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edição de 4 de fevereiro de 2019

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entrevista<br />

Laureane CavaLCanti<br />

diretora-executiva <strong>de</strong> marketing e comunicação da Sonae Sierra Brasil<br />

Começamos a ver os<br />

shoppings Com um<br />

oLhar mais humano<br />

Na Sonae Sierra <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2001, Laureane Cavalcanti trabalhou quatro<br />

anos em Portugal e está no Brasil <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2005. Na re<strong>de</strong> que tem<br />

<strong>de</strong>z shoppings no país, ela li<strong>de</strong>ra atualmente uma equipe <strong>de</strong> <strong>de</strong>z<br />

pessoas, além <strong>de</strong> times locais em cada shopping. Saindo <strong>de</strong> um<br />

ano atípico, que reuniu Copa do Mundo, eleições e greve dos caminhoneiros,<br />

a empresa inicia <strong>2019</strong> com otimismo, preparando um marketplace e<br />

ressignificando o shopping para o consumidor. Na entrevista a seguir, ela<br />

sinaliza o caminho que a empresa e o segmento <strong>de</strong>vem trilhar.<br />

JÉSSICA OLIVEIRA<br />

Em um ano como 2018, como foi o relacionamento<br />

com os lojistas?<br />

O importante é se colocar no<br />

mesmo lado do balcão. Temos<br />

<strong>de</strong> tratar com muita empatia. No<br />

fim do dia quem faz a venda é ele.<br />

Nossa i<strong>de</strong>ia é sempre lastrear o lojista<br />

com ferramentas comerciais<br />

e <strong>de</strong> marketing para que ele consiga<br />

entrar junto com nossa campanha,<br />

sem um esforço individual<br />

tão gran<strong>de</strong>. 200 lojas no mesmo<br />

sentido é diferente <strong>de</strong> ele ir sozinho.<br />

Nos vemos num papel <strong>de</strong> fomentar<br />

essa venda com apoio do<br />

fundo <strong>de</strong> promoção.<br />

O brasileiro está mais consciente sobre<br />

consumo?<br />

A consciência chegou há algum<br />

tempo nessa questão. No Natal,<br />

por exemplo, percebemos uma<br />

mudança <strong>de</strong> comportamento nos<br />

últimos quatro anos. O presente<br />

para o outro é uma lembrancinha<br />

e para si continua sendo<br />

uma compensação. O volume <strong>de</strong><br />

telefonia é impressionante e não<br />

cai. O número <strong>de</strong> lembrancinhas<br />

é muito gran<strong>de</strong> e a gente vê isso<br />

pela quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> quiosques<br />

temporários nos últimos meses do<br />

ano. E tem o crescimento <strong>de</strong> lojas<br />

como Imaginarium, com presentes<br />

como plaquinhas <strong>de</strong> frases bonitas.<br />

Coisas <strong>de</strong> <strong>de</strong>coração, bons<br />

fluidos e relaxamento têm sido<br />

muito forte. Li um texto sobre<br />

tendências <strong>de</strong> <strong>2019</strong> que fala muito<br />

<strong>de</strong> escapismo, aquela coisa <strong>de</strong><br />

fugir um pouco da realida<strong>de</strong> dura<br />

do ano, das perspectivas <strong>de</strong> futuro<br />

e economia, que nos <strong>de</strong>ixam em<br />

situação <strong>de</strong> incerteza. Isso tem<br />

dado espaço para a lacuna do conforto<br />

e satisfação, com mimos que<br />

fazem a diferença.<br />

Quais outros produtos estão fortalecidos<br />

nesse sentido?<br />

Chocolate virou presente para<br />

todas as datas. Esse segmento se<br />

reinventou com força gigantesca.<br />

É presente em todo ano. No Dia do<br />

Professor, dá chocolate; no Dia da<br />

Educação Física, dá <strong>de</strong> presente<br />

para o personal. Outro segmento<br />

que mudou e cresceu muito foi<br />

perfumaria, que antigamente era<br />

muito caro. Olha o tanto <strong>de</strong> quiosques<br />

L’Occitane au Brésil que abriram,<br />

com oferta <strong>de</strong> presentes <strong>de</strong><br />

vários valores, kits, embalagens.<br />

Tem segmentos que se reinventam<br />

a cada ano e ganham mais<br />

datas. Perfume antigamente você<br />

dava para os pais e Dia dos Namorados.<br />

Acabou isso. Para o shopping,<br />

esses novos pensamentos se<br />

adaptando para as necessida<strong>de</strong>s<br />

atuais têm feito com que as pessoas<br />

gastem até mais. A percepção<br />

<strong>de</strong> que está gastando menos no ticket<br />

é maior. Não fica mais só nos<br />

amigos secretos. Tem oferta para<br />

todo tipo <strong>de</strong> perfil.<br />

A frequência nos estabelecimentos<br />

