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Efeito de Própolis e Antocianina Naringenina em Coelhos Diabéticos

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Artigo<br />

<strong>Efeito</strong> <strong>de</strong> <strong>Própolis</strong> e <strong>Antocianina</strong> +<br />

<strong>Naringenina</strong> <strong>em</strong> <strong>Coelhos</strong> <strong>Diabéticos</strong><br />

Joselito Nardy Ribeiro 1 , Tânia Toledo <strong>de</strong> Oliveira 1 , Tanus Jorge Nag<strong>em</strong> 2 , Dejair Message 3 , Aloísio da Silva Pinto 4 ,<br />

Ednaldo Queiroga <strong>de</strong> Lima 5 , Davilson Bragine Ferreira Junior 1<br />

1 - Departamento <strong>de</strong> Bioquímica e Biologia Molecular, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Viçosa<br />

2 - Departamento <strong>de</strong> Química, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Ouro Preto, 35400-000, Ouro Preto, Minas Gerais<br />

3 - Departamento <strong>de</strong> Biologia Animal, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Viçosa<br />

4 - Departamento <strong>de</strong> Veterinária, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Viçosa<br />

5 - Departamento <strong>de</strong> Veterinária, Universida<strong>de</strong> Estadual da Paraíba<br />

Resumo<br />

Os flavonói<strong>de</strong>s são compostos polifenólicos, encontrados<br />

<strong>em</strong> plantas, que possu<strong>em</strong> efeitos biológicos capazes<br />

<strong>de</strong> atuar no grupo <strong>de</strong> síndromes do diabete caracterizado<br />

por hipoglic<strong>em</strong>ia, alteração do metabolismo <strong>de</strong> lipídios,<br />

carboidratos e proteínas, assim como aumentar o risco <strong>de</strong><br />

complicações <strong>de</strong> doenças cardiovasculares.<br />

A própolis além dos possíveis efeitos biológicos dos<br />

flavonói<strong>de</strong>s contidos nela possui ação antiinflamatória e <strong>de</strong><br />

inibição da formação <strong>de</strong> radicais livres.<br />

O presente trabalho avaliou a ação da própolis e <strong>de</strong><br />

associação sinérgica dos flavonói<strong>de</strong>s antocianina e naringenina<br />

sobre os níveis sangüíneos <strong>de</strong> triacilgliceróis e glicose<br />

<strong>em</strong> coelhos normais e diabéticos aloxânicos, <strong>de</strong>monstrando<br />

que a associação dos flavonói<strong>de</strong>s foi mais eficiente<br />

na redução dos níveis <strong>de</strong> glicose, enquanto que a própolis<br />

foi mais eficiente na redução dos níveis <strong>de</strong> triacilgliceróis.<br />

Foi verificado também que tanto a associação dos flavonói<strong>de</strong>s<br />

como a própolis promoveram o ganho <strong>de</strong> peso<br />

dos animais após a perda que suce<strong>de</strong>u a aplicação do<br />

aloxano.<br />

Palavras-chave: Diabete, flavonói<strong>de</strong>s, própolis<br />

Summary<br />

Flavonoids are polyphenolic compounds found in<br />

plants which have biologic effects capable of acting<br />

upon the diabetic syndrome group characterized by<br />

hypoglyc<strong>em</strong>ia, lipids, carbohydrates and protein metabolism<br />

alterations, as well as increasing the risk of<br />

cardio-vascular diseases complications.<br />

Propolis, besi<strong>de</strong>s the possible biologic effects of<br />

the flavonoids which it contains, also has an antiphlogistic<br />

action as well as an inhibition of the free radicals<br />

formation.<br />

The present study evaluated and discussed <strong>de</strong> propolis<br />

and the kinetics association of antocianin and naringenin<br />

flavonoids action upon the triacylglycerols e glucose<br />

blood levels in normal and aloxixanic diabetic rabbits,<br />

showing that the flavonoids association was more effective<br />

in the glucose level reductions, whereas propolis was<br />

more efficient in the tiacylglycerols level reductions.<br />

It was also verified that both flavonoids association<br />

and propolis promoted a weight gain in the animals<br />

after the loss that followed the aloxan application.<br />

Keywords: Diabetics, flavonoids, propolis<br />

Introdução<br />

A<br />

diabete é uma doença crônico-<strong>de</strong>generativa<br />

que afeta<br />

<strong>de</strong> forma gravíssima não apenas<br />

a saú<strong>de</strong> humana, como também<br />

a economia <strong>de</strong> muitos países. No<br />

final <strong>de</strong> 2000 foi estimado que o<br />

número <strong>de</strong> diabéticos <strong>em</strong> todo o<br />

planeta era <strong>de</strong> 154,4 milhões (1).<br />

Segundo Kahn e Shechter,<br />

1990 (2) a diabete mellitus compreen<strong>de</strong><br />

um grupo <strong>de</strong> síndromes<br />

caracterizadas por hiperglic<strong>em</strong>ia,<br />

alteração do metabolismo dos li-<br />

146<br />

NewsLab - edição 64 - 2004


pídios, carboidratos e proteínas<br />

além do maior risco <strong>de</strong> complicações<br />

cardiovasculares. Clinicamente,<br />

a maioria dos pacientes<br />

po<strong>de</strong> ser classificada <strong>em</strong> pacientes<br />

com diabete mellitus insulino-<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

