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Ano 24 - nº 243<br />
Maio 2019<br />
Especial Riscos Financeiros<br />
Garantia Judicial deve<br />
atrair novos players<br />
para o mercado<br />
D&O inicia fase de<br />
busca por novos nichos<br />
consumidores<br />
Garantia de Obras:<br />
a espera pela<br />
regulamentação<br />
Fiança Locatícia ganha<br />
fôlego mesmo com crise<br />
do setor imobiliário
editorial<br />
Ano 24 - nº 243<br />
Maio 2019<br />
Esta revista é uma<br />
publicação independente<br />
da Correcta Editora Ltda<br />
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Os artigos assinados são de<br />
responsabilidade exclusiva de<br />
seus autores, não representando,<br />
necessariamente, a opinião desta<br />
revista.<br />
Crescimento do<br />
setor depende do<br />
cenário econômico<br />
Claro que é assim que a banda toca. Se houver uma recuperação<br />
econômica, certamente o setor deve responder rapidamente. A reforma<br />
da previdência ainda tramita pela Câmara e, segundo projeções de<br />
membros do Governo, só deve ser votada no segundo semestre. Esta é<br />
a grande promessa da vez para o desenvolvimento econômico do País.<br />
Não podemos esquecer que havia esperança de retomada do<br />
crescimento após a eleição presidencial, fato que não se concretizou.<br />
Agora, dependemos da boa vontade política dos deputados em realizar<br />
esta votação. Para o mercado, certamente será benéfica esta aprovação,<br />
principalmente com a entrada de novos investidores.<br />
Aos poucos, o setor vai entendendo como o Governo enxerga o<br />
mercado de seguros. A criação da super agência que vai unir Susep e<br />
Previc está em vias de ser anunciada. Desta forma, serão colocados sob<br />
um mesmo guarda-chuva setores que tratam de proteção, mas com<br />
financiamentos diferentes. Os poderes que emergirão desta agência<br />
ainda estão no âmbito da especulação.<br />
Por enquanto, trazemos nesta edição as possibilidades e os desafios<br />
dos seguros de linhas financeiras. Apesar da crise econômica, produtos<br />
como Garantia Judicial e RC Profissional cresceram e buscam novos<br />
nichos de consumidores. A depender também da aprovação de um<br />
Projeto Lei, o seguro de garantia pode dar um grande salto.<br />
Como sempre, nos cabe esperar para ver como o cenário<br />
econômico irá se desenrolar a partir das decisões políticas.<br />
Boa leitura!<br />
Diretora de Redação<br />
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<strong>Revista</strong> <strong>Apólice</strong><br />
Mande suas dúvidas, críticas e sugestões para redacao@revistaapolice.com.br<br />
3
sumário<br />
6 |<br />
9 |<br />
14 |<br />
entrevista<br />
Caribou Honig dedica boa parte de seu tempo para o desenvolvimento<br />
do ecossistema das empresas de tecnologia voltadas para o mercado de<br />
seguros e, por isso, já foi chamado de padrinho das insurtechs<br />
painel<br />
gente<br />
16 |<br />
20 |<br />
24 |<br />
29 |<br />
30 |<br />
34 |<br />
38 |<br />
40 |<br />
41 |<br />
42 |<br />
4<br />
especial riscos financeiros<br />
garantia<br />
Mercado aguarda a tramitação de um Projeto de Lei no Congresso Nacional<br />
com a esperança de um salto no faturamento desta carteira. Os novos<br />
limites para cobertura não devem trazer apenas os prêmios, mas também<br />
novas obrigações<br />
garantia judicial<br />
Com grande potencial de desenvolvimento, o seguro de garantia judicial<br />
já representa mais de 90% da carteira de garantia. Para 2019, é esperado<br />
um aumento de mais de dois dígitos na carteira, com a entrada de novas<br />
seguradoras e consumidores<br />
d&o<br />
Depois de um período turbulento, com grandes sinistros ligados às ações da<br />
Lava Jato, produto agora entra na fase de explorar novos nichos, sempre de<br />
olho na preservação do patrimônio dos executivos<br />
miura<br />
Corretora centralizou seus esforços nos seguros de garantia, financial lines e<br />
transportes internacionais para buscar clientes multinacionais. Como parte<br />
de um grupo global busca agora novos mercados e clientes<br />
fiança locatícia<br />
Ramo registra crescimento de quase 10% em 2018 e empresas apontam<br />
agilidade na contratação e segurança como pontos fortes do produto. Novo<br />
perfil de consumidores, que não se interessam pela compra de imóveis, dão<br />
fôlego ao setor<br />
rc profissional<br />
Outras profissões entraram no radar das seguradoras, mas o predomínio<br />
ainda fica por conta dos profissionais ligados à área de saúde. A boa notícia<br />
é que mesmo entre estes profissionais, menos de 20% possuem algum tipo<br />
de proteção<br />
tecnologia<br />
Avanços da tecnologia demonstram que é preciso haver um<br />
compartilhamento de conhecimento para que todos desfrutem dos<br />
benefícios de um novo mercado. Desafio é trabalhar mais rápido e de forma<br />
mais eficiente<br />
grupo fox<br />
ameplan<br />
congrecor<br />
20<br />
30<br />
24<br />
34
entrevista | caribou honig<br />
O padrinho<br />
das insurtechs<br />
Não foi à toa que Caribou Honig recebeu este título. Ele é co-fundador<br />
e chairman do Insuretech Connect, além de atuar como conselheiro<br />
de fundos de investimentos que direcionam recursos para startups de<br />
seguros, também escreve artigos e exerce liderança no segmento<br />
Kelly Lubiato<br />
<strong>Apólice</strong>: Como você analisa a vida<br />
útil dos insurtechs?<br />
Acredito que ainda estamos em<br />
um estágio de “explosão Cambriana”<br />
da evolução das insurtechs. Os empreendedores<br />
estão experimentando uma<br />
ampla variedade de idéias e modelos de<br />
negócios e esses esforços são apoiados<br />
por uma combinação de capital de risco<br />
tradicional e as próprias seguradoras.<br />
Estou muito otimista de que haverá negócios<br />
bem-sucedidos e sustentáveis em<br />
longo prazo. Algumas delas ajudarão os<br />
corretores, seguradores e resseguradores.<br />
<strong>Apólice</strong>: Existe algum tipo de<br />
estatística sobre a mortalidade dessas<br />
empresas?<br />
Como este setor de insurtechs ainda<br />
é incipiente, eu não esperaria muito em<br />
termos de estatísticas reais. Acho que é<br />
útil entender a mentalidade do capital de<br />
risco para financiar essas startups. Um<br />
investidor em estágio inicial espera que<br />
cerca de 1/3 de seus investimentos acabem<br />
fracassando, outro 1/3 faça apenas<br />
um modesto retorno e espera que 1/3<br />
seja para grandes vencedores. Quando<br />
a história das insurtechs for escrita, não<br />
ficarei surpreso se metade falhar ou, pelo<br />
menos, não corresponder às expectativas.<br />
O sucesso do setor não será medido por<br />
quantos fracassam, mas pelos poucos que<br />
obtém sucesso massivo.<br />
A explosão Cambriana ou explosão câmbrica foi o<br />
aparecimento relativamente rápido, em um período<br />
de alguns milhões de anos, dos filos mais importantes,<br />
durante o período Cambriano há cerca de 530 milhões<br />
de anos atrás, conforme encontrado no registro fóssil.<br />
6
caribou honig<br />
painel<br />
<strong>Apólice</strong>: Em 2019, existe algum<br />
produto para o qual as insurtechs estão<br />
mais direcionadas?<br />
O que eu realmente amo sobre insurtechs<br />
é que elas estão voltadas para<br />
quase todos os aspectos do negócio de<br />
seguros. Isso significa que há startups<br />
- e equipes de inovação dentro das<br />
incumbentes - inovando em todas as<br />
categorias de produtos. Eu também estou<br />
vendo muitas empresas começarem a<br />
introduzir um produto de nicho. Eu acho<br />
que esta é uma abordagem interessante,<br />
pois até mesmo um nicho pode ser considerável<br />
quando se trata de seguro e o<br />
sucesso pode ser um trampolim para<br />
produtos adjacentes.<br />
<strong>Apólice</strong>: As insurtechs mantêm o<br />
foco na jornada do cliente?<br />
As insurtechs tendem a ter um foco<br />
nítido na experiência do cliente. Eu tenho<br />
algumas teorias sobre isso. O fato<br />
de que eles estão começando com uma<br />
tela em branco é importante. Algumas<br />
startups têm novas abordagens para a<br />
jornada do cliente como parte central de<br />
sua tese. A Lemonade é o exemplo mais<br />
proeminente, com seu compromisso com<br />
a economia comportamental. Em última<br />
análise, a experiência do cliente será uma<br />
ferramenta essencial para impulsionar a<br />
economia da unidade e você precisará<br />
usar todas as ferramentas disponíveis<br />
quando não puder confiar em uma marca<br />
ou rede de agentes pré-existente.<br />
<strong>Apólice</strong>: Qual é a grande tendência<br />
das empresas de tecnologia de<br />
seguros em 2019?<br />
Esta é uma grande questão! Ultimamente,<br />
tenho visto duas tendências importantes:<br />
a primeira é o que eu chamo<br />
de “API-ification da pilha de seguros”.<br />
Significado: as diferentes partes de funcionalidades<br />
necessárias para originar,<br />
subscrever e dar suporte a uma apólice<br />
de seguro estão se movendo em pequenos<br />
módulos distintos, que podem ser<br />
reconectados com quase zero atrito. Na<br />
verdade, estou tão comprometido com<br />
essa ideia que tenho um projeto paralelo,<br />
www.insurapi.io, que espero que se<br />
torne uma biblioteca de todas as APIs<br />
relacionadas a seguros. A outra tendência<br />
chave é em torno da distribuição. Os<br />
corretores são obviamente importantes,<br />
mas há uma tendência recente em torno<br />
de parcerias de canais que podem minar<br />
o papel dos corretores tradicionais. Pense<br />
na experiência do seguro de viagem<br />
como exemplo. Ao reservar um voo online,<br />
é o site de viagens que me oferece<br />
seguro de viagem, não um corretor de<br />
seguros tradicional. Eu vejo modelos<br />
semelhantes de parceiros de canal na<br />
recuperação dos seguros.<br />
<strong>Apólice</strong>: As insurtechs estão preocupadas<br />
em melhorar a lucratividade<br />
das seguradoras?<br />
Existem realmente dois tipos de<br />
insurtechs: aquelas que querem melhorar<br />
as seguradoras e aquelas que querem<br />
competir. As primeiras são, na verdade,<br />
negócios B2B, geralmente com um tipo<br />
de produto de software como serviço,<br />
tentando vender para corretores, seguradoras<br />
ou resseguradoras. À medida que<br />
suas soluções forem adotadas, ajudará os<br />
resultados financeiros dos incumbentes,<br />
especialmente no lado do custo. As outras<br />
insurtechs, com o objetivo de competir<br />
com as empresas estabelecidas, pressionarão<br />
os resultados dos incumbentes. A<br />
boa notícia é que os clientes se beneficiarão<br />
de ambos.<br />
<strong>Apólice</strong>: Existe alguma insurtech<br />
que se destaque em 2019?<br />
Eu gostaria de dizer que amo todos<br />
os meus filhos igualmente! Falando sério,<br />
é provavelmente injusto tentar nomear<br />
apenas uma startup que se destacará. Eu<br />
acho que 2019 é um ano em que começamos<br />
a ver alguns dos vencedores de longo<br />
prazo provarem que eles têm economia<br />
Incumbentes são<br />
pessoas ou empresas<br />
com papel reativo<br />
às inovações. Seu<br />
oposto são os<br />
Insurgentes, aqueles<br />
que apresentam as<br />
novidades.<br />
escalável e positiva. Pode ser um ano em<br />
que comecemos a ver que alguns não<br />
conseguem viver de acordo com o hype.<br />
<strong>Apólice</strong>: Você acredita que experiências<br />
inovadoras podem ser compartilhadas<br />
globalmente?<br />
Absolutamente! Claro que haverá variações<br />
de uma região para outra devido<br />
às diferenças na cultura, regulamentação,<br />
estrutura da indústria e assim por<br />
diante. Mas há uma quantidade enorme<br />
de inovações que as empresas podem<br />
aprender procurando fora de seu mercado<br />
doméstico e procurando modelos de<br />
negócios paralelos. Deixe-me compartilhar<br />
um exemplo: recentemente, ouvi<br />
falar de uma empresa na África do Sul<br />
que fornece seguro de vida para pessoas<br />
com uma condição médica de alto risco,<br />
especificamente o HIV. Eu também tenho<br />
acompanhado uma empresa nos EUA<br />
que fornece seguro de vida para pessoas<br />
com uma condição de alto risco, diabetes.<br />
Eu tenho que acreditar que pode haver<br />
aprendizados compartilhados para esses<br />
dois inovadores, apesar das diferenças de<br />
onde eles operam.<br />
<strong>Apólice</strong>: Você segue o mercado<br />
de seguros brasileiro? Qual é a sua<br />
análise de inovação em países menos<br />
desenvolvidos?<br />
Eu realmente acompanho o mercado<br />
de seguros brasileiro. Eu tive a oportunidade<br />
de falar em uma conferência de<br />
insurtechs no ano passado em São Paulo,<br />
o que me trouxe muitos conhecimentos.<br />
Muitas vezes, as maiores inovações vêm<br />
das economias emergentes e eu me inspiro<br />
na energia e no entusiasmo dos empreendedores<br />
que conheci no Brasil.<br />
• ncapacitação<br />
Aprendizado em<br />
Orlando<br />
A Sompo Seguros promoveu a 2ª<br />
edição da Campanha Fraternidade, iniciativa<br />
por meio da qual levou 19 corretores<br />
de seguros de todo Brasil para<br />
Orlando (Flórida – EUA) para vivenciar<br />
a experiência de passar uma semana<br />
em um curso exclusivo em uma universidade<br />
estadunidense. Além de visitas,<br />
os executivos apresentaram estratégias<br />
e tendências de negócios. “Essa<br />
campanha trabalha sob um conceito totalmente diferente<br />
do que se observa em ações de relacionamento. A ideia é<br />
fazer com que os colaboradores voltem a se sentir como<br />
no ambiente de universidade. Por isso, todo o conteúdo é<br />
exclusivamente desenvolvido para atender a esse grupo”,<br />
afirma Fernando Grossi, diretor comercial da empresa.<br />
De 14 a 20 de abril, os corretores tiveram uma agenda<br />
intensa, que incluiu um curso de Customer Experience<br />
ministrado em português na University of Central Florida<br />
(UCF), desenvolvido com exclusividade para a companhia<br />
pela Life at Campus, empresa especializada em organizar<br />
cursos para brasileiros em universidades estadunidenses.<br />
8
painel<br />
• nexpansão<br />
51ª unidade no Brasil<br />
• nestudo<br />
Perdas seguradas<br />
A Rede Lojacorr inaugurou a 51ª unidade da marca. A<br />
nova Unidade Rede Lojacorr Curitiba Água Verde vem para<br />
solidificar a empresa na sua cidade de fundação. O marco foi<br />
destacado pelo CEO da companhia, Diogo Arndt Silva. De<br />
acordo com o líder, “a segunda unidade em Curitiba é um<br />
retorno às nossas raízes, com o olhar mais maduro, mas com<br />
