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Fundamentos do Jornalismo

Revista criada com textos dos alunos da disciplina Fundamentos do Jornalismo 2019.1 da Universidade Católica de Pernambuco.

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p. 3<br />

JORNALISMO ESPORTIVO<br />

Reportagem com o apresenta<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Globo<br />

Esporte PE e o administra<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Podcast 45<br />

revela os desafios desse gênero na atualidade<br />

fundamentos <strong>do</strong><br />

jornalismo<br />

p. 8<br />

JORNALISMO INDEPENDENTE<br />

Conheça um pouco da experiência da<br />

Marco Zero Conteú<strong>do</strong> em uma entrevista<br />

com a jornalista Carol Monteiro<br />

p. 14<br />

JORNALISMO CULTURAL<br />

Conversa com a editora da Revista Continente,<br />

Adriana Dória, estimula discussão sobre o que é<br />

cultura e jornalismo cultural


EXPEDIENTE<br />

Edição: Cláudio Bezerra | Arline Lins<br />

Diagramação: Arline Lins<br />

Textos:<br />

Alice Girão<br />

Aline Vaz Cura<strong>do</strong><br />

Camila Men<strong>do</strong>nça<br />

Camila Rodrigues<br />

Cláudia Rodrigues<br />

Felipe Santana<br />

Hadassah Carneiro<br />

Hugo Galli<br />

João Paulo Ribeiro<br />

João Pedro Sousa<br />

João Pedro Melo<br />

Luis Lucena<br />

Maria Eduarda Lavoisier<br />

Maria Fernanda Queiroz<br />

Wanderson Silva<br />

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO<br />

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS<br />

Curso de <strong>Jornalismo</strong><br />

1º perío<strong>do</strong> | <strong>Fundamentos</strong> <strong>do</strong> <strong>Jornalismo</strong> 2019.1<br />

Rua <strong>do</strong> Príncipe, 526, Boa Vista, Recife<br />

Ilustração de Capa e Contracapa: freepik.com<br />

2<br />

EDITORIAL<br />

O jornalismo é uma atividade profissional de<br />

múltiplas faces e várias áreas de atuação. Foi<br />

com esse entendimento que lançamos o desafio<br />

aos alunos e alunas da disciplina <strong>Fundamentos</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Jornalismo</strong> de pesquisar, refletir e compartilhar<br />

a experiência de conhecer de perto as áreas<br />

de cultura, de esportes, da assessoria, <strong>do</strong> jornalismo<br />

independente e <strong>do</strong> jornalismo comunitário.<br />

Os resulta<strong>do</strong>s foram apresenta<strong>do</strong>s em sala de<br />

aula por meio de seminários e agora estão aqui<br />

nesta revista, em forma de matérias e entrevistas.<br />

Mesmo cursan<strong>do</strong> o primeiro perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> curso,<br />

a turma respondeu bem ao desafio e demonstrou<br />

aptidão para exercitar algumas habilidades<br />

necessárias para a prática <strong>do</strong> jornalismo: ouvir,<br />

apurar e informar. Boa leitura!<br />

Os editores


JORNALISMO<br />

ESPORTIVO<br />

João Pedro Melo<br />

Hugo Galli<br />

Maria Eduarda Lavoisier<br />

3<br />

Background photo created by jcomp - www.freepik.com<br />

Ocomentarista Paulo Vinicius Coelho (PVC) fala, no livro <strong>Jornalismo</strong> Esportivo<br />

(2004), que “talvez não haja área <strong>do</strong> jornalismo tão sujeita a intempéries quanto<br />

a própria cobertura de esportes. O profissional enfrenta preconceito <strong>do</strong>s<br />

próprios colegas, que consideram uma editoria menos importante, e também<br />

<strong>do</strong> público, que costuma tratar o comentarista ou repórter esportivo como um<br />

‘mero palpiteiro”. Por ser um assunto popular e que atrai o interesse da população em geral<br />

pelo menos a cada <strong>do</strong>is anos, durante as Olimpíadas e a Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> de Futebol, a cobertura<br />

esportiva é vista como mero entretenimento, como um show que atrai multidões. Mas por traz<br />

desses espetáculos, há o trabalho de milhares de profissionais desenvolvi<strong>do</strong> diariamente em redações<br />

de jornais, televisão e rádio. Uma atividade que traz informação, história, além das transmissões<br />

<strong>do</strong>s eventos esportivos. A esse trabalho dá-se o nome de <strong>Jornalismo</strong> Esportivo.


