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Edição: maio| junho de 2019

Edição: maio| junho de 2019

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AMOREPACIFIC (SEUL)<br />

NOVO ESCRITÓRIO DO LETRAS (BELO HORIZONTE) | ALOUD SHOWROOM (ESTOCOLMO)<br />

CASA DE CAMPO (BRAGANÇA PAULISTA) | BAR DO COFRE SUBASTOR (SÃO PAULO) | FOTO LUZ FOTO: GABRIEL CASTRO<br />

1


2 3


4 5


SUMÁRIO<br />

2º Trimestre 2019<br />

edição <strong>73</strong><br />

46<br />

52<br />

58<br />

Takumi Ota<br />

Daniel Romeiro<br />

62<br />

68<br />

74<br />

82<br />

10<br />

46<br />

¿QUÉ PASA?<br />

AMOREPACIFIC<br />

52<br />

58<br />

62<br />

68<br />

NOVO ESCRITÓRIO DO LETRAS<br />

Cores e materiais sob a regência da luz<br />

ALOUD SHOWROOM<br />

Som cintilante<br />

CASA EM BRAGANÇA PAULISTA<br />

Linhas contemporâneas, alma orgânica<br />

BAR DO COFRE SUBASTOR<br />

Le coffre rouge<br />

74<br />

MILÃO 2019<br />

82<br />

FOTO LUZ FOTO<br />

Gabriel Castro<br />

6 7


Romulo Fialdini<br />

Thiago Gaya<br />

publisher<br />

AMOREPACIFIC<br />

Iluminação: Arup Alemanha<br />

Foto: Arup Alemanha, Noshe<br />

Orlando Marques<br />

editor-chefe<br />

SOBRIEDADE E OUSADIA<br />

Não é sempre que temos a oportunidade de publicar o trabalho de David<br />

Chipperfield, um dos arquitetos mais habilidosos na criação de espaços<br />

que harmonicamente dialogam com a escala, os sentidos humanos e a<br />

paisagem de seu entorno.<br />

Seu trabalho parece estar sempre orientado pela contextualização<br />

dos problemas a serem resolvidos no terreno, na cidade e no uso dos<br />

espaços. Os resultados se traduzem em edifícios sólidos; sóbrios em<br />

caráter e ousados em atitude.<br />

Capa desta edição, a sede da Amorepacific na capital sul-coreana<br />

personifica todos esses predicados, reforçados pela abordagem do projeto<br />

de iluminação da Arup Lighting para o edifício.<br />

Apresentamos também o projeto de iluminação da ÅF Lighting para<br />

o Aloud Showroom, em Estocolmo, projeto dedicado à interpretação<br />

do espaço pela luz. Trazemos ainda o recém-inaugurado Bar do Cofre<br />

SubAstor, em São Paulo, projeto da Lit Arquitetura de iluminação; e o<br />

projeto para uma residência de campo em Bragança Paulista, do escritório<br />

Castilha Iluminação. Outro destaque é o novo escritório do site letras.mus.<br />

br em Belo Horizonte, projeto da Atiaîa Lighting Design, cujas imagens<br />

do arquiteto Gabriel Castro foram selecionadas para participar da seção<br />

Foto Luz Foto, também nesta edição.<br />

Recém-chegado de Milão, nosso colaborador Carlos Fortes traz as<br />

novidades da Euroluce 2019, uma das maiores exposições de iluminação<br />

e design do mundo, que ele cobriu.<br />

Da idílica cidade uruguaia Colônia de Sacramento, apresentamos a<br />

cobertura da quinta edição do Encontro Iberoamericano de Lighting Design<br />

(EILD), cujo tema, “Comunicação”, provou que juntos somos mais fortes.<br />

PUBLISHER<br />

Thiago Gaya<br />

EDITOR-CHEFE<br />

Orlando Marques<br />

DIRETORA DE ARTE<br />

Thais Moro<br />

REPORTAGENS DESTA EDIÇÃO<br />

Carlos Fortes, Débora Torii, Gilberto Franco,<br />

Orlando Marques, Valentina Figuerola<br />

REVISÃO<br />

Débora Tamayose<br />

CIRCULAÇÃO E MARKETING<br />

Márcio Silva<br />

PUBLICIDADE<br />

Lucimara Ricardi | diretora<br />

PARA ANUNCIAR<br />

comercial@editoralumiere.com.br<br />

T 11 3062.2622<br />

PARA ASSINAR<br />

assinaturas@editoralumiere.com.br<br />

T 11 3062.2622<br />

ADMINISTRAÇÃO<br />

administracao@editoralumiere.com.br<br />

T 11 3062.2622<br />

Impressão e Acabamento: Ipsis<br />

Boa leitura!<br />

Orlando Marques<br />

Editor-chefe<br />

PUBLICADA POR<br />

Editora Lumière Ltda.<br />

Rua João Moura, 661 – cj. 72, 05412-001<br />

São Paulo SP, T 11 3062.2622<br />

www.editoralumiere.com.br<br />

8 9


Johannes Roloff (Licht Kunst Licht AG)<br />

Johannes Roloff (Licht Kunst Licht AG)<br />

1 2 3<br />

Germano Borrelli<br />

Tim Nguyen/Citrus Photo<br />

4<br />

Divulgação<br />

Divulgação<br />

5 6<br />

¿QUÉ PASA?<br />

2º LIT DESIGN AWARDS<br />

Entre os designers emergentes, Adam Kostiuk foi premiado como<br />

Após o grande sucesso e a repercussão de sua primeira<br />

Arrangements, criada por Michael Anastassiades para a Flos Além disso, os fundadores do LIT Design Awards estarão<br />

10<br />

3 , que teve como inspiração a relação entre luz e joias. presentes no 10º LEDforum, para promover a premiação. (D.T.)<br />

11<br />

edição no ano passado, os LIT Design Awards chegam ao “Emerging Lighting Designer of the Year” pela iluminação cênica para<br />

seu segundo ano com algumas novidades. A premiação, o espetáculo *antigone lives 4 , uma adaptação contemporânea da<br />

oferecida pelo Farmani Group com o objetivo de trazer tragédia grega Sete contra Tebas; já a luminária Ecliptic 5 6 , criada pela<br />

reconhecimento aos esforços de lighting designers e de estudante Xiaoqing Long, foi a vencedora na categoria “Emerging<br />

designers de produtos de iluminação de todo o mundo, teve Lighting Product Design of the Year”. Ambos receberão um prêmio<br />

seus vencedores anunciados no mês de março, escolhidos de mil dólares em dinheiro, como incentivo para a realização de<br />

por um júri composto de 24 experientes e proeminentes projetos futuros, além de serem reconhecidos internacionalmente,<br />

membros da comunidade da iluminação mundial, incluindo por meio da ampla divulgação de seus projetos.<br />

o publisher Thiago Gaya e o editor-chefe Orlando Marques, Entre os brasileiros premiados, destacam-se os projetos<br />

ambos da <strong>L+D</strong>, e a lighting designer brasileira Mônica Lobo. Bar dos Arcos, do Studio 220v e da There is Light, na categoria<br />

Entre os prêmios destinados aos profissionais, o iluminação de hotéis e restaurantes; Casa 01 da Allume<br />

vencedor da categoria “Lighting Designer of the Year” foi Arquitetura de Iluminação, na categoria iluminação residencial; e<br />

o escritório alemão Licht Kunst Licht, comandado pela a Nova Sede da Localiza, da Mingrone Iluminação, na categoria<br />

lighting designer Martina Weiss – palestrante confirmada no iluminação de espaços de trabalho.<br />

10º LEDforum, neste ano –, por seu projeto de iluminação O projeto do novo escritório do Letras, da Atiaîa Lighting<br />

para o estacionamento de bicicletas do grupo farmacêutico Design, recebeu menção honrosa na categoria espaços de<br />

Novartis, em Basel, Suíça 1 . O escritório ainda foi premiado trabalho e a joalheria Sauer, projeto do Estúdio Carlos Fortes,<br />

na categoria “Ambient Lighting” pelo projeto de iluminação recebeu menção honrosa na categoria iluminação arquitetural de<br />

para uma cafeteria em Dusseldorf 2 . O prêmio de “Lighting interiores. Todos os vencedores estarão presentes na publicação<br />

Product Design of The Year” foi para a coleção de pendentes 2nd Annual LIT Catalogue of Lighting Designs and Implementation.


1<br />

2<br />

Patrik Gunnar Helin<br />

Iris Molendijk<br />

Camilla Joels<br />

Divulgação<br />

Korhan Karaoysal<br />

3 4<br />

5<br />

¿QUÉ PASA?<br />

40UNDER40<br />

A lista dos vencedores da 4ª edição dos prêmios 40under40,<br />

anunciados recentemente, parece estar em total consonância<br />

com os atuais movimentos em prol do empoderamento<br />

feminino: 31 mulheres e nove homens, de 14 nacionalidades<br />

diferentes, foram escolhidos para receber o prêmio por sua<br />

contribuição para o crescimento e a continuidade da profissão.<br />

Criada em comemoração aos 40 anos dos Lighting Design<br />

Awards, a premiação seleciona e homenageia, anualmente,<br />

os indivíduos mais talentosos e promissores da indústria da<br />

iluminação – sejam eles lighting designers, arquitetos, artistas<br />

ou qualquer outro profissional relacionado, capaz de trabalhar<br />

a iluminação arquitetural de maneira criativa e competente.<br />

Entre as vencedoras, estão cinco lighting designers pós-<br />

-graduadas no mestrado oferecido pelo Lighting Laboratory,<br />

da universidade KTH Royal Institute of Technology, em<br />

Estocolmo, Suécia: Katia Kolovea 1 , fundadora da plataforma<br />

digital Archifos e colaboradora do projeto Women in Lighting;<br />

Sebnem Gemalmaz 2 , coordenadora de projetos na sede<br />

da Arup em Istambul, Turquia; Natalie Redford 3 , diretora<br />

associada do KSLD | EFLA Lighting Design e antiga docente<br />

do Lighting Laboratory; Mieke van der Velden 4 , lighting<br />

designer sênior no Beersnielsen Lighting Designers e palestrante<br />

do 9º LEDforum em 2018; e Diana Joels 5 , única brasileira da<br />

lista deste ano, fundadora do projeto concepDUAL e membro da<br />

diretoria da Associação Brasileira de Arquitetos de Iluminação<br />

(AsBAI) e de diversas organizações internacionais.<br />

Neste ano, o júri responsável pela seleção, foi formado<br />

pelo lighting designer e educador norte-americano Glenn<br />

Shrum, pela professora doutora polonesa baseada na Suíça<br />

Karolina Zielinska-Dabkowska, pelo pesquisador e professor<br />

britânico Peter Raynham e por Jill Entwistle e Ray Molony,<br />

respectivamente editora e publisher da Lighting Magazine,<br />

organizadora da premiação.<br />

A cerimônia de premiação acontecerá no dia 16 de maio<br />

em Londres, Reino Unido, juntamente com a entrega dos<br />

prêmios do Lighting Design Awards. Nossos parabéns a essa<br />

turma tão talentosa e, em especial, à Diana e aos demais<br />

alumni da KTH! (D.T.)<br />

12 13


Imagens: Reinaldo Coser<br />

¿QUÉ PASA?<br />

JERRY!<br />

Inspirada nas referências arquitetônicas presentes no<br />

universo dos desenhos infantis, a luminária de piso Jerry!,<br />

assinada pelo studio mk27, foi lançada com exclusividade no<br />

Brasil pela Puntoluce em março. Concebida pelo arquiteto e<br />

designer brasileiro Marcio Kogan, fundador do estúdio de<br />

arquitetura, em parceria com o arquiteto Pedro Ribeiro, a peça<br />

foi criada para a marca espanhola Parachilna, especializada<br />

em iluminação decorativa, em cujo catálogo constam peças<br />

desenhadas por um seleto grupo de designers convidados,<br />

do qual o arquiteto brasileiro passa agora a fazer parte.<br />

Constituída de uma chapa de alumínio branca cortada<br />

a laser, medindo 1,40 metro de altura por 0,80 metro de<br />

largura, a peça apresenta um recorte em forma de arco em<br />

sua base, remetendo à entrada da “casa” de um rato, um<br />

elemento clássico dos desenhos animados. Desse recorte é<br />

emitida uma luz difusa, em tom branco quente, que estimula<br />

a imaginação. A placa de alumínio é inclinada em relação à<br />

sua face posterior, que, pintada na cor preta, “desaparece”<br />

ao ser apoiada na parede, conferindo um aspecto<br />

tridimensional à peça por meio das sombras geradas. Esse<br />

efeito é potencializado pela luz indireta emitida desde a face<br />

superior da luminária, separando o plano da luminária do<br />

plano da parede.<br />

“Mesmo quando apagada, a peça estimula a imaginação<br />

contando histórias. Quem está dentro da parede? O que<br />

acontece do lado de lá? O buraco é uma passagem para o<br />

universo paralelo. Aparentemente Jerry não está por perto!”,<br />

instigam os designers. (D.T.)<br />

14 15


Imagens: Javier Calleja<br />

¿QUÉ PASA?<br />

CONSTÂNCIA E MUTAÇÃO<br />

A nova sede da empresa italiana Pratic Spa, especializada policarbonato, com 4 centímetros de espessura, fixados à<br />

na fabricação de sistemas de proteção solar, tornou-se um estrutura de concreto pré-fabricado. Apesar de se assemelharem<br />

marco na paisagem da pequena Udine, no norte da Itália. a vidros quando observados a distância, os painéis apresentam<br />

