Receitas do bem
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World<br />
Recipes<br />
from the<br />
Heart<br />
<strong>Receitas</strong><br />
<strong>do</strong> <strong>bem</strong><br />
ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>
<strong>Receitas</strong><br />
<strong>do</strong> <strong>bem</strong><br />
ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />
World Recipes from the Heart
Realização Produced by<br />
Instituto Mun<strong>do</strong> Jovem<br />
ONG Beneficiada Benefited NGO<br />
Chefs Especiais<br />
Autoria Author<br />
Brueth Carvalho<br />
Coordenação Coordinated by<br />
Brueth Carvalho<br />
Apoio Coordenação Coordination Support<br />
Rafael Silvaro @editoramadreperola<br />
Marcela Jimenez Rodrigues<br />
Pesquisa Research<br />
Rebeka de Souza Borges<br />
Marcela Jimenez Rodrigues<br />
Preparação <strong>do</strong>s textos de abertura<br />
Preparation of opening texts<br />
Soraia Luana Reis @soraia_lreis<br />
Nutricionista Nutritionist<br />
Sheila Mustafá @sheilamustafa<br />
Projeto gráfico e Diagramação Graphic design<br />
Danielle V. Caro<strong>do</strong>so @daniellevcar<strong>do</strong>so<br />
Rebeka de Souza Borges<br />
Cura<strong>do</strong>ria Fotográfica Photographic curatorship<br />
Wilian Aguiar @wcaguiar<br />
Tratamento de imagens Image Editing<br />
Instituto Mun<strong>do</strong> Jovem<br />
Versão para o inglês English version<br />
Instituto Mun<strong>do</strong> Jovem<br />
Martinelli Produções<br />
Revisão Final Proofreading<br />
Instituto Mun<strong>do</strong> Jovem<br />
Leticia Ueno Bonomo<br />
Conversão de medidas para padrão americano<br />
Conversion of measurements to the American standard<br />
Chef Gute e Thiago Pereira <strong>do</strong>s Santos<br />
Capa Cover<br />
Cenário Furnishings<br />
Dedicatto Mobília @dedicattomobilia<br />
Figurino Wardrobe<br />
Anne Carvas @annecarvas<br />
Joias Jewelry<br />
Adriana Scarpelli @adrianascarpelli<br />
Maquiagem e cabelo Makeup and hair<br />
Casa Miracolli @casamiracolli<br />
Mônica Aguirre @monicaaguirreoficial<br />
Giovani Antunes @giovaniantunes_<br />
Foto Photography<br />
Wilian Aguiar @wcmaguiar<br />
Produtora de objeto e gastronomia<br />
Object and gastronomy producer<br />
Luana Prade @luanaprade<br />
Montagem Cover composition<br />
Rodrigo Maragliano @rodrigomaragliano<br />
Agradecimentos aos participantes <strong>do</strong> livro<br />
Thanks to those participating in the book<br />
Chef Ana Luiza Trajano<br />
Chef Bolinha<br />
Chef Claudio Aliperti<br />
Chef Daniela Diniz<br />
Chef Dona Dalva<br />
Chef Gute<br />
Chef Henrique Fogaça<br />
Chef Herbert Steiner<br />
Chef Hernandes Kazunori Fujino<br />
Chef Leila Youssef<br />
Chef Luiz Carlos Santi<br />
Chef Marco Silva<br />
Chef Melanito Biyouha<br />
Chef Olga Vereiski<br />
Chef Oscar Bosch<br />
Chef Patrícia Abbud<br />
Chef Telma Shiraishi<br />
Chef Zupa Silva<br />
Dom João Baptista Barbosa Neto, OSB Monge<br />
(Receita <strong>do</strong> livro Cozinhe com os Monges, de autoria de Dom João Baptista Barbosa<br />
Neto, OSB e Sandra Marina Witkowski, publica<strong>do</strong> pela Editora Planeta, em 2018).<br />
CIP – Da<strong>do</strong>s de catalogação na publicação<br />
Carvalho, Brueth<br />
<strong>Receitas</strong> <strong>do</strong> <strong>bem</strong> ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. World Recipes from the Heart. Brueth<br />
Carvalho. – 1. ed. – São Paulo: Instituto Mun<strong>do</strong> Jovem, 2019.<br />
100 p.; 31 cm.<br />
ISBN: 978-65-80643-00-4<br />
1. Culinária. 2. Filantropia. 3. Solidariedade. 4. Chefs especiais. 5. Usos e<br />
costumes. 6. <strong>Receitas</strong>. 7. Gastronomia. 8. Cultura gastronômica. I. Título.<br />
C331<br />
CDD641.5
<strong>Receitas</strong><br />
<strong>do</strong> <strong>bem</strong><br />
ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />
World Recipes from the Heart<br />
Patrocínio Sponsored by<br />
Apoio Supported by<br />
Realização Brought to you by
SUMÁRIO CONTENTS<br />
Uma viagem pela história da culinária A journey through culinary history<br />
Os sabores ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> Flavors around the world<br />
Prefácio Foreword<br />
6-7<br />
8<br />
10-11<br />
A<br />
Arroz-<strong>do</strong>ce Rice Pudding<br />
Acarajé Acarajé<br />
12<br />
16<br />
B<br />
Bobotie Bobotie<br />
Bolinho de Piracuí Piracuí Balls<br />
20<br />
24<br />
E<br />
Estrogonofe Beef Stroganoff<br />
28<br />
F<br />
Feijoada Feijoada<br />
32<br />
J<br />
Joelho de Porco Ham Hock<br />
36<br />
M<br />
Macaron Macaron<br />
Malabie Malabi<br />
Moqueca Capixaba Capixaba Moqueca<br />
40<br />
44<br />
48
N<br />
52<br />
56<br />
Nhoque de Mandioquinha e Batata Mandioquinha and Potato Gnocchi<br />
Noodle Noodles<br />
O<br />
60<br />
Ozoni, a sopa da prosperidade Ozoni, the soup of prosperity<br />
P<br />
64<br />
68<br />
72<br />
76<br />
Paella Paella<br />
Panetone Panettone<br />
Pão de Queijo Cheese Bread<br />
Pastel de Nata Portuguese Custard Tart<br />
Q<br />
80<br />
Quibe Kibbeh<br />
T<br />
84<br />
Torta de Abóbora Pumpkin pie<br />
98<br />
99<br />
Instituto Chefs Especiais Instituto Chefs Especiais<br />
Referências References
UMA VIAGEM PELA<br />
HISTÓRIA DA CULINÁRIA<br />
Este livro revela histórias de receitas que surgiram ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> com o intuito de fazer o <strong>bem</strong>. <strong>Receitas</strong> que alimentam não apenas<br />
o corpo, mas a alma.<br />
Esperamos que gostem de cada uma das histórias aqui retratadas, as quais pesquisamos e escolhemos com o maior carinho.<br />
Acreditamos que a maior parte das receitas são conhecidas, mas que nem to<strong>do</strong>s sa<strong>bem</strong> a história <strong>do</strong> <strong>bem</strong> que há por trás delas.<br />
Ao to<strong>do</strong>, foram selecionadas dezoito receitas, sen<strong>do</strong> seis <strong>do</strong> Brasil e <strong>do</strong>ze oriundas de outras partes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />
Que essas receitas sejam reproduzidas, suas histórias recontadas, e que possamos ter consciência de que a cozinha é um lugar mágico, que<br />
consegue unir pessoas, culturas e transforme, pela alquimia da cozinha, ingredientes em amor.<br />
Nossa viagem culinária pelas receitas <strong>do</strong> <strong>bem</strong>, antes, trará a história <strong>do</strong> arroz-<strong>do</strong>ce, essa receita comprova que é possível unir, nem que<br />
seja pela culinária, pessoas <strong>do</strong>s mais diversos continentes.<br />
Em um mun<strong>do</strong> que precisa de mais união e amor, que essas histórias nos sirvam de inspiração!<br />
Brueth Carvalho<br />
6
A JOURNEY THROUGH<br />
CULINARY HISTORY<br />
This book portrays the stories of recipes from around the world that have the purpose of <strong>do</strong>ing good.<br />
Recipes that nourish not only the body, but also the soul.<br />
We hope you enjoy each one of the stories here, which we have researched and chosen with care.<br />
We believe that most of the recipes are well known, but not everyone is familiar with the story of goodwill behind them.<br />
In all, eighteen recipes were selected, with twelve originating from around the world and six from Brazil.<br />
May these recipes be copied, may their stories be told over and over, and may we become aware that the kitchen is a magical place, which<br />
brings people and cultures together and transforms them into love through the alchemy of ingredients.<br />
Our culinary journey through recipes from the heart, will first tell the story of rice pudding; this recipe shows that we can bring people<br />
from the various continents together, even if through cooking!<br />
In a world in need of more unity and love, may these stories inspire us!<br />
Brueth Carvalho<br />
7
OS SABORES AO REDOR DO MUNDO<br />
FLAVORS AROUND THE WORLD<br />
Qualquer receita tem intrínseco o sabor da alma e da saudade, de momentos e de histórias. As receitas <strong>do</strong> <strong>bem</strong> trazem consigo diferentes<br />
culturas e tradições da história da humanidade e têm o poder de manifestar, em cada um, os melhores sentimentos que essas preparações<br />
podem gerar.<br />
Durante a leitura deste livro, seremos leva<strong>do</strong>s a momentos da história da culinária e a hábitos e costumes de diferentes povos, tu<strong>do</strong> isso por<br />
meio de explanações que aguçam a imaginação, os senti<strong>do</strong>s e permitem despertar a curiosidade e o desejo.<br />
Unir sabor e saúde não é uma tarefa difícil, vale lembrar que há milhares de anos essa prática está relacionada ao prazer e sentimentos.<br />
Por isso a culinária, que no conceito original é a arte e a técnica de cozinhar, se apresenta de maneira distinta nesta obra, pois aqui estão<br />
refletidas a identidade e o bom gosto das diferentes culturas, que evoluem de acor<strong>do</strong> com sua história, traduzin<strong>do</strong> de forma deliciosa os<br />
aspectos culturais e a maneira única de ser de cada uma delas.<br />
Como nutricionista e apaixonada por novos sabores e curiosidades, convi<strong>do</strong> você a percorrer o caminho da culinária e conhecer sabores<br />
de diferentes cantos <strong>do</strong> planeta por meio desta riqueza de conteú<strong>do</strong>, preparada com tanto amor e carinho por uma competente equipe de<br />
profissionais de excelência.<br />
Boa leitura!<br />
Any recipe has, in its essence, flavors of the soul and longing, moments and history. Recipes from the heart carry different cultures and<br />
traditions within them, according to the history of humanity, manifesting these preparations in each person’s memory.<br />
While reading this book, we will be transported to moments in culinary history, the habits and customs of different people, the beginning of it all, in<br />
a long journey that stimulates our imagination and palate and sense of smell, allowing our curiosity and desire to be awakened, bringing back scenes<br />
from our past.<br />
Combining flavor and healthy eating isn’t easy and it’s worth remembering that, for thousands of years, this practice has been related to pleasure and<br />
emotions. This is why cuisine, which is defined as the art and technique of cooking, goes further in this book, because it reflects the identity and good<br />
taste of different cultures, which have evolved according to their history, deliciously translating their cultural aspects and uniqueness.<br />
As a nutritionist and passionate about new flavors and curiosities, I invite you to take this culinary journey and learn about its qualities<br />
in different corners of the planet; in an abundance of content prepared with so much love and care by this competent team made up of<br />
professionals of excellence.<br />
Enjoy your reading!<br />
8<br />
Sheila Mustafá<br />
Nutricionista Nutritionist
9<br />
Daniela Romanesi
PREFÁCIO<br />
Se você fechar os olhos por um tempo enquanto cozinha provavelmente vai sentir, lá no fun<strong>do</strong>, algum aroma de tempero, de bife fritan<strong>do</strong>,<br />
de coisa ferven<strong>do</strong>, de assa<strong>do</strong> assan<strong>do</strong>, aquele cheiro quente que leva você lá para a primeira infância. Eu costumo me lembrar de minha<br />
avó, de quem herdei a vontade de experimentar vários sabores. Lembro-me dela quan<strong>do</strong> sinto o cheiro de noz-moscada e alho, de um<br />
delicioso rosbife que vó Liliza preparava. Lembro-me exatamente da sensação da casquinha crocante se quebran<strong>do</strong>, <strong>do</strong> interior rosa<strong>do</strong> e<br />
macio, <strong>do</strong> molho que ela preparava com a mesma carne.<br />
Vez ou outra, o cheiro de manjericão me leva de volta à casa de vó Flora, falecida em 1982. É de saudades dela que não admito, até hoje, um<br />
café da tarde sem cuca, aquele bolo macio coberto com uma farofa crocante. O cheiro <strong>do</strong> cravo. O gosto da canela. É a canela que leva de<br />
volta àqueles tempos, misturada ao arroz que há pouco fervia no leite quente, no açúcar. O arroz-<strong>do</strong>ce é até hoje uma de minhas receitas<br />
favoritas, não só pelo aroma e sabor, mas, principalmente, pelas memórias que o <strong>do</strong>ce me traz.<br />
Apesar da saudade e <strong>do</strong> tempo que existe entre hoje e aquela infância, como é bom entrar nessa viagem que o aroma e o sabor <strong>do</strong>s alimentos<br />
em nós operam. É para motivarmos momentos assim, nos quais a culinária se aproxima <strong>do</strong> seu caráter ritual, primitivo e sagra<strong>do</strong>, que<br />
propomos estas receitas <strong>do</strong> <strong>bem</strong>, mostran<strong>do</strong> que os alimentos possuem um caráter histórico, evidencian<strong>do</strong> uma interação com as pessoas,<br />
com o que pensavam, faziam, ligan<strong>do</strong> a arte de cozinhar à cultura e ao prazer em comer.<br />
Desde suas primeiras origens, as receitas aqui selecionadas apresentam variações, deslocamentos, assimilações e desconstruções que<br />
movimentam novas criações. Algumas, você verá, encontram sua origem em histórias de deuses antigos, crenças e superstições, folclore e<br />
na cultura de determina<strong>do</strong> grupo de pessoas. Alimentos para fertilidade da terra e <strong>do</strong> povo, para louvor e honra, para homenagear.<br />
Aqui reunimos receitas cujas origens quase se perdem no tempo e no espaço. Histórias envolven<strong>do</strong> bondade em tempos de crise, generosidade<br />
em tempos de egoísmo, amizade em tempos de negação. Muitas das histórias envolvem pouca comida para muitas pessoas, ou perío<strong>do</strong>s longos de<br />
inverno nos quais a comida era escassa. São receitas que nascem da partilha, da comunhão, da caridade. São, por isso, receitas <strong>do</strong> <strong>bem</strong>, cercadas<br />
de aromas e sabores que nos farão viajar no tempo, conhecer outros lugares, enxergar um pouco mais o outro, experimentar a vida por um sabor<br />
diferente. Afinal, não é para isso que ela existe?<br />
Convi<strong>do</strong> você a experimentar o <strong>bem</strong>, a fraternidade e a união em volta dessa grande mesa da humanidade. Compartilho aqui neste livro<br />
uma receita de arroz-<strong>do</strong>ce muito especial, esse é um prato que possui versões inúmeras por to<strong>do</strong>s os cantos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Trago a versão<br />
que minha avó Liliza preparava.<br />
Sejam <strong>bem</strong>-vin<strong>do</strong>s ao banquete!<br />
Chef Henrique Fogaça<br />
10
FOREWORD<br />
If you close your eyes for a moment while you cook, and smell the spices, a steak searing, something boiling, a roast in the oven; that<br />
warm smell that takes you back to your early childhood. I usually think of my grandmother, from whom I inherited a desire to try new<br />
flavors. Whenever I smell nutmeg and garlic, I think of the delicious roast beef that my grandma Liliza used to make. I can remember the<br />
