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OPINIÃO
A onda positiva do RenovaBio
O governo agora trabalha nos próximos passos: um decreto
presidencial para regulamentar o complexo programa
GUSTAVO PORTO
Anova Política Nacional
de Biocombustíveis,
batizada como
RenovaBio, é um
exemplo, ao menos até agora,
de como uma grande proposta
estruturante para um
setor estratégico do País consegue
caminhar com celeridade
dentro do governo. Após
um ano de amplas discussões,
o projeto do RenovaBio
foi aprovado no Congresso e
sancionado pelo presidente
Michel Temer (MDB) em apenas
um mês.
O governo agora trabalha nos
próximos passos: um decreto
presidencial para regulamentar
o complexo programa,
principal aposta do Brasil
para o aumento da produção
de biocombustíveis e o cumprimento
de metas de redução
de emissões acordadas
pelo País na 21ª Conferência
das Nações Unidas
sobre Mudança Climática
(COP-21).
A minuta em discussão
do decreto
definirá,
por
e x e m p l o ,
como será
a governança
do RenovaBio.
A ideia
é que um
grupo formado
por
representantes
de
ministérios,
da academia e
da sociedade civil
dê suporte ao Conselho Nacional
de Política Energética
(CNPE), responsável pelos rumos
do programa.
Caberá ao CNPE fazer com
que o RenovaBio seja o principal
instrumento para reduzir as
emissões brasileiras em 18%
até 2030. Essa meta é considerada
ousada até mesmo
pelos técnicos que desenham
o decreto de regulamentação.
Antes disso será necessário
O tempo é curto para a
complexa regulamentação
técnica e política do
RenovaBio
superar o entrave de fazer com
que esse decreto com todas
as regras seja publicado dentro
do prazo de 24 de junho, ou
seis meses após a sanção da
lei do RenovaBio. Paralelamente,
o modelo de como
cada produtor de biocombustível
calculará a redução de
emissões está bastante adiantado.
Esse modelo foi criado e com
base nele o setor privado irá
definir quanto de Crédito de
Descarbonização de Biocombustíveis
(CBIO) poderá ser
negociado. A quantidade de
CBIOs será ofertada de acordo
com a capacidade de cada
produtor de biocombustível
em mitigar as emissões. O papel
será certificado, negociado
no mercado financeiro e adquirido
por empresas com saldo
positivo na emissão de carbono,
ou seja, as
poluidoras, como
forma de
compensação.
As conversas
com as
certificadoras
já começaram
e as
com instituições
financeiras
devem
ser iniciadas
no final de janeiro.
A conta será
fechada com o retorno
dos investimentos em novas
unidades, o aumento na produção
e da fatia dos biocombustíveis
na matriz energética
e, consequentemente, a redução
nas emissões de poluentes.
A onda positiva do RenovaBio
é completada pelo interesse
gerado no exterior em relação
ao programa. Antes mesmo
de se tornar um projeto de lei,
representantes do governo do
Canadá procuraram conhecer
o modelo do RenovaBio.
O Reino Unido também se interessou
e sinalizou recursos
de um "fundo de prosperidade"
para financiar pesquisas e estruturação
de um projeto
maior, um mercado global de
transferência de créditos do
petróleo para o setor de biocombustíveis.
A Índia, segundo
maior produtor de canade-açúcar
do mundo, atrás
apenas do Brasil, e o Paraguai
também procuraram o governo
brasileiro.
Tudo caminha tão rápido que
céticos e pessimistas do governo
e do setor privado repetem
o bordão "está bom demais
para ser verdade" quando
falam sobre o programa. O
tempo é curto para a complexa
regulamentação técnica
e política do Renova-
Bio. Resta à sociedade civil
torcer para que a onda positiva
siga nessa reta final e que
os pessimistas não tenham
razão.
Resta à sociedade civil torcer
para que a onda positiva siga
nessa reta final e que os
pessimistas não tenham razão
2
Jornal Paraná
SAFRA
Paraná fecha ano com
36,483 milhões/t cana
O volume colhido ficou dentro do esperado. Para o próximo período,
a expectativa é de que esses números sejam repetidos
MARLY AIRES
Com a paralisação
das usinas e destilarias
paranaenses para
manutenção, no
final de dezembro, o setor sucroenergético
do Estado fecha
o ano civil processando
36,483 milhões de toneladas
de cana-de-açúcar, pouco
abaixo da estimativa com que
a Alcopar vinha trabalhando
desde meados do ano, que
era de 36,793 milhões de toneladas.
O número, entretanto,
é 7,1% menor que o esmagado
na safra 2016/17, que
foi de 39,255 milhões de toneladas,
segundo o presidente
da Alcopar, Miguel Tranin.
