L+D 72
Edição: março| abril de 2019
Edição: março| abril de 2019
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LOJA CALVIN KLEIN FLAGSHIP (SÃO PAULO)<br />
CENTRO CULTURAL ISRAELITA KNESSET ISRAEL (SÃO PAULO) | SAUER (GUARULHOS)<br />
BAR DOS ARCOS (SÃO PAULO) | KAPO CABELOS (PORTO ALEGRE) | FOTO LUZ FOTO: TUCA REINÉS<br />
1
Leia em seu smartphone<br />
o artigo completo sobre<br />
esse empreendimento.<br />
Acesse via QR CODE<br />
powerlume.com.br<br />
Sede MaxMilhas<br />
Belo Horizonte / MG.<br />
Projeto Arquitetônico<br />
Todos Arquitetura.<br />
Execução do Projeto<br />
Construtora Uni.<br />
Produtos Power Lume<br />
Projetores, Embutidos, Downlights,<br />
Pendentes e linha Profile.<br />
LED Lighting Solutions<br />
Iluminando<br />
grandes negócios<br />
Fotos: Gabriel Castro<br />
2 3
Inscrições abertas!<br />
Confira os palestrantes já confirmados:<br />
15 e 16 de agosto<br />
Tivoli Mofarrej Conference Hotel<br />
São Paulo | Brasil<br />
Semana da Luz 2019<br />
Mark Major<br />
Reino Unido<br />
Martina Weiss<br />
Alemanha<br />
Edição especial de 10 anos!<br />
Mônica Luz Lobo<br />
Brasil<br />
Emrah Baki Ulas<br />
Austrália<br />
ledforum.com.br<br />
@ledforum<br />
#ledforum10<br />
Dean Skira<br />
Croácia<br />
Agne Milkeviciute<br />
Lituânia<br />
4 5
SUMÁRIO<br />
1º Trimestre 2019<br />
edição <strong>72</strong><br />
52<br />
58<br />
66<br />
Júlia Ribeiro<br />
Julia Ribeiro<br />
74<br />
78<br />
82<br />
10<br />
18<br />
AGENDA 2019<br />
¿QUÉ PASA?<br />
52<br />
58<br />
CENTRO CULTURAL ISRAELITA KNESSET ISRAEL<br />
Poéticas visuais<br />
LOJA CALVIN KLEIN FLAGSHIP<br />
Como música<br />
66<br />
SAUER<br />
74<br />
78<br />
82<br />
BAR DOS ARCOS<br />
Catacumbas cênicas<br />
KAPO CABELOS<br />
Cabeça feita<br />
FOTO LUZ FOTO<br />
Tuca Reinés<br />
6 7
Romulo Fialdini<br />
Thiago Gaya<br />
publisher<br />
LIGHT NERDS<br />
Orlando Marques<br />
editor-chefe<br />
PUBLISHER<br />
Thiago Gaya<br />
EDITOR-CHEFE<br />
Orlando Marques<br />
LOJA CALVIN KLEIN FLAGSHIP<br />
Iluminação: MS+M Arquitetos<br />
Foto: Tuca Reinés<br />
Dedicação e paixão por assuntos de natureza específica e de particularidades<br />
dificilmente percebidas pela maioria das pessoas são algumas das características<br />
de um grupo de profissionais bem especial: os lighting designers – para muitos, os<br />
nerds da iluminação.<br />
Nesta primeira edição de 2019, a <strong>L+D</strong> traz projetos cujos resultados claramente<br />
mostram esse amor à profissão, sem o qual poucos projetos de iluminação seriam<br />
realizados no Brasil e no mundo.<br />
Apresentamos o contemplativo Centro Cultural Israelita Knesset Israel, em<br />
São Paulo, projeto do escritório Franco Associados; a sutileza do novo conceito de<br />
iluminação das lojas flagship da marca Calvin Klein, projeto do escritório MS+M<br />
Associados; a precisa joalheria Sauer no Aeroporto Internacional de Guarulhos, projeto<br />
do Estudio Carlos Fortes; o cênico Bar dos Arcos do Theatro Municipal de São Paulo,<br />
projeto dos escritórios Studio 220v e There is Light; o moderno salão de cabeleireiros<br />
Kapo, projeto do Studio Fos; e o tecnológico escritório do site letras.mus.br em Belo<br />
Horizonte, projeto da Atiaîa Lighting Design.<br />
Trazemos também a agenda completa de 2019, com os principais eventos de<br />
iluminação do mundo, incluindo o LEDforum, que este ano completa dez anos! Outros<br />
destaques desta edição incluem a nova loja da Apple na Champs-Élysées, em Paris;<br />
o projeto do pavilhão brasileiro na Expo 2020, em Dubai; o estande de vendas da<br />
FGMF, em São Paulo; a exposição Penumbra, do artista Ângelo Venosa; e muito mais.<br />
A seção Foto Luz Foto desta edição também homenageia o fotógrafo Tuca Reinés,<br />
com seu trabalho para a loja Calvin Klein.<br />
Nesse sentido, a <strong>L+D</strong>, LEDforum e a Semana da Luz podem ser orgulhosamente<br />
considerados “USS Enterprise”, veículos que ajudam os light trekkers a navegar neste<br />
universo tão amplo.<br />
DIRETORA DE ARTE<br />
Thais Moro<br />
REPORTAGENS DESTA EDIÇÃO<br />
Débora Torii, Fernanda Carvalho,<br />
Gilberto Franco,Thiago Gaya,<br />
Orlando Marques, Studio Fos<br />
REVISÃO<br />
Débora Tamayose<br />
CIRCULAÇÃO E MARKETING<br />
Márcio Silva<br />
PUBLICIDADE<br />
Lucimara Ricardi | diretora<br />
Avany Ferreira | contato publicitário<br />
Paula Ribeiro | contato publicitário<br />
PARA ANUNCIAR<br />
comercial@editoralumiere.com.br<br />
T 11 3062.2622<br />
PARA ASSINAR<br />
assinaturas@editoralumiere.com.br<br />
T 11 3062.2622<br />
ADMINISTRAÇÃO<br />
administracao@editoralumiere.com.br<br />
T 11 3062.2622<br />
Live long and prosper!<br />
Orlando Marques<br />
Editor-chefe<br />
Guilherme Jordani<br />
Marília Saccaro e Marina Frigeri,<br />
arquitetas titulares do escritório<br />
parceiro, Studio Fos, são nossas<br />
convidadas para a coedição do<br />
¿Qué Pasa? duplo desta edição.<br />
A dupla apresenta o projeto de<br />
iluminação da Catedral de Milão,<br />
projeto dos italianos do Studio<br />
Ferrara Palladino e Associati.<br />
PUBLICADA POR<br />
Editora Lumière Ltda.<br />
Rua João Moura, 661 – cj. <strong>72</strong>, 05412-001<br />
São Paulo SP, T 11 3062.2622<br />
www.editoralumiere.com.br<br />
8 9
AGENDA 2019<br />
Começo de ano é o momento perfeito de se programar para os<br />
eventos mais importantes do universo da iluminação, imperdíveis<br />
para os amantes da luz e do lighting design. Programe-se para<br />
não perder nenhum!<br />
IALD ENLIGHTEN ASIA 2019<br />
IALD ENLIGHTEN AMERICAS 2019<br />
Oferecidas pela Associação Internacional de Lighting Designers<br />
(IALD), as conferências Enlighten ocorrem anualmente na<br />
América do Norte e a cada dois anos, alternadamente, na Ásia<br />
e na Europa, consolidando-se como importantes oportunidades<br />
de formação e de networking.<br />
A 4ª edição do Enlighten Asia aconteceu nos dias 6 e 7 de<br />
março em Tóquio, Japão, em conjunto com a Lighting Fair – uma<br />
das maiores feiras de iluminação do país –, abordando as principais<br />
questões e tendências que impactam o presente trabalho dos<br />
lighting designers na Ásia e no mundo.<br />
Já o Enlighten Americas, neste ano, será especial, pois marcará<br />
a celebração dos 50 anos da IALD. Além disso, o encerramento<br />
do evento coincidirá com o início da Balloon Fiesta, o maior e<br />
mais fotografado festival internacional de balonismo do mundo,<br />
realizado anualmente em Albuquerque, no estado do Novo México,<br />
sede da conferência de 2019.<br />
IALD Enlighten Asia 2019, Tóquio, Japão<br />
6 e 7 de março<br />
IALD Enlighten Americas 2019, Albuquerque, Estados Unidos<br />
EILD – ENCONTRO IBEROAMERICANO<br />
DE LIGHTING DESIGN 2019<br />
O Encontro Iberoamericano de Lighting Design (EILD) tem como<br />
objetivo oferecer espaços de reflexão, aprendizado, experimentação<br />
e compartilhamento de ideias entre profissionais e apaixonados<br />
pela luz e pela iluminação, no âmbito ibero-americano.<br />
Com estreia em 2010 em Valparaíso, no Chile, por iniciativa,<br />
sem fins lucrativos, de um grupo de lighting designers e profissionais<br />
independentes, o Encontro (ou Encuentro) terá sua 5ª edição<br />
realizada na histórica cidade de Colônia do Sacramento, no Uruguai,<br />
declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1995.<br />
Sob o tema “Comunicação”, o EILD 2019 combinará atividades<br />
teóricas e práticas com o objetivo de transmitir o valor do projeto<br />
de iluminação. Serão oferecidas palestras e oficinas “sobre luz”,<br />
que abordarão temas essenciais sobre o desenho de iluminação, e<br />
“com luz”, que utilizarão a iluminação como meio de comunicação<br />
em intervenções na cidade de Colônia do Sacramento.<br />
EILD 2019<br />
Colônia do Sacramento, Uruguai<br />
20 a 23 de março<br />
pt.eild.org<br />
Divulgação<br />
HONG KONG INTERNATIONAL<br />
LIGHTING FAIR<br />
Organizada anualmente pelo Conselho de Desenvolvimento<br />
do Comércio de Hong Kong (HKTDC), a última edição<br />
de primavera da Hong Kong International Lighting Fair recebeu<br />
aproximadamente 21 mil visitantes, que circularam entre os<br />
mais de 1.350 expositores, um número recorde para o evento.<br />
Para a 11ª edição, é esperada uma potencialização na demanda<br />
por produtos voltados ao conceito de smart lighting, seguindo<br />
as tendências da última feira, além de aumento na procura por<br />
soluções sustentáveis. Em resposta a essas demandas, a zona<br />
“Smart Lighting & Solutions”, criada em 2017, será expandida na<br />
edição deste ano. Dentre as demais zonas temáticas em que a<br />
feira é dividida, destacam-se ainda a “Hall of Aurora” (pavilhão<br />
dedicado às principais marcas mundiais) e a novidade “Innobuild”,<br />
na qual estarão reunidos fornecedores de sistemas e soluções<br />
prediais, incluindo sistemas avançados e tecnologias sustentáveis,<br />
assim como materiais decorativos.<br />
Serão oferecidos ainda seminários e fóruns a respeito de<br />
atualidades ligadas ao mercado de iluminação e também o Asian<br />
Lighting Forum, voltado a especialistas da área e a membros de<br />
organizações profissionais.<br />
O evento promove ainda uma versão anual de outono, tida<br />
como a maior feira de iluminação da Ásia. Ocupando o dobro<br />
da área da edição de primavera, a segunda edição do ano espera<br />
superar o recorde alcançado no ano passado, quando contou<br />
com mais de 2.700 expositores, visitados por um público de<br />
44 mil pessoas.<br />
Ambas as edições estão incentivando os visitantes a adotar<br />
uma série de dicas sustentáveis, como o uso de mapas e guias<br />
digitais, o descarte correto do lixo reciclável e o incentivo ao uso<br />
do transporte público para chegar ao evento, com o objetivo de<br />
conferir uma conotação ecológica às feiras.<br />