4<br />

A depender <strong>do</strong> meio em<br />

que se trabalha, há diferentes<br />

visões sobre a prática<br />

<strong>do</strong> jornalismo esportivo.<br />

Mas há uma coisa em comum<br />

a to<strong>do</strong>s: a necessidade<br />

constante de inovar para<br />

ter um diferencial e manter<br />

o interesse <strong>do</strong> público. O<br />

crescente número de acessos<br />

em podcast, tem si<strong>do</strong><br />

principalmente, os que tem<br />

como conteú<strong>do</strong> o futebol ou<br />

esportes em geral, e é uma<br />

visão bastante distinta de<br />

outros meios, já que o meio<br />

<strong>do</strong> podcast, é considera<strong>do</strong><br />

“novo”.<br />

Para Celso Ishigami, apresenta<strong>do</strong>r<br />

e administra<strong>do</strong>r de<br />

um <strong>do</strong>s maiores podcast esportivos<br />

<strong>do</strong> Brasil (Podcast<br />

45), existe um merca<strong>do</strong> inova<strong>do</strong>r<br />

para o jornalismo esportivo<br />

nos podcasts, e se<br />

reinventar é necessário para<br />

se desprender das grades<br />

de programação propostas<br />

ao público pelos meios de<br />

comunicação em massa. “A<br />

autenticidade é necessária<br />

no podcast, porque se<br />

o indivíduo se apresentar<br />

seguin<strong>do</strong> os padrões já estabeleci<strong>do</strong>s<br />

e opinan<strong>do</strong> sem<br />

um diferencial, ele vai ficar<br />

Celso Ishigami explica como é o merca<strong>do</strong> de podcast no jornalismo esportivo<br />

na mesmice, pois muita gente<br />

sabe fazer o básico. Para<br />

o podcast é necessário fazer<br />

diferente, claro, sem perder<br />

a essência <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> esportivo”,<br />

declara Ishigami.<br />

Já a televisão é um meio<br />

bastante tradicional, mas<br />

hoje divide espaço com os<br />

portais da internet como<br />

alvo de consumo de notícias<br />

esportivas pelos fanáticos<br />

torce<strong>do</strong>res. De acor<strong>do</strong> com<br />

o apresenta<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Globo<br />

Esporte Pernambuco, da TV<br />

Globo, Tiago Medeiros, as<br />

emissoras também estão<br />

promoven<strong>do</strong> mudanças na<br />

cobertura esportiva.<br />

Tiago conta que o jornalismo<br />

esportivo tem se<br />

uni<strong>do</strong> ao entretenimento, e<br />

exemplifica isso com o quadro<br />

“Caldinho <strong>do</strong> GE”, que é<br />

exibi<strong>do</strong> todas as terças-feiras<br />

no Globo Esporte PE, e<br />

busca brincar com os torce<strong>do</strong>res<br />

<strong>do</strong>s times pernambucanos,<br />

usan<strong>do</strong> como plano<br />

de fun<strong>do</strong> um patrocina<strong>do</strong>r<br />

alimentício forte. Parece<br />

que o entretenimento é um<br />

alia<strong>do</strong> forte <strong>do</strong> jornalismo<br />

esportivo, principalmente<br />

quan<strong>do</strong> falamos de futebol.<br />

Fotos: reprodução de vídeo<br />

Tiago Medeiros<br />

gravan<strong>do</strong> chamada <strong>do</strong><br />

Globo Esporte PE.


História<br />

O que chamamos hoje “jornalismo esportivo”<br />

surgiu em Londres, na Inglaterra no<br />

século XIX, por meio <strong>do</strong> diário de esportes<br />

Sportsman e os relatos eram feitos através<br />

de telégrafos. Em 1856 a imprensa espanhola<br />

criou uma revista chamada El Caza<strong>do</strong>r<br />

voltada para a prática da caça. Alguns<br />

anos mais tarde, ainda na Espanha, surgiu<br />

a revista El Sport Español, que mostrava<br />

notícias relacionadas a atividades físicas e<br />

passou a ganhar a atenção <strong>do</strong> público em<br />

proporções cada vez maiores. Em Barcelona,<br />

por volta <strong>do</strong>s anos 1900, foi cria<strong>do</strong> o<br />

jornal El Mun<strong>do</strong> Desportivo, cujo principal<br />

atrativo se resumia em publicar notícias<br />

sobre atletismo, automobilismo, ciclismo e<br />

ginástica. Além disso, incentivava os jovens<br />

a praticar esportes. No ano de 1916 foi criada,<br />

em Madrid, a primeira revista esportiva<br />

direcionada para o turismo, destacan<strong>do</strong><br />

os locais em que os torneios e competições<br />

eram realiza<strong>do</strong>s, com grande uso de fotografias.<br />

Na Itália, curiosamente o jornal<br />

Gazzetta dello Sport, foi lança<strong>do</strong> poucos<br />

dias antes <strong>do</strong>s jogos olímpicos de Atenas, o<br />

primeiro da era moderna. Na década de 20,<br />

o futebol passou a ganhar mais destaque<br />

nos noticiários tanto europeus quanto sulamericanos.<br />

Foram formadas as primeiras<br />

equipes especializadas, sobretu<strong>do</strong> na área<br />

futebolística, valorizan<strong>do</strong> o uso de opiniões<br />

e fotografias. O rádio fez sua primeira<br />

transmissão também nessa época, a qual foi<br />

ininterrupta.<br />

As lutas de boxes caracterizaram o principal<br />

produto esportivo <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s.<br />

Segun<strong>do</strong> alguns historia<strong>do</strong>s isso contribuiu<br />

para a popularização <strong>do</strong> rádio, transforman<strong>do</strong><br />