O projeto, concebido pelo escritório Geza – Gri e Zucchi uma camada opaca que impede a passagem da luz, protegendo<br />

Architetti Associati, previu a construção do complexo em duas as áreas de produção no interior do edifício e camuflando<br />

etapas, aliando a eficiência à simplicidade e criando uma forte a estrutura dele. Externamente, essas placas são cobertas<br />

identidade visual para o complexo industrial que, ao mesmo por outro tipo de policarbonato, texturizado, que possibilita<br />

tempo, se relaciona intimamente com a paisagem local. a reflexão do céu e da paisagem do entorno. Dessa forma, a<br />

O primeiro volume foi construído em 2011 e tem sua fachada desse volume muda constantemente de aparência,<br />

fachada revestida de painéis de concreto pré-fabricado nas sob influência do momento do dia ou do clima, que afetam as<br />

cores cinza e preta. Produzidos com britas de diferentes condições do céu e da luz do sol.<br />

tamanhos, os painéis apresentam variadas tonalidades e Apesar de contar exatamente com a mesma área e proporção<br />

texturas, o que confere, com as aberturas das janelas, um da construção inicial, o segundo volume apresenta um aspecto<br />

interessante ritmo à fachada do extenso volume, com área de leve e mutante, em oposição à imagem pesada e permanente<br />

cerca de 9 mil metros quadrados.<br />

do edifício adjacente. “Essa construção demonstra que a<br />

A expansão, concluída em 2018, foi construída de maneira arquitetura industrial pode agregar valor à paisagem, além de<br />

adjacente ao edifício original e apresenta um aspecto de otimizar a qualidade do ambiente de trabalho. É uma excelente<br />

continuidade por meio do ritmo comum das aberturas das oportunidade para repensar a relação entre a arquitetura e a<br />

janelas. No entanto, o aspecto escuro e granuloso do volume natureza, devolvendo o ser humano ao seu papel central nesse<br />

preexistente dá lugar a uma pele refletiva e iridescente, que contexto”, declaram os arquitetos Stefano Gri e Piero Zucchi,<br />

parece 16 se dissolver no céu. A fachada consiste de painéis de fundadores do escritório. (D.T.)<br />

