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Página 8
OPINIÃO<br />
A guerra do açúcar<br />
Apesar de ser responsável por 1/4 da produção global,<br />
o Brasil já não detém o monopólio do comércio<br />
EDUARDO LEÃO<br />
DE SOUSA (*)<br />
Acidade de Salvador<br />
ainda não havia<br />
amanhecido quando<br />
uma potente esquadra<br />
composta por 26 navios e 500<br />
canhões iniciava o que seria o<br />
maior conflito político-militar da<br />
era colonial brasileira. Aquele 9<br />
de maio de 1624 marcaria o<br />
início das chamadas invasões<br />
holandesas, que tinham como<br />
principal objetivo garantir o<br />
controle da produção e o monopólio<br />
da comercialização do<br />
açúcar à então poderosa Companhia<br />
Holandesa das Índias<br />
Ocidentais, multinacional controlada<br />
pelo governo holandês.<br />
A invasão, que posteriormente<br />
se estendeu para Pernambuco,<br />
a maior província produtora de<br />
açúcar naquele período, como<br />
se sabe, não durou muito<br />
tempo. Em 1654, os holandeses<br />
eram expulsos do nosso<br />
país.<br />
Quatro séculos se passaram e<br />
o Brasil já não detém o monopólio<br />
do comércio do açúcar,<br />
apesar de ainda ser o mais<br />
competitivo do mundo, responsável<br />
por 1/4 da produção global<br />
(38,6 milhões de toneladas<br />
no ciclo 2017/2018) e quase<br />
metade de todo o comércio<br />
(27,8 milhões de toneladas).<br />
O curioso é que, após todos<br />
estes séculos, o açúcar continua<br />
um dos produtos com<br />
maior intervenção governamental<br />
do planeta. A guerra se<br />
dá não mais pelo controle do<br />
comércio, mas pela proteção e<br />
pesados subsídios ao produto<br />
nos mais de cem países produtores.<br />
Por sua vez, o combate,<br />
outrora por meio de canhões,<br />
atualmente se trava nos órgãos<br />
de solução de controvérsias da<br />
Organização Mundial do Comércio<br />
(OMC).<br />
Grandes países produtores de<br />
açúcar, mas que são importadores<br />
líquidos, oferecem incentivos<br />
expressivos à produção<br />
local e criam diversas formas<br />
de barreiras para proteger seus<br />
produtores. É o caso de EUA,<br />
Europa e China. Os três juntos<br />
consomem cerca de 45 milhões<br />
de toneladas ao ano, o<br />
que corresponde a mais de<br />
25% do consumo mundial. No<br />
entanto, e apesar de sua baixa<br />
competitividade na produção,<br />
produzem 80% desse consumo<br />
e importaram apenas<br />
20% de suas necessidades,<br />
por meio da imposição de tarifas<br />
elevadíssimas (que chegam<br />
a ser mais altas que o próprio<br />
valor do produto) e cotas largamente<br />
restritivas.<br />
Por sua vez, os grandes países<br />
exportadores não só oferecem<br />
mecanismos artificiais de apoio<br />
ao produtor doméstico, como<br />
também elevados subsídios às<br />
exportações. Incluem-se aí a<br />
Tailândia e a Índia, que na última<br />
safra exportaram mais de 20%<br />
do comércio mundial, gerando<br />
forte depressão nas cotações<br />
internacionais e penalizando os<br />
países que atuam dentro das<br />
regras de mercado.<br />
Somente nesta última safra a política<br />
indiana foi responsável por um<br />
prejuízo de mais de US$ 1,3 bilhão<br />
aos produtores nacionais.<br />
Particularmente, a política indiana<br />
para o açúcar tem sido<br />
motivo de grande preocupação<br />
para todos os países produtores<br />
e exportadores. Desde o<br />
ano passado, este país tem<br />
oferecido generosos volumes<br />
de apoio aos seus produtores<br />
locais, além de subsídios às<br />
exportações, o que ampliou<br />