o mesmo sentimento que deu início a todo esse trabalho de 22<br />
anos”, explica. Élcio Ricardo de Miranda, sócio da Cartagena<br />
Seguros, pai do sócio da nova unidade, Gabriel<br />
Ricardo de Miranda, afirma que, além<br />
do alto grau de profissionalismo, o ponto<br />
decisivo para apoiar o filho na abertura da<br />
nova unidade foi o reconhecimento das pessoas<br />
envolvidas nos processos e os valores<br />
humanos da empresa. “A convicção tomou<br />
corpo durante a 6ª Convenção Nacional da<br />
Rede Lojacorr, onde os diretores presentearam<br />
uma das unidades com uma árvore de<br />
Bonsai. A planta simboliza prosperidade,<br />
equilíbrio, boa sorte, perenidade e amor,<br />
e é também conhecida como a árvore da<br />
vida”, conta.<br />
A experiência das perdas geradas por catástrofes nos<br />
últimos dois anos é um alerta para o setor de seguros, que<br />
destaca a tendência da crescente devastação gerada pelos<br />
chamados riscos “secundários” (eventos independentes pequenos<br />
ou médios ou efeitos secundários oriundos de um<br />
risco primário). As perdas seguradas geradas por catástrofes<br />
naturais em 2018 atingiram US$ 76 bilhões, o quarto montante<br />
mais alto em um período de um ano, de acordo com o<br />
último relatório sigma do Swiss Re Institute, e mais de 60%<br />
das perdas foram provenientes de riscos secundários. As<br />
perdas seguradas geradas por catástrofes naturais em 2017<br />
e 2018 totalizaram US$ 219 bilhões, o montante mais alto<br />
na história em um período de dois anos. Em 2017, quando<br />
os pedidos de seguro totais referentes a desastres naturais<br />
foram os mais altos da história em um período de um ano,<br />
mais da metade foi proveniente de riscos secundários. As<br />
perdas geradas por riscos secundários estão aumentando<br />
devido à urbanização, ao aumento da concentração de<br />
ativos em áreas expostas a condições meteorológicas extremas<br />
e a mudanças climáticas, aponta o relatório.<br />
• ncapitalização<br />
400 novos produtos no mercado<br />
Terminado o prazo legal para adaptação e desenvolvimento<br />
de produtos dentro do novo marco regulatório, encerrado<br />
oficialmente em 28 de abril, o mercado de capitalização passou<br />
a contar com duas novas modalidades: o Instrumento de<br />
Garantia e o Filantropia Premiável, criadas a partir da edição<br />
das Circulares Susep 569, em maio, e a 576, em agosto. Até<br />
então, a modalidade de Garantia era usada para garantir empréstimos<br />
e substituir o fiador nas transações de aluguel, sendo<br />
apresentada como uma opção dentro do modelo tradicional<br />
(aquele que devolve 100% do valor acumulado corrigido pela<br />
TR); e o produto que permitia ações de filantropia era oferecido<br />
dentro da modalidade Incentivo e popular. Com as duas novas<br />
modalidades, o mercado prevê a entrada de mais de 400 novos<br />
produtos em circulação ainda no primeiro semestre.<br />
• nproduto<br />
Planos para taxistas e motoristas<br />
de app<br />
Os corretores parceiros<br />
da SulAmérica<br />
podem oferecer a taxistas<br />
de todo o País os<br />
planos de Assistência<br />
24 Horas da seguradora,<br />
que contam com<br />
serviços como chaveiro,<br />
troca de pneus, carro<br />
substituto e maior<br />
quilometragem para<br />
reboque (até 400 km no<br />
plano 3 e distância ilimitada no plano 4). Além da novidade<br />
para táxis, a empresa passou a incluir no cotador para<br />
seguro de automóveis uma opção de “transporte por<br />
aplicativo”, permitindo que corretores gerem apólices<br />
específicas para motoristas que usam o carro particular<br />
nessa modalidade. “O transporte compartilhado, seja<br />
por meio de táxis ou apps, é uma tendência cada vez<br />
mais forte na sociedade. Em linha com esses avanços,<br />
expandimos o acesso de taxistas às coberturas 24 horas,<br />
o que garante aos corretores a chance de penetrar<br />
cada vez mais neste segmento e gerar novos negócios”,<br />
explica o vice-presidente Comercial da seguradora,<br />
André Lauzana.<br />
10
painel<br />
• ndigitalização<br />
Aviso de sinistro 100% online<br />
A Chubb passou a admitir, no Brasil, o aviso de sinistro<br />
totalmente online, para as áreas de Acidentes Pessoais, Vida<br />
e seguros para celulares. Assim, em caso de sinistro em um<br />
desses setores, segurados e corretores parceiros da companhia<br />
agora podem utilizar o canal de autoatendimento para<br />
realizar a notificação do sinistro. Além disso, ficou possível<br />
anexar os documentos necessários já no primeiro contato.<br />
“No momento do sinistro, o segurado se encontra em uma<br />
situação de vulnerabilidade e, por isso, anseia por ver todas<br />
as suas expectativas atendidas no prazo mais curto possível”,<br />
diz Alejandro O’bonaga, vice-presidente de Sinistros da<br />
empresa. Ele lembra que esse fato fica ainda mais evidente<br />
quando o evento está associado com a vida, integridade física<br />
ou bens pessoais considerados imprescindíveis no dia a dia.<br />
“É durante o sinistro que o cliente avalia a real qualidade do<br />
seguro e da seguradora que o garantiu”, ressalta.<br />
• ninternet<br />
Versão nova do site institucional<br />
A CNseg lançou a nova versão de seu portal. Com mais<br />
funcionalidades, o site torna flexível a disposição de conteúdos<br />
e banners, além de criar novas sessões, como a área que reunirá<br />
ações integrantes do Programa de Educação em Seguros.<br />
“É mais um esforço institucional da entidade para reforçar<br />
a relevância do setor para o País, seja pela sua condição de<br />
investidor institucional ou pela sua condição de acolher os<br />
mais variados riscos de<br />
pessoas e empresas, reduzindo<br />
as vulnerabilidades<br />
da sociedade organizada<br />
e de governos”, afirma<br />
Solange Beatriz, diretora<br />
de Relações de Consumo<br />
e Comunicação da CNseg.<br />
A nova plataforma busca<br />
aproximar o setor da vida<br />
cotidiana dos usuários<br />
(consumidor de seguros,<br />
representante de seguradora,<br />
de órgãos públicos<br />
etc.), demonstrando como<br />
o seguro pode ser uma ferramenta<br />
importante para<br />
as pessoas, seus negócios e seu patrimônio. Muitas mudanças<br />
foram feitas a partir de sugestões obtidas em pesquisa com<br />
usuários. A página inicial, por exemplo, reunirá as notícias<br />
mais recentes de todas as cinco entidades, Confederação e<br />
Federações, além de informações e serviços direcionados ao<br />
mercado segurador.<br />
• nsaúde<br />
De olho na telemedicina<br />
A Omint esteve presente no evento Global Summit –<br />
Telemedicine & Digital Health, promovido pela Associação<br />
Paulista de Medicina (APM), representada pelo seu diretor<br />
Médico Técnico, Marcos Loreto. As discussões sobre telemedicina<br />
acadêmica, com foco na estruturação de um<br />
ecossistema de saúde digital integrando fundamentos acadêmicos<br />
com serviço privado, a fim de garantir a humanização<br />
do atendimento médico, foi a tônica da apresentação<br />
da empresa. A companhia, por meio da plataforma Omint<br />
Digital, estabeleceu o novo ecossistema digital dentro da<br />
logística de saúde. “O projeto tem o objetivo de ser mais<br />
do que um simples serviço de teleorientação clínica. Ele<br />
representa uma evolução no atendimento médico proporcionando<br />
solução e conforto ao paciente na tomada de<br />
decisão e, desta forma, otimiza recursos. Ele ainda integra<br />
os serviços de teleavaliação, atendimento domiciliar e encaminhamentos<br />
referenciados quando necessário, cobrindo<br />
toda a cadeia de cuidados”, declarou Loreto.<br />
12
GENTE<br />
Eleição na UCS<br />
Ao completar 15 anos, a União dos Corretores de Seguros<br />
elegeu sua nova diretoria, tendo à frente o corretor Ezaqueu<br />
Bueno. Ele substitui Mara Sutto, que presidiu a entidade de<br />
2017 a 2019.<br />
Nomeação de CEO<br />
A Argo Seguros nomeou<br />
Newton Queiroz como novo CEO.<br />
O executivo se reportará a Jorge<br />
Luiz Cazar, head da América Latina.<br />
“Newton chega para levar o<br />
negócio ao próximo nível. Seu histórico<br />
comprovado e consistente na<br />
construção de operações de seguro<br />
na região será decisivo na expansão<br />
estratégica da companhia no País”,<br />
afirma Cazar. Queiroz tem 19 anos de experiência no setor de<br />
seguros. O executivo começou em 2012 como CCO da América<br />
Latina da Swiss Re, ainda passou pelo cargo de diretor da<br />
AON, especializada em aviação e petróleo e gás.<br />
Mulher no comando<br />
A diretora de Relações Internacionais<br />
Ivy Cassa foi nomeada<br />
em reunião do Comitê Executivo<br />
do Conselho Presidencial da AIDA,<br />
em Marrakech, a primeira brasileira<br />
a presidir um grupo de trabalho<br />
internacional Pessoas, Previdência<br />
e Saúde. Ivy, que já assumia esse<br />
posto no grupo nacional e iberolatinoamericano, comemora.<br />
“A AIDA está presente em mais de 50 países e essas áreas<br />
estão repletas de desafios para os estudiosos do Direito. É um<br />
excelente canal para intercâmbio de conhecimento e o Brasil<br />
tem muito a contribuir e a aprender”, finaliza.<br />
CEO América Latina<br />
A Swiss Re Corporate<br />
Solutions nomeou Angelo<br />
Colombo como CEO para<br />
a América Latina. A partir<br />
de 7 de outubro de 2019, o<br />
executivo será responsável<br />
pela gestão do negócio<br />
de seguros comerciais da<br />
empresa na região. “Estamos<br />
muito felizes que o<br />
Colombo vai conduzir o<br />
negócio na região e nos<br />
ajudar a fornecer proteção financeira aos clientes. Bem<br />
conectado no mercado local, realmente compreende<br />
os desafios de gestão de risco que as empresas estão<br />
enfrentando”, afirma Andreas Berger, CEO da Swiss Re<br />
Corporate Solutions.<br />
Jayme Garfinkel deixa a<br />
presidência do Conselho<br />
da Porto Seguro<br />
Após 47 anos atuando na companhia, Jayme Garfinkel<br />
deixa conselho da Porto Seguro. O executivo afirma que o<br />
motivo da sua saída é dedicar-se mais a projetos pessoais,<br />
como viajar e estar mais presente no trabalho da Federação.<br />
Em seu lugar na presidência do Conselho assume seu filho,<br />
Bruno Garfinkel, em 31 de maio.<br />
Outro objetivo de Jayme é dedicar-se ao projeto social<br />
Instituto Ação Pela Paz, que foi criado por ele e tem parceria<br />
com a Porto. A iniciativa auxilia ex-presidiários ao ingresso<br />
no mercado de trabalho. “Ter tempo livre vai ser bom para<br />
me dedicar às coisas que me importam”, afirma. Mesmo com<br />
sua saída, Jayme diz que continuará atuando na empresa<br />
como acionista.<br />
Já Bruno fala sobre a importância de uma transição<br />
segura para continuar obtendo resultados como o do quarto<br />
trimestre de 2018, quando a empresa alcançou R$ 1,3 bilhão<br />
de lucro líquido, um aumento de 34% em relação ao trimestre<br />
anterior. “A ideia agora é continuar tudo o que havíamos<br />
planejado, com a ajuda do Roberto Santos, presidente da<br />
seguradora”, afirma.<br />
O clima na companhia é de continuidade. Entretanto,<br />
a carteira de seguro de automóveis, carro chefe da Porto, é a<br />
que mais sofreu nos últimos anos com a queda da produção de<br />
veículos, a crise econômica e a mudança no comportamento<br />
do consumidor. “Devemos atualizar nossos produtos e nossa<br />
relação com o público para estarmos em sintonia com estas<br />
transformações”, enfatizou Bruno.<br />
Nova integrante<br />
A RJ Investimentos ampliou sua equipe com a chegada<br />
da administradora e especialista em seguros de benefícios,<br />
Cecilia Muller. A executiva chega com a missão de tocar<br />
o segmento Corporate da companhia.<br />
“Ela contribuirá muito para<br />
o crescimento da operação. Isso<br />
é importante porque quanto mais<br />
suporte oferecemos aos assessores<br />
do nosso escritório mais atraímos<br />
novos profissionais de prestígio no<br />
setor financeiro”, explica o sócio da<br />
companhia, Antonio Gabriel.<br />
Especialista em atendimento<br />
A Regula Sinistros contratou uma<br />
nova diretora de Sinistros. Claudia<br />
Arruda conta com 20 anos de experiência<br />
em seguros e gestão riscos<br />
e é especialista em atendimento. A<br />
executiva construiu a maior parte de<br />
sua carreira no Grupo Porto Seguro,<br />
desempenhando funções nas áreas de<br />
atendimento, análise e regulação. “Minha experiência permitiu<br />
o desenvolvimento de uma visão sistêmica e estratégica de<br />
negócios. Na Regula, irei contribuir com minha expertise em<br />
sinistros, tornando consistente e excepcional a jornada dos<br />
clientes”, garante.<br />
14
especial riscos financeiros | garantia<br />
De volta à pauta<br />
Projeto de lei que estabelece um novo marco<br />
regulatório para licitações é retomado no<br />
Plenário da Câmara dos Deputados. Com pontos<br />
polêmicos, dentre eles o aumento do seguro<br />
garantia para obras públicas, a expectativa é de<br />
que, desta vez, avance até a sanção presidencial<br />
Maio marca a retomada das<br />
discussões no Plenário da<br />
Câmara dos Deputados<br />
que podem garantir que<br />
as grandes obras do setor público sejam<br />
feitas de forma mais segura em um<br />
futuro breve. Com um novo relator, o<br />
deputado federal Augusto Coutinho, líder<br />
do Solidariedade e eleito pelo estado de<br />
Pernambuco, o projeto de lei 1292/1995,<br />
que altera a lei de licitações, volta à pauta<br />
em caráter de urgência em uma ofensiva<br />
da casa para não ficar na agenda única<br />
Elis Lopes<br />
do governo de Jair Bolsonaro, cujo foco<br />
exclusivo é a reforma da Previdência. O<br />
tema foi votado em Comissão Especial<br />
da Câmara no final do ano passado e,<br />
agora, tem chances mais concretas de<br />
avançar até a sanção presidencial, para<br />
que seja aprovado ainda este ano, como<br />
aguarda ansiosamente o mercado de<br />
seguros após anos consecutivos de espera.<br />
“É um avanço muito grande para<br />
o País e um momento oportuno para<br />
votação”, diz Coutinho, lembrando que<br />
novas emendas estão sendo aprovadas<br />
nessa fase de tramitação. Para facilitar<br />
a discussão, o deputado capitaneou um<br />
trabalho de conciliação junto às bancadas<br />
dos partidos e seus líderes no intuito de<br />
ouvir os interessados no tema. O relator<br />
do projeto, que assumiu esse ano e foi<br />
presidente da Comissão Especial sobre<br />
o tema em 2018, admite que o projeto de<br />
