Ano 24 - nº 245
Julho 2019
>>
ESPECIAL SAÚDE
Atenção Primária à
saúde é o caminho
para melhorar o
atendimento ao
consumidor
Telemedicina: um
conceito que já está
em prática
Portabilidade em
planos empresariais
com novas regras
Odontologia: a
tecnologia como
parceira para novos
negócios
SEGURALTA
Investimento e
conhecimento
aplicados à inovação
Corretora optou por espalhar seu modelo de negócios através de franquias sem
abandonar o perfil inovador, que trás ao mercado um seguro auto sob demanda
Reinaldo e Luiz Gustavo
editorial
Ano 24 - nº 245
Julho 2019
Esta revista é uma
publicação independente
da Correcta Editora Ltda
e de público dirigido
Diretora de Redação:
Kelly Lubiato - MTB 25933
klubiato@revistaapolice.com.br
Diretor Executivo:
Francisco Pantoja
francisco@revistaapolice.com.br
Estagiários:
Gabriel Rocha
gabriel@revistaapolice.com.br
Nicole Fraga
nicole@revistaapolice.com.br
Colaboradoras:
Thais Ruco e Elis Lopes
Articulista:
J. B. Oliveira
Executiva de Negócios:
Graciane Pereira
graciane@revistaapolice.com.br
Diagramação e Arte:
Enza Antoniolli
Assinaturas:
Jaqueline Silva
jaqueline@revistaapolice.com.br
Tiragem:
15.000 exemplares
Circulação:
Nacional
Periodicidade:
Mensal
CORRECTA EDITORA LTDA
Administração, Redação e
Publicidade:
CNPJ: 00689066/0001-30
Rua Loefgreen, 1291 - cj. 41
V. Clementino - Cep 04040-031
São Paulo/SP
Tel. (11) 5082-1472 / 5082-2158
Os artigos assinados são de
responsabilidade exclusiva de
seus autores, não representando,
necessariamente, a opinião desta
revista.
Atenção à saúde
Durante muito tempo, o mercado debateu a questão do aumento
dos gastos com saúde, fosse em forma de inflação médica ou de uso
indiscriminado. Também era conhecida a prática dos prestadores de
‘exagerar’ nos valores dos atendimentos. O setor combatia o aumento dos
custos com a diminuição dos serviços. Era comum observar que alguns
planos de saúde iam definhando em termos de atendimento, baixando
a qualidade da rede credenciada. A ANS – Agência Nacional de Saúde
Suplementar – sempre fez vistas grossas para esta prática.
Se por um lado havia exageros dos pacientes, por outro existia a
dificuldade em encontrar um médico clínico geral que pudesse passar
recomendações em casos de doenças simples, mas cujos sintomas são
extremamente desagradáveis. Nem todos os usuários procuram o Pronto
Atendimento antes de tentar marcar uma consulta com um clínico geral.
Muitas vezes, o usuário consegue uma consulta depois de muitos dias do
auge da sua doença.
Agora, em um tempo em que a sustentabilidade é a palavra da moda,
as operadoras finalmente investem em um modelo de negócios que seja
bom para ambas as partes. A volta do médico de família é uma notícia que
aquece o coração daqueles que conhecem o funcionamento do sistema.
Com esta figura, o usuário – teoricamente – não precisará correr para prontos
socorros e especialistas: o acompanhamento do paciente, bem como um
primeiro atendimento, passa por uma equipe multidisciplinar.
O APS, assim como a telemedicina, são ações que podem melhorar a
saúde dos usuários de forma geral, porque investem na prevenção e cuidado
da saúde, não na doença. Se a população estiver mais saudável, os custos
caem para todos. Resta saber se, em caso de redução de valores, a baixa
chegará à ponta da cadeia.
Boa leitura!
Acesse nosso site
www.revistaapolice.com.br
Siga nosso
twitter.com/revistaapolice
Curta nosso
Revista Apólice
Diretora de Redação
Mande suas dúvidas, críticas e sugestões para redacao@revistaapolice.com.br
3
sumário
6 |
8 |
12 |
14 |
18 |
24 |
26 |
28 |
31 |
32 |
33 |
34 |
36 |
38 |
4
entrevista
Tuca Ramos, sócio-fundador da TEM. fala sobre a empresa que já
comercializou mais de três milhões de cartões
painel
gente
capa
A Seguralta lança o seu produto de seguro de automóvel sob demanda,
que será distribuído pelos 1200 franqueados da corretora de seguros.
Produto é voltado para público que roda menos com o veículo
especial saúde
aps
O Atendimento Primário à Saúde cuida do indivíduo de forma integral,
com uma equipe multidisciplinar. Seu objetivo é a promoção da saúde e
a prevenção de doenças
odontologia
Com o objetivo de conquistar mais beneficiários, operadoras investem em
tecnologia para aumentar a satisfação de prestadores de serviços e clientes
portabilidade
ANS atualiza a regulamentação e beneficiários de produtos corporativos
também podem migrar de uma operadora para outra
telemedicina
O atendimento proporciona um primeiro contato com o paciente que
percebe algum contratempo de saúde, de forma rápida e conveniente
produto
Care Plus lança o Mental Health, com objetivo de colocar doenças mentais
e físicas no mesmo nível de importância
prestadora
Nova unidade do Grupo Hospitalar Vida´s atenderá a demanda de vários
bairros da região metropolitana de São Paulo
consumidores
Bradesco Auto/RE personaliza seguro para correntistas e projeta crescimento
nessa base de clientes.
ciab
O setor consolida sua presença, pelo quinto ano seguido, no maior
congresso brasileiro de tecnologia bancária
tecnologia
Insurtech & Inovação mostra novas fronteiras para as empresas brasileiras
que atuam em um mercado que está próximo de seu ponto de maturação
comunicação
14
26
18
28
entrevista | tuca ramos
Novo modelo propõe solução
de saúde com preços populares
Sócio-fundador diz que empresa, que já emitiu mais de 3
milhões de cartões e possui quase 1 milhão de usuários ativos,
foi criada para atender a fatia de mais de 160 milhões de
brasileiros sem acesso aos planos de saúde
Kelly Lubiato
serviço de saúde exatamente no preço
pré-acordado, de forma segura e que,
por consequência, cria uma base de conhecimento
sobre o comportamento do
nosso usuário. Isso, de fato, gera muito
mais valor do que simplesmente “dar
acesso”. Esse novo posicionamento, e a
possibilidade de agregar serviços que ele
nos oferece, coloca a TEM. muitos passos
à frente da nossa concorrência. É assim
que olhamos para o mercado, pensando
no longo prazo.
Apólice: Como nasceu a TEM.?
Em 2014, mapeamos que 75% da população
não tinha nenhum tipo de acesso
aos planos de saúde e que os serviços particulares
eram muito caros. Entendemos
que havia uma enorme fatia do mercado
em potencial, sem precisar competir com
as operadoras e seguradoras de saúde.
Compramos o risco de sermos pioneiros
em um mercado que praticamente
inexiste, oferecendo serviços particulares
com preços populares e, ainda, propondo
uma operação inovadora, diferente de
tudo que outros poucos concorrentes
haviam tentado.
falta de acesso é a principal dor. O ponto
principal é que durante esses cinco anos
de atuação com a TEM. nós descobrimos
na prática que “dar acesso” não resolve
completamente o problema de “falta de
acesso”. Estamos trabalhando muitos
outros aspectos em nosso negócio.
Apólice: O que é o Cartão TEM.?
A TEM. é muito mais do que um
programa de benefícios ou um cartão
de desconto em saúde, como as pessoas
imaginam. Ela é uma Fintech que
propõe um modelo 100% transacional,
que garante a entrega da prestação do
Apólice: O produto serve para
consultas, exames e medicamentos?
Sim, mas também serve para muitas
outras coisas. É possível utilizar o produto
para realizar tratamentos odontológicos,
além de oferecer serviços de psicologia,
fisioterapia, fonoaudiologia e outras
categorias de medicina complementar. O
produto também pode ter outros serviços
agregados. Hoje nós incluímos seguros
e assistências nos pacotes de serviços e
entregamos ao mercado ofertas personalizadas
para cada parceiro.
Apólice: Como funciona o Cartão
TEM.?
Para os usuários são três etapas
simples: agendar, recarregar e usar. Os
agendamentos podem ser solicitados pelo
app, site ou telefone. Todas as solicitações
são enviadas ao nosso time de Concierge,
que orienta o usuário em todas as etapas.
Apólice: Qual “dor” do consumidor
a TEM. veio curar?
Bem, em um país onde 160 milhões
de pessoas não possuem plano de saúde
e, muitas vezes, não conseguem ser atendidos
pelo sistema público, sem dúvidas,
“Iniciar nossa operação distribuindo através de canais
que conversam em massa com o público-alvo foi a
grande aposta que fizemos”
6
“O empregador que hoje não oferece
benefício de saúde também precisa de
uma solução que proporcione benefício
real para seu colaborar, com previsibilidade
de despesas”
Apólice: Quais foram os passos
para colocar o produto no mercado?
Antes de começar, nós olhamos o
mercado internacional, fizemos benchmark
e fazemos até hoje. A pergunta
é: que problemas queremos resolver?
Tomamos decisões importantes sobre
investimentos que dariam confiabilidade
ao negócio. Um bom exemplo é a rede
credenciada, na qual decidimos investir
para construir uma rede nacional antes
do lançamento do produto.
Apólice: Para quem é comercializado
o Cartão TEM.?
Como público-alvo, qualquer pessoa
que não tenha acesso aos planos
de saúde é um cliente em potencial. O
brasileiro de baixa renda está acostumado
a acessar saúde através do plano de
saúde oferecido pelo empregador ou dos
serviços públicos. Acho que, nesse caso,
iniciar nossa operação distribuindo através
de canais que conversam em massa
com esse público-alvo foi a grande
aposta que fizemos. Hoje, a maior parte
das nossas operações levam o nome de
seus canais.
Operamos os Programas de Saúde
de empresas, como o Natura Saúde da
Natura, +Saúde do Banco BMG, Sidney
Oliveira Saúde da Ultrafarma, Vida
Protegida e Premiada da Mapfre para
as Casas Bahia, Protege Saúde da TIM,
Saúde Up da OI e muitos outros.
Apólice: Qual é o papel da tecnologia
no negócio da TEM.?
Seguramente, tecnologia representa
80% do negócio. O que vendemos como
nosso principal diferencial, que é ter
uma operação transacional, só é possível
porque nós temos tecnologia financeira
embarcada nessa operação. Além disso,
oferecer serviços à população sem
acesso à saúde passa por
questões sobre como ter
uma operação escalável
e garantir uma boa experiência
a um usuário com
baixo nível de digitalização. Nós equalizamos
essas questões com tecnologia,
mesmo quando isso fica transparente
para o usuário.
Apólice: Você acredita que a
TEM. abriu um novo campo de atuação
em saúde?
Eu tenho certeza. Há cinco anos,
quando mapeamos as empresas com
modelos de negócio similares, o mercado
possuía três players importantes. Hoje,
todo dia vemos um novo entrante. As
clínicas populares também se multiplicaram
e foram importantes para que o
consumidor entendesse que era possível
ter atendimento com preço popular. Mas
a maior prova disso foi a edição da Resolução
2.226/2019 do CFM, publicada
em abril, que revogou o caráter antiético
da participação dos médicos em redes
referenciadas de programas de desconto.
Em sua carta de exposição dos motivos,
o CFM claramente diz que a mudança de
posicionamento ocorreu devido à absoluta
alteração na realidade econômica dos
médicos e ainda afirma que vinha sendo
questionado tanto pela classe médica
quanto pela sociedade sobre a proibição.
Isso só ocorre em mercados que conseguiram
formar massa crítica. Só a TEM
já emitiu mais de 3 milhões de cartões.
É muita demanda.
Apólice: Como você imagina o
futuro do setor de saúde suplementar?
Nós sabemos que o mercado de saúde
está sofrendo muita pressão. Milhões
de pessoas perderam seus planos de
saúde nos últimos anos, abrindo espaço
para modelos de negócio como o da
TEM. Os Estados Unidos e vários países
da Europa já praticam modelos que eu
acredito que também façam sentido para
o Brasil e todos os players estão atentos.
As operadoras estão endereçando seus
problemas e estão atentas, tanto aos movimentos
regulatórios como aos novos
modelos de negócio.
Hoje, por exemplo, temos conversas
abertas com redes hospitalares para
entregarmos pacotes de pequenos procedimentos
e cirurgias eletivas a preços
viáveis; com seguradoras, para incluir no
produto cobertura para grandes riscos; e
com instituições financeiras, que possam
financiar o usuário no uso de serviços
com preços mais elevados. Isso só é possível
porque nosso modelo não concorre
com o plano, na verdade, ele pode ser
extremamente complementar e atender a
uma fatia de mercado descoberta.
Além disso, estamos olhando com
muita seriedade e investindo no desenvolvimento
de produtos empresariais. O
empregador que hoje não oferece benefício
de saúde ou que vai deixar de oferecer
porque não consegue mais pagar, também
precisa de uma solução que proporcione
benefício real para seu colaborador, com
previsibilidade de despesas.
Nós identificamos esse espaço no
mercado. Temos um modelo para propor
e vamos fazer isso com força agora no
segundo semestre. Teremos o produto
empresarial disponível para distribuição
através de corretores, porque acreditamos
na capilaridade desse canal e sabemos
que são eles quem tem melhor entrada
nos RHs.
7
painel
• nproduto
Frota Fácil nasce para atender de
3 a 20 veículos
Para atender as demandas
dos corretores e
do mercado empresarial,
a Liberty Seguros lança o
seguro Frota Fácil, focado
em agilizar as cotações e
negociações de coberturas
para frotas de 3 a 20
veículos, facilitando o processo e alavancando vendas.