(DMID ou diabete<br />

tipo I) ou pacientes com diabete<br />

mellitus não-insulino-<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

(DMNID ou diabete<br />

tipo II). A diabete mellitus ou intolerância<br />

aos carboidratos, também<br />

está associada a certas síndromes<br />

genéticas; além disso,<br />

po<strong>de</strong> ser secundária à administração<br />

<strong>de</strong> drogas ou a outras<br />

doenças (doença pancreática,<br />

endocrinopatias, anormalida<strong>de</strong>s<br />

do receptor <strong>de</strong> insulina) ou po<strong>de</strong><br />

ocorrer durante a gravi<strong>de</strong>z.<br />

Os flavonói<strong>de</strong>s, compostos<br />

polifenólicos, encontrados <strong>em</strong><br />

plantas, são absorvidos no trato<br />

gastrintestinal <strong>de</strong> homens e animais<br />

e são excretados intactos<br />

ou como metabólitos na urina e<br />

nas fezes (3).<br />

Também são capazes <strong>de</strong> inibir<br />

a peroxidação lipídica (4), a agregação<br />

plaquetária e <strong>de</strong> ativar sist<strong>em</strong>as<br />

enzimáticos tais como ciclo-oxigenases<br />

e lipoxigenases,<br />

efeitos esses <strong>de</strong>vidos à sua capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> r<strong>em</strong>over radicais livres<br />

e <strong>de</strong> quelar cátions divalentes (3).<br />

Outros estudos mostram que<br />

os flavonói<strong>de</strong>s quercetina, rutina<br />

e naringina inib<strong>em</strong> a biossíntese<br />

<strong>de</strong> eicosanói<strong>de</strong>s (resposta antiprostanói<strong>de</strong><br />

e antiinflamatória),<br />

proteg<strong>em</strong> a oxidação <strong>de</strong> lipopro-<br />

teína <strong>de</strong> baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> (LDL)<br />

(previn<strong>em</strong> formação <strong>de</strong> placa aterosclerótica),<br />

previn<strong>em</strong> agregação<br />

plaquetária (efeitos antitrombóticos)<br />

e promov<strong>em</strong> relaxamento<br />

<strong>de</strong> músculo liso (efeito anti-hipertensivo<br />

e antiarrítmico). Além<br />

disso, flavonói<strong>de</strong>s têm também<br />

apresentado proprieda<strong>de</strong>s antivirais<br />

e carcinostáticas (5).<br />

A ativida<strong>de</strong> dos flavonói<strong>de</strong>s<br />

atuando como inibidores da enzima<br />

transcriptase reversa sugere<br />

uma utilização <strong>de</strong>sses compostos<br />

no controle <strong>de</strong> infecções<br />

por retrovírus, como na síndrome<br />

<strong>de</strong> imuno<strong>de</strong>ficiência adquirida<br />

(AIDS) (5).<br />

Experimentos realizados <strong>em</strong><br />

ratos mostram que flavonói<strong>de</strong>s<br />

extraídos <strong>de</strong> beringela (Solanum<br />

melongena) apresentaram efeitos<br />

na redução nos níveis sangüíneos<br />

<strong>de</strong> colesterol total e triacilgliceróis<br />

(5). Este efeito po<strong>de</strong> ser<br />

explicado, <strong>em</strong> parte, pelo aumento<br />

da ativida<strong>de</strong> da enzima lecitina<br />

colesterol aciltransferase<br />

(LCAT) presente na superfície das<br />

lipoproteínas <strong>de</strong> alta <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

(HDL), que converte o colesterol<br />

presente <strong>em</strong> quilomícrons, lipoproteínas<br />

<strong>de</strong> muito baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

(VLDL), LDL e tecidos periféricos<br />

<strong>em</strong> ésteres <strong>de</strong> colesterol,<br />

transportando-os para o fígado<br />

para ser<strong>em</strong> metabolizados, reduzindo<br />

assim os níveis <strong>de</strong> colesterol<br />

sangüíneo; e pelo aumento da<br />

ativida<strong>de</strong> da enzima lipase lipoprotéica,<br />

que r<strong>em</strong>ove os ácidos<br />

graxos dos triacilgliceróis presentes<br />

<strong>em</strong> quilomícrons e VLDL para<br />

o tecido adiposo, resultando<br />

numa redução dos níveis plasmáticos<br />

<strong>de</strong> triacilgliceróis. Observouse<br />

também neste experimento<br />

um aumento nos níveis <strong>de</strong> ácidos<br />

biliares hepáticos e fecais,<br />

b<strong>em</strong> como <strong>de</strong> esteróis neutros<br />

fecais, indicando uma alta taxa<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação <strong>de</strong> colesterol e redução<br />

na reabsorção intestinal <strong>de</strong><br />

ácidos biliares (6).<br />

Os flavonói<strong>de</strong>s exib<strong>em</strong> feitos<br />

farmacológicos como antibacteriano,<br />

antiviral (7), antiinflamatório,<br />

antialérgico (8, 9, 10), vasodilatador<br />

(10) e as antocianinas<br />

(uma das classes <strong>de</strong> flavonói<strong>de</strong>s)<br />

possu<strong>em</strong> ativida<strong>de</strong> anticonvulsivante<br />

(11).<br />

Oliveira et al., 1997 (12) verificaram<br />

a ação <strong>de</strong> diversos flavonói<strong>de</strong>s<br />

reduzindo a ativida<strong>de</strong><br />

da aldose redutase. Esse mecanismo<br />

<strong>de</strong> ação é importante uma<br />

vez que essa enzima catalisa a<br />

redução <strong>de</strong> glicose e galactose<br />

<strong>em</strong> sorbitol e dulcitol, utilizando<br />

como co-fator o NADH. A excessiva<br />

presença <strong>de</strong> sorbitol <strong>em</strong> ratos<br />

e humanos diabéticos causa<br />

a formação <strong>de</strong> cataratas por<br />

modificar a osmolarida<strong>de</strong> do cristalino<br />

(13). Já Lima, 2000 (14)<br />

pesquisou os efeitos farmacológicos<br />

<strong>de</strong> flavonói<strong>de</strong>s e corantes<br />

naturais extraídos do urucum e<br />

seus efeitos hipolipidêmicos.<br />

Valensi et al., 1996 (15) relatam<br />

o uso <strong>de</strong> um fármaco o<br />

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"Daflon" constituído da mistura<br />