lei tem muitos pontos polêmicos, dentre<br />
eles, a ampliação do seguro garantia<br />
para grandes obras públicas. Tanto é que<br />
embora haja um consenso no mercado de<br />
seguros de que o porcentual ideal seja ao<br />
redor dos 30% para projetos de grande<br />
monta, ou seja, acima dos R$ 200 milhões,<br />
emendas sugerem ainda proteção<br />
para todo o contrato, ou seja, de 100%.<br />
“Existe uma discussão muito grande. As<br />
seguradoras dizem que não conseguiriam<br />
fazer seguro garantia para mais de 30%<br />
do valor da obra, uma vez que não teriam<br />
respaldo do resseguro”, admite Coutinho.<br />
Aprovado no Plenário da Câmara<br />
dos Deputados, que conta com o apelo<br />
do presidente da casa, Rodrigo Maia, o<br />
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado<br />
❙❙Augusto Coutinho, deputado federal<br />
assunto volta ao Senado para que então<br />
chegue às mãos de Bolsonaro. No meio<br />
desse trâmite, o projeto, contudo, pode<br />
sofrer alterações. No mercado de seguros,<br />
o tema é praticamente consenso. Players<br />
nacionais e internacionais defendem que<br />
a garantia dada na fase de proposta dos<br />
projetos, chamada de “bid bond” no jargão<br />
do setor, seja elevada de 1% para 5%.<br />
Já para o período de realização das obras,<br />
conhecida como “performance bond”, o<br />
pleito é de que a garantia suba dos atuais<br />
5% para 30%. Além disso, seguradoras<br />
defendem ainda a possibilidade de assumirem<br />
o projeto em caso de sinistro<br />
e multa de 15% para aquelas que assim<br />
não o fizerem. “Temos um cemitério de<br />
obras inacabadas no Brasil. Isso tem de<br />
ser resolvido. Precisamos avançar com<br />
a nova lei de licitações, concedendo às<br />
seguradoras o poder de conclusão dos<br />
projetos”, atenta o presidente da FenSeg<br />
e da Chubb Seguros, Antonio Trindade,<br />
que considera este um dos pontos fundamentais<br />
para que o Brasil entre em<br />
um ciclo virtuoso e que os investimentos<br />
sejam retomados no País.<br />
O que pensa o mercado<br />
Os detalhes do projeto de lei que<br />
deve fixar um novo marco para as licitações<br />
no País ainda geram, contudo,<br />
muitas dúvidas no mercado de seguros.<br />
Debruçada no tema, a equipe da resseguradora<br />
Terra Brasis, defende um melhor<br />
detalhamento, principalmente na esfera<br />
jurídica, sobre o que significa exatamente<br />
as seguradoras assumirem as obras<br />
e quais responsabilidades jurídicas<br />
acompanham tal entendimento. “Quem<br />
será o ‘dono’ da obra, o Estado ou a<br />
seguradora?”, questiona a resseguradora.<br />
Integrante da Coordenação da Comissão<br />
Técnica de Seguros de Crédito e<br />
Garantia da Fenacor, o diretor de infraestrutura<br />
da Marsh Brasil, André Dabus,<br />
chama atenção para o fato de o resultado<br />
final do projeto de lei atender a todos os<br />
elos envolvidos na cadeira de infraestrutura,<br />
ou seja, dando segurança tanto para<br />
os construtores quanto às seguradoras.<br />
A ideia de ampliar o seguro garantia<br />
de grandes obras de 5% para 100% do<br />
contrato, por exemplo, conforme ele, não<br />
encontra respaldo no mercado de seguros,<br />
uma vez que não há capacidade suficiente<br />
ainda que os riscos sejam divididos com<br />
os resseguradores locais e internacionais.<br />
“Estudos baseados em mercados mais<br />
maduros demonstram que normalmente<br />
uma retomada de obra possui um custo<br />
médio de 30% sobre o preço do orçamento<br />
originalmente aprovado”, acrescenta o<br />
diretor de Garantia da Swiss Re Corporate<br />
Solutions, João Di Girolamo Filho,<br />
mostrando necessidade de a nova lei de<br />
licitações evitar desvios e sobrepreços<br />
nas grandes obras públicas.<br />
De acordo com ele, não se pode<br />
comparar o modelo brasileiro com o<br />
americano, conhecido como “surety<br />
bond”, embora seja a favor de o País se<br />
espelhar em práticas internacionais bemsucedidas.<br />
Pesa, sobretudo, a idade desses<br />
mercados. Enquanto o modelo americano<br />
já vigora há mais de 100 anos, o brasileiro,<br />
conforme Girolamo Filho, engatinha, com<br />
menos de três décadas de existência, considerando<br />
como marco inicial a criação da<br />
❙❙André Dabus, da Marsh Brasil<br />
❙❙Antonio Trindade, da Chubb Seguros<br />
lei de licitações 8666/1993 e respectivas<br />
mudanças no ano seguinte.<br />
Dabus, da Marsh, lembra que o novo<br />
marco regulatório é fundamental para<br />
retomar as grandes obras no País, paralisadas<br />
em meio à Operação Lava Jato, uma<br />
vez que o processo licitatório é condição<br />
essencial para a realização dos investimentos<br />
públicos. “Nos últimos anos, o<br />
mercado de garantia para grandes obras<br />
andou para trás em meio à crise orçamentária<br />
que abalou estados e municípios e os<br />
fizeram reduzir drasticamente a contratação<br />
de obras. Hoje, é muito raro vermos<br />
uma grande obra pública em andamento.<br />
Não conseguiremos avançar no setor de<br />
infraestrutura sem uma regulação moderna<br />
das licitações”, destaca o especialista.<br />
A retomada das grandes obras se dará<br />
ainda em um cenário no qual, após a Lava<br />
Jato, a confiança, que antes fora exacerbada<br />
nas grandes construtoras, está relativamente<br />
abalada. O dominó de escândalos<br />
envolvendo grandes nomes do setor fez<br />
com que os resseguradores, tanto locais<br />
quanto internacionais, ficassem mais atentos<br />
quanto aos tomadores que podem estar<br />
nos contratos e ainda as condições para<br />
aceitação por parte das seguradoras. Essa<br />
postura reflete, sobretudo, uma tentativa<br />
do mercado, na visão da equipe da Terra<br />
Brasis, de recompor as perdas que aconteceram<br />
nos últimos anos. “O projeto de<br />
lei não será fonte de convencimento para<br />
a aceitação dos riscos, porém trará maior<br />
demanda por parte dos tomadores, que<br />
podem ser revisitados e reavaliados pelo<br />
departamento de subscrição e crédito das<br />
seguradoras”, explicam os especialistas da<br />
resseguradora.<br />
16 17
garantia<br />
Mais segurança<br />
“O percentual de 30% de garantia<br />
para obras públicas é o ideal para que<br />
um projeto de construção possa ser<br />
retomado pela seguradora”<br />
João Di Girolamo Filho, da Swiss Re Corporate Solution<br />
Como o fluxo de caixa dos players envolvidos nas grandes<br />
obras está deteriorado como reflexo da Lava Jato, o seguro<br />
garantia pode ser uma importante válvula de escape para que<br />
essas empresas voltem a ser atores principais dos projetos de<br />
infraestrutura no País. No entanto, a fixação do porcentual<br />
que vigorará sobre os contratos é essencial, conforme executivos<br />
ouvidos por <strong>Apólice</strong>, para evitar maiores restrições nos<br />
contratos, por exemplo, a exigência de garantias mais pesadas,<br />
e ainda a elevação das taxas cobradas.<br />
Além disso, a volta dos projetos de infraestrutura reabre<br />
uma janela de oportunidade para seguradoras no País não só<br />
sob o ponto de vista de faturamento bem como diversificação<br />
de seus portfólios. Isso porque, nos últimos anos, o mercado<br />
de seguro garantia andou, sobretudo, motivado pela modalidade<br />
de seguro garantia judicial (leia mais na página 20). A<br />
retomada das obras de infraestrutura é tida como uma saída<br />
para que as companhias equilibrem melhor os riscos neste<br />
segmento, não ficando tão dependentes de uma única modalidade.<br />
Para Dabus, da Marsh, abre-se uma oportunidade de<br />
as companhias de seguros desenvolverem outros produtos,<br />
tais como seguros de riscos de engenharia, responsabilidade<br />
civil, equipamentos, dentre outros, tidos como necessários<br />
para proteção dos riscos do contrato, além das garantias tradicionais<br />
que não abrangem eventos desta natureza. “Desta<br />
forma, em caso de acidentes nas obras, os contratos poderão<br />
ser concluídos, independente de acidentes externos, alheios<br />
à vontade das partes”, conclui Dabus.<br />
“O ponto que mais chama atenção no projeto<br />
de lei que altera a Lei de licitações e contratos é<br />
a ampliação no porcentual da garantia que, para<br />
os contratos de obras, serviços e fornecimento,<br />
aumentou de 5% para até 20% do valor inicial do<br />
contrato. Já no caso das obras e serviços de engenharia<br />
de grande vulto, o projeto de lei obriga a<br />
contratação do seguro garantia e eleva o percentual<br />
de 10% para 30%. Diante do que vemos na<br />
prática, o aumento nos percentuais oferecerá maior<br />
segurança ao segurado público no momento do<br />
sinistro pois, pelos limites asseguráveis vigentes, a<br />
apólice, quando muito, paga a multa rescisória e<br />
deixa de atender o sobrecusto.<br />
Outro aspecto de impacto é a previsão de<br />
cláusula de retomada nos contratos de grande<br />
vulto, com a possibilidade de multa em caso de<br />
não conclusão do objeto contratado, incluindo<br />
a seguradora no contrato principal como interveniente<br />
anuente com a responsabilidade pelo<br />
gerenciamento da obra. Apesar de discutível do<br />
ponto de vista da relação securitária, a intenção do<br />
legislador é alterar a postura da seguradora para<br />
que esta monitore o risco assumido. Na prática,<br />
observamos que poucas companhias são proativas<br />
nas expectativas, quando, na verdade, essa<br />
é a melhor oportunidade para a solução efetiva<br />
do conflito pois, após a reclamação do sinistro, a<br />
mediação muitas vezes é ineficaz. Assim, diante das<br />
alterações em discussão no projeto de lei, acreditamos<br />
que deva ser avaliado pelas seguradoras o<br />
acompanhamento do objeto contratado por meio<br />
de uma equipe multidisciplinar (advogados, engenheiros<br />
etc.), responsável pela coleta e análise das<br />
informações enviadas pelo tomador e segurado<br />
e, quando necessário, vistorias no local. Esse olhar<br />
mais atento garantirá o efetivo gerenciamento do<br />
risco assumido, o que, de quebra, pode conferir<br />
mais agilidade e eficácia na regulação,<br />
caso a apólice de seguro seja<br />
acionada.”<br />
Luciana Correia Hey<br />
Coordenadora de Sinistros de<br />
Garantia e Fiança Locatícia<br />
Addvalora Brasil Reguladora<br />
de Sinistros<br />
18
especial riscos financeiros | garantia judicial<br />
Um mercado<br />
debilhões<br />
Impactado pela<br />
crise no País e a<br />
saúde financeira<br />
das empresas, o<br />
mercado de seguro<br />
garantia judicial tem<br />
potencial de retomar<br />
o crescimento de<br />
dois dígitos em 2019.<br />
O desembarque de<br />
novas seguradoras e de<br />
consumidores, que até<br />
então não contratavam<br />
a proteção são<br />
impulsos extras para a<br />
modalidade<br />
Elis Lopes<br />
Após passar por um teste de<br />
fogo importante com a recuperação<br />
judicial da operadora<br />
de telefonia Oi, o seguro garantia<br />
judicial pode ter novas avenidas de<br />
crescimento em 2019. A modalidade tem<br />
potencial de ultrapassar a marca histórica<br />
dos R$ 3 bilhões neste exercício, segundo<br />
projeções, o que lhe posiciona entre as<br />
grandes carteiras do mercado de seguros<br />
brasileiro. Um dos impulsionadores para<br />
a tração adicional ao segmento são os novos<br />
atores, tanto do lado de quem compra<br />
como por parte de quem vende, o que de<br />
quebra deve trazer mais concorrência ao<br />
segmento. Players além dos tradicionais<br />
nomes como Pottencial, Junto (ex-J.<br />
Malucelli), Too (ex-Pan) e BMG começam<br />
a desembarcar no mercado para<br />
disputar uma fatia do seguro garantia<br />
judicial. Dentre eles, estão a novata JNS<br />
Seguradora, controlada pela JNP Participações,<br />
de um dos ex-sócios e fundadores<br />
do Paraná Banco, Jorge Nacli Neto, a<br />
americana American Life e também a<br />
Argo Seguros, subsidiária do grupo baseado<br />
em Bermuda e que começa a abrir<br />
seu leque de negócios para consultas fora<br />
da sua carteira de clientes globais.<br />
Além dos novos entrantes, o mercado<br />
de seguro garantia judicial tende a aumentar<br />
seu bolo a partir do interesse de um<br />
público novo. Contratada até então por<br />
parte de grandes corporações, com faturamento<br />
anual de mais de R$ 100 milhões<br />
e patrimônio líquido positivo, a proteção<br />
começa a ser demandada também por empresas<br />
de médio porte, ou seja, que estão<br />
abaixo desta régua. “Começamos a ver<br />
também as médias empresas demandarem<br />
seguro garantia judicial como uma forma<br />
manterem a liquidez de seu negócio ao<br />
invés de tomar crédito no banco via uma<br />
fiança bancária, comprometendo o seu<br />
capital de giro. É uma oportunidade para<br />
corretores menores buscarem esse tipo de<br />
produto, o que não era comum antes neste<br />
mercado”, explica o diretor presidente da<br />
BMG Seguros, Jorge Sant’anna.<br />
Assim, a estrada principal de crescimento<br />
do seguro garantia judicial no<br />
Brasil, ou seja, a troca de fianças bancárias<br />
por apólices, não só permanece como<br />
um grande motor para o segmento bem<br />
como tende a ser fortalecida, uma vez<br />
que mais empresas passam a considerar<br />
a possibilidade. Além de ser mais atrativo<br />
sob a ótica de custo, o produto não<br />
consome capacidade de crédito das companhias,<br />
deixando o limite livre junto às<br />
instituições financeiras para fazer frente<br />
às demandas do dia a dia dos negócios,<br />
em um cenário em que a retomada da<br />
economia brasileira foi novamente postergada<br />
em meio ao atraso na aprovação<br />
da reforma da Previdência. O seguro<br />
garantia judicial pode ser utilizado por<br />
parte das empresas para fazerem frente<br />
a litígios trabalhista, tributário, fiscal e<br />
cível. O principal motor do segmento<br />
no Brasil, contudo, é o tributário, como<br />
reflexo das disputas bilionárias entre<br />
as empresas e a Procuradoria Geral da<br />
Fazenda Nacional (PGFN).<br />
Tanto é que, nos últimos anos, a<br />
modalidade judicial tomou conta do<br />
segmento de garantia no Brasil, enquanto<br />
os contratos de grandes obras minguaram<br />
sob o efeito da Operação Lava Jato. Em<br />
2018, o segmento totalizou R$ 2,684<br />
bilhões, praticamente estável, com leve<br />
aumento de 1,3% frente a 2017, de acordo<br />
com dados da Superintendência Nacional<br />
de Seguros Privados (Susep). Do volume<br />
total de prêmios emitidos no País, o seguro<br />
garantia judicial representou mais<br />