O novo produto oferece cotação e emissão de apólices
online e pode ser personalizado de acordo com o perfil de cada
empresa, além de contar com coberturas e serviços completos,
como: colisão, incêndio, roubo ou furto e danos morais e
corporais causados a terceiros por veículos segurados. Além
disso, outros recursos podem ser incluídos, como assistência
24 horas (reboque, auto socorro, chaveiro, pane seca, entre
outros) e rastreador para veículos de alta exposição.
“Com o Frota Fácil apresentamos ao mercado um produto
simplificado e alinhado às necessidades dos corretores e seus
clientes. Oferecemos um seguro personalizável com cotação
ágil e digital para acelerar os negócios dos nossos parceiros”,
afirma Marcos Siqueira, diretor de seguros corporativos da
seguradora.
• nproduto 2
8
• nagenda
Rio terá primeiro produto regional de saúde
A SulAmérica apresentou uma alternativa para tornar os
planos de saúde mais acessíveis a uma base maior de consumidores.
O SulAmérica Direto Rio é um produto regional,
com redes médicas regionais, serviços exclusivos e custo mais
acessível. A parceria para o lançamento do produto foi feita
com a Rede D’Or.
A capital carioca e a região metropolitana do Rio são as
primeiras a ter acesso ao novo produto, que prevê a coordenação
do cuidado assistencial, conectando diferentes níveis de
atendimento e inserindo o indivíduo no centro da atenção em
saúde. O “SulAmérica Direto Rio” inclui hospitais, clínicas,
laboratórios e especialistas reconhecidos na região, compondo
uma rede qualificada, e oferece um canal telefônico exclusivo
para agendamento de consultas e exames.
O preço inicial do produto é de R$ 132,00 por vida e ele
será comercializado para empresas a partir de 30 vidas. Este
valor inclui instrumentos para controle de custos, como co-
-participação. De acordo com Raquel Giglio, vice-presidente de
Saúde e Odonto da seguradora, este produto pôde ser viabilizado
a partir de medidas estruturantes para controle dos custos
que foram elaboradas ao longo dos últimos anos. “Nós fizemos
Paulo Guedes confirma presença
no 21º Congresso de Corretores
A Comissão Organizadora do 21º Congresso Brasileiro
dos Corretores de Seguros, que a Fenacor realizará na Costa
do Sauípe, Bahia, nos dias 10, 11 e 12 de outubro, tem uma
novidade para os congressistas: o ministro da Economia, Paulo
Guedes, confirmou presença no evento e fará a palestra magna,
na abertura do congresso.
Além do ministro, já estão confirmadas também as presenças
da superintendente da Susep, Solange Vieira, e dos presidentes
das principais seguradoras do Brasil, como Vinicius
Almeida Albernaz (Bradesco); Gabriel Portella (SulAmérica);
Roberto Santos (Porto Seguro); José Adalberto Ferrara (Tokio
Marine); Francisco Vidigal Filho (Sompo); Edson Franco (Zurich);
Murilo Setti Riedel (HDI); e Luis Gutíerrez (Mapfre).
Além do tema central do Congresso - “Os Desafios Para
a Retomada do Crescimento” - serão debatidas as seguintes
questões: “O Corretor de Seguros
do Futuro”; “Seguros de Pessoas e
Benefícios”; “Desafios Gerados pela
Inovação e Pelas Insurtechs”; “Possíveis
impactos da Reforma da Previdência
Sobre o Mercado de Seguros”;
“Perspectivas do Seguro Saúde”; e
“Combate ao Mercado Marginal”.
Creative commons attribution
acordos com os prestadores de serviços, por exemplo, para a
mudança da forma de remuneração, deixando de pagar por
atendimento e passando para um pagamento global acordado”.
A SulAmérica planeja uma expansão gradual dos novos
produtos para outras cidades do Brasil, em parceria com prestadores
médicos nas diversas regiões.
• nanálise
Como encontrar a apólice ideal de seguro residencial
Os seguros residenciais oferecem coberturas para uma
gama de eventos distintos. A cobertura básica é a de incêndio,
raio e explosão (IRE), e entre as adicionais estão as de
danos elétricos e responsabilidade civil familiar (RCF).
Para ajudar os consumidores a escolher uma opção
compatível com suas necessidades, a Proteste avaliou
124 apólices de seguro residencial de dez seguradoras
diferentes, levando em consideração seis cenários com
três perfis distintos em cada um deles e produtos.
Para cada necessidade, é recomendado um tipo de
seguro diferente. O seguro pode ser contratado pelo
proprietário que reside no imóvel, pelo proprietário que
aluga para terceiros ou por inquilinos. A modalidade de
contratação vai depender do perfil de cada um.
Como não são todas as seguradoras que fazem a
cobertura de somente conteúdo ou somente prédio,
estes consumidores devem solicitar ao corretor a
cotação das seguradoras que o fazem. Para fazer a
pesquisa de preço no mercado, é importante contatar
um corretor, assim será possível avaliar um maior número
de cotações. É importante também verificar, no site da
Susep, se a situação do profissional é regular.
Foto: Divulgação - Proteste
painel
• ninscrição
Prêmio Longevidade traz novidades em sua nona edição
Desde 2011, o Grupo Bradesco Seguros promove os
Prêmios Longevidade Bradesco Seguros, consolidados
como uma das mais relevantes iniciativas voltadas à reflexão,
difusão e discussão do tema em âmbito nacional. Em
2019, o Prêmio chega à sua nona edição com duas grandes
novidades que pretendem ampliar o espectro de visibilidade
e engajar uma quantidade cada vez maior e mais
diversa de participantes. As inscrições já estão abertas e
podem ser feitas até 6/9/2019 pelo portal.
Este ano, o Prêmio Jornalismo aumenta para cinco as
duas categorias anteriores – Impresso e Eletrônico –, que
foram desdobradas em Jornal Impresso, Revista Impressa,
TV, Rádio e Web. Já o Prêmio Histórias de Vida aposta na
força da imagem e acrescenta, à categoria Texto, a Fotografia,
dirigida a todos os públicos. Voltado à comunidade
acadêmica, o Prêmio Pesquisa em Longevidade mantém
as categorias Geriatria e Gerontologia.
"A evolução da discussão sobre o tema nos motivou
a realizar mudanças para estimular, de maneira ainda
mais consistente, a produção de trabalhos que reflitam a
importância e os impactos da longevidade nas diferentes
esferas da vida", destaca Alexandre
Nogueira, diretor do Grupo
Bradesco Seguros.
Desde a primeira edição, os
Prêmios Longevidade Bradesco
Seguros contam com a consultoria
do médico e pesquisador em saúde
pública Alexandre Kalache, ex-diretor do
Departamento de Envelhecimento e Saúde da Organização
Mundial da Saúde (OMS) e uma das maiores autoridades
internacionais em gerontologia.
Os dois primeiros colocados em cada uma das categorias
dos três Prêmios Longevidade receberão a premiação, além
de troféus e certificados. A cerimônia de entrega ocorrerá
durante o XIV Fórum da Longevidade Bradesco Seguros, que
reunirá especialistas e convidados nacionais e internacionais
em 12 de novembro de 2019, na cidade de São Paulo.
Os Prêmios fazem parte de um conjunto de ações mais
abrangentes desenvolvidas pelo Grupo Bradesco Seguros
desde 2006, com o intuito de difundir a importância de
conquistar um envelhecimento ativo e saudável.
• nfusão
Austral e Terra Brasis anunciam
fusão
A Austral Re e a Terra
Brasis Re anunciaram
ao mercado a assinatura
de um acordo de investimento
para fusão de
suas atividades. Da união,
resultará a segunda maior
resseguradora nacional em prêmios de resseguros emitidos (R$
672 milhões em prêmios emitidos bruto combinados em 2018)
e a quarta maior resseguradora local em patrimônio líquido
(R$ 387 milhões em patrimônio líquido combinado em 2018).
O bloco de controle da operação caberá à Vinci Partners,
tendo como sócios o grupo Brasil Plural e o International Finance
Corporation (IFC), braço financeiro do Banco Mundial,
que já detém participação nas duas companhias.
Bruno Freire será o CEO da nova companhia e Rodrigo
Botti será o CFO. A resseguradora manterá sua estratégia focada
no atendimento à indústria de seguros em todas as linhas
de negócio com soluções inovadoras, atendimento qualificado,
responsabilidade na gestão de riscos e os mais altos padrões
de governança corporativa.
• nmercado
Marketplace de API´s
Chegou ao mercado em junho o primeiro marketplace de
API´s do mercado de seguros, a GR1D. É possível escolher
qualquer serviço, produto, novidade entre centenas de API´s disponíveis,
que podem ser oferecidos aos clientes com baixo custo.
“De forma simples, você consegue adotar um serviço
que alguém está provendo em qualquer parte do mundo (insurtech,
seguradora, prestadora de serviço). Basta acessar o
site, escolher o API, integrar a solução e começar a usar para
o seu cliente”, explica
Renato Terzi, CEO
da GR1D.
Esta é apenas
uma das vantagens
do mundo do “Open
Insurance” que oferece
várias oportunidades
a custos menores.
Agora, caberá
às empresas entender
os seus clientes para
criar produtos mais
adequados, com melhor
experiência.
10
• nregulamentação
Susep divulga regime de sandbox regulatório para seguros
A Superintendência de Seguros Privados,
junto com a Secretaria Especial de
Fazenda do Ministério da Economia, o
Banco Central do Brasil e a Comissão de
Valores Mobiliários, divulgaram a intenção
de implantar um modelo de sandbox regulatório
no Brasil.
De acordo com o comunicado publicado
no site da autarquia, “a iniciativa surge como resposta à
transformação que vem acontecendo nos segmentos financeiro,
de capitais e securitário. O uso de tecnologias inovadoras, como
distributed ledger technology – DLT, blockchain, roboadvisors
e inteligência artificial, permitem o surgimento de novos modelos
de negócio, com reflexos na oferta de produtos e serviços
de maior qualidade e alcance.
Esse cenário impõe aos reguladores o desafio de atuar
com a flexibilidade necessária, dentro dos limites permitidos
pela legislação, para adaptar suas regulamentações às mudanças
tecnológicas e constantes inovações, de forma que as
atividades reguladas mantenham conformidade
com as regras de cada segmento,
independentemente da forma como os
serviços e produtos sejam fornecidos,
principalmente sob as perspectivas da
segurança jurídica, da proteção ao cliente
e investidor e da segurança, higidez e
eficiência dos mercados.
Os reguladores coordenarão suas atividades institucionais
para disciplinar o funcionamento de elementos
essenciais do sandbox em suas correspondentes esferas de
competência, contemplando elementos comuns aos modelos
observados em outras jurisdições, a exemplo da concessão de
autorizações temporárias e a dispensa, excepcional e justificada,
do cumprimento de regras para atividades reguladas
específicas, observando critérios, limites e períodos previamente
estabelecidos. Os reguladores, ademais, buscarão atuar
conjuntamente sempre que as atividades perpassem mais de
um mercado regulado.
GENTE
Colombiano assume
seguradora
A Prudential do Brasil Seguros de Vida anunciou a
nomeação de David Legher para liderar a companhia,
assumindo a posição de Presidente e Chief Executive
Officer, assim que aprovado pelo órgão regulador.
Em sua função, o executivo terá responsabilidade direta por
todas as áreas da seguradora e se reportará a James Weakley,
vice-presidente da Prudential Internacional e Presidente Regional
da Divisão de Negócios Internacionais da companhia.
“O Brasil é um mercado-chave para a Prudential Financial”,
disse Weakley. “A Prudential teve um crescimento substancial
nos últimos anos, atendendo às necessidades de seguro de
vida de indivíduos e de empresas no Brasil. A nomeação de
David nos ajudará a fortalecer e apoiar esse crescimento. Ele
nos traz ampla e extensa experiência em seguros e marcas
de consumo, aplicando um pensamento inovador e uma nova
perspectiva para o negócio”.
Novidades na equipe
A Argo Seguros reforça sua equipe no Brasil. Este mês,
dois novos colaboradores passaram a fazer parte do time em
áreas estratégicas.
Com 20 anos de experiência e passagens por diversas
companhias do setor, Tatiana Bianco é a nova coordenadora
de Resseguros. Ela terá a responsabilidade de coordenar os
contratos de resseguro e os processos
operacionais da área.
Outro que se junta à equipe é
Tiago Grapea Camillo. Com mais
de 15 anos de experiência no setor,
ele será o coordenador de Gerenciamento
de Riscos e terá como
missão monitorar a sinistralidade
das contas de Cargo & Marine.
Mais inclusão
A MetLife anunciou a
vice-presidente Cindy Pace
como sua nova diretora global
de Diversidade e Inclusão. Com
essa iniciativa, a empresa continua
posicionando a diversidade
e a inclusão como fatores para
o sucesso, crescimento e inovação
da companhia.
“Estou animada com tudo
o que podemos realizar por meio do nosso compromisso
contínuo com a diversidade e a inclusão”, diz Susan Podlogar,
vice-presidente executiva e chefe de Recursos Humanos da
empresa. “Acredito que esses esforços ficarão ainda mais
fortes sob a liderança de Cindy”, ressalta.
Mudanças no Brasil
Eduardo Viegas assume como CEO da Berkley
Brasil. Com experiência de mais de 20 anos no mercado
financeiro e segurador, Viegas está na Berkley desde 2016,
onde ocupava a posição de vice-presidente técnico operacional.
“Estou
muito entusiasmado
e
honrado com
mais este desafio.
Em um
momento único
de grandes
mudanças no
setor, devemos
de forma consistente
intensificar a nossa busca por inovação, sempre
tendo como foco a qualidade e o cuidado na relação
com nossos corretores e parceiros. A especialização em
produtos e o interesse continuo em “escutar” as necessidades
do mercado devem seguir sendo o DNA da mesma
Berkley que iniciou sua operação no Brasil há mais de 12
anos”, diz Viegas.
