AVALIAÇÃO DOS NUTRIENTES PRESENTES NAS ÁGUAS DO RIO SÃO JOÃOZINHO, PR
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>AVALIAÇÃO</strong> <strong><strong>DO</strong>S</strong> <strong>NUTRIENTES</strong> <strong><strong>PR</strong>ESENTES</strong> <strong>NAS</strong> <strong>ÁGUAS</strong> <strong>DO</strong> <strong>RIO</strong> <strong>SÃO</strong><br />
<strong>JOÃOZINHO</strong>, <strong>PR</strong><br />
EVALUATION OF <strong>PR</strong>ESENTS NUTRIENTS AT THE WATERS <strong>SÃO</strong> <strong>JOÃOZINHO</strong><br />
RIVER, <strong>PR</strong><br />
Thais de Souza Cordeiro, Tanatiana Motyl e José Roberto Caetano da Rocha<br />
Universidade Estadual do Paraná - Campus Paranaguá/Colegiado de Ciências<br />
Biológicas. Rua Comendador Correa Junior, 117 – Paranaguá – <strong>PR</strong><br />
CEP 83.203-560. Fone: (41) 3423-3644 Fax: (41) 3423-1611<br />
e-mail: jose.rocha@unespar.edu.br.<br />
RESUMO<br />
Com esse estudo avaliou-se os nutrientes presentes nas águas do rio São Joãozinho, bem<br />
como outros parâmetros físico-químicos que avaliaram a potabilidade e balneabilidade<br />
do referido rio. Esse rio está localizado no município de Pontal do Paraná, litoral do<br />
estado do Paraná. As amostras foram coletadas em dois períodos distintos do ano (o<br />
considerado de alta temporada e o de baixa temporada) e em nove pontos do referido<br />
rio, sendo que os parâmetros avaliados foram: nitrato, nitrito, nitrogênio amoniacal,<br />
fosfato, turbidez, sólidos totais, pH e temperatura. Na quantificação dos íons utilizou-se<br />
a técnica espectrofotométrica, especificamente o método azul de molibdênio para<br />
determinar o fósforo e os métodos de Griess e indofenol para determinar concentrações<br />
do elemento nitrogênio. Os resultados obtidos demonstraram que o Rio São Joãozinho<br />
ainda se encontra preservado da ação antrópica, devido principalmente ao pouco volume<br />
de água do leito do rio e ao seu difícil acesso.<br />
PALAVRAS-CHAVE: Nutrientes fosfatados, nutrientes nitrogenados, contaminação<br />
antrópica.<br />
ABSTRACT<br />
This study evaluated the nutrients present in the waters of the São Joãozinho river, as<br />
well as other physical and chemical parameters that evaluated the potability and<br />
balneability of the river. This river is located in the municipality of Pontal do Paraná, on<br />
the coast of the state of Paraná. The samples were collected in two distinct periods of<br />
the year (considered high season and low season) and in nine points of the river, and the<br />
parameters evaluated were: nitrate, nitrite, ammoniacal nitrogen, phosphate, turbidity,<br />
total solids, pH and temperature. In the quantification of the ions the spectrophotometric<br />
technique was used, specifically the blue molybdenum method to determine the<br />
phosphorus and the Griess and indophenol methods to determine nitrogen element<br />
concentrations. The results obtained demonstrated that the São Joãozinho River is still
preserved from anthropogenic action, mainly due to the low volume of water from its<br />
riverbed and its difficult access.<br />
KEY-WORDS: Phosphates Nutrients, nitrogenous nutrients, anthropic contamination.<br />
INTRODUÇÃO<br />
Com o passar do tempo, os ecossistemas aquáticos incorporam substâncias<br />
provenientes de causas naturais, ou seja, sem nenhuma contribuição humana.<br />
Normalmente essas concentrações são baixas, porém mesmo elas alteram o<br />
comportamento químico do corpo hídrico e seus usos mais relevantes. Entretanto, por<br />
vários fatores, algumas substâncias são lançadas intencionalmente em águas superficiais<br />
pela ação do homem, entre esses fatores se destacam a ocupação e o uso do solo (REIS;<br />
CAVALLET; ROCHA, 2014). Essa interferência antrópica produz sérios problemas na<br />
qualidade da água que é utilizada nas diferentes necessidades do consumo humano, e<br />
assim são necessárias investigações e investimentos para a recuperação desse recurso<br />