<strong>de</strong> dois flavonói<strong>de</strong>s (hesperetina<br />

10% e a diosmina 90%) possuindo<br />

ação sobre aumento da<br />

filtração capilar <strong>de</strong> albumina que<br />

afeta a microcirculação <strong>de</strong> pacientes<br />

com diabetes. Um aumento<br />

na permeabilida<strong>de</strong> capilar<br />

ocorre <strong>em</strong> pacientes diabéticos<br />

hipertensos que exib<strong>em</strong> sinais<br />

<strong>de</strong> microangiopatia. Há um aumento<br />

na filtração capilar <strong>de</strong> albumina<br />

levando a um aumento<br />

no fluxo sanguíneo induzido por<br />

alterações <strong>em</strong> controle simpático<br />

do tônus vasomotor <strong>em</strong> pacientes<br />

com neuropatias.<br />

Este mesmo autor <strong>de</strong>monstrou<br />

também que a ativação <strong>de</strong><br />

produtos finais <strong>de</strong> glicação interagindo<br />

com receptores específicos<br />

t<strong>em</strong> sido vista por aumentar<br />

a permeação <strong>de</strong> células<br />

endoteliais. A glicação não enzimática<br />

do colágeno po<strong>de</strong> contribuir<br />

para o fechamento da<br />

m<strong>em</strong>brana basal. Flavonói<strong>de</strong>s<br />

são conhecidos por inibir reações<br />

<strong>de</strong> glicação e glico-oxidação<br />

que também po<strong>de</strong>m oxidar<br />

o endotélio iniciando o processo<br />

<strong>de</strong> aterosclerose (16, 17).<br />

Pereira, 1999 (18) avaliou o<br />

efeito <strong>de</strong> ka<strong>em</strong>pferol, biochanina<br />

A, naringina, isoliquirritigenina,<br />

genisteína, baicaleína e<br />

dos corantes naturais monascus,<br />

antocianina, carmin e clorofila<br />

sobre os níveis <strong>de</strong> lipí<strong>de</strong>os<br />

sangüíneos <strong>em</strong> ratos. Os resultados<br />

mostraram que todos<br />

os compostos testados apresentaram<br />

efeito na redução dos níveis<br />

<strong>de</strong> colesterol total e triacilgliceróis<br />

sangüíneos não reduzindo,<br />

entretanto, os níveis <strong>de</strong><br />

colesterol-HDL. Isto é importante,<br />

uma vez que o colesterol-<br />

HDL é responsável pelo transporte<br />

do colesterol dos tecidos<br />

periféricos para o fígado, on<strong>de</strong><br />

é metabolizado.<br />

A própolis é uma resina produzida<br />

pelas abelhas (19). As abelhas<br />

utilizam a própolis para vários<br />

fins, como reduzir as aberturas<br />

<strong>de</strong> colméias e <strong>em</strong>balsamar<br />

animais invasores que são mortos<br />

por abelhas soldado. A própolis<br />

é utilizada também para fins<br />

anti-sépticos (20, 21).<br />

Tazawa et al., 1998 (22) estudando<br />

a própolis brasileira proveniente<br />

do estado <strong>de</strong> Minas Gerais,<br />

conseguiram isolar e i<strong>de</strong>ntificar<br />

24 compostos utilizando técnicas<br />

como RMNC 13 , RMNH 1 ,<br />

CLAE, UV. Dessa própolis, extraída<br />

com etanol 75%, foram isolados<br />

os flavonói<strong>de</strong>s: pinoc<strong>em</strong>brina,<br />

diidroka<strong>em</strong>pferí<strong>de</strong>o, ka<strong>em</strong>pferí<strong>de</strong>o,<br />

