />

Registo de Pedido de Mecenato Desportivo.<br />

A implementação do módulo Registo de<br />

Clubes e Federações permite a inscrição de<br />

novos utilizadores/entidades, a atualização<br />

de informação, a consulta do processo de<br />

registo online e a disponibilização imediata<br />

da informação no Portal SNID. De referir<br />

que o certificado de inscrição da entidade,<br />

anteriormente solicitado semestralmente<br />

ao IPDJ, é agora emitido pela plataforma, de<br />

forma mais simples e célere.<br />

No que concerne à implementação do<br />

módulo Registo de Pedido de Mecenato<br />

Desportivo, o mesmo permite a receção,<br />

análise, decisão, publicitação e partilha de<br />

informação relativa aos pedidos de atribuição<br />

do Estatuto de Mecenato Desportivo (Medida<br />

124 do Simplex+), através da plataforma.<br />

Após a sua implementação, possível apenas<br />

através do financiamento comunitário,<br />

registámos 13.000 registos digitais e 36.774<br />

acessos ao serviço.<br />

Vantagens<br />

Constitui uma evolução do Registo de Clubes<br />

Desportivos e permitiu a desmaterialização,<br />

simplificação e agilização do processo<br />

administrativo, aumentando a celeridade de<br />

execução dos processos.<br />

O acesso, quer ao processo de registo<br />

de um Clube ou Federação junto do IPDJ,<br />

quer da obtenção da declaração de utilidade<br />

pública para acesso ao estatuto de Mecenato<br />

Desportivo, ficou claramente mais facilitado e<br />

acessível.<br />

Balcão Único<br />

Com foco na desmaterialização e simplificação<br />

administrativa e no cumprimento da<br />

medida Simplex+ «criação de formulário<br />

único de candidaturas a programas da<br />

juventude» (Medida 121) foi criado, através de<br />

financiamento comunitário, o Balcão Único.


<strong>Diagrama</strong> • dezembro 2018 45<br />

O Balcão Único permitiu a execução<br />

de um Formulário Único implementado<br />

através de uma plataforma informática<br />

(https://programas.juventude.gov.pt/),<br />

que possibilita o acesso aos diferentes<br />

programas promovidos pelo IPDJ na área<br />

da Juventude, designadamente o Programa<br />

Agora Nós (programa de Voluntariado<br />

dirigido a jovens que pretendam, através da<br />

prática do voluntariado, intervir de forma<br />

ativa na comunidade e simultaneamente<br />

adquirir competências), o Programa<br />

Campos de Férias Internacionais (programa<br />

que possibilita a convivência com jovens de diferentes países e desenvolver uma atividade<br />

solidária e de voluntariado num outro País), o Programa Férias em Movimento (permite a<br />

realização de atividades, durante o período de férias, em áreas como o desporto, ambiente,<br />

cultura, património histórico e cultural, multimédia, entre outras), o Programa Ocupação<br />

de Tempos Livres (programa dedicado à ocupação dos tempos livres dos jovens, através da<br />

participação em projetos de interesse para a comunidade, permitindo o desenvolvimento<br />

de capacidades e competências pessoais, sociais e aquisição de conhecimentos), o Programa<br />

Passe Jovem (certificado onde se regista a participação, promove o reconhecimento e valida a<br />

aprendizagem desenvolvida por jovens, em processos e atividades do domínio da educação não<br />

formal, fora do contexto escolar), o Programa Voluntariado Jovem Para as Florestas (programa<br />

de voluntariado juvenil, no âmbito da preservação da natureza, florestas e respetivos<br />

ecossistemas. Pretende sensibilizar as populações, prevenir os incêndios florestais e outras<br />

catástrofes com impacto ambiental, monitorizar e recuperar territórios afetados) e o Programa<br />

Geração Z (ação de longa duração, no âmbito do Programa «Agora Nós». Promove e estimula a<br />

prática de voluntariado jovem, em diferentes áreas de intervenção).<br />

Deste modo, o Balcão Único permite acautelar a universalidade de tratamento de dados<br />

de cerca de 1200 associações, outras entidades coletivas públicas e privadas e de milhares de<br />

jovens participantes, dados esses carregados pelos interessados em qualquer local e altura<br />

através de um dispositivo com acesso à Internet.<br />

Até ao momento, registámos 6694 registos digitais e declarações emitidas e 1043 entidades<br />

organizadoras de programas que apresentaram 1585 candidaturas através da plataforma.<br />