exact sensation of the outer crust breaking, its pink and tender inside, the sauce she made from the meat drippings.<br />
Every now and then, the smell of basil takes me back to the home of my grandmother Flora, who passed away in 1982. It’s because I miss<br />
her so much that to this day, I always eat Kuchen cake with midafternoon coffee; the smell of cloves and the taste of cinnamon. Cinnamon<br />
is what takes me back to those days, mixed to the rice that just a moment ago was boiling in hot milk and sugar. Rice pudding is to this<br />
day one of my favorite recipes, not only because of its aroma and flavor, but especially, because of the memories it brings back.<br />
Despite the longing, and the time that exists between now and my childhood, going on this journey of smells and flavors feels good.<br />
We have proposed these recipes from the heart in order to create such moments, in which culinary comes together with its ritualistic,<br />
primitive and sacred nature, demonstrating that food has a historical nature, an interaction with people, with what they thought and did,<br />
linking the art of cooking to culture and the pleasure of eating.<br />
From their earliest origins, the recipes selected here present variations, shifts, assimilations and deconstructions that drive new creations.<br />
Some of them, as you will see, are originated in stories about ancient gods, beliefs and superstitions, folklore and in the culture of a<br />
particular group of people. Food for the fertility of the soil and people, for worshiping and honoring, and to pay tribute.<br />
Here, we have gathered recipes whose origins were practically lost in time and space. Stories involving kindness in times of crises,<br />
generosity in times of selfishness, friendship in times of denial. Many of the stories involve little food for many people, or long winters in<br />
which there were food shortages. These are recipes that originate from sharing, from communion and charity. They are, therefore, recipes<br />
from the heart, surrounded by aromas and flavors that will take us on a journey through time, learn about other places, and understand<br />
others better, experience life through different flavors. After all, isn’t this the purpose of its existence?<br />
I invite you to experience the goodwill, fraternity, unity around this large table of Humanity. In this book, I share a very special Rice<br />
Pudding recipe, which has countless versions around the world. I give you the version that my grandmother Liliza used to make.<br />
Welcome to the feast.<br />
Chef Henrique Fogaça<br />
11
ARROZ-DOCE<br />
RICE PUDDING<br />
BRASIL | BRAZIL<br />
O arroz-<strong>do</strong>ce é uma deliciosa sobremesa que encanta brasileiros, europeus, asiáticos e tantos outros povos até os dias de hoje. A etimologia <strong>do</strong> nome vem <strong>do</strong> sânscrito<br />
sarkara, ou seja, “areia grossa”, significa<strong>do</strong> que acabou dan<strong>do</strong> origem a todas as versões da palavra açúcar nas línguas in<strong>do</strong>-europeias. O açúcar chegou ao Brasil por meio <strong>do</strong>s<br />
portugueses em torno <strong>do</strong> século XVIII, mas sua origem data, aproximadamente, <strong>do</strong> século VI a.C., no Continente Asiático.<br />
Registros mostram que, na época <strong>do</strong> seu surgimento, o arroz era cozi<strong>do</strong> com leite e açúcar. Existem versões de preparo da referida sobremesa utilizadas em cerimônias<br />
budistas, em séculos anteriores a Cristo, que misturavam somente o açúcar ao arroz. Esses relatos de receitas antigas ajudam a constatar a importância dessa<br />
magnífica receita no mun<strong>do</strong>. Não é possível ter certeza <strong>do</strong> tipo de esforço que o preparo exigia, o que podemos afirmar é que hoje ela é uma receita a<strong>do</strong>rada em to<strong>do</strong>s<br />
os continentes <strong>do</strong> globo.<br />
O arroz-<strong>do</strong>ce pode ser apresenta<strong>do</strong> de diferentes formas. Na Ásia, é servi<strong>do</strong> nos casamentos hindus. Já para os judeus sefaraditas, a sobremesa é consumida no dia<br />
a dia, com mel, açafrão, mástique – uma espécie de resina aromática – e canela. Champora<strong>do</strong> é o nome que o arroz-<strong>do</strong>ce recebe nas Filipinas e que tem o chocolate<br />
como ingrediente especial. O <strong>do</strong>ce também é conheci<strong>do</strong> pelo nome de Pirinee, nas Ilhas Maldivas e, nessa versão, conta com canela e folhas de pândano. Seguin<strong>do</strong><br />
para a Tailândia, o arroz-<strong>do</strong>ce é chama<strong>do</strong> de Khao Neeo Mamuang, feito com leite de coco e posto na mesa com fatias de manga e muito pouco açúcar. Muitas<br />
pessoas consideram essa receita a melhor versão.<br />
Para os libaneses, a sobremesa é chamada de Roz Bil Hahlib, preparada com água de flor de laranjeira ou de rosas. Em Portugal, canela e gemas de ovo são<br />
acrescentadas ao arroz-<strong>do</strong>ce, transforman<strong>do</strong>-o em uma iguaria. Na Dinamarca, ele é prepara<strong>do</strong> com leite, nata, canela, açúcar, manteiga, amên<strong>do</strong>as trituradas e<br />
lascas de amên<strong>do</strong>a para enfeitar. Nessa região, ele é servi<strong>do</strong> costumeiramente no Natal.<br />
Há uma lenda dinamarquesa que diz que os antigos agricultores ofereciam o arroz-<strong>do</strong>ce aos Nisse, criaturas míticas que viviam escondidas nas fazendas. Eles protegiam<br />
as terras e entregavam os presentes de Natal para as crianças em vez <strong>do</strong> Papai Noel.<br />
Aqui, na terra brasilis, podemos saborear o arroz <strong>do</strong>ce semelhante à sobremesa degustada em Portugal. Claro! Foram eles que nos apresentaram a essa generosa<br />
especialidade. A diferença é que normalmente não colocamos gema, acrescentamos o sublime leite condensa<strong>do</strong> ou até mesmo o <strong>do</strong>ce de leite.<br />
São várias as formas de preparar o arroz-<strong>do</strong>ce. Desejo que, a partir daqui, você deixe sua inspiração e imaginação passearem pelos meandros da gastronomia e faça despertar<br />
o chef que existe em você. Experimente novos ingredientes e sensações, inove cada vez mais. Agora é com você!<br />
Rice Pudding is a delicious dessert that, to this day, delights Brazilians, Europeans, Asians and many others. Its etymology comes from Sanskrit sarkara, in other words, thick sand, which<br />
gave origin to all the other versions of the word sugar in the In<strong>do</strong>-European languages. It came to Brazil with the Portuguese in the 18th century, but its origins date back to around the 6th<br />
century BC in Asia.<br />
Records show that, when it appeared, the rice was cooked with milk and sugar. There are versions about the preparation of the dessert only with sugar, used in Buddhist ceremonies in centuries before<br />
Christ. These reports of the ancient recipes help determine the importance of this magnificent recipe in the world; however, we cannot be certain that its preparation required a lot of effort. What<br />
we can affirm is that nowadays, it is a beloved recipe in all continents around the globe.<br />
Nowadays, rice pudding is served in different ways. In Asia, it is served at Hindu weddings. Sephardic Jews eat it daily with honey, saffron, mastic — a type of aromatic resin —, and<br />
also with cinnamon. In the Philippines, rice pudding is called Champora<strong>do</strong>. In this version of the recipe, chocolate is the special ingredient! It is also known as Pirinee in the Maldives, and<br />
includes cinnamon and pandan leaves. In Thailand, rice pudding is called Khao Neeo Mamuang. It is made with coconut milk, and served with slices of mango and very little sugar. Many<br />
people consider this recipe the best version.<br />
The Lebanese call it Roz Bil Hahlib, prepared with rose or orange flower water. In Portugal, cinnamon and egg yolks are added to rice pudding, turning it into an elaborate dessert. In<br />
Denmark, it is prepared with milk, cream, cinnamon, sugar, butter, ground almonds and garnished with shavings. It is usually served at Christmastime.<br />
There is a Danish legend that says that ancient farmers offered rice pudding to the Nisse — mythical creatures who hid around farms. They protected the land and gave Christmas presents<br />
to children, instead of Santa Claus.<br />
Here, in Brazil, we can savor rice pudding like the dessert enjoyed in Portugal. Of course! They were the ones who introduced us to this generous delicious dish. The difference is that we<br />
usually <strong>do</strong>n’t include egg yolk. On the other hand, we add the magnificent condensed milk or dulce de leche.<br />
There are several ways of making rice pudding and I hope that you can awaken the Chef within you, let your inspiration and imagination flow through the complexities of gastronomy, try<br />
new ingredients and sensations and keep innovating. Now it’s up to you!<br />
12<br />
“Receita <strong>do</strong> <strong>bem</strong> é uma receita feita com amor e carinho”<br />
“A recipe from the heart is prepared with love and care”<br />
Chef Henrique Fogaça<br />
Sal Gastronomia<br />
Sal Gastronomy
13<br />
© DR
ARROZ-DOCE / RICE PUDDING<br />
15 porções servings 40min<br />
Receita por Chef Henrique Fogaça<br />
Recipe by Chef Henrique Fogaça<br />
Ingredientes Ingredients<br />
Calda de caramelo Caramel sauce<br />
300 g de arroz agulhinha ½ cup long-grain rice<br />
300 g de creme de leite ½ cup fresh cream<br />
2 litros de água 2 quarts water<br />
900 g de leite condensa<strong>do</strong> 2 lb condensed milk<br />
500 g de creme de leite 1 lb fresh cream<br />
150 g de água 2 3 cup water<br />
200 g de açúcar 7 8 cup sugar<br />
3 g de flor de sal 1 teaspoon fleur de sel (flower of salt)<br />
6 cravos 6 cloves<br />
3 paus de canela 3 cinnamon sticks<br />
75 g de manteiga 1 3 cup butter<br />
75 g de açúcar 2 3 cup sugar<br />
7 gemas de ovos 7 egg yolks<br />
Mo<strong>do</strong> de preparo Directions<br />
Em uma panela média, coloque a água, o arroz, o creme de leite, as especiarias e o leite condensa<strong>do</strong>.<br />
Misture <strong>bem</strong> e leve ao fogo médio. Espere o arroz cozinhar por cerca de 20 minutos até que fique macio. Mexa com cuida<strong>do</strong> para não grudar. Depois,<br />
tire <strong>do</strong> fogo e reserve.<br />
Em uma batedeira, adicione as gemas com o açúcar até obter um creme esbranquiça<strong>do</strong>. Volte o arroz ao fogo até atingir o ponto de fervura e uma textura<br />
cremosa.<br />
Ao arroz cremoso, junte cuida<strong>do</strong>samente as gemas batidas e mexa, cautelosamente, para não deixar que elas talhem. Para isso, procure adicioná-las aos<br />
poucos. Depois, mexa até que o creme encorpe.<br />
Retire a mistura <strong>do</strong> fogo e acrescente a manteiga gelada, mexen<strong>do</strong> até ela derreter. Em seguida, resfrie o <strong>do</strong>ce e leve-o à geladeira.<br />
Para a calda, em uma panela pequena em fogo médio, coloque o açúcar e a água e mexa até surgir uma calda cor de caramelo claro. Adicione o creme de<br />
leite e deixe reduzir um terço <strong>do</strong> volume. Logo após, retire da panela e adicione a flor de sal.<br />
Sirva o <strong>do</strong>ce quente ou frio e acrescente a calda com a flor de sal.<br />
Wilian Aguiar<br />
In a medium saucepan, add the water, rice, fresh cream, spices and the condensed milk.<br />
Stir over medium heat. Then wait until the rice cooks for about 20 minutes until it’s<br />
fluffy. Stir carefully so it <strong>do</strong>esn’t stick. Remove from heat and set aside.<br />
In a mixer bowl, add the egg yolks with the sugar and mix it until you get a whitish<br />
cream. Place the rice back over heat until it boils and has a creamy texture.<br />
Carefully add the cream with the egg yolks and stir, but be careful so as not to let the<br />
egg yolks curdle; to <strong>do</strong> so, add them gradually. Add the remaining rice pudding and stir<br />
until the cream thickens.<br />
Remove the mixture from heat and add the cold butter, stirring until it melts. Cool and<br />
refrigerate.<br />
For the sauce, mix the sugar and water in a small saucepan over medium heat and wait<br />
until you obtain a light caramel colored syrup. Add the fresh cream and let it reduce<br />
to a third of its volume. Then, remove the saucepan from heat and add the fleur de sel<br />
(flower of salt).<br />
Serve warm or cold, add the sauce and a pinch of fleur de sel.<br />
14
15<br />
Wilian Aguiar
ACARAJÉ<br />
ACARAJÉ<br />
BAHIA | BAHIA<br />
Muitas receitas da nossa culinária não são originárias <strong>do</strong> Brasil. Pelo contrário, vieram de muito longe, <strong>do</strong> outro la<strong>do</strong> <strong>do</strong> oceano.<br />
Com origem na África Ocidental, mas influencia<strong>do</strong> pelo povo árabe a partir <strong>do</strong> século VII, o acarajé pode ser considera<strong>do</strong> uma versão <strong>do</strong> falafel, em que as favas e o<br />
grão de bico foram substituí<strong>do</strong>s pelo feijão fradinho. Aqui no além-mar, em meio às técnicas de engomar, limpar, lavar e, claro, cozinhar, o acarajé contribuiu para a<br />
liberdade de muitas escravas e acabou por se tornar um grande símbolo de resistência cultural no Brasil.<br />
No continente africano ele é chama<strong>do</strong> de Akara, e sua origem etimológica descende <strong>do</strong> iorubá, que significa “bola de fogo”. Chegan<strong>do</strong> no Brasil, o termo recebeu o sufixo<br />
je, que significa “comer”. O nome ficou perfeito! Como bons brasileiros, aprecia<strong>do</strong>res da boa culinária, sa<strong>bem</strong>os que uma comida <strong>bem</strong> feita dá vontade de comer. Esse é<br />
o acarajé, uma delícia que dá água na boca e desejo de devorar...<br />
Na África, o bolinho de acarajé é ofereci<strong>do</strong> aos deuses, mas no Brasil sua importância cultural e social é <strong>bem</strong> maior. Ele também tem participação nas religiões<br />
afrodescendentes presentes no país e, em 2005, o ofício da baiana de acarajé se tornou patrimônio imaterial <strong>do</strong> Brasil.<br />
Não há quem resista a um bom acarajé quentinho em nosso país. Ele nos enfeitiça <strong>do</strong> cheiro ao sabor. Um bolinho feito de massa de feijão fradinho, cebola, sal, frito<br />
no azeite de dendê e que traz um recheio maravilhoso que dá água na boca. Não tente resistir, você não vai conseguir!<br />
E lembre-se, se pedir um acarajé quente para uma baiana, você vai se queimar! O “quente” ou “frio” <strong>do</strong> acarajé se refere à quantidade de pimenta que virá nesse<br />
esplêndi<strong>do</strong> bolinho. Cuida<strong>do</strong> para não ser pego despreveni<strong>do</strong>!<br />
Many recipes in our cuisine <strong>do</strong>n’t originate in Brazil. On the contrary, they came from far away from the other side of the ocean.<br />