as transmissões em verdadeiras<br />

jornadas.<br />

A primeira transmissão televisionada ocorreu<br />

em Berlim, durante os jogos Olímpicos<br />

e durou até o fim <strong>do</strong> evento. Era televisiona<strong>do</strong><br />

apenas para o público presente nas<br />

quadras e estádios. Deste mo<strong>do</strong>, a televisão<br />

transformou as coberturas em espetáculos,<br />

atingin<strong>do</strong> proporções ainda maiores. Em<br />

1937 e 1940 a BBC realizou, respectivamente,<br />

a transmissão <strong>do</strong> Torneio de Wimble<strong>do</strong>n,<br />

na Inglaterra, e uma partida de<br />

beisebol realizada nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. Daí<br />

em diante, diversas transmissões esportivas<br />

passaram a ser realizadas.<br />

Em 1954, surge nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s a revista<br />

Sports Illustrated que se tornou o maior<br />

veículo impresso da época. Na década de<br />

1990 foi cria<strong>do</strong> o pay-per-view, na Inglaterra,<br />

transforman<strong>do</strong> o esporte como o<br />

principal produto das emissoras de TV por<br />

assinatura.<br />

De acor<strong>do</strong> com PVC, o jornalismo esportivo<br />

começa no Brasil em 1910, com relatos de<br />

folha inteira <strong>do</strong>s times ama<strong>do</strong>res italianos<br />

em São Paulo, no jornal Fanfulla. Não era<br />

um jornal das elites paulistanas, mas atingia<br />

o crescente número de italianos na cidade.<br />

Em uma de suas edições, convocava os<br />

italianos a montar um clube, e assim nascia<br />

o ‘Palestra Itália’, que durante a Segunda<br />

Guerra mudaria de nome para ‘Sociedade<br />

Esportiva Palmeiras’. Essa e outras informações<br />

históricas – não só sobre futebol, mas<br />

de outros esportes, como o primeiro jogo<br />

de basquete no Brasil – estão conhecidas<br />

graças ao Fanfulla. Ainda assim, eram apenas<br />

relatos, não era o jornalismo esportivo<br />

de hoje. Outros jornais, como o Correio<br />

Paulistano, dedicavam apenas 3 colunas<br />

para futebol e turfe. O remo, esporte mais<br />

popular da época, que deu origem a maioria<br />

<strong>do</strong>s clubes esportivos brasileiros, como<br />

o Botafogo de Futebol e Regatas e o Clube<br />

Náutico Capibaribe, não era suficientemente<br />

importante para ser assunto de capa.<br />

Em Pernambuco, o pioneirismo da crônica<br />

esportiva fica por conta de A<strong>do</strong>nias de<br />

Moura (1924-1996). Ponta-esquerda de Santa<br />

e Sport na década de 40, saiu <strong>do</strong>s grama<strong>do</strong>s<br />

na década seguinte e trabalhou na<br />

Folha da Manhã, na sucursal da Manchete<br />

Esportiva e no Diário de Pernambuco,<br />

onde atuou por quase 20 anos assinan<strong>do</strong> a<br />

coluna Dentro e Fora das Quatro Linhas.<br />

5


ASSESSORIA<br />

DE IMPRENSA<br />

João Paulo Ribeiro<br />

Luis Lucena<br />

Maria Fernanda Queiroz<br />

6<br />

Foto cedida pela Dupla Comunicação<br />

Os primeiros<br />

registros<br />

da atividade de assessoria de<br />

imprensa são de 1906, nos Esta<strong>do</strong>s<br />

Uni<strong>do</strong>s, quan<strong>do</strong> o jornalista<br />

Ivy Lee consegue reverter<br />

a imagem negativa <strong>do</strong> empresário<br />

John Rockfeller, acusa<strong>do</strong><br />

de mandar matar os seus emprega<strong>do</strong>s<br />

durante uma greve.<br />

Lee conseguiu construir uma<br />

imagem positiva da empresa<br />

e <strong>do</strong> seu <strong>do</strong>no junto à opinião<br />

pública ao apostar numa relação<br />

aberta e informativa com a<br />

imprensa. No Brasil, a demanda<br />

por profissionais com esse perfil<br />

se deu a partir <strong>do</strong> processo<br />

de industrialização <strong>do</strong> país,<br />

sobretu<strong>do</strong> na década de 1950,<br />

com a chegada das empresas<br />

automobilísticas. O assessor<br />

de imprensa tem a função de<br />

criar uma ponte entre a empresa<br />

(ou pessoa física), e a<br />

imprensa. À medida em que<br />

a globalização e a tecnologia<br />

evoluem, empresas <strong>do</strong>s mais<br />

varia<strong>do</strong>s ramos são criadas.<br />

Em uma sociedade imersa nas<br />

mídias sociais, as empresas<br />

necessitam de um profissional<br />

para administrar e cuidar da<br />

forma como ela se comunica<br />

com o público. Portanto,<br />

nota-se uma grande demanda<br />

de assessores de imprensa, já<br />

que é cada vez mais necessário<br />

para os clientes estarem nesse<br />

mun<strong>do</strong> virtual da maneira correta..<br />

Segun<strong>do</strong> a Fenaj, cerca de<br />

60% <strong>do</strong>s jornalistas <strong>do</strong> esta<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> Ceará, por exemplo, trabalham<br />