O executivo José Marcelino Risden, que liderou a
seguradora desde o início da operação, passa à posição
de Chairman do conselho da Berkley. “Esta nova
estrutura é resultado da evolução da companhia e do
reconhecimento ao trabalho do Eduardo Viegas. Agora
como parte do conselho, tenho como principal missão
dar continuidade ao trabalho de relacionamento com as
entidades do setor e com o mercado de corretores que
sempre foi minha principal vocação, da qual não poderia
me afastar“, diz Risden.
12
Subscrição e sinistros
A AXA Seguros tem nova liderança na área de subscrição.
Igor Di Beo, que já era responsável por sinistros,
é o novo diretor de Subscrição e Sinistros da companhia
reportando-se para Delphine
Maisonneuve, CEO da
seguradora no Brasil. Fazem
parte da equipe as estruturas
lideradas por Carla Almeida,
diretora de P&C; Clóvis
Silva, superintendente de
Massificados; Arthur Mitke,
superintendente de Sinistros;
e Vivian Kautz, gerente
atuarial.
“Espero poder contribuir de maneira significativa
com o time para aprimorar nossas soluções de acordo
com as necessidades de mercado. A experiência que
trago das áreas de Riscos e Operações vão contribuir
para dar ainda mais agilidade ao processo de cotações
e fechamento de negócios”, afirma Di Beo.
Ela tem a força
Com ampla experiência
na prática de seguros e resseguros,
a sócia do Mattos
Filho, Camila Calais, foi a
vencedora do Americas Women
in Business Law Awards,
na categoria insurance &
reinsurance.
Na disputa com outras
cinco advogadas, a executiva
foi a única brasileira a concorrer ao prêmio nesta área. “Reconhecimentos
como esse são cada vez mais relevantes para
promover o crescimento de mulheres dentro de mercado
jurídico, permitindo a valorização de talentos e incentivando
um ambiente diverso e aberto ao debate. Que cada vez mais
mulheres se sintam inspiradas em seguir a carreira de advocacia
e possam ganhar destaque por sua atuação profissional”,
destaca Camila.
O Americas Women in Business Law Awards é oferecido
pela Euromoney, que possui diversas publicações relevantes
para o mercado jurídico.
Foto: Divulgação
capa | seguralta
O primeiro produto sob
Guiada pelos irmãos
Luiz Gustavo e
Reinaldo, Seguralta
investe em novos
negócios e desenvolve
o primeiro produto
de seguro automóvel
pago de acordo
com o uso de cada
consumidor
Kelly Lubiato
Inovação é a palavra de ordem do
momento. Entretanto, colocá-la em
prática requer muito investimento
de tempo, conhecimento e perfil. É
possível reconhecê-lo a partir de pequenas
atitudes ao longo do tempo. Assim,
aos poucos, a Seguralta nasceu e cresceu
pelas mãos de duas gerações, ambas com
perfil inovador.
Após verificar a mudança no perfil
dos clientes, os irmãos Luiz Gustavo
e Reinaldo Zanon decidiram investir
em formas de atender os consumidores
como eles preferissem, fosse no meio
digital, no analógico ou no híbrido. Com
cerca de 1200 franqueados distribuindo
seus produtos, a demanda por serviços
é muito grande. Assim, nasceu o primeiro
robô desenvolvido internamente
para fazer circular as informações entre
consumidores, corretores e seguradoras.
Atualmente, já são mais de 20 robôs
rodando as informações sobre endossos,
sinistros, parcelas vencidas etc, que não
mais precisam passar pelas mãos de
colaboradores.
A preocupação evoluiu para a utilização
desta Inteligência Artificial para
trazer mais benefícios ao consumidor,
através de produtos customizados de
acordo com a necessidade de cada um.
“O consumidor paga caro pelo seguro
quando o carro fica parado e ele não
14
demanda do mercado
Luiz Gustavo Zanon e Reinaldo Zanon
usa”, resume Gustavo. Esta inquietação
o levou a pesquisar um dispositivo que
já estava disponível fora do País, o
OBD2, capaz de captar as informações
de telemetria do veículo e transmiti-las
via aplicativo. Porém, ainda faltava um
elo desta corrente: a seguradora. A Usebens
foi a parceira ideal para colocar no
mercado um produto novo.
Assim nasce o primeiro seguro sob
demanda brasileiro, que estará disponível
para os consumidores da Seguralta a partir
de outubro deste ano. Os programas
piloto já estão rodando com os franqueados
da empresa. Após este primeiro
momento, eles indicarão outras pessoas
para receberem o dispositivo.
O seguro é muito simples e, principalmente,
justo: o cliente vai pagar
pela forma como ele dirige e quanto ele
dirige. Quem dirige bem tem desconto,
quem anda pouco também recebe
desconto.
Gustavo explica que, inicialmente, é
solicitado o perfil do cliente. “Ao longo
do tempo, com as informações do veículo,
eu passo a ajustar o que é risco e o que
é perfil. Com a análise é possível saber o
horário que o carro é utilizado, por onde
ele circula, como a pessoa dirige, se pega
o celular. A partir daí eu posso cruzar as
informações”, ensina.
Reinaldo ressalta que a seguradora
Usebens já estava pronta para utilizar
esta nova tecnologia. “A Usebens está
preparada para precificar em tempo
real, utilizando informações dos hábitos
dos motoristas e quanto isso impacta no
valor do seguro”. Além disso, o segurado
terá à sua disposição outras informações
sobre a manutenção do veículo, como
momento certo de trocar o óleo, fluídos
ou pneu. Mas, o equipamento não faz
o rastreio do veículo em movimento,
apenas em caso de roubo ou furto do
veículo. Entretanto, ela possui mecanismos
capazes de emitir alertas para a
seguradora em caso de forte impacto. No
caso de um impacto em alta velocidade,
a ferramenta pode acionar automaticamente
o serviço de assistência.
15
seguralta
“O mais legal da tecnologia é que
a gente tem mais contato com o cliente.
Durante todo a ano estou dando dicas,
descontos para abastecer em um posto,
enfim, é um customer experience”, comemora
Gustavo, acrescentando que a
tendência de um produto como este é de
que o seguro fique mais justo.
Reinaldo pontua também que mesmo
que o preço do seguro fique igual ao
produto tradicional, “o cliente fica mais
satisfeito só de saber que está pagando
o que é justo e que tem a tecnologia em
suas mãos, com todos os seus benefícios”.
Até o mês de outubro, o produto deve
estar disponível para todo o estado de São
Paulo. O foco do produto serão carros
com até cinco anos de uso.
Franquia existe para manter o
padrão de atendimento
Fundada em 1968 por Reinaldo
Zanon Filho, em São José do Rio Preto,
interior de São Paulo, a corretora manteve
seu foco em produtos de varejo, como
automóvel, residencial, vida e previdência
e produtos para pequenas e médias
empresas. Porém, apesar do alto faturamento,
a empresa chegou a um ponto em
que encontrava dificuldades para crescer
sem expandir sua rede de distribuição.
Ao assumirem a administração da
empresa, os irmãos Luiz Gustavo Zanon
e Reinaldo Zanon decidiram dar um
novo rumo para a expansão, apostando
na criação de uma rede de franquias. A
ideia era antiga e fazia parte dos planos
da mãe dos dois. Eles, desde muito cedo,
já tinham trilhado o caminho profissional
na empresa da família. Gustavo aos 14
anos começou a trabalhar com o pai,
mas foi aos 18 anos que verdadeiramente
fincou suas raízes no setor de seguros.
Reinaldo não se identificou com o
mercado de imediato. Apesar de atuar na
corretora desde os 16 anos, aos 22 mudou
o rumo da sua vida e se juntou a uma
multinacional norte-americana dedicada
a suplementos alimentares. “Comecei
a trabalhar com marketing de rede e
aprendi que era necessário formar a sua
própria para ampliar as vendas”, comenta
o executivo. “Eu cheguei a ter uma rede
com mais de 500 pessoas nesta empresa
e pensei: já que estava fazendo crescer
o negócio dos outros, por
que não investir na família?
Este já era um sonho antigo
da minha mãe, porque em
1994 ela fez um curso em
Atlanta sobre franquias,
mas ninguém acreditava no
modelo para corretores de
seguros”.
Há onze anos, os irmãos
optaram por desengavetar
o sonho, para fazer
crescer uma empresa que
já era grande, com produção
de R$ 2,5 milhões por
mês em prêmios. Era uma
fase de muitas mudanças
na economia, que, além
da crise norte-americana,
atravessava um período de
várias fusões e aquisições,
tanto de seguradoras quanto
de corretoras de seguros.
Aproveitando os seus
conhecimentos de expansão
de rede de distribuição,
Reinaldo liderou o processo
de criação da rede de franquias.
“Contratamos uma
empresa de consultoria do
segmento para formatar
nosso modelo. O mercado achava estranha
nossa movimentação, mas, mesmo
assim, levamos adiante a ideia e nosso
modelo de franquia”, lembra Reinaldo.
O primeiro modelo desenvolvido
pela empresa foi baseado na loja de
seguros que mantinham em São José do
Rio Preto. “Mas o Reinaldo recomendou
a venda porta-a-porta. Evoluímos até
chegar aos moldes do corretor Home
Office”, explica Gustavo.
A microfranquia como negócio
ainda não existia em qualquer setor. O
termo franquia Home Office foi lançado
pela Seguralta, em um momento em que
as franquias, de forma geral, sofriam uma
desaceleração, por conta dos altos custos
das grandes marcas. Enquanto estas franquias
tinham custos entre R$ 300 mil e
R$ 400 mil, a proposta da microfranquia
chegava com valores entre R$ 20 mil e
R$ 30 mil.
Mesmo com algumas condições favoráveis,
o início não foi simples, porque
o foco da Seguralta eram os corretores
de seguros tradicionais. A primeira barreira
foi o fato destes profissionais não
se sentirem atraídos por atuar com uma
Em 10 anos a Seguralta saiu de nenhum
franqueado para 1200 unidades vendidas.
A empresa hoje é a 11ª maior rede de franquias
da Associação Brasileira de Franchising, que
possui mais de mil marcas registradas
16
marca já consolidada. Desta forma, no
primeiro ano, apenas oito unidades foram
comercializadas. “Mudamos o foco
e passamos a buscar empreendedores,
pessoas que queriam fazer negócios.
Assim, tudo começou a acontecer. No
segundo ano fechamos com 50 franquias
comercializadas e, no terceiro, mais de
100 unidades”, pontua Reinaldo.
Fazendo desta uma longa história
curta, em 10 anos a Seguralta saiu de
nenhum franqueado para 1200 unidades
vendidas. A empresa hoje é a 11ª maior
rede de franquias da Associação Brasileira
de Franchising, que possui mais
de mil marcas registradas. A holding já
possui outras marcas, como a SegCRedi
e outra de restaurantes mexicanos, além
de uma marca específica de consultoria e
expansão de franquias, a Expand Zanon.
Para dar suporte às microfranquias,
Gustavo conta que, a partir da observação
de que as franqueadas paravam de
crescer a partir do terceiro ano, foi criada
uma estrutura administrativa
para dar suporte aos
empreendedores. “Nós
estruturamos um departamento
administrativo
único dentro de São José
do Rio Preto para fazer
toda a parte burocrática
e de sinistro para atender
a quem estivesse na ponta”,
esclarece. Assim, as
vendas voltaram a crescer.
Além disso, há o suporte
de capacitação profissional,
para garantir a atualização
dos profissionais.
Gustavo acrescenta que a
holding possui uma universidade
corporativa com
mais de 300 vídeos disponíveis,
com aulas sobre o
beabá do seguro e vendas
técnicas de seguros, e também
de gestão, marketing,
vendas, tudo voltado para
as especificidades do setor.
Ao se juntar à franquia,
o empreendedor tem
doze meses para conseguir
a certificação de corretor
de seguros profissional.
“Uma das exigências para participar
do treinamento oficial é a matrícula no
curso de capacitação da Escola Nacional
de Seguros.
Padronização é o segredo e é assim
no mundo inteiro. Se você entra em
um McDonalds em qualquer lugar do
mundo, sabe o que esperar dele. Este
mesmo conceito foi aplicado para a
criação de um modelo voltado para a
comercialização de produtos de seguro.
A empresa, que vende de 15 a 18 mil
apólices de seguros por mês, possui um
volume insano de parcelas, solicitações
de sinistros, endossos etc. Identificando
esta dor, os sócios começaram a procurar
formas de otimizar todo o trabalho
burocrático.
Um fato que preocupa os irmãos
é que os corretores de seguros, tanto
franqueados quanto tradicionais, ainda
não enxergam as mudanças que ocorrem
no dia-a-dia do mercado e o quanto elas
podem influenciar o seu resultado. “Trabalhamos
hoje com um mix de carteira
de 75% de seguro automóvel e 25% de
outros produtos, como vida, previdência,
residencial e produtos para PME´s”,
enumera Reinaldo. Para se ter uma ideia
do volume desta produção, pelo segundo
ano consecutivo a Seguralta foi a corretora
que mais vendeu seguro de vida e
previdência para a Porto Seguro.
Vender para quem?
Para ajudar o franqueado a vencer o
desafio de montar e renovar sua carteira,
a Seguralta desenvolveu uma central de
geração de leads online. “As empresas
que têm comercialização 100% online
ainda não conseguem ter bons resultados.
Nossa taxa de conversão pode chegar a
até 15% em algumas praças”, enfatiza
Gustavo.
Isso acontece porque a empresa
direciona as pessoas que os procuram
online para franqueados mais próximos
espacialmente, localizados pelo CEP. O
cliente é direcionado para um franqueado
que, por sua vez, fará o atendimento da
forma que for mais conveniente para o
segurado, seja por Whatsapp, telefone
ou presencialmente. “Acreditamos que
as pessoas sentem-se mais confortáveis
em serem atendidas por um corretor que
esteja fisicamente mais próximo”, revela
Gustavo.