Considerando o ano safra
2017/18, conforme determinação
do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento,
a esse volume deve
ser acrescida ainda a quantidade
de cana-de-açúcar colhida
entre o final de fevereiro
e o mês de março, quando as
usinas paranaenses tradicionalmente
começam a colher,
antecipando-se as demais regiões.
A safra 2018/19 começa
oficialmente no dia 1 de
abril. Com a matéria-prima
adicional, o total de cana colhida
deve superar um pouco
a estimativa.
“Tem chovido bastante em
todo o Paraná e com o clima
mais quente, as lavouras de
cana-de-açúcar têm apresentando
um bom desenvolvimento
vegetativo possibilitando,
se tudo correr bem até
lá, o início da colheita entre fevereiro
e março. Podemos colher
mais um milhão de toneladas
de cana até o dia 1 de
abril”, estima Tranin.
Como sempre acontece, o mix
de produção no ano passado
foi mais açucareiro, com
58,93% da matéria prima destinados
a produção de açúcar
e 41,07% para a produção de
etanol. No período foram industrializados
2,912 milhões
de toneladas de açúcar, 2,3%
a mais do que o volume total
esperado (2,848 milhões),
além de 1,230 bilhão de litros
de etanol, 4,6% a mais do que
os 1,176 bilhão de litros estimados.
Desse total, 564,8
milhões de litros foram de etanol
anidro e 665,1 milhões de
litros de hidratado.
Canavial envelhecido
Para a próxima safra, a expectativa,
segundo Miguel Tranin,
é repetir os números desse
ano. O canavial continua envelhecido
e o percentual de
renovação no ano passado,
cerca de 10% a 12%, continua
aquém do considerado ideal,
20% do total, apesar de ter
aumentado em relação ao ano
anterior, quando foi registrada
uma renovação de apenas 9%
da área total. O tempo seco
dificultou as operações agrícolas.
Apesar da produção de canade-açúcar
ter sido menor do
que o estimado, a qualidade e
rendimento industrial da matéria-prima
foi superior, fechando
com 141,61 kg de
ATR (Açúcar Total Recuperável)
por toneladas de cana,
2,7% acima dos 137,86
kg/ATR/t cana obtidos no
ano-safra anterior e 4% acima
do esperado neste, 136,2
kg/ATR/t. O clima mais seco
entre os meses de agosto e
setembro, período onde a
colheita é mais intensa, permitiu
uma maior concentração
de açúcar na cana e
maior eficiência industrial na
produção de açúcar e etanol.
Tranin comenta ainda que os
canaviais paranaenses têm
sofrido bastante com o avanço
da mecanização da lavoura,
prejudicando a produtividade.
Mas acredita que o
problema deva ser resolvido
assim que as antigas variedades
forem sendo substituídas
por outras mais modernas e
usado os espaçamentos adequados,
além da entrada de
máquinas mais modernas
com avanços tecnológicos.
Jornal Paraná 3
HOMENAGEM
Tranin recebe a Ordem
Estadual do Pinheiro
O reconhecimento se deve à sua firme atuação à frente do setor e também
a uma série de iniciativas que visam beneficiar a economia paranaense
Opresidente da Associação
de Produtores
de Bioenergia do
Estado do Paraná
(Alcopar), Miguel Rubens Tranin,
foi uma das personalidades
paranaenses homenageadas
no Palácio Iguaçu em
Curitiba, no dia 19 de dezembro,
pelo governador Beto
Richa.
Tranin foi condecorado com a
Ordem Estadual do Pinheiro,
uma distinção instituída em
2012 para comemorar o dia
19 de dezembro, data da
emancipação política do Paraná,
que em 2017 festejou
164 anos.
O presidente da Alcopar representa
um setor que está entre
os mais importantes da atividade
industrial do Estado,
com 26 unidades produtoras
de açúcar e etanol que abrangem
147 municípios e geram,
diretamente, cerca de 40 mil
postos de trabalho.
O reconhecimento a Miguel
Tranin se deve à sua firme
atuação à frente do setor e
também a uma série de iniciativas
que visam beneficiar a
economia paranaense.
Foram homenageados com a
mais alta honraria do governo
do Paraná, empresários, artistas,
escritores, lideranças religiosas,
lideranças políticas,
expoentes dos esportes, do
Poder Judiciário e profissionais
de diversas áreas.
Indicados por organizações da
sociedade civil, os nomes dos
homenageados passam por
uma comissão do governo do
Estado e são formalizados por
decreto do governador. “São
pessoas dos mais distintos
setores, que fazem a diversidade,
a pluralidade e a riqueza
de nosso Estado e de nosso
País”, afirmou Richa.