ainda mais a queda dos preços<br />
internacionais do produto, atingindo<br />
as menores cotações<br />
dos últimos dez anos. Segundo<br />
estimativas feitas pela União da<br />
Indústria de Cana-de-Açúcar<br />
(Unica), somente nesta última<br />
safra a política indiana foi responsável<br />
por um prejuízo de<br />
mais de US$ 1,3 bilhão aos<br />
produtores nacionais.<br />
O governo brasileiro tem sido<br />
sensível aos apelos do setor<br />
privado e, nos últimos três<br />
anos, já entrou com três painéis<br />
na OMC questionando as<br />
políticas da Tailândia, da China<br />
e, mais recentemente, no final<br />
de fevereiro, da Índia. São<br />
exemplos de como o governo<br />
pode se posicionar em relação<br />
às barreiras comerciais, defendendo<br />
o livre-comércio e a<br />
competitividade do produto<br />
brasileiro.<br />
Já o setor privado também<br />
pode trabalhar numa agenda<br />
positiva e colaborativa, ajudando<br />
países produtores a<br />
buscar alternativas para a<br />
cana-de-açúcar, a exemplo do<br />
programa de etanol brasileiro.<br />
Essa opção pode não só oferecer<br />
uma solução de longo<br />
prazo aos produtores, mas<br />
também permitir equilíbrio e<br />
previsibilidade ao mercado de<br />
açúcar, ao mesmo tempo em<br />
que contribui para o meio ambiente<br />
e a saúde pública nas<br />
grandes cidades.<br />
(*) Diretor Executivo<br />
da Unica.<br />
2<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
SAFRA <strong>2019</strong>/20<br />
Só 19 usinas vão moer no <strong>Paraná</strong><br />
Estado esmagou 35.641.489 toneladas de cana na safra 2018/19, queda de<br />
3,8%, e produziu 2.121.768 toneladas de açúcar e 1,6 bilhão de litros de etanol<br />
Dia 31 de março foi encerrada<br />
oficialmente a<br />
safra 2018/19 de<br />
cana-de-açúcar no<br />
Centro-Sul e começou, no dia 1<br />
de abril, a safra <strong>2019</strong>/20. No<br />
<strong>Paraná</strong>, que tradicionalmente<br />
inicia a retomada da colheita<br />
mais cedo que nos demais estados,<br />
após a parada no final do<br />
ano para manutenção, nove<br />
unidades produtoras já estavam<br />
operando dia primeiro de abril.<br />
No último relatório da Alcopar,<br />
dia 16 de abril, já eram 16 moendo.<br />
Nesta safra, só 19 unidades<br />
irão operar no Estado.<br />
A cooperativa Coopcana, de<br />
Paraíso do Norte, foi a primeira<br />
a retomar a colheita de cana,<br />
dia 18 de fevereiro. Mas, tudo<br />
que foi moído no período foi<br />
computado como da safra<br />
2018/19. Segundo o presidente<br />
da Alcopar, Miguel Tranin, foram<br />
esmagadas 35.641.489 toneladas<br />
de cana, 3,8% a menos que<br />
os 37.047.410 toneladas registradas<br />
no ano safra 2017/18.<br />
Do total esmagado na safra<br />
2018/19, 55,31% da matéria<br />
prima foi destinada para a produção<br />
de etanol e 44,69% para<br />
o açúcar, deixando o mix bem<br />
mais alcooleiro do que normalmente<br />
ocorre no Estado, que<br />
tradicionalmente concentra<br />
seus esforços na produção de<br />
açúcar, mesmo em anos de superávit<br />
mundial da commodity.<br />
Na safra 2017/18, por exemplo,<br />
o mix foi de 41,66% para etanol<br />
e 58,34% para açúcar.<br />
Na safra encerrada, a produção<br />
de açúcar totalizou 2.121.768<br />
toneladas, 27,4% a menos que<br />
as 2.920,682 toneladas da<br />
safra 2017/18. Com relação ao<br />
etanol, foram produzidos 1,6<br />
bilhão de litros, 26,7% a mais<br />
que os 1,264 bilhão do período<br />
anterior. Do total, 515,853 milhões<br />
de litros foram de etanol<br />
anidro, queda de 11% em relação<br />
aos 579,868 milhões de litros<br />