17


Arturo Peruzzotti<br />

Georgina Alassia<br />

¿QUÉ PASA?<br />

O BRILHO DOS REINOS<br />

O amor pelas formas e pelos processos da natureza e o<br />

interesse pelas ciências naturais levaram a artista e escultora<br />

Celina Saubidet e a designer industrial Marina Molinelli Wells<br />

à fundação do estúdio Cabinet Óseo, dedicado à investigação<br />

da anatomia humana e à sua rematerialização em joias,<br />

esculturas e instalações. Grande parte de suas últimas obras e<br />

investigações foi exibida na mostra Reinos, no Museu Nacional<br />

de Arte Decorativo, em Buenos Aires, Argentina.<br />

Coube ao arquiteto e lighting designer argentino Arturo<br />

Peruzzotti a missão de iluminar a exposição, o que ele conta<br />

ter sido um processo complexo em decorrência das variadas<br />

escalas das obras expostas e também da arquitetura do<br />

museu, sediado em um antigo palácio de estilo francês, cujos<br />

salões amplos e de pé-direito alto são repletos de detalhes<br />

típicos do estilo e da época. Em resposta a esses desafios, o<br />

lighting designer propôs como conceito que o espaço fosse<br />

iluminado somente por meio da reflexão da luz incidente nas<br />

próprias obras, o que proporcionaria uma atmosfera dramática<br />

em decorrência do alto contraste resultante. “Era como se<br />

o museu estivesse fechado, apagado, e a mostra o tivesse<br />

invadido com seu brilho e seus reflexos”, relata Peruzzotti.<br />

Para isso, os sistemas de iluminação do museu foram<br />

desligados, e luminárias especiais foram desenvolvidas<br />

para cada um dos setores da exposição. No hall, as grandes<br />

esculturas orgânicas chamadas de Crisálidas foram destacadas<br />

individualmente por luzes pontuais fixadas nos próprios<br />

lustres existentes no museu. Por serem pintadas na cor<br />

branca, pareciam emitir luz própria, destacando-se em meio<br />

à penumbra do salão. Em oposição, no salão que costumava<br />

abrigar a sala de jantar do palácio, foram expostos os “Cristais<br />

de Memória” – frágeis recordações de viagens, como folhas<br />

secas e conchas, eternizadas por meio do processo de<br />

eletrólise, que as recobre e as funde a uma camada de cobre,<br />

transformando-as em joias. As peças foram exibidas em<br />

uma extensa mesa construída especialmente para a mostra,<br />

dotada de iluminação integrada em suas laterais. Objetos<br />

similares, em escala ligeiramente maior, foram expostos no<br />

Salão Fumoir dentro de cubos de vidro, cuja face superior foi<br />

pintada de branco, de maneira a difundir a luz zenital incidente,<br />

eliminando brilhos pontuais sobre as peças. A última sala<br />

da exposição foi preenchida com as Filigranas, constituídas<br />

de bronze e cobre, remetendo a vistas microscópicas dos<br />

tecidos que compõem o corpo humano. Buscando valorizar<br />

as sombras projetadas pelas esculturas sobre os suportes<br />

brancos de lã de alpaca aos quais estavam fixadas, as obras<br />

foram iluminadas de maneira pontual, por meio de projetores<br />

dotados de acessórios para controle do fluxo e da forma do<br />

facho, gerando sombras precisas. (D.T.)<br />

18 19


Imagens: Lido Vannucchi<br />

¿QUÉ PASA?<br />

AMOR À VAPOR<br />

Durante a semana de design de Milão foi inaugurado na<br />

cidade o restaurante AMOR, comandado pelo Alajmo Group,<br />

conhecido pelas pizzas cozidas a vapor patenteadas pelo<br />

chef italiano Massimiliano Alajmo. Concebida como a loja a<br />

flagship de uma série de outros estabelecimentos planejados<br />

pela rede, a casa teve seus interiores projetados pelo designer<br />

francês Philippe Starck, que procurou com seu conceito<br />

traduzir a simplicidade, a pureza e o caráter de exclusividade<br />

relacionados à marca.<br />

O recém-inaugurado estabelecimento é descendente do<br />

restaurante AMO, comandado pelo mesmo grupo, cuja sede<br />

na icônica cidade italiana de Veneza inspirou o projeto de<br />

Starck. Como identidade para o novo restaurante, o designer<br />

criou uma máscara inspirada no tradicional símbolo<br />

veneziano, adaptada a uma linguagem contemporânea e<br />

divertida. Cerca de cem delas decoram as paredes do salão<br />

na forma de arandelas, as quais iluminam suavemente o<br />

espaço por meio de luz indireta e lhe conferem um espírito<br />

moderno e vibrante.<br />

Como forma de ressaltar o caráter inovador do método de<br />

cocção desenvolvido pelo chef Alajmo, Starck desenvolveu<br />

um sistema criativo que incorpora, em uma mesma cúpula,<br />

a iluminação e o sistema de vapor que finaliza o cozimento<br />

dos discos de pizza. Fixadas a um sistema de polias, as<br />

cúpulas douradas podem ser movimentadas verticalmente,<br />

fazendo brilhar as pizzas no balcão enquanto são finalizadas<br />

pelos cozinheiros sob os olhares curiosos – e famintos – dos<br />

clientes. (D.T.)<br />

20 21


22 23


¿QUÉ PASA?<br />

DIMERIZANDO O SOL<br />

Leandro de Carvalho<br />

O combate ao crescente e urgente problema do<br />

aquecimento global pode ganhar um importante reforço<br />

neste ano, de acordo com um grupo de pesquisadores da<br />

Universidade de Harvard em Cambridge, Massachussets,<br />

Estados Unidos. Atuantes no segmento da Geoengenharia –<br />

que propõe a realização de intervenções climáticas de grande<br />

escala como atenuadoras dos efeitos do aquecimento global –,<br />

os cientistas pretendem, ainda na primeira metade de 2019,<br />

pulverizar a estratosfera terrestre com partículas de carbonato<br />

de cálcio, com a esperança de que possibilitem o resfriamento<br />

do planeta por meio da reflexão dos raios solares de volta ao<br />

espaço. A substância em questão nada mais é do que um pó<br />

branco que pode ser encontrado nos mais diversos produtos,<br />

como no papel, no cimento e até mesmo no creme dental.<br />

O experimento tem como base os acontecimentos que<br />

se seguiram à erupção do vulcão Monte Pinatubo, nas<br />

Filipinas, em 1991. O fenômeno injetou na estratosfera<br />

aproximadamente 20 milhões de toneladas de dióxido de<br />

enxofre, que causaram o resfriamento do planeta em torno<br />

de 0,5 °C por cerca de 18 meses. Os pesquisadores, no<br />

entanto, utilizarão uma substância diferente em razão dos<br />

danos que possivelmente o enxofre, ao ser aquecido pelos<br />

raios solares, causaria à camada de ozônio, o que poderia<br />

afetar ainda as massas de ar e a umidade.<br />

Estima-se que o chamado Experimento Controlado de<br />

Perturbação Estratosférica (SCoPEx) custará algo em torno<br />

de 3 milhões de dólares e envolverá o lançamento de dois<br />

dirigíveis a uma altura de 20 quilômetros sobre o sudoeste<br />

dos Estados Unidos, onde liberarão pequenas nuvens de<br />

carbonato de cálcio, com 100 gramas cada. Os cientistas então<br />

observarão a dispersão das partículas, com a esperança de que<br />

se espalhem e formem uma espécie de “cobertor refletivo”,<br />

diminuindo assim a intensidade dos raios solares que atingem<br />

a Terra, por meio da reflexão de parte deles.<br />

Os pesquisadores vêm enfrentando bastante resistência de<br />

grupos ambientalistas, que alegam que todo o esforço é apenas<br />

uma distração para a única solução permanente contra as<br />

mudanças climáticas: a redução da emissão dos gases do efeito<br />

estufa. Parte da comunidade científica também se apresenta<br />

temerosa pelo fato de os trabalhos de Geoengenharia existentes<br />

até o momento estarem restritos a simulações computacionais,<br />

o que faz com que as consequências do experimento sejam<br />

incertas. A substância em questão não existe na estratosfera,<br />

portanto não se sabe ao certo se resultará no efeito desejado.<br />

Entre os efeitos colaterais possíveis, estão a alteração nos<br />

padrões de chuvas e o sombreamento inadequado e prejudicial<br />

de áreas de plantações. (D.T.)<br />

24 25


Imagens: Pekka Niittyvirta e Timo Aho<br />

¿QUÉ PASA?<br />

NO LIMITE<br />

Simples e impactante, a instalação Lines (57° 59’N, 7°<br />

16’W), dos artistas finlandeses Pekka Niittyvirta e Timo<br />

Aho, faz um importante alerta a respeito da elevação do<br />

nível do mar e de seu consequente impacto na vida dos<br />

habitantes das regiões costeiras. A obra interage com<br />

o comportamento das marés, acionando, de maneira<br />

sincronizada, três linhas luminosas durante os períodos<br />

de maré alta, por meio de sensores flutuantes. Essas<br />

linhas, instaladas ao redor de duas construções e ao<br />

longo da base de uma montanha, ilustram uma previsão<br />

do nível que será alcançado pelo mar, em tempo<br />

indeterminado, caso não sejam tomadas atitudes para<br />

frear o aquecimento global.<br />

O objetivo dos designers é provocar um diálogo<br />

acerca dos impactos catastróficos que podem decorrer<br />

da relação entre os seres humanos e a natureza e seus<br />

efeitos em longo prazo. Esse é um tema de extrema<br />

urgência para territórios como o arquipélago das Hébridas<br />

Exteriores, um grupo de ilhas na costa oeste da Escócia<br />

particularmente vulnerável aos efeitos do aumento<br />

do nível do mar por estar situada a baixa altitude. A<br />

instalação foi desenvolvida especialmente para o museu<br />

Taigh Chearsabhagh Museum & Arts Centre, localizado<br />

em uma das ilhas do arquipélago, cujo terreno permanece<br />

inutilizado em decorrência das constantes previsões de<br />

tormentas e tempestades no local. (D.T.)<br />

26 27


28 29


Courtesy of Trevor Paglen and the Nevada Museum of Art<br />

¿QUÉ PASA?<br />

O CÉU (NÃO) É O LIMITE<br />

Quem imagina que os satélites artificiais presentes na<br />

órbita terrestre estão todos ali para fins científicos pode,<br />

em breve, estar enganado. O artista norte-americano Trevor<br />

Paglen está prestes a mudar esse cenário com a obra Orbital<br />

Reflector, a primeira escultura pública a ser exibida no espaço.<br />

A ideia de criar um satélite refletivo não funcional surgiu<br />

em 2015, quando o artista convidou o Nevada Museum<br />

of Art para participar do ambicioso projeto. Desde então,<br />

começaram a trabalhar em protótipos e no planejamento da<br />

missão de lançamento, com empresas aeroespaciais como a<br />

SpaceX, colaboradora frequente da Nasa e da International<br />

Space Station (ISS).<br />

A escultura, em forma de um diamante alongado, é<br />

constituída de polietileno, um material leve e reflexivo,<br />

similar às películas Mylar. Alojada em um CubeSat (um tipo<br />

de satélite miniaturizado), ela será inflada, como um balão,<br />

ao alcançar a órbita terrestre baixa, a aproximadamente<br />

575 quilômetros da Terra. Sua superfície refletirá a luz do<br />

sol, fazendo com que seja visível a olho nu, como uma<br />

espécie de estrela artificial brilhante, movimentando-se<br />

lentamente pelo espaço.<br />

O satélite foi lançado no último mês de dezembro pelo<br />

foguete SpaceX Falcon 9 com outros 64 satélites, no que<br />

foi o maior lançamento da história norte-americana. Por<br />

esse motivo, houve atraso no processo de rastreamento e<br />

identificação dos satélites, o que adiou a inauguração da<br />

obra – já que a equipe necessita de dados precisos quanto à<br />

localização da escultura, para poder inflá-la de maneira segura.<br />

Representantes do Nevada Museum of Art contam<br />

que aderiram ao projeto motivados pela possibilidade de<br />

mudar a maneira como as pessoas enxergam seus lugares<br />

no mundo, por meio de um gesto artístico: “Orbital Reflector<br />

encoraja todos nós a olhar para o céu noturno com um<br />

senso renovado de admiração, a considerar nosso lugar<br />

no Universo e a reimaginar como vivemos juntos neste<br />

planeta”. (D.T.)<br />

30 31


Imagens: Andrés Otero<br />

¿QUÉ PASA?<br />

GEOMETRIA POÉTICA<br />

A marca brasileira dpot, pioneira na reedição e na<br />

comercialização de algumas das mais importantes peças<br />

de mobiliário brasileiro moderno e contemporâneo, fez sua<br />

estreia na Semana de Design de Milão neste ano. A instalação<br />

Geometria Poética, desenvolvida em parceria com a galeria<br />

suíça [dip] contemporary art e com curadoria de Baba Vacaro,<br />

designer e diretora de criação da marca, exibiu um panorama<br />

do design de mobiliário brasileiro por meio de uma seleção de<br />

Geraldo de Barros, Lina Bo Bardi, Sergio Rodrigues e Marcelo<br />

Suzuki, e também criações dos designers contemporâneos<br />

Claudia Moreira Salles, Fernando Prado, Sérgio Bernardes e<br />

Marcelo Ferraz.<br />

A ambientação etérea dada ao galpão que abrigou a<br />

mostra – onde funcionava o antigo depósito de mercadorias<br />

da Estação Central de Milão – foi criada por Ricardo Bello<br />

Dias, com inspiração nas ideias de Leveza, Rapidez, Exatidão,<br />

Visibilidade, Multiplicidade e Consistência do escritor Italo<br />

Calvino. Ao redor dos itens de mobiliário em exibição, foram<br />

instaladas estruturas geométricas e translúcidas sobre as quais<br />

foi projetado um filme baseado nas Fotoformas de Geraldo de<br />

Barros, que representam uma nova era no âmbito da fotografia<br />

abstrata no Brasil.<br />

O lighting designer brasileiro Carlos Fortes foi o responsável<br />

pelo projeto de iluminação da instalação e, por meio de<br />

projetores fixados na própria estrutura de sustentação das telas<br />

translúcidas, destacou individualmente as peças expostas,<br />

criando, ao mesmo tempo, um interessante jogo de luzes e<br />

sombras sobre o piso e sobre as próprias telas. Com inspiração<br />

na ideologia da obra de Geraldo de Barros, a valorização de<br />

cada objeto e sua simultânea desmaterialização por trás das<br />

projeções e das sombras, buscaram abrir possibilidades para<br />

diferentes formas de observação e de interpretação. (D.T.)<br />

32 33


¿QUÉ PASA?<br />

LUZ, CORPO, AÇÃO!<br />

A marca multinacional Humanscale é pioneira na produção<br />

de itens ergonômicos para uso em escritórios, os quais se<br />

adaptam automaticamente à posição e à movimentação do<br />

usuário. Em ocasião da Semana de Design de Milão deste ano,<br />

a empresa realizou a instalação imersiva Bodies in Motion, como<br />

uma metáfora de seu comprometimento com o design voltado<br />

ao movimento do ser humano.<br />

A instalação foi desenvolvida pelo designer norte-americano<br />

Todd Bracher, colaborador de longa data da marca, e nasceu de<br />

um interesse pela exploração de novas formas de expressar os<br />

movimentos humanos. Em parceria com o estúdio de design<br />

e pesquisa TheGreenEyl, Bracher criou uma releitura de um<br />

método científico dos anos 1970, desenvolvido pelo psicofísico<br />

sueco Gunnar Johansson para investigar a percepção de<br />

movimento por meio do posicionamento de pontos de luz em<br />

locais estratégicos do corpo humano.<br />

Câmeras de última geração, conectadas a um software<br />

desenvolvido especialmente para a instalação, comandam os<br />

movimentos de 15 projetores, que traduzem a movimentação<br />

dos visitantes em tempo real por meio de feixes luminosos.<br />

Suas luzes são projetadas contra uma tela circular, formando um<br />

esqueleto humano abstrato que presta homenagem ao Homem<br />

Vitruviano, de Leonardo da Vinci, no 500º ano de sua morte.<br />

Ao capturar a universalidade do movimento do ser<br />

humano, a instalação demonstra a filosofia dos produtos da<br />

marca, criados para todos os tipos de corpo. “Procuramos<br />

eliminar distrações estéticas para revelar o movimento do<br />

ser humano em sua forma mais pura. Queríamos estender<br />

esse entendimento essencial de movimento por meio de uma<br />