de 90%. Embora tenha mantido sua representatividade<br />
no todo, o segmento foi<br />
impactado, de acordo com especialistas<br />
ouvidos por <strong>Apólice</strong>, pela atividade econômica,<br />
que demora a retomar o vigor<br />
ainda sob os reflexos da crise que atingiu<br />
o Brasil nos últimos anos e, como consequência<br />
desse ambiente, a saúde financeira<br />
das empresas. Não bastasse isso, pesou<br />
ainda uma menor intensidade por parte<br />
do próprio governo no “ativismo de cobrar<br />
imposto”. Ainda que o País enfrente<br />
a sua crise fiscal mais grave, os debates<br />
das grandes reformas estruturais, dentre<br />
elas, a principal que é a da Previdência,<br />
tiraram um pouco o foco de outros temas,<br />
com o Conselho Administrativo de Recursos<br />
Fiscais (CARF), integrado ao atual<br />
Ministério da Economia e responsável<br />
por julgar recursos referentes a tributos<br />
menos ativos.<br />
“O potencial de<br />
crescimento do garantia<br />
judicial no Brasil veio<br />
para ficar. Além de mais<br />
barato, o seguro pode ser<br />
a ponte para injeção de<br />
capital nas empresas à<br />
medida que, ao contrário<br />
da fiança bancária, não<br />
empossa liquidez”<br />
Jorge Sant’anna,<br />
da BMG Seguradora<br />
20 21
garantia judicial<br />
❙❙Ricardo Reis, da Satre<br />
Para este ano, as projeções do<br />
mercado brasileiro sinalizam, contudo,<br />
um ambiente mais promissor para o<br />
seguro de garantia judicial. Conforme<br />
expectativas da BMG Seguradora, a<br />
expansão do segmento pode ficar entre<br />
25% e 30% em 2019 frente ao exercício<br />
passado, empurrando o mercado total<br />
para cerca de R$ 3,4 bilhões. Os primeiros<br />
meses de 2019 já dão um sinal<br />
do que se espera para o exercício. Dados<br />
recém divulgados pela Susep mostram<br />
que o setor como um todo saltou 54% no<br />
primeiro trimestre em relação a idêntico<br />
intervalo do exercício passado, chegando<br />
à marca de R$ 900 milhões. Como base<br />
de comparação, nos três primeiros meses<br />
de 2018, o segmento havia crescido 11%<br />
ante o mesmo período de 2017. “O Brasil<br />
é um dos países, se não for o maior<br />
do mundo, em número de processos<br />
judiciais. Daí, percebemos o enorme<br />
potencial do seguro garantia judicial<br />
no País”, atenta Ricardo Reis, da Satre<br />
Corretora de Seguros, lembrando que<br />
a substituição de fianças bancárias por<br />
apólices de seguros é crescente devido<br />
aos benefícios do produto que incluem,<br />
dentre outros, taxa mais atrativa e respaldo<br />
no mercado de resseguros.<br />
Para o presidente da Junto Seguros<br />
(antiga JMalucelli), Leonardo Deeke<br />
Boguszewski, o mercado de garantia<br />
judicial tem potencial praticamente de<br />
dobrar de tamanho nos próximos anos.<br />
“Considerando o volume de depósitos<br />
judiciais e de fianças bancárias, em<br />
conjunto com o crescimento natural<br />
da demanda pelo produto, visto que as<br />
discussões judiciais são uma realidade<br />
e não tendem a diminuir, acreditamos<br />
que existe hoje um potencial de geração<br />
de prêmios próximo a R$ 5 bilhões nos<br />
próximos anos”, estima o executivo.<br />
Arcabouço<br />
O boom do mercado de seguro garantia<br />
judicial no Brasil tem como pano<br />
de fundo, principalmente, o aperfeiçoamento<br />
do arcabouço legal para a aceitação<br />
do produto. O principal impulsionador,<br />
ainda em 2015, foi o Novo Código<br />
Civil, que equiparou o seguro garantia<br />
judicial a dinheiro para efeito de penhora,<br />
impulsionando a contratação de apólices.<br />
1.101<br />
Até então, a maioria dos juízes solicitava<br />
a apresentação de fianças bancárias. Em<br />
alguns casos, a exigência era tamanha que<br />
até mesmo os nomes de bancos entravam<br />
na lista de critérios. Quando o HSBC<br />
estava para ser vendido, por exemplo, os<br />
juízes não queriam mais aceitar fianças<br />
bancárias da instituição, ainda que tenha<br />
sido adquirido pelo Bradesco, o segundo<br />
maior banco privado do País. Além do<br />
Novo Código Civil, a portaria 164/2014,<br />
da Fazenda Nacional, que equiparou o seguro<br />
a outras garantias nos processos de<br />
execução fiscal, ajudou a turbinar o segmento.<br />
Isso porque além de permitir que<br />
as apólices fossem dadas em garantias<br />
nos processos, liberou ainda a substituição<br />
de outras modalidades apresentadas.<br />
EVOLUÇÃO DO SEGURO DE GARANTIA<br />
1.301<br />
2013 2014<br />
Prêmios emitidos (R$mi)<br />
1.661<br />
91% GARANTIA JUDICIAL<br />
2019<br />
2015<br />
2.007<br />
2016<br />
2.650<br />
2017<br />
2.684<br />
2018<br />
3.355<br />
2019 E<br />
2018 2017<br />
(jan/fev) (jan/fev) (jan/fev)<br />
Prêmio Seguros 370.410.867 323.227.258<br />
381.358.648<br />
Fonte: Susep<br />
“Um importante motor<br />
de crescimento para o<br />
seguro garantia judicial<br />
deve ser a utilização<br />
do seguro como<br />
garantia em depósitos<br />
recursais, que deve<br />
consolidar o produto<br />
como opção para<br />
empresas de qualquer<br />
tamanho”<br />
Leonardo Deeke Boguszewski,<br />
da Junto Seguros<br />
Com a melhoria do arcabouço legal, a<br />
discricionariedade diminuiu e o seguro<br />
garantia judicial ganhou mais espaço.<br />
Em paralelo, os bancos começaram a<br />
ficar mais rigorosos para dar crédito em<br />
meio a crises de inadimplência no País<br />
e, principalmente, as novas regras de<br />
Basileia III – definem quanto um banco<br />
pode emprestar sem comprometer o seu<br />
capital, que endureceram as métricas de<br />
capital das instituições financeiras ao<br />
redor do mundo. Como a fiança bancária<br />
consome praticamente o mesmo que<br />
uma linha de crédito de capital de giro<br />
para um banco e não é um produto de<br />
relacionamento bancário, as instituições<br />
financeiras diminuíram seu apetite na<br />
concessão, enquanto que mais seguradoras<br />
começaram a disputar o seguro<br />
garantia judicial, de olho no potencial<br />
do segmento no País.<br />
Mais recentemente, as novas regras<br />
trabalhistas, editadas ainda no governo do<br />
então presidente Michel Temer, passaram<br />
a ser um novo impulsionador para a garantia<br />
judicial. Isso porque a “nova CLT”<br />
passou a considerar apólices de seguros,<br />
criando, assim, uma nova modalidade no<br />
mercado, de garantia recursal trabalhista.<br />
Além de evitar a fase de execução diante<br />
do prazo apertado para a quitação de débito,<br />
o seguro passou a garantir, inclusive,<br />
os depósitos recursais. De acordo com o<br />
diretor comercial da corretora Alper Seguros,<br />
Robert Hufnagel, mais de 30 mil<br />
apólices foram incluídas no primeiro ano<br />
do produto. A nova modalidade de seguro,<br />
segundo ele, cresce ainda com ferramentas<br />
de contratação digitais e, portanto,<br />
mais fáceis e ágeis. “É extremamente<br />
rápido e simples de contratação, que<br />
passou a levar alguns minutos, por conta<br />
das ferramentas digitais disponibilizadas<br />
pelas seguradoras. Para os contratantes, o<br />
custo passou a ser sensivelmente menor<br />
que o valor que antes era caucionado sem<br />
seguro”, avalia Hufnagel.<br />
Sinistralidade<br />
Olhado com ressalvas por alguns<br />
especialistas no segmento por conta do<br />
crescimento expressivo dos últimos anos,<br />
o seguro garantia judicial tem conseguido<br />
passar sem grandes prejuízos às seguradoras.<br />
O principal teste de fogo foi a<br />
operadora de telefonia Oi, que capitaneou<br />
o maior caso de recuperação judicial da<br />
história brasileira. A companhia detinha<br />
milhões em garantias tanto na área cível<br />
quanto trabalhista e o temor era de que<br />
as proteções fossem acionadas no âmbito<br />
do processo. No entanto, ao contrário, as<br />
mesmas tendem a serem extintas assim<br />
como os processos trabalhistas e cíveis<br />
no âmbito da aprovação do plano de recuperação<br />
da Oi, conforme duas decisões<br />
do Superior Tribunal da Justiça (STJ). O<br />
entendimento, ao menos até aqui, é de<br />
que dívidas trabalhistas e cíveis caem por<br />
terra uma vez que a aprovação do plano<br />
de recuperação judicial embute uma novação<br />
da dívida, ou seja, cria uma nova. A<br />
exceção são as ações tributárias que não<br />
entram neste pacote. “As decisões servem<br />
de jurisprudência para novos casos de<br />
empresas em processo de recuperação<br />
“As indenizações<br />
demonstram a<br />
solidez do seguro<br />
garantia judicial perante<br />
o juízo, garantindo<br />
assim a eficácia e<br />
ampliando a<br />
aceitação por parte<br />
do magistrado”<br />
Robert Hufnagel, da Alper Seguros<br />
judicial no Brasil embora o mercado<br />
esteja em um momento inverso da crise,<br />
com uma queda nos pedidos de recuperação<br />
judicial”, diz Cássio Amaral, sócio<br />
do escritório de advocacia Mattos Filho.<br />
Embora a “prova de fogo da Oi” não<br />
elimine totalmente a ocorrência de sinistros<br />
emblemáticos no futuro, o processo<br />
de subscrição por parte das seguradoras,<br />
conforme Hufnagel, tem cada vez mais<br />
se aperfeiçoado. “O maior risco por parte<br />
das seguradoras seria das empresas não<br />
conseguirem honrar o contrato de contra<br />
garantia em casos de insolvência, uma<br />
vez que os riscos são de cauda longa e<br />
a situação da empresa contratante do<br />
seguro poderá mudar ao longo do período<br />
de vigência das apólices”, observa o<br />
executivo, acrescentando que as indenizações<br />
demonstram a solidez do produto<br />
perante o juízo, garantindo assim a eficácia<br />
e ampliando a aceitação por parte<br />
do magistrado. “Os sinistros fazem parte<br />
dos riscos assumidos pelas seguradoras e<br />
resseguradoras”, conclui Hufnagel.<br />
22 23
especial riscos financeiros | d&o<br />
Seguro complexo,<br />
mas de bom<br />
resultado<br />
Depois de um período turbulento,<br />
com grandes sinistros ligados às ações<br />
da Lava Jato, produto agora entra na<br />
fase de explorar novos nichos, sempre<br />
de olho na preservação do patrimônio<br />
dos executivos<br />
Kelly Lubiato<br />
O<br />
mercado de D&O atual exige<br />
uma abordagem diferente<br />
da que era feita no passado,<br />
baseada apenas em números<br />
da empresa que solicita a cobertura para<br />
os seus executivos. Hoje, os riscos envolvem<br />
violação de dados, preocupações<br />
com a privacidade, uso de mídias sociais<br />
e outros eventos imprevisíveis pelas práticas<br />
usuais de subscrição. Estes eventos<br />
podem não estar ligados com a situação<br />
financeira da empresa, o que dificulta a<br />
sua quantificação, de acordo com estudo<br />
da Founder Shield.<br />
O ano de 2019 começou acelerado<br />
para a carteira de D&O no Brasil. Segundo<br />
dados da Superintendência de Seguros<br />
Privados, os prêmios aumentaram cerca<br />
55% nos dois primeiros meses deste ano<br />
em relação a janeiro e fevereiro de 2018.<br />
Se isolarmos apenas o mês de fevereiro,<br />
o crescimento é de 93,15% em relação a<br />
fevereiro do ano passado. O índice anual<br />
de crescimento passará dos dois dígitos,<br />
certamente, em 2019. O recorde do ano<br />
de 2018 ficou por conta da sinistralidade,<br />
na casa dos R$ 350 milhões.<br />
É importante lembrar que os avisos<br />
de sinistro são comunicados às seguradoras,<br />
mas as indenizações são desembolsadas<br />
ao longo do tempo. As apólices<br />
normalmente têm cobertura para custos<br />
processuais e honorários advocatícios,<br />
que costumam ser desembolsados de<br />
forma mais lenta.<br />
Entretanto, especialistas afirmam<br />
que este crescimento de dois dígitos não<br />
pode ser creditado a um maior número de<br />
compradores. Em alguns casos, o que está<br />
acontecendo é um reajuste na renovação de<br />
apólices do mercado. Maurício Bandeira,<br />
Gerente de Produtos Financeiros e Responsabilidade<br />
Civil da Aon Brasil, ressalta<br />
que “as seguradoras que não obtiveram um<br />
bom resultado estão sendo mais duras na<br />
aceitação. Mas há também seguradoras<br />
entrantes, com preços mais agressivos”.<br />
Ao contrário do seguro de property,<br />
que fica no âmbito do departamento<br />
financeiro ou do gerente de risco e não<br />
‘sobe’ na hierarquia da empresa, o D&O<br />
é tratado pelo ‘C’ level das companhias,<br />
porque a preocupação deles é entender o<br />
conceito e saber quais são as cláusulas<br />
que envolvem o contrato. Afinal, o seguro<br />
❙❙Camila Calais, do Mattos Filho<br />
é um ponto sensível para a diretoria das<br />
empresas.<br />
Em alguns casos, os clientes convocam<br />
advogados para ajudar na compreensão<br />
do clausulado dos contratos.<br />
“Apesar do produto já contar com certa<br />
maturidade no País, ainda percebemos<br />
muitas dúvidas por parte dos segurados”,<br />
esclarece Camila Calais, advogada do<br />
escritório Mattos Filho. A preocupação<br />
dos consumidores é saber se os sinistros<br />
estão sendo pagos.<br />
Para Camila, os produtos brasileiros<br />
“tem uma complexidade gigantesca em<br />
sua escrita, no seu clausulado, e algumas<br />
coisas que são muitos difíceis de entender.<br />
Uma pessoa normal, um empresário,<br />
um administrador, por mais que seja uma<br />
pessoa super esclarecida, não conseguirá<br />
entender. Ainda temos muita demanda<br />
em relação às coberturas e às exclusões,<br />
que são muito complexas”, enfatiza. Esta<br />
❙❙João Fontes, da AIG<br />
Foto: Edi Pereira<br />
complexidade pode ser resultado da ‘tropicalização’<br />
dos produtos, pois a maioria<br />
foi apenas traduzida para o português,<br />
respeitando toda a estrutura externa<br />
acrescida das necessidades regulatórias<br />
brasileiras.<br />
Camila atribui esta preocupação do<br />
órgão regulador à influência de produtos<br />
massificados, que exigem maior atenção<br />
à hipossuficiência do segurado. “Não<br />
somos capazes de receber ou desenvolver<br />
produtos mais sofisticados por conta desta<br />
limitação. Entendemos a preocupação<br />
consumerista, mas no seguro D&O ela<br />
não faz sentido”.<br />
A questão da responsabilidade dos<br />
administradores de uma maneira geral é<br />
um conceito que foi estático. Entretanto,<br />
ele vai sendo alterado de acordo com<br />
o amadurecimento do País, com o seu<br />
empresariado e de acordo com o que as<br />
pessoas entendem como cuidado que o<br />
grupo de administradores deveria ter. “A<br />