da safra anterior; e 1,085<br />
bilhão de litros de hidratado, aumento<br />
de 58,6% comparado<br />
aos 683,695 milhões de litros<br />
da safra 2017/18.<br />
A quantidade de Açúcar Total<br />
Recuperável (ATR) por tonelada<br />
de cana no acumulado da safra<br />
2018/19 ficou 1,4% abaixo do<br />
observado na safra 2017/18,<br />
totalizando 139,24 kg de ATR/t<br />
de cana, contra 141,25 kg ATR<br />
anteriormente.<br />
A Alcopar ainda não finalizou<br />
sua estimativa da safra<br />
<strong>2019</strong>/20, mas nos últimos<br />
anos, o volume colhido na safra<br />
anterior tem sido o indicativo da<br />
próxima, repetindo os números.<br />
O canavial continua envelhecido<br />
e o percentual de renovação<br />
ficou aquém do considerado<br />
ideal, comenta Tranin.<br />
Até o dia 16 de abril, já na safra<br />
<strong>2019</strong>/20, a moagem foi de<br />
1.475.169 toneladas, 18,5% a<br />
menos comparado com as<br />
1.809.966 toneladas registradas<br />
no mesmo período do ano<br />
safra 2018/19. A produção de<br />
açúcar totalizou 65.487 toneladas<br />
e a de etanol 62 milhões de<br />
litros, sendo 11,2 milhões de<br />
anidro e 50,8 milhões de litros<br />
de hidratado. A quantidade de<br />
ATR por tonelada de cana ficou<br />
0,8% acima do valor observado<br />
na safra anterior, atingindo<br />
118,14 kg de ATR/t de cana.<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 3
RECUPERAÇÃO JUDICIAL<br />
Pedido da Santa Terezinha<br />
é deferido pela Justiça<br />
Usina tem prazo até o dia 14 de junho para apresentar um plano.<br />
Diretoria diz em nota “estar certa de que transitará pelo processo ainda mais fortalecida”<br />
Opedido de recuperação<br />
judicial da Usina<br />
Santa Terezinha,<br />
com sede em Maringá,<br />
e das outras empresas<br />
que compõem o grupo Usaçucar<br />
foi deferido pela juíza<br />
substituta da 4ª Vara Cível de<br />
Maringá, Roberta Scramim<br />
de Freitas, no último dia 15 de<br />
abril. A usina tem prazo até o<br />
dia 14 de junho para apresentar<br />
um plano de recuperação<br />
judicial “concreto e objetivamente<br />
viável, fundamentado e<br />
documentado, para soerguimento<br />
das empresas, sob<br />
pena de convolação em falência”,<br />
determinou a sentença<br />
judicial.<br />
A Santa Terezinha, que é a<br />
maior usina sucroenergética<br />
do <strong>Paraná</strong> e uma das dez<br />
maiores do país, entrou com<br />
o pedido de recuperação judicial<br />
no dia 22 de março após<br />
um revés nas negociações<br />
com os 18 bancos credores.<br />
A dívida, segundo publicações<br />
na imprensa, é estimada<br />
em R$ 4,49 bilhões, a maior<br />
parte em dólar. A solicitação<br />
de recuperação judicial foi<br />
motivada pelos pedidos de<br />
execução na Justiça feitos<br />
pelo banco Votorantim por<br />
causa dos cerca de R$ 150<br />
milhões devidos ao banco, o<br />
que pegou a empresa paranaense<br />
de surpresa, já que<br />
ela estava prestes a assinar<br />
um acordo de renegociação<br />
dos termos de sua dívida.<br />
Em nota oficial a diretoria da<br />
Usina disse que o objetivo da<br />
medida tomada “é permitir a<br />
continuidades das atividades<br />
operacionais e preservar os<br />
empregos gerados direta e indiretamente,<br />
continuando a<br />
contribuir com o desenvolvimento<br />
socioeconômico em<br />
toda sua área de abrangência”.<br />
Com mais de 11 mil funcionários,<br />
conforme publicações<br />
na imprensa, a Santa<br />
Terezinha está entre as cinco<br />
empresas do agronegócio<br />
brasileiro que mais empregam<br />
e é também a terceira<br />