hídrico atingido (ROCHA; ROSA; CAR<strong><strong>DO</strong>S</strong>O, 2009).<br />
Nesse sentido, em rios e riachos próximos a esse tipo de atividade humana<br />
ocorre o processo de eutrofização das águas, devido a introdução elevada de macronutrientes<br />
na manutenção do solo. A eutrofização desse recurso hídrico é facilmente<br />
observável nas margens do mesmo, visto que se verifica o excesso de florações nessas<br />
margens, e também o assoreamento das mesmas (CUNHA; ROCHA, 2015). Assim o<br />
processo de eutrofização diminui a penetração de luz solar nas águas mais profundas,<br />
bem como a quantidade de oxigênio dissolvido nessa região e por sua vez a diminuição<br />
da diversidade de espécies aquáticas nesse ambiente hídrico (BRANCO, 1986). Por esse<br />
motivo é importante avaliar o nível desses íons nessas reservas de águas continentais.<br />
Normalmente o processo de eutrofização dessas águas superficiais é<br />
desencadeado pelo excesso de nutrientes, que tenham em sua estrutura os elementos<br />
nitrogênio e fósforo, nas suas formas solúveis (SMAHA, GOBBI, 2003). Não<br />
esquecendo que esses elementos estão entre os principais nutrientes que limitam a<br />
produtividade primária de grãos na agricultura, sendo assim a disponibilidade dos<br />
mesmos também influência a variedade e abundância dos organismos aquáticos<br />
(MARGUTI; FERREIRA FILHO; PIVELI, 2008).<br />
No caso do nitrogênio, ele chega aos ambientes aquáticos por três caminhos<br />
específicos: pelas solubilização de espécies gasosas em águas provenientes das chuvas,<br />
pela fixação biológica e pela origem alóctone, ou seja, depósitos realizados nessa região<br />
em que o elemento não era encontrado, mas foi transportado pelo recurso hídrico até<br />
esse local. Portanto os níveis de concentração de suas formas dissolvidas em um corpo<br />
hídrico são influenciados pelo tipo de vegetação e atividades do mesmo (FRANÇA;<br />
MORAES; ROCHA, 2017). As principais formas que o elemento nitrogênio é
encontrado nos sistemas aquáticos são a amônia (NH3), o amônio (NH4 + ), o nitrito<br />
(NO2 - ), o nitrato (NO3 - ) e as diversas formas orgânicas dissolvidas e particuladas no seu<br />
entorno (SPIRO; STIGLIANI, 2009).<br />
O elemento nitrogênio, segundo Reis et al (2006), ocupa posição de destaque<br />
entre os elementos essenciais ao desenvolvimento de plantas. Ele está diretamente<br />
ligado a diferentes processos vitais que são vinculados ao desenvolvimento de plantas e<br />
seres vivos.<br />
Em meio aquático aeróbico prevalece a espécie mais oxidada do elemento<br />
nitrogênio, ou seja, nitrato (BAIRD, 2008). Durante o processo natural de nitrificação<br />
do íon amônio e sua base fraca amônia são oxidadas por bactérias nitrosomonas<br />
formando nitrito e por bactérias nitrobácter formando o nitrato (BRANCO, 1986). Esse<br />
processo natural é facilitado na presença de espécies químicas oxidantes, que<br />
normalmente são adicionadas ao meio ambiente de forma intencional. Em ambos os<br />
casos as constantes de ionização de ácidos fracos e de bases fracas, aliado ao Princípio<br />
de Le Chatelier facilitam e promovem esse processo oxidativo (BROWN; LEMAY;<br />
BURSTEN, 2007).<br />
Já o fósforo é um elemento escasso na biosfera, porém essencial para o<br />
funcionamento e crescimento dos organismos vivos, e por sua vez daqueles presentes<br />
nos recursos aquáticos. Por ocorrer naturalmente em baixas concentrações, ele é<br />
considerado, em ecossistemas aquáticos, como o principal fator limitante de<br />
produtividade e por isso é apontado como um dos maiores responsáveis pelos processos<br />
de eutrofização (CASSOL et al, 2012).<br />
Devido às consequências da falta ou do excesso desses nutrientes nos corpos<br />
d'água é importante determinar as concentrações desses íons que estão disponíveis. O<br />
método oficial para se determinar a concentração de nitrito, e o mais frequentemente<br />
usado, é baseado na reação de Griess. Nesse processo ocorre a reação do nitrito, em<br />