isosaduratenina e betuletol.<br />

Vários povos têm <strong>em</strong>pregado<br />

a própolis por centenas <strong>de</strong><br />

anos para fins medicinais (19).<br />

Hoje são comprovados para a<br />

própolis efeitos como: antibacterianos<br />

(23), antiviral (24), antiprotozoário<br />

(25), antiinflamatório<br />

(26, 27), regenerador do tecido<br />

cartilaginoso (28), inibidor <strong>de</strong> formação<br />

<strong>de</strong> radicais livres (29).<br />

Objetivo<br />

O objetivo <strong>de</strong>sse trabalho foi<br />

avaliar os efeitos da própolis e<br />

<strong>de</strong> uma associação dos flavonói<strong>de</strong>s<br />

antocianina com naringenina<br />

sobre o peso e níveis sangüíneos<br />

<strong>de</strong> glicose e triacilgliceróis<br />

<strong>em</strong> coelhos normais e diabéticos<br />

aloxânicos.<br />

Material e Métodos<br />

A própolis fornecida pela CO-<br />

NAP (Cooperativa Nacional <strong>de</strong><br />

Apicultores) da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Belo<br />

Horizonte, MG, foi fornecida <strong>em</strong><br />

comprimidos <strong>de</strong> 150mg cada. A<br />

mistura contendo 10mg <strong>de</strong> antocianina<br />

e <strong>de</strong> 10 mg <strong>de</strong> naringenina<br />

foi fornecida aos coelhos diabéticos<br />

<strong>em</strong> cápsulas. A antocianina<br />

foi doada pela Indústria Christian<br />

Hansen, e consiste num corante<br />

<strong>em</strong> pó proveniente da uva<br />

roxa, hidrossolúvel, freqüent<strong>em</strong>ente<br />

utilizado na indústria <strong>de</strong><br />

alimentos, constituído das misturas<br />

<strong>de</strong> peonidina, malvidina, <strong>de</strong>lfinidina<br />

e petunidina. A naringenina<br />

<strong>em</strong> forma <strong>de</strong> pó foi um produto<br />

Sigma.<br />

Foram utilizados, para esse<br />

experimento, 24 coelhos machos<br />

albinos com aproximadamente<br />

dois meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, da raça<br />

Nova Zelândia, fornecidos pelo<br />

Setor <strong>de</strong> Cunicultura da Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Viçosa, MG. Os<br />