Hong Kong International Lighting Fair<br />
Hong Kong, China<br />
Spring Edition: 6 a 9 de abril<br />
m.hktdc.com/fair/hklightingfairse-en<br />
Autumn Edition: 27 a 30 de outubro<br />
m.hktdc.com/fair/hklightingfairae-en<br />
10 11
Diego Ravier<br />
EUROLUCE 2019<br />
A Euroluce é um evento mundialmente reconhecido como<br />
referência para o mercado da iluminação. Nela são apresentadas<br />
a cada dois anos as inovações tecnológicas e de design, em<br />
paralelo ao Salone del Mobile Milano. A feira de iluminação<br />
chega à sua 30ª edição e contará com mais de 480 expositores<br />
– metade deles internacionais –, que apresentarão seus últimos<br />
lançamentos nos segmentos de iluminação exterior, interior,<br />
industrial, hospitalar e cênica, além de sistemas de controle e<br />
de automação. A feira define-se como um evento de vanguarda<br />
nos campos da ecossustentabilidade e da eficiência energética,<br />
tanto para iluminação decorativa quanto para equipamentos<br />
técnicos, oferecendo-se ainda como uma grande oportunidade<br />
para encontros e negócios.<br />
Euroluce 2019<br />
Milão, Itália<br />
9 a 14 de abril<br />
salonemilano.it/en/manifestazioni/euroluce<br />
LIGHTFAIR INTERNATIONAL 2019<br />
Considerada um dos maiores eventos anuais voltados à<br />
iluminação arquitetural, abrangendo uma feira e uma conferência,<br />
a LIGHTFAIR International conta com patrocínio da Illuminating<br />
Engineering Society (IES) e da International Association of Lighting<br />
Designers (IALD) e chega à sua 30ª edição trazendo novidades.<br />
A conferência deste ano apresentará o inédito IoT & Connected<br />
Lighting Forum, que, em conjunto com o Light & Health Forum,<br />
oferecerá palestras e cursos de caráter dinâmico e educativo,<br />
cuja duração variará de 60 minutos a dois dias.<br />
Já a feira, que promete ser a maior de todas as edições, com<br />
500 expositores, será aberta com os LFI Innovation Awards, que<br />
vão homenagear os produtos e os designs mais inovadores dos<br />
últimos 12 meses. A exposição desta edição apresentará novas<br />
categorias de produtos, como sistemas de controle, energias<br />
renováveis, sinalização digital e IoT, que os visitantes poderão<br />
conhecer por meio de visitas guiadas temáticas, oferecidas<br />
diariamente durante o funcionamento da feira.<br />
LIGHTFAIR International 2019<br />
Filadélfia, Estados Unidos<br />
Pré-conferência: 19 e 20 de maio<br />
Feira e Conferência: 21 a 23 de maio<br />
lightfair.com<br />
Messe Frankfurt<br />
GILE – GUANGZHOU INTERNATIONAL<br />
LIGHTING EXHIBITION<br />
Conhecida como uma das mais influentes e abrangentes<br />
feiras de iluminação da Ásia, a Guangzhou International Lighting<br />
Exhibition (GILE) adotou como tema, neste ano, “Envisage The<br />
Next Move”, ainda sob o conceito “Thinklight”, introduzido em<br />
2016. A escolha visou incentivar a comunidade da iluminação<br />
a encarar as transformações da indústria como meios de<br />
progresso e de inovação.<br />
O evento, que é oferecido pela Messe Frankfurt – mesma<br />
organizadora da Light + Building –, contará com a exibição das<br />
últimas novidades em soluções e tecnologia de ponta, além<br />
de uma programação paralela de palestras proferidas por<br />
especialistas da indústria mundial acerca das últimas tendências<br />
e dos desdobramentos tecnológicos do universo da iluminação.<br />
A edição de 2019 buscará ainda encorajar a indústria ao uso<br />
consciente da tecnologia, balanceando o desejo por soluções de<br />
baixo custo e de alta eficiência energética com a necessidade<br />
de iluminação de qualidade, que atenda às necessidades e ao<br />
conforto do usuário.<br />
GILE – Guangzhou International Lighting Exhibition<br />
Guangzhou, China<br />
9 a 12 de junho<br />
guangzhou-international-lighting-exhibition.<br />
hk.messefrankfurt.com<br />
12 13
LEDFORUM 2019 E<br />
SEMANA DA LUZ BRASIL<br />
LEDFORUM 2019<br />
O LEDforum é conhecido nacional e internacionalmente por<br />
oferecer conteúdo de palestras e atividades de alto nível técnico<br />
e de conhecimento, conduzidas por grandes nomes do universo<br />
da iluminação brasileira e internacional, além de se apresentar<br />
como uma oportunidade para lançamentos de equipamentos<br />
de iluminação, geração de novos negócios e intenso networking.<br />
Neste ano, o LEDforum chega à sua 10ª edição, que promete<br />
ser ainda mais especial, celebrando a sólida trajetória construída<br />
nesta última década. Já foram confirmados os primeiros nomes<br />
desta edição: o arquiteto e lighting designer britânico Mark Major,<br />
diretor do renomado e premiado escritório Speirs + Major; a<br />
lituana Agne Milkeviciute, premiada no Light Symposium Paper<br />
Competition 2018 em Estocolmo, com a pesquisa Crisis of Window.<br />
Lost Purpose of Daylight Opening; a lighting designer alemã Martina<br />
Weiss, diretora do renomado escritório Licht Kunst Licht; o lighting<br />
designer croata Dean Skira e o pesquisador, artista e lighting<br />
designer turco, radicado na Austrália, Emrah Baki Ulas.<br />
Outra novidade para esta edição comemorativa é a criação<br />
de uma nova área expositora e para networking, que abrigará oito<br />
novos estandes de importantes nomes da iluminação brasileira.<br />
Fiquem atentos às próximas novidades, que serão anunciadas<br />
em breve!<br />
10º LEDforum<br />
15 e 16 de agosto<br />
ldforum.com<br />
SEMANA DA LUZ BRASIL<br />
Todos os anos a Semana da Luz oferece uma oportunidade<br />
única, em solo brasileiro, de trocas, aprendizado, networking e<br />
atualização dos conhecimentos teórico e profissional, no âmbito<br />
do lighting design.<br />
Fruto da parceria entre o LEDforum e a Associação Brasileira<br />
dos Arquitetos de Iluminação (AsBAI), a Semana da Luz é aberta<br />
por um workshop, que oferece aos participantes a oportunidade de<br />
explorar a temática da iluminação nos contextos urbanos, a partir<br />
de uma abordagem multidisciplinar e a cada ano mais inovadora.<br />
A Semana da Luz conta ainda com a festa de encerramento<br />
Lighting Lovers, realizada após a última palestra do LEDforum, cuja<br />
4ª edição promete repetir o espírito de animação e celebração<br />
vivido nos três eventos anteriores.<br />
Mais informações sobre as atividades deste ano serão<br />
divulgadas em breve.<br />
Semana da Luz 2019<br />
São Paulo, Brasil<br />
Workshop internacional<br />
11 a 14 de agosto<br />
10º LEDforum<br />
15 e 16 de agosto<br />
ldforum.com<br />
Felipe Perazzolo<br />
DARC ROOM<br />
Idealizado pelas revistas mondo*arc e darc, em conjunto com<br />
o Light Collective – os mesmos criadores dos darc awards –, o<br />
darc room é uma mostra criativa de iluminação voltada a<br />
especificadores e designers. Oferecida pelo segundo ano<br />
consecutivo, a exposição é parte do London Design Festival<br />
e foge do tradicional, propondo aos expositores um modelo<br />
único de estande, que pode ser customizado por cada marca<br />
com a consultoria criativa do Light Collective.<br />
O local do evento também não será nada convencional: a<br />
The Old Truman Brewery, uma antiga fábrica de cerveja londrina<br />
que hoje abriga negócios criativos, lojas, galerias, restaurantes<br />
e um espaço para eventos, que deverá potencializar ainda mais<br />
a criatividade dos expositores e dos visitantes.<br />
darc room 2019<br />
Londres, Reino Unido<br />
19 a 22 de setembro<br />
darcroom.com<br />
PLDC 2019<br />
Transformada em evento anual no ano passado, quando teve sua<br />
primeira edição realizada fora da Europa (a PLDC Singapore 2018),<br />
a convenção mantém a frequência bianual no velho continente,<br />
tendo como sede, neste ano, a cidade holandesa de Rotterdam.<br />
Com o objetivo de difundir os últimos acontecimentos e<br />
progressos do universo da iluminação e discutir o futuro da profissão<br />
de lighting designer, o evento oferecerá cerca de 80 palestras,<br />
divididas em quatro sessões a cada dia, sendo cada uma delas<br />
iniciada por diferentes keynote speakers, a serem anunciados.<br />
O evento também será palco da rodada final do The Challenge,<br />
quando os seis finalistas da competição de jovens talentos<br />
acadêmicos, treinados por seis renomados lighting designers,<br />
apresentarão suas pesquisas. O vencedor será conhecido durante<br />
o tradicional Gala Dinner, que encerra o evento todos os anos.<br />
PLDC – Professional Lighting Design Convention 2019<br />
Rotterdam, Países Baixos<br />
23 a 26 de outubro<br />
pld-c.com<br />
14 15<br />
14
16 17
Imagens: Ben-Avid/JPG.ARQ/MMBB Arquitetos<br />
¿QUÉ PASA?<br />
PAVILHÃO DO BRASIL – EXPO DUBAI 2020<br />
A proposta vencedora para o Pavilhão do Brasil na<br />
Expo Dubai 2020 resultou da colaboração entre os<br />
escritórios Ben-Avid, JPG.ARQ e MMBB Arquitetos, que<br />
tiveram como maior inspiração as águas brasileiras, seus<br />
rios e seus mangues, como nascentes de fertilidade e<br />
como patrimônios naturais mundiais. “Como o país que<br />
possui a maior riqueza hídrica do mundo, o Brasil precisa<br />
protagonizar uma política internacional de defesa e<br />
desfrute das águas. Uma política baseada em preservação<br />
e em potencialização das riquezas naturais por meio da<br />
tecnologia. Esse é o foco do Pavilhão Brasileiro na Expo<br />
Dubai 2020”, explicam os arquitetos.<br />
Praticamente todo o piso do pavilhão será tomado por uma<br />
fina lâmina de água, remetendo aos períodos de cheia dos rios.<br />
Sob essa praça de água, o piso de concreto pigmentado preto<br />
alude ao rio Negro. Dando forma ao pavilhão, uma estrutura<br />
tênsil de tecido translúcido branco, com mais de 18 metros<br />
de altura, sombreará o espaço durante o dia e, à noite, o<br />
transformará em um grande cubo luminoso flutuante, por meio<br />