meio ácido, com solução de sulfanilamida e o dicloridrato de naftil-1-etilenodiamina,<br />
obtendo-se assim uma solução rósea que apresenta maior intensidade de luz absorvida<br />
no comprimento de onda 545nm em relação à luz monocromática que foi inicialmente<br />
incidida na amostra (GREEN et al, 1982).<br />
Para quantificar o íon nitrato aplica-se a mesma metodologia utilizada para<br />
quantificar o íon nitrito. Como o íon nitrato não reage com as espécies anteriormente<br />
citadas, se processa a prévia redução do nitrato presente na amostra a nitrito conforme<br />
Equação 4 (CORREA; ZACHARIAS; ROCHA, 2016). Esse processo pode acontecer<br />
utilizando diferentes agentes redutores, no caso específico desse trabalho foi utilizado o<br />
zinco metálico conforme pode ser observado na equação 4 (HARRIS, 2001).<br />
O íon NH4 + pode ser determinado por diferentes metodologias analíticas, sendo<br />
que as mais utilizadas são as metodologias espectrofotométricas: método do indofenol
(reação de Berthelot), procedimento de difusão de gás/indicador ácido-base e do<br />
reagente de Nessler (STANDEN; TALIAARD, 1997; SILVA et al, 2006).<br />
NO<br />
Zn<br />
NO<br />
NO<br />
−<br />
3( aq)<br />
(s)<br />
(g)<br />
+ 4H<br />
↔Zn<br />
+ H O<br />
+ 2H<br />
+ 3e<br />
+ 2e<br />
↔NO<br />
↔NO<br />
+ 2H<br />
____________________________________________________________<br />
-<br />
3(aq)<br />
2<br />
+<br />
( aq)<br />
+ 2<br />
( aq<br />
( l)<br />
+<br />
( aq)<br />
+ Zn<br />
−<br />
-<br />
( s)<br />
−<br />
2( aq)<br />
↔Zn<br />
( g)<br />
+ 2<br />
( aq)<br />
+ 2H<br />
+<br />
( aq)<br />
2<br />
2<br />
+ e<br />
= + 0,723VEq.4<br />
Já para determinar a concentração do elemento fósforo presente em águas<br />
realiza-se os ensaios analíticos aplicando a técnica espectrofotométrica na região do<br />
visível em 660nm. Os íons ortofosfatos se combinam com soluções de ácido ascórbico,<br />
glicerina, molibdato de amônio e ácido nítrico formando um complexo azul de<br />
molibdênio que é quantificado quando se produz uma curva analítica de fósforo na<br />
forma de fosfato. A luz monocromática que é incidida em cada uma das soluções<br />
padrões produzidas é absorvida, sendo que esse processo de absorção obedece a Lei de<br />
Lambert-Beer (MASINI, 2008).<br />
Nesse estudo foram avaliadas as concentrações de nutrientes nitrogenados e<br />
fosfatados presentes nas águas do Rio São Joãozinho. Esse rio é um dos afluentes<br />
localizado do lado direito do Rio Guaraguaçú, sendo que a confluência desses dois rios<br />
está localizada no município de Pontal do Paraná apresentando Latitude 25 o 86’88’’ sul<br />
e Longitude 48 o 72’38’’ oeste. O Rio Guaraguaçú é considerado um dos mais<br />
importantes rios do litoral Paranaense devido ao volume de água e das atividades<br />
pesqueiras no mesmo (SATO; ANGULO, 2002). A importância de avaliar as<br />
características físico-químicas das águas do Rio São Joãozinho está no fato de que tanto<br />
o Rio Guaraguaçú, como o seu afluente cruzam a Rodovia Engenheiro Argus Thá Heyn<br />
(<strong>PR</strong>-407) que é uma das rodovias por onde transitam turistas do estado Paranaense e de<br />
outros estados em visita a esse litoral, além de margearem diferentes propriedades rurais<br />
da região litorânea.<br />
O<br />
−<br />
+ H O<br />
( l)<br />
( l)<br />
+ NO<br />
−<br />
2( aq)<br />
E<br />
E<br />
E<br />
E<br />
o<br />
o<br />
o<br />
o<br />
= + 0,96V Eq.1<br />
= + 0,763V Eq.2<br />
= -1,00V Eq.3<br />
PARTE EXPERIMENTAL<br />
a) Área de estudo<br />
A área de interesse desse estudo foi às imediações do Rio São Joãozinho<br />
quando o mesmo cruza a Rodovia Engenheiro Argus Thá Heyn (<strong>PR</strong>-407). Ao entorno<br />
da ponte posicionada sobre o referido rio foram retiradas amostras de oito posições<br />
geográficas diferentes. Já a amostra de número nove foi retirada na desembocadura do<br />
referido rio com o Rio Guaraguaçú. Todos os pontos geográficos estão descritos na<br />
Tabela 1.