Miguel Tranin disse ter se sentido
“muito honrado com a homenagem”,
que para ele “é
motivo de orgulho”.
Premiação foi em
Curitiba com a
presença de diversas
autoridades
“É um momento de comemoração
para homenagear estas
pessoas, que dão grande contribuição
ao Estado, além de
instituições e entidades aqui
representadas. Todos os que
receberam a Ordem Estadual
do Pinheiro contribuem para
fazer o Paraná e o Brasil lugares
melhores para se viver”.
O chefe da Casa Civil e chanceler
da Ordem do Pinheiro,
Valdir Rossoni, explicou que o
processo de indicação passa
por um comitê do governo do
Estado. “São escolhidas pessoas
que prestaram e prestam
relevantes serviços ao Paraná.
São pessoas de todas as
áreas da sociedade”, disse
ele.
4 Jornal Paraná
OPORTUNIDADE
Alcopar oferece Residência
em Engenharia Agronômica
O programa é desenvolvido desde 2005 em parceria com a Universidade
Federal do Paraná e a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
AAlcopar, em parceria
com a Universidade
Federal do Paraná
(UFPR) e a Universidade
Federal Rural do Rio de
Janeiro (UFRRJ) realiza este
ano a décima edição do programa
de Residência em Engenharia
Agronômica no Paraná.
Voltado para engenheiros
agrônomos formados a no
máximo três anos, a partir da
data do edital, tem como objetivo
promover o aprimoramento
de conhecimentos, habilidades
e atitudes indispensáveis
ao exercício da Agronomia
especializada em cana
de açúcar.
O programa é desenvolvido
nas usinas sucroenergéticas
paranaenses através de intensivo
treinamento profissional
em serviço, sob supervisão,
que permitirá também aprimorar
o senso de responsabilidade
ética no exercício das
atividades profissionais. “É
um programa que se destaca
pela qualidade na formação
de mão de obra. O Paraná se
tornou um celeiro de engenheiros
agrônomos especializados
no setor sucroenergético”,
afirmou o professor da
UFRRJ, Eduardo Lima, coordenador
do programa.
Durante o primeiro ano será
ofertado aos residentes um
curso de aperfeiçoamento, com
200 horas aula e o residente receberá
uma bolsa de estudo no
valor equivalente a, no mínimo,
a uma bolsa de aperfeiçoamento
dos Órgãos Financiadores
de Pesquisa do Governo
Federal e um seguro pessoal.
A prova de seleção será no dia
3 de fevereiro. Além do teste
escrito sobre conhecimentos
relativos à área de atuação,
serão usados como critérios
de seleção uma entrevista sobre
conhecimentos pessoais
ou técnicos e a avaliação do
currículo, baseando-se na
quantidade e qualidade de títulos
obtidos e atividades desenvolvidas
pelo candidato,
levando-se em consideração
o tempo de graduação.
Todo candidato que obtiver
nota final superior a sete estará
aprovado. Serão chamados
a ocupar as vagas os
aprovados por ordem decrescente
de notas. Os resultados
serão divulgados pela Secretaria
do Programa de Residência
no Instituto de Agronomia
da UFRRJ.
O programa iniciou em 2005
e já capacitou centenas de
profissionais de todo o País.
Também é porta de entrada no
mercado de trabalho. Cerca
de 90% dos residentes foram
absorvidos pelas usinas do
Estado, ressalta Eduardo.
MAIS INFORMAÇÕES:
www.residenciaemagronomiaufrrj.com.br/,
na sede da
Alcopar - Av. Carneiro Leão,
135 salas 903 e 904 – CEP:
87013-080 - Maringá (PR) -
telefone (44) 32252929; ou
na secretaria do Programa de
Residência em Engenharia
Agronômica Instituto de Agronomia
- UFRRJ - antiga estrada
Rio-São Paulo, km 47 –
CEP: 23851-970 - Seropédica
(RJ) - telefone (21) 3787-
1772.
Curso de aperfeiçoamento contará com 200 horas aula
A prova de seleção será no dia 3 de fevereiro
Jornal Paraná 5
CANA
MPB e meiosi para ter
produtividade com qualidade
O produtor Ismael Perina Júnior é pioneiro na adoção do plantio
interrotacional e no uso de mudas pré-brotadas, com resultados significativos
Ao falar da experiência
que tem vivido em
sua propriedade rural,
o produtor paulista
de cana-de-açúcar, Ismael
Perina Júnior, defendeu
em evento realizado pela
Syngenta e Alcopar, em Maringá,
o uso de mudas prébrotadas
(MPB) e da meiosi
(Método Interrotacional Ocorrendo
Simultaneamente) como
forma de recuperar a
produtividade das lavouras de
cana-de-açúcar, em queda
nos últimos anos. Ele é pioneiro
na adoção do sistema
meiosi e do uso de MPB.