das projeções abstratas de imagens de vegetações, nascentes<br />
de rios, quedas-d’água e pinturas corporais indígenas, que,<br />
com o complemento de sons, vapores e aromas, formarão<br />
parte essencial da experiência expográfica.<br />
A praça de água funcionará como suporte no qual<br />
essas imagens serão refletidas, além de convidar o<br />
público a entrar durante as projeções – sendo oferecidas<br />
botas, como aquelas utilizadas em Veneza durante<br />
o fenômeno da maré alta, àqueles que não queiram<br />
molhar os pés. “Não procuramos recriar literalmente as<br />
paisagens brasileiras em Dubai, com peixes ou árvores<br />
reais; e sim reinterpretar um modo brasileiro de pensar a<br />
relação entre construção e paisagem, criando atmosferas<br />
sinestésicas e imersivas, em que se combinam sons,<br />
aromas, estímulos de temperatura e umidade, e projeções<br />
de imagens sobre as paredes laterais de tecido, as faces<br />
internas e facetadas da cobertura e as superfícies de água<br />
no piso”, relatam os arquitetos.<br />
Os acessos, os passeios e os programas complementares<br />
à expografia (café, restaurante e loja) serão<br />
instalados em regiões secas, estes últimos dentro de um<br />
volume treliçado suspenso sobre a água, relembrando as<br />
casas sobre palafitas, típicas da região Norte do Brasil.<br />
Essa construção abrigará também uma sala de múltiplos<br />
usos, com iluminação totalmente controlada, onde serão<br />
oferecidas atividades como palestras, debates, projeções<br />
de filmes e espetáculos. (D.T.)<br />
18 19
Imagens: Renato Mangolin<br />
¿QUÉ PASA?<br />
MANJAR CULTURAL<br />
Construído em 1843, o histórico palacete que abriga o instituição, os lighting designers desenvolveram o conceito<br />
Solar dos Abacaxis no Rio de Janeiro é um dos primeiros de iluminação para a exposição Manjar: Anna Bella Geiger<br />
exemplares da arquitetura neoclássica nacional e, após mais – circa mmxviii, dedicada a obras da consagrada artista<br />
de um século de intensa vida e ocupação, ficou abandonado carioca que ecoavam questões atuais e contundentes,<br />
por mais de uma década. O processo de intensa degradação como o terrível incêndio no Museu Nacional do Brasil e o<br />
do edifício foi interrompido no ano de 2015, quando um momento de incerteza política vivido no país.<br />
grupo de cinco jovens se uniu para dar início a um projeto Dessa forma, a paleta de cores definida para as luzes<br />
de ocupação, com o objetivo de arrecadar fundos para a foi diretamente influenciada por esses temas, sendo usados<br />
reforma e a restauração do espaço, ao mesmo tempo que o desde tons de âmbar e branco, nas áreas expositivas, até<br />
abriam ao público. Assim nasceu o Solar dos Abacaxis, uma o vermelho intenso, na fachada, em áreas de circulação e<br />
instituição dedicada à experimentação nos âmbitos da arte, nas áreas da festa e do bar. O projeto de iluminação atuou<br />
da educação e da transformação social.<br />
em três diferentes camadas: no destaque das obras nos<br />
Manjar é o principal evento oferecido no Solar dos espaços expositivos, na iluminação cênica para a festa e<br />
Abacaxis, cujo inovador formato “exposição-festa”, com na valorização da arquitetura, que buscou manter sempre<br />
curadoria artística de Bernardo Mosqueira e curadoria presente a casa, ressaltando seus volumes e suas texturas<br />
musical de Bruno Balthazar, já reuniu mais de 80 artistas em em todos os espaços, por meio da cor ou de diferentes<br />
suas 27 edições, visitadas por um público de mais de 35 mil recursos de iluminação de destaque.<br />
pessoas. Operando em formato colaborativo, a experiência “A composição da iluminação está vinculada à intenção<br />
expositiva e festiva dura apenas uma noite, o que contribui da artista, mas deve, ao mesmo tempo, funcionar em<br />
para seu caráter singular e experimental, que funciona como conjunto com o todo, que é a casa. A solução de um espaço<br />
plataforma para novos artistas e estimula a arrecadação de influencia todos”, explicou Flavio.<br />
fundos para a reconstrução do palacete.<br />
Segundo Mônica, o processo – que contou ainda com<br />
A edição de setembro passado marcou a terceira a colaboração de Jhony da Silva nas etapas de viabilização<br />
colaboração de Mônica Luz Lobo e de Flavio Berman e de execução – foi uma “interessante parceria, livre, que<br />
com o Solar dos Abacaxis. A convite de Adriano Carneiro não tem a ver com o que fazemos no dia a dia. E, ao mesmo<br />
de 20 Mendonça, arquiteto e um dos responsáveis pela tempo, superintenso e divertido”. (D.T.)<br />
21
Imagens: Rafaela Netto<br />
¿QUÉ PASA?<br />
CHEIOS E VAZIOS<br />
O escritório paulistano de arquitetura FGMF inovou<br />
na elaboração do estande de vendas de seu novo<br />
empreendimento, o edifício residencial POD, que será<br />
construído nas esquinas da Avenida Rebouças e da Rua<br />
Cristiano Viana, em São Paulo. Para transmitir o conceito<br />
da praça aberta, um dos elementos-chave do projeto<br />
de arquitetura, os arquitetos criaram uma instalação de<br />
andaimes, cuja linguagem de recortes e volumes alude<br />
à inovadora arquitetura do prédio, além de ter relação<br />
direta com a escala vertical dessa praça, reproduzindo as<br />
dimensões reais que a porção inferior do edifício ocupará.<br />
Com a instalação, os arquitetos buscaram demonstrar a<br />
conexão entre o futuro edifício e a esquina onde se situa o<br />
lote, além de evidenciar o espaço livre que será deixado em<br />
seu centro, após a construção. O efeito dos volumes brancos,<br />
soltos entre si, que aparentam estar voando, é ressaltado<br />
à noite, quando a instalação é iluminada. Desenvolvido<br />
pelo Estúdio BijaRi, especializado em videomapping e em<br />
intervenções artísticas urbanas, o conceito da iluminação<br />
cria uma estrutura narrativa que transforma o espaço<br />
e, ao mesmo tempo, transmite uma noção de ritmo ao<br />
espectador. Os designers criaram uma programação de<br />
luzes que alternam movimentos lentos e ritmos mais<br />
dinâmicos, cujo pulsar das luzes revela a profundidade e<br />
o volume das caixas e das estruturas que as sustentam.<br />
As cores dos projetores de LEDs derivam da comunicação<br />
visual do empreendimento, na qual vermelho e branco são<br />
os tons principais.<br />
Um dos responsáveis pelo projeto, Rodrigo Araújo, sócio<br />
e diretor de arte do BijaRi, conta que a intenção do projeto<br />
“era dar outra vida à arquitetura, fazendo-a respirar e dialogar<br />
com o ritmo do seu entorno. Ora criávamos um contraponto<br />
à aceleração da cidade, ora éramos uma descarga elétrica,<br />
um raio de luz sobre a estrutura”. O projeto do estande<br />
recebeu menção honrosa na categoria “Arquitetura Efêmera”,<br />
na edição de 75 anos da prestigiosa Premiação IABsp<br />
2018, promovida pelo Instituto de Arquitetos do Brasil –<br />
Departamento São Paulo (IABsp). (D.T.)<br />
22 23
Imagem: Ignacio Aronovich / Lost Art<br />
¿QUÉ PASA?<br />
MIRAGEM NA PRAÇA PÔR DO SOL<br />
Em meio à superpopulação de edifícios e ruas asfaltadas<br />
da cidade de São Paulo, ainda existem alguns locais capazes<br />
de estimular a conexão dos visitantes com a natureza. Um<br />
deles é a Praça Coronel Custódio Fernandes Pinheiros,<br />
popularmente conhecida como Praça Pôr do Sol, no Alto de<br />
Pinheiros, escolhida pelo artista visual uruguaio radicado em<br />
São Paulo Fernando Velázquez para a apresentação de sua<br />
instalação Miragem, no mês de dezembro.<br />
A intervenção foi desenvolvida especialmente para o<br />
local, com o intuito de explorar seu caráter ritualístico por<br />
meio de uma experiência sensorial e audiovisual imersiva.<br />
Um painel curvo e longitudinal de LEDs foi estrategicamente<br />
posicionado na linha do horizonte – onde os visitantes<br />
costumam se reunir para assistir ao pôr do sol –, no qual eram<br />
exibidas imagens que ora se fundiam, ora contrastavam com<br />
o entorno. Miragem buscou explorar a relação espaço-tempo,<br />
questionando como uma experiência artística pode afetar a<br />
percepção cronológica humana e chamando a atenção para<br />
a influência dos meios digitais sobre a noção do tempo.<br />
Com a obra, Velázquez propôs um despertar de percepções,<br />
convocando uma espécie de ritual urbano que reforçava<br />
aspectos do culto à natureza e também hábitos relacionados<br />
aos fenômenos naturais diários que, todavia, prevalecem em<br />
grandes centros urbanos como São Paulo.<br />
A instalação foi a ação de encerramento da 6ª edição do<br />
SP_Urban Digital Festival, que anualmente ocupa os espaços<br />
públicos da cidade com artes digitais, de maneira gratuita e<br />
democrática, sob a curadoria de Marilia Pasculli. (D.T.)<br />
24 25
8th Professional Lighting<br />
Design Convention<br />
Rotterdam/NL<br />
Early registration phase ends<br />
31. May, 2019<br />
www.pld-c.com<br />
- merging masterminds -<br />
PLDC is a brand of the<br />
8th Professional Lighting<br />
Design Convention<br />
23. - 26. October, 2019<br />
Rotterdam/NL<br />
23. - 26. October, 2019<br />
Early registration phase ends<br />
31. May, 2019<br />
www.pld-c.com<br />
- merging masterminds -<br />
26 27<br />
PLDC is a brand of the
Imagens: Karolina Halatek<br />
¿QUÉ PASA?<br />
ANDANDO NAS NUVENS<br />
A artista visual polonesa Karolina Halatek tem em seu<br />
portfólio diversas instalações experimentais e imersivas<br />
que incorporam elementos visuais, arquitetônicos e<br />
esculturais, utilizando sempre a luz como suporte principal.<br />
Um dos resultados de suas frequentes colaborações com<br />
físicos quânticos e engenheiros mecânicos de precisão foi<br />
sua mais recente instalação, Cloud Square, apresentada<br />
durante o festival Laumeier After Dark, no museu a céu<br />
aberto Laumeier Sculpture Park em St. Louis, no estado<br />
norte-americano do Missouri.<br />
