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marketing & negóciOs<br />
metamorworks/iStock<br />
O valor da marca<br />
da mídia utilizada<br />
Marcas <strong>de</strong> produtos ou serviços que<br />
estejam em seu auge, por sua vez,<br />
têm <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar a situação inversa<br />
Rafael Sampaio<br />
Um aspecto dos veículos <strong>de</strong> comunicação<br />
utilizados pelos anunciantes (a mídia<br />
empregada, em termos mais técnicos),<br />
que apenas os profissionais e agências mais<br />
experientes e qualificados têm em mente<br />
<strong>de</strong> forma clara e consi<strong>de</strong>ram com cuidado<br />
nas suas <strong>de</strong>cisões sobre on<strong>de</strong> investir é o<br />
valor intrínseco da marca da própria mídia.<br />
Ou seja, a marca da emissora <strong>de</strong> rádio ou<br />
TV, do título do jornal ou revista e do nome<br />
do website ou portal.<br />
A marca da mídia estabelece uma relação<br />
simbiótica com as marcas anunciadas,<br />
que beneficia ambas em níveis simétricos<br />
quando elas têm reputação e valor assemelhado,<br />
mas recebe ou transfere maior valor<br />
quando seus valores são díspares. Isso quer<br />
dizer que marcas novas, em ascensão ou<br />
que estejam passando por problemas po<strong>de</strong>m<br />
se beneficiar mais do valor da marca<br />
da mídia e <strong>de</strong>vem atentar cuidadosamente<br />
para isso, pois essa transferência po<strong>de</strong> acelerar<br />
seu processo <strong>de</strong> construção ou recuperação<br />
<strong>de</strong> forma positiva.<br />
Marcas <strong>de</strong> produtos ou serviços que estejam<br />
em seu auge, por sua vez, têm <strong>de</strong><br />
consi<strong>de</strong>rar a situação inversa, para não colocarem<br />
suas mensagens em veículos com<br />
marcas fracas, pois esse “peso negativo” <strong>de</strong><br />
alguma forma prejudica os resultados possíveis.<br />
Esse fenômeno não é <strong>de</strong>sconhecido,<br />
mas não é consi<strong>de</strong>rado em toda sua extensão<br />
e implicação pelas marcas anunciantes.<br />
Também não é <strong>de</strong>vidamente precificado<br />
nas tabelas e nas negociações comerciais<br />
do dia a dia do mercado. No caso dos extremos<br />
ele ocorre <strong>de</strong> forma quase natural, pois<br />
os veículos com marcas fortes e reputação<br />
mais sólida conseguem manter preços premium<br />
em relação ao seu meio e aqueles<br />
mais fracos têm mais dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> venda,<br />
mesmo quando alcançam audiência ou<br />
circulação expressiva.<br />
O que falta é tanto uma atenção maior<br />
ao fenômeno como um tratamento mais<br />
profissional ao planejamento, negociação<br />
e execução da veiculação <strong>de</strong> campanhas e<br />
esforços isolados. Nesse ponto, o trabalho<br />
<strong>de</strong> uma boa agência <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> torna-<br />
-se mais valioso, pois ela tem competência<br />
específica e experiência mais ampla e diversificada<br />
para avaliar qual é a simbiose<br />
i<strong>de</strong>al entre a marca da mídia e da empresa<br />
anunciante.<br />
Nesta época <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da<br />
mídia digital essa questão acabou sendo<br />
menos consi<strong>de</strong>rada que tradicionalmente,<br />
especialmente por conta da modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
compra programática da mídia, que ocorre<br />
<strong>de</strong> forma menos transparente e pouco controlada<br />
pelo anunciante.<br />
À parte das aberrações que aconteceram<br />
e ainda acontecem (embora com menos<br />
frequência), que encaixa mensagens<br />
comerciais em contextos <strong>de</strong> má reputação<br />
ou até criminosos, o padrão da programática<br />
ainda está longe <strong>de</strong> fazer com<br />
precisão essa avaliação <strong>de</strong> valor entre a<br />
marca da mídia e do anunciante e este<br />
é um cuidado que <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>mandar atenção<br />
extra por parte das empresas que não<br />
querem ver suas valiosas marcas em “má<br />
companhia”. A solução para os <strong>de</strong>svios da<br />
mídia programática é uma tarefa claramente<br />
em aberto e <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar, entre<br />
outros aspectos, este do valor das marcas<br />
envolvidas.<br />
Com isso fica evi<strong>de</strong>nte, uma vez mais,<br />
que o mo<strong>de</strong>lo tradicional da propaganda,<br />
com funções distintas para cada elo do<br />
sistema - anunciantes, agências e veículos<br />
-, continua sendo <strong>de</strong> longe o mais indicado<br />
para se obter o melhor resultado para<br />
as partes e o conjunto, pois é através <strong>de</strong>sse<br />
mo<strong>de</strong>lo que se obtém os maiores níveis <strong>de</strong><br />
eficiência e eficácia para os investimentos<br />
em publicida<strong>de</strong> das empresas, ao ativar negócios<br />
e fortalecer marcas através <strong>de</strong> agências<br />
bem estruturadas e competentes, empregando<br />
veículos com acesso a recursos<br />
capazes <strong>de</strong> oferecer conteúdos e programação<br />
<strong>de</strong> excelência, reforçando as próprias<br />
marcas.<br />
Rafael Sampaio é consultor em propaganda<br />
rafael.sampaio@uol.com.br<br />
34 <strong>11</strong> <strong>de</strong> <strong>fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2019</strong> - jornal propmark