) Metodologia<br />
Todas as soluções utilizadas nas determinações analíticas foram preparadas com<br />
reagentes de grau analítico utilizando água destilada para solubilizar os mesmos. As<br />
medidas experimentais foram realizadas no Laboratório de Avaliação dos Impactos<br />
Ambientais da Região de Paranaguá (LAVIMA) com temperatura de 23±2 o C.<br />
Os métodos analíticos realizados para determinar quantitativamente os íons<br />
dissolvidos nas águas do Rio São Joãozinho, bem como para avaliar parâmetros físicos<br />
são aqueles considerados oficiais por entidades que realizam monitoramento ambiental<br />
ou determinações analíticas (RICE et al, 2012).<br />
Os ensaios potenciométricos foram realizados no pHmetro de bancada modelo<br />
PHS-3E PHTEK após a calibração do equipamento com solução tampão pH 7,0 e com<br />
solução tampão pH 4,0. Já as determinações de turbidez das amostras foram realizadas<br />
no turbidímetro digital portátil TU2106 AKSO, após a calibração do equipamento com<br />
solução 0 NTU e posteriormente com solução 100 NTU.<br />
Os ensaios espectrofotométricos foram realizados no espectrofotômetro UV/Vis<br />
SP-22 Biospectro, sendo que todas as medidas analíticas das amostras foram precedidas<br />
pela determinação do branco, que consistiu da adição dos reativos específicos que<br />
formam o complexo colorido em água destilada sem a adição da amostra.<br />
A concentração do nitrogênio amoniacal foi determinada<br />
espectrofotometricamente em 630nm, após a reação da amostra pelo método indofenol<br />
(STANDEN; TALIAARD, 1997; SILVA et al, 2006). As concentrações de nitrogênio<br />
na forma de nitrato e nitrito foram determinadas pelo método de Griess em 545nm<br />
(GREEN et al, 1982), sendo que a determinação do íon nitrato ocorreu após a sua<br />
redução a nitrito utilizando zinco em pó (CORREA; ZACHARIAS; ROCHA, 2016).<br />
A forma inorgânica do elemento fósforo foi determinada<br />
espectrofotometricamente pelo método azul de molibdênio em 660nm (MASINI, 2008).<br />
RESULTA<strong><strong>DO</strong>S</strong> E DISCUS<strong>SÃO</strong><br />
O primeiro ensaio analítico realizado foi a medição dos valores de temperatura<br />
da amostra e os valores de temperatura do ar logo acima da amostra. Assim é possível<br />
indicar se está ocorrendo algum processo antrópico no local. Pois quanto mais próximo<br />
do equilíbrio entre as duas temperaturas menor é a possibilidade do fato. Na tabela 2 são<br />
apresentados esses valores de temperatura, onde se percebe que a maior diferença é de<br />
3 o C.<br />
Os resultados dos ensaios gravimétricos realizados, para determinar a<br />
concentração de resíduos sólidos dissolvidos, estão representados na Tabela 3. Por eles<br />
se percebe que esses valores estão abaixo dos valores preconizados pela Resolução<br />
357/2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Nessa resolução o
Conselho indica que, para esse tipo de recurso hídrico, os valores de resíduos sólidos<br />
dissolvidos não devem exceder a 500mg L -1 . Demonstrando assim que nesse parâmetro<br />
físico-químico o Rio São Joãozinho está dentro da normalidade.<br />
Ao observar os resultados analíticos apresentados na Figura 1, se percebe que<br />
todos os resultados obtidos em relação à concentração do íon fosfato, nas amostras de<br />
água do Rio São Joãozinho, estão acima da concentração máxima estabelecida pela<br />
Resolução 357/2005 do CONAMA, ou seja, acima de 0,15mg L -1 do elemento fósforo<br />
na forma de fosfato. O resultado de maior concentração observado apresentou valor de<br />
quase 20 vezes acima do limite máximo estabelecido pela referida resolução. Verificase<br />
ainda que os valores da concentração de fósforo que foram obtidos durante a alta<br />
temporada são ligeiramente menores do que aqueles observados na baixa temporada.<br />