em assessoria e gestão<br />

de mídias sociais.<br />

No Recife, uma das maiores<br />

empresas desse<br />

ramo é a Dupla Comunicação.<br />

De acor<strong>do</strong> Eduar<strong>do</strong> Sena, o<br />

<strong>do</strong>s diretores da empresa,<br />

um assessor deve trabalhar<br />

pensan<strong>do</strong> estrategicamente<br />

na melhor forma de transmitir<br />

informações <strong>do</strong> assessora<strong>do</strong><br />

para a sociedade, e da opinião<br />

pública para o assessora<strong>do</strong>. “A<br />

gente trabalha com editoração,


Foto cedida pela Dupla Comunicação<br />

que são publicações e revistas,<br />

produção de <strong>do</strong>cumentário e<br />

produção de pesquisa para<br />

<strong>do</strong>cumentário, gerenciamento<br />

de crise, media training, que é<br />

burilar o tratamento da fonte<br />

com a imprensa. Então, o<br />

profissional que hoje trabalha<br />

na Dupla tem que responder a<br />

essas expectativas, trazer sua<br />

expertise de comunicação e<br />

alinhar-se com as expectativas<br />

<strong>do</strong> cliente e o objetivo dele<br />

com a comunicação”, declara<br />

Sena. Ou seja, o jornalista<br />

desse ramo é responsável pela<br />

administração da imagem de<br />

um determina<strong>do</strong> cliente, seja<br />

pessoa física, jurídica ou até o<br />

próprio governo, como é o caso<br />

das assessorias públicas.<br />

Uma questão importante<br />

acerca dessa função<br />

está nas habilidades provenientes<br />

<strong>do</strong> curso de graduação.<br />

Há quem defenda que não<br />

há necessidade <strong>do</strong> assessor<br />

ser forma<strong>do</strong> em jornalismo e,<br />

sim, em Relações Públicas. As<br />

competências que o profissional<br />

adquire no curso em que se<br />

formou são essenciais para um<br />

bom desempenho no merca<strong>do</strong><br />

de trabalho. A preferência pelo<br />

curso de Relações Públicas é<br />

baseada nas aptidões provenientes<br />

desse curso para lidar<br />

com o público. Eduar<strong>do</strong> deixa<br />

bem claro como é vista essa<br />

situação pelos olhos de uma<br />

empresa já consolidada no<br />

merca<strong>do</strong>. “As habilidades que o<br />

jornalismo concede para quem<br />

se forma nele são habilidades<br />

que a gente necessita no dia<br />

a dia, então talvez por isso a<br />

gente tenha um maior corpo<br />

de jornalistas na nossa equipe.<br />

O profissional de Relações<br />

Públicas no Brasil, com o decorrer<br />

<strong>do</strong>s anos, perdeu força.<br />

Se tornou muito anacrônica<br />

essa figura, porque o Relações<br />

Públicas, obviamente que trabalha<br />

sério, mas funciona como<br />

uma espécie de lobista. Ele não<br />

tem uma estratégia de comunicação<br />

por trás”, aponta. Nota-se<br />

portanto, a importância<br />

da formação jornalística para<br />

exercer a função de assessor..<br />

Existe um segmento que<br />

estuda as organizações<br />

e suas relações, chamada de<br />

Teoria Organizacional. Uma das<br />

coisas que esta teoria pontua<br />

é a relação entre as instituições<br />

e a produção de informação.<br />

Devi<strong>do</strong> ao seu caráter<br />

coercitivo, uma instituição<br />

exerce influência e submete o<br />

jornalista às suas diretrizes.<br />

Consequentemente, o assessor<br />

decide se adequar ou não a essas<br />

condições. Essa situação é<br />

bastante presente no merca<strong>do</strong><br />

de trabalho, entretanto acaba<br />

se destacan<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> um assessor<br />

