Anemia hemolítica autoimune
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Artigo de revisão<br />
<strong>Anemia</strong> <strong>autoimune</strong> <strong>hemolítica</strong> primária: aspectos gerais.<br />
Gabriela Schiling Alves¹, Andressa Bernardi¹ e Débora Graziela Farias¹<br />
¹Acadêmica do curso de Biomedicina pela Universidade Feevale. E-mail:gabrielaschiling@hotmail.com<br />
RESUMO: A anemia <strong>hemolítica</strong> <strong>autoimune</strong> primária, caracterizada por apresentar auto-anticorpos que se<br />
ligam aos eritrócitos, pode se apresentar de duas formas: a quente e a frio. Sua origem é idiopática, porém<br />
hipóteses apontam para desequilíbrio de células T. A clínica do paciente contribui para o diagnóstico, sendo<br />
indispensável a confirmação laboratorial hematológica e sorológica. O tratamento consiste em diminuir ou<br />
cessar a produção de anticorpos bem como a hemólise. Apesar do aumento da prevalência, o prognóstico é<br />
bom, com ótimas respostas para remissão do quadro hemolítico.<br />
Palavras-chave: <strong>Anemia</strong> <strong>hemolítica</strong> <strong>autoimune</strong>; AIHA; <strong>Anemia</strong> <strong>hemolítica</strong> <strong>autoimune</strong> primária; Teste de<br />
Coombs;<br />
ABSTRACT: Primary autoimmune hemolytic anemia, characterized by autoantibodies that bind to<br />
erythrocytes, may present in two forms: hot and cold. Its origin is idiopathic, but hypotheses point to<br />
imbalance of T cells. The patient's clinic contributes to the diagnosis, being essential hematological and<br />
serological laboratory confirmation. Treatment consists of decreasing or ceasing antibody production as well<br />
as hemolysis. Despite the increased prevalence, the prognosis is good, with excellent responses for<br />
hemolytic remission.<br />
Keywords: Autoimmune hemolytic anemia; AIHA; Primary autoimmune hemolytic anemia; Coombs test;<br />
INTRODUÇÃO<br />
A anemia <strong>hemolítica</strong> <strong>autoimune</strong> primária (AHAI), é uma doença rara, caracterizada pela presença de<br />
auto-anticorpos que se ligam aos eritrócitos, onde são detectados e reconhecidos pelo sistema reticuloendotelial,<br />
diminuindo o tempo de sobrevida dessas células. Os auto-anticorpos são proteínas produzidos<br />
pelo sistema imunológico, que reagem contra componentes do próprio organismo, isso ocorre porque o<br />
sistema imune sofre uma falha no seu mecanismo supressor, e passa a reconhecer antígenos próprios como<br />
substâncias não próprias, onde iniciam um processo para eliminar essas substâncias. Os anticorpos que estão<br />
presentes na anemia <strong>hemolítica</strong> <strong>autoimune</strong> são denominados de antieritrocitários e a intensidade e<br />
importância da hemólise causada por eles depende da classe e subclasse dos anticorpos envolvidos que<br />
podem ser IgG, IgM ou IgA.<br />
AHAI primária é classificada em dois tipos, anemia <strong>hemolítica</strong> <strong>autoimune</strong> a quente e anemia<br />
<strong>hemolítica</strong> <strong>autoimune</strong> a frio, definida com base nas temperaturas em que os anticorpos reagem juntamente<br />
com os eritrócitos. Sua diferenciação é essencial, pois o prognostico e tratamento são distintos. Na AHAI a<br />
quente, os anticorpos pertencem à classe IgG ou IgA, e são responsáveis por cerca de 80% das anemias
<strong>hemolítica</strong>s <strong>autoimune</strong>s, reagem a temperaturas maiores ou iguais a 37°C, não ativam o sistema<br />
complemento, não aglutinam in vitro. Na AHAI a frio os anticorpos pertencem a classe IgM e reagem a<br />
temperaturas menores que 37°C, requerem atividade do sistema complemento, produzem aglutinação<br />
espontânea in vitro.<br />
ETIOLOGIA<br />
