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— Está querendo me arranjar um namorado? Você sabe que eu nunca<br />
namorei ninguém.<br />
— Ele é bom na poesia. Me lembra você.<br />
— Como <strong>as</strong>sim? Eu não escrevo poem<strong>as</strong>.<br />
— Bom, eu gosto b<strong>as</strong>tante dele. E gosto b<strong>as</strong>tante de você. Tem tudo a ver!<br />
— Como ele é?<br />
— Fisicamente? Que diferença faz?<br />
— Muita!<br />
— Hum, me deixe pensar. Ele tem três cabeç<strong>as</strong>, sete olhos, um nariz, uma<br />
língua bifurcada, escam<strong>as</strong> pelo corpo, um rabo e…<br />
— Não! Sério.<br />
— Não sei. Nunca o encontrei e nem vi fotos. M<strong>as</strong> ele vem jantar aqui em<br />
c<strong>as</strong>a este sábado, e você vem também. Contei a ele tudo sobre minha Nanette.<br />
Sinto que vocês vão acabar se c<strong>as</strong>ando e tendo filhos.<br />
— Pode parar! Não acredito que você está armando um encontro às escur<strong>as</strong><br />
para mim!<br />
— É só um jantar. Não exagere. Vamos comer, tomar um café, bater um<br />
papo. Talvez Lex leia para você um dos poem<strong>as</strong> dele. Não custa nada! Por que<br />
rotular o evento como um encontro? Por que não pode ser apen<strong>as</strong> uma conversa<br />
entre amigos?<br />
Claro, só que ficou óbvio que eu tinha sido ludibriada <strong>as</strong>sim que cheguei à<br />
c<strong>as</strong>a de Booker naquele sábado à noite. Vel<strong>as</strong> tremeluziam na mesa de jantar,<br />
uma música clássica de som áspero tocava no antigo toca-discos que parecia ter<br />
algum<strong>as</strong> décad<strong>as</strong> a mais que eu, e um arranjo de morangos cobertos de chocolate<br />
fazia <strong>as</strong> vezes de decoração de centro. Um garoto louro muito grande, de mãos<br />
enormes e cabelo na altura dos ombros estava sentado à cabeceira da mesa<br />
estalando os dedos sem parar. Não sei por que isso me transmitiu confiança.<br />
Booker me conduziu com o braço sobre meus ombros.<br />
— Nanette, este é o Pequeno Lex. Pequeno Lex, esta aqui é Nanette. Fiquem<br />
à vontade enquanto preparo nosso banquete.<br />
Assim que Booker saiu da sala, Pequeno Lex me deu um oi de trás da cortina<br />
de cabelo.<br />
Eu me sentei.<br />
— Olha, não sei o que Booker disse, m<strong>as</strong>…<br />
— Não se preocupe — retrucou ele. — Eu sei que não tenho chance.<br />
— Como <strong>as</strong>sim?
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