“Temos um departamento de marketing
à disposição do franqueado, para
contribuir com ele em campanhas,
ajudá-lo a divulgar seu negócio e angariar
novos clientes. Nós queremos profissionalizar
o franqueado no negócio que ele
escolheu. Ensinamos a parte de gestão
do negócio e administração dos recursos.
Não basta ser um bom vendedor”,
completa Gustavo, mostrando também
que cada franqueado tem um gerente da
Seguralta para acompanhá-lo.
“Nós investimos no desenvolvimento
pessoal dos franqueados. Possuímos
uma empresa de treinamento, na qual
eu desenvolvi o curso “65 passos para o
sucesso”, para capacitação e desenvolvimento
pessoal, para franqueados ou
não. Trabalhamos muito o fator humano,
porque acreditamos que quanto mais
a pessoa se desenvolver, mais êxito ela
terá”, reflete Reinaldo.
17
especial saúde | aps
Cuidar da saúde para não
precisar tratar da doença
18
O atendimento
primário, que cuida
do indivíduo de forma
integral e busca a
promoção da saúde
e prevenção de
doenças, é tendência
no mundo e cresce
também no Brasil
Thaís Ruco
Com o aumento constante nos
custos assistenciais e um crescimento,
em 2018, de 17,3%
na inflação médico-hospitalar,
segundo o IESS (Instituto de Estudos de
Saúde Suplementar), muitas operadoras
de saúde encontram dificuldades na manutenção
dos contratos empresariais ou
venda de planos para novos clientes. Esse
cenário coloca a sustentabilidade do setor
em risco, fazendo com que as empresas
repensem a forma como entregam assistência
aos clientes.
O mercado de saúde suplementar
tem como desafio a busca pelo equilíbrio
econômico do setor com uma gestão
mais sustentável, evitando desperdícios
e ampliando a qualidade. O modelo de
Atenção Primária à Saúde (APS) permite
uma melhor gestão do beneficiário, de
forma integrada, com resultados robustos
na prevenção de doenças e na orientação
adequada para tratamentos.
A literatura médica defende que a
atenção primária tem potencial de resolver
até 85% das demandas de saúde.
Além disso, dados do Ministério da
Saúde apontam que 73% das mortes no
Brasil são decorrentes de doenças crônicas
não-transmissíveis, como diabetes e
hipertensão. Dessa forma, a ANS (Agência
Nacional de Saúde) busca reestruturar
o sistema induzindo a reorganização do
modelo de atenção à saúde centrado na
assistência multiprofissional, integral,
com o acompanhamento do paciente ao
longo da vida.
Diversas operadoras do setor de planos
de saúde já oferecem um atendimento
amparado em Atenção Primária à Saúde
a seus beneficiários. Para reforçar esse
entendimento, a ANS está orientando as
operadoras a se mobilizarem verdadeiramente
para uma mudança na forma como
oferecem os cuidados.
“A Certificação de Boas Práticas em
Atenção Primária à Saúde, programa
instituído pela ANS por meio da Resolução
Normativa nº 440/2018, tem o
objetivo de atender às necessidades de
saúde dos beneficiários de planos de saúde
por meio de cuidados abrangentes de
promoção, proteção, prevenção, cura, reabilitação
e paliativos ao longo da vida,
priorizando estrategicamente os serviços
de saúde fundamentais destinados
aos indivíduos e famílias, por meio da
atenção primária integrada aos demais
níveis de atenção à saúde; incentivar a
abordagem sistemática pelas operadoras
dos determinantes de saúde de seus beneficiários,
incluindo características e
comportamentos individuais, de modo
a implementar ações baseadas em evidências
em toda sua rede de atenção à
saúde; e capacitar os beneficiários e suas
famílias a otimizar a proteção à saúde e
o bem-estar, por ações de autocuidado
apoiado por profissional de saúde”, afirma
Rodrigo Aguiar, diretor da autarquia.
O Programa de APS da ANS propõe
um modelo inovador na saúde suplementar,
para reorganização da porta
de entrada do sistema com base em
cuidados primários. “Há preocupação
por conta do aumento expressivo das
doenças crônicas não transmissíveis,
a emergência de novas doenças (HIV/
AIDS, hepatite C, infecções pelos vírus
Chikungunya e Zika), a reemergência de
doenças previamente controladas (dengue,
febre amarela); o envelhecimento
da população; as mudanças de estilo de
vida, levando à obesidade, ao consumo
excessivo de carboidratos simples,
gorduras e alimentos ultraprocessados;
a uma acentuada redução no consumo
de fibras e carboidratos complexos e ao
sedentarismo”, revela Aguiar. “O modelo
de atenção vigente é desarticulado e
centrado no cuidado aos eventos agudos.
Já recebemos informações de operadoras
que estão se estruturando para se
submeterem ao processo de avaliação
❙❙Rodrigo Aguiar, da ANS
a fim de obter a Certificação em APS,
principalmente aquelas que já vinham
introduzindo o modelo”, diz.
Medicina preventiva
O objetivo principal da Atenção
Primária à Saúde é colocar o indivíduo,
não a doença, no centro do cuidado assistencial.
“Uso consciente do plano de
saúde não é usar menos, mas usar melhor.
Acreditamos que essa coordenação da
jornada, com engajamento do paciente
no autocuidado, tornará a utilização
mais eficiente e assertiva. Com isso, desperdícios
podem ser evitados e serviços
de saúde caros, como prontos-socorros
emergenciais, devem ser acessados de
forma mais adequada”, garante Tereza
Veloso, diretora Técnica Médica e de
Relacionamento com Prestadores da
SulAmérica.
“Quando cuidamos da saúde, prevenimos
doenças e otimizamos a utilização
e seus custos, porque, muitas vezes,
consegue-se evitar que o paciente chegue
❙❙Tereza Veloso, da SulAmérica
19
aps
❙❙Ariovaldo Bracco, da Unisaúde Master
20
❙❙Luís Fernando R. Sampaio, da Unimed
❙❙Reinaldo Scheibe, da Abramge
ao estágio mais grave, ficando no básico
da assistência. Assim, quando falamos
em médico de família, ou em coparticipação,
é para educar o consumidor para
um formato de negócio que é baseado
no mutualismo e enfrenta a cultura do
brasileiro de querer usar tudo o que tem
direito. O que tem direito é usar o mínimo
dentro da sua efetiva necessidade, porque
a conta é coletiva”, completa Ariovaldo
Bracco, diretor da Unisaúde Master e
coordenador da Comissão de Saúde do
Sincor-SP (Sindicato dos Corretores de
Seguros de São Paulo).
Para Bracco, a intensificação das
práticas de Atenção Primária à Saúde
acontece porque chegou o “momento da
disruptura”. “O mercado atua em ‘rouba
monte’, pois em função da crise não há
crescimento, mas perda. A tecnologia
vem para que a utilização do plano de
saúde aconteça de forma correta. Mais
de 30% dos exames solicitados são jogados
fora, pois o paciente vai em um
especialista e depois em outro que pede
os mesmos exames. Em breve, teremos
um cadastro único para todos os dados.
Vemos fraude nas próteses, excesso de
cobrança dos hospitais para as operadoras,
tudo isso reflete nos custos. É hora
de todos pararem para pensar no futuro
e no crescimento deste mercado, pois
nós ainda temos menos de um quarto
da população brasileira com acesso a
seguro médico, e metade desse montante
com plano odontológico, afinal o plano
de saúde só é completo se tiver os dois,
pois saúde começa pela boca”.
Os programas de promoção à saúde
e prevenção de doenças incluem o monitoramento
e detecção precoce de riscos
ao paciente, ações educativas, o estímulo
à mudança do estilo de vida (como
abandono do tabagismo e sedentarismo)
e capacitação de indivíduos para realizar
seu autogerenciamento de saúde. “Com
estas iniciativas, é possível, por exemplo,
identificar e prevenir riscos, agravos e
doenças, comprimir taxas de morbidade e
aumentar a efetividade no cuidado a moléstias
evitáveis, garantindo a qualidade
de vida dos clientes de planos de saúde”,
declara Reinaldo Scheibe, presidente
da Abramge (Associação Brasileira de
Planos de Saúde).
Geraldo Almeida Lima, presidente
do Sinog (Sindicato Nacional das
Empresas de Odontologia em Grupo),
ressalta que a ausência de políticas e
estratégias públicas em relação aos
cuidados básicos com a saúde dificulta
o acesso da população aos cuidados
primários, tanto na área médica quanto
na odontológica. “A prevenção deve ser
entendida como o primeiro nível de
atenção dos sistemas assistenciais voltada
à promoção da saúde, diagnóstico,
tratamento, reabilitação e manutenção.
Ela tem ganhado cada vez mais importância
para os planos odontológicos,
sendo fundamental compreender que
isso ocorre quando há conscientização,
tornando-se um instrumento de transformação
social”.
Algumas operadoras implantaram
planos de saúde específicos, tendo a
atenção primária como porta de entrada,
estratégia destinada para a atração de
novos clientes ou migração de determinadas
carteiras que poderiam se beneficiar
deste modelo assistencial. Outras
operadoras e seguradoras oferecem os
serviços de atenção primária como um
benefício aos seus clientes. “A Seguros
Unimed oferece esse serviço a todos os
clientes, para contemplá-los com um
cuidado mais próximo e personalizado,
fornecendo acesso à saúde em tempo
oportuno e acompanhamento médico
contínuo, de modo que passem a adotar
a equipe da atenção primária como a sua
principal referência para o acompanhamento
da sua condição de saúde”, afirma
Luís Fernando Rolim Sampaio, superintendente
de Provimento da seguradora.
A estruturação de diferentes níveis
de atendimento em saúde, com fortalecimento
da atenção primária, é uma
tendência em diversos países. “Médicos
de família, enfermeiros e técnicos de
enfermagem fazem parte de uma equipe
dedicada, que constrói um plano de
cuidado personalizado, com base em
informações clínicas integradas, e conhece
o paciente de perto. Inicialmente,
o atendimento com base na prática de
Atenção Primária à Saúde está sendo
oferecido pela SulAmérica na capital
paulista e estamos expandindo para diversas
regiões do Brasil durante 2019”,
diz Tereza Veloso.
Na Amil, essa estruturação começou
em 2016, com a inauguração das
primeiras unidades de atendimento
multidisciplinar baseadas em atenção
primária. “Temos credenciado clínicas
que possuem a mesma proposta de valor
da operadora: ampliar os pontos de acesso
às consultas com médicos de família,
fortalecendo a atenção primária. Hoje,
❙❙Nulvio Lermen Junior, da Amil
já estão credenciadas à Amil cerca de
11 clínicas que atendem nesse modelo,
nos estados de SP, PR, MG, BA e CE”,
revela Nulvio Lermen Junior, diretor do
Programa Amil de Atenção Primária.
Já na Bradesco Saúde e Mediservice,
os beneficiários contam com uma rede de
médicos, com foco na atenção primária
eficaz e resolutiva. “Desta forma, a relação
médico e paciente se torna, cada vez
mais, direta e colaborativa, com diagnósticos
mais assertivos. Com melhor
gerenciamento dos fatores de riscos, o
médico de família direciona para outros
profissionais e a programas assistenciais
específicos que atendam às necessidades
do beneficiário”, afirma Thaís Jorge,
diretora da Bradesco Saúde. “Outro
grande avanço é o uso do prontuário
eletrônico, um sistema integrado entre
todas as unidades de atendimento e os
médicos da rede credenciada dedicada,
que possui todo o histórico do paciente,
facilitando o próximo atendimento e
contribuindo para um diagnóstico mais
eficaz. Todas as informações do paciente
ficam armazenadas para futuras consultas,
oferecendo praticidade aos nossos
beneficiários e informações relevantes
ao nosso corpo médico”.
Realidade e desafios para a
APS no Brasil
Há uma cultura no país voltada à
utilização de especialistas para atender
a maior parte da demanda ambulatorial,
além da centralidade na atenção hospitalar
mesmo em situações de baixo risco e
complexidade. Estes fatos são agravados
por um sistema de saúde baseado no
22
atendimento à demanda espontânea, com
múltiplas portas de entrada, que conduzem
à focalização na atenção aos eventos
agudos. Além de delegar ao beneficiário
a organização de seu cuidado, este arranjo
organizacional está se mostrando
inadequado, por criar ineficiências, como
a utilização excessiva de exames e procedimentos,
que conduzem a custos muito
elevados e expõem os pacientes a riscos.
Este cenário, agravado pelo envelhecimento
populacional e o aumento da
prevalência das condições crônicas, foi
o que motivou o lançamento do Projeto
APS, pela ANS. O foco em ações de promoção
de hábitos de vida saudáveis, bem
como na detecção de fatores de risco e
diagnóstico precoce de doenças crônicas,
possível em um sistema baseado na atenção
primária, são estratégias que podem
contribuir para a melhora da condição
de saúde da população brasileira. Desde
2004, a ANS estimula as operadoras a
investirem em ações de Promoção da
Saúde e Prevenção de Riscos e Doenças.
Atualmente, existem mais de 1.800
programas com esse foco cadastrados na
ANS (um crescimento superior a 400%
em sete anos), contemplando cerca de
2,25 milhões de beneficiários de planos
de saúde.
O primeiro desafio é reorganizar o
sistema para que opere de forma mais
eficiente e equilibrada. “Frequentemente,
utiliza-se o hospital para atendimentos
rotineiros e de baixa complexidade, o
que, aliado à falta de integração e coordenação
dos cuidados, eleva os custos
em saúde. Ressalto a necessidade de formação
de mais profissionais de atenção
primária. O Brasil tem hoje 5.486 especialistas
em medicina de família e comunidade
– ocupa a 16ª posição no ranking
de especialidades com maior número de
títulos no Brasil -, número insuficiente
para uma nação com as dimensões da
nossa”, afirma o diretor da Amil.
O desafio está atrelado à questão
cultural e a consequente estruturação dos
serviços assistenciais onde atualmente,
não raro, o paciente procura o serviço
de atendimento médico apenas quando
os sintomas da doença já são aparentes.