experiência que envolvesse todos os visitantes desse espaço”,<br />

explica Bracher. Intercaladas entre momentos interativos, a<br />

instalação apresentou também algumas esculturas luminosas<br />

abstratas inspiradas em formas arquitetônicas tridimensionais<br />

em constante transformação. (D.T.)<br />

Todd Bracher<br />

David Zanardi<br />

David Zanardi<br />

34 35


Imagem: Ignacio Aronovich / Lost Art<br />

Imagens: we+ inc.<br />

¿QUÉ PASA?<br />

ONDULAÇÃO<br />

As criações dos designers Hokuto Ando e Toshiya<br />

Hayashi, fundadores do estúdio de design japonês we+, são<br />

sempre marcadas pela abordagem experimental, que os leva<br />

à utilização de materiais e tecnologias não convencionais,<br />

em busca da proposição de novas perspectivas.<br />

Dessa visão nasceu Swell, sua mais recente instalação,<br />

apresentada durante a última edição do festival Tokyo<br />

Midtown Design Touch, no ano passado. Os designers<br />

construíram tramas compostas de mais de 300 mil<br />

pequenos espelhos, medindo 10 mm × 20 mm cada, que<br />

foram aplicados sobre nove telas de tecido transparente.<br />

As malhas foram instaladas no parque público Midtown<br />

Garden, no centro da cidade de Tóquio, Japão, onde foram<br />

cuidadosamente posicionadas de maneira a capturar<br />

diferentes aspectos da paisagem do entorno. Dessa forma,<br />

as telas refletem o ambiente ao redor, ao mesmo tempo<br />

que permitem a visualização do que está por trás delas,<br />

transformando sutilmente a maneira de ver e vivenciar o<br />

espaço na qual estão inseridas.<br />

A instalação também é influenciada pela luz e pelo vento,<br />

cujas ondulações resultantes criam variações nos reflexos<br />

luminosos, tornando a experiência única a cada momento<br />

do dia. “A experimentação desses fenômenos transforma o<br />

espaço, revelando diversos aspectos do ambiente, durante<br />

o dia e à noite. A instalação se move como uma criatura<br />

respirando”, comentam os designers. (D.T.)<br />

36 37


Imagens: A/D/O<br />

¿QUÉ PASA?<br />

PLASMANDO O INVISÍVEL<br />

“Uma investigação acerca dos elementos invisíveis que<br />

moldam o nosso entorno e de que maneira a tecnologia<br />

pode ser usada para conferir-lhes uma forma física.” Assim<br />

é definida a exposição “Wave. Particle. Duplex.” por seus<br />

criadores, a arquiteta japonesa Azusa Murakami e o artista<br />

britânico Alexander Groves, que, juntos, comandam o coletivo<br />

Studio Swine (Super Wide Interdisciplinary New Explorers)<br />

desde 2011.<br />

As duas obras apresentadas na exposição resultaram de um<br />

intenso trabalho de pesquisa e experimentação desenvolvido<br />

ao longo de seis meses, como parte do programa de residência<br />

artística oferecido pelo A/D/O – um espaço criativo dedicado<br />

à exploração do futuro do design oferecido pela marca<br />

automobilística MINI – em Nova York, Estados Unidos. Juntas,<br />

as instalações exploram elementos efêmeros, como a névoa e a<br />

luz, materializando-os em um ambiente imersivo e etéreo.<br />

A primeira delas, Dawn Particles, é composta de uma série<br />

de recipientes tubulares de vidro soprado preenchidos com<br />

criptônio – um gás nobre – na forma de plasma. Considerado<br />

o quarto estado da matéria (além do sólido, do líquido e do<br />

gasoso), o plasma é abundante no Universo, constituindo o Sol<br />

e as demais estrelas e sendo responsável pelos belos efeitos<br />

proporcionados pelas auroras boreais. Seu comportamento<br />

responsivo ao magnetismo foi estimulado por meio da aplicação<br />

de tensão elétrica oscilante, fazendo o plasma, em meio ao<br />

vácuo no interior do vidro, emitir luz de intensidade variável,<br />

com aspecto quase sobrenatural.<br />

Já Fog Paintings apresenta duas vitrines preenchidas por uma<br />

espécie de névoa em movimento que atua como um difusor<br />

para a luz dos projetores instalados no interior da peça. Aliado<br />

a filtros dicroicos, o movimento da fumaça, ora turbulento, ora<br />

mais calmo, distorce a intensidade e a cor das luzes, criando<br />

uma visão contemporânea das transcendentais pinturas de<br />

paisagens de artistas como Turner e Thomas Cole e remetendo<br />

a situações sublimes da natureza, como o momento em que a<br />

luz do sol atravessa os gases e as nuvens na atmosfera. (D.T.)<br />

38 39


Max Touhey<br />

David Mitchell<br />

David Mitchell<br />

David Mitchell<br />

Max Touhey<br />

David Mitchell<br />

¿QUÉ PASA?<br />

DE VOLTA PARA O FUTURO<br />

O icônico terminal TWA foi projetado pelo arquiteto<br />

finlandês-americano Eero Saarinen, nos anos 1960, para abrigar<br />

as operações da companhia Trans World Airlines no Aeroporto<br />

John F. Kennedy, em Nova York, Estados Unidos. O edifício – que<br />

deixou de funcionar em 2001 por não ser mais compatível com<br />

o porte das aeronaves modernas – passou por uma importante<br />

remodelação que o transformou em um hotel, a ser inaugurado<br />

durante o mês de maio deste ano.<br />

O projeto, desenvolvido em conjunto pelos escritórios norte-<br />

-americanos Lubrano Ciavarra Architects e Beyer Blinder Belle,<br />

previu a construção de 512 suítes de luxo, seis restaurantes e<br />

oito bares, além de espaços para conferências e eventos e de um<br />

amplo mirante aberto ao público. Responsáveis pelos interiores<br />

dos espaços públicos, os arquitetos do INC Architecture &<br />

Design adotaram a cor vermelha – a mesma da logomarca<br />

da companhia aérea – como elemento-chave, presente no<br />

mobiliário do lounge central do hotel. A arquitetura marcante<br />

desse espaço, com suas lajes côncavas de concreto e suas<br />

amplas fachadas envidraçadas, é ressaltada pela luz natural e<br />

pela iluminação artificial indireta, que é complementada por<br />

projetores integrados às claraboias lineares que acompanham<br />

o desenho do teto, mantendo os planos de concreto livres de<br />

interferências visuais.<br />

As suítes foram instaladas em duas novas alas, construídas<br />

atrás do edifício principal, e contam com fachadas envidraçadas<br />

de piso a teto, com vistas para as pistas de decolagem e pouso.<br />

Por esse motivo, sua fachada é constituída de uma das peles de<br />

vidro mais espessas do mundo – contando com sete camadas<br />

– para bloquear o ruído dos aviões. Desenhadas pelo escritório<br />

Stonehill Taylor, as acomodações tiveram forte inspiração<br />

na cultura, na arquitetura e na ambientação dos anos 1960,<br />

a começar pelo mobiliário, composto de peças autênticas<br />

desenhadas por Saarinen. Com exceção das luminárias<br />

decorativas de cobre, de design sessentista, e da iluminação de<br />

camarim ao redor do espelho do banheiro, toda a iluminação<br />

da suíte é integrada a detalhes arquitetônicos – como a<br />

iluminação indireta incorporada às molduras de madeira das<br />

paredes – e ao mobiliário – para iluminar a escrivaninha, o<br />

guarda-roupa e a pia. O projeto conta, ainda, com certificação<br />

ambiental LEED. (D.T.)<br />

40 41


Imagens: Paul Lewis<br />

¿QUÉ PASA?<br />

PARA VER OU PARA COMER?<br />

A britânica Milk Train, fábrica de sorvetes artesanais<br />

vendidos por ambulantes, foi catapultada ao sucesso virtual no<br />

ano passado, quando se popularizaram as imagens lúdicas e<br />

coloridas das guloseimas produzidas pela marca, que parecem<br />

saídas de contos de fadas. A fama instantânea nas redes sociais<br />

os levou a inaugurar a primeira unidade permanente da rede,<br />

ficando a cargo dos designers do FormRoom a tarefa de replicar,<br />

no espaço físico, a popularidade da marca no ambiente virtual.<br />

Especializados no segmento de “brand experience”,<br />

os designers realizaram uma extensa pesquisa antes de<br />

desenvolver o conceito para o espaço, que teve como<br />

principal premissa a criação de um ambiente atemporal que<br />

pudesse ser facilmente adaptado à constante flutuação das<br />

tendências do Instagram, mas mantendo, ao mesmo tempo,<br />

o visual onírico característico da marca.<br />

A principal inspiração para os interiores da sorveteria<br />

foi o movimento Art Déco, popularizado pela<br />

arquitetura e pela iconografia das estações de trem<br />

nos anos 1920 e 1930 – uma referência já presente no<br />

universo da marca, a começar pelo nome. Desse estilo,<br />

os designers extraíram diversos elementos, mas com<br />

uma releitura contemporânea, como a paleta de cores<br />

predominantemente monocromática e os arcos metálicos<br />

pintados na cor preta, os quais, além de desenhar o<br />

espaço, estruturam as luminárias esféricas difusas que<br />

iluminam as áreas de assento do salão. Os elementos em<br />

forma de nuvens presentes no forro remetem ao vapor<br />

produzido pelos trens e ajudam a ocultar os equipamentos<br />

responsáveis pela iluminação geral do ambiente, além<br />

de criar um interessante jogo de luzes e sombras em<br />

decorrência do posicionamento não organizado dessas<br />

luminárias. “Ao criar um design modelo, acreditamos que<br />

a beleza se encontra nos menores detalhes”, declaram os<br />

designers. (D.T.)<br />

42 43


Sebastián Sabalsagaray<br />

Raúl Ajmat<br />

Sebastián Sabalsagaray<br />

Sebastián Sabalsagaray<br />

Sebastián Sabalsagaray<br />

Sebastián Sabalsagaray<br />

Carolina Roese<br />

Raúl Ajmat<br />

Sebastián Sabalsagaray<br />

Sebastián Sabalsagaray<br />

Raúl Ajmat<br />

Sebastián Sabalsagaray<br />

Sebastián Sabalsagaray<br />

¿QUÉ PASA?<br />

ENCONTRO IBEROAMERICANO<br />

DE LIGHTING DESIGN 2019<br />

Sebastián Sabalsagaray<br />

Sebastián Sabalsagaray<br />

Florencia Revello<br />

Imagine reunir, em uma cidade histórica, lighting designers e<br />

profissionais de iluminação apaixonados pela luz, provenientes<br />

de 15 dos 22 países ibero-americanos e de mais dez outros países<br />

da Europa e da América do Norte, para quatro dias intensos de<br />

trocas, aprendizados, experimentações e muita diversão. Imagine<br />

também que esse encontro inicia com a observação do pôr do<br />

sol, à beira do rio da Prata, no dia do equinócio de outono. Parece<br />

um sonho, mas ele se materializou durante o mês de março,<br />

com a 5ª edição do Encontro Iberoamericano de Lighting Design<br />

(EILD), na cidade de Colônia do Sacramento, Uruguai. A <strong>L+D</strong> e o<br />

LEDforum, parceiros do evento, marcaram presença.<br />

O congresso bianual deste ano foi organizado por um<br />

comitê binacional uruguaio e argentino e teve como tema<br />

“Comunicação”. Entre os dias 20 e 23 de março, os cerca de<br />

300 participantes puderam escolher dentre os nove workshops<br />

oferecidos sobre esse tema, liderados por nomes expoentes<br />

da iluminação no cenário ibero-americano (e no mundo), além<br />

de participar de uma atividade transversal comandada pelos<br />

britânicos Sharon Stammers e Martin Lupton, do Light Collective,<br />

na qual criaram um panorama geral do que aconteceu durante o<br />

evento por meio de um vídeo.<br />

Três keynote speakers apresentaram-se durante o Encontro:<br />

o arquiteto uruguaio Walter Debenedetti, que falou<br />

sobre a história da cidade de Colônia do Sacramento e de seu<br />

importante papel como patrimônio da humanidade, reconhecido<br />

pela Unesco; a designer transdisciplinar francesa radicada nos<br />

Estados Unidos Nathalie Rozot, que apresentou um pouco de<br />

seu trabalho por trás da PhoScope, com o qual busca promover<br />

mudanças na prática, na educação e no estudo da luz por<br />

meio de ações de caráter socioeducativo e da criação de um<br />

novo léxico relacionado à iluminação; e o arquiteto e lighting<br />

designer britânico Mark Major – que também estará presente<br />

no 10º LEDforum, neste ano –, que encantou a plateia com sua<br />

apresentação a respeito das formas como costuma comunicar<br />

ideias e conceitos de iluminação em sua prática profissional.<br />

Como legado, o Encontro deixou para a cidade de Colônia<br />

do Sacramento a nova iluminação permanente para o Portão de<br />

Campo (a antiga entrada da muralha que protegia a cidade) e<br />

para o Bastião de Carmen, dois ícones históricos e arquitetônicos<br />

locais. As instalações foram concebidas durante o evento pelos<br />

participantes do workshop Colônia de Luz, conduzido pelos<br />

lighting designers Victor Palacio, do México, e Douglas Leonard,<br />

do Chile. As luminárias foram doadas pelos fabricantes Signify<br />

(Bastião de Carmen) e Tagetti e Schréder (Portão de Campo).<br />

Todas as atividades do EILD foram mescladas com momentos<br />

destinados à socialização, como o coquetel de abertura no<br />

Centro Cultural BIT – em que os participantes puderam interagir<br />

com os Jogos de Luz (propostos pela lighting designer argentina<br />

e membro do comitê Eli Sirlin) e também assistir ao vídeo da<br />

mostra Panorama, que reuniu os projetos enviados pelos lighting<br />

designers ibero-americanos participantes do Encontro – e a<br />

festa de encerramento no Centro Cultural AFE, que contou<br />

com a participação especial da conhecida banda de metais<br />

local La Ventolera – que entrou na dança e se misturou aos<br />

participantes na pista, deixando explícito o clima de irmandade<br />

e de horizontalidade que permeou todo o evento.<br />

A próxima edição do EILD já tem local definido: Santiago<br />

de Compostela, no noroeste da Espanha, sob a coordenação do<br />

lighting designer espanhol Ignacio Valero. Nós nos encontramos<br />

por lá em 2021! (D.T.)<br />

44 45


Imagem do edifício<br />

inserido no contexto<br />

urbano de Seul.<br />

Na página seguinte,<br />

o espelho d’água<br />

sobre as claraboias do<br />

átrio inunda com luz<br />

natural, filtrada pelo<br />

movimento da água, o<br />

saguão de entrada no<br />

piso inferior.<br />

AMOREPACIFIC<br />

Texto: Orlando Marques | Fotos: Noshe<br />

A<br />

nova sede da empresa de produtos cosméticos e<br />

de beleza sul-coreana Amorepacific, localizada no<br />

centro da capital, Seul, tem projeto de arquitetura de<br />

David Chipperfield Architects e projeto de iluminação natural e<br />

artificial da Arup Alemanha, coordenado pelo lighting designer<br />

Alexander Rotsch.<br />

O edifício consiste em um único volume de proporções simples<br />

e diretas projetado em torno de um átrio central. Essa solução<br />

potencializa a ventilação cruzada e a iluminação natural nos<br />

interiores do edifício. Três grandes aberturas verdes proporcionam<br />

escala, contato visual e conexão com o entorno e com a cidade.<br />

O programa arquitetônico foi elaborado para atender a diversas<br />

tipologias de uso: corporativo, comercial, cultural e social.<br />

Nas fachadas externas, o projeto de iluminação natural<br />

desenvolveu, em conjunto com o projeto de arquitetura, quatro<br />

tamanhos diferentes de brises verticais de alumínio texturizado,<br />

46 47


48 49


As prateleiras da estante da<br />

biblioteca são iluminadas<br />

individualmente de forma<br />

a acentuar o pé-direito<br />

duplo do saguão. Os demais<br />

ambientes seguem com<br />

uma distribuição regular<br />

de luminárias fixadas sob<br />

a laje de modo a iluminar<br />

os espaços uniformemente.<br />

Abaixo, o fechamento atrás<br />

do palco do auditório é feito<br />

pela caixilharia da fachada,<br />

permitindo a entrada<br />

abundante de luz natural, em<br />

geral raro em ambientes com<br />

esta tipologia.<br />

O saguão de entrada é também iluminado por sistema de iluminação que permite combinar diversas tipologias de distribuição<br />

