Allan Kardec - O que é o Espiritismo
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
O QUE É O ESPIRITISMO 87<br />
se produzam espontaneamente, sem pretender forçá-los ou<br />
dirigi-los; a<strong>que</strong>le <strong>que</strong> mais desejais será, talvez, precisamente<br />
o <strong>que</strong> não obtereis; virão, por<strong>é</strong>m, outros, e o <strong>que</strong> <strong>que</strong>reis se<br />
apresentará, quando menos o esperardes.<br />
Aos olhos do observador atento e assíduo surgem eles<br />
inumeráveis, corroborando-se uns aos outros; mas <strong>que</strong>m<br />
acreditar <strong>que</strong> basta tocar a manivela, para fazer <strong>que</strong> a máquina<br />
ande, engana-se redondamente.<br />
Que faz o naturalista quando <strong>que</strong>r estudar os hábitos de<br />
um animal? Mandá-lo-á fazer tal ou qual coisa, para com vagar<br />
observá-lo à sua vontade? Não; por<strong>que</strong> bem sabe <strong>que</strong> o animal não<br />
lhe obedecerá; mas espreita as manifestações espontâneas do<br />
instinto do animal; espera-as e colhe-as na passagem. O simples<br />
bom-senso mostra <strong>que</strong>, com mais forte razão, deve proceder-se do<br />
mesmo modo com os Espíritos, <strong>que</strong> são inteligências muito mais<br />
independentes <strong>que</strong> as dos animais.<br />
É erro crer <strong>que</strong> se exija f<strong>é</strong> antecipada de <strong>que</strong>m <strong>que</strong>r<br />
estudar; o <strong>que</strong> se exige <strong>é</strong> boa-f<strong>é</strong>, aliás coisa diversa; ora, há<br />
c<strong>é</strong>pticos <strong>que</strong> negam at<strong>é</strong> a evidência e aos quais os próprios<br />
prodígios não convenceriam.<br />
Quantos deles, depois de haverem visto, não<br />
persistem ainda em explicar os fatos a seu modo, dizendo <strong>que</strong><br />
o <strong>que</strong> viram nada prova? Essas pessoas só servem para trazer<br />
perturbação ao seio das reuniões, sem <strong>que</strong> elas mesmas lucrem<br />
coisa alguma; por isso, deixamo-las à margem, por não<br />
<strong>que</strong>rermos com elas perder nosso tempo.<br />
Muitos at<strong>é</strong> ficariam incomodados, se se vissem<br />
forçados a crer, por terem de ferir seu amor-próprio com a<br />
confissão de se haverem enganado.<br />
Que se pode responder a <strong>que</strong>m não vê por toda parte<br />
senão ilusão e charlatanismo? Nada; <strong>é</strong> melhor deixá-los<br />
tranqüilos e dizerem tanto quanto quiserem, <strong>que</strong> nada viram,<br />
e, mesmo, <strong>que</strong> nada se pôde ou se quis mostrar-lhes.<br />
Ao lado desses c<strong>é</strong>pticos endurecidos estão os <strong>que</strong><br />
<strong>que</strong>rem ver a seu modo, <strong>que</strong>, tendo formado uma opinião,<br />
pretendem por ela explicar tudo; estes não compreendem <strong>que</strong>