exerce suas funções no<br />

âmbito público, ou seja, trabalhan<strong>do</strong><br />

para o governo. Muitos<br />

encaram o jornalismo como<br />

o quarto poder, que denuncia<br />

as ilegalidades. Será que esse<br />

jornalista que se acomoda às<br />

exigências <strong>do</strong> governo está<br />

exercen<strong>do</strong> sua função de forma<br />

plena ? A resposta vai de cada<br />

um, mas é inegável que essa<br />

discussão traz à tona um grande<br />

conflito profissional.<br />

Infere-se, portanto, que o<br />

assessor tem uma função<br />

essencial para o jogo empresarial,<br />

assim como para o manejo<br />

da imagem de qualquer cliente.<br />

Embora existam algumas<br />

questões polêmicas em relação<br />

ao papel jornalístico <strong>do</strong> trabalho<br />

<strong>do</strong> assessor, a exemplo da<br />

sua formação acadêmica e as<br />

relações com o poder público,<br />

é inegável que trata-se de uma<br />

área muito requisitada, motivo<br />

pelo qual mais e mais profissionais<br />

decidem segui-la.<br />

7


JORNALISMO<br />

INDEPENDENTE<br />

Alice Girão<br />

Camila Rodrigues<br />

Wanderson Silva<br />

8<br />

Foto: Reprodução da Internet/Marco Zero Conteú<strong>do</strong><br />

Com o fim da Era Industrial Analógica,<br />

um novo ciclo estava se forman<strong>do</strong> nas<br />

décadas finais <strong>do</strong> século XX: a Era Digital,<br />

também conhecida como Era da Informação.<br />

Esse perío<strong>do</strong> marcou o início de grandes<br />

transformações em diversos campos da vida<br />

social, sobretu<strong>do</strong>, na comunicação. No início<br />

<strong>do</strong> século XXI, as inúmeras facilidades <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong> digital foram rapidamente assimiladas<br />

pela sociedade. Com o advento das redes<br />

sociais, pouco a pouco os meios de comunicação<br />

de massa foram perden<strong>do</strong> a exclusividade<br />

de informar. Os movimentos sociais também<br />

cresceram e passaram a questionar a capacidade<br />

da grande imprensa de produzir uma<br />

informação isenta, em função <strong>do</strong>s compromissos<br />

políticos e econômicos das corporações<br />

midiáticas. É nesse contexto em que a mídia<br />

independente cresce. Com a tecnologia sen<strong>do</strong><br />

uma forma muito mais acessível para produção<br />

de conteú<strong>do</strong>, além da ubiquidade que<br />

ela proporciona, o jornalismo independente<br />

floresce como nativo digital, atenden<strong>do</strong> às<br />

necessidades de quem buscava alternativas


entrevista<br />

Carol Monteiro<br />

Jornalista<br />

Marco Zero Conteú<strong>do</strong><br />

à grande imprensa. Alia<strong>do</strong> à ideia de que a<br />

democracia é necessária e positiva para a sociedade<br />

em geral, o jornalismo independente<br />

tem como objetivo seguir à risca o modelo jornalístico<br />

ocidental, ou seja, não ser vincula<strong>do</strong><br />

financeiramente a qualquer instituição, seja<br />

pública ou privada, a fim de manter a imparcialidade<br />

ao transmitir o conteú<strong>do</strong> e garantir<br />

um jornalismo de qualidade. Embora a ideia<br />

de não receber financiamento algum de qualquer<br />

instituição seja admirável, nem to<strong>do</strong>s os<br />

veículos independentes conseguem se manter<br />

assim: muitos sites independentes recebem<br />

auxílio de instituições, mas não limitam em<br />

seu conteú<strong>do</strong> por causa <strong>do</strong>s anunciantes. Na<br />

prática, o que torna uma mídia independente<br />

é o fato dela não pertencer às grandes corporações<br />

midiáticas. .<br />

No cenário regional, a “Marco Zero Conteú<strong>do</strong>”<br />

é um grande exemplo de jornalismo<br />

independente. O site é forma<strong>do</strong> por<br />

um coletivo de jornalistas, os quais já trabalharam<br />

na grande mídia, mas perceberam as<br />

limitações impostas a eles como profissionais<br />

dentro desse universo <strong>do</strong>s veículos e, dessa<br />

forma, juntaram-se e abraçaram o jornalismo<br />

independente. Em suas publicações, há um<br />

foco para o jornalismo investigativo acerca<br />

de três temáticas principais: semiári<strong>do</strong> nordestino,<br />

urbanismo e relações de poder. Além<br />

disso, o site se compromete a fazer cobranças<br />

às promessas e obrigações assumidas por políticos<br />

e empresas, pratican<strong>do</strong> um jornalismo<br />

com função social. A sobrevivência financeira<br />

da Marco Zero depende de parcerias que o site<br />

faz com organizações e fundações internacionais.<br />

O coletivo de comunicação também presta<br />

serviços, como consultorias, realizações de<br />

cursos e palestras, mas, principalmente, conta<br />

com as <strong>do</strong>ações e colaborações <strong>do</strong>s leitores.<br />

Uma das jornalistas que fazem parte <strong>do</strong> coletivo<br />

da “Marco Zero” é Carol Monteiro. Formada<br />

pela Universidade Federal de Pernambuco e<br />

atuante como professora <strong>do</strong>s cursos de <strong>Jornalismo</strong><br />

e Fotografia na Universidade Católica de<br />

Pernambuco, Carol também é diretora de cursos<br />

e projetos da “Marco Zero Conteú<strong>do</strong>” e nos<br />

concedeu uma entrevista para falar sobre a mídia<br />

independente:<br />

WANDERSON: A grande imprensa sobrevive,<br />

sobretu<strong>do</strong>, de seus anunciantes. Há relatos de<br />

jornalistas que já foram impedi<strong>do</strong>s de publicar<br />

matérias de grande impacto devi<strong>do</strong> às consequências<br />

negativas que poderiam surgir para<br />

os anunciantes <strong>do</strong> jornal. Qual a sensação de<br />

trabalhar na mídia independente? ?<br />

CAROL MONTEIRO: Eu acho que é gratificante.<br />

Trabalhei 17 anos na redação de um<br />

grande jornal da mídia tradicional e nos últimos,<br />

particularmente, eu vinha muito insatisfeita<br />

principalmente com essas relações de poder, que<br />

envolvia também essa questão <strong>do</strong>s anúncios.<br />

Além disso, insatisfeita também com a qualidade<br />

<strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> e trabalho que estava fazen<strong>do</strong>,<br />