Originating in West Africa, but influenced by Arabs starting in the 7th century, the acarajé can be considered as a version of the falafel, in which the beans and chickpeas were substituted<br />
with black-eyed beans. Here, across the ocean, amid ironing, cleaning, washing and of course, cooking techniques, the acarajé contributed to the free<strong>do</strong>m of many slaves and became a<br />
major symbol of cultural resistance in Brazil.<br />
In the African continent, it’s called Akara, and its etymological origin descends from Yoruba, which means “ball of fire”. Upon arriving in Brazil, the term received the suffix je, which means<br />
eat. The name was now perfect. As Brazilians who love good food, we know that delicious food makes us feel like eating! This is the acarajé, a delicious dish that makes your mouth water<br />
and makes you desire to devour it...<br />
In Africa, the acarajé cake is offered to the gods, but its cultural as well as social importance in Brazil is much greater. It’s used in the Afro-descendant religions present in the country. In<br />
2005, the craft of the Bahia Acarajé Women has become an intangible heritage of Brazil.<br />
No one in Brazil can resist a good hot acarajé. We become mesmerized with its flavor and aroma. A cake made from black-eyed bean paste, onions, and salt, deep-fried in Palm oil (dendê oil)<br />
and with a delicious mouth-watering filling. Trying to resist is impossible!<br />
And remember, if you order a hot acarajé from a Baiana, you’ll burn your tongue. Ordering a hot or cold acarajé refers to the amount of chili pepper in this splendid little cake. So be careful<br />
so as not to be caught off guard!<br />
“Uma receita <strong>do</strong> <strong>bem</strong> é feita, sobretu<strong>do</strong>, com muito amor, respeito na seleção <strong>do</strong>s ingredientes e<br />
valorização daqueles que estão envolvi<strong>do</strong>s na preparação. Cozinhar também é rezar”<br />
“A recipe from the heart is prepared especially with a lot of love, respect and the selection of ingredients, and<br />
the appreciation for those who are involved in the preparation. Cooking is also a form of prayer”<br />
16<br />
Chef Zupa Silva<br />
Restaurante Consula<strong>do</strong> da Bahia<br />
Consula<strong>do</strong> da Bahia Restaurant
17<br />
Wilian Aguiar
ACARAJÉ / ACARAJÉ<br />
8 a 10 unidades servings 2h<br />
Receita por Chef Zupa Silva<br />
Recipe by Chef Zupa Silva<br />
Ingredientes Ingredients<br />
Bolinho Cake<br />
1 kg de feijão fradinho 2 lb black-eyed beans<br />
1 cebola pequena 1 small onion<br />
Sal a gosto ½ teaspoon salt to taste<br />
1 litro de azeite de dendê para fritar<br />
1 quart palm oil (dendê oil) for deep-frying<br />
Vatapá<br />
500 g de farinha de rosca 3 cups breadcrumbs<br />
200 g de farinha de trigo 1 1 3 cup flour<br />
2 litros de leite de coco 2 quarts coconut milk<br />
100 ml de azeite de dendê ½ cup Palm oil (dendê oil)<br />
1 cebola grande 1 large onion<br />
1 xícara de xerém de castanha de caju ½ cup ground cashew nuts<br />
1 xícara de xerém de amen<strong>do</strong>im ½ cup ground peanuts<br />
1 xícara de camarão fresco ½ cup fresh shrimp<br />
30 g de gengibre ¼ lb ginger<br />
Recheio Filling<br />
500 g de camarão fresco (limpos e saltea<strong>do</strong>s no azeite de dendê com<br />
cebola, cheiro verde e sal a gosto.<br />
3 cups fresh shrimp, cleaned and sautéed in Palm oil (dendê oil), onion, parsley, chives<br />
and salt to taste.<br />
Salada de tomate picadinho com cebola (estilo vinagrete)<br />
Chopped tomato and onion salad (vinaigrette style)<br />
Mo<strong>do</strong> de preparo Directions<br />
Acarajé<br />
Deixe o feijão de molho por 6 horas. Depois, lave até que saiam todas as cascas.<br />
Escorra <strong>bem</strong> e bata no liquidifica<strong>do</strong>r o feijão, uma cebola e sal a gosto até que fiquem com uma consistência de massa.<br />
Com a massa, faça bolinhos regulares com uma colher, esquente o azeite de dendê a 180ºC e coloque-os para fritar numa panela pequena.<br />
Recheio<br />
Bata no liquidifica<strong>do</strong>r o gengibre, as castanhas, o amen<strong>do</strong>im e o camarão. Reserve.<br />
Em uma panela em fogo baixo, acrescente o leite de coco e coloque, aos poucos, as farinhas de trigo e de rosca mexen<strong>do</strong> <strong>bem</strong>. Na sequência, adicione a<br />
mistura batida no liquidifica<strong>do</strong>r, o azeite de dendê e continue mexen<strong>do</strong> até obter a consistência de vatapá (massa lisa e homogênea).<br />
Corte o acarajé ao meio e recheie com um pouco de vatapá, camarão e vinagrete.<br />
Acarajé<br />
Let the beans soak for 6 hours. Wash them until all seed coats are removed.<br />
Drain well; add one onion and salt to taste, blend this mixture until it turns into a paste.<br />
Roll medium-sized cakes with a spoon, heat the Palm oil (dendê oil) to 180°C (350°F)<br />
and deep-fry them.<br />
Filling<br />
Blend the ginger, cashew nuts, peanuts and shrimp.<br />
Set aside.<br />
In a saucepan over low heat, add the coconut milk and gradually add the two flours,<br />
mixing them well.<br />
Then add the mixture blended in the blender, the Palm oil (dendê oil) and keep stirring<br />
until you obtain a vatapá consistency (smooth and homogenous paste).<br />
Henrique Peron<br />
Open the acarajé in half and fill it with some vatapá, shrimp and vinaigrette.<br />
18
19<br />
Henrique Peron
BOBOTIE<br />
BOBOTIE<br />
ÁFRICA DO SUL | SOUTH AFRICA<br />
O bobotie é um prato tradicional <strong>do</strong> sul da África. Cremoso e com uma crostinha <strong>do</strong>urada, é consumi<strong>do</strong>, principalmente, entre as pessoas mais pobres <strong>do</strong> país. Nelson<br />
Mandela, um <strong>do</strong>s maiores líderes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e figura principal da luta contra o apartheid, a<strong>do</strong>rava essa iguaria.<br />
De acor<strong>do</strong> com a etimologia da palavra, a origem de bobotie vem de malayan boemboe, que significa “curry”. Existem pessoas que afirmam que a palavra provém de uma<br />
receita muito famosa da In<strong>do</strong>nésia, a botok, originária da culinária escrava, derivada <strong>do</strong>s in<strong>do</strong>nésios e malaios. Nessa receita, o coco rala<strong>do</strong> é tempera<strong>do</strong> misturan<strong>do</strong>-o<br />
a outros ingredientes, tais como: anchova, carne, cogumelos, peixe e tofu. Tu<strong>do</strong> é cozi<strong>do</strong> no vapor e envolto em uma folha de bananeira.<br />
O bobotie sul-africano é feito com carne de boi ou de cordeiro. O prato foi, aos poucos, reestrutura<strong>do</strong> pela culinária africana, pois a carne era um alimento muito raro<br />
nos campos in<strong>do</strong>nésios. Ademais, na receita foram acrescidas especiarias e frutas secas, além de uma marcante cobertura de ovos e leite. Há versões desse prato em<br />
que o leite de coco e as frutas são substituídas por especiarias e ingredientes locais.<br />
Hoje, essa deliciosa comida agrada muita gente! Com um sabor raro e marcante, cremoso e delicioso, encanta quem o prova.<br />
Bobotie is a traditional South African dish, which is creamy and has a golden crust; it’s especially consumed among the poorest in the country. Nelson Mandela, one of the most important<br />
leaders in the world and central figure in the struggle against apartheid, loved this delicacy.<br />
According to its etymology, bobotie comes from Malayan boemboe, which means curry. There are those who affirm that the word comes from a famous In<strong>do</strong>nesian recipe, botok, which<br />
originates from the In<strong>do</strong>nesian and Malaysian slave cuisine. In this recipe, the grated coconut is seasoned by mixing it to other ingredients, such as anchovies, meat, mushrooms, fish and<br />
tofu. All steamed and wrapped in a banana leaf.<br />
The South African bobotie is prepared with beef or lamb. The dish made in this way was gradually structured in African cuisine, because beef was rare in the In<strong>do</strong>nesian fields. Spices and<br />
dried fruit were also added to the recipe, in addition to a distinct egg and milk glaze. There are versions of this dish in which the coconut milk and fruit are substituted for local spices and<br />
ingredients.<br />
Nowadays, this delicious dish pleases many people! With a rare and distinct flavor, which is creamy and delicious, it delights those who try it.<br />
“Para mim, uma receita <strong>do</strong> <strong>bem</strong> é aquela feita com o coração e que agrada ao coração”<br />
“I feel that a recipe from the heart is prepared from the heart and also pleases the heart”<br />
20<br />
Chef Melanito Biyouha<br />
Restaurante afro Biyou’Z<br />
Biyou’Z African Restaurant
21<br />
Carlos Ali
BOBOTIE / BOBOTIE<br />
4 porções servings 1h<br />
Receita por Chef Melanito Biyouha<br />
Recipe by Chef Melanito Biyouha<br />
Ingredientes Ingredients<br />
1 pão branco 1 loaf white bread<br />
1 cebola picada 1 onion, chopped<br />
15 g de manteiga ½ oz butter<br />
1 dente de alho amassa<strong>do</strong> 1 clove of garlic, crushed<br />
500 g de carne moída 1 lb ground beef<br />
1 colher de sopa de curry em pó 1 tablespoon curry powder<br />
½ colher de sopa de ervas secas ½ tablespoon dried mixed herbs<br />
2 cravos 2 cloves<br />
½ colher de sopa de pimenta jamaicana<br />
½ tablespoon Jamaican pepper<br />
1 colher de sopa de damascos pica<strong>do</strong>s<br />
1 tablespoon chopped apricots<br />
2 colheres de sopa de uvas-passas 2 tablespoons raisins<br />
150 ml de leite integral 5 fl oz whole milk<br />
2 ovos 2 eggs<br />
Folhas de louro a gosto Bay leaves to taste<br />
Mo<strong>do</strong> de preparo Directions<br />
Preaqueça o forno a 160ºC. Molhe as fatias de pão com água gelada e deixe ensopar.<br />
Frite as cebolas na manteiga por 10 minutos ou até que elas fiquem macias e <strong>do</strong>uradas.<br />
Adicione o alho e a carne e misture <strong>bem</strong> até que fique cozida. Coloque o curry, as ervas, os temperos, os damascos, as uvas-passas e as folhas de louro.<br />
Adicione sal e pimenta preta moída.<br />
Tampe a panela e deixe cozinhar por 10 minutos.<br />
Após isso, retire o excesso de água <strong>do</strong>s pães e coloque-os na panela com a carne, misturan<strong>do</strong> <strong>bem</strong>. Transfira tu<strong>do</strong> para um refratário re<strong>do</strong>n<strong>do</strong>.<br />
Aperte a mistura na parte debaixo e deixe-a mais soltinha na parte da cima. Para a cobertura, bata o leite e os ovos com um pouco de sal e pimenta e<br />
coloque sobre a carne.<br />
Cubra com mais algumas folhas de louro e leve o prato ao forno por 25 a 35 minutos, até que a cobertura comece a <strong>do</strong>urar.<br />
Preheat oven to 160°C (325°F). Dip the slices of bread in cold water and let them soak.<br />
Sauté the onions in butter for 10 minutes or until soft and brown.<br />
Add the garlic and meat and stir until cooked. Add the curry, herbs, spices, apricots,<br />
raisins and bay leaves, salt and ground black pepper.<br />
Cover the pan and let it simmer for 10 minutes.<br />
Then, drain the excess water from the bread and add the slices of meat, stirring them<br />
well. Transfer everything to a round refractory baking dish.<br />
Press part of this <strong>do</strong>ugh to the bottom and leave the other part looser on top. For<br />
the topping, beat the milk and eggs with a pinch of salt and pepper and pour it over<br />
the meat.<br />
Cover it with a few more bay leaves and bake for 25 to 35 minutes, until the topping<br />
browns.<br />
Wilian Aguiar<br />
22
23<br />
Wilian Aguiar
BOLINHO DE PIRACUÍ<br />
PIRACUÍ BALLS<br />
AMAZONAS | AMAZONAS<br />
O belíssimo encontro das águas <strong>do</strong> Rio Amazonas com o Rio Tapajós é um <strong>do</strong>s lugares que to<strong>do</strong> brasileiro deveria conhecer. Esse patrimônio cultural <strong>do</strong><br />
Pará revela uma paisagem que diz muito sobre nós. São <strong>do</strong>is rios que dividem o mesmo espaço e correm para a mesma direção.<br />
O bolinho de piracuí é um reflexo dessa união: nasceu nas tribos indígenas e hoje faz sucesso nas mesas <strong>do</strong> norte <strong>do</strong> Brasil. Os nativos dessa região sempre<br />
reservavam os peixes para atender à necessidade diária, pois houve épocas em que eram raros nos rios. Uma forma de incrementar o alimento e aproveitá-lo ao<br />
máximo era fazer uma farinha <strong>do</strong> peixe, assim, era possível alimentar toda a tribo.<br />
Essa farinha foi batizada pelos indígenas de cuí. Ela é feita após cozer o peixe, que tem suas espinhas retiradas, é coloca<strong>do</strong> ao sol para secar ou é assa<strong>do</strong> e, após<br />
isso, é peneira<strong>do</strong>. Surge a farinha de peixe que, depois de pronta, pode ser guardada por muitos meses até mesmo fora da geladeira. Para degustar, mistura-se a<br />
farinha à batata e a outros ingredientes, crian<strong>do</strong> o bolinho de piracuí. Essa iguaria é muito conhecida e apreciada no norte <strong>do</strong> país.<br />
No Pará é muito fácil adquirir essa farinha, ela é vendida até hoje por comunidades indígenas e ribeirinhos que vivem na região. Além de ser um símbolo<br />
da culinária local, o bolinho mostra que, tal qual as águas <strong>do</strong> Amazonas e Tapajós, é um símbolo da união de povos.<br />
The beautiful meeting of the Amazonas and Tapajós Rivers is one of the places that every Brazilian should visit. This cultural heritage of the state of Pará reveals a landscape that says a lot<br />
about us; two rivers sharing the same space and flowing in the same direction.<br />
Nowadays, Piracuí Balls are a reflection of this union. Originating from indigenous tribes that now has become the star at tables in northern Brazil. Natives of this region always kept fish<br />
to meet their daily needs, because there were times when fish would become scarce in the rivers. One way to stretch a meal was to make flour from the fish, which made it possible to feed<br />
the entire tribe. The natives called this fish flour, cuí.<br />
The flour is made after cooking the fish and then leaving it out in the sun to dry, and it can also be grilled. The bones are removed and the fish is then roasted and sifted. This flour can be<br />
stored for many months, even without refrigeration. It is mixed to potatoes and other ingredients, creating the Piracuí Balls. This delicacy is well known and appreciated in the northern<br />
part of Brazil.<br />
Thus, Piracuí Balls celebrate the meeting of land with the waters. This fish flour is easily found in Pará. It is still sold by indigenous and riverside communities who live in the region. In<br />
addition to being a symbol of local cuisine, the Piracuí Balls demonstrate that, just like the waters of the Amazonas and Tapajós, it’s a symbol of the union between people!<br />
24<br />
“Para mim, receita <strong>do</strong> <strong>bem</strong> é aquela que respeita sua cultura, suas tradições e a<br />