Vantagens<br />

O Balcão Único permitiu a modernização, simplificação e agilização do processo<br />

administrativo, desburocratizando e desconcentrando os serviços e aumentando a celeridade<br />

de execução dos processos. Possibilitou ainda a supressão de custos de deslocação, uma vez que<br />

o acesso pode ser efetuado em qualquer local e altura através de um dispositivo com acesso à<br />

Internet.<br />

Vítor Pataco<br />

Presidente do Conselho Diretivo do IPDJ,I.P.<br />

S<strong>AMA</strong> – Sistema de Apoio à Modernização e Capacitação<br />

da Administração Pública


46<br />

Loja de Cidadão<br />

Loja de Cidadão de Aveiro<br />

Sopraram-se as velas, no dia 4 de dezembro, dos 18 anos da Loja de<br />

Cidadão de Aveiro, que abriu portas no ano 2000 e foi a 3.ª Loja a ser<br />

inaugurada no nosso País.<br />

Com mais de catorze milhões de utentes atendidos, encontra-se<br />

atualmente na 4.ª posição do TOP nacional das Lojas com maior<br />

número de atendimentos.<br />

É gerida pela Agência para a Modernização Administrativa (<strong>AMA</strong>) e<br />

coordenada por Maria do Céu Ramos, que nos contou tudo sobre a Loja<br />

da cidade dos moliceiros.