maior exportadora de açúcar<br />
do país.<br />
A nota emitida pela empresa<br />
ainda aponta que “nos últimos<br />
meses a usina não mediu<br />
esforços na busca de<br />
uma solução amigável com<br />
os credores financeiros. Contudo,<br />
a demora na resolução<br />
da solução negocial e extrajudicial,<br />
adicionado ao cenário<br />
comercial de extrema adversidade<br />
decorrente de uma<br />
contínua deterioração dos<br />
preços do açúcar VHP no<br />
mercado internacional (principal<br />
produto comercializado)<br />
e a quebra da safra de canade-açúcar<br />
ocasionada por intempéries<br />
climáticas, trouxe<br />
impactos severos para a empresa.”<br />
“Certa de que transitará pelo<br />
processo de recuperação Judicial<br />
ainda mais fortalecida,<br />
a usina conta com o apoio de<br />
seus colaboradores e de seus<br />
parceiros que construiu ao<br />
longo de seus mais de 50<br />
anos de atividade”, pontua<br />
ainda a nota da diretoria da<br />
usina.<br />
Segundo publicações na imprensa,<br />
a dívida da usina é<br />
basicamente com bancos e<br />
praticamente não há pagamentos<br />
em atraso com fornecedores<br />
nem impostos<br />
vencidos, e atrasos com credores<br />
trabalhistas são pouco<br />
representativos. Nesse período<br />
em que não realizou<br />
pagamento aos bancos, a<br />
Santa Terezinha manteve<br />
seus investimentos em capital<br />
de giro e em bens de capital.<br />
Além da queda do preço do<br />
açúcar no mercado internacional,<br />
mais a situação gerada<br />
pelo engessamento do<br />
preço da gasolina no governo<br />
PT, as adversidades climáticas<br />
na região de atuação da<br />
usina, no noroeste do <strong>Paraná</strong>,<br />
nos últimos anos e a falta de<br />
renovação dos canaviais, levaram<br />
a redução na oferta de<br />
cana-de-açúcar fazendo com<br />
que três das 11 usinas do<br />
grupo não operassem na<br />
safra 2018/19.<br />
A empresa processou 14 milhões<br />
de toneladas de cana<br />
neste ciclo, mas já chegou a<br />
moer 18 milhões de toneladas<br />
na safra 2016/17. Para a<br />
temporada <strong>2019</strong>/20, iniciada<br />
em abril, a Santa Terezinha<br />
também suspendeu a moagem<br />
na Usina Moreira Sales,<br />
direcionando a cana da região<br />
para a Usina Tapejara. A companhia<br />
ainda tem participação<br />
em dois terminais portuários<br />
(Pasa e Álcool do <strong>Paraná</strong>)<br />
e da CPA Trading.<br />
Dentro do trabalho de reestruturação<br />
financeira que vinha<br />
realizando, a Santa Terezinha<br />
fez mudanças em sua estrutura<br />
de governança para profissionalizar,<br />
sobretudo, a<br />
gestão operacional, contratando<br />
executivos do mercado<br />
e formando clusters de produção,<br />
integrando as atividades<br />
operacionais de usinas<br />
geograficamente próximas,<br />
apontou reportagens publicadas<br />
na imprensa.<br />
Dentro do processo judicial, a<br />
Usina Santa Terezinha e as<br />
outras 28 empresas arroladas<br />
na recuperação judicial vão<br />
precisar apresentar relatórios<br />
mensais com uma série de<br />
informações solicitadas pela<br />
juíza e serão analisados periodicamente<br />
os relatórios<br />
das movimentações financeiras<br />
de cada uma das empresas.<br />
4<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
CLIMA<br />
El Niño vai até a primavera<br />
O agrometeorologista Marco Antonio dos Santos falou<br />
sobre o assunto no 1° Encontro Sintegração <strong>2019</strong><br />
Num ano totalmente<br />
atípico, sem qualquer<br />
ano análogo, finalmente<br />
o El Niño se<br />