culinária <strong>do</strong> meio em que você está inseri<strong>do</strong>”<br />
“To me, a recipe from the heart respects your culture, your traditions and the cuisine<br />
of the environment in which you are inserted”<br />
Chef Ana Luiza Trajano<br />
Instituto Brasil a Gosto<br />
Brasil a Gosto Institute
25<br />
Alexandre Schneider/ Instituto Brasil a Gosto
BOLINHO DE PIRACUÍ / PIRACUÍ BALLS<br />
20 unidades units 40min<br />
Receita por Chef Ana Luiza Trajano<br />
Recipe by Chef Ana Luiza Trajano<br />
Ingredientes Ingredients<br />
2 xícaras de chá de farinha de piracuí<br />
2 cups piracuí flour<br />
1 batata grande cozida<br />
1 large potato, boiled<br />
1 ovo<br />
1 egg<br />
½ cebola grande em cubinhos<br />
½ large onion, chopped into small cubes<br />
Pimenta-de-cheiro picada a gosto<br />
Chopped chili peppers to taste<br />
½ xícara de chá de salsinha e cebolinha <strong>bem</strong> picadas<br />
½ cup parsley and chives, finely chopped<br />
Sal a gosto<br />
Salt to taste<br />
Óleo de milho para fritar<br />
Corn oil for deep-frying<br />
Mo<strong>do</strong> de preparo Directions<br />
Limpe <strong>bem</strong> a farinha de piracuí para tirar possíveis espinhas de peixe que tenham resta<strong>do</strong> no produto.<br />
Amasse a batata forman<strong>do</strong> um purê e junte to<strong>do</strong>s esses ingredientes a ela. Misture tu<strong>do</strong> até obter uma massa homogênea.<br />
Forme bolinhos pequenos e frite em óleo quente até <strong>do</strong>urar.<br />
Escorra sobre papel toalha e sirva imediatamente.<br />
Clean the piracuí flour thoroughly to remove possible fish bones still in the product.<br />
Mash the potatoes and add all the ingredients, mixing them well until you obtain a<br />
homogenous <strong>do</strong>ugh.<br />
Shape small balls and deep-fry them in hot oil until they brown.<br />
Drain them on a paper towel and serve immediately.<br />
Wilian Aguiar<br />
26
27<br />
Wilian Aguiar
ESTROGONOFE<br />
BEEF STROGANOFF<br />
RÚSSIA | RUSSIA<br />
Certamente, a maioria <strong>do</strong>s brasileiros já provou essa deliciosa receita. Sim, ela é, obviamente, um prato muito famoso e a<strong>do</strong>ra<strong>do</strong> por muitos. O estrogonofe é uma receita <strong>bem</strong><br />
antiga, com várias teorias e suposições sobre onde e quan<strong>do</strong> surgiu.<br />
Alguns dizem que ela surgiu como Boeuf Stroganov, que era, na verdade, a mistura de uma palavra russa e outra francesa, por conta da influência aristocrática russa.<br />
Em francês, boeu significa “bife”, que foi uni<strong>do</strong> ao verbo russo strogat, “cortar em pedaços iguais”. Há quem afirme que essa receita foi criação <strong>do</strong>s solda<strong>do</strong>s russos nos<br />
séculos XVI e XVII, em Carélia, fronteira com a Finlândia. Naquele local, para conseguirem continuar vivos e vencer o duro inverno da região, precisavam manter a<br />
carne com sal grosso em barris com aguardente. No momento da refeição, eles cozinhavam a carne com gordura e cebola, colocan<strong>do</strong> creme de leite já aze<strong>do</strong>, chama<strong>do</strong><br />
de smitana. Ao voltarem dessa luta, o estrogonofe teria si<strong>do</strong> melhora<strong>do</strong> pelos chefs franceses para ser servi<strong>do</strong> nos Palácios <strong>do</strong>s Generais.<br />
Por outro la<strong>do</strong>, relatos narram que o nome da receita foi uma homenagem ao senhor Pavel Alexandrovich Stroganov, um comandante estadista militar russo, ajudante-geral de<br />
Alexandre I, herdeiro de uma das famílias mais prestigiadas e respeitadas da Rússia. Afirmam que ele mesmo orientava os seus chefs franceses a adicionarem especiarias russas às<br />
receitas francesas. Dessa forma, a receita miscigenada com carne bovina, mostarda francesa no tempero, acrescida de cogumelos e um creme aze<strong>do</strong>, levou o nome de estrogonofe<br />
em homenagem ao seu feitor. Desse mo<strong>do</strong>, o consenso é de que a origem <strong>do</strong> prato é russa.<br />
Após a revolução da Rússia, muitos fugiram para outros países europeus e, desse mo<strong>do</strong>, o estrogonofe chegou à França, onde foi aprimora<strong>do</strong>. Da Europa, seguiu para<br />
outros continentes. Os americanos acrescentaram à receita o tão consumi<strong>do</strong> e famoso ketchup. Independentemente de qual seja a verdadeira história por trás da<br />
receita, podemos dizer que a Rússia tornou essa comida seu lega<strong>do</strong>, uma vez que é um prato degusta<strong>do</strong> em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, é um <strong>do</strong>s mais a<strong>do</strong>ra<strong>do</strong>s e possui releituras<br />
em to<strong>do</strong>s os continentes.<br />
Quer servir um prato delicioso, fácil e rápi<strong>do</strong>? Prepare um estrogonofe! Certamente você receberá elogios.<br />
Most Brazilians have certainly tried this delicious dish. Yes, it’s obviously a famous dish that people love. Beef Stroganoff is very old, with many theories and assumptions about where and<br />
when it first appeared. Even so, everyone is absolutely sure that is was created in Russia.<br />
Several theories point to the origins of the recipe. Some say that it appeared as Boeuf Stroganov, which was actually a combination of French and Russian words, due to the influence of<br />
the Russian aristocracy. In French, boeu means “beef”, which was combined with the Russian verb strogat, “cut into equal pieces”. There are those who claim that this recipe was created<br />
by Russian soldiers in the 16th and 17th centuries in Karelia, at the border with Finland. In order to survive and withstand the harsh winters in the region, they needed to preserve meat<br />
with coarse salt and distilled spirits in barrels. At mealtime, they cooked the meat with fat and onions, adding sour cream, called smitana. When they came back home from the war, beef<br />
stroganoff would be improved by French chefs to be served in the generals’ palaces.<br />
However, there are reports that the name of the recipe was in honor of Count Pavel Alexandrovich Stroganov, a Russian military commander, Adjutant General to Alexander I, heir of one<br />
of Russia’s most prestigious and respected families. They claim that he instructed his French chefs to add Russian spices to their recipes. In this manner, the recipe with the added beef,<br />
seasoned with French mustard, mushrooms and sour cream was called stroganoff in honor of its creator.<br />
After the Russian revolution, many fled to Europe and thus, stroganoff arrived in France where it was improved. From Europe, it went to other continents, and the North Americans added<br />
the famous and much-consumed ketchup to the recipe. Regardless of the recipe’s true origins, we can be certain that this dish is a Russian legacy, since it’s consumed around the world and<br />
one of the most beloved dishes with different adaptations in all continents.<br />
Would you like to serve a delicious dish that is easy and fast to prepare? Serve a beef stroganoff and you will certainly receive compliments.<br />
28<br />
“A vida é igual a uma receita: o resulta<strong>do</strong> depende <strong>do</strong>s ingredientes que você usa”<br />
“Life is like a recipe, and the result depends on the ingredients you use”<br />
Chef Olga Vereiski<br />
Russkaia Culinária Russa<br />
Russkaia Russian Gastronomy
29<br />
Wilian Aguiar
ESTROGONOFE / BEEF STROGANOFF<br />
4 porções servings 90min<br />
Receita por Chef Olga Vereiski<br />
Recipe by Chef Olga Vereiski<br />
Ingredientes Ingredients<br />
1 kg de ponta de alcatra cortada em tiras e em espessuras iguais<br />
2 lb rump tip cut in thick strips<br />
1 cebola média picada em pedaços pequenos<br />
1 finely chopped medium onion<br />
200 g de cogumelos Portobello frescos fatia<strong>do</strong>s<br />
7 oz sliced fresh Portobello mushrooms<br />
3 colheres de sopa de molho inglês<br />
3 tablespoons Worcestershire sauce<br />
2 colheres de sopa de manteiga 2 tablespoons butter<br />
2 colheres de sopa de farinha de trigo 2 tablespoons flour<br />
Água fervente Boiling water<br />
Sal e pimenta-<strong>do</strong>-reino a gosto Salt and black pepper to taste<br />
Folha de louro Bay leaf<br />
200 ml de creme de leite fresco (Smetana)<br />
7 fl oz sour cream (smetana)<br />
Óleo para refogar Oil, for braising<br />
Mo<strong>do</strong> de preparo Directions<br />
Em uma frigideira, refogue os cogumelos Portobello fatia<strong>do</strong>s com<br />
o sal.<br />
Reserve o cal<strong>do</strong> que se formou.<br />
Coloque as duas colheres de sopa de manteiga na frigideira e deixe<br />
apurar (esse processo é rápi<strong>do</strong>). Reserve. Em seguida, refogue a carne<br />
no óleo e reserve também o cal<strong>do</strong> que se formar.<br />
Assim que a carne começar a fritar, acrescente a cebola picada, misture<br />
tu<strong>do</strong> e, depois de 2 minutos, acrescente o sal.<br />
Continue <strong>do</strong>uran<strong>do</strong> até a cebola murchar. Depois de <strong>do</strong>ura<strong>do</strong>, acrescente<br />
a farinha de trigo e mexa para misturar <strong>bem</strong>.<br />
Após isso, despeje o cal<strong>do</strong> da carne e <strong>do</strong>s cogumelos que foram<br />
reserva<strong>do</strong>s.<br />
Se necessário, complete com água quente até cobrir a carne.<br />
Acrescente o molho inglês, a pimenta-<strong>do</strong>-reino preta a gosto e a folha de<br />
louro e deixe ferver.<br />
Verifique aqui se está bom de sal. Deixe apuran<strong>do</strong> em fogo baixo, mexen<strong>do</strong><br />
de vez em quan<strong>do</strong> e junte os cogumelos em seguida.<br />
Quan<strong>do</strong> o molho encorpar, acrescente o creme de leite fresco e deixe<br />
ferver um pouco.<br />
Em seguida, desligue, está pronto!<br />
Dica<br />
O uso da farinha de trigo nesta receita é para deixar os pedaços de carne<br />
<strong>bem</strong> soltos. A moda russa, o Estraganov é acompanha<strong>do</strong> de trigo sarraceno,<br />
batatas cozidas e servi<strong>do</strong> com dill, uma bela erva aromática picada.<br />
In a frying pan, braise the sliced Portobello mushrooms with the salt.<br />
Set aside the broth.<br />
Add two tablespoons of butter and let it melt until it’s dry (this a fast process).<br />
Set aside.<br />
Then, braise the beef in oil and set aside the broth.<br />
As soon as the beef braises, add the chopped onion, stir, and after 2 minutes, add the salt.<br />
Keep browning it until the onion is tender.<br />
Add the flour and stir well.<br />
Pour the beef and mushroom broth that were set aside.<br />
If necessary, add hot water until you cover the meat.<br />
Add the Worcestershire sauce, black pepper to taste and bay leaf, and cook over heat<br />
until it boils.<br />
Taste to check if seasoned.<br />
Let it simmer over low heat, stirring occasionally and then add the mushrooms.<br />
When the sauce thickens, add the sour cream and let it boil for a few more minutes.<br />
Remove from heat, and its ready to be served!<br />
Tip<br />
The flour used in this recipe is to prevent the pieces of beef from sticking. In Russia,<br />
beff Stroganoff is served with buckwheat, boiled potatoes and chopped dill.<br />
Wilian Aguiar<br />
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Wilian Aguiar
FEIJOADA<br />
FEIJOADA<br />
RIO DE JANEIRO | RIO DE JANEIRO<br />
Falar de pratos e receitas históricas sem citar a feijoada é quase um peca<strong>do</strong>. Esta é uma das receitas mais representativas da culinária brasileira.<br />
É <strong>bem</strong> mais provável que a origem da feijoada remonte aos cozi<strong>do</strong>s europeus que surgiram entre os séculos XVI e XVIII graças à falta de alimentos na época. Nesse<br />
perío<strong>do</strong>, na França, o cozi<strong>do</strong> de feijão branco junto de várias carnes era conheci<strong>do</strong> como cassoulet, prato que ainda é muito consumi<strong>do</strong> e aprecia<strong>do</strong> nos dias de hoje.<br />
Já em Portugal, o prato é conheci<strong>do</strong> simplesmente como cozi<strong>do</strong>. É feito com feijão branco ou vermelho, acresci<strong>do</strong> de tomates, couve, cenoura e carne de porco ou de<br />
vaca. Há versões que podem também levar chouriço ou morcela. Na Espanha, a feijoada é conhecida como puchero, feita com feijão branco, pimentão e azeite, além de<br />
carnes de porco como toucinho, chouriço, morcela, orelha e rabo.<br />
Quan<strong>do</strong> chegou ao Brasil, a receita precisou ser adaptada aos ingredientes e técnicas que aqui existiam, logo, os miú<strong>do</strong>s suínos foram aproveita<strong>do</strong>s. Historia<strong>do</strong>res afirmam que<br />
foram os restaurantes cariocas, no final <strong>do</strong> século XIX, os responsáveis pela adaptação da receita, que passaram a usar como base o feijão preto, grão de origem sul-americana,<br />
além de miú<strong>do</strong>s suínos.<br />
O perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> Brasil colonial era muito deficitário e pobre, pois não havia cadeia logística e de transporte moderna e a agricultura ainda era muito primitiva. Os escravos<br />
trabalhavam pesadamente, muitas vezes até a exaustão. Necessitavam, assim, de uma alimentação forte, que propiciasse saciedade. A alimentação era baseada em angu,<br />
feijão, milho, além de frutas como banana e o coco para combater o cansaço e a fome. Pelo menos em relação à comida, escravos e senhores podiam se igualar.<br />
Hoje a feijoada é considerada uma comida brasileiríssima, com muitos gostos e aromas. Encontramos a feijoada somente com paio, outras apenas com costelinha,<br />
além de versões vegetarianas e veganas.<br />
Qualquer que seja sua feijoada predileta, o que realmente importa é poder sentir o cheirinho inebriante de uma generosa panela ferven<strong>do</strong> e, em seguida, saborear o<br />
prato com a máxima satisfação.<br />
It would practically be a sin to talk about historical recipes without mentioning feijoada. It’s one of the most representative dishes of Brazilian cuisine.<br />
Feijoada probably originated from the European stews that appeared between the 16th and 18th centuries due to food shortages. In France, a stew made with navy beans and an<br />
assortment of meats known as cassoulet was created, which to this day, is widely consumed and appreciated. In Portugal, the dish is simply known as cozi<strong>do</strong> (stew). It’s made with navy<br />
or kidney beans, tomatoes, kale, carrots and either pork or beef. There are versions that might also include chorizo or morcela (blood sausage). In Spain, feijoada is known as puchero,<br />
made with navy beans, bell peppers and olive oil, in addition to pork, such as bacon, chorizo, blood sausage, ears and tail.<br />
When it arrived in Brazil, the recipe was adapted to local ingredients and techniques. Historians say that in the late 19th century, the restaurants of Rio de Janeiro were responsible for<br />