<strong>Diagrama</strong> • dezembro 2018 47<br />

Como é o dia a dia da Loja de Cidadão de<br />

Aveiro?<br />

Fazemos com que seja um dia a dia mais<br />

fácil para o cidadão e para as empresas,<br />

nomeadamente no contacto dos utentes com<br />

a prestação de serviços públicos. Para tal, é<br />

necessário receber diariamente os cidadãos<br />

que nos procuram com a eficiência, qualidade<br />

e simpatia expectáveis.<br />

No desenvolvimento diário das nossas<br />

atividades, no nosso relacionamento interno<br />

e com os cidadãos, incutimos paixão pelo<br />

bem servir o cidadão. Pugnamos pelos valores<br />

da inovação, contando com funcionários<br />

críticos, conscientes e participativos, capazes<br />

de interagir e intervir com criatividade.<br />

Incentivamos também a apresentação de<br />

ideias e contributos para a melhoria dos<br />

processos e serviços e desenvolvemos<br />

iniciativas de reconhecimento do mérito.<br />

Dinamizamos o trabalho em equipa e a<br />

harmonia no trabalho, porque a nossa missão<br />

só é alcançável se contarmos com equipas<br />

satisfeitas e motivadas.<br />

Em temos de tarefas, antes da abertura da<br />

Loja é necessário verificar se estão reunidas<br />

as condições para o acolhimento e iniciarmos<br />

o atendimento de imediato, o que implica as<br />

diligências necessárias para resolver eventuais<br />

incidentes técnicos (por exemplo, problemas<br />

no programa de gestão de filas de espera<br />

ou nas comunicações) ou inconformidades<br />

ao nível de recursos humanos dos postos<br />

de atendimento ou de outra índole, como<br />

problemas com a limpeza ou avarias em<br />

equipamentos ou nas instalações.<br />

Na abertura da Loja há sempre fila, por<br />

isso há pelo menos um elemento da Unidade<br />

de Gestão a gerir o acolhimento do cidadão,<br />

de forma a agilizar o encaminhamento para<br />

os serviços. Depois seguem-se as rotinas<br />

diárias de acompanhamento do atendimento<br />

e das salas de espera dos vários serviços, de<br />

incutimos paixão<br />

pelo bem servir<br />

o cidadão<br />

cumprimento dos procedimentos definidos<br />

para as Lojas de Cidadão, de resposta às<br />

solicitações dos nossos parceiros e dos<br />

cidadãos e de permanente avaliação das<br />

condições de manutenção e segurança das<br />

pessoas e instalações, para além de todo o<br />

trabalho administrativo envolvido. Mais<br />

tarde é também necessário pôr em prática os<br />

procedimentos de encerramento da Loja.<br />

Mas o nosso dia a dia é feito também<br />

de muitas surpresas, ou seja, acontecem<br />

muitas situações que fogem às rotinas e<br />

procedimentos, exigindo de nós uma rápida<br />

capacidade de análise e resposta a situações<br />

não experienciadas, o que torna o dia a dia<br />

muito enriquecedor e estimulante.<br />

Para além dos procedimentos diários<br />

existem muitos outros que são semanais,<br />

quinzenais e mensais.<br />

Como são geridos os conflitos e<br />

reclamações?<br />

O número de reclamações é um indicador<br />

de qualidade relevante, embora o seu peso,<br />

face ao número de atendimentos da Loja de<br />

Cidadão de Aveiro (LCA), quase não tenha<br />

expressão, ou seja, em média recebemos uma<br />

reclamação em cada 4.525 atendimentos.<br />

Contudo, importa sublinhar que mesmo<br />

sendo poucas as reclamações, elas revelam<br />

insatisfação do cidadão na utilização dos<br />

serviços públicos disponíveis na LCA e de<br />

certa forma a sua frustração relativamente<br />

ao atendimento, contrariando as suas


48<br />

Loja de Cidadão de Aveiro<br />

acontecem muitas<br />

situações que fogem às<br />

rotinas e procedimentos<br />

expectativas. Todas as reclamações são<br />

sujeitas a uma avaliação, nomeadamente<br />

quanto à possibilidade de resolução dos<br />

problemas apresentados e, por isso, muitas<br />

não chegam a ser exaradas nos respetivos<br />

livros, ou seja, são acompanhadas e geridas<br />

pela Unidade de Gestão que, com a eventual<br />

ajuda da Coordenação dos serviços, conforme<br />

os casos, avalia de imediato se a reclamação<br />

resulta apenas de um conflito interpessoal e/<br />

ou de uma comunicação disruptiva ou, ainda,<br />

de um quiproquó resolúvel. Neste caso, é<br />

apresentada uma solução imediata ou uma<br />

alternativa.<br />

Todo este trabalho em equipa, entre a<br />

Unidade de Gestão e as entidades presentes, é<br />

crucial e deriva da definição anual de objetivos<br />

específicos mensuráveis, como a definição de<br />

níveis de serviços, sujeitos a monitorização<br />

mensal, acordados em reuniões com os<br />

coordenadores das entidades presentes na<br />

Loja, nomeadamente ao nível de indicadores<br />

comuns de qualidade/satisfação dos utentes<br />

(reclamações e louvores) e de eficiência<br />

(tempos médios de atendimento e de espera),<br />

entre outros, sempre numa perspetiva de<br />

melhoria contínua do serviço público.<br />

Desta forma, cada reclamação ou conflito<br />

na LCA é encarado como um novo desafio<br />