Provavelmente devido ao fato que nesse período do ano ocorrem maiores precipitações<br />
de água e desta forma maior diluição dos recursos hídricos avaliados. Já na época de<br />
baixa temporada o volume de precipitação de chuvas é menor e assim ocorre o aumento<br />
na concentração desse íon nessas águas continentais. Esses valores extremamente altos<br />
já foram percebidos por outros autores, sendo que os mesmo sugerem que o processo de<br />
contaminação está centrado na Gestão de Descarga de fertilizantes do Porto de<br />
Paranaguá é deficitário e arcaico. A Baía de Paranaguá recebe essa carga alta de<br />
fertilizante que são transferidos para os diferentes rios do litoral através do processo de<br />
marés.<br />
Além do elemento fósforo, outro parâmetro que apresentou valores diferentes<br />
daqueles estimados pela Resolução 357/2005 do CONAMA foi o pH, sendo que os<br />
mesmos estão representados na Figura 2. Percebe-se que em ambos os períodos de<br />
amostragem os valores de pH estão abaixo da norma estabelecida para corpos hídricos<br />
da classe 3, ou seja, aqueles destinados para o consumo humano, após tratamento<br />
convencional ou avançado; para irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e<br />
forrageiras; para a pesca amadora; para a recreação de contato secundário; e também<br />
para eliminar a sede de animais cujo habitat é no entorno do referido recurso hídrico<br />
(BRASIL, 2005). Esse resultado pode estar relacionado com a concentração de matéria<br />
orgânica dissolvida nas águas desse rio. Embora não foram realizados testes para<br />
determinar essa concentração é visível a presença dessas substâncias quando se observa<br />
a coloração dessas águas.<br />
Os valores de concentração de nitrogênio amoniacal são apresentados na Figura<br />
3. Neles se percebe que esses valores se apresentam abaixo da especificação máxima<br />
estabelecida pela Resolução N o 357/2005 CONAMA, ou seja, 3,7mg L -1 de [N - NH4 + ]<br />
para águas cujos valores de pH sejam inferiores a 7,5. Observa-se que durante a alta<br />
temporada a concentração de nitrogênio amoniacal é menor do que no período de baixa<br />
temporada. Esse fato é explicado pelas mesmas ocorrências relacionadas as
concentrações de fosfato, ou seja, período do ano onde ocorrem os maiores valores de<br />
precipitação das chuvas.<br />
Outro fato importante relacionado com as concentrações de nitrogênio<br />
amoniacal são os valores de pH das amostras avaliadas. Se percebe que quanto maiores<br />
são os valores da concentração de nitrogênio amoniacal, menores são os de pH<br />
observados. Esse evento se explica pelo processo de solubilização do gás amônia (NH3)<br />
e posterior formação do íon amônio (NH4 + ). Em seguida o íon amônio sofre hidrólise<br />
liberando íons H3O + fazendo com que o pH do ambiente em estudo apresente valores<br />
mais baixos (REIS et al, 2015).<br />
Nas amostras retiradas dos oito pontos geográficos do Rio São Joãozinho não<br />
foram detectadas a presença dos íons nitrito e nitrato. Já na amostra retirada da nona<br />
posição geográfica, ou seja, a amostra retirada na confluência do Rio São Joãozinho<br />
com o Rio Guaraguaçu não somente se detectou, mas também foi possível quantificar<br />
essas concentrações. Mesmo assim os valores de nitrato e de nitrito obtidos durante as<br />
análises dessas amostras estão muito abaixo dos valores máximos permitido na<br />
Resolução N o 357/2005 do CONAMA. A concentração de nitrito encontrada nessas<br />
águas foi de 3% dos valores estabelecidos na Resolução CONAMA. Enquanto que a<br />
concentração de nitrato determinada analiticamente pelo método de Griess, com pré<br />
redução a nitrito utilizando zinco em pó, foi de 7,7% dos valores estabelecidos pela<br />
mesma Resolução Normativa. A presença desses íons na confluência dos dois rios pode<br />