adapting the recipe, and began using South American black beans as well as pork variety meats.<br />
Colonial Brazil was a period of poverty because there was no distribution logistics or modern shipping, and agriculture was still quite primitive, so to speak. Slaves were overworked, many<br />
times to exhaustion, so they needed to be fed meals that would provide satiety. Their diet was based on angu (a type of corn mash), beans and corn, in addition to fruits such as bananas and<br />
coconuts to combat fatigue and hunger. At least in terms of food, slaves and their masters were equal.<br />
Nowadays, feijoada is considered a typical Brazilian dish, with many flavors and aromas. We can find feijoada made only with Paio, others with only pork ribs, in addition to vegetarian and<br />
vegan versions.<br />
Regardless of your favorite feijoada recipe, what truly matters is being able to smell the inebriating aroma of a boiling pot of feijoada, and then savor it with maximum pleasure.<br />
“Receita <strong>do</strong> <strong>bem</strong> é a que traz alegria e felicidade para quem a consome<br />
e realização e sentimento feliz para quem a faz”<br />
“A recipe from the heart brings joy to those who savor it, and happiness for those who prepare it”<br />
Chef Bolinha<br />
Restaurante Bolinha<br />
Bolinha Restaurant<br />
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33<br />
Wilian Aguiar
FEIJOADA / FEIJOADA<br />
10 porções servings 3h<br />
Receita por Chef Bolinha<br />
Recipe by Chef Bolinha<br />
Ingredientes Ingredients<br />
500 g de carne-seca bovina 1 lb dried beef<br />
500 g de costela de porco salgada ou defumada<br />
1 lb salted or smoked pork ribs<br />
400 g de lombo de porco defuma<strong>do</strong> ou salga<strong>do</strong><br />
1 lb salted or smoked pork loin<br />
500 g de paio 1 lb Paio (a traditional Portuguese sausage)<br />
500 g de linguiça portuguesa 1 lb Portuguese sausage<br />
200 g de língua de boi defumada ½ lb smoked beef tongue<br />
100 g de pé de porco salga<strong>do</strong> ¼ lb salted pig feet<br />
100 g de orelha de porco salgada ¼ lb salted pig ears<br />
100 g de rabo de porco salga<strong>do</strong> ¼ lb salted pig tail<br />
2 kg de feijão preto 1 lb black beans<br />
300 g de cebola picada 2 cups chopped onion<br />
150 g de alho pica<strong>do</strong> 1 cup chopped garlic<br />
6 folhas de louro 6 bay leaves<br />
2 laranjas com casca <strong>bem</strong> lavadas 2 oranges, washed and not peeled<br />
1 kg de arroz branco 4 lb white rice<br />
500 g de mandioca 1 lb cassava<br />
Mo<strong>do</strong> de preparo Directions<br />
Limpe <strong>bem</strong> as carnes salgadas tiran<strong>do</strong> o excesso de gorduras e nervuras.<br />
Coloque-as de molho em água por 24 horas e troque a água três a quatro<br />
vezes durante esse perío<strong>do</strong>.<br />
Deixe o feijão de molho durante 6 horas.<br />
Após esse perío<strong>do</strong>, ferva as carnes salgadas (pé, rabo, orelha, costela,<br />
carne seca) e a língua defumada em peças inteiras por aproximadamente<br />
45 minutos em fogo forte.<br />
Em seguida, descarte essa água, pois nela está to<strong>do</strong> o excesso de gordura.<br />
Lave <strong>bem</strong> as carnes e coloque-as para cozinhar em água nova, juntamente com<br />
o paio, a linguiça portuguesa e o lombo defuma<strong>do</strong>, sempre em peças inteiras.<br />
Adicione também o feijão com sua água, as folhas de louro e as laranjas<br />
em metades.<br />
Após 40 minutos de cozimento, retire as laranjas para não se<br />
desmancharem e cozinhe o restante por aproximadamente 1 hora e 20<br />
minutos ou 2 horas.<br />
Durante o to<strong>do</strong> o cozimento, é muito importante tirar com uma concha<br />
toda a gordura que aflora na superfície da panela.<br />
Após uma hora, comece a testar o grau de cozimento das carnes com o<br />
garfo, pois nem todas chegam ao grau de maciez ao mesmo tempo. Retire<br />
e reserve as que já estiverem no ponto.<br />
Em uma frigideira, <strong>do</strong>ure <strong>bem</strong> a cebola e o alho com uma xícara de azeite<br />
previamente aqueci<strong>do</strong> e coloque uma concha <strong>do</strong> feijão com seu cal<strong>do</strong>.<br />
Misture <strong>bem</strong> e deixe cozinhar por aproximadamente 1 minuto. Após isso,<br />
adicione esse tempero à panela <strong>do</strong> feijão.<br />
Corte as carnes em pedaços pequenos para servir e volte to<strong>do</strong>s os<br />
ingredientes para a panela com o feijão.<br />
Cozinhe por mais 15 ou 20 minutos em fogo bran<strong>do</strong> para apurar o feijão.<br />
Se necessário, corrija o sal nesse momento.<br />
Sirva com arroz branco e couve refogada no azeite e alho e uma mandioca<br />
frita <strong>bem</strong> torradinha.<br />
Thoroughly clean the salted meat, removing excess fat and gristle.<br />
Soak the meats in water for 24 hours, changing the water three or four times during<br />
this period.<br />
Soak the beans in water for 6 hours.<br />
After this period, boil the salted meats (feet, tail, ears, ribs, and dried beef) and the<br />
smoked tongue in whole pieces for approximately 45 minutes over high heat.<br />
Then, discard this water because it contains the excess fat.<br />
Thoroughly wash the meat and cook them in a new pot of water, along with the Paio,<br />
Portuguese sausage, and the smoked sirloin, whole pieces.<br />
Add the beans with its water, the bay leaves and oranges cut in halves.<br />
After 40 minutes of cooking, remove the oranges to prevent them from over cooking and<br />
continue cooking for approximately 1 hour and 20 minutes to 2 hours.<br />
During the entire cooking process, it’s very important to use a ladle to skim the fat on<br />
the surface.<br />
After one hour, with a fork, test if the meats have cooked, because not all of them<br />
become tender at the same time. Remove and set aside the meats that have cooked.<br />
In a frying pan, brown the onion and garlic with a cup of heated olive oil and add a ladle<br />
of the beans with its broth.<br />
Stir well and let it cook for approximately 1 minute. Then, add this mixture to the beans<br />
in the pan.<br />
Cut the meats into small pieces to serve and add all ingredients to the pot with the beans.<br />
Cook for another 15 to 20 minutes over low heat to allow the bean broth to thicken. If<br />
necessary, add salt.<br />
Serve it with white rice and kale sautéed in olive oil with garlic, and crispy fried cassava.<br />
Wilian Aguiar<br />
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35<br />
Wilian Aguiar
JOELHO DE PORCO<br />
HAM HOCK<br />
ALEMANHA | GERMANY<br />
Durante o castigante inverno da Alemanha, por muitos séculos, o povo alemão armazenava a comida que produzia, defumava e congelava os pedaços de porco que<br />
não eram muito procura<strong>do</strong>s. A tradição era congelar o joelho <strong>do</strong> porco, chama<strong>do</strong> pelos alemães de eisbein – que quer dizer “perna gelada” –, para manter o estoque de<br />
alimentos.<br />
No português, utilizamos a expressão “joelho de porco”, enquanto, na realidade, eisbein refere-se ao pedaço que existe entre o joelho e o tornozelo <strong>do</strong> animal. Todavia,<br />
a receita que conhecemos hoje como eisbein possui como ingrediente principal o joelho. Esse mesmo prato recebe denominações diferentes de acor<strong>do</strong> com a região,<br />
por exemplo: schweinshaxn na Baviera; bötel no norte da Alemanha; stelze na Áustria e gnagi na Suíça.<br />
Os ingredientes e mo<strong>do</strong> como é feito o joelho de porco também podem variar de acor<strong>do</strong> com a região. Hoje ele pode ser feito com carne fresca ou defumada, pode ainda<br />
ser grelha<strong>do</strong>, cozi<strong>do</strong> ou assa<strong>do</strong>. Para acompanhar, temos o chucrute, que é um <strong>do</strong>s principais pratos alemães e também pode ser consumi<strong>do</strong> com batatas. Em Berlim<br />
encontramos uma versão que vem acompanhada de purê de ervilhas.<br />
Mesmo com todas essas variações, algo no eisbein é sagra<strong>do</strong>, ele deve ser consumi<strong>do</strong> somente quan<strong>do</strong> o osso puder ser retira<strong>do</strong> da carne de forma fácil e simples, isso<br />
mostra que a maciez e o sabor foram preserva<strong>do</strong>s.<br />
Não importa como ele será feito e qual o acompanhamento, escolha uma boa cerveja alemã para acompanhar e terá um <strong>do</strong>s pratos mais famosos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />
For many centuries, during the harsh German winters, Germans stored the food they produced by smoking and freezing leftover pork cuts. Traditionally, they froze ham hocks, eisbein in<br />
German — meaning “ice leg” —, in order to maintain food stocks.<br />
In Portuguese, we use the expression “pig knee” when actually, eisbein refers to the pork cut between the knee and ankle. This dish has different names according to the region, for example:<br />
schweinshaxn, in Bavaria, bötel in northern Germany, stelze in Austria and gnagi in Switzerland. However, the dish we know as eisbein nowadays consists of this cut of pork as its main<br />
ingredient.<br />
Eisbein ingredients and preparation may also vary depending on the region. It can be made with fresh or smoked meat; grilled, boiled or roasted. Eisbein is served with sauerkraut, which is<br />
one of Germany’s main dishes, and potatoes. In Berlin, there’s a version that is served with a pea mash.<br />
Even with all these variations, eisbein maintains a sacred feature; it should only be consumed after the bone can easily be removed from the meat, which is a sign that the meat’s tenderness<br />
and flavor have been preserved.<br />
It <strong>do</strong>esn’t matter how it’s prepared and the side dishes served with it. Pick a good German beer to pair with it and enjoy one of the most famous dishes in the world.<br />
“Receita <strong>do</strong> <strong>bem</strong> é aquela que restaura a alma e conforta o espírito,<br />
deixan<strong>do</strong>-nos leves, soltos e com água na boca”<br />
“A recipe from the heart restores the soul and comforts the spirit, making us lighter,<br />
looser and making your mouth water”<br />
Chef Herbert Steiner<br />
Restaurante Bar <strong>do</strong> Alemão<br />
Bar <strong>do</strong> Alemão Restaurant<br />
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Juca Ferreira
JOELHO DE PORCO / EISBEN<br />
3 porções servings 4h<br />
Receita por Chef Herbert Steiner<br />
Recipe by Chef Herbert Steiner<br />
Ingredientes Ingredients<br />
1 joelho de porco (aproximadamente 1,3 kg)<br />
1 ham hock (approximately 2 lb)<br />
1 bouquet garni* 1 bouquet garni **<br />
Suco de ½ limão Juice from ½ a lemon<br />
200 g de ervilhas in natura 1 1 3 cup fresh peas<br />
30 g de manteiga ⅛ cup butter<br />
12 g de cal<strong>do</strong> de legumes 12 g vegetable bouillon<br />
200 g de repolho 1 1 3 cabbage<br />
50 g de gordura vegetal ¼ cup shortening<br />
2 folhas de louro 2 bay leaves<br />
5 cravos 5 cloves<br />
12 g de cal<strong>do</strong> de legumes em pó 2 tablespoons vegetable bouillon<br />
50 ml de vinho branco seco ¼ cup dry white wine<br />
2 batatas médias 2 medium potatoes<br />
1 cebola média 1 medium onion<br />
Farinha de trigo para empanar Flour for breading<br />
Pimenta-<strong>do</strong>-reino preta a gosto Black pepper to taste<br />
Sal a gosto Salt to taste<br />
Água para o cozimento Water for boiling<br />
Óleo para fritar Oil for deep-frying<br />
Mo<strong>do</strong> de preparo Directions<br />
Joelho de porco<br />
Em uma panela, adicione o joelho de porco, a água, o bouquet garni, o suco<br />
<strong>do</strong> limão, sal e pimenta-<strong>do</strong>-reino.<br />
Deixe cozinhar por aproximadamente 3 horas, verifican<strong>do</strong> sempre a<br />
textura <strong>do</strong> joelho.<br />
Purê<br />
Em uma panela, adicione a ervilha e água e cozinhe em fogo médio.<br />
Escorra o excesso de água da ervilha e bata-a no processa<strong>do</strong>r. Adicione<br />
a manteiga, o cal<strong>do</strong> de legumes aos poucos, o sal e a pimenta até que se<br />
chegue à textura de purê de ervilha.<br />
Chucrute<br />
Corte o repolho em tiras finas. Em um recipiente com sal, deixe em<br />
salmoura por 30 minutos.<br />
Em seguida, lave o repolho e, em uma panela com a banha vegetal, adicione<br />
as folhas de louro, os cravos, o cal<strong>do</strong> de legumes, a pimenta-<strong>do</strong>-reino preta<br />
e o vinho branco seco.<br />
Refogue até cozinhar.<br />
Batata<br />
Corte as batatas no mo<strong>do</strong> tornea<strong>do</strong> e cozinhe-as com sal.<br />
Cebola<br />
Corte a cebola no mo<strong>do</strong> meia-lua.<br />
Em seguida, fatie-as em tiras.<br />
Tempere com sal e deixe apuran<strong>do</strong> por 30 minutos.<br />
Lave a cebola para tirar o excesso <strong>do</strong> sal e empane-a com a farinha<br />
de trigo.<br />
Frite-as no óleo a 180°C até ficar crocante.<br />
Ham hock<br />
In a pot, add the ham hock, water, bouquet garni, lemon juice, salt and black pepper.<br />
Let it cook for approximately 3 hours, always checking the ham hock’s texture.<br />
Mash<br />
In a pan, add the peas and water, cook over medium heat.<br />
Drain the excess water from the peas and blend them, add the butter, gradually add the<br />
vegetable stock, and add the salt and pepper to taste until you obtain a pea mash.<br />
Sauerkraut<br />
Cut the cabbage into thin strips, and place it in a bowl with brine for 30 minutes.<br />
Then, wash the cabbage and in a pan with vegetable lard, add the bay leaves, cloves,<br />
vegetable stock, black pepper and dry white wine.<br />
Sauté until it’s cooked.<br />
Potatoes<br />
Tourne cut the potatoes and cook them with salt.<br />
Onions<br />
Cut the onions into quarters.<br />
Then cut them into thin slices.<br />
Season with salt and let them simmer for 30 minutes.<br />
Wash the onions to remove excess salt and bread them with flour.<br />
Fry them in oil at 180°C (350°F) until crispy.<br />
Wilian Aguiar<br />
* Conjunto de ervas aromáticas destina<strong>do</strong> a temperar pratos e molhos.<br />
** Aromatic herbs set for seasoning dishes and sauces.<br />
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Juca Ferreira
MACARON<br />
MACARON<br />
FRANÇA | FRANCE<br />
Se antiga nobreza tinha um <strong>do</strong>ce para chamar de seu, esse era o macaron. Especialmente os nobres franceses e italianos. Conta uma lenda, datada de 1533, que<br />
Catarina de Médici – mais tarde a rainha consorte da França –, após se casar com Henrique II, fez alguns <strong>do</strong>ces de sua receita favorita. Essa receita presenteava<br />
to<strong>do</strong>s com uma <strong>do</strong>çura estonteante. Ela se apresentava como um biscoito merengue à base de amên<strong>do</strong>as.<br />
Nessa época, o povo não podia consumir pães, <strong>do</strong>ces e bolos, nem mesmo os macarons, pois eram vistos como iguarias destinadas apenas aos nobres e religiosos.<br />