A etiologia da anemia <strong>hemolítica</strong> <strong>autoimune</strong> primária ainda permanece desconhecida. Algumas<br />
hipóteses apontam para um possível desequilíbrio entre os linfócitos T facilitadores e supressores que fazem<br />
parte do sistema imunológico, ou ainda para uma alteração da superfície dos antígenos, possível reação<br />
cruzada dos anticorpos, o reconhecimento de células próprias como impróprias, erros na tolerância periférica<br />
e central de linfócitos T e B, defeitos na manutenção da homeostasia de linfócitos, aumento da produção de<br />
citocinas Th2 e uma redução de IFN-γ e IL-12. (GERHS, 2002)<br />
FISIOPATOLOGIA<br />
AHAI primária é uma doença com evolução extremamente variável, na maioria dos casos se inicia de<br />
forma lenta, os indivíduos portadores desta doença geralmente apresentam anemia grave (Hb
eduzir tanto a produção de anticorpos, quanto a quantidade de anticorpos viáveis e diminuir ou cessar a<br />
hemólise mediada por auto-anticorpos ou complemento. Geralmente são utilizados medicamentos<br />
imunossupressores e imunoglobulina, dentre os quais, os corticóides correspondem à principal forma de<br />
tratamento. Os corticóides são medicamentos potentes, – com ótima resposta especialmente nos casos<br />
agudos e induzidos por IgG, além de reduzir a produção de anticorpos, inibem a destruição dos complexos<br />
hemácias-anticorpos, pelo baço. Caso não haja sucesso no tratamento com o uso de corticoides, podem ser<br />
utilizados outros medicamentos como a imunoglobina, administração de drogas citotóxicas, ou, em casos<br />
não-responsivos, com hemólise intensa e risco de óbito recomenda-se esplenectomia – remoção do principal<br />
sítio primário de hemólise extravascular, além de diminuir a produção de anticorpos. Em casos de pacientes<br />
com hemólise compensada: recomenda-se a reposição de ácido fólico (5mg/dia) e acompanhamento clínico<br />
laboratorial sem a necessidade de tratamento clínico específico. Aliado a estes métodos a transfusão<br />
sanguínea pode ser necessária para aliviar os sintomas de anemia. No entanto, devem ser realizados testes<br />
laboratoriais adicionais antes da transfusão. (HEMORIO, 2004. CANÇADO, 2005. PACKMAN 2008).<br />
PROGNÓSTICO<br />
O prognóstico dos pacientes é geralmente bom, na maioria dos casos os pacientes apresentam<br />
respostas ótimas ao tratamento e a remissão do quadro hemolítico. Porém, os testes específicos podem<br />
permanecer positivos, por muitos anos.<br />
METODOLOGIA<br />
Nesta revisão, buscaram-se artigos indexados nas bases eletrônicas Scientific Electronic Library<br />
Online (Scielo) e National Library of Medicine (Medline, USA), publicados em língua portuguesa e inglesa,<br />
entre janeiro de 2002 e outubro de 2017. A revisão foi restrita aos estudos publicados sobre anemia<br />
<strong>hemolítica</strong> <strong>autoimune</strong> primária. Os descritores utilizados foram: “anemia <strong>hemolítica</strong>”, “<strong>autoimune</strong>” e<br />
“primária”, sendo localizados 120 artigos. Artigos em duplicidade nas bases de dados foram excluídos,<br />
totalizando 11 artigos para análise nesta revisão.<br />
CONCLUSÃO<br />
A anemia <strong>hemolítica</strong> <strong>autoimune</strong> primária (AHAI), é uma doença que vem se tornando cada vez mais<br />
prevalente, infelizmente ainda não foram encontrados mecanismos responsáveis por seu aparecimento,<br />
sendo considerada uma patologia de origem idiopática. Felizmente, há um contínuo engajamento de<br />
pesquisadores na busca por novas técnicas para seu diagnóstico e tratamento, uma vez que o diagnóstico<br />
precoce tem suma importância para que seja possível proporcionar uma melhor qualidade de vida para o<br />
indivíduo portador de AHAI primária.<br />
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