estar ligada ao fato de que o Rio Guaraguaçú recebe águas de outros rios que sofrem<br />
maior degradação ambiental. Assim é possível avaliar que o Rio São Joãozinho está<br />
ainda preservado em relação ao Rio Guaraguaçú.<br />
Os resultados dos ensaios turbidimétricos são apresentados na Figura 4. Com<br />
eles se percebe que os valores deste parâmetro em ambas as amostragens estão dentro<br />
da normalidade.<br />
CONCLUSÕES<br />
Avaliando os resultados analíticos obtidos da concentração do elemento fósforo<br />
se percebe que as mesmas estão acima dos limites estabelecidos pela Resolução<br />
357/2005 do CONAMA. Essa ocorrência denota que os valores não podem ocorrer<br />
devido a algum processo de lixiviação de recursos naturais de fosfato. Caso esse fosse o<br />
fato as concentrações seriam constantes durante o ano ou ainda os valores mais altos<br />
estariam no período da alta temporada onde ocorre maior processo de precipitação de<br />
chuvas. Nos resultados obtidos das determinações analíticas se percebeu que as<br />
concentrações são mais elevadas justamente na época do ano em que ocorre menor<br />
processo de precipitação de águas. Assim acredita-se que o processo está mais ligado a<br />
contaminação de fertilizantes na Baía de Paranaguá e Antonina, com posterior<br />
carreamento para as águas continentais através do ciclo de marés. Avaliando todos os
esultados analíticos, com exceção do fósforo, pode se afirmar que o Rio São Joãozinho<br />
está preservado ambientalmente. Este fato é explicado pelo pouco volume de água do<br />
mesmo, e dessa forma o Rio São Joãozinho não é navegável. Outro fato que auxilia<br />
nesse estado de conservação está ligado ao difícil acesso ao mesmo, são poucos os<br />
locais que existem plantações e que o mesmo cruza alguma rodovia.<br />
AGRADECIMENTOS<br />
Os autores agradecem a UNESPAR - Campus Paranaguá pelo apoio e auxílios<br />
constantes, e a Fundação Araucária pelo aporte financeiro da bolsa de iniciação<br />
cientifica.<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
BAIRD, C. Química Ambiental. 2 a Edição. Bookman: Porto Alegre, 2008, 622p.<br />
BRANCO, S. M., Hidrobiologia Aplicada à Engenharia Sanitária. 3.ed. São Paulo:<br />
Convênio CETESB ASCETESB, 1986, 616p.<br />
BRASIL. Resolução CONAMA n0 357, de 17 de março de 2005 - Dispõe sobre a<br />
classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem<br />
como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras<br />
providências, 2005.<br />
BROWN, T. L., LEMAY JR, H. E., BURSTEN, B. E., BURDGE, J. R. Química – A<br />
Ciência Central. 9ª. Edição. Pearson Prentice Hall: São Paulo, 2007, 992p.<br />
CASSOL, P. C.; COSTA, A. C.; CI<strong>PR</strong>ANDI, O.; PAN<strong>DO</strong>LFO, C. M; ERNANI, P. R.<br />
Disponibilidade de Macronutrientes e Rendimento em Latossolo Fertilizado com Dejeto<br />
Suíno. Revista Brasileira de Ciência do Solo, vol. 36, n. 6, p. 1911-1923, 2012.<br />
CHRISTIAN, G. D. Analytical Chemistry. 5.ed. New York: John Wiley & Sons, Inc, p.<br />
188, 1994.<br />
CORRÊA, J. A.; ZACHARIAS, M.; ROCHA, J. R. C.. Avaliação do Processo de<br />
Redução de Nitrato a Nitrito Em Amostras de Águas Utilizando Zinco em Pó.<br />
Analytica, v. 14, n. 82, p.18-23, 2016.<br />
CUNHA, E. J. N. S.; ROCHA, J. R. C. Avaliação da Concentração de Íon Fosfato em<br />
Recursos Hídricos de Algumas Cidades do Litoral Paranaense. Periódico Tchê<br />
Química, v.12, n.23, p.34-38, 2015.<br />
FRANÇA, H. T. S.; MORAES, S. R.; ROCHA, J. R. C., Características Físico-<br />
Química das Águas do Rio da Vila em Paranaguá, <strong>PR</strong>. Revista Espacios, v. 38, n. 8,<br />
p.21, 2017.<br />
GREEN, L. C.; WAGNER, D. A.; GLOGOWSKI, J.; SKIPPER, P. L.; WISHNOK, J.<br />
S.; TANNENBANM, S. R. Analysis of nitrate, nitrite, and [ 15 N]nitrate in biological<br />
fluids. Analytical Biochemistry, Vol. 126, n. 1, p. 131-138, 1982.
