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06 Opinião Foz do Iguaçu, quarta-feira, 22 de maio de 2019<br />
Alexandre Garcia<br />
O Corvo recebeu um texto do jornalista<br />
(As tetas secaram), publicado na última segunda-feira.<br />
Esta empresa de comunicação,<br />
inclusive, procurou um contato com o autor<br />
para publicar suas colunas no novo formato<br />
do GDia, que deverá estrear no próximo dia<br />
8 de junho, em comemoração aos 105 anos<br />
de Foz do Iguaçu. Tê-lo aqui não é uma ideia<br />
nova. A todo momento, atendemos leitores<br />
e colaboradores permeando a necessidade<br />
ou não de uma reforma na Previdência, o<br />
que gera discussões acaloradas. Alexandre<br />
explica a necessidade da reforma, de uma<br />
maneira muito simples e fácil de ser compreendida.<br />
Uma explicação, diga-se,<br />
convencedora e por isso pedimos permissão<br />
para publicá-la em nossa coluna.<br />
As tetas secaram<br />
Estive na minha cidade-natal, Cachoeira<br />
do Sul, e visitei um olival que tem 66 oliveiras<br />
com 126 anos. Quando elas foram encontradas,<br />
na fronteira com o Uruguai, já não produziam<br />
olivas, porque a terra se esgotara.<br />
Foram transplantadas para solo com acidez<br />
corrigida e nutrientes, e eu pude trazer para<br />
Brasília uma amostra do azeite retirado das<br />
azeitonas que as centenárias voltaram a produzir<br />
com exuberância. Oliveiras do passado<br />
se tornaram árvores do presente e do futuro,<br />
com o manejo correto.<br />
O estado brasileiro está na fase do esgotamento.<br />
A Constituição de 1988 previa uma<br />
quantidade de frutos muito além do que poderia<br />
ser produzido, e foi se esgotando. A<br />
"Constituição Cidadã" está cheia de direitos<br />
- inclusive para os fora-da-lei - e benesses,<br />
mas com deveres insuficientes para equilibrar<br />
dos dois pratos da balança. Ao longo<br />
desses 31 anos os débitos foram consumindo<br />
os créditos. Os governos foram gastando<br />
- Collor, Itamar, FHC, Lula, Dilma, Temer…<br />
agora chegou Bolsonaro e não tem mais dinheiro.<br />
Como não tem mais dinheiro, se pagamos<br />
uma terrível carga fiscal? Trabalhamos<br />
cinco meses por ano só para pagar impostos.<br />
E o estado gasta quase tudo consigo<br />
mesmo. Inchado, ineficiente, lento. Atrapalha<br />
quem quer investir, crescer, empregar. É<br />
que o estado foi aparelhado pelos que queriam<br />
se manter no poder.<br />
Agradar com o dinheiro dos impostos. Fazer<br />
caridade com o dinheiro dos que trabalham<br />
e suam. No total, o estado sustenta hoje<br />
93 milhões de pessoas, entre bolsas, salários<br />
e aposentadorias privilegiadas. O estado<br />
gastou mais com bolsas e outras benesses<br />
do que com o ensino e a capacitação profissional.<br />
Cuidou do passado e não do futuro.<br />
Como as tetas secaram, é preciso reformar<br />
a principal fonte de déficit, que é a Previdência,<br />
mas também reformar o estado, que<br />
precisa de músculo para prestar serviço, e<br />
não da gordura sedentária que quer lagosta<br />
no cardápio. Mas é preciso secar também a<br />
burocracia pesada, que atrapalha.<br />
E reformar os tributos, para torná-los<br />
mais simples e pagáveis. Estado não cria riqueza,<br />
mas pode gerar pobreza, causando<br />
inflação, que tira de todos, em especial os<br />
mais pobres. Queremos que o Brasil seja o<br />
país do futuro e não nos livramos de estruturas<br />
e métodos do passado.<br />
Alexandre Garcia<br />
Pendurados nas tetas<br />
E com tudo isso, num Estado<br />
assim sedentário, há quem fique<br />
de porta em porta tentando agarrar-se<br />
em cargo público, sem qualificação,<br />
sem conhecimento, sem<br />
prestar serviço algum à comunidade,<br />
mas ao "bel-prazer" de<br />
"chupar" o dinheiro do contribuinte,<br />
na base da cobrança do<br />
apoio político. Isso precisa acabar.<br />
Não elegemos representantes<br />
para empregar chupins e sanguessugas;<br />
queremos que eles<br />
ajudem a resolver os problemas<br />
do município em que moramos,<br />
do estado e do país onde vivemos.<br />
Dario e a delação<br />
Como ilustrou a chamada de<br />
capa, na edição de ontem, um<br />
acordo de delação premiada com<br />
Dario Messer poderá causar um<br />
strike. E será que já não está causando?<br />
Pelo menos uma fonte garante<br />
que isso já está em curso e<br />
que a deflagração de uma recente<br />
operação em casas de câmbio<br />
de Foz seja fruto de um acordo.<br />
Dario teria passado algumas informações<br />
antecipadamente.<br />
Mas isso pode ser apenas uma<br />
especulação.<br />
Sintomas<br />
A notícia da possível delação<br />
causou alvoroço, e não seria diferente;<br />
dizem que oito entre dez<br />
negócios de câmbio estão ligados<br />