animais foram acondicionados <strong>em</strong><br />

148<br />

NewsLab - edição 64 - 2004


no. A partir daí, os animais receberam<br />

os seguintes tratamentos:<br />

G1- Grupo1 (Grupo controle saudável);<br />

G2-Grupo 2 (grupo controle<br />

diabético); G3-Grupo 3 (grupo<br />

que recebeu 150mg <strong>de</strong> própolis/dia<br />

durante todo o experimento);<br />

G4-Grupo 4 (grupo que recebeu<br />

1 cápsula/dia com 10mg <strong>de</strong><br />

antocianina + 10mg <strong>de</strong> naringenina<br />

durante todo o experimento).<br />

O peso corporal dos animais<br />

e as concentrações <strong>de</strong> triacilgliceróis<br />

e glicose no soro sanguíneos<br />

dos coelhos foram dosados<br />

aos 0, 7, 14, 21, 28 e 35 dias do<br />

experimento.<br />

Resultados e<br />

Discussão<br />

A Tabela 1 mostra os valores<br />

<strong>de</strong> peso médio dos animais e<br />

suas variações <strong>em</strong> relação ao<br />

grupo controle saudável (G1) <strong>em</strong><br />

relação ao grupo controle diabético<br />

(G2).<br />

A mesma Tabela mostra que<br />

aos sete dias, os grupos controle<br />

(G1 e G2) não são estatisticamente<br />

significativos. No entanto,<br />

verifica-se que o grupo G1<br />

apresentou ganho <strong>de</strong> peso <strong>em</strong><br />

relação ao grupo G2.<br />

Aos 14 dias, a diferença entre<br />

os grupos controles (G1 e<br />

G2) passa a ser significativa,<br />

persistindo assim até o final do<br />

ensaio, o que <strong>de</strong>monstra que o<br />

aloxano provocou perda <strong>de</strong> peso<br />

gaiolas individuais, recebendo<br />

água à vonta<strong>de</strong> e 120 g <strong>de</strong> ração/dia<br />

da marca Purina durante<br />

todo o experimento.<br />

Após cinco dias <strong>de</strong> adaptação,<br />

os animais ficaram <strong>em</strong> jejum por<br />

12 horas, após o que foram pesados,<br />

utilizando-se uma balança da<br />

marca Digipeso DP3000, com capacida<strong>de</strong><br />

máxima <strong>de</strong> 15kg e mínima<br />

<strong>de</strong> 125g com divisão <strong>de</strong> 5g<br />

e submetidos à primeira avaliação<br />

sangüínea com dosag<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

triacilgliceróis e glicose.<br />

Para isso o sangue foi retirado<br />

do plexo venoso retro orbital e<br />

centrifugado a 7000 X g por 15<br />

minutos e no sobrenadante foram<br />

dosados triacilgliceróis e glicose,<br />

utilizando-se o analisador multiparamétrico<br />

bioquímico da BioMerieux<br />

(Alizé).<br />

Após estas análises, os animais<br />

foram divididos aleatoriamente<br />

<strong>em</strong> quatro grupos <strong>de</strong> seis<br />

animais cada e a diabete foi induzida<br />

<strong>em</strong> todos eles com exceção<br />

do grupo controle (Grupo 1).<br />

Para indução da diabete, utilizou-se<br />

aloxano na dose <strong>de</strong><br />

100mg/kg <strong>em</strong> solução <strong>de</strong> NaCl<br />

0,9%, seguindo mo<strong>de</strong>los existentes<br />

na literatura (30, 31), após<br />

três horas da aplicação foram administrados,<br />

via intraperitoneal,<br />

<strong>em</strong> cada um dos animais, 10 mL<br />

da solução 50% <strong>de</strong> glicose da<br />

Merck, para evitar a hipoglic<strong>em</strong>ia<br />

(que leva os animais à morte) e<br />

que surge após as primeiras horas<br />

da aplicação da droga aloxacorporal<br />

dos animais.<br />

Quando se compara o G3 com<br />

os grupos controle, percebe-se<br />

que durante todo o experimento<br />

este grupo se diferencia do<br />

G1, tornando-se estatisticamente<br />

significativa a partir do 28º<br />

dia, observa-se, no entanto,<br />

maior peso corporal do G3 <strong>em</strong><br />

relação o G2.<br />

Observou-se que o G1 t<strong>em</strong><br />

maior peso corporal que G4.<br />

O grupo 1, <strong>de</strong> animais que receberam<br />

apenas ração, apresentou<br />

aumentos nos pesos dos animais.<br />

O grupo 2, <strong>de</strong> animais que<br />

receberam aloxano, apresentou<br />

maiores perdas <strong>de</strong> peso durante<br />

todo o experimento. Os grupos<br />

3 e 4 tiveram uma perda <strong>de</strong><br />

peso inicial logo após a administração<br />

do aloxano, constatada<br />

no 7º dia, sendo que a partir<br />

<strong>de</strong>ssa data, começaram a apresentar<br />

aumento <strong>de</strong> peso que se<br />

manteve durante todo o experimento<br />

mas foram estatisticamente<br />

significativos a partir do<br />

21º dia para G4 e a partir do<br />

28º dia para G3.<br />

A Tabela 2 mostra os valores<br />

médios <strong>de</strong> glicose <strong>em</strong> mg/dl dos<br />

animais <strong>em</strong> relação ao grupo<br />

controle saudável e <strong>em</strong> relação<br />

ao grupo controle diabético.<br />

Os resultados mostram que<br />

G1 e G2 não foram estatisticamente<br />

significativos no primeiro<br />

dia. Aos sete dias observase<br />

uma diferença estatisticamente<br />

significativa entre os gru-<br />

150<br />

NewsLab - edição 64 - 2004


pos controles (G1 e G2). Essa<br />

diferença persistiu até o final do<br />

experimento. Esse resultado é<br />

interessante, pois evi<strong>de</strong>ncia que<br />

o aloxano elevou os níveis <strong>de</strong><br />

glicose nos animais.<br />

Aos 28 dias observa-se que<br />

o G4 teve uma redução <strong>de</strong><br />

6,80% e aos 35 dias uma redução<br />

<strong>de</strong> 17,20%. Se consi<strong>de</strong>rado<br />

o significado clínico <strong>de</strong>ssas variações,<br />

esse grupo foi o mais<br />

eficaz nas reduções dos níveis<br />

<strong>de</strong> glicose. A própolis teve uma<br />

percentag<strong>em</strong> <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> -<br />

21,85% aos 35 dias.<br />

Embora não se possa atribuir<br />

exclusivamente aos flavonói<strong>de</strong>s<br />

as razões <strong>de</strong>stes efeitos observados,<br />

<strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar que<br />

a própolis possui uma mistura<br />

complexa <strong>de</strong> substâncias advindo<br />

daí a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> efeito<br />

sinérgico por parte dos inúme-<br />

Tabela 1 - Peso médio <strong>em</strong> kg e percentual <strong>de</strong> variação <strong>em</strong> relação aos grupos controle,<br />

<strong>em</strong> % <strong>de</strong> coelhos diabéticos submetidos a diferentes tratamentos e avaliados durante 35 dias<br />

T<strong>em</strong>po (dias) Grupos Peso (kg) % variação <strong>em</strong> % variação <strong>em</strong><br />

relação ao<br />

relação ao<br />

grupo 1 grupo 2<br />

G1 1,728 - -<br />

0<br />

G2 1,693 - -<br />

G3 1,771 - -<br />

G4 1,882 - -<br />

G1 1,884A - -<br />

7<br />

G2 1,671A - -<br />

G3 1,740a -7,64 +4,13<br />

G4 1,839a -2,39 +10,05<br />

G1 1,964A - -<br />

14<br />

G2 1,618B - -<br />

G3 1,811a -12,26 +11,93<br />

G4 1,938a -7,47 +19,78<br />

G1 2,154A - -<br />

21<br />

G2 1,533B - -<br />

G3 1,878a -19,96 +22,50<br />

G4 1,993a -14,60 +30,01*<br />

G1 2,445A - -<br />

28<br />

G2 1,344B - -<br />

G3 1,957a -19,96* +45,61*<br />

G4 2,088a -14,60 +55,36*<br />

G1 2,618A - -<br />

35<br />

G2 1,243B - -<br />

G3 2,061a -21,28* +65,81*<br />

G4 2,207a -15,70 +77,55*<br />

Em cada t<strong>em</strong>po A difere <strong>de</strong> B pelo teste F (p


os compostos químicos que faz<strong>em</strong><br />

parte da constituição <strong>de</strong>ssa<br />

resina natural (19).<br />

Muitos pesquisadores têm buscado<br />

mecanismos <strong>de</strong> ação <strong>de</strong>ssa<br />

classe <strong>de</strong> compostos naturais que<br />

possui hoje cerca <strong>de</strong> 6.500 compostos<br />

isolados e i<strong>de</strong>ntificados.<br />

Ong et al. 2000 (3), pesquisando<br />

os efeitos <strong>de</strong> miricetina na<br />

glic<strong>em</strong>ia e no metabolismo do glicogênio<br />

<strong>em</strong> ratos diabéticos, verificou<br />

que, na dose <strong>de</strong> 3mg/kg<br />

<strong>de</strong> peso, foi capaz <strong>de</strong> estimular o<br />

transporte <strong>de</strong> glicose <strong>em</strong> adipócitos<br />

<strong>de</strong> ratos e também estimular<br />

a lipogênese estimulada por<br />

insulina. Além disso, a glic<strong>em</strong>ia<br />

foi reduzida <strong>em</strong> 50% e a hipertrigliceri<strong>de</strong>mia<br />

associada com a diabetes<br />

foi normalizada. O glicogênio<br />

hepático e glicose-6-fosfato,<br />

também foram aumentados.<br />

Zarzuelo et al., 1996 (32) ob-<br />

Tabela 2 - Valores médios <strong>de</strong> glicose <strong>em</strong> mg/dL e percentag<strong>em</strong> <strong>de</strong> variação <strong>em</strong> relação aos grupos controle, <strong>em</strong> % <strong>de</strong><br />

coelhos submetidos a diferentes tratamentos e avaliados durante 35 dias<br />

T<strong>em</strong>po (dias) Grupos Glicose % variação <strong>em</strong> % variação <strong>em</strong><br />