Uma pequena cabana luminosa em meio à natureza<br />
convidava os visitantes a se aproximarem. Ao adentrar<br />
no espaço, eles se viam imersos em uma espécie de<br />
nuvem gerada pela mistura de fumaça com luzes brancas<br />
e intensas, instaladas em todo o perímetro do espaço,<br />
transiluminando todas as suas superfícies verticais.<br />
O ambiente onírico permitiu ao público sentir como<br />
se estivesse em uma “experiência no céu”, como definiu<br />
a artista, que explica ainda que o nome da instalação<br />
refere-se não apenas à forma da cabana, mas também à<br />
sua existência como um ponto de encontro onde todos se<br />
reúnem. “O cenário formado pela casa em meio à floresta<br />
e à fumaça conferiu uma sensação de lar e de acolhimento<br />
à natureza”, descreveu. (D.T.)<br />
28 29
30 31
Imagens: WHITEvoid/ Kinetic Lights<br />
¿QUÉ PASA?<br />
DANÇA CINÉTICA<br />
A empresa alemã Kinetic Lights desenvolve, há<br />
mais de 10 anos, equipamentos de luz cinéticos que<br />
possibilitam a criação das mais variadas instalações<br />
e performances envolvendo luzes em movimento. Seu<br />
principal parceiro é o estúdio de artes, design e tecnologia<br />
alemão WHITEvoid, fundado e comandado pelo designer<br />
Christopher Bauder, cuja principal colaboração foi o<br />
desenvolvimento dos produtos e do sistema de controle<br />
que deram vida à instalação Lichtgrenze, apresentada em<br />
ocasião do 25º aniversário da queda do Muro de Berlim.<br />
Uma versão aprimorada desse mesmo produto foi<br />
empregada na mais recente obra do WHITEvoid, em<br />
novembro passado. A instalação imersiva Electric Moons foi<br />
a principal atração da festa de comemoração dos 10 anos da<br />
revista de design alemã Plot Magazine. Instalada no interior<br />
da Igreja de Santa Maria, em Stuttgart, Alemanha, a obra<br />
de grande escala celebrou o poder da luz e da leveza, dois<br />
aspectos marcantes do edifício religioso.<br />
A instalação é constituída de uma estrutura modular<br />
aplicada sobre o piso – pela qual passam todas as<br />
fiações e cabeamentos –, utilizada como suporte para 36<br />
equipamentos Winch XS, o novo e aprimorado sistema de<br />
guindaste desenvolvido pela Kinetic Lights, cujo alcance<br />
chega a 7 metros de distância, apesar de suas dimensões<br />
compactas. A nova versão do equipamento permite o<br />
controle individual e em tempo real de cada peça, por<br />
meio de um sistema de controle desenvolvido pela própria<br />
Kinetic Lights, sem apresentar limitações na forma,<br />
no layout ou na quantidade máxima de equipamentos<br />
utilizados na instalação. Cada guindaste sustenta um balão<br />
cheio de gás hélio – similares aos que foram utilizados na<br />
instalação berlinense – em uma nova versão com luzes<br />
RGB, cujo movimento vertical leve e sincronizado, aliado<br />
à programação de cores e de sons, encantou a plateia<br />
presente no evento. (D.T.)<br />
32 33
Imagens: Gabriel Wickbold<br />
¿QUÉ PASA?<br />
AURA<br />
Entre os meses de novembro do ano passado e janeiro deste<br />
ano, o fotógrafo e galerista paulistano Gabriel Wickbold expôs<br />
em sua galeria em São Paulo as imagens de seu quinto ensaio<br />
autoral, I am Light – Você é Luz. Em contraposição à sua série<br />
anterior, I am Online, lançada há dois anos, na qual o artista<br />
abordou a sensação de sufocamento causada pelo excesso de<br />
conectividade e de informação, I am Light – Você é Luz propõe<br />
uma conexão com o “eu interior”, refletindo sobre os valores do<br />
“ter” e do “ser”.<br />
Por meio da aplicação de pó de glitter e pintura sobre o<br />
corpo dos modelos, o fotógrafo conseguiu produzir verdadeiras<br />
explosões de cores e de efeitos de luz nas imagens, utilizando o<br />
obturador da câmera como principal ferramenta para a captura<br />
dos corpos brilhantes em movimento. A série de imagens<br />
compõe uma espécie de “instalação humana” – marca registrada<br />
do artista – na qual a câmera transforma-se em um “leitor de<br />
auras”, como ele define.<br />
“O trabalho transcende o rosto aparente, a fraqueza do<br />
ser que deixa a esfera divina penetrar. A luz é o componente<br />
principal neste novo ensaio, em que os corpos são livres,<br />
imponentes e fortes. Por meio da luz emanada das fotos,<br />
o espectador pode iluminar seu próprio corpo e sua<br />
consciência”, reflete Gabriel. (D.T.)<br />
34 35
36 37
Imagens: Imagens: Nigel Young/Foster+Partners<br />
¿QUÉ PASA?<br />
PIRÂMIDES DA APPLE<br />
A Apple inaugurou, recentemente, sua mais nova loja em<br />
Paris, França, que pode ser considerada uma das mais elegantes<br />
da rede. Localizada na Avenida Champs-Élysées, símbolo do<br />
espírito sofisticado e atemporal da capital francesa, a nova<br />
flagship da marca foi instalada em um histórico e típico edifício<br />
de apartamentos parisiense, completamente restaurado e<br />
reformado pela equipe do escritório de arquitetura Foster +<br />
Partners, em conjunto com as equipes comercial e de design<br />
da Apple.<br />
A construção – que já foi o endereço residencial de ninguém<br />
menos que Alberto Santos Dumont, o pai da aviação – teve<br />
todos os seus detalhes originais preservados e restaurados,<br />
convivendo lado a lado com ambientes de design moderno e<br />
minimalista, típicos das lojas da marca.<br />
A adição mais especial foi a nova cobertura do pátio<br />
interno. Chamada Kaléidoscope, a espécie de claraboia é<br />
formada por pirâmides, mesclando materiais transparentes e<br />
espelhados que refletem e decompõem a luz – do sol durante<br />
o dia e artificial durante a noite –, criando hipnotizantes<br />
texturas e reflexos nas fachadas clássicas que emolduram o<br />
ambiente de pé-direito quádruplo. Nesse local foi instalado<br />
o espaço Forum, onde especialistas de diversas áreas vão<br />
entreter, inspirar e ensinar os visitantes durante os eventos<br />
“Today at Apple”. Os efeitos originados por essa cobertura –<br />
cujas porções opacas são cobertas com painéis fotovoltaicos<br />
– mudam com o passar das horas e também de acordo com a<br />
posição do observador, já que a irregularidade dessa superfície<br />
permite que os visitantes visualizem imagens fragmentadas de<br />
detalhes da própria construção.<br />
“Dentro do verdadeiro espírito parisiense, o projeto é<br />
rico em texturas e envolve um conjunto de experiências<br />
que estimulam os sentidos. Isso é emblemático da ideia de<br />
justaposição existente nos espaços internos do edifício, unindo<br />
o histórico e o contemporâneo, o interior e o exterior, o solo<br />
e o céu. É um lugar que inspira a criatividade”, define Stefan<br />
Behling, um dos diretores do Foster + Partners. (D.T.)<br />
38 39
¿QUÉ PASA?<br />
CUBO DE PIXELS<br />
Imagens: Loris von Siebenthal, Société Privé de Gérance.<br />
O edifício Amandolier, um icônico cubo de vidro que<br />
marca a paisagem do centro de Genebra, Suíça, desde<br />
2004, passou por uma recente renovação da iluminação de<br />
sua fachada, reinventada como uma plataforma multimídia<br />
que relaciona a arquitetura e seu entorno em uma inovadora<br />
forma de expressão artística. Liderados pelo finlandês<br />
Tapio Rosenius, os lighting designers do escritório espanhol<br />
Lighting Design Collective (LDC) foram os responsáveis<br />
pelo projeto e desenvolveram três diferentes famílias de<br />
conteúdos, que são exibidas alternadamente.<br />
A primeira delas, Geometrias, resultou da abstração da<br />
arquitetura minimalista à sua mínima forma, uma pele de<br />
vidro dividida em um grid modular que confere um senso<br />
de ordem à fachada. A geometria repetitiva é agrupada em<br />
segmentos, jogando com a escala de percepção do edifício.<br />
A segunda família, Clima, baseia-se em um estudo sobre<br />
o ciclo cibernético que, aplicado ao contexto urbano, analisa<br />
os efeitos mútuos entre o edifício e seu entorno.<br />
Dados sobre a temperatura, o vento e a umidade são<br />
coletados e parametrizados, em tempo real, determinando<br />
a tonalidade das luzes e a velocidade com que os padrões<br />
luminosos se movem e se alternam.<br />
O último grupo de conteúdo, 8 BIT, homenageia, por<br />
meio da pixel art, os antigos computadores e videogames<br />
que utilizavam processadores de 8 ou de 16 bits. Para a<br />
construção das imagens dessa família, cada janela foi<br />
tratada como um pixel.<br />
A programação preestabelecida das luzes permite também<br />
a exibição de 20 diferentes bandeiras de países na fachada do<br />
edifício. O controle de todas as cenas e padrões é feito por meio<br />
de um software customizado especialmente para o projeto, assim<br />
como os equipamentos de iluminação, desenvolvidos pelo LDC<br />
em conjunto com o fabricante espanhol Grupo MCI, para que se<br />
encaixassem perfeitamente nos nichos existentes na fachada.<br />
Foram utilizadas 320 lumi nárias lineares e 20 luminárias<br />
de canto – atendendo a um pedido do cliente para que<br />
as sombras existentes nas esquinas do edifício fossem<br />
atenuadas. Após testes em obra, foi definido o uso de<br />
uma óptica elíptica (24˚ × 48˚), que permite a iluminação<br />
uniforme da persiana de cada janela, gerando uma imagem<br />
exterior homogênea. (D.T.)<br />
40 41
Courtesy of RIchard Lunt/Michigan State University<br />
G. L. Kohuth<br />
¿QUÉ PASA?<br />
TRANSPARENTE<br />
É cada vez mais comum a instalação de painéis solares<br />
fotovoltaicos no topo dos edifícios, tanto nos mais modernos<br />
quanto nos mais antigos, com o intuito de reduzir os gastos com<br />
energia elétrica e o alto impacto no meio ambiente. Nas grandes<br />
metrópoles, no entanto, a produção desse tipo de energia limpa<br />
teria ganhos consideráveis caso os painéis pudessem ser aplicados<br />
também às fachadas envidraçadas dos edifícios e dos arranhacéus,<br />