“O produtor de cana tem que
fazer a sua parte para ter
ganho de produtividade. O
uso de MPB é fundamental
porque a muda é o principal
insumo. Não acredito em
ganho de produtividade sem
MPB”, afirmou ao apresentar
os resultados que tem obtido
em sua propriedade.
Ismael ressaltou ainda que a
meiosi é a maior revolução na
produção de cana ocorrida
nos últimos anos. “Sei disso
porque já estou passando”,
resumiu. A técnica permite
uma redução significativa dos
custos, que no caso do óleo
diesel supera os 35% de economia
na operação de plantio.
A safra, que deve iniciar
em outubro, será a sexta
usando MPB e a quinta usando
a meiosi.
O produtor falou sobre as mudanças,
para pior, ocorridas no
padrão de produção de mudas
na maior parte das usinas.
“Desafio qualquer empresa
que tenha mantido o mesmo
padrão de antes, com condições
de viveiros, tratamento
térmico e tudo mais”, disse,
lamentando os resultados.
“Hoje, a produtividade está
em 75 a 80 toneladas de cana
por hectare, mas já foi de 90
a 100. Outras culturas dobraram
a produtividade no período,
mas a de cana caiu. E tem
usina que usa 25 toneladas
de cana como muda para produzir
50 ou 60 toneladas por
hectare. Nós estragamos tudo
plantando coisa que nem sabíamos
o que era. É como se
estivéssemos usando semente
de paiol. E para piorar, o
plantio mecanizado esparramou
pragas e doenças na
cana”, afirmou Ismael. “Mas
está fácil de reverter. Estas
técnicas vão nos tirar do buraco
que nos metemos. É a
saída para nós”, ressaltou.
A mudança, segundo Ismael,
está respaldada em levar muda
de qualidade e sanidade para
campo “para plantar coisa
que presta e não algo que nem
sabe o que é”. Para o produtor
é preciso repensar o que está
sendo feito e planejar o plantio,
além de tomar outros cuidados
desde o preparo do solo,
como eliminar a soqueira, desinfetar
facão e colheitadeira,
se quiser ter canavial saudável
por mais tempo.
Ismael também é defensor da
rotação de culturas, técnica
que adota desde a década de
1980. “Com a outra cultura é
possível cobrir todos os custos
de preparo do solo. E cana
em cima de leguminosa é
show. Dá 145 toneladas de
cana por hectare em cima”,
citou destacando que em sua
propriedade tem 15% de solo
tipo B, 25% de C e 40% de D.
O produtor já conseguiu reduzir
o uso de mudas de 13 toneladas
para 9,8 toneladas por
hectare, enquanto as médias
de muitos produtores variam
de 18 a 23 toneladas de cana.
No primeiro plantio usando
meiosi, de uma linha plantou
de sete a dez linhas. Já conseguiu
fazer uma para 30, mas a
meta é reduzir ainda mais chegando
a uma por 45 ou mais,
além de fazer a reforma do canavial
com 10 anos.
6
Jornal Paraná
Vantagens são muitas
Defensor do uso da técnica
meiosi e de mudas pré-brotadas,
o professor doutor Paulo
Figueiredo, fisiologista da
Unesp (Universidade Estadual
de São Paulo) em Dracena,
que tem grande experiência
em produção de cana, foi palestrante
do mesmo evento da
Syngenta e Alcopar. “É importante
usar mudas que apresentem
procedência confiável,
alta qualidade e padrão de
crescimento e desenvolvimento,
além de pureza genética,
uniformidade dos indivíduos,
vigor e estado sanitário
isento de patógenos”, disse.
Dentre as vantagens da MPB,
Figueiredo destacou o ganho
econômico na implantação de
viveiros e o elevado padrão de
fitossanidade e vigor, evitando
a propagação de pragas e doenças,
além da uniformidade
de plantio, rápido desenvolvimento,
homogeneidade do canavial,
redução da quantidade
de mudas que vai a campo e
do replantio de áreas comerciais,
expansão e renovação,
evitando falhas, atrasos na
brotação e com menor ataque
de microorganismos. Ele ressalta
que é preciso observar o
momento do replantio, para
evitar a competição, visando a
maior longevidade do canavial.
Para Figueiredo, parte do segredo
para se obter produtividade
e qualidade no canavial
tem a ver com práticas antigas,
que muitos deixaram de
observar, como a desinfecção
de facões e instrumentos agrícolas,
o rouguing para evitar a
disseminação e a entrada de
doenças, o tratamento térmico
do tolete e não adquirir ou usar
mudas sem qualidade ou sanidade,
além de conhecer as
principais doenças, aprendendo
a lidar com elas.