(mg/dL) relação ao relação ao<br />

grupo 1 grupo 2<br />

G1 149,9 - -<br />

0<br />

G2 156,43 - -<br />

G3 150,70 - -<br />

G4 145,13 - -<br />

G1 148,57B -<br />

7<br />

G2 378,20A -<br />

G3 521,55a +251,05* +37,90<br />

G4 455,30a +206,45* +20,39<br />

G1 146,53B -<br />

14<br />

G2 370,05A -<br />

G3 477,32a +225,75* +28,39<br />

G4 407,40a +178,03* +10,09<br />

G1 146,92B -<br />

21<br />

G2 364,60A -<br />

G3 446,23a +203,72* +22,39<br />

G4 350,68a +138,69* -3,82<br />

G1 141,12B -<br />

28<br />

G2 359,22A -<br />

G3 425,08a +201,22* +18,33<br />

G4 334,80a +137,24* -6,80<br />

G1 143,67B -<br />

35<br />

G2 354,43A -<br />

G3 277,00a +92,80 -21,85<br />

G4 293,47a +104,27 -17,20<br />

Em cada t<strong>em</strong>po A difere <strong>de</strong> B pelo teste F (p


servaram os efeitos da 5-O-rutinosil<br />

luteolina sobre a diabetes<br />

<strong>em</strong> ratos induzida com streptozotocina.<br />

A administração <strong>de</strong>sse<br />

flavonói<strong>de</strong> por 20 dias na dose<br />

<strong>de</strong> 2 mg/kg reduziu significativamente<br />

os níveis <strong>de</strong> glic<strong>em</strong>ia<br />

<strong>em</strong> 51% e aumentou os níveis<br />

<strong>de</strong> insulina por 2,5 vezes. A 5-<br />

O-rutinosil-luteolina aumentou o<br />

DNA pancreático <strong>em</strong> 42% e o<br />

conteúdo <strong>de</strong> insulina <strong>em</strong> 35%.<br />

As ações <strong>de</strong> flavonói<strong>de</strong>s sobre<br />

carboidratos e a ligação <strong>de</strong> proteínas,<br />

lipí<strong>de</strong>os e DNA a carboidratos<br />

po<strong>de</strong>m resultar <strong>em</strong> alterações<br />

estruturais chamadas <strong>de</strong><br />

produtos finais <strong>de</strong> glicação avançada<br />

(AGE). Os danos por AGE<br />

po<strong>de</strong>m contribuir para a patologia<br />

da catarata, <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns renais,<br />

aterosclerose, <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns<br />

cardíacas, doença <strong>de</strong> Alzheimer.<br />

Adaptações evolutivas <strong>de</strong> danos<br />

induzidos por carboidratos têm<br />

resultado <strong>em</strong> processos <strong>de</strong> r<strong>em</strong>oção<br />

<strong>de</strong> AGE. Os receptores es-<br />

Tabela 3 - Valores médios <strong>de</strong> triacilgliceróis <strong>em</strong> mg/dL e percentag<strong>em</strong> <strong>de</strong> variação <strong>em</strong> relação aos grupos controle <strong>de</strong><br />

coelhos submetidos a diferentes tratamentos e avaliados durante 35 dias<br />

T<strong>em</strong>po (dias) Grupos Triacilgliceróis % variação <strong>em</strong> % variação <strong>em</strong><br />

mg/dL relação ao relação ao<br />

grupo 1 grupo 2<br />

G1 98,80A - -<br />

0<br />

G2 107,00A - -<br />

G3 93,30a - -<br />

G4 75,38a - -<br />

G1 86,73B -<br />

7<br />

G2 370,98A -<br />

G3 373,70a +330,88 +0,73<br />

G4 434,58a +401,04 +17,14<br />

G1 93,60B -<br />

14<br />

G2 373,73A -<br />

G3 310,38a +231,60 -16,95<br />

G4 319,93a +241,81 -14,40<br />

G1 102,87B -<br />

21<br />

G2 370,48A -<br />

G3 230,67a +124,23 -37,74<br />

G4 279,38a +171,59 -24,59<br />

G1 99,67B -<br />

28<br />

G2 360,05A -<br />

G3 200,58a +101,24<br />

G4 257,15a +158,00 -44,29<br />

G1 102,48B -<br />

35<br />

G2 353,27A -<br />

G3 182,48a +78,06 -48,35<br />

G4 255,93a +149,74 -27,55<br />

Em cada t<strong>em</strong>po. A difere <strong>de</strong> B pelo teste F (p


caneadores como os receptores<br />

<strong>de</strong> AGE (RAGE) estão presentes<br />

<strong>em</strong> células endoteliais do sist<strong>em</strong>a<br />

vascular e <strong>em</strong> fagócitos mononucleares<br />

e mediam a r<strong>em</strong>oção<br />

do AGE. Em muitas reações<br />

imunes, a r<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> AGE mediada<br />

pelos receptores po<strong>de</strong> resultar<br />

<strong>em</strong> danos. Nas células<br />

endoteliais, a oxidação e expressão<br />

<strong>de</strong> moléculas <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são<br />