Entretanto, em 1668, Marguerite de Loraine fun<strong>do</strong>u o convento Les Dames du Saint-Sacrement, e uma das primeiras providências foi proibir a carne como alimento.<br />
Esse fato gerou o crescimento <strong>do</strong> consumo de pães e <strong>do</strong>ces por to<strong>do</strong>s.<br />
Em 1782, durante a Revolução Francesa, ou seja, mais de um século após a criação <strong>do</strong> macaron, um decreto proibiu a existência das congregações religiosas. Por isso,<br />
duas irmãs conhecidas como Suzanne (Marguerite Gaillot) e Marie-Elisabet H. (Marie Morlot) buscaram refúgio na casa <strong>do</strong> médico da comunidade de Nancy, o <strong>do</strong>utor<br />
Gormand. Como agradecimento por toda ajuda que receberam, as irmãs presentearam o médico com a famosa receita familiar <strong>do</strong>s <strong>do</strong>ces macarons. Mais tarde, essas<br />
irmãs passaram a vendê-los.<br />
O biscoito se popularizou e sua reputação cresceu. Com o tempo, as irmãs ficaram famosas e conhecidas como Macaroon Sisters. A receita dessas mulheres foi tão<br />
importante que, na década de 1950, a cidade de Nancy prestou honra a elas e até hoje muitas pessoas ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> visitam o local. A casa Maison de Sceurs<br />
Macarons está situada no mesmo lugar onde as irmãs vendiam os <strong>do</strong>ces desde 1793. Lá as pessoas podem provar a receita original, feita apenas com os assa<strong>do</strong>s de<br />
amên<strong>do</strong>as, sem recheio. São, portanto, diferentes da receita comercializada pelo mun<strong>do</strong>.<br />
Agora que você conhece a história <strong>do</strong> famoso e delicioso macaron, que tal preparar um e se deliciar?<br />
Mãos à obra! Aproveite esse momento de prazer.<br />
If the old nobility, especially French and Italian, had a sweet to call its own, it would have to be the macaron. There’s a legend dating from 1533 that Catherine de’ Medici, who would later<br />
marry King Henry II, made a few sweets from her favorite recipe, which she gave to others as a gift. It was an almond meringue-based cookie.<br />
At the time, people couldn’t consume bread, sweets and cake, or even the sweet macarons, because they were considered delicacies reserved exclusively for the nobility and religious leaders.<br />
However, in 1668, Marguerite de’ Loraine, founded the Les Dames du Saint-Sacrement convent and one of her first measures was to ban meat as food. This fact created the growth in the<br />
consumption of bread and sweets by everyone.<br />
In 1782, during the French Revolution, in other words, over a century after the creation of the macaron, a decree forbade the existence of religious congregations. Thus, two sisters known<br />
as Suzanne (Marguerite Gaillot) and Marie-Elisabet H. (Marie Morlot) sought refuge at the home of the physician in the community of Nancy, Dr. Gormand. As a token of their gratitude<br />
for the help they received, the sisters presented the <strong>do</strong>ctor with the famous macarons. Later, the sisters began to sell them.<br />
The cookie became popular and its reputation grew. Over time, the sisters became famous and known as Macaron Sisters. Their recipe was so important that in the 1950’s the town of Nancy<br />
honored them, and to this day, many people around the world visit it. The Maison de Soeurs Macarons is located at the exact place where the sisters had sold their macarons starting in 1793.<br />
People can taste the original recipe, made only with almond cookies without filling. Therefore, they are different from the recipe used around the world.<br />
Now that you know the story of the famous and delicious macarons, how about making some and enjoying them?<br />
Let’s get to work! Enjoy this moment of pleasure.<br />
40<br />
“Uma receita <strong>do</strong> <strong>bem</strong> é a que pode surpreender as pessoas com<br />
um mun<strong>do</strong> de sabores e sensações”<br />
“A recipe from the heart is one that surprises people with a world of flavors and sensations”<br />
Chef Daniela Diniz<br />
D’Macarons
41<br />
@patibarreto.foto
MACARON / MACAROON<br />
Receita por Chef Daniela Diniz<br />
20 porções servings<br />
30min<br />
Recipe by Chef Daniela Diniz<br />
Ingredientes Ingredients<br />
125 g de farinha de amên<strong>do</strong>as<br />
4.4 oz almond flour<br />
125 g de açúcar de confeiteiro<br />
4.4 oz powdered sugar<br />
80 g de clara de ovo gelada (aproximadamente 6 ovos)<br />
2.7 fl oz cold egg whites (approximately 6 eggs)<br />
112 g de açúcar refina<strong>do</strong><br />
4 oz white sugar<br />
30 g de água<br />
1 fl oz water<br />
Mo<strong>do</strong> de preparo Directions<br />
Misture a farinha de amên<strong>do</strong>as, o açúcar de confeiteiro e 40 g de clara de ovo (se quiser cor, acrescente corante em pó). Reserve.<br />
Para o merengue italiano, aqueça o açúcar refina<strong>do</strong> com a água a 118ºC.<br />
Bata os outros 40 g de clara até formar a neve. Depois, acrescente o açúcar refina<strong>do</strong> aqueci<strong>do</strong> com a água e bata até formar bicos.<br />
Misture as claras ainda levemente quentes à mistura de farinha de amên<strong>do</strong>as, toman<strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> para não formar bolhas de ar.<br />
Preencha o saco de confeitar com a mistura para pingar em um tapete de teflon ou silicone. Use bico de confeitar liso. Feito isso, deixe repousar.<br />
Asse em forno aqueci<strong>do</strong> a 85ºC por 10 minutos. Em seguida, asse a 115ºC por mais 10 minutos.<br />
Após assar, junte os biscoitos de <strong>do</strong>is em <strong>do</strong>is. Recheie a gosto com geleia, brigadeiro ou ganache.<br />
Mix the almond flour, powdered sugar and 40 g of egg whites (if you want color, add<br />
powdered food coloring). Set aside.<br />
For the Italian meringue. Heat the white sugar with water at 118°C (244°F).<br />
Whip 40 g of egg whites. After they stiffen, add the white sugar heated with water at<br />
118°C (244°F) and whip until they form peaks.<br />
Mix the egg whites still slightly warm to the almond flour mixture, being careful not to<br />
form air bubbles.<br />
Fill a piping bag to drip them on a Teflon or silicone mat with a plain tip. Let it rest.<br />
Bake in a preheated oven at 85°C (185°F) for 10 minutes. Then, bake at 115°C (239°F)<br />
for another 10 minutes.<br />
After baking, join the pairs and fill them with jam or ganache.<br />
@patibarreto.foto<br />
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43<br />
@patibarreto.foto
MALABIE<br />
MALABI<br />
LÍBANO | LEBANON<br />
Nem toda receita <strong>do</strong> <strong>bem</strong> é popular, o malabie é um bom exemplo.<br />
Conheci<strong>do</strong> como Mhallabye, é uma espécie de manjar cremoso e, sobretu<strong>do</strong>, perfuma<strong>do</strong>. Em seus ingredientes, usa-se leite, farinha de arroz, água de rosas e almíscar<br />
(uma resina vegetal de cor clara e consistência flexível, muito utilizada para aromatizar <strong>do</strong>ces). É uma sobremesa de aroma apura<strong>do</strong> e não muito conhecida entre os<br />
brasileiros. É consumi<strong>do</strong> em vários países <strong>do</strong> Oriente Médio, com pequenas alterações tanto na receita <strong>do</strong> malabie quanto na cobertura.<br />
Hoje se encontra a receita adaptada conforme a região. Muitos utilizam água de flor de laranjeira no lugar da água de rosas. Também se substitui a farinha de arroz<br />
por ami<strong>do</strong> de milho.<br />
Tradicionalmente, usa-se a compota de damasco, mas também frutas secas e castanhas, como pistache, amên<strong>do</strong>as, pinholes e até mesmo coco em lâminas.<br />
Frequentemente, a sobremesa é servida em festas e comemorações de diferentes vertentes religiosas, como em casamentos, no Yom Kippur – o Dia <strong>do</strong> Perdão – e no<br />
Shavuot, a Festa das Colheitas. Nesses rituais o oferecimento <strong>do</strong> <strong>do</strong>ce tem o objetivo de levar <strong>do</strong>çura a momentos tão importantes.<br />
É uma sobremesa extremamente delicada, de sabor marcante e que, por conter ingredientes exóticos e aroma perfuma<strong>do</strong>, torna-se inesquecível. Sabe aquela sobremesa<br />
que você precisa experimentar pelo menos uma vez? Aqui está.<br />
Siga em frente e se delicie com esse <strong>do</strong>ce nobre.<br />
Not every recipe from the heart is well known; the malabi is a good example of this.<br />
Known as Mhallabye, it’s a creamy and aromatic blancmange. Its ingredients include milk, rice flour, rose water and musk (a light-colored vegetable resin with flexible texture, used to flavor<br />
sweets). This dessert has a delicate aroma and isn’t widely known among Brazilians. It’s consumed in many middle-eastern countries with small variations, both to the Mhallabye recipe as<br />
well as to its sauce.<br />
Nowadays we find recipes that have been adapted to each region. Many people use orange flower water instead of rose water. The rice flour is also substituted for cornstarch.<br />
Traditionally, apricot preserves or dried fruits and nuts are used, such as pistachios, almonds, pine nuts and even coconut shavings.<br />
It’s frequently used during festivities and celebrations of different religions, such as weddings, Yom Kippur, the Day of Atonement, and the Shavuot, the Wheat Harvest. In these rituals, the<br />
offering of the dessert brings sweetness to such important moments.<br />
It’s an extremely delicate dessert, with a distinct flavor, and because it contains exotic ingredients and perfumed aroma, it’s unforgettable. It’s one of those desserts that you need to try at<br />
least once. So here it is.<br />
Go ahead and enjoy this noble dessert.<br />
44<br />
“Receita <strong>do</strong> <strong>bem</strong> é aquela que fala ao coração de quem envia e de quem recebe”<br />
“A recipe from the heart speaks to the heart of those who prepare it and those who receive it”<br />
Chef Leila Youssef<br />
Restaurante Arabia<br />
Arabia Restaurant
45<br />
Rafael Wainberg
MALABIE / MALABI<br />
8 porções servings 30min<br />
Receita por Chef Leila Youssef<br />
Recipe by Chef Leila Youssef<br />
Ingredientes Ingredients<br />
Calda Sauce<br />
250 g de damasco seco<br />
125 oz dried apricots<br />
2 litros de água<br />
2 quarts water<br />
¼ de xícara de chá de açúcar<br />
¼ cup sugar<br />
Manjar Blancmange<br />
1 litro de leite<br />
1 quart milk<br />
1 colher de sopa de água de flor de laranjeira<br />
1 tablespoon orange flower water<br />
1 colher de chá de almíscar soca<strong>do</strong><br />
1 teaspoon crushed musk essence<br />
5 colheres de sopa de ami<strong>do</strong> de milho<br />
5 tablespoons cornstarch<br />
Mo<strong>do</strong> de preparo Directions<br />
Calda<br />
Lave os damascos e deixe-os de molho na geladeira por, aproximadamente, 8 horas.<br />
Após esse perío<strong>do</strong>, coloque os damascos e a água em uma panela e leve ao fogo, inicialmente médio e depois baixo.<br />
Junte o açúcar e deixar cozinhar, mexen<strong>do</strong> de vez em quan<strong>do</strong>.<br />
Cozinhe por aproximadamente 30 minutos, ou até que os damascos fiquem macios. Se necessário, acrescente mais água.<br />
Retire a calda da panela, deixar esfriar e reserve.<br />
Manjar<br />
Misture o ami<strong>do</strong> de milho, o leite e o açúcar.<br />
Leve ao fogo bran<strong>do</strong> e mexa <strong>bem</strong> até engrossar.<br />
Retire <strong>do</strong> fogo, misture o almíscar soca<strong>do</strong> e a água de flor de laranjeira.<br />
Coloque essa mistura em um recipiente de vidro ou em pequenas taças e leve à geladeira.<br />
Após esfriar, cubra as taças com a calda de damasco e sirva.<br />
Sauce<br />
Wash the apricots and leave them soaking in the refrigerator for approximately 8<br />
hours.<br />
After this period, put the apricots and water in a pan and initially heat it over medium<br />
heat and then low heat.<br />
Add the sugar and let it cook, stirring every once in a while.<br />
Let it cook for approximately 30 minutes or until the apricots are tender. If<br />
necessary, add more water.<br />
Remove it from the pan and let it cool. Set aside.<br />
Laura Kuczynski<br />
Blancmange<br />
Mix the cornstarch, milk and sugar.<br />
Put it over low heat and stir continuously until it thickens.<br />
Remove it from heat; add the crushed musk essence and orange flower water.<br />
Put this mixture into a glass bowl or small glasses and refrigerate.<br />
After cooling, pour the apricot sauce into the cups and serve.<br />
46
47<br />
Laura Kuczynski
MOQUECA CAPIXABA<br />
CAPIXABA* MOQUECA<br />
ESPÍRITO SANTO | ESPÍRITO SANTO<br />
Na era <strong>do</strong>s avanços e das inovações, a história da moqueca capixaba nos mostra o quanto a cultura tupi-guarani ainda faz parte da nossa jornada. Em especial,<br />
daqueles que habitavam o litoral brasileiro antes da chegada <strong>do</strong>s portugueses. A moqueca consegue mostrar que o mo<strong>do</strong> de fazê-la e os ingredientes usa<strong>do</strong>s na receita<br />
naquela época, assim como a língua <strong>do</strong> povo tupi, permanecem em nossas vidas e cultura até hoje.<br />
Alguns estudiosos acreditam que a origem <strong>do</strong> nome “moqueca” possa ter <strong>do</strong>is significa<strong>do</strong>s. Documentos <strong>do</strong> século XVI evidenciam que o ato de assar carnes e peixes<br />
provém <strong>do</strong> nome moquém, que na língua tupi quer dizer “ato de colocar a carne ou peixe direto na brasa para assar”. Para outros pesquisa<strong>do</strong>res, o nome vem de pokeka,<br />
corruptela de imoque ou po-que que significa “fazer embrulho, ou envolver”. No passa<strong>do</strong>, as carnes e os peixes eram embrulha<strong>do</strong>s em folhas de palmeiras, coqueiros<br />
e às vezes bananeiras, mas essas chegaram apenas após a colonização. Há registros de 1584, <strong>do</strong> padre Fernão de Cardim, que dizem que os moquea<strong>do</strong>s eram peixes,<br />
batatas, mangarás e outros ingredientes.<br />
A moqueca capixaba que conhecemos hoje não é assada, mas refogada. Tal costume passou a fazer parte da cultura brasileira por influência <strong>do</strong>s portugueses. Além<br />
disso, essa atual modalidade é feita em panela de barro, outro ícone <strong>do</strong> Espírito Santo. Alguns chefs renoma<strong>do</strong>s afirmam que essa receita pode satisfazer até quatro<br />
padrões: sabor, cor, perfume e consistência. A moqueca é hoje, ao la<strong>do</strong> da feijoada, um <strong>do</strong>s pratos mais conheci<strong>do</strong>s e representativos <strong>do</strong> Brasil.<br />
Sa<strong>bem</strong>os da importância <strong>do</strong> peixe em nossa alimentação. Além de ser saudável, é um alimento delicioso. E, se vivemos em um país rico em frutos <strong>do</strong> mar, por que não<br />
nos regalar com uma prazerosa moqueca?<br />
Vá em frente e reproduza essa maravilha de prato com que o povo tupi nos presenteia há séculos.<br />