de reverter a insatisfação gerada, é uma<br />

oportunidade única de melhoria e de perceção<br />

das necessidades dos utentes e das medidas a<br />

criar para prevenir recorrências, sendo certo<br />

que na maioria dos casos têm origem em<br />

lacunas de comunicação. Assim, o primeiro<br />

passo é ouvir com atenção o que o cidadão tem<br />

para nos dizer e depois envolver os responsáveis<br />

dos serviços presentes na Loja, porque<br />

sabemos o quão importante é a mudança de<br />

interlocutor no processo de restabelecimento<br />

da comunicação com o reclamante. Um dos<br />

segredos da baixa incidência de reclamações<br />

na LCA reside apenas em demonstrar<br />

disponibilidade para resolver o problema<br />

ou conflito. Saber ouvir, pedir desculpa por<br />

algo que não tenha corrido da melhor forma,<br />

apresentando sempre uma explicação e uma<br />

solução possível ou um encaminhamento.<br />

Já aconteceu por várias vezes a reclamação<br />

transformar-se num louvor, o que determina<br />

uma inversão na perceção futura desse cidadão<br />

quanto à competência dos serviços públicos e<br />

das Lojas de Cidadão, em particular.<br />

Não posso deixar de sublinhar o contributo<br />

de toda a equipa da Unidade de Gestão para este<br />

resultado. O facto de ser uma equipa motivada,<br />

experiente e bem ciente da sua missão contribui<br />

de sobremaneira para a baixa percentagem<br />

de reclamações e para o facto do número de<br />

louvores da Loja ser superior ao número de<br />

reclamações nas entidades públicas. Em média<br />

temos 484 reclamações para 1.753 louvores, ou<br />

seja, por cada reclamação recebemos em média<br />

3 louvores.<br />

Já alguma vez lhe deram um aplauso?<br />

Sim, pela forma como foi gerido um conflito na<br />

fila de espera e pela forma como respondi a uma<br />

reclamação. Mas foram situações perfeitamente


<strong>Diagrama</strong> • dezembro 2018 49<br />

a Loja de Cidadão foi e continua a ser uma<br />

marca vencedora<br />

normais, enquadradas nas funções de gestão da<br />

Loja, que quanto a mim não foram merecedores<br />

de tal gesto.<br />

Mas o maior aplauso recebido foi-nos<br />

transmitido por um utente que, recentemente,<br />

ao elogiar o trabalho da nossa Loja, nos remeteu<br />

para o programa da RTP 1 «Portugueses pelo<br />

Mundo», na edição do dia 13 de Abril de 2018,<br />

onde o jornalista questionou uma cidadã<br />

emigrante, Gabriela Santos, sobre o que ela<br />

sentiria mais falta do seu país. A resposta foi:<br />

«Para além da família e dos amigos (...)<br />

Sinto falta das LOJAS DE CIDADÃO (...) Desse<br />

cuidado no trato (...) As LOJAS DE CIDADÃO<br />

são invenções fantásticas, o mundo inteiro<br />

deveria importar esse modelo. Em Portugal<br />

há uma confiança nos funcionários… (...)<br />

Funcionários dos serviços públicos. Não tinha<br />

noção do quanto competentes são os nossos<br />

funcionários nos serviços públicos até sair do<br />

país (...)»<br />

É um forte aplauso a todos os funcionários<br />

que diariamente dão o seu melhor em Aveiro<br />

e em todas as lojas e a prova de que a Loja<br />

de Cidadão foi e continua a ser uma marca<br />

vencedora.<br />

Quer contar uma história?<br />

Posso contar várias, mas na sua maioria estão<br />

relacionadas com o sistema de senhas.<br />

Há alguns anos, quando cada balcão<br />

dispunha de uma dispensadora de senhas,<br />

uma utente perguntou também onde podia<br />

solicitar a senha para a EDP. Foi-lhe explicado<br />

que deveria deslocar-se ao respetivo posto de<br />

atendimento e apontámos para a máquina de<br />

senhas, situada junto ao telefone de apoio aos<br />

utentes afixado na parede. A utente, em vez<br />

de tirar a senha na dispensadora, utilizou o<br />

telefone para a pedir.<br />

Há outra, mais antiga e que remonta ao<br />

tempo da inauguração da Loja. Um casal de<br />

idosos abordou a Unidade de Gestão para nos<br />

transmitir um elogio sobre as instalações,<br />

bem como a sua satisfação pela forma rápida<br />

e eficaz como os seus assuntos tinham sido<br />

tratados. De seguida, disseram que estava<br />

tudo muito bonito, mas agora queriam fazer<br />

compras, solicitando a nossa orientação<br />

para localizarem a zona das lojas dentro das<br />

instalações da LC Aveiro. ≤<br />

Loja de Cidadão de Aveiro<br />

Rua Orlando de Oliveira, 41/47, 3800-990 Aveiro<br />

t. 707 241 107<br />

Horário:<br />

Dias úteis das 08h30 às<br />

19h30<br />

Sábados das 09h30 às 15h00<br />

Entidades com horário<br />

diferente:<br />

IMPIC — Dias úteis das<br />

08h30 às 19h30<br />

IRN — Cartão de Cidadão e<br />

Passaporte: Funcionam no<br />

horário da loja. Restantes<br />

serviços: Dias úteis das<br />

08h30 às 19h30<br />

SEF — Dias úteis das 09h00<br />

às 17h00


50<br />

Estatísticas<br />

A CHAVE QUE ABRE TODAS AS PORTAS<br />

A realização de serviços online em sites públicos e privados nunca foi tão fácil. Tendo<br />

ultrapassado o marco das 250.000 adesões no início de dezembro de 2018, a Chave<br />

