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DOCE EQUILÍBRIO<br />
Taxação de bebidas açucaradas é<br />
ineficaz no combate à obesidade<br />
Cogitada como uma ação que pode melhorar a dieta da população, a medida<br />
não tem efetividade comprovada e pode até provocar um efeito reverso<br />
Aideia de taxar bebidas<br />
açucaradas<br />
tem ganhado espaço<br />
no Brasil. A<br />
proposta, apoiada na crença<br />
de que o açúcar está<br />
entre os principais responsáveis<br />
pelo aumento de<br />
peso em crianças e adultos,<br />
tem como argumento<br />
de defesa a melhora da<br />
dieta dos brasileiros e a diminuição<br />
do potencial risco<br />
de obesidade, problema<br />
que já atinge um em cada<br />
cinco brasileiros.<br />
A taxação, reivindicada por<br />
alguns como uma forma de<br />
incentivar a escolha de alimentos<br />
considerados mais<br />
saudáveis, aumentaria o<br />
preço de um produto com<br />
açúcar, inibindo a sua compra<br />
e, consequentemente,<br />
o consumo. Assim, os brasileiros<br />
ingeririam menos<br />
calorias por dia, o que, em<br />
tese, reduziria os alarmantes<br />
índices de doenças como<br />
a obesidade.<br />
Este efeito, porém, não foi<br />
observado em países que<br />
implementaram a legislação,<br />
provando que a medida<br />
não tem eficácia comprovada<br />
nesse quesito. Na<br />
verdade, o total de calorias<br />
ingeridas pareceu não mudar<br />
significativamente.<br />
Na Dinamarca, o chamado<br />
“imposto da gordura” foi<br />
revogado após um ano de<br />
duração, em 2011. Durante<br />
o período, 80% da população<br />
não mudaram seus hábitos<br />
de consumo e muitos<br />
Entenda a obesidade<br />
O conceito de obesidade é<br />
comumente definido como<br />
alimentação desequilibrada e<br />
excessiva. Aliada ao sedentarismo,<br />
gera desproporção entre<br />
a ingestão de calorias e<br />
seu gasto. Mas, além disso, o<br />
excesso de peso resulta de<br />
vários outros fatores: condições<br />
genéticas, endócrinas,<br />
estresse, problemas de sono<br />
e outros.<br />
A doença também é causada<br />
migraram para produtos<br />
mais baratos. Em casos<br />
extremos, parte dos consumidores<br />
passou a fazer<br />
compras nos países vizinhos.<br />
Em 2014, o México colocou<br />
a taxação em prática<br />
aumentando em 10% o<br />
valor dos gordurosos e<br />
açucarados. Nos primeiros<br />
anos, verificou-se uma leve<br />
queda nas vendas. Com o<br />
passar do tempo, entretanto,<br />
veio o efeito reverso:<br />
a procura por refrigerantes<br />
voltou a crescer e, embora<br />
o consumo diário de calorias<br />
tenha diminuído, em<br />
dois anos a média do Índice<br />
de Massa Corporal<br />
(IMC) da população continuou<br />
a aumentar.<br />
por particularidades comportamentais<br />
da cultura moderna.<br />
Segundo a nutricionista<br />
Marcia Daskal, o ritmo acelerado<br />
das grandes metrópoles<br />
tem relação direta com a alimentação.<br />
“Com pouco tempo<br />
para a refeição, a tendência<br />
é se alimentar fora de<br />
casa, já que é a opção mais<br />
rápida. Por consequência, o<br />
ato de comer se tornou um<br />
momento de pouca ou nenhuma<br />
atenção aos sinais do<br />
Nos países que<br />
implementaram a<br />
legislação, a<br />
medida não<br />
teve eficácia<br />
corpo, como o da saciedade”,<br />
comenta.<br />
Além disso, para o cardiologista<br />
e nutrólogo do Instituto<br />
Dante Pazzanese, Daniel Magnoni,<br />
a obesidade não<br />
8 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>