VCAM-1 po<strong>de</strong> aumentar como<br />

um resultado do RAGE ligado. Em<br />

pacientes diabéticos, quando os<br />

danos nos tecidos induzidos por<br />

carboidratos são integrais, as <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns<br />

vasculares são observadas<br />

nesses pacientes (33, 34) .<br />

Três passos ocorr<strong>em</strong> na rota<br />

<strong>de</strong> formação <strong>de</strong> AGE: inibição da<br />

auto-oxidação <strong>de</strong> carboidratos,<br />

ataque covalente do carboidrato<br />

a grupos amino livres (glicação)<br />

e a oxidação dos glicatos (glicooxidação).<br />

A auto-oxidação <strong>de</strong><br />

carboidratos é o passo foi mais<br />

importante na formação <strong>de</strong> AGE<br />

porque produz espécies <strong>de</strong> oxigênio<br />

reativo e carboidratos reativos<br />

na forma <strong>de</strong> glicatos (ex:<br />

glioxal, arabinose) (34).<br />

Reações <strong>de</strong> glicação envolv<strong>em</strong><br />

uma con<strong>de</strong>nsação não enzimática<br />

<strong>de</strong> açucares e aminas.<br />

In vitro, a glicação é <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

da concentração do açúcar e<br />

<strong>de</strong> sua razão <strong>de</strong> anomerização;<br />

sendo esta inversamente proporcional<br />

ao número <strong>de</strong> átomos<br />

<strong>de</strong> carbono envolvido na redução<br />

do açúcar. Os açúcares fosforilados<br />

são mais reativos do<br />

que os não fosforilados. Os flavonóis,<br />

por possuír<strong>em</strong> grupos<br />

hidroxilas no anel b são eficientes<br />

inibidores da glicação do<br />

colágeno. Os <strong>de</strong>mais flavonói<strong>de</strong>s<br />

s<strong>em</strong> grupos hidroxila no anel b<br />

não inib<strong>em</strong> a glicação. Reações<br />

similares foram observadas com<br />

metabólitos <strong>de</strong> flavonói<strong>de</strong>s (ex:<br />

Ácido 3.4-dihidroxifenil acético)<br />

<strong>de</strong>vido à presença <strong>de</strong> grupos hidroxilas<br />

vicinais que po<strong>de</strong>m formar<br />

quinonas. A inibição da glicação<br />

po<strong>de</strong> ocorrer também pela<br />

ligação <strong>de</strong> grupos amina com<br />

flavonói<strong>de</strong>s. A glico-oxidação e<br />

um rearranjo oxidativo <strong>de</strong> glicatos<br />

po<strong>de</strong>m resultar na formação<br />

<strong>de</strong> AGE e espécies reativas<br />

<strong>de</strong> oxigênio. Alguns flavonói<strong>de</strong>s<br />

inib<strong>em</strong> a auto-oxidação e a glico-oxidação<br />

<strong>de</strong> glicose (35).<br />

Os valores médios <strong>de</strong> triacilgliceróis<br />

apresentados no soro sanguíneo<br />

<strong>de</strong> coelhos diabéticos encontram-se<br />

<strong>de</strong>scritos na Tabela 3.<br />

Os resultados obtidos <strong>de</strong> triacilgliceróis<br />

foram estatisticamente<br />

significativos com relação<br />

a indução da hipertrigliceri<strong>de</strong>mia<br />

ao se comparar os grupos 1 e 2.<br />

A ocorrência <strong>de</strong> níveis elevados<br />

<strong>de</strong> triacilgliceróis <strong>em</strong> coelhos<br />

da raça Nova Zelândia <strong>de</strong>vido<br />

à aplicação <strong>de</strong> aloxano foi<br />

observada também por Huang et<br />

al., 1993 (36) e esta alta concentração<br />

<strong>de</strong>ve-se ao fato do<br />

aloxano provocar a <strong>de</strong>struição<br />

<strong>de</strong> células β do pâncreas (37).<br />

As células β são responsáveis<br />

pela produção da insulina (38, 39,<br />

40) e sua <strong>de</strong>struição resulta <strong>em</strong><br />

severa e persistente redução da<br />

insulina sérica (41). Como conseqüência,<br />

ocorr<strong>em</strong> alterações na<br />

ativida<strong>de</strong> da enzima lípase lipoprotéica,<br />

que é a responsável pela<br />

hidrólise dos triacilgliceróis <strong>em</strong><br />

ácidos graxos e glicerol, influenciando<br />

a captação <strong>de</strong> triacilgliceróis<br />

no sangue pelo tecido adiposo<br />

(42). Na falta <strong>de</strong> insulina ou<br />

na ineficácia <strong>de</strong>sta, a ativida<strong>de</strong> da<br />

lipase fica comprometida, ocasionando<br />

acúmulo <strong>de</strong> triacilgliceróis<br />

no sangue (43).<br />

A hipertrigliceri<strong>de</strong>mia também<br />

foi observada nos animais<br />

dos grupos G3 e G4 aos sete<br />

dias <strong>de</strong> ensaio. No entanto, ao<br />

se realizar o tratamento estatístico,<br />

observou-se que a indução<br />

<strong>de</strong> níveis elevados <strong>de</strong> triacilgliceróis<br />

nesses grupos não foi<br />

significativa.<br />

Analisando-se os significados<br />

clínicos <strong>de</strong>ste experimento observa-se<br />

que os animais que receberam<br />

própolis tiveram os<br />