fotométrica, de temperatura de cor e de montagem.<br />

pintado de branco fosco. Os brises são distribuídos de acordo<br />

com a posição do sol durante o ano, limitando a incidência direta<br />

de luz solar e evitando, assim, o ofuscamento e o aquecimento<br />

interno, sem perder contato visual com o exterior. Além de seu<br />

caráter funcional, os brises também ajudam a definir o desenho<br />

das fachadas do edifício, as quais são iluminadas de cima para<br />

baixo, fatiando o volume arquitetônico em quatro partes, definidas<br />

a partir das dimensões das aberturas verdes. Essa solução<br />

constitui a iluminação de fachada, que pode funcionar tanto<br />

com a iluminação das áreas internas acesa quanto apagada.<br />

As áreas internas foram iluminadas por um sistema único<br />

de iluminação, customizado em parceria com os arquitetos<br />

com o intuito de se adaptar ao uso do edifício no decorrer de<br />

sua existência, sem alterar a aparência do desenho do forro.<br />

Para isso, foi criada uma família de luminárias que permite<br />

combinar diversas distribuições fotométricas, de acordo<br />

com o uso, a necessidade visual e a identidade luminosa de<br />

cada ambiente.<br />

O sistema é composto de lentes de polimetilmetacrilato<br />

(PMMA), material que permite 90% de reflexão e desenho<br />

óptico catadióptrico, que combina a reflexão e a refração da<br />

luz. A dissipação de calor do LED é feita por meio do próprio<br />

corpo da luminária, o que garante eficiência e longevidade na<br />

operação e minimização da manutenção.<br />

As fontes luminosas têm alta qualidade de reprodução<br />

das cores, com o intuito de se harmonizar com as qualidades<br />

da iluminação natural presente no edifício. O conjunto óptico,<br />

composto de microlentes, é capaz de produzir quatro tipos<br />

de facho diferentes: concentrado, médio, aberto e elíptico.<br />

A montagem do sistema também pode variar em embutido,<br />

sobreposto ou pendente. Nesta última montagem, a lente de<br />

PMMA também faz as vezes de cúpula da luminária, que, além<br />

da emissão direta por meio dos 90% de reflexão interna,<br />

permite a emissão indireta de 10% da luz.<br />

Nas áreas de escritório e de vendas e nas áreas comuns do<br />

edifício foram especificadas temperaturas de cor de 4.000 K,<br />

enquanto nas áreas de exposições do museu e nos restaurantes<br />

elas são de 3.000 K. Para garantir a consistência das temperaturas<br />

de cor no empreendimento, foi utilizado step 1 na elipse MacAdam.<br />

O projeto foi vencedor de diversos prêmios internacionais,<br />

incluindo o LIT Awards 2018, na categoria Interior Architectural<br />

Illumination.<br />

AMOREPACIFIC<br />

Seul, Coreia do Sul<br />

Projeto de iluminação:<br />

Arup Alemanha<br />

Alexander Rotsch (coordenador de projeto)<br />

Projeto de arquitetura e interiores:<br />

David Chipperfield Architects<br />

Cliente:<br />

Amorepacific Corporation<br />

Fornecedores:<br />

BEGA, Erco, Selux, Traxon Technologies,<br />

Viabizzuno e Wästberg<br />

50 51


CORES E<br />

MATERIAIS<br />

SOB A REGÊNCIA<br />

DA LUZ<br />

Texto: Débora Torii | Fotos: Reverbo<br />

O<br />

sucesso de uma composição musical está intimamente<br />

relacionado com a harmonia, a afinação e a sincronia<br />

entre os instrumentos e suas melodias. As letras das<br />

músicas mais acessadas do site letras.mus.br provavelmente<br />

contam com essas características, assim como o projeto para o<br />

novo escritório da empresa, recentemente inaugurado em Belo<br />

Horizonte, Minas Gerais, cuja composição a várias mãos foi<br />

determinante para o resultado harmônico e descontraído, que<br />

reflete perfeitamente o espírito da empresa de tecnologia Letras.<br />

Mariana Novaes, titular do escritório Atiaîa Lighting Design,<br />

responsável pelo projeto de iluminação, conta que o processo<br />

envolveu muitas trocas entre as equipes de iluminação, do<br />

escritório MACh Arquitetos – autores do projeto de arquitetura<br />

– e o cliente, além de diversos testes para a confirmação das<br />

soluções adotadas, em uma abordagem “mãos na massa”,<br />

característica do escritório de lighting design.<br />

52 53


A área de trabalho foi iluminada por meio de sistemas lineares com difusores recuados, dotados de módulos LED HO especiais,<br />

com 50 W, 6.720 lm e 3.000 K, posicionados sobre as mesas e complementados por projetores com LED 30 W, 1.900 lm e 3.000 K<br />

instalados sobre as áreas de circulação. Alguns dos módulos triangulares de PVC foram destacados pela iluminação indireta<br />

integrada à sua estrutura, proveniente de perfis de LED 16,7 W, 770 lm e 3.000 K, com difusor. Ao fundo, o painel, também revestido<br />

com o mesmo material, foi iluminado por perfis lineares com LED 18,9 W/m, 1.270 lm/m , 30° e 3.000 K, para efeito de luz rasante.<br />

Juntas, as equipes buscaram criar espaços que fossem<br />

sofisticados e organizados e, ao mesmo tempo, despojados, leves<br />

e coloridos. Assim, as três cores presentes na comunicação visual<br />

da marca – laranja, roxo e verde – foram integradas ao projeto<br />

de interiores, sendo a última evidenciada por mangueirinhas<br />

de PVC que revestem a laje nervurada aparente do espaço de<br />

trabalho. Os módulos triangulares cheios e vazados, trançados<br />

manualmente por uma família de artesãos locais, remetem à<br />

estrela da logomarca da empresa, sendo alguns deles iluminados<br />

de maneira indireta, o que valoriza o material e estampa o<br />

teto com sombras e texturas esverdeadas. O sistema modular<br />

foi aproveitado também para a organização das instalações<br />

elétricas, hidráulicas, de ar-condicionado e dos equipamentos<br />

de iluminação funcional. Sobre as mesas, foram instaladas<br />

luminárias lineares com difusores recuados, complementadas<br />

por projetores orientáveis com facho definido, com o objetivo de<br />

Na próxima página, acima,<br />

a circulação que leva às<br />

salas administrativas e<br />

de reunião. Na página à<br />

direita, a sala da diretoria<br />

foi iluminada de maneira<br />

difusa e uniforme, por meio<br />

de luminárias circulares<br />

com quatro diferentes<br />

diâmetros (com LEDs<br />

entre 10 W, 1.300 lm<br />

e 44 W, 7.300 lm e<br />

3.000 K), mantendo a<br />

linguagem despojada<br />

presente em todo o<br />

escritório. A iluminação<br />

de balizamento, instalada<br />

em detalhe no rodapé<br />

da área de estar junto às<br />

janelas, é obtida por meio<br />

de perfis de LED 4 W/m,<br />

330 lm/m e 3.000 K.<br />

54 55


Os letreiros luminosos receberam a aplicação de placas de acrílico foscas e coloridas, com o intuito de corrigir a temperatura de cor<br />

e reduzir o brilho excessivo de suas fontes luminosas. A circulação conta também com uma série de uplights embutidos no piso, com<br />

LED 2,5 W, 100 lm e 3.000 K, que iluminam suavemente o forro e conferem brilho às mangueiras de PVC. Na próxima página, a<br />

área de descompressão foi iluminada por uma série de downlights integrados à laje nervurada, com lâmpadas LED formato AR 111,<br />

12 W, 720 lm, 24° e 2.700 K, que dão brilho também à borda interna da luminária, pintada na cor verde.<br />

À esquerda, os banheiros, cujos<br />

acabamentos correspondem às cores da<br />

marca. Apesar de parecerem coloridas,<br />

as luzes nesses ambientes são emitidas<br />

por luminárias e lâmpadas LED 3.000 K,<br />

com emissão difusa, o que permite que as<br />

pessoas se vejam sem distorção de cor.<br />

quebrar a monotonia da iluminação uniforme por meio da variação<br />

de intensidades de luz. Para evitar possíveis ofuscamentos, as<br />

luzes pontuais, mais intensas, foram posicionadas sempre sobre<br />

as circulações e nunca sobre os postos de trabalho.<br />

O mesmo revestimento de PVC foi utilizado para a construção<br />

de um painel sobre a parede longitudinal oposta às janelas, que<br />

foi destacado por meio de iluminação rasante instalada em<br />

detalhe integrado à testeira de madeira que arremata o painel.<br />

Mariana explica que decidiu dar destaque a essa superfície<br />

vertical a fim de compensar a defasagem da luz natural nesse<br />

ponto da sala, promovendo um equilíbrio de intensidades que<br />

beneficia a visão periférica dos usuários, além de valorizar o<br />

aspecto tátil e os diferentes tons de verde do revestimento.<br />

O ambiente mais divertido do escritório é a área de<br />

descompressão. Como pano de fundo para os espaços voltados<br />

a café e jogos, foi construída uma divisória de mangueiras de<br />

PVC transparentes, através das quais é possível observar, ao<br />

longo da circulação, diversos letreiros luminosos instalados,<br />

que exibem os títulos e as letras das músicas mais acessadas<br />

do site, criando efeitos dinâmicos e coloridos sobre a superfície<br />

translúcida. A equipe da Atiaîa utilizou placas de acrílico foscas<br />

e coloridas para corrigir as temperaturas de cor – originalmente<br />

mais frias – das fontes luminosas dos letreiros, reduzindo parte<br />

de seu brilho excessivo e deixando-as com as cores da marca.<br />

O projeto recebeu menção honrosa do LIT Awards 2018, na<br />

categoria iluminação para áreas de trabalho.<br />

NOVO ESCRITÓRIO DO LETRAS<br />

Belo Horizonte, Brasil<br />

Projeto de iluminação:<br />

Atiaîa Lighting Design<br />

Mariana Novaes (arquiteta titular)<br />

Projeto de arquitetura e interiores:<br />

MACh Arquitetos<br />

Fernando Maculan, Joana Magalhães e<br />

Mariza Machado Coelho (arquitetos titulares)<br />

Ricardo Lobato, Pablo Gonzales, Jessica Passos<br />

e Marcos Sales (arquitetos colaboradores)<br />

Cliente:<br />

Letras<br />

Fornecedores:<br />

Omega Light e Osvaldo Matos<br />

56 57


Uma rigorosa composição, tendo como<br />

protagonista um elemento central, em camadas<br />

de tecido transparente, cria a base material para<br />

a luz se tornar visível. Luminárias desenhadas<br />

especialmente para esta obra assemelham-se a um<br />

“amontoado” de projetores e expressam de forma<br />

bem-humorada as infinitas possibilidades da luz e<br />

de seus equipamentos.<br />

SOM CINTILANTE<br />

Texto: Gilberto Franco | Fotos: Åke E-son Lindman<br />

Por mais que um projeto de iluminação busque uma<br />

personalidade própria, está em geral atrelado a um<br />

conteúdo ou uma função externa a si, seja uma<br />

arquitetura, uma exposição, uma cidade, um comércio, um<br />

espetáculo. Mas e quando esse conteúdo-função é a própria<br />

luz? Esse foi o desafio apresentado ao escritório ÅF Lighting na<br />

concepção da iluminação do novo showroom da Aloud, empresa<br />

sueca que desde os anos 2000 especializou-se na revenda de<br />

soluções de luz, som e automação para residências de alto padrão,<br />

dentro de um conceito que denominam “smart home”. A Aloud,<br />

ao colocar um lighting designer no centro de seu espetáculo,<br />

propõe-se a oferecer ao cliente uma orquestração customizada<br />

de diferentes sistemas e marcas, evidenciando de forma artística<br />

o poder transformador da luz. Isso é explícito em seu website<br />

quando dizem que “trabalham em estreita colaboração com os<br />

principais designers de iluminação da Europa, cuja especialidade,<br />

aliada a produtos e tecnologia de ponta, lhe garante o perfeito<br />

design de luz para sua casa, seu escritório ou seu refúgio”.<br />

58 59


“Ouro reluzente, prata<br />

cintilante, vermelho<br />

flamejante” são<br />

nomes expressivos que<br />

remetem ao diálogo<br />

entre o elemento central<br />

e a sala contígua.<br />

Fontes de luz cuidadosamente escondidas em nichos e elementos arquitetônicos, e com toda a variedade de<br />

fachos e tonalidades, cria os diferentes cenários que capturarão os clientes.<br />