fora as condições de trabalho. Foi muito desafia<strong>do</strong>r,<br />

mas também, sim, gratificante tentar<br />

fazer algo diferente, buscan<strong>do</strong> novas formas de<br />

narrativas, novos modelos de negócio e trazer<br />

esse jornalismo independente aprofunda<strong>do</strong>, de<br />

qualidade e investigativo: o que a Marco Zero<br />

se propõe a fazer. Praticar o jornalismo em sua<br />

essência e sermos inova<strong>do</strong>res.<br />

W: Vocês praticam um jornalismo investigativo<br />

sobre temas polêmicos, como a questão <strong>do</strong><br />

9


10<br />

semiári<strong>do</strong> nordestino, o urbanismo e as relações<br />

de poder. Já houve na história da “Marco Zero”<br />

alguma situação de ameaça?<br />

CM: Não, diretamente não. Nunca sofremos<br />

um processo, por exemplo. O que não acho que<br />

seja resulta<strong>do</strong> da passividade das pessoas que<br />

denunciamos ou investigamos, mas, sim, fruto<br />

da qualidade <strong>do</strong> trabalho, visto que temos uma<br />

preocupação muito grande com o credibilidade,<br />

méto<strong>do</strong>s e processos para produção de uma matéria.<br />

Em razão disso, nunca sofremos nenhum<br />

processo ou ameaça. Algo que já aconteceu foi de<br />

pessoas não quererem falar conosco, então, ainda<br />

há um certo desdém e rejeição por parte <strong>do</strong>s<br />

indivíduos com a mídia independente, diferentemente<br />

da situação da grande mídia.<br />

W: A “Marco Zero” é mantida por intermédio<br />

de parcerias com fundações e organizações internacionais,<br />

além de colaborações e <strong>do</strong>ações de<br />

leitores. Isso garante uma estabilidade financeira<br />

para o grupo?<br />

CM: Esse é o principal obstáculo que temos<br />

para produzir o jornalismo independente, tentar<br />

manter uma estabilidade econômica. Não podese<br />

ter um modelo de negócio ten<strong>do</strong> basea<strong>do</strong> em<br />

apenas uma fonte de receita, até a mídia tradicional<br />

busca outras formas de receita fora os anúncios,<br />

que já estão com os dias conta<strong>do</strong>s, uma vez<br />

que é possível anunciar em plataformas como<br />

Google ou Instagram, por um preço bastante<br />

inferior. Esse é um problema: como garantir a<br />

sustentabilidade financeira abrin<strong>do</strong> mão <strong>do</strong> que<br />

é o principal modelo de negócio <strong>do</strong> jornalismo<br />

há séculos? Então, é um ciclo de captação de<br />

recursos, sempre tentan<strong>do</strong> diversificar a receita.<br />

No caso <strong>do</strong> ”Marco Zero”, há financiamento<br />

das organizações internacionais, assinaturas,<br />

cursos e até mesmo venda de camiseta. Temos<br />

que montar o nosso orçamento anualmente, não<br />

tem um momento que não estamos preocupa<strong>do</strong>s<br />

com isso.<br />

W: Várias pesquisas apontam que o ambiente digital<br />

é o futuro da mídia. Como os grandes jornais<br />

têm uma história antiga e tradicional, é possível<br />

afirmar que a mídia independente, por ter uma<br />

maior presença nas plataformas digitais, pode ter<br />

um futuro mais promissor?<br />

CM: A maior parte da mídia independente é o<br />

que chamamos de “nativo digital”, que já nasceu no<br />

ambiente da internet. Entretanto, isso não é uma<br />

garantia por si só. Na “Marco Zero”, somos um<br />

coletivo de jornalistas, to<strong>do</strong>s na faixa <strong>do</strong>s 40 anos,<br />

então temos um histórico ainda <strong>do</strong> texto, <strong>do</strong> jornal<br />