seus níveis <strong>de</strong> triacilgliceróis reduzidos<br />

<strong>em</strong> 16,95% aos 14 dias,<br />

37,74% aos 21 dias, 44,29%<br />

aos 28 dias e 48,35% aos 35<br />

dias, apresentando s<strong>em</strong>pre percentagens<br />

<strong>de</strong> redução superiores<br />

às obtidas pelo G4, que recebeu<br />

antocianina + naringenina<br />

<strong>em</strong>bora essas reduções também<br />

tenham sido consi<strong>de</strong>ráveis.<br />

Consi<strong>de</strong>rando-se que os fár-<br />

156<br />

NewsLab - edição 64 - 2004


macos hipolipi<strong>de</strong>miantes são<br />

utilizados, normalmente, durante<br />

longos períodos <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po, essas<br />

percentagens <strong>de</strong> redução<br />

são consi<strong>de</strong>ráveis para um experimento<br />

<strong>de</strong> apenas 35 dias.<br />

Ao se aplicar o teste F observa-se<br />

que os grupos não foram<br />

estatisticamente significativos<br />

durante todo o ensaio, ou seja,<br />

tanto a própolis quanto a mistura<br />

<strong>de</strong> flavonói<strong>de</strong>s exerceram<br />

efeito s<strong>em</strong>elhante sobre os níveis<br />

<strong>de</strong> triacilgliceróis dos animais<br />

<strong>em</strong> tratamento. Essa s<strong>em</strong>elhança,<br />

do ponto <strong>de</strong> vista<br />

estatístico, po<strong>de</strong> estar relacionada<br />

ao fato <strong>de</strong> a própolis possuir<br />

flavonói<strong>de</strong>s <strong>em</strong> sua constituição<br />

e estes ter<strong>em</strong> sido os responsáveis<br />

pela redução dos níveis<br />

elevados <strong>de</strong> triacilgliceróis<br />

no sangue dos animais do G3.<br />

Também, não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rar<br />

o fato da própolis possuir<br />

diversos outros tipos <strong>de</strong><br />

compostos químicos (44). Essa<br />

diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> substâncias presentes<br />

po<strong>de</strong> ter produzido um<br />

efeito sinérgico entre elas.<br />

Nag<strong>em</strong> et al., 1999 (45) verificaram<br />

os efeitos <strong>de</strong> naringina,<br />

antocianina e carmim no<br />

metabolismo lipídico <strong>de</strong> ratos<br />

com hiperlipi<strong>de</strong>mia induzida por<br />

triton e observaram redução estatisticamente<br />

significativa nos<br />

níveis <strong>de</strong> triacilgliceróis e colesterol,<br />

sobressaindo-se os tratamentos<br />

com naringina + antocianina<br />

e naringina + carmim,<br />

inclusive com efeitos sinérgicos.<br />

Muitos mecanismos <strong>de</strong> ação<br />

têm sido usados para explicar<br />

as ativida<strong>de</strong>s biológicas dos flavonói<strong>de</strong>s.<br />

Flavonóis como o ka<strong>em</strong>pferol<br />

e miricetina têm apresentado<br />

efeitos <strong>de</strong> reduzir a ativida<strong>de</strong><br />

da enzima a<strong>de</strong>nosina <strong>de</strong>saminase<br />

que atua sobre a a<strong>de</strong>nosina,<br />

reagindo com a água<br />

produzindo inosina + amônia.<br />

Essa enzima presente <strong>em</strong> células<br />

endoteliais da aorta po<strong>de</strong><br />

estar inativa e isto sugere que<br />

muitas ações farmacológicas <strong>de</strong><br />

flavonói<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m ser mediadas<br />

por uma amplificação dos efeitos<br />

da a<strong>de</strong>nosina endógena via<br />

receptores da a<strong>de</strong>nosina porque<br />

a a<strong>de</strong>nosina <strong>de</strong>saminase é responsável<br />

pela inativação da a<strong>de</strong>nosina<br />

(46).<br />

Conclusões<br />

Os resultados observados<br />

permit<strong>em</strong> concluir que a mistura<br />

<strong>de</strong> flavonói<strong>de</strong>s foi mais eficaz<br />

na redução <strong>de</strong> glicose e que<br />

a própolis foi mais eficaz na redução<br />

<strong>de</strong> triacilgliceróis.<br />

Os coelhos tratados tanto<br />

com flavonói<strong>de</strong>s como com a<br />

própolis ganharam peso, posterior<br />

à perda ocorrida pela administração<br />

do aloxano.<br />

Novas avaliações <strong>de</strong>verão ser<br />

conduzidas ao longo do t<strong>em</strong>po para<br />

certificar dos efeitos sobre: o controle<br />

da hiperglic<strong>em</strong>ia, o metabolismo<br />

do glicogênio e hepatoxida<strong>de</strong><br />

aguda, b<strong>em</strong> como outros estudos<br />

envolvendo a toxicologia.<br />

Correspondência para:<br />

Professor Tanus Jorge Nag<strong>em</strong><br />

Departamento <strong>de</strong> Química da UFOP.<br />

Ouro Preto. MG. CEP 35400-000<br />

E-mail: tjnag<strong>em</strong>.bh@zaz.com.br<br />

158<br />

NewsLab - edição 64 - 2004


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NewsLab - edição 64 - 2004

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