O PROJETO DE ILUMINAÇÃO<br />

O espaço consiste em uma entrada, uma recepção, uma<br />

área de exposição, uma sala de conferências e um escritório<br />

funcional. A meta dos lighting designers foi criar um sistema<br />

perfeitamente integrado com suas soluções estéticas e técnicas.<br />

Assim, a iluminação, sem pontos visíveis, foi escondida em<br />

tetos, paredes, pisos, mobiliários, estantes, nichos etc. Ao<br />

transformar radicalmente a percepção de todas as cores,<br />

acabamentos, texturas e volumes propostos pelo projeto de<br />

interiores, revela também as inúmeras possibilidades obtidas<br />

com os diferentes sistemas de controle oferecidos pela loja:<br />

Forward Phase, EcoSystem, DALI, 0-10v, DMX, enfim, os<br />

principais protocolos de controle e dimerização, com todas<br />

as suas características e individualidades exploradas.<br />

O resultado é um ambiente totalmente transformável, um<br />

“palco” para os efeitos de luz.<br />

ESPIRAL LUMINOSA<br />

PRATEADA E CINTILANTE<br />

Além dos detalhes mais, digamos, alegóricos do que seriam<br />

espaços de uma residência, o projeto de interiores criou um<br />

elemento central de referência, que define o espaço. Trata-se de<br />

uma cascata cilíndrica, composta de camadas de tecido muito<br />

leves e imateriais, como se quisessem de alguma forma transformar<br />

a luz incidente nelas em algo palpável. É o elemento que dá<br />

personalidade ao conjunto, enquanto tudo o mais gira em torno<br />

de si. Uma infinidade de cenários pôde ser criada, obedecendo a<br />

quaisquer critérios que se deseje: ciclo circadiano, RGB ou ainda<br />

a diversidade de “moods”, conforme descrito pelos designers, e<br />

aqui em tradução livre: “prata cintilante, ouro reluzente, vermelho<br />

flamejante, azul gélido etc.”. Palavras que buscam expressar as<br />

infinitas possibilidades de composição de luzes e acabamentos,<br />

tudo para encher os olhos de seus clientes.<br />

ALOUD SHOWROOM<br />

Estocolmo, Suécia<br />

Projeto de iluminação:<br />

ÅF Lighting<br />

Kai Piippo, Okcar Nyström<br />

(lighting designers)<br />

Wennerberg & Wennerberg<br />

Peter Wennerberg (lighting designer)<br />

Projeto de arquitetura e interiores:<br />

Rex+<br />

Olle Rex<br />

Cliente:<br />

Aloud Custom Installation<br />

Fornecedores:<br />

Crestron, D-Led, EldoLED, Erco, I-Led,<br />

Led Lab, Lutron, Meanwell, Occhio,<br />

Pharos, ProLed, Tala e Welight LEDTape<br />

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Projetores de LED embutidos no piso (9 W, 2.700 K, 25°), emitem luz para o forro de cumaru, que ajuda a espalhar uma luz suave<br />

e tonalizada pelo acabamento da madeira. No terraço principal, quatro projetores LED embutidos no piso (9 W, 2.700 K, 25°),<br />

iluminam o volume central da cobertura plana, enquanto suas paredes de pedra e os pilares da fachada são varridos pela luz desses<br />

projetores, assim como pela luz direta e indireta de pequenas arandelas de LED (6 W, 4°).<br />

LINHAS CONTEMPORÂNEAS,<br />

ALMA ORGÂNICA<br />

Texto: Valentina Figuerola | Fotos: Evelyn Müller<br />

Na casa de campo em Bragança Paulista, em São<br />

Paulo, a luz natural entra em abundância pelas<br />

generosas aberturas envidraçadas da fachada e<br />

pelos desníveis entre os planos da cobertura. Os ambientes<br />

são distribuídos a partir de um eixo central que se inicia no hall<br />

de entrada, de onde já é possível avistar a mata nativa situada<br />

na extremidade do terreno. A arquitetura contemporânea e<br />

arrojada, geometricamente depurada, ganha personalidade<br />

orgânica e aconchegante com o predomínio de materiais de<br />

acabamento como pedra e madeira, generosamente destacados<br />

pelo projeto de iluminação criado pelo lighting designer<br />

Marcos Castilha.<br />

62 63


No eixo de acesso às áreas de estar e sobre a mesa de jantar se destacam luminárias decorativas de aparência mais imponentes,<br />

como os dois pendentes com cúpulas de madeira. Na página seguinte destaque para a iluminação dos montantes do caixilho de<br />

madeira da circulação das áreas íntimas, realçados por pequenos projetores de LED embutidos no piso (3 W, 14°, 2.700 K).<br />

O projeto privilegia soluções clean e discretas de iluminação<br />

na maioria dos espaços. A exceção se dá no eixo de acesso<br />

e nas áreas de estar de pé-direito duplo, onde se destacam<br />

luminárias mais decorativas e imponentes, como os dois<br />

pendentes com cúpulas de madeira, um na sala de jantar e<br />

outro na circulação.<br />

Castilha conta que a disposição dos downlights para<br />

lâmpadas halógenas embutidos no forro de madeira cumaru<br />

segue as linhas da arquitetura em vez do layout de mobiliário,<br />

criando uma “ordem gráfica” de distribuição no forro. “Optamos<br />

por luminárias com mesmo tamanho e aparência para obter<br />

uma solução mais discreta. O que muda nos equipamentos<br />

são as propagações de luz, as aberturas do facho e suas<br />

orientações”, acrescenta.<br />

O forro de madeira é valorizado por luminárias de LED<br />

embutidas no piso, as quais jogam a luz para o teto, a fim de<br />

difundir uma luz suave e tonalizada pela madeira. No terraço<br />

principal, quatro luminárias de piso de LED iluminam o volume<br />

central da cobertura plana que se estende em beirais generosos.<br />

“As paredes de pedra da fachada são varridas pela luz de<br />

luminárias embutidas no piso, pela iluminação do paisagismo e<br />

por pequenas arandelas; todas as soluções acabam realçando<br />

sua textura. Essas arandelas também iluminam os pilares<br />

desse espaço.”<br />

A transparência e os vãos generosos integram a casa ao<br />

entorno verde, que pode ser contemplado dos interiores de<br />

forma fluida e visualmente permeável à paisagem. “Apesar<br />

de a casa ser grande, a iluminação não é monumental. Ela é<br />

orgânica e está concatenada com a iluminação do paisagismo”,<br />

explica Castilha.<br />

À noite, a luz proveniente do interior da casa vaza para o<br />

exterior através das aberturas, clareando o entorno imediato<br />

da residência. A paisagista Caterina Poli, autora do projeto de<br />

paisagismo, diz que a ideia era criar um jardim mais natural,<br />

com cara de casa de campo, em que árvores e arbustos fossem<br />

valorizados por uma iluminação sem exageros. Ela destaca<br />

64 65


soluções como as luminárias embutidas no solo, que iluminam<br />

as árvores principais de baixo para cima, especificadas em<br />

duas intensidades.<br />

Com exceção dos ambientes mais fechados, todos os<br />

espaços da casa, especialmente os jardins, as áreas sociais<br />

e o eixo de acesso, contam com sistemas de automação de<br />

iluminação e acionamento integrado que facilitam o controle<br />

das luzes e a criação de cenas sem a necessidade de grandes<br />

deslocamentos. “Apesar de a casa ser arrojada e de grande<br />

porte, conseguimos um resultado orgânico e funcional que<br />

valoriza bem a simbiose entre a arquitetura e o paisagismo”,<br />

finaliza Castilha.<br />

A disposição dos downlights<br />

para lâmpadas halógenas<br />

AR-111 tipo energy saver<br />

(35 W, 24°, 2.700 K) no forro<br />

de madeira cumaru segue<br />

as linhas da arquitetura.<br />

Luminárias de LED embutidas<br />

no piso valorizam o forro de<br />

madeira das áreas sociais.<br />

Na página seguinte, abaixo,<br />

a área da churrasqueira é<br />

iluminada por downlights de<br />

LED de sobrepor sob as vigas<br />

(6 W, 22°, 2.700 K).<br />

CASA EM BRAGANÇA PAULISTA<br />

São Paulo, Brasil<br />

Projeto de iluminação:<br />

Castilha Iluminação<br />

Marcos Castilha (arquiteto titular)<br />

Brenda Lelli (arquiteta colaboradora)<br />

Projeto de arquitetura e interiores:<br />

Gilda Assumpção Meirelles<br />

Projeto de paisagismo:<br />

Catê Poli Paisagismo<br />

Caterina Poli<br />

Fornecedores:<br />

Alloy, Bertolucci, Interlight, Ledplus,<br />

Lumini, Omega Light, Osram e Reka<br />

66 67


No Salão 2, as luminárias em cruz foram equipadas com tubos de cátodo frio 600 mm, 28 W, 66 lm por lâmpada<br />

(aproximadamente), com emissão vermelha. Projetores lineares com LED 16 W, 2.488 lm e facho assimétrico 14° × 34°, foram<br />

instalados no piso, atrás dos sofás, iluminando de maneira rasante os cofres e inserindo uma componente de luz branca no espaço.<br />