Outro cuidado fundamental é a
qualidade da muda no plantio
mecanizado. “A colheita deve
ser realizada cuidadosamente
e com velocidade de trabalho
menor (3 a 4 km/h) que a especificada
para a colheita de
matéria prima para moagem.
O ideal seria que a máquina
cortasse colmos com 50 cm
para diminuir os danos à gema”,
disse ressaltando que velocidades
normais de colheita
(6-7 km/h) danificam os toletes
e as gemas, deixando-os
com trincas que permitem a
entrada de patógenos e a
perda de água, ocasionando a
diminuição do vigor.
“É preciso ainda observar a
distância da área da muda e a
área de plantio, adotando
meiosi com MPB ou canteiros
na área de plantio, de modo a
evitar, o quanto possível, o
transporte do material de propagação
a grandes distâncias”,
recomendou Figueiredo.
A meiosi proporciona também
muitos benefícios como a redução
do consumo de muda,
permitindo que mais cana seja
enviada para moagem na usina
e redução e simplificação
da operação de máquinas e
implementos, eliminado o
transporte de mudas e gerando
economia de diesel.
Isso além de permitir um planejamento
mais adequado da
área a ser plantada, dar uniformidade
ao canavial e melhora
da condição do solo e benefícios
agronômicos com a rotação
de culturas, que ainda dará
uma renda extra com a comercialização
da produção obtida
no sistema.
A meiosi vai permitir maior sanidade
das mudas com relação
a pragas, doenças e plantas daninhas,
com menor custo em
controles fitossanitarios, menor
taxa de replantio e ganho de
produtividade e longevidade.
Jornal Paraná 7
DOCE EQUILÍBRIO
Por que o brasileiro
é apaixonado por açúcar?
O paladar doce é cultural e foi desenvolvido a partir do costume português
de acrescentar o produto aos diversos alimentos e usá-lo nas celebrações
Pesquisa realizada
com pacientes do
Instituto Dante Pazzanese
de Cardiologia,
no âmbito da Campanha
Doce Equilíbrio, com o objetivo
de compreender os hábitos
e comportamentos de
quem consome açúcar identificou
que 71% da população
consome o produto habitualmente
e, desse total,
26% ingere alimentos açucarados
todos os dias.
Os dados reforçam a forte ligação
do brasileiro com o
açúcar, o que já vem de muitos
séculos. Além de ser a
principal fonte de energia utilizada
pelo cérebro, o ingrediente
traz a sensação de
bem-estar e ainda tem um
papel muito importante na
culinária.
Esses fatores compõe um
cenário histórico e cultural relevante
conhecido também
como a Rota do Açúcar. Decorrente
do processamento
da cana, que tem seu primeiro
registro há 12 mil anos,
o produto chegou ao Brasil
com as caravelas de Cabral,
no século XVI, época do descobrimento.
Os portugueses
estabeleceram engenhos de
cana no país e trouxeram a
tradição dos doces e da utilização
do ingrediente em diversos
pratos.
O produto foi a principal fonte
de renda do Brasil no período
colonial, e até os dias atuais
tem forte presença na economia
e na rotina alimentar
dos brasileiros, principalmente
nos preparos culinários
de doces e bebidas. Como
mostra a pesquisa feita
no Instituto Dante Pazzanese,
88% dos que consomem
açúcar afirmam utilizar o ingrediente
no chá ou café, enquanto
62% preferem adicioná-lo
em sobremesas e
bolos.
Segundo o antropólogo e
autor do livro Caminhos do
Açúcar, Raul Lody, “o paladar
doce é extremamente
cultural, foi desenvolvido a
partir do costume português
de acrescentar o produto
aos diversos alimentos e
usá-lo em diversos tipos de
celebrações. Deste modo, o
brasileiro criou uma memória
baseada nesta tradição”.
Na Idade Média, o açúcar, utilizado como medicamento, era mais caro que
o ouro e usado para presentear papas, reis e nobres
Na Idade Média, o açúcar foi
considerado uma especiaria.
Mais caro que o grama do
ouro, era utilizado como medicamento
e entregue como
presente para papas, reis e
nobres. Além de sua raridade,
que provocava cobiça,
associava-se aos produtos
do Éden, aproximando homens
e deuses.
Raul Lody explica que, por
esses motivos, até hoje o
doce é valorizado como um
presente ou uma experiência
gastronômica de grande valor.