Móvel Digital (CMD) é um meio de autenticação em sites públicos e privados, simples<br />

e seguro, com um PIN de 4 dígitos e código de confirmação enviado para o telemóvel.<br />

Uma solução que adquire ainda maior relevância, tendo em conta tanto a crescente<br />

disponibilização de serviços online quanto o número exponencial dos respetivos<br />

utilizadores. Com a CMD, a autenticação é segura e torna-se muito mais rápida e<br />

simples.<br />

ADESÕES À CMD: VARIAÇÃO CUMULATIVA<br />

180.000<br />

160.000<br />

153.580<br />

140.000<br />

120.000<br />

100.000<br />

80.000<br />

60.000<br />

40.000<br />

20.000<br />

18.219<br />

33.867<br />

60.073<br />

0<br />

2.º sem. 2014<br />

1.º sem. 2015<br />

2.º sem. 2015<br />

1.º sem. 2016<br />

2.º sem. 2016<br />

1.º sem. 2017<br />

2.º sem. 2017<br />

1.º sem. 2018<br />

ADESÕES À CMD POR TIPO DE REGISTO<br />

(Dados agregados entre 2.º semestre 2014 - 1.º semestre 2018)<br />

58%<br />

Online<br />

Presencial<br />

42%


<strong>Diagrama</strong> • dezembro 2018 51<br />

Saliente-se que, desde julho, a CMD foi também eleita como meio de autenticação em sites<br />

de importantes empresas dos setores da banca, da energia e das telecomunicações e que,<br />

desde abril, é possível assinar digitalmente documentos PDF, seja com assinatura simples ou<br />

qualificada (ao abrigo do Sistema de Certificação de Atributos Profissionais).<br />

AUTENTICAÇÕES EM SITES PÚBLICOS POR MEIO DE AUTENTICAÇÃO<br />

180.000<br />

160.000<br />

140.000<br />

120.000<br />

100.000<br />

CC<br />

CMD<br />

SCAP_Advogados<br />

80.000<br />

SCAP_Solicitadores<br />

60.000<br />

SCAP_Notários<br />

40.000<br />

20.000<br />

0<br />

jul 17<br />

ago 17<br />

set 17<br />

out 17<br />

nov 17<br />

dez 17<br />

jan 18<br />

fev 18<br />

mar 18<br />

abr 18<br />

mai 18<br />

jun 18<br />

AUTENTICAÇÕES COM A CMD POR ENTIDADE<br />

19,6%<br />

2,9%<br />

3,6%<br />

4,3%<br />

6,1%<br />

8,1%<br />

9,3%<br />

17,3%<br />

15,9%<br />

13,4%<br />

10,6%<br />

Autoridade Tributária e Aduaneira<br />

Segurança Social<br />

Chave Móvel Digital — Área Privada<br />

Portal do Cidadão<br />

Balcão do Empreendedor<br />

Portal SNS — Área do Cidadão<br />

Registo Criminal Online<br />

Ordem dos Solicitadores e dos Agentes de Execução<br />

www.autenticacao.gov.pt<br />

MySNS — Carteira<br />

Outros<br />

Fonte: Agência para a Modernização Administrativa


52<br />

Artigo<br />

Participação pública em<br />

destaque no final do ano<br />

Com o passado mês de outubro chegou a divulgação dos vencedores de<br />

dois grandes programas de participação pública que marcaram o ano<br />

2018, o GovTech e o Orçamento Participativo Portugal.<br />

GovTech<br />

Logo no dia 4, o GovTech teve o seu evento final no Planetário de Lisboa, permitindo aos<br />