“Neste modelo de assistência, geralmente,
os beneficiários recorrem a centros
❙❙Thaís Jorge, da Bradesco Saúde
hospitalares, como os prontos-socorros,
para demandas básicas de saúde. Trata-se,
muitas vezes, de um atendimento ineficaz
para a baixa complexidade, realizado
por um profissional vque não conhece o
histórico clínico do paciente e que não
acompanhará a evolução do tratamento”,
afirma Thaís, da Bradesco.
As ações de prevenção são muito importantes
na medida em que promovem
um cuidado mais efetivo do paciente,
controlando as doenças crônicas, antecipando
o diagnóstico de alguma doença
na fase assintomática, ou mesmo proporcionando
mudança no estilo de vida
e diminuição dos fatores de risco. “Essas
ações podem trazer bons resultados, mas
é muito importante que elas estejam
associadas aos modelos assistenciais
integrados e baseados na atenção primária.
Um dos maiores desafios no controle
de riscos e a na promoção da saúde é o
engajamento dos pacientes. Nem sempre
saber dos riscos muda comportamentos.
Por isso, o trabalho contínuo das equipes
e a parceria dos clientes corporativos é
essencial”, pondera Sampaio, da Seguros
Unimed.
Além da melhoria do cuidado, a
implementação de estratégias de atenção
primária contribui diretamente para a
sustentabilidade do setor. “O acompanhamento
da saúde do beneficiário evita internações
e tratamentos desnecessários,
por meio de atendimento e acompanhamento
adequados”, afirma o presidente da
Abramge. “Por isso, a atenção primária é
imprescindível para a resolução de problemas
do paciente sem a necessidade de
atendimentos complementares”.
especial saúde | odontologia
Mercado de planos odontológicos
utiliza tecnologia como parceira
Com o objetivo de conquistar mais beneficiários,
operadoras investem em tecnologia para aumentar
a satisfação de prestadores de serviços e clientes
Nicole Fraga
A
boca desempenha importantes
funções para a saúde
de todo o organismo. Além
de exercer papel relevante
na fala, mastigação e respiração, ela é
a maior cavidade do corpo a ter contato
direto com o meio ambiente, tornando-
-se uma das principais portas de entrada
para bactérias e outros microrganismos
prejudiciais à saúde.
Uma boa higiene bucal diminui o
risco de desenvolvimento de problemas
bucais e dentários. É importante ressaltar
que doenças da boca têm relação direta
com o fumo, consumo de álcool, má
alimentação e também com o envelhecimento.
Estudos também comprovam
que a saúde bucal tem íntima relação
com a saúde geral, pois a boca interage
com todas as estruturas do corpo. As
más condições de higiene bucal podem
causar doenças que, por sua vez, podem
levar a enfermidades (ou agravá-las),
principalmente doenças cardiovasculares
e diabetes.
O problema é que mesmo os procedimentos
mais simples e baratos, quando
executados com regularidade, podem
acabar pesando no bolso. A melhor saída
para quem está procurando evitar problemas
dentários é, sem sombra de dúvidas,
a adesão a um plano odontológico.
Para ensinar o consumidor a tomar
a melhor decisão ao contratar um plano
odontológico, é necessário entender
como esse universo funciona. É preciso
estar atento às mesmas informações que
fazem parte de um plano de saúde como,
por exemplo, carência para consultas,
rede credenciada etc.
O mercado de planos odontológicos
atingiu a marca de 24,3 milhões de be-
❙❙Geraldo Almeida Lima, do Sinog
neficiários em 2018, representando um
aumento de 7,65% em comparação ao
ano de 2017. De acordo com o departamento
de Economia do Sinog, este é o
maior crescimento registrado dos últimos
cinco anos. Entre os meses de dezembro
de 2017 e de 2018, as operadoras de
odontologia de grupo e de medicina de
grupo com plano odontológico foram
as que mais trouxeram beneficiários à
odontologia suplementar, com um total
de 963 mil novos usuários.
Segundo Geraldo Almeida Lima,
presidente da entidade, “este momento
positivo da odontologia suplementar
reflete a atuação da entidade, que está
continuamente buscando melhorias para
o segmento junto aos órgãos competentes
e à divulgação que enfatiza a importância
da atenção primária na saúde bucal”.
Como em todos os mercados, a tecnologia
e inovação têm sido responsáveis
por grandes alterações.
No caso da OdontoPrev, uma das evidências
deste tipo de iniciativa tecnológica
é o registro de patentes de tecnologias
desenvolvidas na companhia, que são três
no total. A mais recente é aplicativo da
Rede Unna, que permite que os dentistas
enviem fotos dos atendimentos diretamente
para a operadora, o que diminui
em 90% o número de documentos enviados
de forma física. Além disso, com
a parceria com o hospital AC Camargo,
é possível que o profissional envie imagens
com suspeitas de câncer de boca
diretamente ao especialista, obtendo um
diagnóstico preciso rapidamente.
Mais recentemente, a empresa organizou
uma área voltada para inovação
na qual busca novas tecnologias e a
digitalização de processos, sempre com
a finalidade de aumentar a satisfação de
seus beneficiários e stakeholders.
De acordo com Karla Regina Longo,
gerente de Estratégia Digital e Marketing
da operadora, a empresa utiliza
tecnologia de ponta para melhorar o relacionamento
com todos os seus públicos
de contato. “Os dentistas, os principais
interlocutores desta cadeia, são os que
mais vêem os avanços”, afirma.
Segundo a executiva, as operadoras
estão procurando startups para formar
parcerias, assim como está acontecendo
no setor de seguros. “A OdontoPrev tem
se aproximado do ecossistema de inovação
de forma geral, em busca de parcerias
estratégicas com startups que possam
auxiliar na criação de soluções que gerem
um aumento no número de beneficiários,
maior eficiência operacional ou até mesmo
na redução de custos”, ressalta.
Também seguindo o caminho da
inovação tecnológica, a Dentalpar está
firmando a relação com clientes e prestadores
através de novas tecnologias,
como sistemas de interação e de aplicativos
desenvolvidos especificamente
para o mercado odontológico. Segundo
24
❙❙Karla Regina Longo, da OdontoPrev
Armando Rodrigues Filho, proprietário
e diretor Comercial da empresa, “todo
o esforço é construído para melhorar a
experiência no relacionamento com o
consumidor final”.
Investindo em tecnologia, o objetivo
da companhia é agilizar os processos
de atendimento. Desde 2010, a empresa
desenvolve alguns sistemas de gestão
para o aprimoramento dos seus serviços
e esse desenvolvimento ocorre através
de parcerias com startups e desenvolvedores
de software.
“Essas parcerias têm se mostrado
muito eficientes, nos dando sustentação
para cumprir os objetivos macros da
empresa. A relação com nossos parceiros
comerciais, através de e-commerce, tem
se mostrado um caminho sem volta. Hoje,
ele representa 80% da comercialização
de nossos produtos”, ressalta o diretor da
companhia.
Já no cenário corporativo, o plano
odontológico acaba despertando o interesse
das empresas que optam por uma
alternativa mais tangível e que ofereça ao
trabalhador uma assistência à saúde bucal.
“O plano odontológico pode contribuir
para a retenção de talentos nas empresas,
diminuindo o índice de faltas e colaborando
até para o aumento da produtividade.
Com acesso a um plano, o colaborador
pode visitar periodicamente o cirurgiãodentista,
sem atrapalhar o desempenho
profissional”, afirma o presidente do Sinog.
❙❙Armando R. Filho, da Dentalpar
Portanto, as mudanças fundamentais
para a melhoria do mercado de planos
odontológicos virão do esforço conjunto
e da certeza de que o diálogo entre os
atores do setor – agência reguladora,
operadoras, prestadores, entidades representativas
e consumidores – é um caminho
promissor para a construção de um
futuro comprometido com a promoção
e a conscientização da saúde bucal da
população brasileira e mundial.
especial saúde | portabilidade
O
serviço de portabilidade
para os planos de saúde
permite mudar de produto
e operadora sem precisar
cumprir uma nova carência. Desde junho
de 2019 a regra, que só era permitida para
planos individuais/familiares e coletivos
por adesão, começou a valer também para
os beneficiários de planos empresariais.
O consumidor passa a cumprir carência
apenas para as coberturas não contratadas
no plano de origem em caso de upgrade.
Existem algumas exigências da
Agência Nacional de Saúde (ANS) para as
novas regras de portabilidade. É preciso
que o contrato do plano tenha sido firmado
depois de 1º de janeiro de 1999 e que
o usuário já tenha cumprido o prazo de
carência do seu plano vigente. Quem faz
26
Produtos corporativos
também podem migrar de
uma operadora para outra e
necessitam de cumprimento
de carência quando houver
upgrade de coberturas
Thaís Ruco
O que muda com
as novas regras
dos planos de
saúde?
a portabilidade pela primeira vez precisa
que o plano já tenha no mínimo dois anos.
Nas vezes seguintes, basta ficar com o
plano por um ano. No entanto, se o plano
atual se enquadrar em Cobertura Parcial
Temporária (CPT), com doença preexistente,
é necessário que tenha ficado ao
menos por três anos ao invés de dois.
Antes de junho, a portabilidade
deveria ser solicitada até 120 dias após
o aniversário do contrato. Passado este
prazo, o usuário precisava esperar até o
ano seguinte. Com as novas regras instituídas
pela ANS, o beneficiário pode
fazer isso a qualquer momento.
“Com as novas regras, a portabilidade
passa a ser permitida a todos os
clientes de planos de saúde, respeitado o
tempo mínimo de permanência. Todas
as carências serão aproveitadas na portabilidade
realizada para plano da mesma
categoria. O consumidor somente deverá
cumprir carência relativamente àquelas
coberturas não existentes no plano inicial,
ou seja, quando passar para plano
com categoria superior com novas coberturas,
explica o advogado especialista em
seguros, Claudio Moreira do Nascimento.
Vantagens e desvantagens
A grande vantagem é a possibilidade
de o consumidor usar o tempo de
carência já cumprido no plano anterior
para não ter carência na troca de plano
de saúde. “Isso antes só estava disponível
em casos excepcionais. Quando o plano
de saúde do paciente quebrava, a ANS
permitia a portabilidade especial ou
❙❙
Claudio M. do Nascimento, advogado
extraordinária, ou então como um benefício
aos clientes, dependendo da política
de cada plano de saúde. Agora não, tal
como quando trocamos de operadora de
telefonia levando o número de telefone
junto, também é possível trocar de operadora
levando consigo todas as carências”,
afirma o advogado especialista em seguro
saúde, Elton Fernandes.
“Com as novas regras, o cliente
poderá adequar o plano às suas reais
condições econômicas, sendo que muitas
vezes as coberturas podem não estar
sujeitas a qualquer modificação, considerando
que há diversas modalidades de
planos e valores diferenciados”, completa
Nascimento. Porém, ele ressalta que
nem sempre a portabilidade garantirá as
mesmas coberturas, de modo que poderá
haver redução de categoria.
Tem sido comentado entre corretores
de seguros que, com a portabilidade, eles
terão um trabalho administrativo de fazer
a troca de seus clientes sem uma remuneração
– seria uma venda administrativa
e não comercial. A corretora especialista
em planos de saúde, presidente da
Acoplan (Associação dos Corretores de
Planos de Saúde), Rosa Antunes, explica
que “não é possível fazer portabilidade
e venda ao mesmo tempo”. “O corretor
deverá pedir a inclusão e anexar o documento
de compatibilidade da ANS e a
declaração de permanência da operadora
anterior. Por isso alguns corretores estão
dizendo que é sem comissão, pois não
ganhamos para fazer esses processos”.
Segundo Rosa, a operadora que recebe
o cliente pode cobrar pela mensalidade
na portabilidade com acréscimo de até
30% no preço comparado a um cliente
sem portabilidade.
Nas palavras de Fernandes, a portabilidade
traz evidente prejuízo para a
categoria dos corretores de seguros. “A
portabilidade não depende da participação
obrigatória do corretor e ele pode ser
acionado a ajudar clientes que não querem
uma nova contratação, mas simplesmente
a portabilidade. De outro lado é justo que
o corretor, ao ser acionado para realizar
a portabilidade que o consumidor pode
fazer sozinho, cobre à parte por este trabalho
como uma espécie de consultoria
ou prestação de serviços”. Em sua visão,
“o conhecimento que o corretor detém
sobre o funcionamento dos planos de
saúde, quais empresas são mais saudáveis
e quais dão menos problemas continuará
sendo essencial, mesmo na portabilidade
e, portanto, qualquer cobrança pelo corretor
é justa, pois nada mais é do que uma
prestação de serviços”.
Para Nascimento, no entanto, o cliente
deve dirigir seu pedido diretamente
à operadora. “A portabilidade deve ser
requerida diretamente pelo consumidor
à operadora, sem necessidade de participação
do corretor de seguros. Caso
o corretor de seguros decida auxiliar o
consumidor, tal fato não ensejará remuneração
por parte da operadora, e será
uma mera liberalidade do corretor”.
Luiz Celso Dias Lopes, diretor Técnico
Corporativo do Grupo NotreDame
Intermédica, declara que o GNDI, assim
como outras operadoras do mercado,
já praticava o aproveitamento do cumprimento
de carências como estratégia
comercial, observadas regras de preservação
do risco e de mitigação de comportamentos
que comprometam toda a
cadeia. “Concordamos com medidas que
❙❙Rosa Antunes, da Acoplan
❙❙
Elton Fernandes, advogado
aumentem a competitividade do setor,
ampliando o poder de escolha dos consumidores
e que incentive maior qualidade
na prestação dos serviços”, afirma.
“Entendemos, no entanto, que a nova
regra da ANS, da forma como está, pode
incentivar comportamentos que podem
prejudicar o equilíbrio e a sustentabilidade
dos contratos, como, por exemplo,
a possibilidade de mudança de padrão de
planos, de diferentes faixas de preços e
rede, na mesma ou em outra operadora,
sem o cumprimento de novas carências”,
alerta o diretor do GNDI.