LE COFFRE ROUGE<br />

Texto: Débora Torii | Fotos: Marcelo Kahn<br />

Apesar de ter sido inaugurado apenas há alguns meses,<br />

o Bar do Cofre SubAstor exala história em cada um de<br />

seus detalhes. Localizado no subsolo do Farol Santander<br />

(antigo “Banespão”), um dos mais históricos prédios da capital<br />

paulista, esse espaço funcionou como abrigo para os cofres do<br />

Banco do Estado de São Paulo durante mais de cinco décadas.<br />

O projeto de arquitetura que o transformou em bar, conduzido<br />

pelo LAB Arquitetos, fez questão de deixar evidente essa história,<br />

mantendo e valorizando elementos marcantes, como as imponentes<br />

portas circulares de concreto e aço e alguns dos revestimentos<br />

de mármore originais.<br />

A convite da equipe de arquitetura, as lighting designers Letícia<br />

Mariotto e Cláudia Borges Shimabukuro, titulares da Lit Arquitetura<br />

de Iluminação, foram as responsáveis pelo projeto de iluminação e<br />

contam que o processo foi marcado por grandes desafios, como o<br />

curto prazo entre o início do projeto e sua execução, o tombamento<br />

do edifício e as restrições orçamentárias que inviabilizaram algumas<br />

das visões iniciais da equipe de arquitetura para o espaço.<br />

68 69


Ao lado, o Salão 3 foi<br />

iluminado de maneira<br />

difusa, por meio de<br />

luminárias lineares<br />

pendentes, com LED RGBW<br />

12 W/m, que permitem<br />

controlar a cor da emissão<br />

luminosa. Os pendentes<br />

foram instalados em<br />

diferentes alturas, que<br />

vão de 2,90 m do piso,<br />

na entrada, a 2,60 m,<br />

preparando os clientes<br />

para a Sala 4. Também<br />

considerado uma Sala VIP,<br />

o ambiente é cercado por<br />

grandes portas de cofres,<br />

que foram valorizadas por<br />

meio da iluminação rasante<br />

de projetores lineares com<br />

LED 16 W, 2.488 lm e facho<br />

assimétrico 14° × 34°,<br />

instalados no piso, atrás dos<br />

sofás. Na sanca metálica<br />

existente foi instalada fita<br />

de LED 4,8 W/m na cor<br />

vermelha, refletida pelo<br />

forro também metálico.<br />

PERCURSO E AMBIENTAÇÃO<br />

Uma porta ao lado da entrada principal do Farol Santander<br />

dá acesso ao elevador e à escada que conduzem ao bar, no<br />

subsolo. Na recepção, localizada logo ao final da descida das<br />

escadas, foram preservados dois elementos da iluminação<br />

original do edifício: a clássica luminária de aço em estilo Art<br />

Déco, tombada pelo patrimônio histórico, assim como todo<br />

o edifício, cujas lâmpadas fluorescentes tubulares foram<br />

substituídas por tubos de cátodo frio, que oferece brilho<br />

mais suave e permite o controle de sua intensidade, e a sanca<br />

metálica perimetral, cuja aba original de aço foi mantida e<br />

restaurada e onde foram aplicados perfis lineares de LED<br />

na cor branca, também dimerizáveis, os quais iluminam o<br />

ambiente de maneira indireta, valorizando os acabamentos<br />

preservados, de cores claras.<br />

Em meio aos acabamentos em tons escuros que caracterizam<br />

o Salão 1, atrás da recepção, três pontos focais atraem<br />

os olhares dos visitantes: as duas portas originais do cofre,<br />

iluminadas por meio de mangueiras flexíveis de LED instaladas<br />

em seus perímetros; o balcão do bar, constituído de mármore<br />

translúcido e retroiluminado por meio de fitas de LED dimerizáveis;<br />

e as prateleiras de vidro com iluminação integrada, que fazem<br />

brilhar as garrafas de bebidas e cujo efeito é potencializado<br />

70 71


A ambientação de estilo “lounge” da Salão 3, criada por meio do mobiliário pertencente ao acervo do Santander, foi reforçada<br />

pela sugestão, por parte do projeto de iluminação, de diversas luminárias decorativas de piso e de mesa, com lâmpadas LED com<br />

temperaturas de cor entre 2.400 K e 2.700 K, que complementam a iluminação difusa e colorida proveniente dos pendentes lineares.<br />

O Salão 1, cujos pontos focais são a porta circular do antigo cofre, ressaltada por meio de mangueira LED neon<br />

7 W/m, 200 lm/m, 2.700 K integrada em seu perímetro; o balcão do bar, transiluminado por meio de perfis de LED 9,6 W/m,<br />

810 lm/m, 2.600 K instalados em seu interior; e as prateleiras onde são expostas as garrafas, destacadas por meio de perfis de<br />

LED 9,6 W/m, 810 lm/m, 2.600 K, fixados sob cada uma delas, iluminando os líquidos contidos nos envases coloridos.<br />

pelo revestimento espelhado da parede ao fundo. Nesse<br />

ambiente também foi preservada a sanca de aço perimetral,<br />

cuja iluminação indireta é refletida pelo nicho pintado na cor<br />

branca, que emoldura o novo forro modulado de cor preta.<br />

O Salão 2, acessível por uma das portas circulares, pode<br />

ser considerada o coração do projeto. Ao visitar o espaço pela<br />

primeira vez, Leticia conta que imediatamente souberam de<br />

que maneira transformariam sua iluminação. Foi praticamente<br />

uma visão: as luminárias em cruz existentes tiveram suas<br />

lâmpadas fluorescentes tubulares substituídas por tubos<br />

de cátodo frio vermelhos, a cor corporativa do banco. A<br />

sala, que é inteiramente tombada, passou pela completa<br />

restauração de suas 2 mil caixas de depósito de aço, que<br />

foram ressaltadas, de um dos lados, por meio da luz rasante<br />

de projetores lineares instalados no piso, atrás dos sofás, que<br />

também trazem uma componente de luz branca ao ambiente.<br />

Assim como o Salão 1, esse espaço também conta com um<br />

balcão transiluminado, característico dos empreendimentos<br />

gerenciados pelo SubAstor.<br />

Por trás da outra porta circular, está o Salão 3, que foi<br />

transformado em um lounge. O teto multimídia proposto inicialmente<br />

pela equipe de arquitetura – e posteriormente inviabilizado<br />

por questões orçamentárias – deu lugar à iluminação difusa<br />

por meio de luminárias lineares com LED RGB, que permitem<br />

criar uma diversidade de ambientações por meio das trocas<br />

de cor. Esses equipamentos foram dispostos de maneira não<br />

ortogonal e suspensos a alturas gradativamente mais baixas,<br />

conduzindo os visitantes à sala VIP, no final do ambiente. O clima<br />

de exclusividade desse espaço é ressaltado por meio de fitas de<br />

LED com emissão vermelha, instalados sobre a sanca de aço,<br />

cuja luz indireta é refletida pelo revestimento metálico do teto.<br />

Assim como no Salão 2, as portas restauradas dos cofres que<br />

circundam o espaço foram iluminadas de maneira rasante por<br />

meio de projetores lineares com luz branca, instalados no piso.<br />

LEGADO<br />

O tombamento do edifício e sua arquitetura peculiar<br />

– com espaços bastante segmentados e delimitados<br />

por paredes de concreto maciço com 67 centímetros<br />

de espessura –, que poderiam ter sido entraves para<br />

essa transformação no uso do espaço, foram utilizados<br />

de maneira engenhosa para criar a ambientação do<br />

bar, complementada por cadeiras, poltronas e sofás<br />

originais do acervo do Santander. “Embora fosse um<br />

espaço escondido do público e acessível apenas a<br />

poucos usuários, o cofre faz jus à força da arquitetura<br />

Art Déco tardia do edifício, com elementos estéticos<br />

superinteressantes”, comenta Leticia a respeito de<br />

algumas de suas características originais. O resultado<br />

do projeto valoriza ainda mais essa história.<br />

BAR DO COFRE<br />

SUBASTOR<br />

São Paulo, Brasil<br />

Projeto de iluminação:<br />

Lit Arquitetura de Iluminação<br />

Letícia Mariotto e<br />

Cláudia Borges Shimabukuro<br />

(arquitetas titulares)<br />

Projeto de arquitetura<br />

e interiores:<br />

LAB Arquitetos<br />

Cliente:<br />

Farol Santander<br />

Fornecedores:<br />

Itaim, Lemca, Light Design + Exporlux,<br />

Lumini, Omega Light e<br />

Several Service Group<br />

72 <strong>73</strong>


MILÃO 2019<br />

Texto: Carlos Fortes<br />

Fotos: Tom Vack, Takumi Ota<br />

A<br />

Semana de Design de Milão é, sem dúvida, o maior<br />

evento mundial de design e de decoração. Durante seis<br />

dias do mês de abril, todos os olhares do universo do<br />

design e da arquitetura se voltam à cidade do norte da Itália.<br />

Ano após ano, o evento denominado Fuori Salone – que<br />

inicialmente reunia manifestações diversas de jovens designers,<br />

artistas e marcas que buscavam, em instalações conceituais,<br />

se posicionar fora dos limites formais do Salão do Móvel<br />

(I Saloni) – foi tomando grandes proporções, até atingir o<br />

destaque atual, atraindo um número crescente de visitantes,<br />

muitos dos quais sequer põe os pés no Salone, em Rho.<br />

Marcas tradicionais continuam a apresentar seus lançamentos<br />

na feira e também em seus showrooms, em concorridos eventos<br />

para a imprensa e convidados. Cada vez mais vemos também o<br />

trabalho de designers e artistas independentes em associação<br />

com a indústria, muitas vezes apresentando novos materiais.<br />

Também é notória a migração do interesse do público em<br />

novas direções. A Zona Tortona, reduto do Fuori Salone que<br />

reunia a vanguarda da produção independente em exposições<br />

coletivas ou individuais (marcou época, por exemplo, o Super<br />

Studio Piu) logo passou a abrigar showrooms, museus, hotéis e<br />

grandes exposições, hoje não atrai tanto os olhares ávidos por<br />

novidades. É verdade que novos edifícios surgidos nos últimos<br />

anos continuam a atrair muitos visitantes – por exemplo,<br />

Armani/Silos, criado por Tadao Ando para expor as coleções<br />

de moda de Giorgio Armani e exposições temporárias de arte<br />

74 75


Na página anterior, instalação “Nel blu, dipinto di blu”, de Ingo Maurer, para a Torre Velasca. Ao lado, o coletivo japonês nendo<br />