6 projetos finalistas mostrarem publicamente os seus protótipos. Desta forma, e após as<br />

demonstrações realizadas no local, foi possível ao júri efetuar a sua votação, permitindo que se<br />

chegasse ao apuramento dos 3 grandes vencedores, sempre segundo o pressuposto de que os<br />

protótipos em votação teriam um produto ou serviço materializado e respondiam a um dos 17<br />

«Objetivos de Desenvolvimento Sustentável» definidos pela ONU.<br />

Concluído todo o processo, os protótipos Informat - Intelligent Forest Management<br />

Technologies, Vida Saudável Para Todos - Sal Verde Oceanglamour e Bio2Skin foram as 3<br />

soluções inovadoras mais votadas recebendo, cada uma, um prémio de 30 mil euros e ainda a<br />

oportunidade de celebrarem um protocolo de colaboração com o Estado para desenvolverem<br />

e testarem o produto ou serviço. Para além disso, foi-lhes dada a oportunidade de integração<br />

numa incubadora nacional, apoio à internacionalização e acesso ao pacote Alpha para a Web<br />

Summit, composto por 3 bilhetes e a possibilidade de exporem durante um dia naquela que é<br />

considerada por muitos como a maior conferência de tecnologia a nível mundial.<br />

Tal como todas as fases que envolveram a 1.ª edição do GovTech, também este evento público<br />

teve uma grande participação, sendo de destacar a presença de vários membros do Governo,<br />

bem como de embaixadores de diversos países, como Noruega, Rússia, Israel, Moçambique,<br />

Tunísia, México, Colômbia, Geórgia e Peru.


<strong>Diagrama</strong> • dezembro 2018 53<br />

Orçamento Participativo Portugal<br />

A 11 de outubro, foi a vez do Orçamento Participativo de Portugal (OPP), que na sua 2.ª edição<br />

viu os cidadãos escolherem 22 projetos, 3 de âmbito nacional e 19 de âmbito regional, pelos<br />

quais serão divididos os 5 milhões de euros que lhes foram destinados no Orçamento de Estado<br />

de 2018.<br />

A apresentação dos vencedores decorreu no Palácio Foz, em Lisboa, contando mais uma vez<br />

com a presença de vários membros do Governo, bem como do conselho diretivo da Agência<br />

para a Modernização Administrativa e de muitos dos cidadãos que apresentaram propostas<br />

neste Orçamento Participativo e que se deslocaram de todas as zonas do território nacional para<br />

acompanharem a cerimónia.<br />

Nesta edição, em que foi possível apresentar propostas relativas a todas as áreas governativas,<br />

foram levados a votação 691 projetos e registados 119.703 votos, o que representou um<br />

aumento de cerca de 50% face a 2017, levando ainda mais longe a notoriedade do Orçamento<br />

Participativo Portugal e a sua relevância para o nosso País.<br />

Reconhecimento internacional<br />

O importante papel que o OPP tem desempenhado na cidadania portuguesa não tem passado<br />

despercebido internacionalmente, conforme demonstra a sua nomeação para os World Summit<br />

Awards, na categoria de Governo e Envolvimento de Cidadania, uma iniciativa realizada desde<br />

2003, no âmbito das Nações Unidas, que pretende selecionar e promover a inovação digital local<br />

com grande impacto na sociedade, premiando mundialmente aqueles que um júri internacional<br />

vê como os melhores projetos.<br />

Durante o ano 2018, este programa de participação pública tinha já recebido dois prémios,<br />

primeiro um GovCX Award, atribuído em abril pelo Boston Consulting Group, e a 25 de<br />

setembro um GovInsider Innovation Awards, na categoria de Best Citizen Engagement,<br />

anunciado em Singapura, durante a 3.ª edição de um evento que junta cerca de 800<br />

participantes de 40 países. Os GovInsider Innovation Awards são promovidos pela GovInsider,<br />

uma organização vocacionada para a divulgação de boas práticas em termos de serviços<br />

públicos, e a Clarion Events, que anualmente organizam em Singapura o Innovation Labs<br />

World, onde é dado palco à inovação e boas práticas no âmbito do governo eletrónico.