mostra iniciando no outono, o<br />
que é também bastante raro. A<br />
constatação foi feito pelo agrometeorologista<br />
Marco Antonio<br />
dos Santos, sócio-diretor da<br />
Rural Clima no 1° Encontro Sintegração<br />
<strong>2019</strong>, no dia 21 de<br />
março em Maringá (PR), onde<br />
falou sobre “Previsões Climáticas<br />
para a Safra <strong>2019</strong>: El Nino<br />
vem ou não?”.<br />
Marco citou que vários meteorologistas<br />
vinham apostando<br />
desde junho do ano passado na<br />
ocorrência do El Niño, que significa<br />
chuva em quantidade e<br />
qualidade no Sul do Brasil, além<br />
de, principalmente, altas temperaturas.<br />
Entretanto, o que se viu<br />
foram oscilações entre as características<br />
do El Niño e da La<br />
Niña, com estiagens entre o<br />
final do ano passado e início<br />
deste. “Era ano de El Niño, mas<br />
a atmosfera estava respondendo<br />
como La Niña. Só a partir<br />
de fevereiro deste ano é que<br />
o fenômeno se caracterizou<br />
fortemente. Em março tivemos<br />
o que deveria ser o nosso janeiro”,<br />
afirmou.<br />
Segundo Marco, todos os modelos<br />
de previsões climáticas<br />
indicam para um ano de altas<br />
temperaturas e manutenção do<br />
El Niño até a primavera, o que<br />
significa um outono e inverno<br />
chuvosos. Ele alerta, entretanto,<br />
que isso não significa ausência<br />
de geadas. “Em anos de El<br />
Niño, o risco de geadas é<br />
menor, mas nestes anos também<br />
ocorreram geadas mais<br />
intensas porque a massa polar<br />
que consegue romper o bloqueio<br />
também é mais intensa”.<br />
Isso pode significar problemas<br />
para o andamento da colheita<br />
de cana-de-açúcar nas principais<br />
regiões produtoras e<br />
menor concentração de ATR<br />
(Açúcar Total Recuperável) na<br />
cana-de-açúcar no período<br />
normalmente tido como ideal<br />
para a colheita e produção de<br />
açúcar.<br />
O Sintegração <strong>2019</strong>, evento<br />
promovido pela Syngenta em<br />
parceria com a Alcopar, contou<br />
ainda com outras palestras. O<br />
professor doutor Paulo Alexandre<br />
Monteiro de Figueiredo, da<br />
UNESP Dracena/SP, falou sobre<br />
os “Impactos Climáticos na Fisiologia<br />
da Cana-de-açúcar” e<br />
Adriano Mastro, da Syngenta,<br />
comentou sobre “Colletotrichum,<br />
um novo desafio para a<br />
cultura”. A palestra de encerramento<br />
do evento foi sobre os<br />
“Impactos Climáticos no Manejo<br />
do 3º Eixo e sobre como<br />
Minimizar esses Impactos”,<br />
com o pesquisador doutor Marcos<br />
Landell, do IAC de Ribeirão<br />
Preto/SP.<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 5
DOENÇAS<br />
Cresce e preocupa a ocorrência<br />
de podridão vermelha<br />
O fungo que causa a doença tem entrado direto no tecido das canas com baixo vigor,<br />
e não mais só pelo furo da broca, se tornando um problema muito mais sério<br />
Ofungo Colletotrichum<br />
falcatum, que causa<br />
uma doença conhecida<br />
como podridão<br />
vermelha, é um velho conhecido<br />
dos produtores de canade-açúcar.<br />
Normalmente, o<br />
fungo entra na planta pelo furo<br />
causado pela broca, mas sempre<br />
foi considerado um problema<br />
secundário na cultura.<br />
Nos últimos anos, com o acúmulo<br />
da palha no solo, que<br />
conserva a umidade do solo,<br />
mas serve de abrigo para pragas<br />
e doenças, entretanto, o<br />
fungo vem ganhando importância<br />
se tornando um novo<br />
desafio para a cultura da canade-açúcar.<br />
E o pior, o fungo tem entrado<br />
diretamente no tecido das canas<br />
com baixo vigor, e não<br />