In this era of progress and innovations, the history of the Capixaba Moqueca is an example of how much the Tupi-Guarani culture is still part of our journey. Especially those that inhabited<br />
the Brazilian coast before the arrival of the Portuguese. The Moqueca shows us how the Tupi language, its preparation and the ingredients used in its recipe at the time are still present in<br />
our lives and culture to this day.<br />
Some scholars believe that the origin of the name moqueca might have two meanings. Documents of the 16th century show that the term moquém in Tupi means “grilling meat and fish over<br />
embers”. Other researchers believe that the term comes from pokeka, a corruption of the term imoque or po-que, which means to “wrap or enclose”. In the past, meat and fish were wrapped in<br />
palm, coconut and sometimes banana leaves, but this custom only emerged after colonization. There are records from 1584 made by Father Fernão de Cardim that affirmed that moquea<strong>do</strong>s<br />
were prepared with fish, potatoes, banana hearts and other ingredients.<br />
The Capixaba Moqueca we are familiar with nowadays isn’t grilled, but braised. This custom became part of Brazilian culture due to Portuguese influence. In addition, the modern version is<br />
cooked in a clay pot, another icon of Espírito Santo. Certain renowned chefs affirm that this recipe can satisfy up to four standards: flavor, color, aroma and texture. Nowadays, the moqueca, next<br />
to the feijoada, is one of the best-known and most representative dishes of Brazil.<br />
We are aware of the importance of fish in our diet, in addition to being healthy, it’s delicious. Likewise, we live in a country that is rich in seafood. So, why not enjoy ourselves by eating a<br />
delicious moqueca?<br />
Go ahead and make this wonderful dish that the Tupi people has gifted us centuries ago.<br />
“Uma receita <strong>do</strong> <strong>bem</strong> é a receita que alimenta o corpo, o intelecto e a alma de quem prova”<br />
“A recipe from the heart nourishes the body, the mind and the soul of those who savor it”<br />
*From the state of Espírito Santo - Brazil<br />
Chef Claudio Aliperti<br />
Fábrica de Bares<br />
Fábrica de Bares Group<br />
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gcampos
MOQUECA CAPIXABA / CAPIXABA MOQUECA<br />
4 porções servings 2h30<br />
Receita por Chef Claudio Aliperti<br />
Recipe by Chef Claudio Aliperti<br />
Ingredientes Ingredients<br />
Azeite de oliva extra virgem<br />
Extra virgin olive oil<br />
Tempero de alho e sal<br />
Garlic and salt seasoning<br />
Colorau<br />
Annatto food coloring<br />
Coentro<br />
Cilantro<br />
½ cebola grande picada<br />
½ large onion, chopped<br />
4 tomates pica<strong>do</strong>s<br />
4 tomatoes, chopped<br />
400 g de peixe badejo<br />
1 lb black grouper fish<br />
200 g de camarão-rosa<br />
½ lb prawns<br />
Mo<strong>do</strong> de preparo Directions<br />
Aqueça a panela de barro até que fique <strong>bem</strong> quente, regue com azeite e, em seguida, coloque o tempero de alho e sal e o colorau a gosto.<br />
Coloque na panela as postas de badejo congeladas e deixe fritar rapidamente <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s.<br />
Acrescente a cebola e metade <strong>do</strong> coentro e regue com água ferven<strong>do</strong>.<br />
Deixe cozinhar até que a cebola desmanche, depois acrescente o tomate. Deixe cozinhar até que o tomate vire molho.<br />
Com um palito, confira se o peixe está macio e descongela<strong>do</strong>. Acrescente os camarões e o restante <strong>do</strong> coentro.<br />
Deixe o camarão cozinhar e sirva imediatamente.<br />
Heat a clay pot until it’s very hot, drizzle it with olive oil and then add the garlic, salt<br />
and food coloring to taste.<br />
Place the frozen fish filets in the pan and let them fry quickly on both sides.<br />
Add the chopped onion and half of the cilantro and pour boiling water.<br />
Let it cook until the onion is tender; add the tomatoes.<br />
Let it cook until the tomatoes turn into sauce.<br />
With a toothpick, check if the fish is tender and thawed. Add the shrimp and the rest<br />
of the cilantro.<br />
Let the shrimp cook and serve immediately.<br />
Rodrigo Aliperti<br />
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Rodrigo Aliperti
NHOQUE DE MANDIOQUINHA E BATATA<br />
MANDIOQUINHA* AND POTATO GNOCCHI<br />
SÃO PAULO | SÃO PAULO<br />
A recessão e a escassez de comida revelam algo de extraordinário em nós, a capacidade de inventar, fazer prevalecer e alimentar quem necessite, de cativar to<strong>do</strong><br />
aquele que precise fortalecer o corpo e a alma. Os italianos representam muito esse tipo de nação <strong>do</strong> <strong>bem</strong>. Nos momentos de falta de recursos, foram muito criativos,<br />
elaboraram refeições maravilhosas. Muitas dessas receitas tornaram-se clássicos da gastronomia. E uma das heranças mais saborosas, para mim, é o ama<strong>do</strong> nhoque.<br />
Gnocchi, em italiano, pode ser entendi<strong>do</strong> como “pedaço” ou “pelota”. Conta-se que, nos tempos de recessão, a farinha era um ingrediente abundante somente aos<br />
mais ricos, os quais podiam fazer suas formosas massas à vontade. Já nas casas onde a míngua e a fome imperavam, alimentar to<strong>do</strong>s seria impossível, não fosse a<br />
criatividade de aproveitar os pães velhos e o pouco de farinha que tinham. Essa mistura era modelada em pequenos pedacinhos re<strong>do</strong>n<strong>do</strong>s e fervida em sopas ralas ou<br />
misturas de água e ossos de galinha.<br />
O costume, que outrora foi por necessidade, hoje se reinventou. Ao nhoque foram adiciona<strong>do</strong>s ovos, legumes e verduras até que ele se tornasse o sucesso que é hoje. Para<br />
ilustrar nosso livro, foi-nos cedida a tradicional receita de nhoque de mandioquinha e batata desenvolvida pelos monges <strong>do</strong> Mosteiro de São Bento. Esse prato leva um<br />
ingrediente típico da América <strong>do</strong> Sul, a mandioquinha salsa. Trata-se de um prato leve e inspira<strong>do</strong> na culinária brasileira. Os monges ampliaram a tradição <strong>do</strong> nhoque a uma<br />
comemoração importantíssima para a religião cristã, servem o prato tradicionalmente nos <strong>do</strong>mingos de Páscoa.<br />
A receita aqui apresentada é a mesma que foi servida ao papa Bento XVI em sua vinda ao Brasil. Que tal você também servir à sua família e aos seus amigos uma massa<br />
deliciosa que encantou e encanta milhões de italianos, brasileiros, entre outros povos? Seus convida<strong>do</strong>s vão a<strong>do</strong>rar!<br />
Recession and food shortages bring out something extraordinary in us; our capacity to prevail, invent, and feed those in need; captivate those who need to strengthen body and soul. Italians<br />
represent this goodwill very well. When they lacked resources, they were quite creative and prepared wonderful meals. Many of these recipes have become gastronomy classics. And one of<br />
their most delicious legacies, in my opinion, is the beloved gnocchi.<br />
Gnocchi, in Italian, means “piece”, or “pellet”. It is said that, during times of recession, flour was only abundant for the wealthiest who could make as much wonderful pasta as they wanted.<br />
But at homes where there was scarcity and hunger, feeding one’s family was a challenge had it not been for the creativity of using stale bread and the little flour they had. This mixture was<br />
shaped into small round dumplings and boiled in broth or in water with chicken bones.<br />
The custom, which came out of necessity, has now been reinvented. Eggs, legumes and vegetables were added to the gnocchi until it became the success it is today. To illustrate our book, we<br />
were given the traditional parsnip and potato gnocchi recipe created by the monks at the São Bento Monastery. This dish has a typical South American ingredient, the parsnip. It is a light<br />
dish inspired by Brazilian cuisine. The monks extended the tradition of gnocchi to a very important Christian celebration and traditionally serve the dish on Easter Sundays.<br />
The recipe presented here is the same that was served to Pope Benedict XVI during his visit to Brazil. This delicious dish has delighted and still delights millions of Italians, Brazilians, and<br />
many others around the world. How about you also serve it to your family and friends? Your guests will love it.<br />
“Uma receita <strong>do</strong> <strong>bem</strong> é aquela que Deus mexe no tempero”<br />
“A recipe from the heart happens when God seasons the dish”<br />
* Yellow root which is popular in Brazil.<br />
1<br />
Ordem de São Bento / São Bento Order<br />
Dom João Baptista Barbosa Neto Osb, 1 Monge<br />
Mosteiro de São Bento<br />
São Bento Monastery<br />
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Mosteiro de São Bento / São Paulo | São Bento Order / São Paulo<br />
Wilian Aguiar
NHOQUE DE MANDIOQUINHA E BATATA<br />
MANDIOQUINHA AND POTATO GNOCCHI<br />
Receita por Dom João Baptista Barbosa Neto OSB, Monge<br />
12 porções servings 1h<br />
Recipe by Dom João Baptista Barbosa Neto OSB, Monk<br />
Ingredientes Ingredients<br />
1 kg de batata<br />
2 lb potatoes<br />
500 g de mandioquinha salsa<br />
½ lb mandioquinha (arracacha or little cassava)<br />
1 kg de farinha de trigo<br />
2 lb flour<br />
400 g de queijo parmesão rala<strong>do</strong><br />
½ lb grated parmesan cheese<br />
Sal a gosto<br />
Salt to taste<br />
Mo<strong>do</strong> de preparo Directions<br />
Descasque as batatas e a mandioquinha.<br />
Cozinhe-as até desmanchar e escorra <strong>bem</strong>.<br />
Amasse ou utilize um processa<strong>do</strong>r para misturá-las.<br />
Junte à massa os demais ingredientes e misture até formar uma mistura homogênea.<br />
Faça rolinhos com a massa – polvilhe farinha para não grudar – e corte-os em pedaços de 2 cm.<br />
Coloque os nhoques em água fervente e retire quan<strong>do</strong> cozi<strong>do</strong>s.<br />
Peel the potatoes and mandioquinha.<br />
Cook until they are tender and drain thoroughly.<br />
Mash them or use a food processor.<br />
Add the other ingredients and knead until you obtain a homogenous <strong>do</strong>ugh.<br />
Shape the <strong>do</strong>ugh into long rolls, sprinkle with flour so as not to stick, and cut the rolls<br />
into 2 centimeter pieces.<br />
Boil the gnocchi in water and remove when cooked.<br />
Damião Francisco<br />
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Damião Francisco
NOODLE<br />
NOODLE<br />
CHINA | CHINA<br />
Sa<strong>bem</strong>os que o macarrão é uma deliciosa comida consumida na maioria <strong>do</strong>s países, mas o que muitas pessoas não sa<strong>bem</strong> é a verdadeira origem dele. Teorias antigas<br />
apontavam para diferentes cria<strong>do</strong>res: chineses, italianos ou árabes. Alguns anos atrás, o cientista Houyuan Lu, <strong>do</strong> Instituto de Geologia e Geofísica da Academia<br />
de Ciências de Pequim, conseguiu descobrir a origem exata <strong>do</strong> macarrão. O cientista e sua equipe de pesquisa<strong>do</strong>res encontraram em uma região da China, mais<br />
precisamente em Lajia, um sítio arqueológico, uma vasilha a três metros da superfície que protegia um pequeno fio de macarrão. De acor<strong>do</strong> com as provas geológicas<br />
e arqueológicas, o fio de macarrão data de 4.000 anos. Essa descoberta veio a reconhecer que os chineses são, realmente, os verdadeiros inventores <strong>do</strong> macarrão.<br />
A amostra passou por diversas análises que evidenciaram semelhanças com o macarrão que hoje conhecemos. As semelhanças estão no formato e na forma de fazer o<br />
fio de macarrão. Concluíram que ele possuía 0,3 centímetros de espessura, além de ser longo e fino como os de hoje. Ele era feito através <strong>do</strong> amassar <strong>do</strong>s grãos e, em<br />
seguida, era sova<strong>do</strong> e corta<strong>do</strong> no formato deseja<strong>do</strong> e cozi<strong>do</strong> em água quente, como costumamos fazer hoje em dia. A diferença encontrada estava nos ingredientes:<br />
em Lajia não era feito com farinha de trigo, mas sim com uma espécie de milho, o milheto.<br />
Um <strong>do</strong>s maiores divulga<strong>do</strong>res <strong>do</strong> macarrão foi Marco Polo, o navega<strong>do</strong>r. Durante a Dinastia Yuan, entre 1271 e 1368, levou a receita para o resto <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. A partir<br />
daí, inúmeras versões de macarrão foram aprimoradas. Entre essas versões está o noodle <strong>do</strong> Oriente, um macarrão desidrata<strong>do</strong> que precisa ser fervi<strong>do</strong> com água. Os<br />
chineses aprimoraram essa receita após a segunda guerra mundial, cria<strong>do</strong> para ser feito de forma instantânea, rápida e barata. Hoje em dia, encontramos diversos<br />
tipos de macarrão instantâneo, como o talharim, o yakisoba, os lámens e outros.<br />
Se você deseja uma comida rápida e nutritiva, o noodle é a escolha certa.<br />
We all know that pasta is delicious and is consumed in most countries, but what many people <strong>do</strong>n’t know is its true origin. Ancient theories point to different creators, the Chinese, Italians<br />
or even Arabs. A few years ago, scientist Houyuan Lu, from the Institute of Geology and Geophysics of the Beijing Academy of Sciences, was able to find the precise origin of noodles. In<br />
Lajia, in the northwestern part of China, the scientist and his team of researchers found, three meters from the surface, an artifact containing a small noddle. According to geological and<br />
archeological evidence, the noddle dates back 4,000 years. This discovery demonstrated that the Chinese were the true inventors of noodles.<br />
The sample underwent analyses and they showed similarities with the noodles we know today. The similarities lie in the shape and form of preparation. They concluded that it was 0.3<br />
centimeters thick, in addition to being long and thin as the ones nowadays. It was made by grinding grain and then kneading it, cutting it in the desired shape and cooking it in hot water,<br />
as we <strong>do</strong> to this day. The difference found was in the ingredients; in Lajia it wasn’t made with flour, but with a type of corn called millet.<br />
One of the greatest disseminators of noodles was explorer Marco Polo, who during the Yuan Dynasty, between 1271 and 1368, introduced noodles to Europe. Since then, countless versions<br />
of noodles were improved. Among such versions is the Eastern noodle, a dehydrated noodle that needs to be boiled in water. The Chinese improved this recipe after the second World War,<br />
instant noodles were created to be prepared in a fast and cheap manner. Nowadays, we can find several types of instant noodles, such as taglierini, yakisoba, reamen, etc.<br />
“Para mim, uma receita <strong>do</strong> <strong>bem</strong> é aquela feita com o coração e que agrada o coração”<br />