que correspondem a uma porção significativamente maior<br />
da área total construída do que seus telhados.<br />
Tendo isso em mente, um grupo de pesquisadores da<br />
Michigan State University, nos Estados Unidos, liderados pelo<br />
professor de Engenharia Química e Ciência dos Materiais<br />
Richard Lunt, desenvolveu um tipo de painel solar totalmente<br />
transparente. Trata-se de um concentrador solar transparente<br />
luminescente (TLSC) criado a partir de moléculas orgânicas<br />
que absorvem somente os comprimentos de onda da luz que<br />
não são visíveis ao olho humano, como os infravermelhos e os<br />
ultravioletas, por exemplo. Sem afetar a transmitância da luz<br />
através do material, a energia solar é coletada e transportada<br />
até as bordas do painel, onde é convertida em eletricidade<br />
por meio de finas tiras de células solares fotovoltaicas.<br />
Os cientistas explicam que, apesar da eficiência do material<br />
ainda ser consideravelmente baixa (em torno de 5%, contra<br />
os cerca de 15% a 18% dos painéis fotovoltaicos tradicionais),<br />
suas possibilidades de aplicação são notavelmente maiores<br />
em termos de área, o que pode tornar seu potencial de geração<br />
de energia equivalente ao dos produtos convencionais. “A<br />
implantação complementar de ambas as tecnologias poderia<br />
suprir em quase 100% a demanda de energia dos Estados<br />
Unidos se também aprimorarmos as tecnologias para seu<br />
armazenamento”, declara Lunt. Os pesquisadores acreditam<br />
que ainda não atingiram todo o potencial desse material e<br />
seguem trabalhando para tornar essa tecnologia ainda mais<br />
eficiente e acessível. (D.T.)<br />
42 43
Imagens: Mathias Magg<br />
¿QUÉ PASA?<br />
ILUMINANDO BUDA<br />
Popularmente conhecido como “Cidade Proibida”, o<br />
conjunto de edifícios onde hoje funciona o Palace Museum<br />
em Pequim, na China, foi construído no início do século XIV<br />
para servir de residência ao imperador e de centro cerimonial<br />
e político do governo durante as dinastias Ming e Qing.<br />
Transformado em museu em 1925, o palácio tem esse apelido<br />
em razão de seu acesso extremamente restrito durante<br />
a Era Imperial, quando somente o imperador, sua família e<br />
os oficiais de alto escalão tinham autorização para entrar<br />
e circular pelo conjunto de prédios do palácio, declarado<br />
Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco em 1987.<br />
Transcendendo os limites da sua história e de seu<br />
acervo – que conta com mais de 1 milhão de obras de arte e<br />
documentos preservados desde o período imperial –, o museu<br />
apresentou, pela primeira vez, a exposição de uma coleção<br />
privada. The Light of Buddha foi realizada em parceria com o<br />
Zhiguan Museum of Fine Art e exibiu 112 antigas esculturas<br />
budistas de cobre, produzidas entre os séculos VI e XV e<br />
originadas de regiões himalaias (Paquistão, norte da Índia,<br />
Nepal e Tibete).<br />
Os arquitetos do escritório chinês studio O foram<br />
os responsáveis por adaptar os interiores do Palácio da<br />
Abstinência, onde foi realizada a exposição, e criaram<br />
um sistema expositivo temporário, utilizando painéis de<br />
madeira pintados de preto, que tornaram o plano de fundo<br />
praticamente invisível e permitiram o destaque e a visualização<br />
das esculturas através de molduras, transformando-as em<br />
espécies de “pinturas tridimensionais”.<br />
A iluminação foi essencial para o sucesso desse conceito.<br />
O projeto, assinado pelo lighting designer italiano Sergio<br />
Boccia, propôs a integração de perfis luminosos às faces<br />
internas dos painéis de madeira, iluminando cada escultura<br />
de maneira difusa e intensa, ressaltando, assim, suas<br />
volumetrias e suas texturas e minimizando a interferência<br />
de sombras ou de contrastes excessivos. Essa solução foi<br />
inspirada nas condições luminosas peculiares produzidas pela<br />
arquitetura religiosa himalaia, além de atender aos requisitos<br />
de segurança da própria exposição, que exigiam que os<br />
equipamentos de iluminação fossem instalados em locais<br />
acessíveis, externos às vitrines blindadas que abrigavam cada<br />
uma das esculturas.<br />
Em oposição à iluminação uniforme e intensa das obras,<br />
a luz das salas expositivas chegava a uma proporção de<br />
contraste de 1 : 10, condição que o lighting designer chamou<br />
de “escuridão bem calibrada” e por meio da qual buscou<br />
preparar os visitantes – e seus olhos e espíritos – para o clima<br />
da exposição. Contrapondo-se a essa atmosfera, o pavilhão<br />
central, bastante luminoso, foi ocupado por uma instalação<br />
contemporânea que aludia à peregrinação dos monges<br />
budistas. O túnel composto de tecidos vermelhos e brancos<br />
convidava os visitantes a adentrar um espaço tranquilo e<br />
atemporal, como uma alegoria à reflexão interior. (D.T.)<br />
44 45
46 47
Imagens: Felipe Amarelo/Courtesy of the artist and Galeria Nara Roesler<br />
¿QUÉ PASA?<br />
PÆNES UMBRA<br />
Originada do latim, a palavra “penumbra” significa, ao<br />
pé da letra, “quase sombra total”. Com base nessa definição,<br />
fica fácil entender a origem do título homônimo da exposição<br />
individual do artista Angelo Venosa na Galeria Nara Roesler,<br />
em São Paulo.<br />
A mostra teve como ponto de partida uma exposição<br />
realizada no ano passado em Vila Velha, Espírito Santo, na<br />
qual foram apresentadas seis das oito esculturas exibidas<br />
na galeria paulistana, sendo as outras duas inéditas.<br />
Constituídas de bronze, madeira, tecido e fibra de vidro,<br />
as esculturas exploram os cheios e os vazios de maneira<br />
fluida e provocativa, tendo suas formas intensificadas pela<br />
iluminação pontual e dramática incidente sobre cada peça.<br />
O intenso contraste resultante cria diferentes possibilidades<br />
de perspectivas ao observador, fazendo com que as formas e<br />
as dimensões reais das obras aparentem distintas escalas e<br />
volumetrias, em decorrência das sombras – e penumbras –<br />
que produzem.<br />
Paulistano radicado no Rio de Janeiro, Venosa é considerado<br />
um dos poucos artistas dedicados à escultura a fazer<br />
parte do movimento artístico Geração 80, cuja produção<br />
é majoritariamente composta de pinturas. Curadora da<br />
mostra, a historiadora de arte Vanda Klabin classifica a nova<br />
série de trabalhos do artista em “inquieta e interrogativa”.<br />
“Submersas nas sombras, as formas se irradiam; a imagem<br />
real e suas nervuras tendem a se prolongar além dos limites<br />
da forma original, suas saliências e reentrâncias se agigantam,<br />
assentam-se nas paredes, adquirem desenvolvimento volumétrico<br />
e convergem para materializar o espaço nas áreas<br />
negras mais intensas”, acrescenta a curadora. (D.T.)<br />
48 49
Exclior Daqui<br />
© ERCO GmbH, www.erco.com, photography: Moritz Hillebrand<br />
¿QUÉ PASA?<br />
NOVO BRILHO PARA MILÃO<br />
Um dos principais ícones arquitetônicos e turísticos da<br />
Itália, a catedral Duomo de Milão ganhou em dezembro uma<br />
nova iluminação externa, com projeto desenvolvido pelo<br />
Studio Ferrara Palladino e Associati, do renomado lighting<br />
designer italiano Pietro Palladino.<br />
A catedral está em constante melhoramento, em razão<br />
de sua importância arquitetônica para a cidade. Em 2015, foi<br />
inaugurada a iluminação das áreas internas e, no Natal de<br />
2016, a nova iluminação da Madonnina, pináculo no ponto<br />
mais alto da catedral e símbolo da cidade.<br />
Contudo, somente agora, com a nova iluminação de<br />
suas suntuosas fachadas de mármore de Candoglia e das<br />
centenas de pináculos em sua cobertura, o público poderá<br />
perceber integralmente a beleza e a luminosidade da<br />
catedral e de seu entorno.<br />
O projeto luminotécnico contou com produtos de alta<br />
qualidade e desempenho. Foram substituídas 378 luminárias e<br />
incluídos 574 novos projetores do fabricante Erco, distribuídos<br />
nos terraços, em postes e nas edificações circundantes. A<br />
temperatura de cor escolhida pelo lighting designer foi de 4.000<br />
K, com a intenção de evidenciar a materialidade do mármore.<br />
Com o novo projeto, a catedral economizará 52% de<br />
energia elétrica por ano, evitando 23 mil toneladas de<br />
emissão de CO 2<br />
no meio ambiente. (Studio Fos)<br />
50 51
A nave central da sinagoga é iluminada por meio de dois<br />
efeitos: uma luminosidade difusa gerada por linhas de<br />
perfis de LED incrustados no forro ripado e um efeito de céu<br />
estrelado com pequenos pontos luminosos e brilhantes que<br />
criam um desenho lúdico, orgânico e irregular.<br />
POÉTICAS VISUAIS<br />
Texto: Fernanda Carvalho | Fotos: Andrés Otero<br />
A<br />
sinagoga da comunidade judaica de São Paulo,<br />
Knesset Israel, foi fundada em 1916. Com sua filosofia<br />
comunitária, tornou-se um centro de referência para<br />
a comunidade judaica paulistana desde então. Em 2018, a<br />
nova sede do Centro Cultural Israelita Knesset Israel foi<br />
inaugurada. Localizada no bairro Higienópolis, em São Paulo,<br />
tem como ponto central a sinagoga, onde são realizados os<br />
eventos religiosos mais importantes do calendário judaico.<br />
O projeto de iluminação, em sinergia com o projeto de<br />
interiores desenvolvido pelo escritório Anastassiadis Arquitetos,<br />
ficou a cargo do escritório Franco Associados. O resultado<br />
é um ambiente inspirador, caracterizado pelo harmonioso<br />
equilíbrio da sobriedade e da tradição com a poética e a<br />
inovação. Esse é um ótimo exemplo de como um projeto<br />
completo de iluminação pode ser complexo, compreendendo<br />
diversas etapas, desde as primeiras ideias até a implementação<br />
das soluções.<br />
O projeto da sinagoga se deu em duas fases: a primeira foi<br />