De forma geral, a maior facilidade
em os consumidores trocarem de planos
de saúde é uma evolução. “É um
novo marco para o setor, pois acirra a
concorrência entre os planos de saúde,
o que do ponto de vista do consumidor
é sempre interessante”, analisa Fernandes.
“Grande ganho para o consumidor,
carência é um processo complicado
quando o cliente tem necessidade de um
atendimento e ainda está em período do
cumprimento”, defende a corretora Rosa
Antunes.
“É uma evolução, na medida em
que autoriza a portabilidade em qualquer
período do contrato, sem a janela
de quatro meses após o aniversário do
plano, conforme era anteriormente,
assim como permite a mudança para
um plano com cobertura mais ampla”,
analisa Nascimento. “Por outro lado, a
portabilidade não ser intermediada por
um corretor, que é o canal de vendas de
todas as operadoras, deixa de ser uma
opção de oferta por esses profissionais,
que acabam não tendo estímulo para
oferecer ao cliente uma alternativa para
adequar seu plano”.
27
especial saúde | telemedicina
Avanços para
operadoras e
usuários
O atendimento
proporciona um
primeiro contato
com o paciente
que percebe algum
contratempo de
saúde, de forma
rápida e conveniente,
sem expô-lo ao
ambiente hospitalar e
reduzindo custos para
todos
Thaís Ruco
28
O
futuro caminha para as
consultas online. Mesmo
que ainda não disponibilizem
este serviço, algumas
operadoras brasileiras já trabalham com
a orientação a distância, o que traz uma
série de benefícios a todos.
A Omint, por exemplo, ainda não
realiza consultas online mas, desde
2018, oferece um serviço de triagem e
orientação pediátrica por meio de uma
plataforma segura de teleconferência,
o Dr. Omint Digital. “O objetivo é proporcionar
a orientação pediátrica por
teleconferência como ferramenta de
logística: os pais podem se aconselhar
com o médico por videoconferência
em tempo real e, desta forma, o médico
orienta quanto às medidas a serem tomadas
diante da situação – desde a administração
de medicamento sintomático,
que não precisa de receita médica (para
febre ou náusea, por exemplo), ou então
encaminhar um pediatra ao domicílio
para um atendimento, ou até ao pronto
atendimento quando a situação não
consegue ser resolvida em casa”, afirma
Marcos Loreto, diretor Médico Técnico
da operadora.
A healthtech americana Sharecare
chegou ao Brasil oferecendo soluções
em gestão de saúde e estabeleceu
parceria com a SulAmérica. “Ambos
os parceiros estão gerando valor significativo
para seus negócios e, mais
importante, os clientes corporativos
da seguradora obtém o benefício de
melhorar a saúde de seus funcionários
através dos programas e soluções, com
impacto financeiro positivo”, diz o sócio
fundador da healthtech, Jeff Arnold.
“Com base no sucesso da parceria que
realizamos, ampliamos nosso relacionamento
com outras seguradoras líderes
no mercado brasileiro”, adianta. Cerca
de 70 milhões de membros têm acesso
à Sharecare mundialmente, sendo 3
milhões no Brasil.
Maior empresa global especializada
em serviços médicos à distância, a
companhia americana Teladoc Health
viu sua operação no Brasil crescer
81% desde quando chegou ao país, em
junho do ano passado. Saltou de 350
mil para 700 mil vidas em carteira no
❙❙Marcos Loreto, da Omint
período e projeta alcançar 1 milhão
de usuários em 2020. Oferece seus
serviços para operadoras como Porto
Seguro e hospitais como Sírio Libanês
e Oswaldo Cruz. “As empresas clientes
da Teladoc estimulam a utilização. O
objetivo é a melhora na qualidade do
acesso ao plano de saúde e a economia
gerada que pode ficar entre 8% e 27%,
dependendo dos modelos de utilização
do serviço”, afirma Jean Marc Nieto,
diretor Geral da empresa. Segundo
ele, de cada 10 pessoas propensas a
irem a um pronto socorro, seis acabam
optando por um tipo de atendimento
mais efetivo e barato ao receberem as
orientações. “Hoje, recebemos mais de
30 mil ligações mensais. No ano passado
não passavam de 10 mil. Além do
crescimento de usuários, há também um
aumento progressivo nos indicadores de
utilização dos serviços”.
Realidade no Brasil
A Resolução do Conselho Federal
de Medicina nº 2.227/2018, publicada
dia 03/02/2019, havia regulamentado o
❙❙Jeff Arnold, da Sharecare
29
telemedicina
❙❙Jean Marc Nieto, da Teladoc
atendimento online, assim como telecirurgias
e telediagnósticos. No entanto,
a resolução 2.227/2018 foi revogada já
no dia 22/02/2019, permitindo assim
apenas serviços já regulamentados pela
lei no 1.643 de 2002, como a orientação
médica via videoconferência.
De acordo com André Gamonal,
gerente Comercial da Ampla Consultoria,
corretora especialista em planos de
saúde, as consultas médicas a distância
já são realidade no país há anos. “Em
algumas especialidades, com mais volume
e escala, porém ainda sem efetiva
regulamentação”, frisa. Ele destaca que
existem regras sobre este tipo de consulta:
“A primeira consulta deve ser, de
preferência, presencial, com exceções
para casos de difícil acesso. O paciente
precisa estar acompanhado de um profissional
da área de saúde (médico do
trabalho, enfermeiro, técnico em enfermagem).
O especialista será responsável
pela segurança e sigilo da informação”.
A tendência da orientação médica
por videoconferência é poder colaborar
para democratizar o acesso a
atendimentos de baixa complexidade
e estimular atitudes preventivas. “Na
cidade de São Paulo, por exemplo, os
moradores têm acesso, em média, a
quatro médicos para cada mil habitantes.
Já a população do Nordeste tem
acesso à metade desse número. Em
alguns Estados do Norte, esse número
cai até para menos de um médico por
mil habitantes. Há várias situações em
que a simples orientação clínica feita
por um profissional da saúde pode evitar
quadros complicados”, pontua Dr.
Marcos Loreto, da Omint.
30
O gerente Comercial da Plena Saúde,
Valmir Gomes, ressalta que esse tipo de
atendimento não se volta a segmentos
específicos da população. “Atualmente,
o acesso à internet em celulares e computadores
é praticamente universalizado,
dependendo muito mais da adesão do
paciente às novas tecnologias”.
Para Jean Marc Nieto, o atendimento
tem que ser acessível. “Somente terá
impacto se isso for massificado, se ficar
limitado a uma parcela da população, não
alcançaremos a economia almejada”. Na
visão de André Gamonal, “apesar de não
ser voltado para um segmento específico,
provavelmente os serviços serão difundidos
entre jovens ou pessoas mais adeptas
e abertas às novidades e tecnologia”.
Pontos sensíveis
Apesar da evidente vantagem de
evitar a consulta presencial quando possível,
economizando tempo e dinheiro
de ambas as partes, existem também as
polêmicas quanto aos pontos sensíveis
da telemedicina.
“Um projeto de telemedicina precisa
ser robusto e, acima de tudo alicerçado
em uma plataforma que garanta o sigilo
da informação, compliance e ética”,
afirma Marcos Loreto. “Achar que a
telemedicina é simplesmente uma teleconferência
entre médico e paciente é
colocar em risco todos os princípios de
uma telemedicina ética e responsável”.
Outros fatores de dificuldade são
inerentes à população brasileira. “Ainda
há desconfiança por parte de alguns
pacientes, acesso restrito à internet de
qualidade e, principalmente, a mudança
de cultura para os protagonistas deste
❙❙Valmir Gomes, da Plena Saúde
❙❙André Gamonal, da Ampla Consultoria
novo cenário, inevitável ao futuro próximo
e já solidificado em outros países”,
argumenta André Gamonal.
“Sem dúvida, existe um preconceito,
tanto entre os pacientes como
entre os próprios médicos, uma vez
que a medicina baseia-se no contato
direto e no exame físico”, analisa Valmir
Gomes. “Os brasileiros estão acostumados
a telefonar e trocar mensagens
com seus médicos, por isso a consulta
através de plataformas seria o passo seguinte.
Além disso, discute-se também
cirurgias remotas através da tecnologia
robótica, o que é um avanço no sentido
de permitir que um médico altamente
especializado possa operar um paciente
a distância”, relata.
“Qualquer nova tecnologia encontra
resistência. O que tem que ser feito é
educar tanto a classe médica, sobre a utilização,
como os pacientes”, argumenta
Jean Marc Nieto. “Vemos casos de alguns
países, como Estados Unidos, que tinham
uma pequena utilização e, de repente,
houve um efeito de manada, estourou, e
hoje 70% da população utiliza a telemedicina”,
conta. “Vamos fazer o aculturamento
mostrando os benefícios, assim
conseguimos reduzir esses obstáculos”.
Para Jeff Arnold, da Sharecare, este é
um momento empolgante para as empresas
de saúde no Brasil, já que o mercado
de saúde está se tornando mais dinâmico
a cada dia, com maiores investimentos
e desejo de promover mudanças. “As
empresas healthtechs desempenharão um
papel significativo para ajudar o mercado
a ser mais eficiente e eficaz em alta escala,
para causar impacto em dezenas de
milhões de pessoas no Brasil”.
especial saúde | produto
Care Plus lança Mental Health,
o primeiro programa focado
em saúde mental
Com objetivo de colocar doenças
mentais e físicas no mesmo
nível de importância e garantir
coberturas e tratamentos de
acordo com a necessidade de
cada paciente, o Mental Health
inclui de sensibilização e
treinamento de gestores a
suporte 24 horas com psicólogos
Quantas vezes o profissional de
RH ou gestor esteve diante
de casos de afastamento de
colaboradores por questões
de ansiedade, depressão e outras doenças
mentais no último ano? Segundo
dados da Organização Mundial de Saúde
(OMS), o Brasil é o país mais deprimido
e ansioso da América Latina. O mais recente
relatório da organização, divulgado
no fim de 2018, mostra que, nos últimos
dez anos, o número de pessoas com
depressão no mundo aumentou 18,4%.
Esse dado corresponde a 322 milhões de
indivíduos, ou 4,4% da população global.
O crescimento do número de casos
de depressão, ansiedade e burnout é
um desafio para as áreas de Recursos
Humanos das corporações. Por mais
que as empresas ofereçam ambientes
e soluções para tornar o dia a dia do
colaborador melhor e mais saudável, a
depressão é a doença do século e, com
frequência, é preciso lidar com pessoas
que receberam esse tipo de diagnóstico.
Nas empresas, isso gera dúvidas e
muitas equipes esbarram na falta de conhecimento
especializado e de suporte
profissional.
“Mente e corpo estão intimamente
ligados e o nosso objetivo é dar a mesma
atenção a doenças físicas e mentais,
afinal, sabemos que qualquer um desses
dois tipos de patologias pode limitar
parcial ou completamente o dia a dia e a
vida profissional de uma pessoa”, explica
o diretor médico da Care Plus, Ricardo
Salem Ribeiro.
Nesse cenário tão desafiador e impactante,
a Care Plus desenvolveu um
novo modelo de atendimento pensando
exclusivamente no equilíbrio emocional
de seus beneficiários. A ideia veio
da experiência diária de lidar com a
regulação em relação a esse tipo de
transtorno. A operadora percebeu que
precisava ir além do rol para dar aos seus
beneficiários um tratamento eficiente.
Partindo desse ponto, profissionais de
diversas áreas mergulharam no tema.
Foram horas de estudos e workshops
com especialistas em design thinking
a fim de se aprofundar na jornada dos
pacientes e de seus familiares.
Esse serviço tem o beneficiário como
centro de todo o processo. Ele inclui,
também, a sensibilização de gestores e
a entrega de um serviço de concierge
ao paciente para facilitar e integrar o
atendimento que deve ser humanizado
e acolhedor. Vale destacar que as famílias
também poderão ser envolvidas no
tratamento, já que é comprovado que o
apoio de um ente querido é extremamente
importante e um grande facilitador
no tratamento, principalmente porque
uma pessoa com equilíbrio emocional
conturbado impacta diretamente no seu
convívio familiar.
31
especial saúde | prestadora
Grupo Hospitalar Vida´s inaugura
unidade avançada no Campo Limpo
Nova unidade atenderá
a demanda de vários
bairros da região
metropolitana de São
Paulo, como Capão
Redondo, Jardim
Ângela, Itapecerica da
Serra e toda a região
de Taboão da Serra
Equipe Comercial da Ameplan prestigiou o evento de inauguração da nova Unidade
Dr. Ali Taha, presidente e Muntaha Taha,
diretora executiva do Grupo Hospitalar
Vida’s e Shaima Moussa, Coordenadora
da Unidade de Pronto Atendimento
Campo Limpo
No dia 14 de junho, o Grupo
Hospitalar Vida’s inaugurou
uma Unidade Avançada de
Pronto Atendimento Adulto
e Infantil no bairro do Campo Limpo.
A nova unidade é um facilitador dos
hospitais do Grupo e agiliza o acesso do
paciente que necessita de atendimento
mais perto de sua casa.
Capacitada para realizar cerca de
até 3.000 atendimentos mensais, entre
pronto atendimento e consultas ambulatoriais
para pacientes de convênios
variados e particulares, a unidade receberá
pessoas de todos os bairros dos
arredores, dentre os quais Campo Limpo,
Capão Redondo, Jardim Ângela, Itapecerica
da Serra, toda a região de Taboão
da Serra. Trata-se de uma expansão do
32
Hospital Infantil e Maternidade Vida´s,
no bairro do Campo Grande/Interlagos.
Dr. Ali Hussein Ibrahin Taha, presidente
do Grupo, conta que o paciente
será atendido rapidamente pois, além
de pronto atendimento e consultas ambulatoriais,
a unidade oferece exames
laboratoriais e de imagem, como ultrassonografia,
Raios- X, eletrocardiograma,
entre outros.