impresso, da preocupação pequena com questões<br />

da visualidade, audiovisual; coisas que estamos<br />

sempre corren<strong>do</strong> atrás. Ser digital não significa ter<br />

esse patamar de excelência em comunicar-se com o<br />

público, como também ser tradicional não significa<br />

ser atrasa<strong>do</strong>. Como exemplo temos o “Washington<br />

Post”, que hoje pertence ao <strong>do</strong>no da “Amazon”, ou<br />

seja, é um veículo tradicional que já está inovan<strong>do</strong>,<br />

que soube se atualizar. Então, ter nasci<strong>do</strong> digital<br />

não é garantia de sua qualidade.<br />

W: Alguns autores comparam o jornalismo<br />

independente como o modelo jornalístico revolucionário.<br />

O argumento é de que a independência<br />

jornalística traz novos padrões para o mun<strong>do</strong><br />

midiático, sen<strong>do</strong> mais crítico e transparente. Você<br />

considera o jornalismo independente uma revolução?<br />

CM: Muitas vezes tenho a impressão de que o<br />

que o jornalismo independente busca é o resgate<br />

<strong>do</strong> velho jornalismo. Não é novo, é algo que já foi<br />

feito anos atrás por grandes repórteres: um jornalismo<br />

aprofunda<strong>do</strong>, de qualidade, que cumpria sua<br />

função social e que garantia realmente a liberdade<br />

de expressão, os Direitos Humanos e a justiça<br />

social. Esse jornalismo já foi feito, então, é algo que<br />

o jornalismo, em geral, deveria estar fazen<strong>do</strong>, mas<br />

não faz. Eu não o vejo como revolucionário, vejo até<br />

mesmo como algo meio vintage, no senti<strong>do</strong> de buscar<br />

fazer o que o jornalismo antigamente se propôs<br />

a fazer e fez realmente, mas que, atualmente, vinha<br />

se perden<strong>do</strong> por todas essas questões capitalistas e<br />

de dependência <strong>do</strong>s anúncios. É um resgate <strong>do</strong> que<br />

é um bom jornalismo.


JORNALISMO<br />

COMUNITÁRIO<br />

Claudia Rodrigues<br />

Hadassah Carneiro<br />

Felipe Santana<br />

O<br />

Foto cedida pelo Jenipapo em Foco<br />

jornalismo comunitário no<br />

O Brasil tem como principais<br />

meios de divulgação as redes sociais<br />

e a internet. O custo para produção<br />

de matérias é bem mais baixo<br />

<strong>do</strong> que a versão impressa, além de<br />

apresentar uma maior praticidade<br />

pelo fácil acesso da população a<br />

esses meios de comunicação.<br />

participação da comunidade<br />

A interfere de forma positiva<br />

nesse engajamento social <strong>do</strong>s jornais<br />

comunitários. Os profissionais<br />

devem buscar um elo entre os mora<strong>do</strong>res<br />

e o conteú<strong>do</strong>, pois ele enriquece o projeto<br />

social e as dificuldades enfrentadas ganham uma<br />

maior relevância e tornam-se mais fáceis de serem<br />

resolvidas.<br />

Um exemplo prático desse tipo de jornalismo<br />

fica na comunidade <strong>do</strong> Córrego <strong>do</strong> Jenipapo,<br />

na zona norte <strong>do</strong> Recife. O jornal Jenipapo em Foco<br />

foi cria<strong>do</strong> por Lucas Leandro, atualmente cursan<strong>do</strong><br />

o quinto perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> curso de jornalismo, sua irmã<br />

Lígia Leandro e um amigo <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is, Janf Gomes, com<br />

o objetivo de trazer melhorias para a comunidade.<br />

Hoje, o projeto conta com a participação de dez<br />

pessoas.<br />

Jenipapo em Foco mostra o que acontece na<br />

comunidade. As principais pautas, são: infraestrutura,<br />

descaso em relação às<br />

obras de algumas ruas e avenidas,<br />

problemas com a iluminação<br />

pública, falta de abastecimento<br />

de água, entre outros. A comunidade<br />

busca soluções para os<br />

seus problemas, tornan<strong>do</strong>-os<br />

cada vez mais visíveis, e chaman<strong>do</strong><br />

a atenção das autoridades governamentais<br />

para a necessidade<br />

de resolvê-los.<br />

11<br />

Fotos cedidas pelo Jenipapo em Foco<br />

Registros de atividades na<br />

comunidade feitos pelo<br />

Jenipapo em Foco. As fotos<br />

foram cedidas pela equipe.


Foto: reprodução da Internet / Facebook<br />

12<br />

Exemplo de notícia<br />

veiculada na página<br />

principal <strong>do</strong> Jenipapo<br />

em Foco. Qualquer<br />

notícia que envolva a<br />

comunidade se torna<br />

pauta <strong>do</strong> jornal.<br />

Mas o jornalismo comunitário também<br />

visa a inclusão social promoven<strong>do</strong><br />

eventos beneficentes, como o Dia das Crianças<br />

e festas de rua. Esses acontecimentos festivos<br />

são amplamente divulga<strong>do</strong>s pelo Jenipapo<br />

em Foco. Os jornais comunitários têm a<br />

finalidade de prestar um serviço social para<br />

a comunidade na qual está inserida. A busca<br />

por melhores condições de vida e ações que<br />

beneficiem a to<strong>do</strong>s os mora<strong>do</strong>res tornam a<br />

vida na comunidade mais agradável. A relação<br />

entre mora<strong>do</strong>res e os jornais comunitários<br />

é de extrema importância para um serviço<br />

social produtivo; é necessária a aproximação e<br />

comunicação entre ambas as partes. Quan<strong>do</strong><br />

há uma cooperação entre mora<strong>do</strong>res e profissionais<br />

desses jornais o resulta<strong>do</strong> é mais<br />

eficaz, como pode ser constata<strong>do</strong> na relação<br />

<strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> córrego <strong>do</strong> Jenipapo com o<br />

jornal comunitário Jenipapo em foco.