de desenvolvimento do conceito, elaboração das soluções e<br />
especificação de produtos e a segunda, quase três anos depois,<br />
compreendeu a revisão dos equipamentos e a adaptação de<br />
detalhes de fixação após redefinições de acabamentos de<br />
forros e mobiliários.<br />
52 53
A intenção do projeto foi equilibrar a melhor acuidade visual com o menor ofuscamento possível. Os níveis de iluminância são de,<br />
aproximadamente, 300 lux nas áreas das cadeiras. O destaque no elemento central são pequenas luminárias pontuais dispostas<br />
de forma irregular.<br />
CONCEITO E PROJETO<br />
O projeto arquitetônico desenvolvido por Itamar Berezin<br />
inclui duas sinagogas, áreas de convivência e áreas de lazer.<br />
A arquitetura, funcional e com ambientes amplos e fluidos,<br />
privilegia a iluminação natural, complementada por luz artificial<br />
que ora desempenha um papel funcional despretensioso, ora cria<br />
efeitos luminosos poéticos com uma “pegada” contemporânea.<br />
Um exemplo é o hall de entrada, onde um grande pano de<br />
vidro convive com aros luminosos de diversos diâmetros.<br />
As materialidades polidas do vidro e do mármore refletem<br />
as luminárias incidentalmente, criando interessantes efeitos<br />
de multiplicação.<br />
O espaço da sinagoga principal chama a atenção<br />
por um efeito marcante no teto, criado por pequenos<br />
pontos luminosos que simulam um céu estrelado. Tal<br />
efeito espalha-se pelo ambiente, sem, contudo, ocupar<br />
todo o espaço. É como se pequenos trechos do céu<br />
se abrissem entre nuvens, tornando visíveis partes<br />
do firmamento.<br />
Aproveitando o layout das janelas dispostas de um dos<br />
lados da nave principal, linhas luminosas muito finas criam<br />
uma paginação racional, porém não regular, seguindo a<br />
distribuições dos painéis de madeira das paredes, o que<br />
confere um ritmo interessante ao lugar. A luz proveniente<br />
de tais linhas é abundante, difusa e homogênea, permitindo<br />
que aleitura seja agradável durante o serviço religioso..<br />
No hall de entrada, circulos<br />
luminosos criam um<br />
desenho instigante com uma<br />
luminosidade geral e difusa.<br />
As luminárias têm IRC acima<br />
de 90, o que valoriza os<br />
acabamentos dos materiais<br />
utilizados.<br />
54 55
O desenho ortogonal e organizado proposto pela arquitetura de interiores sugeriu a paginação das linhas luminosas no forro, que,<br />
ainda que irregulares entre si, mantêm uma coerência estrutural com os painéis de madeira nas paredes.<br />
REVISÃO DAS ESPECIFICAÇÕES<br />
E IMPLEMENTAÇÃO<br />
Três anos após a conclusão do projeto executivo, iniciouse<br />
a fase de adequação das soluções de iluminação. Mudanças<br />
nos acabamentos de interiores e a evolução do mercado de<br />
iluminação exigiram modificações nas especificações técnicas.<br />
Segundo o autor do projeto, o arquiteto e lighting designer<br />
Gilberto Franco, as mudanças foram bem-vindas. As mais<br />
significativas se deram no tamanho e na largura das luminárias,<br />
que diminuíram consideravelmente, e também na qualidade<br />
da luz emitida. Reprodução e aparência de cor melhoraram, o<br />
que permitiu adotar IRC (índice de reprodução de cor) acima<br />
de 90 para todas as luminárias das áreas sociais.<br />
A equipe da Franco Associados teve o cuidado de testar e<br />
medir a luz emitida pelos equipamentos de todos os fornecedores<br />
propostos pela construtora, o que permitiu um rígido controle<br />
de qualidade. A oportunidade de acompanhar de perto a fase de<br />
aquisição e instalação das luminárias foi crucial para o sucesso<br />
desse projeto, o que demonstra o valor do trabalho do profissional<br />
lighting designer após essa etapa. A abordagem integral do<br />
projeto reflete sua natureza complexa e o valor da profissão do<br />
arquiteto de iluminação.<br />
CENTRO CULTURAL ISRAELITA KNESSET ISRAEL<br />
São Paulo, Brasil<br />
Projeto de iluminação:<br />
Franco Associados<br />
Gilberto Franco (arquiteto titular)<br />
Gabriela Pera (arquiteta coordenadora)<br />
Projeto de arquitetura:<br />
Itamar Berezin Arquitetura<br />
Itamar Berezin (arquiteto titular)<br />
Renata Argenton (arquiteta coordenadora)<br />
Projeto de interiores subsolo e mezanino:<br />
Anastassiadis Arquitetura<br />
Patrícia Anastassiadis (arquiteta titular)<br />
Andreia Takahashi, Priscilla Raffaini Pay e Thais Araujo (arquitetos coordenadores)<br />
Projeto de interiores sinagoga pequena:<br />
Kalili Kibrit Arquitetura & Interiores<br />
Roberta Kibrit (arquiteta titular)<br />
Projeto de paisagismo:<br />
Gilberto Elkis Paisagismo<br />
Cliente:<br />
Centro Cultural Israelita Knesset Israel<br />
Fornecedores:<br />
Grado e Puntoluce<br />
56 57
Sulcos lineares de concreto sem borda,<br />
escondem projetores com diferentes<br />
fluxos e fachos 3.000 K e IRC > 80,<br />
fixados em trilhos, atendendo aos<br />
diferentes usos e pés direitos.<br />
COMO MÚSICA<br />
Texto: Gilberto Franco<br />
Fotos: Tuca Reinés/Calvin Klein Brasil e Guilherme Jordani<br />
O PENTAGRAMA<br />
Imagine-se percorrendo cinco linhas paralelas nas quais<br />
pudesse expressar suas emoções nas intensidades que<br />
desejar. Longas, curtas, intensas, fracas, nas linhas, nas<br />
entrelinhas... Mas não se trata de um pentagrama sonoro;<br />
este é luminoso. Assim se resume em poucas linhas a essência<br />
do projeto de iluminação da nova Calvin Klein Oscar Freire,<br />
a primeira flagship da marca no mundo após seu redesenho,<br />
com projeto de iluminação de MS+M Associados e arquitetura<br />
e interiores de Conrado Ceravolo Arquitetura.<br />
Da ampla fachada, vemos gigantescos cut-outs – imagens<br />
recortadas dos modelos que representam a marca, com 6, 7 metros<br />
de altura –, além de um grande semicilindro sutilmente destacado<br />
por uma sanca curva. No teto, o “pentagrama” compreende um<br />
conjunto de sulcos de concreto paralelos entre si (seis, na<br />
verdade, não cinco), onde se aninham projetores com todo tipo<br />
de facho de luz que se queira, de modo a atender ao que ocorre<br />
no piso, nas paredes, nas estantes e nas imagens gigantes.<br />
58 59
O volume semicilíndrico é destacado por uma sanca curva junto ao forro, enquanto sancas lineares ajudam a desenhar o volume<br />
arquitetônico, evidenciando a geometria do espaço. A claraboia artificial da escada possui sistema para a variação da intensidade<br />
luminosa e da temperatura de cor de acordo com a hora do dia, com controle por meio de relógio astronômico.<br />
OS TONS<br />
Claro, o projeto de iluminação não se resume a isso; essas<br />
linhas apenas organizam e definem o que vai ocorrer nas<br />
demais áreas. Sancas foram colocadas próximo a paredes e<br />
outras superfícies verticais, desenhando os contornos da loja e<br />
evidenciando sua geometria; prateleiras, araras e displays nos<br />
mais variados tamanhos são iluminados, enquanto extensas<br />
superfícies de tela translúcida tensionada iluminam provadores<br />
e o vazio da escada. Essas superfícies têm a função de derramar<br />
luz difusa nos ambientes, compensando assim a pouca presença<br />
de luz natural. O vazio da escada é um desses locais.<br />
Lá a possibilidade da variação de temperatura de cor, desde<br />
um branco bem quente (2.500 K) até um branco mais neutro<br />
(3.000 K), e da variação da intensidade luminosa, por meio<br />
de sistema de automação ligado em um relógio astronômico,<br />
garante uma íntima relação luminosa entre as áreas externas<br />
e as circulações das áreas internas.<br />
60 61
O REFRÃO<br />
Nos provadores, foi criado um conceito novo para a iluminação<br />
de vestuário. Cenas de luz predeterminadas em conjunto com o<br />
cliente e de acordo com a paleta de cores da coleção da marca,<br />
iluminam os usuários de maneira uniforme e sem sombras. A<br />
iluminação indireta e difusa ao redor do espelho, segue o mesmo<br />
conceito da iluminação do forro.<br />
Com este sistema, é possível variar a temperatura de cor<br />
da fonte entre 2.700 K e 6.500 K e a sua intensidade luminosa.<br />
Inicialmente foram definidas as cenas “pool party” – luz vibrante,<br />
intensa e dourada; “denim dia” – luz mais fria e brilhante; “denim<br />
noite” – luz neutra e menos intensa; “executiva dia” – luz quase<br />
fria com intensidade media; “executiva noite” – luz quente neutra<br />
e menos intensa; “underwear” – luz quente e baixa; “balada” –<br />
luz superquente e superdimerizada com efeito especial. Mais<br />
recentemente foram incluídas as cenas “outono” – luz neutra e<br />
intensa; e “inverno” – luz superfria e superintensa.<br />
Na página anterior,<br />
escala cromática e<br />
de intensidades nas<br />
cenas de luz dos<br />
provadores: desde<br />
a cena mais quente<br />
e dimerizada até a<br />
mais fria e intensa.<br />
No centro, as cenas<br />
“balada” e “outono”.<br />
Abaixo, as cenas<br />
“denim noite”, “denim<br />
dia”, “executiva<br />
dia” e “inverno”.<br />
Nesta página, a<br />
cena “underwear”.O<br />
volume semicilíndrico<br />
é destacado por uma<br />
sanca curva junto<br />
ao forro, enquanto<br />
sancas lineares<br />
ajudam a desenhar o<br />
volume arquitetônico,<br />
evidenciando a<br />
geometria do<br />
espaço. A claraboia<br />
artificial da escada<br />
possui sistema<br />
para a variação da<br />
intensidade luminosa<br />
e da temperatura de<br />
cor de acordo com<br />
a hora do dia, com<br />
controle por meio de<br />
relógio astronômico.<br />
62 63
A distribuição dos seis sulcos de concreto foi estudada<br />
para que o facho dos projetores não fosse interrompido<br />
pelo posicionamento do cliente na frente dos expositores<br />
e das araras. A área dos lounges foi iluminada de maneira<br />
cenográfica, com destaque para as mesas de centro e as<br />
peças de mobiliário. Mesas expositoras e prateleiras possuem<br />