“Formou-se no mundo
um entendimento de que
tudo aquilo que chega do
açúcar da cana está repleto
de significados, de alegria a
prazer”, afirma.
Equilíbrio e prazer
Nos dias atuais, um dos assuntos mais discutidos em torno
do ingrediente é a sua relação com algumas questões de
saúde. A boa notícia é que o açúcar pode ser consumido
normalmente, levando sempre em conta a recomendação
da nutricionista Márcia Daskal, de que a ingestão deve ser
feita de forma equilibrada.
“As pessoas gostam de comer produtos açucarados e não
há problema se isso acontecer diariamente, desde que se
avalie a quantidade. Precisamos parar de eleger vilões e resgatar
o prazer pela comida. Olhar para o alimento não isoladamente,
mas num contexto de vida”, salienta a especialista.
Com séculos de história, o uso do açúcar e das demais especiarias
fez nascer e crescer uma gastronomia com centenas
de criações. “O ingrediente não só dá prazer, mas
também auxilia o organismo a ser mais produtivo. Por este
motivo, é uma paixão mundial, não devendo ser excluído do
cardápio e sim valorizado”, complementa Márcia.
8 Jornal Paraná
DOIS
PONTOS
Envelhecimento
As usinas do país poderiam
produzir muito mais do que
fazem atualmente. Canaviais
envelhecidos e usinas
endividadas viraram rotina
no setor nos últimos anos e
Parceria
Parada
Uma joint venture entre a
Copersucar e a BP Biocombustíveis
para operar um
terminal de armazenagem
de etanol em São Paulo foi
aprovado pelo Conselho
Administrativo de Defesa
Econômica (Cade). As
duas empresas esperam
otimizar a logística de fornecimento
de etanol e ampliar
a presença comercial
no País. Em operação desde
2014, o Terminal Copersucar
de Etanol, em Paulínia,
possui 10 tanques,
com capacidade de armazenagem
de 180 milhões
de litros e de movimentação
de 2,3 bilhões de litros
por ano, com possibilidade
de ampliação.
impedem o crescimento da
produtividade no campo.
As lavouras de cana produziram
em média 77 toneladas
por hectare, ante as 85
consideradas ideais.
O Centro-Sul do Brasil pode
iniciar a próxima safra com
quase 9 milhões de toneladas
de capacidade de moagem
“desligada”, reflexo de grupos
sucroenergéticos endividados
ou em busca de redução
de custos e otimização
da operação em meio à falta
de matéria-prima. O volume
pode aumentar para mais de
20 milhões de toneladas considerando
alguns grupos em
recuperação judicial que ainda
vivem incertezas sobre a
continuidade das atividades
na temporada 2018/19. O
total parado não representa
perda de capacidade. As unidades
poderão ser reativadas,
mas mostra as dificuldades
do setor com produção
de cana estagnada, devido
a investimentos insuficientes,
enquanto aguarda os
efeitos da nova política de
biocombustíveis para retomar
a expansão da cultura.
CAR
Foi prorrogado o prazo para
que proprietários rurais se
inscrevam no Cadastro Ambiental
Rural (CAR), obrigatória
para todos os imóveis
rurais do país. A base eletrônica
de dados foi criada a
partir do novo Código Florestal
e contém informações
das propriedades e posses
rurais, além dos limites das
posses com áreas de vegetação
nativa e reservadas
para preservação. O novo
prazo final para inscrição é
31 de maio de 2018.
Agro
Após um bom resultado em
2017, quando a alta deverá
atingir 12%, o PIB (Produto
Interno Bruto) da agropecuária
poderá ter retração
de 2,5% em 2018 segundo
o Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada).
A queda do PIB da
agropecuária poderá ocorrer
devido à safra menor, já
projetada pelo IBGE. Ao
contrário do que ocorreu
em 2017, quando só a
agropecuária salvou o PIB,
o setor será o único a registrar
queda em 2018.
Safra
Automóveis
Tecnologia
Com foco na Agricultura de
Precisão, pesquisadores da
Faculdade de Engenharia Agrícola
da Unicamp desenvolveram
um sistema que, ao ser
instalado em colhedoras de
cana-de-açúcar, possibilita
criar mapas de produtividade
Problemas econômicos nas
usinas provocaram uma redução
na área de cana-de-açúcar
no país na safra 2017/18
para 8,74 milhões de hectares
no país, 311 mil a menos do
que na anterior, segundo a
Conab (Companhia Nacional
de Abastecimento). São Paulo,
ao reduzir em 220 mil hectares,
foi o principal responsável
pela queda nacional.
