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18 | <strong>MAIO</strong> <strong>2019</strong> | LUSITANO DE ZURIQUE | www.cldz.eu<br />
COMUNIDADE<br />
O nosso objectivo é aumentar a proximidade<br />
com todos grupos Folclóricos<br />
para a nova Federação?<br />
— L.M. Tenho 3 pontos para mim essenciais:<br />
em primeiro, melhorar a imagem da<br />
Federação; em segundo, preparar formação<br />
para transmitir aos dirigentes de todos<br />
os grupos; e por fim, federar mais grupos.<br />
L.Z. - Os nossos grupos Folclóricos têm<br />
uma filosofia muito própria e nem sempre<br />
é fácil chegar a um bom diálogo. Como pretendes<br />
abrir esta barreira?<br />
— L.M. Aceitar e compreender a filosofia<br />
dos grupos. Compreender as bases desses<br />
mesmos. Respeitar a história deles.<br />
Todos nos que andamos num grupo folclórico<br />
no estrangeiro. Sabemos como começamos<br />
e como começaram a maior parte<br />
dos grupos. Dai achar que será possível<br />
ajuda-los a evoluir sem os criticar, como<br />
foi feito até bem pouco tempo atrás.<br />
Luís Martins com o Presidente da Federação<br />
Luis Martins nasceu em Vale de Cambra.<br />
e as suas raízes culturais profundamente<br />
assumidas, levaram-no a<br />
fazer parte da Associação Portuguesa<br />
de Sierre e do Rancho folclórico da<br />
mesma, onde permaneceu até ao ano<br />
de 2017.<br />
Em 2006 integra a equipa da Federação<br />
Portuguesa de Folclore e Etnografia<br />
na Suíça.<br />
Foi no passado mês de Março, que Rui<br />
Abreu apresenta uma nova lista, saindo<br />
vencedor e com ela, transporta o<br />
Luis Martins, que assume a presidência<br />
da Assembleia Geral.<br />
VA Maria dos Santos<br />
Lusitano Zurique - Luis Martins, depois de<br />
tantos anos no meio associativo, como vês<br />
a evolução da nossa cultura folclórica?<br />
— Luis Martins - Depende de que ponto de<br />
vista nos situamos. No meu ponto de vista<br />
acho que não há grande evolução, acho<br />
que há muitos grupos, que eu considero<br />
de divertimento, de animação, de barulho.<br />
E acho muito bem que assim seja. Mas infelizmente<br />
acho que há pouca evolução<br />
devido à falta de formação dos directores<br />
e responsáveis.<br />
Os directores não se deveriam limitar só a<br />
olhar a organização de festivais e participação<br />
em outros festivais. Deviam, e acentuo<br />
estas minhas palavras, também se formar<br />
para poderem transmitir aos componentes<br />
melhores informações sobre o trajar, sobre<br />
o representar e o que representam.<br />
L.Z. - Como sabemos na Suíça existem<br />
muitos Ranchos folclóricos e muitos outros<br />
acabaram por desaparecer. Onde reside o<br />
problema para a não sobrevivência dos<br />
grupos?<br />
— L.M. - A dificuldade reside no facto de<br />
haver dificuldade em haver componentes<br />
que integrem os grupos, de haver directores<br />
que estejam de acordo em disponibilizar<br />
muito tempo para formar um grupo.<br />
Penso que cada vez vai ser mais difícil.<br />
Quero só fazer um parêntese sobre algo<br />
que acho que também está a dificultar o<br />
movimento folclórico que são os grupos<br />
de concertinas. Vejam quantos grupos de<br />
concertinas têm emergido.. Um grupo de<br />
concertinas será sempre muito mais fácil<br />
de gerir, pois não tem grande pesquisa, só<br />
tem a aprendizagem do tocador. De resto<br />
não tem investimento em trajes, etc, E<br />
claro não tem tanto rigor, dai que muitos<br />
fogem dos ranchos folclóricos para as<br />
concertinas.<br />
L.Z. - Podemos dizer que o nosso folclore<br />
vai ter que acabar por aceitar a mesma evolução,<br />
que o fado, e termos grupos da nova<br />
geração e outros grupos que permanecem<br />
fiéis as raízes da antiguidade?<br />
— L.M. Todos os grupos tem direito de evoluir<br />
como querem, como até aqui. Haverá<br />
sempre grupos que terão uma filosofia e<br />
outros que terão outra.<br />
L.Z. - Como actual presidente da Assembleia<br />
geral da F.P.F.E.S., quais são as prioridades<br />
deste novo grupo de trabalho?<br />
— L.M. Acho que a grande prioridade deste<br />
grupo de trabalho será de se aproximar<br />
mais dos grupos federados e também daqueles<br />
que não são.<br />
Aproveito para lhes transmitir que podem<br />
contar com todos os elementos da estrutura<br />
federativa para os ajudar e apoiar.<br />
L.Z. - Certamente terás projectos que já sonhastes<br />
realizar, outros que terão surgido<br />
nos últimos tempos. Que propostas tens<br />
L.Z. - Ao longo dos anos temos assistido<br />
a um folclore dominante do Norte de Portugal.<br />
Não seria também bom começar a<br />
mostrar outros grupos de regiões mais do<br />
centro e sul de Portugal?<br />
— L.M. Sim estou de acordo, mas mais uma<br />
vez serão sempre os corpos directivos dos<br />
grupos a decidir. Talvez esta região será<br />
também a mais representada, por haver<br />
mais pessoas desta mesma região.<br />
L.Z. - Como incentivar os grupos a mostrar<br />
mais etnografia, até porque é algo de que<br />
o público gosta e é muito aplaudido, mas<br />
pouco praticado na Suíça?<br />
— L.M. Passará, penso eu, pela informação<br />
e formação da parte da federação.<br />
L.Z. - Até onde vai a margem de tolerância<br />
da F.P.F.E.S? Sabemos que os nossos jovens,<br />
estão cada vez mais tatuados, as meninas<br />
não prescindem das unhas de gel, da<br />
maquilhagem, das pestanas postiças…etc.<br />
Poderá este conjunto de dados, afastar os<br />
nossos jovens do folclore?<br />
— L.M. Eu fui responsável durante muitos<br />
anos de um grupo folclórico e, graças a<br />
deus, tinha muitos jovens, muitos mesmo.<br />
Foi um orgulho ter trabalhado com eles.<br />
E eles sempre aceitaram esconder as tatuagens,<br />
esconder as unhas e trajar como<br />
achávamos que seria a melhor representação<br />
da região que representava-mos.<br />
Possível é, depois vai da comunicação e<br />
liderança de cada responsável.<br />
L.Z. - Como presidente da assembleia geral<br />
da F.P.F.E.S, o que tens a dizer á nosso<br />
comunidade folclórica?<br />
— L.M. Que podem contar com o novo<br />
elenco directivo da federação, que não tenham<br />
medo de nos contactar. E que tentem<br />
se orientar por grupos em Portugal<br />
para poderem ter bases e origens para a<br />
suas representações.