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14 Foz do Iguaçu, sexta-feira, 15 de março de 2019<br />
GERAL<br />
Nacional<br />
Velório coletivo de mortos em escola de<br />
Suzano recebeu mais de 5 mil pessoas<br />
Além das famílias, estudantes da escola, pais de alunos e vizinhos estiveram no local<br />
Foto: Guilherme Padim/ R7<br />
Mais cinco mil pessoas passaram pelo velório coletivo dos estudantes e funcionários mortos<br />
no atentado na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP)<br />
Camila Maciel<br />
Repórter da Agência Brasil<br />
Mais 5 mil pessoas,<br />
segundo a prefeitura de<br />
Suzano, passaram pelo<br />
velório coletivo dos estudantes<br />
e funcionários<br />
mortos no atentado na<br />
Escola Estadual Raul<br />
Brasil, em Suzano, no<br />
interior paulista. O velório<br />
ocorreu na Arena Suzano<br />
desde as 7h de ontem<br />
(14). No entorno do<br />
ginásio, pessoas em uma<br />
longa fila aguardavam<br />
para entrar no local e<br />
prestar solidariedade aos<br />
parentes das vítimas. Às<br />
11h foi celebrada uma<br />
missa, e às 14h, have um<br />
ato ecumênico.<br />
Além das famílias, estudantes<br />
da escola, pais<br />
de alunos e vizinhos estiveram<br />
no local. A confeiteira<br />
Rosália Vieira de<br />
Melo, 39 anos, era amiga<br />
da coordenadora pedagógica<br />
Marilena Ferreira<br />
Umezo, 59 anos. "Éramos<br />
irmãs de igreja. Cheguei<br />
em Suzano em 1998 e<br />
pouco tempo depois já<br />
nos conhecemos na igreja.<br />
Ela era voluntária e<br />
trabalhava muito nos<br />
Encontros de Casais com<br />
Cristo com a gente. Era<br />
ministra da Eucaristia.<br />
Muito querida por todos<br />
nós. É uma grande perda,<br />
como profissional e<br />
também como voluntária",<br />
relembrou.<br />
O estudante Thales<br />
Medeiros, 20 anos, é um<br />
dos sobreviventes do<br />
atentado. Aluno do 3°<br />
ano do Ensino Médio, ele<br />
estava no refeitório quando<br />
os atiradores chegaram<br />
e se juntou ao grupo<br />
de pelo menos 50 pessoas<br />
que se esconderam na<br />
despensa da cozinha. Ele<br />
mora próximo ao estudante<br />
Claiton Antonio<br />
Ribeiro, 17 anos, e fez<br />
questão de abraçar a família<br />
do colega morto.<br />
"Ele sempre foi humilde,<br />
respeitador. Sempre na<br />
dele, nunca arrumou confusão",<br />
descreveu.<br />
Thales disse que a escola<br />
é conhecida por manter<br />
um clima tranquilo<br />
entre os estudantes. "É<br />
muito bom. É uma escola<br />
que é difícil ter confusão.<br />
Quando tem, a diretora,<br />
as tias, acalmam, apaziguam.<br />
É um clima muito<br />
bom, familiar mesmo. Eu<br />
mesmo já tive muito problema<br />
na escola, era bagunceiro,<br />
e agora estou<br />
mais tranquilo. A escola<br />
me ensinou isso".<br />
Sobre o retorno para<br />
a escola, Thales disse que<br />
sabe que será um momento<br />
de muita tristeza.<br />
"Mas temos que voltar.<br />
Fazer a alegria da escola<br />
como era antes. Aos poucos<br />
nós vamos retomando<br />
o nosso caminho".<br />
Já para a estudante<br />
Juliana Souza, 14 anos,<br />
a volta às aulas ainda<br />
não é uma certeza. Ela<br />
estuda no centro de línguas,<br />
que funciona na<br />
Escola Raul Brasil, há<br />
cerca de um mês. "Sempre<br />
foi uma escola 'da<br />
hora'. Sempre quis mudar<br />
para lá, porque todo mundo<br />
se dá superbem. Ninguém<br />
esperava que isso<br />
fosse acontecer", disse.<br />
Ela estava na sala de aula<br />
quando começaram os tiros.<br />
"Eu acho que ninguém<br />
vai querer mais<br />
voltar para lá. Foi um<br />
momento de desespero.<br />
Todo mundo em pânico.<br />
Isso vai ficar na cabeça.<br />
Quando saímos da sala,<br />
vimos eles [atiradores]<br />
mortos e também os outros<br />
alunos", relembrou a<br />
jovem que foi ao velório<br />
acompanhada da mãe<br />
Cristina de Souza.<br />
Também estiveram no<br />
velório o ministro da Educação,<br />
Ricardo Vélez, que<br />
cumprimentou as famílias<br />
e conversou com o secretário<br />
estadual da Educação,<br />
Rossieli Soares da Silva, e<br />
com o prefeito de Suzano,<br />
Rodrigo Ashiuchi.<br />
Solidariedade<br />
O azulejista Alberto dos<br />
Santos, 53 anos, de<br />
Guarulhos, levou oito<br />
flores para homenagear<br />
as vítimas dos dois<br />
atiradores, ex-alunos de<br />
17 e 25 anos, que<br />
invadiram a escola e<br />
disparam contra<br />
estudantes e<br />
funcionários, matando<br />
oito pessoas. "Faço esse<br />
gesto porque sou pai e,<br />
como pai, precisamos<br />
olhar para os nossos<br />
filhos. O nosso jardim<br />
está mais triste", disse,<br />
emocionado.<br />
O motorista de<br />
transporte escolar<br />
Vaninho Clemente da<br />
Silva, 44 anos, contou à<br />
Agência Brasil que<br />
estava trabalhando,<br />
levando crianças para a<br />
escola, quando soube<br />
da notícia pelo rádio.<br />
"Ali já ficamos<br />
consternados. Tristes.<br />
Nós que somos da área,<br />
transportamos as<br />
crianças todos os dias, e<br />
acontece um episódio<br />
desse bem próximo da<br />
gente, é muito difícil".<br />
Velório<br />
Foram velados no local<br />
os corpos dos<br />
estudantes Caio<br />
Oliveira, 15 anos;<br />
Claiton Antonio Ribeiro,<br />
17 anos; Kaio Lucas<br />
Costa Limeira, 15 anos;<br />
e Samuel Melquiades,<br />
16 anos, além da<br />
coordenadora<br />
pedagógica Marilena<br />
Ferreira Umezo, 59<br />
anos, e da funcionária<br />
Eliana Regina de<br />
Oliveira Xavier, 38 anos.<br />
O estudante Douglas<br />
Murilo Celestino, por<br />
motivos religiosos, foi<br />
velado em uma igreja<br />
da Assembleia de Deus.<br />
Os atiradores Luiz<br />
Henrique de Castro, 25<br />
anos, e Guilherme<br />
Taucci Monteiro, 17<br />
anos, foram velados em<br />
outro local.<br />
Jorge Antonio de<br />
Moraes, 51 anos, dono<br />
da locadora de onde os<br />
atiradores roubaram o<br />
carro utilizado na ação,<br />
e tio do Guilherme,<br />
também foi velado em<br />
outro local.