HARRIS, D. C., Análise Química Quantitativa. 5.ed. LTC Editora: Rio de Janeiro, p.<br />
364-365, 2001.<br />
MARGUTI, A. L.; FERREIRA FILHO, S. S.; PIVELI, R. P., Otimização de Processos<br />
Físico-Químicos da Remoção de Fósforo de Esgotos Sanitários por Processos de<br />
Precipitação Química com Cloreto Férrico, Engenharia Sanitária e Ambiental, vol. 13,<br />
n. 4, p. 395-404, 2008.<br />
MASINI, J. C. Demonstrando os Fundamentos, Potencialidades e Limitações da<br />
Análise por Injeção Seqüencial. Química Nova, Vol. 31, n. 3, p. 704-708, 2008.<br />
REIS, C. S.; CAVALLET, L. E.; ROCHA, J. R. C. Macronutrientes em Águas de<br />
Irrigação em uma Propriedade de Produção Orgânica em Paranaguá, <strong>PR</strong>. Periódico<br />
Tchê Química, v. 11, n. 22, p. 85-91, 2014.<br />
REIS, A. R.; FURLANI Jr, E.; BUZZETI, S.; ANDREOTTI, M. Diagnóstico da<br />
exigência do cafeeiro em nitrogênio pela utilização do medidor portátil de clorofila.<br />
Bragantia, v. 65, n. 1, p. 163-171, 2006.<br />
REIS, C. S.; FRANÇA, H. T. S.; MOTYL, T.; CORDEIRO, T. S.; ROCHA, J. R. C.<br />
Avaliação da Atividade Antrópica no Rio Guaraguaçú, Pontal do Paraná, <strong>PR</strong>,<br />
Engenharia Sanitária e Ambiental. v. 20, n. 3, p. 389-394, 2015.<br />
RICE, E. W.; BAIRD, R. B.; EATON, A. D.; CLESCERI, L. S. (ed.) Standard Methods<br />
for the Examination of Water and Wastewater. 22 nd Edition. Washington: American<br />
Public Health Association, 2012.<br />
ROCHA, J. C.; ROSA, A. H., CAR<strong><strong>DO</strong>S</strong>O, A. A. Introdução à Química Ambiental. 2 a<br />
edição. Porto Alegre: Bookman, 2009, 256p.<br />
SMAHA, N.; GOBBI, M. F. Implementação de um Modelo para Simular a<br />
Eutrofização do Reservatório Passaúna - Curitiba - <strong>PR</strong>, Revista Brasileira de Recursos<br />
Hídricos, vol. 8, n. 3, p. 59-69, 2003.<br />
SATO, M. C; ÂNGULO, R. Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano – PDU - 1 o<br />
Caderno: Nossa Terra - Inventário do Suporte Natural e da Cultura. Prefeitura<br />
Municipal Pontal do Paraná, p. 30, 2002.<br />
SILVA, L. I. D. da; CARNEIRO, M. C.; EMÍDIO, V. dos S.; JUNIOR, S. de S. H.;<br />
MONTEIRO, M. I. C. Determinação das Formas do Nitrogênio e Nitrogênio Total em<br />
Rochas-Reservatório de Petróleo com Destilação por Arraste de Vapor e Método do<br />
Indofenol. Química Nova, Vol. 29, n. 1, p. 46-51, 2006.<br />
SPIRO, T. G.; STIGLIANI, W. M. Química Ambiental, 2 a Edição. São Paulo: Pearson<br />
Prentice Hall, 2009, 334p.<br />
STANDEN, J. F. van; TALIAARD, R. E. Determination of ammonia in water and<br />
industrial effluent streams with the indophenol blue method using sequential injection<br />
analysis. Analytica Chimica Acta, Vol. 344, n. 3, p. 281-289, 1997
FIGURA 1<br />
Figura 1 - Resultados da concentração do elemento fósforo, na forma de fosfato, pelo<br />
método de azul de molibdênio. Foi utilizado o espectrofotômetro UV/Vis SP-22<br />
Biospectro para analisar as amostras retiradas em 9 posições geográficas do Rio São<br />
Joãozinho em dois períodos diferentes do ano. período de baixa temporada de<br />
turistas nas praias Paranaenses. período de alta temporada.