responsabilidade do administrador tem<br />
um âmbito legal e regulatório (toda vez<br />
que vamos fazer um estudo para qualquer<br />
empresa, sempre começamos falando<br />
sobre a responsabilidade do administrador).<br />
Existem determinados conceitos da<br />
responsabilidade do administrador em<br />
sociedade como, por exemplo, o dever de<br />
diligência, que são conceitos que levam<br />
em conta a média. Foi feito tudo que<br />
poderia ser feito para mitigar ou eliminar<br />
um risco?”, exemplifica o questionamento<br />
a advogada Camila.<br />
Depois das mudanças<br />
A última mudança significativa nas<br />
regras do seguro D&O aconteceu por<br />
conta da circular 553 (que entrou em vigor<br />
em novembro de 2017), que solicitava que<br />
as seguradoras seguissem uma série de<br />
regras e que todo produto teve que ser<br />
refeito. A mudança mais significativa<br />
desta circular foi a permissão para a<br />
cobertura de multas. Os clientes agora<br />
têm mais conhecimento do produto e<br />
estão aprendendo a utilizar a apólice.<br />
“Ele conhece melhor os termos e condições<br />
da apólice, com as regras do produto”,<br />
avalia João Fontes, coordenador de<br />
Linhas Financeiras da AIG.<br />
É muito difícil fazer uma previsão<br />
para 2019, mas é importante ressaltar<br />
24 25
d&o<br />
que todos os entrevistados consideram o<br />
mercado brasileiro ‘amadurecido’. Comparando<br />
os dados de 2010 e 2019, o valor<br />
dos prêmios cresceu muito, assim como<br />
a sinistralidade. “Trabalhamos bastante<br />
com sinistros, porque é importante para<br />
o subscritor saber o que aconteceu para<br />
poder apontar as tendências”, reflete<br />
Fontes. Em sua empresa, foi realizado<br />
um trabalho de pesquisa que destacou os<br />
casos de sinistros tributários.<br />
As seguradoras multinacionais<br />
tentam entender o que acontece fora<br />
para trazer a realidade ao Brasil. Fontes<br />
explica que aumentaram bastante, nos Estados<br />
Unidos, as ações de Class Actions,<br />
quando os acionistas alegam que tiveram<br />
prejuízos financeiros por conta da falta<br />
de governança da empresa. Estas ações<br />
são caras, porque envolvem os honorários<br />
advocatícios, os acordos financeiros, as<br />
multas. Um exemplo foi a multa aplicada<br />
à Petrobrás (veja box).<br />
O paralelo com o Brasil são as empresas<br />
brasileiras que têm papéis listados<br />
nas bolsas americanas, de forma direta<br />
Multa de R$ 3,4 bilhões<br />
ou por programas de ADS (American<br />
Depositary Receipts) e que estão expostas<br />
ao risco de ações judiciais nos Estados<br />
Unidos. As empresas brasileiras entraram<br />
no radar do órgão regulador americano.<br />
Há uma tendência de regulamentação<br />
mais ativa da CVM (Comissão de Valores<br />
Mobiliários) aqui no Brasil, levando-se<br />
também em conta o aumento do valor das<br />
multas aplicadas pela autarquia, que subiram<br />
de um patamar de R$ 500 mil para<br />
R$ 50 milhões. “Existe a maior exposição<br />
ao risco, com a discussão, pela CVM, de<br />
um novo Código de Conduta. Estamos<br />
monitorando e ainda não tivemos casos<br />
com esta nova regra, mas é possível que<br />
isso afete as apólices”, ressalta Fernando<br />
Saccon, head de Financial Lines da<br />
Zurich.<br />
Em termos de riscos, os assédios<br />
moral e sexual também entraram no<br />
radar de tendências de coberturas do<br />
produto. Todos os temas novos que têm<br />
relação com governança corporativa são<br />
passíveis de ter cobertura no D&O. Movimentos<br />
como o MeToo (contra assédio<br />
A Petrobras foi condenada a pagar uma multa de US$ 853 milhões (R$ 3,4<br />
bilhões ao câmbio atual) para encerrar investigações do Departamento de Justiça<br />
dos Estados Unidos sobre os crimes de corrupção descobertos pela Operação<br />
Lava Jato. A companhia foi multada também em US$ 933 milhões (R$ 3,8 bilhões)<br />
pela SEC, o xerife do mercado de ações americano, mas o valor foi descontado de<br />
acordo feito com investidores no início do ano, quando a empresa desembolsou<br />
US$ 2,9 bilhões (cerca de R$ 10 bilhões) para encerrar ação coletiva movida por<br />
detentores de ações na bolsa de Nova York.<br />
Fonte: Folha de São Paulo<br />
❙❙<br />
Fernando Saccon, da Zurich<br />
sexual no ambiente de trabalho) afetam<br />
as políticas das empresas e se somam às<br />
preocupações do cotidiano empresarial.<br />
“As empresas com governança forte<br />
discutem estes movimentos na onda do<br />
que acontece no exterior. O que contribui<br />
para o movimento de contratação do<br />
seguro são os movimentos de aumento<br />
das investigações, mudanças tributárias<br />
e a edição de novas leis”, explica Saccon.<br />
Em pequenas e médias empresas,<br />
a aplicação da Lei Anticorrupção, por<br />
exemplo, trouxe um alerta, porque ela é<br />
válida para todo tipo de empresa, inclusive<br />
aquelas que não negociam com o<br />
Governo. Elas começam a refletir sobre<br />
o assunto, sobre as políticas de conformidade<br />
a algumas exigências feitas pela lei<br />
que podem até atenuar as consequências<br />
para as empresas caso elas incidam neste<br />
tipo de situação.<br />
O seguro no Brasil, em geral, é<br />
muito bem regulado. Ele possui suas<br />
amarrações, exigências e estruturas de<br />
apólice, o que o diferencia de mercados<br />
mais maduros. “Há lugares em que é<br />
possível até utilizar clausulados de outras<br />
seguradoras. O órgão regulador também<br />
está aberto para a discussão do assunto,<br />
estando aberto a inovar sem que, com<br />
isso, se perca a essência da gestão sobre<br />
o assunto. O papel dele é regular e ter a<br />
gestão para que as reservas funcionem,<br />
para que seja cumprido o que foi prometido”,<br />
ratifica Saccon.<br />
A flexibilidade dos contratos só é<br />
possível se não mexer na essência dos<br />
produtos. Mauricio Bandeira, da AON,<br />
explica que é possível melhorar a redação<br />
26
d&o<br />
especial riscos financeiros | miura<br />
❙❙<br />
Mauricio Bandeira, da AON<br />
nas seguradoras. “Mas não é um produto<br />
tailor made”.<br />
A bola da vez das empresas com<br />
potencial de contratação de D&O são<br />
aquelas de capital aberto. A KPMG faz<br />
um estudo anual sobre o Novo Mercado<br />
e mostra que mais de 95% destas empresas<br />
contratam o seguro de D&O. As<br />
instituições financeiras, por questões<br />
regulatórias do Banco Central, precisam<br />
do seguro. “Abrindo o leque, empresas<br />
que estão sob a égide de agências regulatórias<br />
como Anel, Anatel, Anac, Susep<br />
também costumam contratar”, exemplifica<br />
Bandeira.<br />
As empresas de capital fechado<br />
possuem risco menor, mas existe uma<br />
tendência de crescimento neste segmento<br />
também. “Qualquer administrador<br />
possui este risco, seja ele de qualquer<br />
tipo de organização que tenha um gestor.<br />
A perspectiva é do mercado continuar<br />
crescendo”, completa Bandeira.<br />
O fortalecimento de políticas de<br />
compliance no mundo corporativo nos<br />
últimos anos popularizou o produto, levando-o<br />
para mercados que até então não<br />
cogitavam essa opção, como as pequenas<br />
e médias empresas (PMEs). “Havia uma<br />
percepção errada no mercado de que o<br />
D&O era apenas para grandes empresas,<br />
mas essa mentalidade está mudando rapidamente.<br />
Há uma busca crescente das<br />
PMEs por esse produto, que já se reflete<br />
no volume de prêmios emitidos. Temos<br />
hoje diversos corretores de pequeno e<br />
médio porte negociando apólices de<br />
D&O”, diz Marina Neufeld Schechner,<br />
Head Casualty & FinPro da Swiss Re<br />
Corporate Solutions.<br />
O QUE É CONSIDERADO<br />
NA PRECIFICAÇÃO DO D&O?<br />
Tamanho da empresa<br />
Número de empregados<br />
Custos operacionais<br />
Escopo do negócio<br />
Estabilidade financeira do negócio<br />
Estrutura de propriedade<br />
(origem do capital investido)<br />
Fonte: Founder Shield<br />
“Empresas de pequeno e médio porte<br />
estão sujeitas a grandes riscos. Uma<br />
eventual condenação por má interpretação<br />
da legislação tributária, por exemplo,<br />
pode fazer com que os executivos<br />
tenham que responder com o seu próprio<br />
patrimônio por uma decisão tomada<br />
em favor da empresa. O D&O é uma<br />
importante ferramenta para aumentar a<br />
resiliência das PMEs, que exercem um<br />
papel fundamental em nossa economia”,<br />
finaliza Marina.<br />
Especialização para<br />
estar entre as grandes<br />
Corretora centralizou seus esforços nos seguros de<br />
Garantia, Financial Lines e transportes internacionais<br />
para buscar clientes multinacionais<br />
Kelly Lubiato<br />
SINISTROS<br />
AÇÕES JUDICIAIS BASEADAS<br />
EM EVENTOS<br />
Tradicionalmente, o seguro D&O protegia<br />
executivos de reivindicações de falsas declarações<br />
em deveres fiduciários. No entanto,<br />
os riscos para os executivos de hoje são mais<br />
complicados. As reivindicações orientadas por<br />
eventos, assim chamadas porque a origem do<br />
litígio é um evento perturbador nas operações<br />
de uma empresa, estão em alta.<br />
Os incêndios florestais de 2018 na Califórnia<br />
são ilustrativos. Após os incêndios, os acionistas<br />
entraram com uma ação contra as empresas de<br />
serviços públicos Edison International e PG&E,<br />
depois que surgiram relatórios de que as empresas<br />
eram pelo menos parcialmente responsáveis<br />
pelos incêndios.<br />
Da mesma forma, os acionistas entraram<br />
com uma ação contra a Boeing depois que foi<br />
noticiado que um de seus aviões estava envolvido<br />
no acidente da Lion Air 610.<br />
LITÍGIO DE VIOLAÇÃO DE DADOS<br />
O litígio de violação de dados mais significativo em 2018 é a<br />
liquidação do processo de ações do Yahoo. Enquanto as ações de<br />
valores mobiliários sobre as violações de dados aumentaram nos<br />
últimos anos, o Yahoo representa o primeiro processo desse tipo a<br />
render um grande pagamento aos queixosos. No total, a empresa<br />
concordou em pagar um total próximo de US$ 145 milhões para<br />
liquidar as reclamações de responsabilidade de gestão e multas<br />
e ações regulatórias.<br />
LITÍGIO DE MÉTODO<br />
Estes eventos evoluíram em 2018 para incluir não apenas<br />
os perpetradores de atos ilícitos envolvendo assédio sexual ou<br />
discriminação, mas também membros do conselho da empresa.<br />
Por exemplo, uma ação derivativa de acionistas movida contra a<br />
gigante esportiva Nike alega que o conselho permitiu uma atmosfera<br />
de “clube de meninos”, na qual os homens recebiam aumentos<br />
salariais e promoções com mais frequência do que as mulheres.<br />
Os produtos de riscos financeiros<br />
exigem um conhecimento<br />
mais profundo do<br />
corretor de seguros para a<br />
realização da venda. É que além de estar<br />
a par dos produtos disponíveis no mercado,<br />
é preciso apresentar às seguradoras<br />
uma argumentação técnica, que leve em<br />
conta a análise financeira do cliente para<br />
viabilizar a aceitação do risco e obter<br />
melhores condições comerciais (taxa,<br />
limites e prêmio).<br />
A empresa foi fundada há mais de<br />
40 anos. Há 10 anos, com a entrada de<br />
um novo executivo com vasta experiência<br />
no setor bancário, foi desenvolvido o<br />
segmento de Linhas Financeiras.<br />
Desta forma, foi possível se manter<br />
e conquistar mais espaço no nicho de<br />
mercado de empresas multinacionais<br />
Paulo Miura, Fernando Miazaqui, Helio Ferreira Silva e Fabio Miura<br />
de médio e grande portes, dominado<br />
pelas gigantes corretoras internacionais.<br />
A participação no grupo internacional<br />
Uniba Partners, a partir de 2017, também<br />
abriu novas portas. O Grupo existe há<br />
30 anos e é uma plataforma profissional<br />
presente em todo o mundo, que oferece<br />
serviços personalizados de corretagem<br />
internacional e gerenciamento de risco<br />
de alta qualidade.<br />
“Nós conseguimos atender os clientes<br />
corporativos de grande porte com<br />
nível de serviço diferenciado e dedicado.<br />
Somos uma alternativa às grandes corretoras<br />
internacionais, oferecendo um<br />
atendimento local com mais atenção e<br />
mais agilidade”, explica o diretor Executivo,<br />
Fabio Miura. A Miura Seguros possuía<br />
um mix de carteira com predomínio<br />
do seguro transporte. Com a consolidação<br />
dos produtos de linhas financeiras,<br />
como seguro garantia, D&O e E&O, a<br />
participação de transportes caiu para<br />
40%, ficando 30% para financial lines<br />
e 30% para riscos patrimoniais e vida.<br />
Fabio ressalta que esta mudança fez<br />
com que a empresa crescesse em um<br />
ritmo mais acelerado. “Em 2018, crescemos<br />
32%, de forma orgânica. Para 2019,<br />
a meta é de um crescimento de 20%”,<br />
adianta o executivo.<br />
Isto será possível graças à movimentação<br />
e à chegada de novos clientes<br />
ao mercado. “Percebo que há muitas<br />
oportunidades no seguro de Financial<br />
Lines. Há muitas empresas que ainda<br />
não tiveram acesso a esses produtos.<br />
Por isso, acreditamos que este será<br />
um grande ano para a Miura”, conclui<br />
Fabio.<br />
28 29
especial riscos financeiros | fiança locatícia<br />
Produto ganha fôlego<br />
em 2018<br />
Ramo registra crescimento de quase 10% em 2018<br />
e empresas apontam agilidade na contratação e<br />
segurança como pontos fortes do produto<br />
Lana Oliveira<br />
Em um mundo cada vez mais dinâmico, no qual a<br />
tecnologia caminha a passos largos para a desburocratização<br />
e a otimização de processos, até<br />
quando a figura do fiador tradicional ainda será o<br />
instrumento de garantia mais utilizado na locação de imóveis?<br />
Para quem pretende investir no mercado imobiliário,<br />
principalmente em momentos de instabilidade econômica,<br />
o seguro de fiança locatícia, conhecido popularmente<br />
como seguro-aluguel, desponta como opção para agilizar<br />
o processo de locação e trazer mais segurança a inquilinos<br />
e proprietários.<br />
Para se ter ideia, segundo os dados mais recentes da Pesquisa<br />
Mensal de Valores de Locação Residencial (PVML) do<br />
Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), o fiador<br />
ainda é o tipo de garantia mais frequente entre os inquilinos,<br />
respondendo por 45% dos contratos de locação, seguido do<br />
depósito (caução), que mobiliza 38% dos negócios. Enquanto<br />
isso, o seguro de fiança locatícia representa apenas 17% dos<br />