mais somente pelo furo da<br />
broca, se tornando um problema<br />
muito mais sério, segundo<br />
Adriano Mastro, da empresa<br />
Syngenta, que falou sobre<br />
o assunto durante o 1º Sintegração<br />
<strong>2019</strong>, evento promovido<br />
pela empresa em parceria<br />
com a Alcopar.<br />
Citando consultas feitas aos<br />
pesquisadores doutor Álvaro<br />
Sanguino e doutor Modesto<br />
Barreto, Mastro disse que entre<br />
os danos causados pelo fungo<br />
estão a redução na produtividade<br />
em até 30%, redução da<br />
ATR (Açúcar Total Recuperável)<br />
de 10% a 30%, falhas na<br />
brotação da soqueira e canas<br />
usadas como mudas com até<br />
30% de falhas.<br />
Os sintomas são lesões avermelhadas<br />
nas nervuras das folhas,<br />
vasos avermelhados no<br />
interior do entrenó atacado e<br />
murchamento do internódio<br />
atacado, ficando a planta com<br />
vários internódios murchos,<br />
mas com o ponteiro verde, que<br />
é o que diferencia das demais<br />
doenças.<br />
Mastro ressaltou que a preocupação<br />
com a doença pelos<br />
pesquisadores consultados é<br />
porque, aparentemente, todas<br />
as variedades são suscetíveis,<br />
faltando pesquisas a respeito,<br />
e não há alternativas de controle.<br />
Ele comenta que a podridão<br />
vermelha tende a aumentar<br />
muito, já estando presente em<br />
toda a região Centro-Sul e que<br />
tem se comportado de forma<br />
muito agressiva.<br />
Dentre as medidas que ajudam<br />
a amenizar o problema, Mastro<br />
disse que recomendação é antecipar<br />
a safra em áreas com o<br />
problema, já que variedades<br />
colhidas do meio para o final da<br />
safra apresentam os maiores<br />
prejuízos, e reduzir a quantidade<br />
de resíduos da colheita. E<br />
cita o manejo da cigarrinha e<br />
da broca como o mais importante.<br />
Vários trabalhos foram realizados<br />
pela Syngenta com o objetivo<br />
de encontrar uma solução<br />
para o problema e os primeiros<br />
resultados mostram<br />
que um eficiente controle de cigarrinha<br />
e broca não mostrou<br />
uma tendência de menor incidência<br />
da podridão nas nervuras<br />
das folhas, mas diminuiu a<br />
incidência nos colmos.<br />
Também, o controle da cigarrinha<br />
e da broca e mais duas<br />
aplicações de Priori Xtra (acertando<br />
a época de controle para<br />
março e abril) proporcionaram<br />
menor incidência do fungo nas<br />
nervuras das folhas e incremento<br />
de 7 toneladas de cana<br />
em relação a testemunha. Também<br />
concluiu-se que não há<br />
necessidade do aumento da<br />
dose do fungicida, mas que o<br />
time de aplicação é o mais importante.<br />
“No próximo ano devemos<br />
ter resultados mais<br />
efetivos”, finalizou Mastro.<br />
Os sintomas são lesões<br />
avermelhadas nas<br />
nervuras das folhas,<br />
vasos avermelhados<br />
no interior do entrenó,<br />
murchamento e<br />
ponteiro verde<br />
6<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
Perfume<br />
DOIS<br />
PONTOS<br />
Biodiesel<br />
Feplana<br />
O Grupo Boticário lançou dois<br />
perfumes que usam etanol de<br />
segunda geração feito a partir<br />
da biomassa em suas fórmulas.<br />
De acordo com o grupo,<br />
em até cinco anos é possível<br />
que a maior parte dos produtos<br />
da empresa seja feita com<br />
álcool de segunda geração,<br />
versão mais verde. A meta da<br />
empresa é liderar um movimento<br />
no setor. A pegada do<br />
etanol celulósico é 35% menor<br />
que a do tradicional.<br />
Etanol em MT<br />
Somente neste ano, Mato<br />
Grosso deve receber mais<br />
de R$ 5 bilhões em investimento<br />