iluminação integrada para destacar sem sombras os produtos<br />
da marca. A parde de lingerie foi iluminada de maneira difusa<br />
e homogênea e os produtos acentuados por meio de projetores<br />
fixados nos sulcos de concreto.<br />
A AFINAÇÃO<br />
A fim de garantir a perfeita execução do projeto, Ivone M.<br />
Szabó e Orlando Marques, titulares da MS+M Associados,<br />
visando antever os resultados de luz e as tonalidades desejados,<br />
projetaram cuidadosamente os fachos de luz e as respectivas<br />
angulações, de modo a evitar sombras entre o cliente e as<br />
araras. Cabe a nós apreciarmos a execução dessa belíssima<br />
partitura luminosa.<br />
LOJA CALVIN KLEIN FLAGSHIP<br />
São Paulo, Brasil<br />
Projeto de iluminação:<br />
MS+M Arquitetos de Iluminação Associados<br />
Ivone Magalhães Szabó e Orlando Marques<br />
(arquitetos titulares)<br />
Fernanda Leite e Leon Fernandes<br />
(arquitetos coordenadores)<br />
Projeto de arquitetura e interiores:<br />
Conrado Ceravolo Arquitetos<br />
João Conrado e Gabriel Ceravolo (arquitetos titulares)<br />
Diogo Marques (arquiteto coordenador)<br />
Projeto de engenharia e construção:<br />
Saeng Engenharia<br />
Cliente:<br />
Calvin Klein Brasil<br />
Fornecedores:<br />
Cia. de Iluminação, Lightsource, Lumitenzi,<br />
Lutron (Steluti Engenharia) e Luxion<br />
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No novo conceito para a joalheria Sauer, desenvolvido pelo<br />
Estudio Tupi com a colaboração do designer Tadzio<br />
Saraiva, o verde da esmeralda torna-se a cor da identidade<br />
da marca, materializando-se nas fachadas e nos totens que<br />
exibem as gemas, os objetos de arte e as joias. Na loja<br />
do Aeroporto Internacional de São Paulo optou-se pela<br />
temperatura de cor de 3.000 K e pela utilização de drivers<br />
com variação de corrente de 700 mA a 1.400 mA.<br />
SAUER<br />
AEROPORTO INTERNACIONAL DE SÃO PAULO<br />
Texto: Thiago Gaya (colaboraram Carlos Fortes, Estudio Tupi<br />
e Tadeu Melegatti) | Fotos: Tadeu Melegatti<br />
O<br />
projeto de iluminação da nova loja da joalheira carioca<br />
Amsterdam Sauer foi desenvolvido em conjunto<br />
com o escritório Estudio Tupi, acompanhando o<br />
novo posicionamento da marca.<br />
A nova identidade visual, que adota o nome Sauer, inspirase<br />
na arte da joalheria, movida pela energia de uma empresa<br />
familiar imersa na cultura brasileira. Idealizada por Tadzio<br />
Saraiva, ela se une à arquitetura do Estudio Tupi e à iluminação<br />
do Estudio Carlos Fortes, para representar a história da empresa<br />
e o universo visual colorido do Brasil, remetendo às primeiras<br />
pedras descobertas pelo fundador, o francês Jules Sauer.<br />
66 67
Os expositores com objetos de arte – pássaros e objetos variados com gemas brasileiras coloridas – são iluminados com as mesmas<br />
luminárias de facho concentrado do forro de gesso, fixadas na marcenaria. Os demais ambientes são iluminados com luminárias<br />
downlights de facho concentrado sobre as mesas e os balcões e fachos abertos próximo às paredes de espelho.<br />
Os espaços são marcados por um profundo contraste,<br />
passando de um amarelo claro nos pisos, nas bases dos totens<br />
e nos mobiliários a um verde profundo à medida que o olhar<br />
se volta para o alto. O contraste entre as superfícies remete a<br />
um espaço museológico, característica que marca a tradição<br />
da joalheria em sua loja principal em Ipanema. Assim como<br />
na joalheria, a arquitetura valoriza o uso de pedras brasileiras<br />
e distribui os expositores de maneira aleatória e orgânica,<br />
como uma floresta de totens.<br />
Foi projetada uma luminária com design original e exclusivo<br />
para a Sauer, inspirada em sua joia mais icônica, o anel<br />
Constellation (criado em 1966 e premiado pelo Diamonds<br />
International Awards). A luminária foi utilizada nos lugares de<br />
destaque das joias, nos totens e nas fachadas, evidenciando<br />
a intensidade das cores e o brilho das gemas. Dessa forma,<br />
marca e arquitetura fundem-se de forma inovadora, para<br />
melhor representar a evolução da empresa aos novos tempos,<br />
sem perder de vista o valor de sua história.<br />
A luminária Constellation é composta da combinação<br />
modular de três elementos – tubos cilíndricos grande, médio e<br />
pequeno, cada um com um diâmetro diferente e cinco alturas<br />
distintas, resultando em 15 peças para formar os agrupamentos.<br />
Cada tubo abriga uma fonte de luz (LED tipo SMD), com<br />
alto índice de reprodução de cores. A fonte luminosa é acoplada<br />
a uma lente de precisão de facho concentrado, e os tubos<br />
recebem em sua borda um anel para controle do ofuscamento,<br />
o que agrega um elemento estético ao conjunto, pois cada tubo<br />
apresenta uma variação da reflexão interna nesse elemento<br />
– assim, seus diferentes brilhos e luminâncias mais uma vez<br />
remetem ao brilho dos diamantes.<br />
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70 71
A luminária Constellation, uma criação coletiva do Estudio Tupi e do Estudio Carlos Fortes, com a colaboração da equipe da Sauer,<br />
foi desenvolvida em conjunto com a Lightsource, e contou com o apoio técnico de Tadeu Melegatti, que produziu os primeiros<br />
protótipos e mock-ups, viabilizando tecnicamente o complexo projeto. Os tubos de alumínio recebem anodização na cor ouro<br />
brilhante, e os elementos internos de controle de ofuscamento, anodização na cor ouro fosco.<br />
Cada luminária, composta de variados tubos em diferentes<br />
combinações, ilumina internamente os totens, com vazamento<br />
insignificante de luz para o ambiente externo, reforçando o contraste<br />
entre a iluminação específica das joias e a iluminação geral da loja.<br />
As luminárias são totalmente desmontáveis, e os tubos<br />
podem ser reconfigurados com um simples remanejamento.<br />
A fixação magnética permite a criação de variados conjuntos,<br />
que se adequam às diferentes dimensões dos totens e às<br />
particularidades de cada loja.<br />
O sistema de controle permite combinar três temperaturas<br />
de cor – 2.700 K, 3.000 K e 4.000 K –, com drivers tipo DALI,<br />
definindo-se a combinação mais adequada pontualmente,<br />
conforme a operação de cada loja.<br />
SAUER<br />
Guarulhos, Brasil<br />
Projeto de iluminação:<br />
Estudio Carlos Fortes<br />
Carlos Fortes (arquiteto titular)<br />
Débora Esposto (arquiteta coordenadora)<br />
Projeto de arquitetura e interiores:<br />
Estudio Tupi<br />
Aldo Urbinati, Andrea Bazarian e<br />
Rafael Ayres (arquitetos titulares)<br />
Raísa Nougalli (arquiteta coordenadora)<br />
Cliente:<br />
Sauer<br />
Fornecedores:<br />
Interlight, Lightsource e Stella<br />
<strong>72</strong> 73
No teto, fitas de LED 2.700 K, rebaixadas com filtro para 2.200 K, iluminam as abóbodas históricas construídas com tijolo,<br />
contrastando com os balcões translúcidos e de desenho contemporâneo.<br />
CATACUMBAS CÊNICAS<br />
Texto: Gilberto Franco | Fotos: Beto Riginik<br />
Quem não tem fascínio por catacumbas? Elas estão<br />
no imaginário coletivo desde que o primeiro Homo<br />
sapiens se abrigou em uma caverna e a iluminou com<br />
algum tocheiro primitivo, projetando sombras assustadoras.<br />
Assim é que todo espaço escavado, toda cripta nos atrai e nos<br />
assusta: é nosso inconsciente, nosso noturno.<br />
É com essas referências primordiais, umas tantas históricas<br />
e outras cinematográficas, que surge o Bar dos Arcos, nos<br />
subterrâneos do Theatro Municipal de São Paulo, restaurado<br />
como espaço de visitas guiadas desde 1980, a partir das antigas<br />
fundações do teatro, e agora aberto ao público como bar, uma<br />
iniciativa do empresário Facundo Guerra, com arquitetura de<br />
MM18 e iluminação de Fabio Cristini e Renata Fongaro.<br />
Dois usos distintos definem esse espaço. O primeiro é uma<br />
área de balcões comunitários, de desenho propositalmente<br />
contemporâneo, autoiluminados por uma luz muito fria, ideia<br />
do proprietário inspirada no bar do filme O Iluminado. “Não<br />
tem uma pessoa que não fique bonita com o resultado da<br />
74 75
O aspecto “frio” da temperatura de cor dos balcões é, na verdade, 2.700 K, já que todo o ambiente circundante é de tijolos<br />
e com tonalidades ainda mais baixas. A luz que emana de baixo para cima valoriza o rosto das pessoas, transformando em<br />
penumbra todo o resto.<br />
Candelabros com design contemporâneo, desenhados especialmente<br />
para o local, recriam a atmosfera dos antigos tocheiros. Com modelos<br />
de duas ou três hastes, eles quase não tocam as paredes de pedra e<br />
podem ser fixados com a luz para cima ou para baixo, adaptando-se<br />
às condições de execução de cada local, sempre difíceis.<br />
luz difusa e brilhante que vem da mesa”, define Fongaro. Um<br />
segundo sistema proveniente de calhas metálicas (que também<br />
conduzem todos os demais sistemas) ilumina as abóbadas,<br />
em tonalidade de 2.200 K, efeito conseguido com o auxílio de<br />
filtros redutores. Tal tonalidade atende não apenas ao aspecto<br />
“catacúmbico” desejado, mas também a um desejo do cliente de<br />
reproduzir a “mesma sensação das ruas do bairro da Liberdade<br />
à noite”, completa.<br />
O segundo ambiente, mais estreito, funciona como um<br />
lounge: móveis esparramados, múltiplos usos, um único balcão,<br />
também retroiluminado. Aqui não foi possível iluminar os<br />
tetos, pois são cobertos por dutos de ar-condicionado. A<br />
solução surgiu de outra referência cinematográfica (o cliente<br />
as adora), os “candelabros da casa da Família Addams”. As<br />
peças, de alumínio e acrílico com desenho contemporâneo,<br />
foram concebidas pelos próprios lighting designers e têm a<br />
versatilidade necessária para se adaptar a diferentes situações.<br />
