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03 - Jornal Paraná Março 2018

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DOCE EQUILÍBRIO<br />

Taxação de bebidas açucaradas é<br />

ineficaz no combate à obesidade<br />

Cogitada como uma ação que pode melhorar a dieta da população, a medida<br />

não tem efetividade comprovada e pode até provocar um efeito reverso<br />

Aideia de taxar bebidas<br />

açucaradas<br />

tem ganhado espaço<br />

no Brasil. A<br />

proposta, apoiada na crença<br />

de que o açúcar está<br />

entre os principais responsáveis<br />

pelo aumento de<br />

peso em crianças e adultos,<br />

tem como argumento<br />

de defesa a melhora da<br />

dieta dos brasileiros e a diminuição<br />

do potencial risco<br />

de obesidade, problema<br />

que já atinge um em cada<br />

cinco brasileiros.<br />

A taxação, reivindicada por<br />

alguns como uma forma de<br />

incentivar a escolha de alimentos<br />

considerados mais<br />

saudáveis, aumentaria o<br />

preço de um produto com<br />

açúcar, inibindo a sua compra<br />

e, consequentemente,<br />

o consumo. Assim, os brasileiros<br />

ingeririam menos<br />

calorias por dia, o que, em<br />

tese, reduziria os alarmantes<br />

índices de doenças como<br />

a obesidade.<br />

Este efeito, porém, não foi<br />

observado em países que<br />

implementaram a legislação,<br />

provando que a medida<br />

não tem eficácia comprovada<br />

nesse quesito. Na<br />

verdade, o total de calorias<br />

ingeridas pareceu não mudar<br />

significativamente.<br />

Na Dinamarca, o chamado<br />

“imposto da gordura” foi<br />

revogado após um ano de<br />

duração, em 2011. Durante<br />

o período, 80% da população<br />

não mudaram seus hábitos<br />

de consumo e muitos<br />

Entenda a obesidade<br />

O conceito de obesidade é<br />

comumente definido como<br />

alimentação desequilibrada e<br />

excessiva. Aliada ao sedentarismo,<br />

gera desproporção entre<br />

a ingestão de calorias e<br />

seu gasto. Mas, além disso, o<br />

excesso de peso resulta de<br />

vários outros fatores: condições<br />

genéticas, endócrinas,<br />

estresse, problemas de sono<br />

e outros.<br />

A doença também é causada<br />

migraram para produtos<br />

mais baratos. Em casos<br />

extremos, parte dos consumidores<br />

passou a fazer<br />

compras nos países vizinhos.<br />

Em 2014, o México colocou<br />

a taxação em prática<br />

aumentando em 10% o<br />

valor dos gordurosos e<br />

açucarados. Nos primeiros<br />

anos, verificou-se uma leve<br />

queda nas vendas. Com o<br />

passar do tempo, entretanto,<br />

veio o efeito reverso:<br />

a procura por refrigerantes<br />

voltou a crescer e, embora<br />

o consumo diário de calorias<br />

tenha diminuído, em<br />

dois anos a média do Índice<br />

de Massa Corporal<br />

(IMC) da população continuou<br />

a aumentar.<br />

por particularidades comportamentais<br />

da cultura moderna.<br />

Segundo a nutricionista<br />

Marcia Daskal, o ritmo acelerado<br />

das grandes metrópoles<br />

tem relação direta com a alimentação.<br />

“Com pouco tempo<br />

para a refeição, a tendência<br />

é se alimentar fora de<br />

casa, já que é a opção mais<br />

rápida. Por consequência, o<br />

ato de comer se tornou um<br />

momento de pouca ou nenhuma<br />

atenção aos sinais do<br />

Nos países que<br />

implementaram a<br />

legislação, a<br />

medida não<br />

teve eficácia<br />

corpo, como o da saciedade”,<br />

comenta.<br />

Além disso, para o cardiologista<br />

e nutrólogo do Instituto<br />

Dante Pazzanese, Daniel Magnoni,<br />

a obesidade não<br />

8 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>

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