no setor de produção<br />
de etanol. Atualmente, o estado<br />
possui 11 indústrias<br />
que usam a cana de açúcar<br />
e o milho na produção do<br />
biocombustível. A previsão é<br />
que até o final do ano outras<br />
três entrem em operação,<br />
nos municípios em Sorriso,<br />
Unica<br />
Sinop e Campo Novo do Parecis.<br />
Elas vão usar o milho<br />
para produzir etanol. Cada<br />
uma dessas novas indústrias<br />
deve gerar entre 250 a 300<br />
empregos diretos. Mato<br />
Grosso produz 1.850 bilhão<br />
de litros de etanol por ano.<br />
Segundo o setor, esse volume<br />
deve triplicar nos próximos<br />
cinco anos, chegando<br />
a 5 bilhões de litros.<br />
O Presidente do Conselho de Administração da São Martinho,<br />
Marcelo Ometto, assumiu a Presidência do Conselho<br />
Deliberativo da União da Indústria de Canade-Açúcar,<br />
substituindo Pedro Mizutani, completando o<br />
tempo restante do mandato 2018/2020. Com mais de 30<br />
anos de experiência no setor, Ometto é graduado em administração<br />
de empresas pela Universidade de Ribeirão<br />
Preto e tem especialização em administração agrícola pela<br />
Fundação Getúlio Vargas, foi membro do Conselho Consultivo<br />
do Centro de Tecnologia Copersucar, membro do<br />
Conselho de Administração da Santa Cruz S.A. Açúcar a<br />
Álcool e presidente do Conselho de Administração da Nova<br />
Fronteira Bioenergia S.A.<br />
A mistura obrigatória de<br />
11% de biodiesel no diesel<br />
consumido no Brasil deve<br />
ficar para o segundo semestre<br />
deste ano, em mais<br />
um atraso ante as previsões<br />
iniciais, segundo a Associação<br />
Brasileira das Indústrias<br />
de Óleos Vegetais<br />
(Abiove). Foram realizados<br />
45 testes pela indústria automotiva<br />
com o chamado<br />
B15, com 15% de biodiesel.<br />
Do total, três análises apresentaram<br />
"inconformidades<br />
não conclusivas", comprometendo<br />
o cronograma para<br />
misturas intermediárias,<br />
como o B11. A recomendação<br />
da Associação<br />
Nacional dos Fabricantes de<br />
Veículos Automotores contra<br />
o B15 foi feita em fevereiro,<br />
o que resultou em<br />
atraso para a entrada do<br />
B11, prevista para junho.<br />
Ainda assim, aposta que há<br />
espaço para o B11 ainda<br />
neste ano. As principais associações<br />
representativas<br />
do setor - Abiove, Aprobio e<br />
Ubrabio - já divulgaram documento<br />
em que dizem que<br />
um eventual atraso na implantação<br />
do B11 afetaria<br />
todo o cronograma de misturas<br />
e poderia até atrapalhar<br />
o RenovaBio, a nova<br />
política nacional de biocombustíveis.<br />
Ethanol Summit<br />
O Ethanol Summit <strong>2019</strong>,<br />
maior evento do setor sucroenergético<br />
da América Latina,<br />
ocorrerá nos dias 17 e 18 de<br />
junho, na Fecomércio, em<br />
São Paulo. Durante dois dias,<br />
autoridades nacionais e internacionais,<br />
empresários, acadêmicos<br />
e especialistas debaterão<br />
os principais temas<br />
do setor para um público de<br />
cerca de 1.200 pessoas, entre<br />
brasileiros e estrangeiros.<br />
Serão realizados 18 painéis e<br />
quatro plenárias, com temas<br />
como políticas públicas, comércio<br />
internacional, infraestrutura,<br />
bioeletricidade, biocombustíveis<br />
de segunda geração<br />
e inovação, entre outros.<br />
A apresentação será do<br />
jornalista William Waack, que<br />
completa 10 anos no comando<br />
do evento. Essa edição<br />
do Ethanol Summit terá<br />
um espaço inédito exclusivo<br />
para startups focadas no<br />
agronegócio e especificamente<br />