apresentou a instalação “Breeze of Light” na Zona Tortona.<br />

contemporânea; e o MUDEC (Museo Delle Culture), projetado<br />

por David Chipperfield. Este ano, um dos destaques na Zona<br />

Tortona foi a instalação Breeze of Light, do incensado coletivo<br />

japonês nendo, de Oki Sato, em parceria com a Daikin, empresa<br />

de ar-condicionado. Já a empresa holandesa Moooi, que em<br />

anos anteriores apresentou formidáveis instalações na Via<br />

Savona, migrou para o tradicional distrito de Brera, parecendo<br />

acanhada e previsível em seu novo endereço.<br />

Brera, aliás, tornou-se um dos destinos preferidos dos visitantes.<br />

A combinação de restaurantes tradicionais com lojas de moda,<br />

pequenos showrooms, museus, muita gente na rua e a proximidade<br />

com as renovadas regiões de Porta Garibaldi e Porta Nuova traz<br />

uma verdadeira ebulição à região, aumentando a quantidade de<br />

participantes do Fuori Salone.<br />

Também é crescente a presença de marcas e designers<br />

brasileiros. A marca de alta marcenaria Etel abriu há pouco<br />

mais de um ano loja própria na Via Pietro Maroncelli, na Porta<br />

Garibaldi, ao norte de Brera. No Museo Della Permanente, a<br />

mostra Brazil Essentially Diverse, organizada pela Axpe, com<br />

o apoio do Consulado brasileiro em Milão, levou mais de 30<br />

designers. Jader Almeida, já veterano em Milão, expôs suas<br />

criações em parceria com a Sollos no Palácio Litta.<br />

O projeto Ventura, que acontecia no distante distrito de<br />

Lambrate, há dois anos mudou-se para Centrale, ocupando antigos<br />

armazéns desativados da estação ferroviária. Este ano compôs um<br />

dos conjuntos mais interessante da cidade, com 16 instalações,<br />

que em sua maioria exploravam efeitos de luz e projeções. Um<br />

desses galpões foi ocupado pela Dpot, pela primeira vez em<br />

Milão, com uma instalação-tributo a Geraldo de Barros intitulada<br />

Poetic Geometry. Outro grande destaque em Ventura Centrale foi<br />

a instalação de Todd Bracher, na qual a interação dos visitantes,<br />

com sincronização de som, luz e movimentos, proporcionou uma<br />

interessante experiência participativa do público (veja páginas as<br />

32 e 34 nesta edição).<br />

Na Euroluce, o grande destaque foi o enorme estande da Flos<br />

– posicionado não exatamente em um dos pavilhões destinados<br />

à Euroluce, e sim no Hall 24, onde também aconteceu o Salão<br />

Satélite. Em um gigantesco estande, foi apresentado ao público<br />

o grupo denominado Design Holding, criado no final de 2018 e<br />

que é composto, além da Flos, da dinamarquesa Louis Poulsen<br />

e da marca de mobiliário B&B Italia, com investimento do grupo<br />

Carlyle. A Flos apresentou criações de Michael Anastassiades<br />

e nendo, reafirmando sua qualidade de manter-se sempre<br />

alinhada com a vanguarda do design. A Louis Poulsen apresentou<br />

parceria inédita com Olafur Eliasson, artista dinamarquês que<br />

explora a luz em seus trabalhos e suas instalações.<br />

Davide Groppi também passa a fazer parte do grupo IDB<br />

– Italian Design Brands. Assim como no mundo da moda,<br />

parece que as empresas de design seguem a tendência de<br />

se agruparem em conglomerados, a fim de se fortalecerem e<br />

garantir o destaque em um mercado altamente competitivo<br />

e globalizado.<br />

A Artemide se mostra renovada, seguindo com suas parcerias<br />

com o Atelier Oï, Big e com diversos produtos que levam a<br />

assinatura de Carlotta de Bevilacqua e Ernesto Gismondi. Os<br />

produtos flexíveis, seja no sentido da aplicação, seja no sentido<br />

literal de criar formas e traçados com liberdade, segue como<br />

tendência da marca.<br />

Destacamos a presença das marcas espanholas, em especial<br />

Víbia, Marset e Santa & Cole, todas com muita personalidade,<br />

reforçando suas identidades. A Santa & Cole provoca com seu<br />

estande sem lançamentos, convidando a uma reflexão sobre o<br />

efêmero e o perene.<br />

Ingo Maurer segue com sua irreverência, cria a instalação<br />

Nel blu, dipinto di blu e novamente ilumina o icônico edifício Torre<br />

Velasca, como parte do evento Human Spaces, promovido pela<br />

revista – dessa vez colorindo-o de azul, depois de tê-lo feito<br />

vermelho em 2016. E nos dá mostras de seu processo criativo e<br />

o de sua equipe com a coleção Luzy Blue.<br />

A seguir, uma seleção de produtos apresentados na EUROLUCE:<br />

76 77


Fotos: Divulgação<br />

1 1 2 3 3 4 4<br />

5 5 6<br />

7<br />

7<br />

ARTEMIDE<br />

1 Interweave por Pallavi Dean<br />

Interweave é um sistema flexível que integra luz e serviços.<br />

É composto de elementos cilíndricos de alumínio de diferentes<br />

diâmetros, com a função de fixar as linhas de luz, os quais<br />

podem receber projetores ou outros elementos, como sensores<br />

e caixas de som. Os elementos luminosos podem ser livremente<br />

posicionados, criando desenhos próprios a cada projeto.<br />

2 La Linea por BIG<br />

La Linea é um tubo flexível de silicone para iluminação difusa,<br />

que pode ser moldado e girado livremente nos espaços. O sistema<br />

é composto de módulos de 2,5 metros ou 5 metros, extensíveis,<br />

que podem ser aplicados em áreas internas e externas. A forma<br />

simples esconde alta tecnologia e expertise, para que o produto<br />

final atenda às premissas propostas pelos designers.<br />

3 NH por Neri & Hu<br />

As luminárias combinam vidro soprado e metal. Esferas de<br />

vidro suspensas por um anel, como o elo de uma corrente, deslizam<br />

sobre hastes de latão escovado, gerando diferentes composições e,<br />

permitindo, que cada uma delas origine uma luminária única. As<br />

esferas de vidro podem ter 14 cm, 22 cm ou 35 cm, e os suportes de<br />

latão estão disponíveis em diferentes formatos, para composições<br />

no teto, na parede ou ainda apoiadas no piso ou em mesas.<br />

4 Vitruvio por Atelier Oï<br />

Cada luminária é composta de três hastes de metal que são<br />

introduzidas nas esferas de vidro soprado com precisão, inspirada na<br />

arte da relojoaria. Essa exatidão na relação entre os elementos – metal<br />

e vidro – permite que os pesos se equilibrem em ambas as posições de<br />

montagem, com as esferas voltadas para baixo (pendentes) ou para<br />

cima (versão de mesa ou piso). A cúpula anelada do vidro transparente<br />

diminui o ofuscamento e a visualização direta da fonte luminosa.<br />

BOVER<br />

5 Domita por Benedetta Tagliabue & Joana Bover<br />

Trata-se de uma miniatura de Dome, a já conhecida<br />

luminária da Bover, formada por finas lâminas de madeira<br />

que convergem entre si, formando uma cúpula. Essa versão<br />

em miniatura traz ao produto maior versatilidade de uso,<br />

proporcionando a composição de conjuntos com diferentes<br />

combinações entre as cúpulas e os cabos, que podem pender<br />

de uma única canopla.<br />

6 Mod por Lázaro Rosa-Violán<br />

A luminária é inspirada na natureza, e seu elemento<br />

principal tem a forma de uma pétala. Essas pétalas podem<br />

ser agrupadas em diferentes conjuntos, a partir de um<br />

eixo central. Além da possibilidade de permitir diferentes<br />

composições, cada pétala também pode ser personalizada<br />

em madeira, fibras naturais, fios coloridos ou até mesmo<br />

crochê. O produto traz em sua composição os conceitos<br />

de personificação e versatilidade.<br />

DAVIDE GROPPI<br />

7 ChainDelier por Davide Groppi<br />

A luminária faz alusão a um elemento clássico, um<br />

candelabro, mas com uma nova abordagem. A partir<br />

do jogo de palavras entre chain (corrente) e chandelier<br />

(candelabro), criou-se o conceito da luminária – “uma<br />

corrente de ouro que se dobra sobre seu próprio peso,<br />

criando uma perfeita parábola, projetando a luz do ponto<br />

mais baixo”, nas palavras de Davide Groppi. Também é<br />

possível alterar a quantidade de elos e a posição das fontes<br />

luminosas, agregando – como desejável – versatilidade e<br />

flexibilidade ao produto.<br />

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8 9 10 11 12 12 13<br />

14 15 16 17 18 19<br />

FLOS<br />

8 Coordinates por Michael Anastassiades<br />

Coordinates é um sistema composto de perfis horizontais<br />

e verticais que formam estruturas semelhantes a uma malha<br />

tridimensional, com trechos luminosos em diferentes posições.<br />

O sistema pode ser personalizado ou criado a partir da<br />

combinação de módulos predefinidos. O conceito foi concebido<br />

pelo designer para a renovação projetada pelo arquiteto<br />

brasileiro Isay Weinfeld para o restaurante Four Seasons,<br />

em Nova York.<br />

9 Haeru por nendo<br />

Haeru (crescer, em japonês) é um sistema modular, alimentado<br />

por uma bateria embutida, que combina três tipos de mesas,<br />

dois tipos de luminária e três pernas de apoio. A combinação<br />

desses elementos possibilita uma variedade de composições,<br />

que atende aos conceitos de flexibilidade e personalização.<br />

10 Heco por nendo<br />

Heco é um sistema de iluminação que combina mesas,<br />

bancos e luminárias também alimentadas por bateria, para<br />

uso em áreas externas. A alimentação da luminária difusa<br />

percorre o interior das hastes que compõem a estrutura.<br />

11 My Circuit por Michael Anastassiades<br />

O sistema combina segmentos de trilhos curvos e lineares,<br />

como base para a combinação de diferentes fontes luminosas,<br />

como pendentes em formato de disco, cilindros finíssimos e esferas<br />

luminosas, em uma linguagem já extensivamente explorada,<br />

questionando-se a si mesmo sobre a originalidade da ideia.<br />

12 WireLine por Formafantasma<br />

A luminária WireLine, assim como a criação anterior Wirering<br />

para a Flos, utiliza o cabo de alimentação como um dos principais<br />

elementos do projeto. Assumindo as proporções de um cinto<br />

de borracha, o cabo pende do teto, formando uma parábola,<br />

e conecta um tubo difuso de vidro borosilicato, contrastando<br />

o aspecto industrial da borracha com a sofisticação do vidro.<br />

INGO MAURER<br />

13 Luzy Blue por Ingo Maurer<br />

A luminária surgiu do acaso – luvas tingidas de azul e<br />

penduradas na parede dia após dia, durante um processo<br />

criativo da equipe, conduzido pela colaboradora Luzi Graf.<br />

Assim, temos mais um exemplo da mente criativa de Ingo<br />

Maurer e de sua equipe. Azul também foi a cor escolhida para<br />

a iluminação da Torre Velasca.<br />

VIBIA<br />

14 Dots por Martin Azua<br />

Dots são pequenos círculos fixados na parede. Cada ponto é<br />

um cilindro sólido interseccionado por uma série de cones através<br />

dos quais a luz escapa, gerando diferentes efeitos de iluminação.<br />

A composição, além de proporcionar a variedade de desenhos<br />

criados pela luz, pode ser direcionada como iluminação focada para<br />

leitura, iluminação indireta, balizamento ou iluminação ambiente.<br />

15 Sticks por Arik Levy<br />

Apresentado pela primeira vez na Light+Building de 2017,<br />

o sistema é composto de bastões que giram em seu próprio<br />

eixo, oferecendo liberdade ilimitada para direcionar a fonte de<br />

luz dentro de um espaço. Os bastões podem ser conectados a<br />

duas paredes, a uma parede e ao teto, do chão à parede, e assim<br />

sucessivamente. O resultado é bastante expressivo, escultural, e<br />

traz uma nova leitura da relação entre fonte de luz e arquitetura.<br />

16 Tube por Ichiro Iwasaki<br />

Trata-se de um sistema composto de uma rede de tubos<br />

que traz a luz de um único ponto para diferentes posições,<br />

proporcionando total liberdade de configurações. Segundo o<br />

designer, “o nome da coleção deriva do sistema de tubos, mas<br />

também das linhas e das interseções geradas, que lembram a<br />

maneira típica de ilustrar os mapas subterrâneos ou do metrô”.<br />

LOUIS POULSEN<br />

17 OE Quasi por Olafur Eliasson<br />

A luminária desenhada pelo artista traz para a escala da<br />

arquitetura um elemento que reflete as linhas e os desenhos<br />

das esculturas que exploram a luz e suas múltiplas reflexões,<br />

características de sua obra. O pendente OE Quase é composto<br />

de um poliedro de alumínio que abriga um difusor feito de<br />

policarbonato moldado, sugerindo o efeito de um caleidoscópio.<br />

SANTA & COLE<br />

18 Maija e por Carlos Pericas<br />

19 Cesta por Carlos Pericas<br />

A catalã Santa & Cole propôs, em vez do lançamento de<br />

uma nova coleção 2019, uma reflexão sobre efemeridade e<br />

perenidade. A mensagem da empresa focou na durabilidade e<br />

na atemporalidade de seus produtos, produzidos por artesãos<br />

europeus ou japoneses. “Objetos que nunca saem de moda<br />

graças ao seu design, à solução técnica e à cuidadosa seleção<br />

de materiais.”<br />

80 81


FOTO LUZ FOTO<br />

GABRIEL CASTRO<br />

Quando sou convidado para registrar algum projeto,<br />

a minha visão de arquiteto sobressai à de fotógrafo: a<br />

compreensão espacial, o conhecimento das estratégias projetuais<br />

e os fundamentos de representação arquitetônica<br />

moldam as decisões fotográficas.<br />

Há sempre um cuidado para que as imagens tenham uma<br />

aparência mais natural, o que pode ser desafiador em fotos com<br />

iluminação artificial, que geralmente exigem compensações de<br />

exposição na pós-produção da imagem. Por isso evito recursos<br />

de edição automáticos, que são muito utilizados, mas que<br />

podem gerar uma aparência artificial.<br />

A foto que escolhi do projeto Letras é uma imagem<br />

de detalhe do teto. Considero esta imagem muito representativa<br />

do projeto, visto que a solução arquitetônica dos<br />

elementos de mangueirinha de PVC que compõem o forro,<br />

dá o tom geral da ambientação do escritório.<br />

O registro também evidencia o projeto de iluminação<br />

delicado, cujas fontes luminosas são rebatidas nos<br />

módulos do forro, criando uma iluminação confortável sem<br />

ofuscar o olhar.<br />

A foto passou por um pequeno ajuste de perspectiva e foi<br />

realizada com a câmera Canon 6D e grande angular 17 mm TSE.<br />

Gabriel Castro é arquiteto, mestre em Arquitetura e Urbanismo, professor e fotógrafo.<br />

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