contratos realizados na cidade de São Paulo, um dos maiores<br />
mercados imobiliários do País.<br />
Mas, ao contrário do que demonstram os números, a<br />
baixa capilaridade do produto não é vista como entrave e,<br />
sim, como desafio para o mercado segurador. Pelo menos é<br />
assim que pensa o diretor de Precificação e Riscos Diversos<br />
Massificados da Tokio Marine, Arnaldo Bechara. A seguradora<br />
japonesa está entrando com apetite na disputa por uma<br />
fatia desse mercado e lançou recentemente o Tokio Marine<br />
Aluguel. “É nossa intenção ter uma participação grande<br />
nesse ramo. A expectativa para o primeiro ano de aniversário<br />
do produto é atingir mais ou menos 3% de market share, o<br />
que nos daria R$ 12 milhões. Com todo o investimento que<br />
tem sido feito, esse produto vai ter um papel importante na<br />
companhia”, analisa o executivo.<br />
Bechara aponta também que a maioria dos contratos<br />
de locação é celebrada por períodos de 30 meses e que o<br />
Tokio Marine Aluguel inclui três opções de assistência 24<br />
horas: Básico, Intermediário e Completo. A apólice pode<br />
ter vigência anual ou pelo tempo do contrato, a escolha do<br />
segurado. “Essa é a única modalidade que garante o pagamento<br />
ao proprietário durante toda a vigência do contrato<br />
de locação, em caso de inadimplência. Ao mesmo tempo, o<br />
inquilino não depende de encontrar um fiador, que precisa<br />
cumprir uma série de exigências para ser aceito, nem de<br />
dispor de um valor alto de dinheiro no momento da contratação”,<br />
complementa.<br />
Em 2018, dados da Superintendência de Seguros Privados<br />
(Susep) apontam que o seguro de fiança locatícia movimentou<br />
mais de R$ 410 milhões, registrando um crescimento<br />
real de quase 10% em relação ao ano anterior. Embora 15<br />
empresas estejam autorizadas pela autarquia a operar com o<br />
produto, trata-se de um mercado extremamente concentrado,<br />
no qual a Porto Seguro possui mais de 80% de participação<br />
e opera com essa modalidade de seguro há 26 anos.<br />
Líder absoluta no segmento, a companhia observou<br />
que a procura pelo Porto Seguro Fiança cresceu 15% no<br />
30 31
fiança locatícia<br />
❙❙Arnaldo Bechara, da Tokio Marine<br />
último ano comparado a 2017, o que para<br />
o superintendente de Riscos Financeiros<br />
da empresa, Luiz Henrique, é um resultado<br />
bastante expressivo. Ele credita o<br />
fato a dois cenários: “o primeiro é que algumas<br />
construtoras buscam alternativas<br />
de locação com seguro fiança, diante do<br />
elevado estoque de imóveis não vendidos<br />
e/ou devolvidos. Sentimos um apelo por<br />
parte do mercado em optar por garantias<br />
contratuais mais robustas nestes casos. O<br />
segundo cenário vem com a retomada da<br />
economia, que já traz boas expectativas<br />
para o mercado de aluguel e, consequentemente,<br />
para o seguro fiança locatícia”,<br />
explica.<br />
Outro pronto destacado pelo executivo<br />
é a mudança de comportamento do<br />
próprio consumidor. “Embora o sonho<br />
de muitos ainda seja a casa própria, vemos<br />
um interesse crescente pelo aluguel<br />
de imóveis. Isso porque hoje temos um<br />
mercado de trabalho bastante dinâmico<br />
e é comum as pessoas optarem por morar<br />
próximas de onde trabalham em busca de<br />
qualidade de vida. O fato de você ter um<br />
imóvel locado te traz certa flexibilidade<br />
em relação a essa proximidade. Além<br />
disso, você consegue adequar o tamanho<br />
do imóvel com a sua necessidade:<br />
se você mora sozinho, geralmente aluga<br />
um imóvel menor. Se começa a constituir<br />
família e precisa de um imóvel maior,<br />
pode facilmente transitar de um para<br />
outro sem nenhum processo de compra<br />
e venda, que acaba sendo burocrático”,<br />
explica Luiz Henrique.<br />
Nesse segmento, a Porto Seguro trabalha<br />
com quatro produtos: o Porto Seguro<br />
Aluguel Básico, que substitui o fiador e<br />
oferece coberturas para o aluguel, IPTU e<br />
condomínio; o Porto Seguro Aluguel, que<br />
permite a escolha do imóvel sem a necessidade<br />
de um fiador ou do desembolso de<br />
um valor como caução na hora de alugar;<br />
o Porto Seguro Aluguel Universitário,<br />
que além de atuar como garantia para<br />
o cumprimento do contrato possui benefícios<br />
e serviços específicos para este<br />
público, como assistências emergenciais<br />
à residência; e o Porto Seguro Aluguel<br />
Empreendedor, criado para atender às<br />
necessidades de empresas com até dois<br />
anos de constituição, que precisam locar<br />
um imóvel para iniciar ou expandir suas<br />
atividades.<br />
A Too Seguros também aposta no<br />
potencial do seguro de fiança locatícia<br />
aliado à tecnologia e já constatou um<br />
aumento de consultas pelo produto em<br />
torno de 50% em relação a 2018. O diretor<br />
Comercial da companhia, Marcos<br />
Eduardo de Carvalho, acredita que após<br />
um período afetado pela crise econômica,<br />
2018 se mostrou um ano de recuperação<br />
e há ótimas expectativas para o crescimento<br />
do setor em 2019. “Todo o setor<br />
está apostando no uso de mais tecnologia,<br />
com a utilização de softwares de gestão e<br />
ferramentas de CRM. Precisamos ainda<br />
estar atentos à mudança no perfil dos locatários,<br />
uma vez que as novas gerações<br />
valorizam a experiência de um excelente<br />
atendimento e preferem alugar imóveis a<br />
comprá-los”, observa.<br />
Em relação ao portfólio de produtos,<br />
Carvalho explica que no segmento<br />
de Pessoa Física e PME, a Too Seguros<br />
❙ ❙<br />
Marcos Eduardo de Carvalho,<br />
da Too Seguros<br />
❙❙Luiz Henrique, da Porto Seguro<br />
possui produtos com taxa fixa e que<br />
contemplam garantias mínimas ou mais<br />
abrangentes, conforme a expectativa do<br />
proprietário. “Também atuamos com o<br />
segmento de médias e grandes empresas,<br />
com produtos sob medida, em especial<br />
para aquelas empresas que estão em<br />
expansão de sua rede. Nosso produto<br />
que oferece garantias mais completas é<br />
o de maior aceitação, uma vez que cobre<br />
o aluguel, condomínio, IPTU e ainda<br />
algumas outras preocupações das imobiliárias<br />
e proprietários, como contas de<br />
concessionárias, danos ao imóvel, entre<br />
outros. Claro que, em função dos preços<br />
mais em conta, temos também uma boa<br />
procura pelo produto com taxa fixa”,<br />
esclarece.<br />
O executivo cita ainda que com a<br />
decisão do Superior Tribunal Federal<br />
(STF) de não alienar imóveis que são<br />
bem de família de fiadores em locações<br />
comerciais, proprietários e imobiliárias<br />
têm repensado sobre a confiabilidade da<br />
figura do fiador. “Alguns já têm exigido,<br />
inclusive mais de um imóvel para aceitar<br />
a fiança, tornando esta modalidade mais<br />
difícil”, pondera.<br />
Direito imobiliário<br />
O presidente da Comissão de Direito<br />
Imobiliário da OAB-MG, Kênio de Souza<br />
Pereira, vê o seguro de fiança locatícia<br />
como um facilitador das locações, no sentido<br />
de que o produto atende em especial<br />
os inquilinos que não desejam passar pelo<br />
constrangimento de pedir a um amigo ou<br />
parente para ser seu fiador, bem como<br />
aqueles que vêm de outras cidades e não<br />
têm pessoas no local onde irão se instalar.<br />
❙❙Kênio de Souza Pereira, da OAB-MG<br />
“No decorrer de mais de duas décadas<br />
de comercialização, o seguro de fiança<br />
locatícia se mostrou um sucesso, tendo<br />
atendido às expectativas dos locadores<br />
e imobiliárias, pois no momento em que<br />
ocorre a impontualidade, esses passam a<br />
receber seus créditos, evitando assim os<br />
problemas decorrentes de outros tipos<br />
de garantia, os quais são restritos nos<br />
termos do artigo 37 da<br />
Lei do Inquilinato, quais<br />
sejam: fiança, caução, títulos<br />
de capitalização e o<br />
seguro de fiança locatícia.<br />
É importante esclarecer<br />
que a Lei do Inquilinato é<br />
taxativa quanto aos tipos<br />
de garantia, sendo vedado<br />
qualquer outro, justamente para proteger<br />
os locadores de garantias ilusórias, que<br />
no momento que ocorre o despejo por<br />
falta de pagamento e a cobrança dos<br />
débitos em atraso e dos danos do imóvel<br />
se mostram inexistentes.<br />
Pereira recorda que o boom imobiliário<br />
ocorrido no período de 2007 a 2014,<br />
somado ao desaquecimento da economia<br />
em 2015 e ao aumento do desemprego<br />
que reduziu a capacidade de pagamento<br />
dos inquilinos, dificultou a realização de<br />
novas locações. Com isso, os candidatos à<br />
locação passaram a ter maior dificuldade<br />
em obter fiadores com renda adequada e<br />
ANO FIANÇA LOCATÍCIA (R$) CRESC. REAL (%)<br />
2014<br />
2015<br />
2016<br />
2017<br />
2018<br />
369.037.570<br />
379.141.649<br />
348.503.963<br />
360.922.249<br />
410.523.126<br />
-<br />
-5.55<br />
-15.67<br />
-0.06<br />
9.76<br />
“cadastro limpo”. Ele alerta para falsas<br />
promessas de garantia de aluguel e de<br />
pagamento de danos dos imóveis. “Esse<br />
cenário de aumento de imóveis disponíveis<br />
para locação favoreceu o surgimento<br />
de aventuras no setor locatício, bem como<br />
de startups imobiliárias que passaram a<br />
atrair os inquilinos com o oferecimento<br />
de locação sem qualquer garantia. Por<br />
outro lado, passaram a iludir os proprietários<br />
de imóveis para captá-los como<br />
locadores, com a ideia de que têm enorme<br />
reserva financeira, como se pudessem<br />
atuar como as companhias seguradoras”,<br />
adverte.<br />
32
especial riscos financeiros | rc profissional<br />
Produtos para<br />
médicos são<br />
maioria no mercado<br />
Outras profissões também<br />
entraram no radar das<br />
seguradoras, mas o<br />
predomínio ainda fica por<br />
conta dos profissionais<br />
ligados à área de saúde. A<br />
boa notícia é que mesmo<br />
entre estes profissionais,<br />
menos de 20% possuem<br />
algum tipo de proteção<br />
❙❙Patricia Barros, da Unimed Seguros<br />
João Carlos Inojosa, diretor Comercial<br />
da Companhia Excelsior de Seguros,<br />
diz que este crescimento exponencial da<br />
carteira de RC Profissional acontece pelo<br />
entendimento da justiça, que começou a<br />
aplicar mais condenações aos responsáveis.<br />
“ Os jovens profissionais estão<br />
mais preocupados, porque eles procuram<br />
a proteção ainda no início da carreira”,<br />
conta. Eles entendem o seguro como um<br />
investimento, seguindo uma tendência do<br />
mercado norte-americano, por exemplo,<br />
no qual nenhum médico começa a atender<br />
sem contar com a proteção.<br />
“No Brasil não há uma obrigatoriedade,<br />
mas há uma tendência de aquisição<br />
pelos que atuam na área de saúde”, ratifica<br />
Inojosa, ressaltando que esta modalidade<br />
é responsável por mais de 80% da carteira<br />
de RC Profissional da Excelsior. Por isso,<br />
a empresa se especializou neste segmento<br />
e passou a oferecer até um escritório de<br />
advocacia específico para a regulação dos<br />
sinistros destes profissionais. “Quando<br />
o médico é acionado, nossa equipe é<br />
acionada, tranqüiliza o profissional e<br />
passa o atendimento para um escritório<br />
especializado em Direito Médico para<br />
realizar todo o processo. Procuramos<br />
sempre tentar um acordo mais rápido,<br />
❙ ❙<br />
João Carlos Inojosa,<br />
da Companhia Excelsior de Seguros<br />
para evitar que o processo se arraste por<br />
um longo tempo”, adianta Inojosa.<br />
As taxas de contratação, e também<br />
de sinistralidade, variam de acordo com a<br />
especialidade profissional. As mais altas<br />
são praticadas para profissionais ligados à<br />
Kelly Lubiato<br />
34<br />
Todo mundo conhece uma história<br />
de um profissional que, por<br />
omissão ou negligência, tenha<br />
causado grande perda a outrem.<br />
Em alguns casos, o erro pode levar o<br />
prejudicado até à morte. Por isso, talvez,<br />
os profissionais ligados à área de saúde<br />
são os maiores contratantes dos seguros<br />
de Responsabilidade Civil Profissional.<br />
Há seguradoras que comercializam<br />
apenas produtos direcionados aos profissionais<br />
de saúde. A Unimed Seguros<br />
foca médicos, enfermeiros, dentistas,<br />
veterinários etc, e tem uma grande participação<br />
nesta carteira, segundo dados<br />
da Susep. “Como outras seguradoras<br />
operam RC para outras profissões, fica<br />
difícil comparar com outras companhias.<br />
Mas este é um produto que teve<br />
um crescimento expressivo, em média<br />
de 20% a 25%. Nós crescemos 37% em<br />
2018, em comparação a 2017”, comemora<br />
Patricia Barros, gerente de Negócios<br />
Ramos Elementares da Unimed Seguros.<br />
A seguradora está há quatro anos<br />
nesta operação, mas considera que<br />
há uma excelente participação dos<br />
profissionais de saúde. “ O número de<br />
demandas contra profissionais de saúde,<br />
que oferece cobertura quando há uma<br />
falha que provoca prejuízos a terceiros,<br />
cresceu 300% nos últimos dez anos, de<br />
acordo com os Conselho Regionais de<br />
Medicina”, comenta Patricia.<br />
Além do aumento da cultura de<br />
judicialização, Patricia acredita que a<br />
elevação da quantidade de Faculdades<br />
de Medicina abertas nos últimos anos<br />
contribuiu para a má formação de novos<br />
profissionais, o que acarreta no maior<br />
número de erros médicos. Outro ponto<br />
é o aumento da jornada de trabalho dos<br />
profissionais. “Até então, o conhecimento<br />
médico e a sua opinião não eram contestados.<br />
Era uma coisa que as pessoas<br />
aceitavam porque elas não tinham como<br />
verificar. Com acesso a informação, as<br />
pessoas questionam mais e percebem<br />
que o ‘evento adverso’ pode ser evitável”,<br />
descreve Patricia. Existem eventos adversos<br />
que são inevitáveis, porém alguns<br />
são evitáveis, normalmente aqueles que<br />
ocorrem por falhas nos equipamentos<br />
ou de membros da equipe, por exemplo.<br />
Uma cobertura diferenciada da<br />
seguradora que atende exclusivamente<br />
profissionais da saúde é a do Ato do Bom<br />
Samaritano. Sabe aquela hora em que,<br />
em um avião, por exemplo, a comissária<br />
grita: tem algum médico a bordo? A<br />
cobertura protege o profissional caso ele<br />
venha a ser processado por conta deste<br />
atendimento. A seguradora espera triplicar<br />
sua carteira nos próximos três anos,<br />
pois ainda há um potencial gigantesco<br />
a ser explorado.