54<br />

Notícias<br />

Espaço Cidadão presente<br />

em todas as freguesias<br />

de Gaia<br />

«Nasceram» mais 15 EC no município de Vila Nova de Gaia<br />

No dia 9 de novembro, numa cerimónia que contou com a presença da Ministra da Presidência<br />

e da Modernização Administrativa, Maria Manuel Leitão Marques, e do Secretário de Estado<br />

Adjunto e da Modernização Administrativa, Luís Goes Pinheiro, foram inaugurados 15 Espaços<br />

Cidadão no município de Gaia, distrito do Porto.<br />

Com origem num protocolo celebrado entre a Câmara Municipal de Gaia e a <strong>AMA</strong>, estes<br />

Espaços agregam uma multiplicidade de serviços num único balcão, permitindo o acesso a<br />

inúmeros serviços da administração central, local e de entidades privadas.<br />

Os números que traduzem a eficiência e a proximidade<br />

Num olhar sobre a performance dos vários Espaços Cidadão presentes no distrito do Porto,<br />

salienta-se a média de atendimento mensal nos Espaços de Gaia (4.746), Porto (4.746) e Penafiel<br />

(3.632), perfazendo, desta forma, o top 3 do distrito.<br />

A média mensal de atendimentos a nível nacional regista um fluxo superior a 100.000,<br />

ao passo que a anual é superior a um milhão. O trabalho desenvolvido nos diversos Espaços<br />

presentes em várias regiões do País revela um investimento na proximidade. No final, quem<br />

ganha é sempre o cidadão.<br />

Faturação eletrónica obrigatória para<br />

fornecedores do Estado<br />

A fatura eletrónica é uma peça chave para a modernização digital da atividade empresarial<br />

em Portugal. Neste contexto, a partir de 1 de janeiro de 2019, as empresas fornecedoras da<br />

Administração Pública têm de usar a faturação eletrónica, numa obrigatoriedade que deverá<br />

ser encarada como uma prática que contribuirá para potenciar os níveis de competitividade e<br />

eficiência do país.<br />

A e-fatura veio para ficar, contribuindo para melhorar a gestão, automatizar os processos,<br />

melhorar a tesouraria, ampliar a visibilidade sobre a área financeira e gerar grandes poupanças<br />

ao eliminar as tarefas manuais, o papel e os custos dos portes de envio.


Números <strong>Diagrama</strong> • dezembro 2018<br />

55<br />

United Nations<br />

E-Government Survey 2018<br />

20<br />

posições subidas na utilização<br />

de serviços digitais<br />

Orçamento Participativo<br />

Portugal 2018<br />

691<br />

projetos a votação<br />

Serviços públicos online<br />

+6,7milhões<br />

autenticações<br />

Simplex Jam 2018<br />

504<br />

propostas recebidas<br />

Chave Móvel Digital<br />

+250mil<br />

ativações realizadas<br />

S<strong>AMA</strong>2020<br />

+400<br />

propostas aprovadas<br />

Estudo «Digital by Default»<br />

Plataforma Digital<br />

da Justiça<br />

400milhões<br />

de euros poupados com os<br />

serviços públicos digitais<br />

+300mil<br />

visitas mensais


Agenda<br />

12 e 13 FEVEREIRO<br />

GLOBAL DIGITAL FORUM<br />

Santa Clara Convention Center, EUA<br />

25 FEVEREIRO<br />

PROGRESS OF GOVERNANCE<br />

DIGITAL TRANSFORMATION<br />

Guimarães<br />

26 FEVEREIRO a 1 MARÇO<br />

NDC PORTO 2019<br />

Centro de Congressos<br />

da Alfândega do Porto<br />

13 e 14 MARÇO<br />

THE INDUSTRIAL IOT STRATEGIES SUMMIT<br />

Altis Grand Hotel – Lisboa<br />

DIAGR<strong>AMA</strong> • <strong>AMA</strong> — Agência para a Modernização<br />

Administrativa, I.P. • n.º 07 DEZEMBRO 2018<br />

ama.gov.pt • ama@ama.pt • facebook.com/ama.<br />

gov.pt • twitter.com/ama_gov_pt

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