Sua luz mais reduzida, unicamente proveniente dos candelabros,<br />
confere ao ambiente um aspecto ainda mais encantador, como<br />
se fosse uma segunda fase da adaptação à escuridão.<br />
O FATOR IN LOCO<br />
“Quase tudo foi resolvido no local”, explica Fongaro. Foram<br />
dias e dias realizando testes de intensidades e tonalidades com<br />
os arquitetos. E tantos outros para resolver as complicadas<br />
alimentação e instalação, tarefas impossíveis de se resolver<br />
em planta. Por seu aspecto cênico, pela engenhosidade das<br />
soluções, pela poesia contida em tudo e pela perfeita integração<br />
cliente-arquitetos-lighting designers, não há dúvida de que<br />
valeu a pena.<br />
BAR DOS ARCOS<br />
São Paulo, Brasil<br />
Projeto de iluminação:<br />
Studio 220V<br />
Renata Fongaro (arquiteta titular)<br />
There is Light<br />
Fabio Cristini (arquiteto titular)<br />
Projeto de arquitetura e interiores:<br />
MM18<br />
Mila Strauss e Marcos Caldeira<br />
(arquitetos titulares)<br />
Larissa Burke (arquiteta colaboradora)<br />
Acompanhamento e montagem:<br />
Renata Fongaro<br />
Cliente:<br />
Grupo Vegas<br />
Fornecedores:<br />
Alfalux, Brilia, Elo iluminação, Lee Filters<br />
e Lumicam<br />
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O projeto da Kapo Cabelos apresenta arquitetura com revestimentos de madeira e materiais construtivos em seu estado bruto,<br />
além de paisagismo que utiliza vasos com plantio frondoso e tropical e trepadeiras na ampla vitrine. O projeto de iluminação foi<br />
desenvolvido em colaboração com o projeto de arquitetura, resultando em ambientes achegantes e funcionais.<br />
As amplas vitrines permitem penetração de luz natural refletida e difusa, que, misturadas à iluminação das áreas internas, confere<br />
dinamismo e interesse ao projeto. A área dos lounges é definida pelo layout do mobiliário e por vasos e marcada pela iluminação<br />
da laje nervurada – uma referência de projetos de interiores berlinenses. Lâmpadas tipo balloon com bulbo transparente e calota<br />
refletora metalizada na sua parte inferior, iluminam de maneria indireta as cubetas da laje.<br />
CABEÇA FEITA<br />
Texto: Orlando Marques | Fotos: Cristiano Bauce Fotografia de Arquitetura<br />
O<br />
amplo e aconchegante salão de beleza gaúcho Kapo<br />
(“cabeça” em esperanto, entre outros significados)<br />
teve projeto da Bruta Arquitetura e do Studio Fos,<br />
das arquitetas Marília Saccaro e Marina Frigeri. O espaço é<br />
caracterizado pelas amplas aberturas-vitrine voltadas para<br />
as áreas externas de circulação do shopping center Pátio 24,<br />
na cidade de Porto Alegre. O projeto de interiores apresenta<br />
acabamentos com revestimentos de madeira e materiais<br />
construtivos em seu estado bruto, como os blocos de concreto<br />
e a laje nervurada, além de vergalhões de aço presentes em<br />
elementos de mobiliário e fechamentos de estruturas metálicas.<br />
O paisagismo interno utiliza vasos com um plantio frondoso<br />
e tropical, além de trepadeiras, um contraponto suave aos<br />
interiores de característica mais urbana e industrial.<br />
O projeto de iluminação seguiu as diretrizes iniciais do<br />
projeto de arquitetura e interiores e desenvolveu um desenho<br />
de luz mínimo e essencial para caracterizar a ambiência dos<br />
espaços como dinâmica e, ao mesmo tempo, acolhedora,<br />
permitindo assim que os profissionais realizem suas tarefas<br />
com conforto e acuidade visual.<br />
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Linhas paralelas de luminárias pendentes para luz difusa 3.000 K, IRC > 80, garantem ao mesmo tempo a iluminação frontal para o<br />
rosto e para a cabeça e ombros dos clientes. Assim como na área dos lavatórios, projetores fixados em trilhos eletrificados 2.700 K,<br />
IRC < 80, em conjunto com pendente para iluminação difusa 3.000 k iluminam as estações de manicure no pavimento superior.<br />
Abaixo, os cabos de alimentação das lâmpadas para iluminação indireta das cubetas foram estudados para serem distribuídos<br />
paralelamente às vigas principais da laje, o que resultou num desenho limpo e harmônico da instalação.<br />
Na entrada da loja, a recepção é iluminada pontualmente por<br />
luminárias fixadas entre as estruturas metálicas de fechamento<br />
horizontal próximo à laje. A área dos lounges é definida pelo layout<br />
de mobiliário e por vasos e marcada pela iluminação individual das<br />
cubetas da laje nervurada. Destacamos o cuidadoso desenho de<br />
encaminhamento dos cabos de alimentação do sistema.<br />
Pequenos projetores fixados na base do plantio, nos vasos,<br />
iluminam a vegetação de baixo para cima e projetam um<br />
jogo de luz e sombra na viga que separa dois conjuntos de<br />
cubetas iluminadas.<br />
As áreas de trabalho das poltronas em frente aos espelhos<br />
foram engenhosamente iluminadas por duas linhas contínuas e<br />
difusas: a mais próxima do espelho garante iluminação frontal para<br />
o rosto, enquanto a linha posterior ilumina sobre a cabeça e os<br />
ombros dos clientes. No ambiente dos lavatórios, as pias contam<br />
com dois tipos de iluminação: luminárias lineares de emissão<br />
difusa para iluminação geral da área de trabalho e downlights<br />
fixados entre os vergalhões para uma iluminação pontual auxiliar.<br />
Uma das linhas difusas foi distribuída junto à parede de blocos<br />
de concreto, para destacar o material e o espaço arquitetônico.<br />
Todas as áreas de circulação foram iluminadas por projetores<br />
fixados em trilhos eletrificados para luz direta. Essa solução,<br />
combinada à iluminação difusa e homogênea das luminárias<br />
lineares, confere dinamismo e vitalidade aos ambientes do salão.<br />
Os equipamentos de iluminação foram especificados com<br />
duas temperaturas de cor: uma neutra, em 3.000 K, nas áreas de<br />
trabalho; e outra quente, em 2.700 K, nos lounges e nas áreas de<br />
circulação. Essa mistura considerou a contribuição da qualidade<br />
da iluminação natural penetrada pelas vitrines. Todas as fontes<br />
possuem índice de reprodução de cor acima de 80, o que foi testado<br />
pelos profissionais do salão que trabalham com colorimetria e<br />
tingimento capilares, especialidades da Kapo.<br />
KAPO CABELOS<br />
Porto Alegre, Brasil<br />
Projeto de iluminação:<br />
Studio FOS Iluminação<br />
Marília Saccaro e Maria Frigeri<br />
(arquitetas titulares)<br />
Cíntia Etges, Cristina Danieleski<br />
e Luis Paulo Scheibler (colaboradores)<br />
Projeto de arquitetura de interiores:<br />
Bruta Arquitetura<br />
Bruna Caldas<br />
Cliente:<br />
Kapo Cabelos<br />
Fornecedores:<br />
Bella Iluminação, Direção da Luz, Luxion,<br />
Power Lume e Stella<br />
80 81
FOTO LUZ FOTO<br />
TUCA REINÉS<br />
Escolhi esta imagem da fachada frontal da loja Calvin Klein<br />
porque foi a que mais me deu trabalho no momento da captação e<br />
também na pós-produção. O equipamento usado foi uma câmera<br />
Cannon 5D MarkIII, com um adaptador para lente de médio<br />
formato, uma Pentax 67 de 45 mm.<br />
Gosto dessa combinação porque ela utiliza somente o miolo da<br />
lente, deixando o foco manual, com muita resolução e profundidade<br />
de campo focal. Essa foi uma fórmula que criei para continuar<br />
usando meu equipamento predileto, com o qual trabalhei por quase<br />
três décadas.<br />
Usei um tripé Gitzo de 2,60 metros de altura, com a cabeça<br />
R#03. O local ideal para posicioná-lo foi no meio da rua, e esse foi o<br />
primeiro obstáculo: parar o tráfego de carros e de pessoas em uma<br />
das ruas mais movimentadas de São Paulo. A opção foi fazer bem<br />
tarde da noite. Outro fator a resolver foram os reflexos nos vidros<br />
das fachadas, gerados pelas luzes das vitrines das outras lojas, as<br />
quais tivemos de, gentilmente, pedir que fossem apagadas depois<br />
do término do expediente. Mas o principal problema era uma fita<br />
de neon vermelha no topo da galeria de lojas localizada em frente a<br />
Calvin Klein! Ela atravessava a vitrine inteiramente, e apagá-la seria<br />
um grande problema, uma vez que a tomada em que o neon estava<br />
ligado ficava no telhado da galeria, de difícil acesso.<br />
Comecei a fotografar com aquele fio de luz vermelha refletindo<br />
nos vidros, e aquilo me incomodava. Até a hora em que percebi<br />
que esse seria um grande problema na manipulação das imagens.<br />
Foi quando resolvemos trazer uma escada alta e escalar até a<br />
tomada para desligar o neon. Somente então me senti mais seguro<br />
de que grande parte das interferências nos vidros da vitrine estava<br />
resolvida. No interior da loja, muito bem iluminado, o único problema<br />
encontrado para a imagem foram os grandes modelos plotados<br />
em fotografias, que às vezes geravam uma palidez na foto, em<br />
decorrência de a própria foto plotada da campanha da marca, ter sido<br />
feita em contraluz. Deixei para melhorar isso na pós-produção, pois<br />
não seria possível fazer nada a respeito na hora da captação.<br />
Foi um trabalho simples, mas muito técnico, para o qual eu já<br />
estava ciente do elevado nível de exigência do pessoal da marca,<br />
que veio de Nova York para acompanhar a fotografia – não era a<br />
primeira vez que trabalhava com eles.<br />
Formado em arquitetura e urbanismo, Tuca Reinés começou a fotografar em meados da década de 1970. Seu trabalho pode ser visto em vários museus,<br />
fundações e coleções de diversos países, onde já foram objeto de dezenas de exposições individuais e coletivas. Há quase três décadas colabora com publicações<br />
nacionais e internacionais, além de desenvolver importantes trabalhos na área de publicidade. Tuca é autor de diversos livros e ganhador de prêmios nacionais e<br />
internacionais, incluindo 2 Leões de Ouro no Festival de Cannes.<br />
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