Mas, constata-se uma renovação
das lavouras com novas
variedades, mais resistentes
a pragas e doenças, que
trazem maior produtividade. A
Conab prevê moagem de 636
milhões de toneladas de cana
Após quatro anos de queda, a
indústria automobilística brasileira
encerrou o ano com
crescimento de 9,2% nas vendas.
Segundo analistas, a recuperação
do mercado de
carros novos começou no segundo
semestre, com a melhora
da economia. Agora, os
revendedores de veículos projetam
nova alta para este ano,
de quase 12%. A previsão é
atingir 2,5 milhões de unidades,
incluindo caminhões e
ônibus, ante os 2,239 milhões
de 2017.
e visualizar a variabilidade espacial
da produção. A tecnologia,
que é baseada em
células de carga e tem como
diferencial ser o primeiro monitor
de produtividade para
cultura lançado comercialmente
no mundo.
no país, um volume 3% inferior
ao da safra anterior, e produção
de 39,5 milhões de
toneladas de açúcar e 27 bilhões
de litros de etanol.
10 Jornal Paraná
Descarbonizar
A sustentabilidade ganha escala
nas estratégias de negócios
das grandes empresas.
Compensar ou reduzir as
emissões geradas pelo uso
de fontes de energia fóssil
são práticas cada vez mais
valorizadas por agregar valor
aos produtos. A Trouw Nutrition,
divisão brasileira de uma
das líderes globais no ramo
de nutrição animal, a Nutreco,
Há mapeadas no mundo 252
ervas daninhas resistentes a
herbicidas que prejudicam 92
culturas em 69 países. No
Brasil, são oito espécies:
buva, capim-amargoso, azevém,
capim-pé-de-galinha,
cloris e caruru. Segundo a
Embrapa, há no país 20,1 milhões
de hectares no sistema
de produção de soja. Os esforços
para conter o seu
avanço podem elevar de forma
substancial - em alguns
casos, mais que triplicar - o
adotou o etanol como combustível
oficial em 160 veículos
de sua frota no País, que
percorrem 5,7 milhões de
quilômetros por ano, substituindo
430 mil litros de gasolina,
o que evitará a emissão
de 1.000 toneladas de gases
de efeito estufa por ano. Seriam
necessárias 6.325 árvores
para se gerar o mesmo
benefício ambiental.
Resistência
custo de produção no Brasil.
Um estudo da Embrapa estima
aumentos que variam de
42% a 222% por hectare, resultado
do uso maior de químicos
no solo e da queda de
produtividade. O Brasil figura
em 5º lugar no ranking mundial
de países com o maior
número de casos de plantas
daninhas resistentes, em 46
registros oficiais. Um dos motivos
para o aumento é o uso
indiscriminado de agroquímicos
nas lavouras.
Sílica
A sílica gel e a nanosílica de
alta pureza são dois materiais
com inúmeras aplicações
na indústria, como
tintas, pneus de carro, cerâmicas,
revestimentos, filtros,
agentes desumidificantes e
desidratantes para alimentos
e medicamentos. No entanto,
a obtenção da sílica industrial
a partir da areia pode
causar impacto ambiental.
Para reduzir os danos ao
meio ambiente, em uma pesquisa
realizada no Instituto
de Pesquisas Energéticas e
Nucleares, associado à USP,
foi desenvolvida técnica para
obter sílica a partir das cinzas
de biomassa de cana, o
La Niña
Recentemente, as temperaturas
da superfície do mar
na parte oriental do Pacífico
tropical têm esfriado e já
chegam a condições características
de um episódio
fraco de La Niña. Da mesma
forma, a maioria dos indicadores
atmosféricos
agora coincide com os correspondentes
para as primeiras
fases de um episódio
de La Niña. Os modelos
climáticos indicam que é
provável que estas condições
serão mantidas no
primeiro trimestre de 2018.
Copa
A Copa do Mundo este ano
na Rússia, mas o Brasil
mais uma vez terá sua
marca em todas as 64 partidas
da competição. É que,
pela primeira vez, a bola utilizada
no torneio terá como
componente uma borracha
especial, feita a partir de
cana-de-açúcar. É uma borracha
orgânica que tem
uma pegada de carbono 10
vezes menor do que as derivadas
do petróleo.
que também agrega valor a
um resíduo gerado em grande
quantidade pela indústria
sucroalcooleira. Cada tonelada
de cana gera de 250 a
270 quilos de bagaço, cuja
queima com as palhas e
pontas (mais 200 kg por tonelada)
resulta em 1% a 4%
de cinzas.