FIGURA 2<br />
Figura 2 - Resultados dos valores de pH medidos com o pHmetro de bancada modelo<br />
PHS-3E PHTEK nas amostras retiradas das nove posições geográficas do Rio São<br />
Joãozinho em dois períodos diferentes do ano. período de baixa temporada de<br />
turistas nas praias Paranaenses. período de alta temporada.
FIGURA 3<br />
Figura 3 - Resultados da concentração do nitrogênio amoniacal pelo método azul<br />
de indofenol. Foi utilizado o espectrofotômetro UV/Vis SP-22 Bioespectro para<br />
analisar as amostras retiradas em nove posições geográficas do Rio São Joãozinho em<br />
dois períodos do ano. período de baixa temporada de turistas nas praias<br />
Paranaenses. período de alta temporada.
FIGURA 4<br />
Figura 4 - Resultados dos valores de turbidez. Para tanto foi utilizado o turbidímetro<br />
digital portátil TU2106 AKSO para analisar as amostras retiradas em nove posições<br />
geográficas do Rio São Joãozinho em dois períodos do ano. período de baixa<br />
temporada de turistas nas praias Paranaenses. período de alta temporada.
̶ Tabela 1 Posição geográfica dos pontos de coleta no Rio São Joãozinho e Rio<br />
Guaraguaçú.<br />
Pontos de<br />
Identificação<br />
Localização<br />
Amostragem<br />
Sul Oeste<br />
1 Rio São Joãozinho 25,664530 48,518508<br />
2 Rio São Joãozinho 25,664888 48,518452<br />
3 Rio São Joãozinho 25,664917 48,518771<br />
4 Rio São Joãozinho 25,664925 48,518238<br />
5 Rio São Joãozinho 25,665014 48,518639<br />
6 Rio São Joãozinho 25,665047 48,518726<br />
7 Rio São Joãozinho 25,664853 48,518730<br />
8 Rio São Joãozinho 25,664770 48,518821<br />
9 Rio Guaraguaçú 25,860880 48,720380<br />
Tabela 2 ̶ Representação dos resultados de temperatura da água e do ar próximo ao<br />
de<br />
Amostragem<br />
leito do rio, para tanto foi utilizado um termômetro de bulbo de mercúrio.<br />
Pontos Baixa Temporada Alta Temporada<br />
Temperatura Temperatura Temperatura<br />
da Amostra / do da Amostra /<br />
o<br />
C<br />
Ar / o C<br />
o<br />
C<br />
Temperatura<br />
do Ar / o C<br />
1 19,5 19,0 22,0 24,0<br />
2 19,5 19,0 22,0 23,0<br />
3 19,0 20,0 22,0 24,0<br />
4 19,5 20,0 22,0 24,0<br />
5 19,5 21,0 22,0 23,0<br />
6 19,5 20,5 22,0 24,0<br />
7 19,5 20,0 22,0 23,0<br />
8 19,5 20,5 22,0 24,0<br />
9 20,0 23,0 21,0 22,0
̶ Tabela 3 Representação dos resultados obtidos gravimetricamente de resíduos totais<br />
dissolvidos nas amostras retiradas dos nove pontos de amostragem do Rio São<br />
Joãozinho.<br />
Pontos de Baixa Temporada Alta Temporada<br />
Amostragem Média de resíduos / mg L -1 Média de resíduos / mg L -1<br />
1 47,3 78,0<br />
2 111,7 94,9<br />
3 141,6 116,0<br />
4 97,5 83,7<br />
5 73,5 79,5<br />
6 140,7 171,0<br />
7 153,4 91,7<br />
8 167,9 110,8<br />
9 280,2 85,6