na indústria da canade-açúcar.<br />
O atual presidente da Federação<br />
dos Plantadores<br />
de Cana do Brasil (Feplana).<br />
Alexandre Lima,<br />
foi reconduzido para<br />
mais um mandato durante<br />
Assembleia Geral<br />
Ordinária da entidade. O<br />
dirigente canavieiro, que<br />
foi eleito, junto com os<br />
demais membros da diretoria,<br />
responderá pela<br />
presidência durante o<br />
triênio <strong>2019</strong>/2022.<br />
Dívida<br />
O endividamento das usinas<br />
e destilarias brasileiras<br />
em março deste ano atingiu<br />
R$ 100,05 bilhões, alta de<br />
12,44% sobre igual período<br />
o ano passado, recorde<br />
para o período. A estimativa<br />
é da Archer Consulting. Segundo<br />
a consultoria, a elevação<br />
da dívida do setor<br />
ocorreu pela valorização do<br />
dólar em relação ao real e<br />
representa cerca de R$ 180<br />
por tonelada moída de<br />
cana-de-açúcar.<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 7
PROJETO<br />
Usina Jacarezinho investe<br />
em cultura e educação<br />
Serão oferecidas, gratuitamente, aulas de balé e danças urbanas<br />
para crianças e adolescentes matriculados na rede pública de ensino<br />
Oprojeto “Bom de<br />
Nota, Bom de Dança”,<br />
terá seu primeiro<br />
núcleo inaugurado<br />
na cidade de Jacarezinho,<br />
no <strong>Paraná</strong>, neste primeiro<br />
semestre de <strong>2019</strong>, para<br />
beneficiar crianças e adolescentes<br />
do município.<br />
A iniciativa é patrocinada pela<br />
Usina Jacarezinho, através da<br />
lei de incentivo à cultura, e faz<br />
parte do Plano Anual da Associação<br />
Pró-Esporte e Cultura<br />
(APEC).<br />
Segundo Sabrina Mendes,<br />
responsável pela área de responsabilidade<br />
social da empresa,<br />
a ideia central do “Bom<br />
de Nota, Bom de Dança” é<br />
apresentar uma nova perspectiva<br />
de mundo para os<br />
alunos, colocando a dança<br />
como extensão do aprendizado<br />
em sala de aula. “O projeto<br />
atende de forma gratuita<br />
e fornece uniforme e lanche<br />
para as crianças e será de<br />
grande importância, uma vez<br />
que irá oferecer atividades no<br />
contra turno escolar”, ressalta.<br />
Eduardo Zanello, da Associação<br />
Pró-Esporte, conta que o<br />
projeto tem como objetivo estimular<br />
o aluno a buscar<br />
novos desafios e oferecer atividades<br />
que tragam regras e<br />
benefícios que serão fundamentais<br />
para o desenvolvimento<br />
pessoal: “O projeto<br />
não beneficiará somente os<br />
melhores alunos, muito pelo<br />
contrário, será uma grande<br />
oportunidade para que cada<br />
criança e adolescente supere<br />
suas dificuldades a cada dia<br />
e isso reflita no desempenho<br />
escolar”.<br />
Para Eduardo Lambiasi, diretor<br />
Corporativo do Grupo Maringá,<br />
do qual a Usina<br />
Jacarezinho faz parte, projetos<br />
desta forma são garantia<br />
de sucesso, pois investem no<br />
futuro: “Nada melhor que o<br />
esporte e a cultura para colaborar<br />
na formação cidadã de<br />
nossas crianças e adolescentes”.<br />
Além da formação cultural<br />
com as aulas de danças urbanas<br />
e balé, o projeto “Bom<br />
de Nota, Bom de Dança” também<br />
trabalha metodologia de<br />
controle de talentos, incentivando<br />
a frequência e o bom<br />
comportamento escolar. Ao<br />
todo serão beneficiadas cerca<br />
de 70 crianças e adolescentes,<br />
com idade entre sete e 14<br />
anos.<br />
Além da formação cultural, projeto incentiva a<br />
frequência e o bom comportamento escolar<br />
8 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>