c profissional<br />
❙❙Lucas Camillo, RC Profissional<br />
área cirúrgica, seja ela cardíaca, vascular<br />
ou ortopédica. A cirurgia plástica é hoje a<br />
que possui as taxas mais altas de contratação,<br />
pois os riscos de insatisfação dos<br />
pacientes são maiores.<br />
Para chegar aos potenciais consumidores,<br />
as companhias investem<br />
em treinamento para que corretores<br />
de seguros saibam como se aproximar<br />
dos profissionais e os argumentos que<br />
facilitam a contratação, a partir do cross-<br />
-selling em sua carteira. “É um mercado<br />
praticamente virgem”, anima-se Inojosa,<br />
acrescentando que os valores dos prêmios<br />
são bastante acessíveis.<br />
Outras profissões<br />
Apesar de ser a maioria, nem só de<br />
profissionais da saúde vive o RC Profissional.<br />
Advogados, engenheiros, notários,<br />
corretores de seguros e até cabeleireiros<br />
já se conscientizaram dos riscos que<br />
possuem em suas atividades. “Às vezes,<br />
as pessoas entendem o risco, mas não<br />
têm como mensurá-lo, como saber que<br />
cobertura contratar ou como se proteger<br />
adequadamente. Estamos na fase de nos<br />
educar e de crescer ainda”, avalia o corretor<br />
Lucas Camillo, especializado em<br />
seguro RC Profissional.<br />
Algumas seguradoras montam pacotes<br />
para juntar coberturas ao RC Profissional,<br />
como a de acidentes pessoais.<br />
“Além dos danos a terceiros, os produtos<br />
podem ter coberturas acessórias para<br />
custos processuais, restituição de imagem<br />
etc.”, acrescenta Camillo. Praticamente<br />
todas as profissões podem ser cobertas,<br />
por mais que não estejam especificados,<br />
36<br />
pois as seguradoras possuem questionários<br />
genéricos onde é possível fazer<br />
a descrição da empresa e da atividade<br />
desenvolvida. Como exemplo, é possível<br />
citar as empresas de tecnologia, que pode<br />
ser desde desenvolvimento de sistemas<br />
até ser uma instaladora ou fazer manutenção<br />
de máquinas. “Com os questionários<br />
as seguradoras conseguem entender a natureza<br />
do risco para fazer a precificação”.<br />
Camillo, que também faz parte da<br />
Comissão de Responsabilidade Civil do<br />
Sindicato dos Corretores de Seguros de<br />
São Paulo, explica que os corretores de<br />
seguros deveriam contratar um produto<br />
para eles próprios. “Este é um produto<br />
relativamente novo e teve uma boa<br />
aceitação entre os profissionais, mas em<br />
casa de ferreiro, espeto é de pau”, brinca.<br />
O difícil não é convencer os corretores<br />
da necessidade da compra, mas que o<br />
valor mínimo da apólice, de R$ 100 mil,<br />
é baixo. O custo é relativamente baixo,<br />
para os corretores de seguro. O cálculo<br />
é feito a partir do faturamento de cada<br />
um, mas, como exemplo, um seguro de<br />
entrada com R$ 100 mil de cobertura,<br />
tem prêmio médio de R$ 400.<br />
Plataforma de vendas<br />
Transformar um produto de difícil<br />
contratação em algo mais simples foi<br />
um dos desafios que a Argo Seguros<br />
encontrou para criar uma metodologia<br />
simplificada para levar o seguro na ponta,<br />
para o corretor e o segurado. De forma<br />
instantânea e, consequentemente, sem<br />
perder a qualidade de subscrição, de<br />
produto e de resultado.<br />
Carlos Berlfein, Consumer Lines<br />
Underwriting Manager da Argo Seguros,<br />
conta que a elaboração da plataforma<br />
Protector conseguiu amplificar a distribuição<br />
dos produtos, inclusive do RC<br />
Profissional. “Temos base mais sólida da<br />
carteira e contamos com seis mil corretores<br />
cadastrados, trabalhando no Brasil<br />
inteiro”, conta o executivo.<br />
No RC Profissional, a seguradora<br />
atua com mais de 40 profissões e/ou<br />
atividades profissionais. O carro chefe<br />
são os engenheiros e os médicos, mas há<br />
uma carteira de advogados, contadores,<br />
corretores de seguros e alguns bem<br />
diferentes, como o RC Síndico (focado<br />
❙❙Carlos Berlfein, da Argo Seguros<br />
nos riscos da posição que ele ocupa no<br />
condomínio), certificação digital e vistoria<br />
veicular. “Até salão de beleza está<br />
entre as atividades disponíveis”, comenta<br />
o executivo.<br />
As plataformas digitais possibilitam<br />
a venda mais simples e na ponta, com<br />
limites até R$ 1 milhão de limite de cobertura<br />
com alguns crivos de subscrição.<br />
“Com isso, o RC Profissional pode ser<br />
massificado, comercializando os produtos<br />
simplificados. Queremos oferecer uma<br />
melhor experiência para o corretor, com<br />
mais funcionalidades, ajudando-o na<br />
venda”, acrescenta Berlfein.<br />
“O mais importante”, destaca Berlfein,<br />
“é importante usar a expertise de<br />
produto e tecnologia para melhorar a<br />
experiência dos corretores e dos usuários,<br />
tendo uma plataforma mais fácil e disruptiva<br />
para alavancar a marca da companhia<br />
para o consumidor final”.<br />
O consumidor já conhece como utilizar<br />
uma apólice de seguros, mas este<br />
ainda é um mercado novo por aqui. As<br />
demandas judiciais aumentam gradativamente,<br />
assim como a cultura do seguro.<br />
“Hoje, atingimos apenas 15% a 20% dos<br />
profissionais com potencial para contratação<br />
de RC Profissional. É um mercado<br />
de mais de bilhão de reais, segundo<br />
levantamento que já realizamos aqui na<br />
Argo”, antecipa Berlfein, lembrando que<br />
a evolução digital contribui muito para<br />
que o corretor chegue ao cliente. “O acesso<br />
à informação facilita a distribuição dos<br />
produtos mas também traz mais sinistros<br />
para os profissionais, com clientes mais<br />
esclarecidos”.
evento | tecnologia<br />
Insurtechs avançam<br />
na trilha das inovações<br />
Avanços da tecnologia<br />
demonstram que é preciso<br />
haver um compartilhamento de<br />
conhecimento para que todos<br />
desfrutem dos benefícios de um<br />
novo mercado<br />
Kelly Lubiato<br />
Delphine Maisonneuve, Luis Gutierrez e José Prado<br />
Se antes as empresas achavam que poderiam implementar<br />
sozinhas as mudanças necessárias para<br />
acompanhar a velocidade da transformação digital,<br />
agora elas já entenderam que a inovação é muito<br />
mais eficaz em uma política de compartilhamento.<br />
A mudança do pensamento parece ser mais difícil do<br />
que a de atitude. De acordo com o Head e co-fundador da<br />
Plug and Play, Ali Safavi, os serviços na área de seguros<br />
não podem ser baseados apenas na questão financeira, pelo<br />
contrário, devem focar na tranquilidade do consumidor.<br />
“As oportunidades de inovação podem vir das necessidades<br />
dos clientes, sejam eles pessoas física<br />
ou jurídica, nas áreas de prevenção de<br />
fraudes, automação de processos, transparência,<br />
adequação legal e responsabilidades”,<br />
afirmou, durante sua palestra<br />
no Insurtech Brasil 2019, realizado em<br />
São Paulo.<br />
Vale ressaltar que os líderes do mercado<br />
já têm consciência desta necessidade,<br />
como disse Luis Gutierrez, CEO da<br />
Mapfre Brasil: “inovação é subsistência,<br />
principalmente para os problemas do<br />
dia-a-dia”. A velocidade de implantação<br />
também é fundamental ao processo.<br />
“Trabalhamos no esquema 3,6,9: três<br />
dias para apresentar, seis semanas para<br />
implementar e nove meses para mostrar<br />
resultados”.<br />
Gutierrez ressaltou que os investimentos<br />
não são apenas de uma empresa.<br />
“Não podemos pensar em soluções que<br />
sejam apenas próprias. Vamos trabalhar<br />
com insurtechs ou com outros grupos<br />
seguradores. Assim como as novas gerações<br />
pensam no compartilhamento,<br />
temos que pensar em dividir também as<br />
novidades”.<br />
“É preciso entender que o mundo<br />
agora está aqui”, afirmou Delphine Maisonneuve,<br />
CEO da AXA, mostrando o<br />
seu celular. A vida das pessoas está neste<br />
aparelho e também será através dele que<br />
os novos negócios devem acontecer. Para<br />
a executiva, os corretores de seguros<br />
terão que se transformar junto com as<br />
seguradoras, compreendendo que não<br />
existe mais trâmite em papel. “Se alguém<br />
ou qualquer tipo de negócio acredita que<br />
podemos negar a realidade do celular,<br />
por exemplo, está fadado ao fracasso. O<br />
importante é a capacidade de adaptação”,<br />
sentenciou Delphine.<br />
A CEO da AXA disse que, ao contrário<br />
do que as pessoas acreditam, as<br />
seguradoras têm ambiente favorável às<br />
mudanças. “Apesar do nome tradicional,<br />
o seguro não é algo fechado. Faço parte<br />
de uma empresa que exala vontade de<br />
inovar. É uma empresa super moderna”,<br />
ressaltou Delphine. Sobre o mercado de<br />
insurtechs, ela avaliou que as tendências<br />
podem se voltar para o uso de dados no<br />
âmbito das empresas, mas que há poucas<br />
coisas ligadas à área de saúde e produtos<br />
para tratar novos riscos para empresas.<br />
O argentino Martin Ferrari, CEO e<br />
co-fundador da 123Seguro, demonstrou<br />
as grandes oportunidades do mercado<br />
de seguros, através da apresentação de<br />
algumas experiências, como a da seguradora<br />
chinesa Zhong An, a primeira<br />
seguradora digital local. Ela está abrindo<br />
caminho para uma série de outras experiências<br />
ao redor do mundo.<br />
Ferrari fez questão de derrubar o<br />
mito de que as pessoas não compram<br />
seguro pela internet. Ele mostrou um estudo<br />
apresentando o perfil do comprador,<br />
que é de homem de 39 anos, com renda<br />
de classe média. O grande entrave para o<br />
surgimento destas empresas, entretanto,<br />
ainda é a questão de regulamentação.<br />
Regulamentação da<br />
Insurtechs<br />
No Brasil, justamente com o objetivo<br />
de entender e facilitar a interlocução<br />
com o órgão regulador, acaba<br />
de ser criada a Associação Brasileira<br />
de Insurtechs, liderada por Henrique<br />
Volpi. A entidade conta com quatro<br />
participantes, mas está aberta a receber<br />
a participação de mais de 75 insurtechs<br />
identificadas pelo mapa da Camara<br />
e-net. “Queremos oferecer condições<br />
Vanessa Fialdini e Hugo Mentzingen<br />
para embasar a regulamentação do<br />
setor”, informou Volpi.<br />
Sobre este tema de regulamentação,<br />
Hugo Saisse Mentzingen, coordenador<br />
Geral de TI da Superintendência de<br />
Seguros Privados, falou sobre a criação<br />
da figura do representante digital como<br />
distribuidor de seguros para as seguradoras.<br />
Este novo ente não é comparador de<br />
preços, ou broker ou verificador de comportamento<br />
do usuário. “O representante<br />
digital terá que ser uma insurtech mais<br />
robusta, que representará várias vertentes<br />
da seguradora”, adiantou Mentzingen.<br />
Entretanto, ele ressaltou que a Susep<br />
não autorizará a atuação de empresas que<br />
vendem produtos similares a seguro mas<br />
que não desejam cumprir as exigências de<br />
reservas destas empresas. “Se tem pelo,<br />
toma leite e mia como um gato, então é<br />
um gato”, brincou, comparando com as<br />
empresas que recebem prêmio, oferecem<br />
garantias e regulam sinistros.<br />
Mentzingen reafirmou que é difícil<br />
fazer fiscalização direta em um mercado<br />
tão vasto quanto o nosso. Para regular o<br />
não regulado, a Susep notifica o infrator e,<br />
quando a atividade persiste, faz a denúncia<br />
ao Ministério Público. “Como autarquia, a<br />
Susep não tem poder de polícia”.<br />
38 39
artigo | grupo fox<br />
Fraude no seguro de vida<br />
Ainda que não faça parte da<br />
cultura da maioria dos brasileiros,<br />
o seguro de vida,<br />
de acordo com dados da<br />
Superintendência de Seguros Privados<br />
(SUSEP) apresentou um crescimento da<br />
ordem de 10% em 2018, se comparado<br />
ao ano anterior. Entretanto, segue muito<br />
abaixo da média europeia e de países<br />
ditos desenvolvidos, ou seja, há bastante<br />
campo para evolução.<br />
Assim como em outros ramos, as<br />
tentativas de fraude acabam por acompanhar<br />
os níveis de crescimento, razão<br />
pela qual as seguradoras e a sociedade<br />
como um todo devem estar atentos.<br />
O contrato de seguro é regido pelo<br />
princípio da boa-fé, conforme preceitua<br />
os artigos 113, 422 e 765 do Código Civil<br />
Brasileiro e é isso que se espera do segurado.<br />
Já o Artigo 171 do Código Penal<br />
Brasileiro e seu inciso V versa sobre<br />
obter para si ou para outrem, vantagem<br />