se manteve ao longo dos anos? O que<br />

mudou?<br />

Sou uma frequentadora muito<br />

crítica <strong>de</strong> shopping porque não<br />

vejo sentido em apenas comprar,<br />

comprar, comprar. Existe uma<br />

mudança <strong>de</strong> frequência dos consumidores.<br />

Deixou <strong>de</strong> ser o ponto<br />

obrigatório porque não havia outro<br />

ponto na cida<strong>de</strong>. A pessoa marcava<br />

com o paquera, os colegas<br />

e os amigos no shopping. A vida<br />

começou a ficar tão em torno <strong>de</strong><br />

shopping que a cida<strong>de</strong> começou a<br />

reagir. Já há alguns anos começamos<br />

tentar enten<strong>de</strong>r isso. Quando<br />

a Paulista fechou foi o ápice. Como<br />

vão ficar os shoppings em São<br />

Paulo? Porque a rua começa a ficar<br />

bastante atrativa. Os parques estão<br />

ficando mais cools. Antigamente<br />

podiam dizer ‘faz calor’, ‘não é seguro’,<br />

mas as cida<strong>de</strong>s se obrigam a<br />

ficar cada vez mais seguras. Essa<br />

cultura da mobilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> ocupar<br />

a rua vai intensificando o movimento<br />

<strong>de</strong> respeito e influenciando<br />

novos comportamentos.<br />

Como se adaptaram a isso?<br />

Há uns três anos contratamos<br />

uma consultoria especializada<br />

em negócios com o ser humano<br />

no centro. Como ressignificar o<br />

shopping focando no ser humano<br />

hoje? Por exemplo, em Manaus,<br />

que tem floresta para todo lado,<br />

como construir um shopping reduzindo<br />

o impacto? Vamos ouvir<br />

os clientes, ver o terreno, adaptar<br />

para as nossas necessida<strong>de</strong>s, mas<br />

reduzindo ao máximo e oferecendo<br />

as contrapartidas. E com o shopping<br />

operando, que lugar quero<br />

preencher na vida das pessoas?<br />

Comprar não é mais necessida<strong>de</strong>.<br />

O e-commerce foi o gran<strong>de</strong> pontapé<br />

para começar a olhar para o futuro<br />

do negócio. Porque comprar<br />

não é mais sobrevivência para o<br />

shopping. Começamos a ver os<br />

shoppings com um olhar mais humano.<br />

Que tipo <strong>de</strong> adaptações e mudanças<br />

vieram a partir <strong>de</strong>ssa consultoria e<br />

reflexão?<br />

Por exemplo, se as pessoas têm<br />

a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estar mais ao ar<br />

livre, faz sentido ficar preocupado<br />

com ar-condicionado gelado?<br />

Como seria o estacionamento se<br />

tem tanta gente andando <strong>de</strong> bicicleta?<br />

Quais movimentos precisávamos<br />

fazer para ressignificar o papel<br />

do shopping? Tenho na minha<br />

sala um quadro que a gente chama<br />

<strong>de</strong> roda da vida, que tem oito pilares:<br />

conveniência, cultura, educação,<br />

natureza, entretenimento,<br />

trabalho, gastronomia e saú<strong>de</strong> e<br />

bem-estar. Temos olhado o mix <strong>de</strong><br />

shoppings sempre pelo viés <strong>de</strong>sses<br />

oito pilares. Não é colocar uma<br />

loja <strong>de</strong> roupas. Moda não está aqui<br />

no quadro. Qual o nosso papel<br />

na vida das pessoas. Se eu estou<br />

no centro <strong>de</strong> São Paulo, tenho <strong>de</strong><br />

pensar um pouco no pilar <strong>de</strong> trabalho,<br />

dar mais estrutura para as<br />

pessoas que estão lá <strong>de</strong>ntro. Hoje<br />

já se vê shoppings com espaço <strong>de</strong><br />

co-workings. Fechamos uma internet<br />

<strong>de</strong> altíssima performance. Não<br />

adianta dizer que oferece wi-fi e,<br />

se tem <strong>de</strong>z pessoas no shopping,<br />

não funciona mais. Recentemente,<br />

no Plaza Sul, fizemos uma reforma<br />

e incluímos lá em cima um<br />

espaço que tem cara <strong>de</strong> parque. A<br />

i<strong>de</strong>ia é cada vez mais pesar a mão<br />

no que faz sentido para cada estabelecimento<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sses pilares,<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da localização e do<br />

perfil dos frequentadores.<br />

A agenda dos shoppings está em<br />

crescimento? Que outra mudança<br />

veio nesse sentido <strong>de</strong> adaptação?<br />

A agenda é muito intensa hoje.<br />

Todos os shoppings têm eventos<br />

o ano todo, especialmente para<br />

32 4 <strong>de</strong> <strong>fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2019</strong> - jornal propmark

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