ao doleiro. Um homem que movimenta<br />
US$ 1,6 bilhão deve possuir<br />
uma rede bem grandinha e<br />
articulada de colaboradores. Se<br />
for assim, teremos poucas casas<br />
de câmbio operando em Foz, depois<br />
que o homem abrir a boca. E<br />
vai faltar espaço nas carceragens,<br />
cadeias e presídios. Como a solução<br />
é o monitoramento, faltarão<br />
tornozeleiras. O Corvo está seriamente<br />
pensando em começar a<br />
fabricar o produto.<br />
Chip<br />
Com o alto custo das<br />
tornozeleiras, mesmo desembolsadas<br />
pelos usuários, volta<br />
a ser discutido o "implante de<br />
rastreamento humano", um<br />
chip que é injetado no corpo, não<br />
aparece nem dói muito para ser<br />
retirado, porque se necessita<br />
de uma cirurgia. O custo de implantação<br />
seria bem mais caro<br />
que a tornozeleira, porém o instrumento<br />
é mais barato e oferece<br />
mais eficiência no<br />
monitoramento. No fim fica elas<br />
por elas. Apenado que não quiser<br />
um trubisco preso na canela<br />
poderá optar pelo chip. Acontece<br />
que em 2017 a Comissão<br />
de Segurança Pública e Combate<br />
ao Crime Organizado da<br />
Câmara dos Deputados aprovou<br />
proposta que proíbe a implantação<br />
de chip assim, "ressalvados<br />
os casos em que haja<br />
determinação judicial e autorização<br />
da própria pessoa ou de<br />
seu representante legal".<br />
Identificação<br />
A proposta inicial "do chip"<br />
era para a identificação humana,<br />
porém "a proibição abrange<br />
qualquer dispositivo eletrônico<br />
ou eletromagnético que<br />
permita rastreamento via satélite<br />
ou GPS, telefonia, rádio ou<br />
antenas". Isso pode ser implantado<br />
em animais, mas em seres<br />
humanos não. Segundo<br />
este colunista apurou, o assunto<br />
voltou a ser discutido entre<br />
os deputados e senadores. É<br />
um tema vital para a segurança<br />
pública e pode ser uma ajuda<br />
decisiva na aplicação de políticas<br />
de prevenção e de repressão<br />
ao crime. O caso é que<br />
a medida facilita o<br />
rastreamento dos cidadãos e<br />
permite que eles sejam alvo de<br />
perseguição ou atentado por<br />
parte de criminosos.<br />
Centro Cívico<br />
Afloram as discussões por um local onde<br />
se instale a prefeitura e todas as suas secretarias,<br />
bem como a Câmara. A área é localizada<br />
pelas bandas da Avenida Paraná, onde já está<br />
o Fórum, Justiça Federal, INSS, hospital, sedes<br />
estaduais e federais de vários órgãos, como é<br />
o caso do Detran, que também precisa ser<br />
revitalizado e até mudar de local, se for o caso.<br />
O último prefeito a mexer nisso, num paço<br />
municipal unificado, foi o Paulo Mac Donald,<br />
que conseguiu inclusive o terreno e realizou<br />
um anteprojeto, mas depois entrou o Reni e,<br />
como em quase tudo, o Centro Cívico foi parar<br />
no "Lost". Reni mandou tudo para lá, menos<br />
ele, que peregrina pela Justiça a todo o momento.<br />
E há necessidade?<br />
Sim, há. Hoje o cidadão fica gastando sola<br />
de sapato entre secretarias e autarquias, espalhadas<br />
por toda a cidade. Um dos benefícios<br />
do Centro Cívico é exatamente este, economizar<br />
o dinheiro do povo e não apenas dar<br />
conforto aos ocupantes, membros dos poderes<br />
Executivo, Legislativo e Judiciário.<br />
E os outros prédios?<br />
As atuais estruturas podem abrigar mais<br />
cultura, arte, entidades e associações. A Fundação<br />
Cultural, por exemplo, ocupa um edifício<br />
da Justiça do Paraná; o Palácio Cataratas<br />
poderá ser convertido em museu; enfim, tudo<br />
acaba acomodando-se.<br />
A Câmara<br />
O edifício onde está a Câmara foi construído<br />
para outra finalidade. Lá funcionava um banco.<br />
O Legislativo se mudou para o local como<br />
medida provisória, o que gerou grande discussão<br />
na época, porque com o dinheiro da compra<br />
do imóvel e reforma seria possível fazer<br />
algo bem melhor. O problema é que não havia<br />
um projeto de Centro Cívico, e o Legislativo<br />
não cabia mais no prédio da Praça Getúlio<br />
Vargas, onde atualmente está a Procuradoria<br />
do Município.<br />
Início da obra<br />
Beni Rodrigues confirmou que pretende iniciar<br />
a construção da Câmara neste ano. Mas<br />
ele sabe que antes disso há uma série de prerrogativas<br />
a cumprir, como é o caso do terreno,<br />
de um projeto que contemple todo o complexo<br />
de poderes, e não dá para tocar uma obra dessas<br />
no atropelo. Em seis meses é difícil iniciar<br />
algo assim; tomara que ele consiga. A cidade<br />
precisa desenrolar esse novelo de vez. Se o<br />
Chico possuir um projeto, ou vai utilizar o que<br />
há, do governo Paulo, em que ele era vice, saberemos<br />
em breve.