ilícita em prejuízo alheio, induzindo ou<br />
mantendo alguém em erro, mediante<br />
artifício ardil ou qualquer outro meio<br />
fraudulento. Destrói total ou parcialmente,<br />
oculta coisa própria, ou lesa o<br />
próprio corpo ou saúde, ou agrava as<br />
consequências da lesão ou doença, com<br />
o intuito de haver indenização ou valor<br />
de seguro.<br />
Embora existam apenas dois perfis<br />
de fraudadores, o eventual, que é aquele<br />
sujeito que se aproveita de uma ocasião<br />
propícia e comete o crime com pouco<br />
ou nenhum planejamento, e o contumaz,<br />
aquele que concorre para o fato se utilizando<br />
de todo conhecimento da cadeia<br />
de seguros para não cometer erros e<br />
fazer com que a seguradora não consiga<br />
materializar provas que a capacite a<br />
declinar a indenização mesmo sabendo<br />
se tratar de uma fraude.<br />
Dentro de um universo de diversas<br />
coberturas, seja morte natural, acidental,<br />
invalidez parcial, invalidez permanente,<br />
diárias de internação, diárias<br />
de incapacidade laborativa e outras, as<br />
documentações variam entre certidões<br />
de óbitos, laudos periciais, boletins de<br />
ocorrências, toxicológicos, exames,<br />
diagnósticos, relatórios médicos e terapias,<br />
as quais podem ser alteradas,<br />
suprimidas ou fabricadas de acordo com<br />
a necessidade do fraudador.<br />
As omissões e inexatidões de informações<br />
sobre o real estado de saúde<br />
do segurado quando da contratação da<br />
apólice de seguro também estão entre<br />
as ações mais comuns. “Esconder” que<br />
já havia sofrido uma intervenção cirúrgica<br />
que o compromete até hoje, que<br />
passou por tratamento de câncer, que é<br />
diabético ou hipertenso ou que faz uso<br />
contínuo de determinada medicação<br />
com o intuito de ludibriar a seguradora<br />
e influenciar na aceitação do risco é algo<br />
que está previsto Artigo 766 do Código<br />
Civil Brasileiro e pode resultar na perda<br />
da garantia, além de ficar obrigado ao<br />
prêmio vencido. Tal situação é corroborada<br />
pelo Artigo 79 da Circular Susep<br />
302/2005.<br />
Alexandre Massao Masuda*<br />
Outra situação que observamos são<br />
contratos de seguros prestamistas, os<br />
quais são comumente comercializados<br />
conjuntamente com financiamentos de<br />
bens móveis e imóveis, ocasião em que<br />
familiares sob orientação, buscam dentro<br />
da família o membro com a saúde<br />
mais vulnerável ou comprometida, que<br />
esteja diagnosticado com uma doença<br />
em estágio avançado, estando mais<br />
suscetível ao falecimento, de forma que<br />
após o sinistro a seguradora encontrando<br />
amparo, assume as parcelas vincendas<br />
e com isso o financiamento é quitado,<br />
obtendo-se considerável vantagem financeira.<br />
Nesta matéria não poderia deixar de<br />
mencionar os homicídios, os quais são<br />
devidamente amparados pela cobertura<br />
de morte acidental e, por vezes, são<br />
ardilosamente arquitetados de forma a<br />
indenizar o autor do crime ou o mentor<br />
intelectual. São diversos casos que envolvem<br />
desde cônjuges e seus amantes,<br />
até filhos e genitores, que objetivam<br />
diretamente a morte do segurado para<br />
ser beneficiado com a indenização.<br />
Por isso, entende-se que para todos<br />
os sinistros com suspeita de fraude ou<br />
preexistência é altamente recomendável<br />
a adoção do trabalho de auditoria externa,<br />
preferencialmente com assessoria<br />
composta por analistas experientes, peritos,<br />
advogados e médicos que possam<br />
contribuir nos trabalhos.<br />
De acordo com dados da CNseg<br />
22,4% dos processos investigados tiveram<br />
a fraude efetivamente comprovada<br />
em 2017.<br />
Acabar com a fraude no Brasil é<br />
utopia, no entanto, devemos trabalhar<br />
com controles mais rígidos para que o<br />
número de ocorrências indevidas reduza,<br />
culminando em uma carteira mais<br />
saudável e com melhores resultados.<br />
*Alexandre Massao Masuda é diretor<br />
técnico da Fox Regulação & Auditoria.<br />
campanha | ameplan<br />
3 em 1 = mais prêmios<br />
Campanha de vendas visa despertar a curiosidade dos<br />
participantes desde seu nome, que destaca as três<br />
possibilidades reais de conquistas prêmios adicionais<br />
Já é uma tradição para o mercado<br />
de saúde a presença da Ameplan<br />
Saúde no início de cada ano,<br />
realizando o lançamento de sua<br />
campanha de vendas em ambiente festivo<br />
e carinhosamente preparado para todos<br />
os parceiros comerciais da operadora.<br />
“Há um ditado que diz que as melhores<br />
ideias são aquelas que você têm e que<br />
os outros copiam e passam a multiplicar<br />
como se deles fossem”, comenta Laureci<br />
Zeviani, diretor Comercial. “Não nos<br />
incomoda em nada, isso apenas ratifica<br />
uma competência essencial que pertence<br />
aos profissionais da nossa empresa, que<br />
é a capacidade de criar, inovar e renovar<br />
diante de cenários desafiadores e dinâmicos”,<br />
continua.<br />
Outra intenção da campanha é<br />
homenagear os pilares que a Gestão<br />
Profissional da Ameplan Saúde elegeu<br />
como primordiais para o crescimento<br />
e fortalecimento da marca: dois deles,<br />
Vendas e Atendimento são competências<br />
básicas para a sobrevivência de qualquer<br />
organização, portanto, dispensa comentários.<br />
Já Riscos Assistenciais não são<br />
um desafio exclusivo da operadora, mas<br />
sim de toda a indústria da saúde. Este<br />
tema vem incomodando e desafiando os<br />
profissionais do segmento há anos e toma<br />
muita energia dentro da operadora, que<br />
busca adotar ações e medidas que visem<br />
a manutenção dos serviços com o menor<br />
acréscimo possível na taxa mensal de<br />
seus beneficiários, lembrando que 90%<br />
de seus clientes são pessoas de classe C<br />
e D, nas quais o reflexo do aumento é<br />
muito mais sensível em relação às outras<br />
classes sociais.<br />
A campanha de vendas da operadora<br />
também faz questão de reconhecer<br />
aquele vendedor que apresenta a melhor<br />
qualificação na condução da venda, desde<br />
a prospecção até a entrega do kit ao<br />
❙❙<br />
Laureci Zeviani e Marcelo Belber<br />
cliente. De acordo com o regulamento, o<br />
vendedor que atingir os melhores índices<br />
de qualidade, inclusive pendências,<br />
desfrutará de uma viagem maravilhosa,<br />
regada a muitas mordomias, para que se<br />
sinta recompensado e chegue à conclusão<br />
de que valeu muito a pena fazer bem<br />
feito. Além da nobreza de sua conduta,<br />
ele contribuiu para administrar os custos<br />
assistenciais e se transformar numa<br />
referência positiva para os seus colegas.<br />
“Como era esperado, este ano seria<br />
altamente desafiador para o segmento de<br />
serviços, particularmente para o segmento<br />
de saúde. Para obter bons resultados,<br />
não é o momento de subtrair, mas de<br />
somar o máximo de variáveis possíveis<br />
para que produto, processos, tecnologia<br />
e pessoas deem o seu melhor para cumprir<br />
as metas combinadas. Por isto que a<br />
Ameplan Saúde manteve sua campanha<br />
de vendas, continuando nela os pontos<br />
elogiados pelos próprios participantes e<br />
melhorando o que entendeu que agradaria<br />
mais as “pessoas envolvidas no processo”,<br />
afirma Marcelo Belber, Gerente Comercial<br />
da Ameplan.<br />
É uma campanha que envolve os<br />
principais parceiros comerciais da Ameplan<br />
(Affix, Dentalpar, Corpore, Divicom,<br />
Hebrom e SafeLife), que também lançaram<br />
suas próprias campanhas de vendas.<br />
Isso mostra o esforço que os agentes<br />
envolvidos no processo da venda fazem<br />
para rodar esta engrenagem primordial<br />
para o crescimento e fortalecimento de<br />
qualquer negócio.<br />
Nos últimos oito anos, a Ameplan<br />
mostrou uma vocação especial para se<br />
relacionar com os seus representantes comerciais,<br />
sejam eles corretores, gerentes de<br />
vendas, empresários, assistentes, diretores<br />
e vendedores. O apoio e reconhecimento<br />
sempre caminham juntos.<br />
40 41
evento | congresso<br />
Mercado pretende atacar<br />
as empresas de Proteção<br />
Veicular<br />
1º Congrecor reuniu corretores, seguradoras e entidades<br />
para discutir temas de interesse do mercado segurador<br />
Nicole Fraga<br />
Uberlândia recebeu o 1º Congresso<br />
Regional Centro-Oeste<br />
e Minas dos Corretores<br />
de Seguros (Congrecor), que<br />
aconteceu nos dias 2 e 3 de maio. O evento<br />
promoveu palestras, talk shows e feira<br />
de exposição e negócios. Esta edição,<br />
iniciativa dos Sindicatos dos Corretores<br />
de Seguros de Mato Grosso, Mato Grosso<br />
do Sul, Distrito Federal, Goiás e Minas<br />
Gerais, teve como tema inovação, negócios<br />
e oportunidades.<br />
A programação contemplou a importância<br />
do setor na economia e a realidade<br />
brasileira na área, além de desafios como<br />
o mercado da proteção veicular, o impacto<br />
do novo governo e da crise econômica,<br />
mudanças e novidades da legislação. O<br />
evento também promoveu o debate sobre<br />
os interesses específicos do mercado de<br />
seguros desta região.<br />
O poder da força institucional do<br />
mercado de seguros e seus entes e a luta<br />
contra a proteção veicular deram o tom<br />
da abertura do primeiro dia. A mesa<br />
de abertura do Congresso contou com<br />
os representantes dos Sincor’s de MT,<br />
MS, GO, DF e MG e foi inaugurada por<br />
Maria Filomena Branquinho, presidente<br />
do Sincor-MG e anfitriã do evento. “O<br />
Congresso é oportunidade de troca de experiências,<br />
que deve ser um dos focos de<br />
atuação do profissional de seguros para<br />
se manter relevante, em consonância com<br />
os desafios e as potencialidades do nosso<br />
setor, um dos poucos que se manteve em<br />
expansão no País”, destacou.<br />
Filó afirmou, ainda, que foi a união<br />
da categoria, por meio dos Sincor’s de<br />
42<br />
❙❙Lucas Vergilio<br />
todo o Brasil, que garantiu conquistas<br />
importantes para o setor, como a inclusão<br />
dos corretores de seguros no Simples Nacional,<br />
acordos coletivos e projetos contra<br />
a proteção veicular. “Não poderia deixar<br />
de falar que temos um anjo em Brasília,<br />
que luta pela classe ativamente”, frisou,<br />
referindo-se ao presidente do Sincor-GO<br />
e deputado federal Lucas Vergilio, já em<br />
seu segundo mandato.<br />
Na abertura do evento, o parlamentar<br />
chamou a atenção sobre como<br />
o envolvimento da categoria é essencial<br />
na conquista de benefícios para o setor.<br />
“Tivemos a vitória em relação ao Super<br />
Simples e temos projetos ainda em<br />
andamento na Câmara Federal, como<br />
a criação do SOAT (Seguro obrigatório<br />
de Acidentes de Trânsito) e o PLP<br />
519, de combate à proteção veicular”,<br />
lembrou o deputado.<br />
O presidente da Fenacor, Armando<br />
Vergilio ressaltou que o Congrecor é resultado<br />
de um processo de regionalização<br />
incentivado pela entidade. “O Congresso<br />
significa muito para o fortalecimento<br />
de instituições como os Sincor’s. Todas<br />
estas conquistas citadas aqui só foram<br />
possíveis graças ao trabalho conjunto das<br />
entidades junto à Fenacor e também das<br />
que representam as seguradoras”, disse.<br />
Já com o tema Quatro Meses do<br />
Governo Bolsonaro, o jornalista João<br />
Borges, comentarista de economia da<br />
GloboNews, abriu a programação do<br />
primeiro dia do evento. O jornalista<br />
apresentou um retrospecto dos fatos que<br />
foram destaque no novo governo e, a<br />
partir daí, comentou sobre as principais<br />
perspectivas do cenário econômico brasileiro.<br />
“O governo precisa combater o<br />
déficit fiscal, implementando as reformas<br />
da Previdência e Tributária na velocidade<br />
e profundidade necessárias. Se nada for<br />
feito, a confiança não será restabelecida<br />
e a economia não vai crescer”, afirmou.<br />
No segundo dia do evento, algumas<br />
das principais lideranças do setor de<br />
seguros do Brasil participaram do talk-<br />
-show Atualidades do Mercado Segurador.<br />
Temas como a popularização do<br />
seguro no País, a proteção veicular e a<br />
conjuntura sócio-econômica brasileira<br />
fizeram parte da pauta do evento. Outro<br />
destaque foi o Painel Inovação e Desafios<br />
no Mercado de Seguros, que contou com<br />
a participação dos presidentes de seguradoras<br />
brasileiras.