Fotos cedidas pelo Jenipapo em Foco<br />

13<br />

Equipe <strong>do</strong> Jenipapo em<br />

Foco trabalhan<strong>do</strong> nos<br />

eventos da comunidade.<br />

O material produzi<strong>do</strong><br />

fica disponível para<br />

leitura em pouco tempo.


JORNALISMO<br />

CULTURAL<br />

Aline Vaz Cura<strong>do</strong><br />

Camila Men<strong>do</strong>nça<br />

João Pedro Sousa<br />

14<br />

O jornalismo cultural é uma das mais<br />

antigas modalidades jornalísticas.Existe<br />

desde o século XVII, quan<strong>do</strong> os primeiros<br />

jornais ingleses já produziam<br />

resenhas sobre obras literárias e artísticas,<br />

além de relatar novidades sociais.<br />

Foi então que, um século depois, o The<br />

Spectator foi cria<strong>do</strong> com o intuito de ir<br />

além de meras agendas culturais e passar<br />

relatos reflexivos e filosóficos para<br />

além das universidades e colégios.<br />

Esse lega<strong>do</strong> de reflexão e opinião se<br />

estende até hoje, porém sem a mesma<br />

força de anos atrás. Um <strong>do</strong>s motivos<br />

para essa baixa popularidade não é a<br />

desvalorização e nem o pouco consumo<br />

de conteú<strong>do</strong> cultural, mas sim o direcionamento<br />

que é da<strong>do</strong> a esse tipo de<br />

conteú<strong>do</strong>.<br />

Em primeiro lugar, deve-se levar em<br />

conta a multiplicidade que a expressão<br />

cultura evoca. Afinal, tu<strong>do</strong> aquilo que<br />

produzimos é fruto de nossa expressão<br />

e condição de existência como seres<br />

humanos, portanto, tu<strong>do</strong> é cultura. Isso<br />

mostra a complexidade <strong>do</strong> assunto. A<br />

tentativa de definir cultura como “alta”<br />

ou “baixa” já ficou no passa<strong>do</strong>.<br />

Mas se tu<strong>do</strong> é cultura, então por que<br />

não falar de tu<strong>do</strong> e um pouco? É exatamente<br />

esse o ponto: cultura não se resume<br />

a uma coisa só. O <strong>Jornalismo</strong> Cultural<br />

tenta abranger to<strong>do</strong>s os temas atuais e<br />

se adaptar às novas formas de observar<br />

as coisas, sen<strong>do</strong> essas mudanças extremamente<br />

constantes e desafia<strong>do</strong>ras. Se<br />

o objetivo é falar de tu<strong>do</strong>, deve-se levar<br />

em conta a observação <strong>do</strong>s fatos sem<br />

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Sede da Revista<br />

Continente no<br />

Recife<br />

Fotos: reprodução de vídeo<br />

fugir da identidade reflexiva e democrática<br />

<strong>do</strong> <strong>Jornalismo</strong> Cultural. Nessa modalidade<br />

fala-se de tu<strong>do</strong>, porém não se<br />

foge da sensibilidade que só um olhar<br />

filosófico tem, de acor<strong>do</strong> com a editora<br />

da Revista Continente, Adriana Dória.<br />

“A gente tenta ao máximo impulsionar<br />

conteú<strong>do</strong> cultural de qualidade para as<br />

massas, no entanto devemos nos adaptar<br />

ao que as pessoas querem ou não<br />

ouvir”, afirma. Sobre os desafios de produzir<br />

esse tipo de conteú<strong>do</strong>, Adriana diz<br />

que não deve se prender a uma agenda<br />

cultural e que existem vários tipos de<br />

cultura a serem consumi<strong>do</strong>s. “Não vejo<br />

por que não falar da última temporada<br />

de Game of Thrones e fazer uma matéria<br />

sobre passinho e brega na próxima<br />

página. É cultura a ser consumida, só<br />

temos que adaptar nossa linguagem a<br />

ela”, diz. Essa universalidade se torna<br />

importante e crucial para que todas as<br />

classes sociais possam se identificar<br />

em certas reportagens, e torna possível<br />

atingir um público muito mais abrangente.<br />

O fato de poder flexibilizar sua linguagem<br />

para atender à curiosidade de<br />

todas as classes sociais e propagar conhecimento<br />

humano democraticamente<br />

faz <strong>do</strong> jornalismo cultural um modelo<br />

único, principalmente quan<strong>do</strong> não se<br />

limita a críticas de obras e horários de<br />

shows. Cultura é toda a forma de expressão<br />

humana, independente <strong>do</strong> que<br />

seja. E a partir de um olhar reflexivo, o<br />

jornalista cultural tende a nos explicar<br />

como a humanidade funciona.<br />

15<br />

Redação da Revista<br />

Continente,<br />

no Recife. Cerca<br />

de 8 pessoas<br />

trabalham diariamente<br />

no local.


Universidade<br />

Católica de<br />

Pernambuco

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