A Unidade Avançada Campo Limpo
é parte da Rede Referenciada da Ameplan.
Laureci Zeviani, diretor comercial
da operadora, ressalta que a nova unidade
será de grande importância para os beneficiários
da Ameplan, pois corrobora
com a filosofia da instituição de estar
sempre próxima de seus clientes, levando
tratamentos de saúde com conforto e qualidade.
“Este é um exemplo da gestão de
custos assistenciais, dentro do movimento
de verticalização que se consolidou no
mercado”, pontua Zeviani.
O Grupo Hospitalar Vida’s inaugurou,
no início deste ano, uma unidade
similar no bairro do Tatuapé e tem outras
projeções de UPA´s para atender a periferia
de São Paulo. A próxima meta é
na região oeste, além do hospital de alta
complexidade que está em obras finais e
de acabamento na zona norte da cidade.
Segundo o presidente, o Grupo
Hospitalar Vida’s já está verticalizado,
com hospitais, maternidade, centros de
diagnóstico, ambulatórios médicos e
agora as UPA’s. Todos os investimentos
são feitos com recursos próprios.
A Unidade Avançada do Campo
Limpo vai oferecer pronto atendimento
adulto e infantil de segunda a sexta-feira,
das 8 às 22h, e aos sábados das 8 às 15h,
além de consultas com hora marcada em
diversas especialidades, inclusive ortopedia
de segunda a sexta-feira das 8 às 18h,
e aos sábados das 8 às 13h, e exames de
imagem e laboratoriais.
Ala de espera de Pediatria no Pronto
Atendimento Infantil da nova Unidade
A Unidade Avançada de Pronto
Atendimento Vida’s fica na Estrada de
Itapecerica, 2687, no bairro do Campo
Limpo, São Paulo
publieditorial | consumidores
Bradesco Auto/RE personaliza
seguro para correntistas e projeta
crescimento nessa base de clientes
No mês de lançamento do produto, o desempenho da
seguradora atingiu o maior percentual dos últimos meses
Para manter a carteira
com números positivos
em um cenário
economicamente instável,
muitas seguradoras estão
diversificando a estratégia de
mercado, focando em clientes
“da casa”, ou seja, que já possuam
outras experiências com a
holding a qual pertencem. Com
este intuito, a Bradesco Auto/
RE, empresa do Grupo Bradesco
Seguros, desenvolveu o produto
❙ Auto Correntista, focado no ❙ Saint’Clair
cliente pessoa física do Banco Bradesco,
uma das maiores instituições bancárias
da América Latina, com mais de 23
milhões de correntistas. Com essa base
de clientes expressiva e aproveitando a
segmentação já estabelecida pelo banco,
a companhia alcançou bons resultados
em pouco tempo. Na entrevista a seguir,
o Diretor Técnico da Bradesco Auto/RE,
Saint’Clair Lima, destaca os principais
pontos da estratégia e conta como o novo
produto deve auxiliar o Grupo a duplicar
a carteira nos próximos anos.
O produto foi lançado em maio e,
mesmo assim, já teve muita procura por
todo o país. Quais são as principais vantagens?
Havia uma demanda reprimida
de clientes do banco?
Os benefícios vão desde descontos e
parcelamentos ampliados na contratação
até guinchos para terceiros e franquias
com valores reduzidos, para serviços
realizados nas oficinas indicadas pelo
Bradesco Auto Center, rede de centros
automotivos da seguradora, distribuída
em 18 estados do país. A segmentação
existente no banco foi primordial para
oferecer um produto adequado à realidade
de cada cliente, focando no que mais
Lima
lhe atende e com preços e condições
apropriadas para cada perfil. Temos
um país com dimensões continentais e,
consequentemente, muito diverso econômica
e culturalmente. Acreditamos
que, ao oferecermos exatamente o que o
cliente precisa, crescemos junto com ele
e o fidelizamos em mais uma empresa
do Grupo.
A resposta dos clientes foi praticamente
imediata. Existe uma projeção a
longo prazo? Quanto esperam crescer
ainda em 2019?
A abordagem a este público
foi feita de forma diferenciada
e, somente no mês de lançamento,
que aconteceu em maio
deste ano, o desempenho da
Bradesco Auto/RE atingiu um
crescimento no segmento de
18%. O resultado foi rápido e o
Grupo estima dobrar a carteira
nos próximos anos.
Existe algum diferencial
para o público de alta renda?
Sim, no Prime/Private o
cliente conta com serviços exclusivos,
como carro reserva para um período de
15 dias e o programa Repare Fácil, um
pacote de benefícios que oferece o conserto
de pequenos e médios amassados
e funilaria rápida na lataria ou parachoque.
A contratação está disponível
em todo o Brasil. Por meio do Repare
Fácil, por exemplo, é possível reparar até
100% do dano evitando a perda do valor
de mercado do veículo.
Conheça as vantagens que já são
oferecidas para cada segmentação de
clientes do banco:
VANTAGENS CLASSIC EXCLUSIVE PRIME/PRIVATE
Desconto no prêmio 5% 7% 10%
Cobertura para veículo 0km 6 meses 9 meses 12 meses
Carro reserva plus - 15 dias T X T X R
Programa repare fácil T X T X R
KM ilimitado T X T X R
Título de capitalização T X
R$100 mil R$200 mil
Mais 50% na cobertura de RCF - DC T X T X R
Guincho para terceiros R R R
Desconto na franquia 25% 27% 30%
Pagamento sem juros 10%
*título de capitalização: valor bruto
33
eventos | ciab
Meia década de trilha
Curt Zimmermann, diretor de TI e Operações da Bradesco Seguros;
Luis Freitas, gerente de Tecnologia da Informação da CNseg;
Venugopal Shivram, consultor sênior Estratégico de Analytics e
Big Data da Tata Consultancy Services (TCS)
Em meio aos desafios que
o mercado de seguros
enfrenta para virar a chave
para o mundo digital, o setor
consolida sua presença,
pelo quinto ano seguido,
no maior congresso de
tecnologia bancária. Os
painéis trataram de temas
que foram da inovação à
contabilidade no Brasil e
no exterior. Faltou espaço.
Sobrou interesse
Elis Lopes
Sala lotada. Pessoas em pé.
Esse foi o cenário base dos
dois dias da Trilha de Seguros
durante a 29ª edição do
CIAB, tradicional feira de tecnologia
bancária, promovida pela Federação
Brasileira de Bancos (Febraban) e que
contou com a Confederação Nacional
das Seguradoras (CNseg) como parceira
estratégica. O interesse tem como pano
de fundo o potencial que a tecnologia e
a inovação representam para o mercado
de seguros brasileiro crescer e galgar
mais espaço no Produto Interno Bruto
(PIB) brasileiro.
O digital ainda representa um mar
aberto a ser explorado pelas seguradoras
e corretores de seguros no Brasil. De
quebra, ainda permite um atendimento
mais confortável aos segurados. “A
digitização amplia as oportunidades da
contratação de seguros pelo mobile. O
canal se torna mais amigável. Afinal, não
é nada agradável ficar fazendo cotação
de automóvel no celular digitando chassi
e renavan”, avaliou o diretor setorial
de tecnologia e automação bancária da
Febraban, Gustavo Fosse, em entrevista
à Apólice, durante o CIAB.
34
Segundo o especialista, a partir do
momento em que se automatiza e melhora
a usabilidade do consumidor nos
canais digitais, é possível intensificar a
interação com o segurado. Ele chama
atenção ainda para os benefícios que a
inteligência artificial, similar à de um
ser humano, mas feita por mecanismos,
pode trazer para o mercado de seguros,
ajudando no desafio do setor de atuar
como um consultor dos segurados. “Você
não vende mais somente seguro de carro
e sim a segurança de um carro. É um
passo além, é focar no serviço e não no
produto”, atentou Fosse.
Não é à toa que um dos momentos
mais disputados da Trilha de Seguros
durante o congresso foi o painel “As
redes sociais e o comportamento dos
consumidores”. “Não tinha mais espaço
na sala. Apesar de o tamanho da Trilha
de Seguros ter sido o mesmo dos últimos
anos, o interesse no tema cresceu muito”,
comemorou o diretor Técnico e de Estudos
da CNseg, Alexandre Leal, que atuou
como moderador dos painéis.
A cereja do bolo foi a participação
do diretor de Marketing Science do
Facebook na América Latina, Daniel
Arantes, que trouxe números atualizados
das redes sociais do grupo. De acordo
com ele, enquanto o Instagram conta com
mais de um bilhão de usuários mensais, o
Facebook já possui cerca de 2,2 bilhões
de membros. O fato de quase um terço
da população mundial ter perfis seja no
Facebook ou na rede de fotos Instagram,
conforme Arantes, mostra que o consumidor
está “superconectado”. Mais do
que isso. Ele já atua em multicanais e não
busca ofertas únicas, ou seja, apenas de
uma empresa, premissa básica na venda
de seguros. No entanto, as redes sociais
podem ser aproveitadas, na visão do
especialista, não apenas para conhecer
melhor o cliente mas também vender
produtos e serviços.
Para o responsável por tecnologia
da informação da Porto Seguro, Marcos
Sirelli, o canal é o caminho para conectar
as seguradoras com outras redes e, com
isso, aprimorar a oferta de produtos e
serviços do setor de seguros. “Ainda
temos muito a explorar para chegar a um
produto personalizado. Mas, certamente,
a rede social será o caminho. Ela é muito
poderosa”, disse, acrescentando sobre
a necessidade de a interação com os
segurados nas redes sociais não invadir
a barreira da privacidade.
Enquanto de um lado o setor testa
maneiras de se relacionar melhor com
os clientes, do outro investe em tecnologias
digitais que viabilizem não só essa
aproximação bem como melhore esse
contato, o que no fim do dia permitirá
aumentar as vendas. Durante painel
sobre o tema, o indiano Venugopal Shivram,
consultor sênior Estratégico de
Analytics e Big Data da Tata Consultancy
Services (TCS), trouxe vários exemplos
de iniciativas bem-sucedidas no setor ao
redor do mundo como, por exemplo, uma
seguradora de vida nos Estados Unidos
que se utiliza de uma “selfie” para fazer
a cotação de uma apólice. Segundo
ele, o mercado de seguros tem investido
pesado na adoção de tecnologias
como a inteligência artificial, machine
learning (aprendizado da máquina) e
automação cognitiva. Essas ferramentas,
todas utilizadas na melhoria da análise
de dados, são, conforme o especialista,
essenciais para que o mercado de seguros
evolua para uma análise de risco personalizada
para cada segurado no futuro, uma
forte mudança para as atuais práticas do
setor que vigoram até então.
“Também acredito que o mercado
caminha para a personalização das
ofertas, mas temos de aprender como
precificá-las. Muitas vezes vemos que o
preço não faz sentido para muitas pessoas
dentro de um grupo. Temos muito a
aprender”, admitiu o diretor da Bradesco
Seguros, Curt Zimmermann.
“O disruptivo não manda
sinais. Quando ele vem, já
estamos absortos”
Alexandre Leal
Diretor Técnico e de Estudos da CNseg
Disruptivo
As novatas do mercado de seguros
– as chamadas insurtechs – começam a
se multiplicar no Brasil, mas falta ainda
capital para decolar novas ideias no mercado
local. A conclusão é da consultoria
everis, que mapeou os investimentos globais
em startups e os apresentou durante
o painel “Insurtechs Outlook – Inovação
em Seguros”, no CIAB. A maior parte
dos recursos é abocanhada pela América
do Norte com 60%, seguida da Europa,
24%, Ásia-Pacífico, 8%, e Israel, com
3%. Outras regiões ficam com os mesmos
3%, enquanto a América Latina recebe
apenas 2% do capital que gira nas novatas.
No Brasil, o número de insurtechs é
estimado em mais de 80, de acordo com a
consultoria, ou seja, a inovação já chegou
por aqui. “Falta fluxo de capital para as
empresas brasileiras, pois não temos fundos
de investimento gigantes atuando no
País”, destacou o sócio-responsável pela
prática de Seguros na região Américas,
Roberto Ciccone.
Além do baixo investimento em
regiões como a América Latina, a pesquisa
identificou ainda a influência de
pesos pesados do mundo da tecnologia
na distribuição de seguros como a
Amazon e o Google. Para o diretor de
seguros do Santander Brasil e presidente
da Comissão de Inteligência de Mercado
da CNseg, Alex Körner, o que preocupa
não é a presença desses gigantes, mas
a capacidade que esses players têm de
traduzir a compra de seguros de uma
forma mais fácil que o próprio segmento.
“Se não mudarmos, vamos ficar para
trás”, atentou.
De acordo com Leal, da CNseg, o
fato de as insurtechs e as inovações serem
incrementais ao mercado de seguros, em
um primeiro momento, gera um certo
alívio porque ajuda a agregar valor ao
negócio. Mas é preciso ir além e investir
para colocar definitivamente o mercado
de seguros em uma trilha tecnológica que
atenda aos anseios do consumidor de uma
forma mais fácil e ágil. “O disruptivo
não manda sinais. Quando ele vem, já
estamos absortos”, alertou Leal.
O ambiente de inovação e tecnologia
da Trilha de Seguros durante o CIAB
também abriu espaço para temas mais
complexos como, por exemplo, o impacto
da nova norma contábil internacional,
o IFRS 17, que trata dos contratos de
seguros. Definida pela International
Accounting Standards Board (IASB),
organização responsável por estabelecer
normas contábeis para empresas ao
redor do mundo, a mudança tem de ser
implementada até 2022. Na prática, a
nova regra vai substituir o IFRS 4, primeira
norma contábil para os contratos
de seguros, uniformizando os processos
utilizados até então. O tema é foco de
um grupo de trabalho na CNseg desde
meados de 2017, quando a mesma foi
publicada. Até o momento, já foram
produzidos, conforme a superintendente
de Acompanhamento Técnico da CNseg,
Karini Madeira, 13 memorandos técnicos
e, no ano passado, foi iniciada uma
discussão junto à Superintendência de
Seguros Privados (Susep). De acordo com
a especialista, as seguradoras têm desenvolvido
estudos internos para entender os
reflexos e as áreas que serão impactadas,
mas o grau de complexidade difere para
cada seguradora. Varia, segundo ela,
conforme o segmento de atuação, os
produtos oferecidos, exposição ao risco,
grau de maturidade e o envolvimento
com a convergência das normas.