Abastecimento
O estudo calcula um déficit
de 19 bilhões de litros de
combustíveis fósseis em
2030. Para cobrir a lacuna
seria necessário ampliar a
capacidade de produção em
pelo menos 300 mil barris/
dia. O gasto previsto é de R$
33 bilhões. Para atender exigências
da COP-21 o País
A expansão do cultivo de
cana-de-açúcar no Brasil
para produção de etanol
tem o potencial de substituir
até 13,7% do petróleo consumido
no mundo e reduzir
as emissões globais de dióxido
de carbono (CO 2 ) em
até 5,6% em 2045 sem afetar
áreas de preservação
ambiental ou comprometer
culturas agrícolas. As estimativas
são de um estudo
internacional publicado na
Déficit
Etanol
O País do pré-sal corre risco
de um racionamento de combustíveis
a partir de 2025 por
falta de refinaria para processar
o petróleo e de infraestrutura
para importar. Segundo a
consultoria Strategy&/PwC, o
crescimento da demanda e o
compromisso ambiental firmado
na última Conferência
Global do Clima vão exigir investimentos
de R$ 87 bilhões
a R$ 95 bilhões até 2030. Se
nada for feito, em sete anos o
abastecimento, especialmente
de diesel, ficará comprometido.
O pesadelo das distribuidoras
é que a economia finalmente
cresça, mas falte infraestrutura
para dar vazão ao
potencial de consumo da população.
precisará de R$ 7 bilhões para
ampliar a produção de biodiesel
e R$ 40 bilhões para
elevar a oferta de etanol. Se
nada for feito, será preciso
importar combustíveis, o que
exigiria gastos em portos,
tanques, ferrovias e dutos –
de R$ 12 bilhões a R$ 15 bilhões
até 2030.
revista Nature Climate Change.
O trabalho avaliou como
a expansão da produção de
etanol obtido da cana poderia
contribuir para limitar o
aumento médio da temperatura
global a menos de 2 ºC
por meio da redução das
emissões de CO 2 pela queima
de combustíveis fósseis,
conforme acordado
pelas 196 nações que assinaram
o Acordo Climático
de Paris.
Jornal Paraná 11
FORMAÇÃO
Esporte e cidadania
no Projeto Fênix
Realizado pela Usina Santa Terezinha em parceria com a Prefeitura
de Maringá, iniciativa atende mais de 250 alunos de forma gratuita
ASSESSORIA DE
COMUNICAÇÃO
AArest (Associação
Recreativa e Esportiva
Santa Terezinha),
da Unidade
Iguatemi da Usina Santa
Terezinha, e a Prefeitura de
Maringá firmaram uma
parceria que regulamenta o
Projeto Fênix, iniciativa de
incentivo ao esporte que
atende cerca de 250 crianças
e adolescentes no distrito
de Iguatemi, Maringá.
O projeto oferece aulas
gratuitas de futsal para alunos
de 6 a 17 anos matriculados
na rede municipal
de ensino. A iniciativa ainda
promove valores ligados
à formação pessoal,
favorecendo a criação da
cultura e do hábito esportivo,
levando ao desenvolvimento
físico e social dos
participantes.
A associação da Usina
Santa Terezinha é responsável
pela formação dos
grupos, de acordo com a
faixa etária, fornecimento
de uniformes e designação
do profissional de educação
física responsável.
Além de orientar, acompanhar
e supervisionar as
atividades técnico-pedagógicas
do projeto, garantindo
a efetiva qualidade do
processo de aprendizagem.
Já a Prefeitura cede o espaço
físico do Centro Esportivo
do Distrito de Iguatemi
para a realização dos
treinamentos, disponibiliza
o material necessário, professores
de educação física
e estagiários para
atuarem no projeto.
O Projeto Fênix dá continuidade
ao trabalho de incentivo
ao esporte e formação
cidadã realizado pela Usina
Santa Terezinha desde
2012, com o projeto Atleta
do Futuro. Promovido em
parceria com o Sesi (Serviço
Social da Indústria), o
Atleta do Futuro atendeu,
em cinco anos de atividade,
mais de 250 crianças
ao ano em aulas gratuitas
de futsal aliadas ao
acompanhamento social e
pedagógico.
Assinatura de acordo beneficiará desenvolvimento
físico e social dos participantes
A Usina Santa Terezinha é
uma empresa brasileira do
setor sucroenergético, composta
pelo corporativo e o
terminal logístico - em Maringá,
o terminal rodoferroviário
em Paranaguá, e as
onzes unidades produtivas
em Iguatemi, Paranacity, Tapejara,
Ivaté, Terra Rica, São
Tomé, Cidade Gaúcha, Rondon,
Umuarama e Moreira
Sales - no Paraná, e Usina
Rio Paraná - no Mato Grosso
do Sul. A empresa conta
com mais de 16 mil colaboradores
nos setores agrícola,
industrial e administrativo.
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