Para a superintendente de práticas
contábeis de seguros da SulAmérica,
Flávia Vieira, a norma faz sentido para
a operação de seguros, mas sua implementação
é difícil e vai depender de
cada carteira.
Por fim, a Trilha de Seguros foi palco
de uma apresentação do case “Data
Center a serviço do negócio”, da Tokio
Marine, implantado pela Dell. Com o
investimento, a seguradora japonesa aumentou
a capacidade de processamento
em três vezes e viu seu custo se reduzir
em 64%. “Isso permitiu que dobrássemos
de tamanho em três anos”, avaliou
o CIO da Tokio Marine, Wilson Leal,
lembrando que não é só a tecnologia
que faz parte do processo. “Agora é o
negócio. Precisamos mudar o processo
para que em dois cliques o cliente se
resolva”, concluiu.
35
evento | tecnologia
Samy Hazam, Andre Lauzana, Renato Pedroso, José Luiz Ferreira e Leonardo Freitas
Insurtech & Inovação:
novas fronteiras para
as empresas brasileiras
É provável que o mercado brasileiro de
seguros já esteja em seu ponto de maturação
para colocar em prática as mudanças que o
consumidor deseja
Kelly Lubiato
A
tecnologia está ficando mais
acessível, tanto para empresas
quanto para os consumidores.
Sejam negócios B2B
ou B2C, muito rapidamente. Em 2018,
foram investidos mais de US$ 3 bilhões
em insurtechs, o que estimula a entrada
de novas startups neste setor.
Segundo Jonathan Kalman, fundador
da EOS Venture Capital, centenas
de empresas estão sendo financiadas e
existem ainda os conglomerados gigantes
que olham o mercado, como Amazon,
Tesla, AliBaba entre outros. O fluxo de
financiamento segue com valores de US$
1,2 milhões investidos apenas na América
Latina. “O SoftBank lançou um fundo
de inovação que promete US$ 2 bilhões
apenas para a AL”, justificou Kalman,
que aproveitou para questionar: você vai
surfar nesta onda ou vai se afogar?
Um dos grandes méritos da tecnologia
é encontrar soluções para fazer de
forma diferente as tarefas do cotidiano.
Quando o seu custo cai, ela passa a ser
adotada por um número maior de corporações
e empresas. “Com a curva de
custo decrescente, há uma deflação, o
que possibilita as mudanças. O setor de
seguros precisa ser transformado para
que seja integrado à vida das pessoas sem
esforços”, salientou Kalman.
O executivo, que atua como investidor,
apresentou alguns exemplos de
como a tecnologia pode mudar a vida
das pessoas. “Como setor, em saúde,
devemos passar da fase de cobertura
para a de prevenção. O sequenciamento
do genoma será uma forma de poder
prever o que virá pela frente. O custo do
sequenciamento cai exponencialmente e
isso deve transformar os seguros de vida
e saúde. Em 2025, este custo deve ser
menor que US$ 1”. Entretanto, o pulo do
gato será oferecer esta tecnologia gratuitamente
para as pessoas para melhorar a
distribuição, abrindo a possibilidade de
coleta de dados.
“O objetivo é a simetria das informações,
pois, assim, as pessoas de fora
entendem que podem coletar dados para
criar novos canais de negócios. O seguro
36
precisa mudar e o custo da tecnologia em
queda é fundamental para que a indústria
se reinvente”, sentenciou Kalman.
Citando outra tendência, Kalman
mostrou que como o API é uma forma
do cliente se conectar diretamente com a
seguradora, o corretor terá que se tornar
uma forma de intermediação inteligente.
“O seguro deve fazer parte de nossas vidas
de forma automática, principalmente nos
seguros on demand”, previu, acrescentando
que os corretores serão mais eficientes
e rentáveis, o problema é que o mundo não
vai precisar de tantos corretores.
Várias destas tendências apresentadas
pelo palestrante já puderam ser
observadas na feira do evento. Na
oportunidade, foi lançado o primeiro
marketplace de API´s para o mercado de
seguros, a GR1D. Também foi anunciado
o lançamento de um produto personalizado
de seguro auto, pela Seguralta (leia
na página 18).
Gustavo Doria, CEO do CQCS e do
evento, disse na abertura que estamos
vivendo o momento de transformação
em que as pessoas têm visões diferentes
sobre um mesmo tema. “É a informação
trabalhada para atender objetivos. Que
eles sejam do bem”, pontuou.
O mercado deve estar atento ao que
vai mudar, principalmente quando se
trata de proteção. “Onde nós, do seguro,
nos encaixamos? Qual é o futuro da
proteção?”. A longevidade é um desafio
e precisamos saber de onde virá o Uber
do seguro.
O grande problema do seguro é
mudar o mindset, porque o que o setor
vende é tranquilidade. “Temos que estar
conscientes de que a tecnologia que
impede as pessoas de fazerem trabalhos
chatos, também contribui para convencer
a sociedade de que seguro é bom, de que
ele é livre”, conscientizou Doria.
Mesmo com tantas novidades, o corretor
de seguros ainda ocupa uma posição
de destaque na distribuição dos produtos.
André Lauzana, vice-presidente Comercial
da SulAmérica, ressaltou o quanto o
perfil da sociedade mudou, deixando de
lado a importância de possuir as coisas
e valorizando as experiências e o que as
pessoas e marcas representam. “Assistimos
à mudança de comportamento. As
empresas que entenderem este novo perfil
irão se preocupar em agregar valor ao
produto que comercializam”, sentenciou.
A precificação não deve ser baseada
apenas nos dados atuariais. As empresas
antenadas com a nova realidade devem
precificar de acordo com o comportamento
do consumidor, da forma mais
personalizada possível. “Juntos, seguradoras,
corretoras e insurtechs devem
construir um setor sólido. A conversa
agora é trazer para o mercado o consumidor
que nunca adquiriu um produto de
seguro”, acrescentou Lauzana.
O diretor Comercial da Bradesco
Seguros, Leonardo Freitas, também
apontou que o perfil do consumidor mudou
e que ele, agora, é conectado, bem
informado e busca conteúdo relevante.
“É um público que já nasceu na era tecnológica”.
Ainda falando sobre o perfil
do novo consumidor, Freitas lembrou que
ele não é fiel e confia em comentários
e recomendações de empresas. É um
público que compartilha.
O desafio, segundo Freitas, é entender
o que influencia o consumidor
na compra do seguro. “É onde entra a
consultoria do corretor de seguros, que
pode influenciar a decisão do consumidor.
O corretor, aliado à tecnologia,
pode ocupar um novo mercado, pois a
tecnologia veio para potencializar o seu
negócio”, pontuou.
O presidente da Previsul Seguradora,
Renato Pedroso, explicou que pode ser
que, no futuro, as profissões executórias
não mais existam, como frentistas ou
caixas de supermercado. Entretanto,
advogados ou corretores de seguros,
por exemplo, profissões consultivas que
agregam valor, devem sofrer com as
novas tecnologias, mas serão selecionados
pelo mercado de acordo com a sua
relevância”, previu.
Pedroso demonstrou que para as empresas
é mais acessível investir no corretor
de seguros do que na reversão de leads da
internet, pelo menos, por enquanto.
Apesar de várias mudanças ao
longo dos tempos, com as ameaças da
atuação dos bancos ou da venda direta
possibilitada pela internet, o número de
corretores de seguros só aumentou. Isso
foi demonstrado por José Luiz Ferreira,
❙❙
Gustavo Doria, do CQCS
diretor comercial da Tokio Marine: “o
inimigo não existe na proporção que
estamos vendo”.
Ferreira mostrou que nos maiores
mercados do mundo, mesmo naqueles
em que a venda direta é regulamentada
a proporção de corretores não diminuiu.
Nos Estados Unidos a comercialização
por este meio não passa de 21%, segundo
dados do Insurance Information Institute.
No Japão, 90% das vendas acontecem por
corretores de seguros e agentes. No Reino
Unido, a participação do corretor é de
54%. Alemanha teve aumento da venda
direta por um acerto de acordo com os outros
países. No Brasil, as vendas são 92%
via corretores e 8% de bancassurance.
“Percebemos uma mudança no
comportamento de uso de serviços assistenciais
para o consumidor. Tem gente
que vai caminhar para a tecnologia. O
corretor precisa saber o que tem disponível
para atender o consumidor, seja no
papiro ou no app”, finalizou.
Tem mais
Este evento é a versão brasileira do
ITC – Insurtech Connect – que acontece
em Las Vegas no mês de outubro. Em 2019,
a comitiva brasileira deve passar de 200
pessoas. Os organizadores ainda recebem
inscrições pelo site: cqcsexperience.com.br
O ITC é um dos maiores eventos de
Insurtech mundiais. Em 2018, mais de seis
mil pessoas participaram das palestras e
rodas de negócios. É uma oportunidade
ímpar de se atualizar sobre as tendências
para o setor.
37
comunicação e expressão
por J. B. Oliveira*
Uma estratégia de mãe...
“Estratégia. 1. Arte militar de planejar e executar movimentos
e operações de tropas, navios e/ou aviões, visando
a alcançar ou manter posições relativas e potenciais bélicos
favoráveis a futuras ações táticas sobre determinados objetivos.
(...) 3. P. ext. Arte de aplicar os meios disponíveis com vista
à consecução de objetivos específicos.” (Novo Dicionário
Aurélio da Língua Portuguesa.”
É impressionante o que uma mulher pode fazer por
amor! Quando ama, nada se torna obstáculo intransponível
para ela. De sua fragilidade, emergem forças físicas, morais e
espirituais inimagináveis! De modo especial, a mulher-mãe!
Ao dizer isso, vem-me à mente a figura de minha própria
mãe. Media apenas um metro e cinquenta centímetros (eu
lhe dizia que tinha a estatura exata de uma fita métrica).
Era, além disso, bem magra, pesando não muito mais que
50 quilos. Entretanto, foi gigante em toda sua vida. Aos 17
anos de idade, casou-se com meu pai e, ao longo de 58 anos
– até ele falecer – acompanhou-o em todas as suas muitas e
pesadas lutas. Ele foi um dos desbravadores do então sertão
do extremo oeste de São Paulo, onde hoje se localiza uma
metrópole chamada Presidente Prudente, que conta com cerca
de 210.000 habitantes, e é o polo econômico e sociocultural
da Alta Sorocabana! Entretanto, tudo era sertão quando ali
chegaram. Tanto isso é certo, que a primeira emissora de
rádio instalada no município – a PRI-5 – tinha por slogan
“A voz do sertão”!
Fui o nono de seus dez filhos. E todos recebemos sua
orientação, seu cuidado e sua rigorosa disciplina! Ninguém
falava, aliás, sequer imaginava, um palavrão... Foi com ela que
aprendi a ler a Bíblia, hábito salutar que mantenho até hoje!
Mas não é à minha mãezinha, já há anos “no andar de
cima”, que se refere esta crônica, mas sim a alguém que viveu
muitos séculos antes dela. Chamava-se Joquebede, nome hebraico
que significa “Jeová é glória” (Yoháved). Era esposa de
um homem da tribo de Levi, chamado Anrão. À época desta
história, os hebreus estavam no Egito. Haviam ido para lá 400
anos antes, levados por José, que era o governador daquele
país, a que chegara como escravo! Entretanto, tornara-se o
homem mais forte do Egito, onde o recebeu a denominação
de “Zafenate Paneá”: o salvador do mundo.
Contudo, com o passar de muitas gerações, a situação
dos hebreus mudou. Os privilégios e estima de que gozavam
no início, converteram-se em cruel e pesada escravidão. Isso
porque haviam-se tornado mais numerosos do que os egípcios,
e faraó passou a temer que, em caso de guerra externa, eles
se aliassem aos inimigos. Para conter seu crescimento, faraó
determinou que todos os recém-nascidos de sexo masculino
fossem mortos!
Então, no lar de Joquebede, nasce Moisés! Apesar da
ordem do poderoso governante do Egito, ela o oculta por três
meses, após o que isso se torna difícil e arriscado para toda
a família!
É quando seus coração e mente de mãe engendram um
plano original: faz um cesto de vime, impermeabiliza-o com
betume, deposita nele o bebê, e o coloca no rio, no ponto em
que a filha de faraó se banhava com suas aias...
É claro que – sendo mulher – ao ver a inusitada peça, a
princesa sentiu curiosidade em saber o que havia ali! Vê, então,
chorando, um bebê dos hebreus, muito bonito. Nessa hora,
complementando o plano, Miriam – irmã de Moisés – que
estava estrategicamente posicionada, aparece e diz: “queres
que eu chame uma ama das hebreias para que crie este menino
para ti?”. Com a concordância da princesa, ela traz sua mãe, e
de Moisés, a quem a princesa diz: “Leva este menino, e cria-o
para mim; e eu te darei teu salário.”
Pronto! A estratégia funcionou perfeita e abençoadamente:
Joquebede salva seu filho, cria-o a seu modo, e ainda recebe
salário por isso.
E é esse menino Moisés – o “salvo das águas” – que vai
se tornar o libertador e o maior líder de seu povo!
* J. B. Oliveira é Consultor de Empresas, Professor Universitário, Advogado e Jornalista.
É Autor do livro “Falar Bem é Bem Fácil”, e membro da Academia Cristã de Letras
www.jboliveira.com.br – jboliveira@jbo.com.br
38