“To me, a recipe from the heart is made from the heart, which also pleases the heart”<br />
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Chef Hernandes Kazunori Fujino<br />
Lamen Kazu
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Wilian Aguiar
NOODLE / NOODLE<br />
4 porções servings 45min<br />
Receita por Chef Hernandes Kazunori Fujino<br />
Recipe by Chef Hernandes Kazunori Fujino<br />
Ingredientes Ingredients<br />
150 g de macarrão fresco para lámen<br />
5.3 oz fresh ramen noodles<br />
50 g de cogumelo shimeji branco levemente cozi<strong>do</strong><br />
1.7 oz white shimeji mushrooms, lightly cooked<br />
3 folhas de chinguensai (acelga chinesa) com talo cortadas em<br />
aproximadamente 5 cm<br />
3 leaves bok choi with stalks (Chinese cabbage), cut in approximately 2”<br />
60 g de moyashi (broto de feijão) 2.1 oz bean sprouts<br />
30 g de cenoura fatiada fininha 1 oz thinly sliced carrots<br />
10 g ou um talo de nirá (cebolinha chinesa ou folha de alho japonês)<br />
corta<strong>do</strong>s em aproximadamente 5 cm<br />
⅛ cup or one stalk nirá (Chinese onion), chopped in approximately 2”<br />
10 g ou um talo de cebolinha fatiada ⅛ cup or one stalk chopped chives<br />
4 cubos de tofu (queijo de soja) 4 small cubes of tofu (soybean curd)<br />
10 g de wakamê (alga hidratada) ⅛ cup wakame (hydrated seaweed)<br />
1 folha de nori (alga desidratada) 1 small nori leaf (dehydrated seaweed)<br />
Sal a gosto Salt to taste<br />
Curry a gosto Curry to taste<br />
1 pitada de gergelim torra<strong>do</strong> 1 pinch toasted sesame seeds<br />
Sopa Broth<br />
60 g de missô (pasta de soja) 2.1 oz miso (fermented soybean paste)<br />
1 colher de sobremesa rasa de óleo de gergelim torra<strong>do</strong><br />
1 teaspoon toasted sesame oil<br />
½ cogumelo shitake pica<strong>do</strong> ½ sliced shiitake mushroom<br />
360 ml de água 12 fl oz water<br />
1 colher de sopa rasa de mix (40% alho, 10% gengibre e 50% óleo vegetal<br />
bati<strong>do</strong> no liquidifica<strong>do</strong>r)<br />
1 tablespoon mix (40% garlic, 10% ginger and 50% vegetable oil mixed in the blender)<br />
Mo<strong>do</strong> de preparo Directions<br />
Macarrão<br />
Em uma panela, aqueça a água. Assim que a água atingir o ponto de<br />
fervura, adicione o macarrão por aproximadamente 2 minutos ou até a<br />
massa cozinhar por completo.<br />
Sopa<br />
Descanse o cogumelo shitake pica<strong>do</strong> durante 30 minutos em 60 ml de<br />
água para se formar o extrato.<br />
Em uma panela, adicione to<strong>do</strong>s os ingredientes da sopa de missô.<br />
Adicione o shitake e os 60 ml da água <strong>do</strong> descanso <strong>do</strong> cogumelo.<br />
Em fogo forte, misture to<strong>do</strong>s os ingredientes da sopa até dissolver <strong>bem</strong> a<br />
pasta de missô e levantar fervura.<br />
Em uma frigideira, refogue com um pouco de óleo vegetal o shimeji, o<br />
chinguensai, o moyashi, o nirá e a cenoura com sal e curry a gosto.<br />
Em uma <strong>do</strong>mburi (tigela japonesa), coloque o macarrão cozi<strong>do</strong> e a sopa de<br />
missô ainda <strong>bem</strong> quente.<br />
Monte de forma harmonizada os vegetais refoga<strong>do</strong>s com o tofu, a<br />
cebolinha, o wakamê e a folha de nori.<br />
Para finalizar, polvilhe uma pitada de gergelim torra<strong>do</strong> sobre o prato.<br />
Noodles<br />
Heat water in a pan. As soon as the water boils, add the noodles for approximately 2<br />
minutes or until the noodles are completely cooked.<br />
Broth<br />
Let the sliced shiitake mushrooms rest in 2 oz of water for 30 minutes to form the broth.<br />
In a pan, add all of the misso broth ingredients.<br />
Add the shiitake and the 2 oz of water where the mushrooms rested.<br />
Over high heat, add all of the broth ingredients until the miso paste dissolves well and<br />
boils.<br />
In a frying pan, sauté the shimeji, chinguensai, moyashi, nirá and carrots in a little<br />
vegetable oil with salt and curry to taste.<br />
In a <strong>do</strong>mburi (Japanese bowl), add the cooked noodles and the miso broth while it’s still hot.<br />
Add, in a harmonized manner, the vegetables ed with the tofu, chives, wakame and the<br />
nori leaf.<br />
Finish it off by sprinkling a pinch of toasted sesame over the dish.<br />
Wilian Aguiar<br />
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Wilian Aguiar
OZONI, A SOPA DA PROSPERIDADE<br />
OZONI, THE SOUP OF PROSPERITY<br />
JAPÃO | JAPAN<br />
Ozoni, a sopa da prosperidade; ozoni era a comida consumida pelos samurais em suas batalhas. Esses guerreiros eram muito conheci<strong>do</strong>s e importantes no antigo<br />
Japão. Assim como a cultura e a lealdade <strong>do</strong>s samurais, a culinária deles era de extrema importância. Mais tarde, a sopa começou a ser oferecida aos deuses para que<br />
eles pudessem garantir felicidade e saúde no ano que se iniciava. Hoje em dia, a sopa é tradicionalmente consumida no ano novo japonês.<br />
Os ingredientes mais relevantes são mochi (um bolinho de arroz glutinoso), dashi (cal<strong>do</strong> básico com alga kombu e peixe seco), frango ou frutos <strong>do</strong> mar, kamaboko (pasta<br />
de peixe cozi<strong>do</strong> no vapor) e vegetais. No entanto, cada família japonesa tem sua própria forma de preparar a ozoni, dependen<strong>do</strong> da província ou da tradição familiar.<br />
A base da sopa pode ser um cal<strong>do</strong> claro tempera<strong>do</strong> com shoyu, mais ao norte, ou temperada com missô (pasta de soja fermentada), mais ao sul. Outras regiões fazem<br />
a sopa com azuki (variedade de pequenos feijões vermelhos). Os bolinhos mochi podem ser grelha<strong>do</strong>s ou cozi<strong>do</strong>s nesse cal<strong>do</strong> saboroso. Outras receitas podem incluir<br />
tofu (queijo de soja) ou inhame. E a seleção de vegetais é vasta, podem ser utilizadas cenoura, nabo, acelga, horenso (espinafre japonês) ou komatsuna (outro tipo de<br />
acelga) e cogumelos. As ervas, como seri ou mitsuba, permitem combinações <strong>bem</strong> variadas.<br />
Apesar da diferença em seus ingredientes, algo é comum em todas as versões da ozoni, todas são umami, que em japonês significa “saboroso e delicioso”. Para saber de<br />
verdade o seu sabor, somente preparan<strong>do</strong> a ozoni e degustan<strong>do</strong> com aquelas pessoas queridas, com a mesma lealdade de um samurai.<br />
Ozoni, the soup of prosperity; ozoni was consumed by the samurai in their battles. These warriors were well known and important in ancient Japan. As with the culture and loyalty of the<br />
samurai, their culinary was extremely important. Later, the soup began to be offered to the gods so that they could reciprocate with happiness and health in the coming year. Nowadays,<br />
this soup is traditionally consumed during the Japanese New Year.<br />
The most important ingredients are mochi (a glutinous rice cake), dashi (basic broth with kombu seaweed and dried fish), chicken or seafood, kamaboko (steamed fish paste) and vegetables.<br />
However, each Japanese family has their own way of preparing ozoni, depending on the province or family tradition. Farther north, the soup can be a light-colored broth seasoned with<br />
soy sauce, or seasoned with miso (fermented soybean paste) further to the south. Other regions prepare the soup with azuki (a variety of small red beans). The mochi cakes can be grilled<br />
or cooked in this flavorful broth. Other recipes might include tofu (cheese made from soymilk) or yams. And the selection of vegetables is vast, including carrots, turnips, chard, horenso<br />
(Japanese spinach) or komatsuna (a variety of chard), and mushrooms. Herbs such as seri or mitsuba allow for varied combinations.<br />
Despite the different ingredients, there’s something in common in all ozoni versions, all are umami, which in Japanese means “flavorful and delicious”. Only by preparing ozoni, can you truly<br />
taste its flavor and enjoy it with those dear to you, with the same loyalty as a samurai.<br />
“Uma receita <strong>do</strong> <strong>bem</strong> inspira a celebração e o partilhar de bons momentos e sabores deliciosos. É aquele prato que marca encontros<br />
gostosos ao re<strong>do</strong>r da mesa e faz parte de nossas memórias afetivas”<br />
“A recipe from the heart inspires celebration and the sharing of good times and delicious flavors. It’s that one dish<br />
that brings people around the table for pleasant gatherings, and is part of our cherished memories”<br />
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Chef Telma Shiraishi<br />
Aizomê
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Wilian Aguiar
OZONI / OZONI<br />
4 porções servings 40min<br />
Receita por Chef Telma Shiraishi<br />
Recipe by Chef Telma Shiraishi<br />
Ingredientes Ingredients<br />
Para o dashi For the dashi<br />
1 litro de água mineral 1 quart mineral water<br />
1 pedaço de alga kombu de aproximadamente 10 cm<br />
1 slice piece of kombu seaweed<br />
½ xícara de katsuobushi (lascas de peixe-bonito cura<strong>do</strong> e seco)<br />
½ cup katsuobushi (flakes of cured and dry skipjack tuna)<br />
Para a ozoni For the ozoni<br />
4 xícaras de dashi 4 cups dashi<br />
½ xícara de mirin (saquê <strong>do</strong>ce para culinária)<br />
½ cup mirin (sweet cooking sake)<br />
½ xícara de shoyu usukuchi (<strong>do</strong> tipo claro)<br />
½ cup usukuchi soy sauce (the lighter type)<br />
8 bolinhos mochi 8 mochi cakes<br />
1 xícara de cenoura raspada e fatiada<br />
1 cup shavings and sliced carrots<br />
1 xícara de raiz de bardana raspada e fatiada<br />
1 cup shavings and sliced bur<strong>do</strong>ck root<br />
1 xícara de nabo descasca<strong>do</strong> e fatia<strong>do</strong><br />
1 cup peeled and sliced turnips<br />
4 cogumelos shitake fatia<strong>do</strong>s 4 sliced shiitake mushrooms<br />
4 folhas de acelga cortadas em pedaços 4 chard leaves, chopped in pieces<br />
1 coxa com sobrecoxa de frango desossada e sem pele<br />
1 deboned and skinless chicken drumstick with thigh<br />
Sal a gosto Salt to taste<br />
1 colher de sopa de óleo vegetal 1 tablespoon vegetable oil<br />
Seri (salsa japonesa) ou mitsuba (trifólio japonês) – pode ser substituí<strong>do</strong> por<br />
cebolinha<br />
Seri (Japanese celery) or mitsuba (Japanese parsley) – chives can be used as a substitute<br />
Myoga (flor de uma espécie de gengibre) – opcional<br />
Myoga (Japanese ginger) – optional<br />
Mo<strong>do</strong> de preparo Directions<br />
Dashi<br />
Coloque o pedaço de kombu em uma panela com a água fria e deixe<br />
repousar por pelo menos 20 minutos.<br />
Em seguida, ligue o fogo, o mais baixo possível, deixan<strong>do</strong> aquecer lentamente.<br />
Quan<strong>do</strong> começar a surgir bolhas, retire o kombu (e reserve, caso deseje, pois<br />
ele pode ser utiliza<strong>do</strong> em outra preparação) e acrescente o katsuobushi.<br />
Assim que levantar fervura, desligue o fogo e deixe em repouso até que as<br />
lascas de katsuobushi se assentem no fun<strong>do</strong> da panela.<br />
Coe cuida<strong>do</strong>samente e reserve.<br />
Ozoni<br />
Corte em cubos o frango já limpo e tempere com um pouco de sal.<br />
Aqueça o óleo em uma panela funda e <strong>do</strong>ure ligeiramente os cubos de frango.<br />
A seguir, acrescente o mirin e deixe evaporar o álcool. A essa mistura junte<br />
o dashi e o shoyu.<br />
Coloque os legumes por ordem de tempo de cozimento: primeiro a<br />
bardana, depois a cenoura e o nabo. Assim que os legumes e o frango<br />
estiverem macios, acrescente o shitake e a acelga.<br />
Grelhe os bolinhos mochi em forno elétrico ou em frigideira antiaderente<br />
até que estejam <strong>do</strong>ura<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s e estufa<strong>do</strong>s.<br />
Divida o mochi em 4 tigelas e acrescente a sopa de frango, os cogumelos e<br />
vegetais.<br />
Decore com as ervas escolhidas e sirva.<br />
Dashi<br />
Place the piece of kombu in a pot with cold water for at least 20 minutes.<br />
Over very low heat, let it heat up slowly. When you see bubbles, take out the kombu (set<br />
aside; if you wish, it can be used in another recipe) and add the katsuobushi.<br />
As soon as it boils, remove from heat and let it rest until the katsuobushi flakes settle in<br />
the bottom of the pot.<br />
Strain carefully and set aside.<br />
Wilian Aguiar<br />
Ozoni<br />
Cut the chicken into cubes with a pinch of salt.<br />
Heat the oil in a deep pan and lightly brown the chicken cubes.<br />
Add the mirin and let the alcohol evaporate. Add the dashi and soy sauce to this mixture.<br />
Add the vegetables in order of cooking time: first the bur<strong>do</strong>ck, then carrots and turnips. As<br />
soon as the vegetables and chicken are tender, add the shiitake and chard.<br />
Grill the mocha cakes in a toaster oven or non-stick frying pan, until they are brown on<br />
both sides and puffed up.<br />
Divide the mochi in 4 bowls and add the chicken broth, mushrooms and vegetables.<br />
Garnish the dish with herbs and serve.<br />
62
63<br />
Wilian Aguiar
PAELLA<br />
PAELLA<br />
ESPANHA | SPAIN<br />
Mundialmente famosa na culinária espanhola, a paella é uma comida presente em diversas regiões <strong>do</strong> nosso país e traz várias possíveis origens. Uma delas está<br />
atrelada à palavra patella, uma nomeação para as bandejas que eram utilizadas na Roma Antiga, as quais eram usadas em oferendas para os deuses durante os<br />
rituais de fecundação da terra. Talvez seja por essa razão que a paella traga ingredientes ricos, nobres, sempre frescos e de alta qualidade. Nesse banquete de<br />
ingredientes são mistura<strong>do</strong>s o azeite, pequenos pedacinhos de coelho ou pato, legumes sempre frescos e caracóis comestíveis, fazen<strong>do</strong> referência ao ritual antigo.<br />
Outra versão narra a história de que a receita nasceu com os camponeses da região de Valência, local onde os árabes iniciaram sua plantação de arroz. Conta-se<br />
que os camponeses, ao irem trabalhar, começavam sua colheita durante a manhã e, no almoço, deixavam mistura<strong>do</strong> na panela o arroz e o azeite de oliva junto<br />
aos ingredientes que já tinham caça<strong>do</strong> no perío<strong>do</strong> matinal. Há ainda pessoas que dizem que o nome dessa receita provém da ideia de os homens camponeses<br />
prepararem essa comida para suas esposas quan<strong>do</strong> iam embora para a casa, dedican<strong>do</strong>-as para ella.<br />
Qualquer que seja a origem, dividir uma paella com aqueles que você ama é uma excelente escolha.<br />
The world famous Spanish Paella is present in many regions of our country and has several possible origins. One of them is linked to the word patella, a tray used in Ancient Rome, which<br />
were used in offerings to the gods during soil fertilization rituals. Perhaps this is why the paella has rich, noble and always fresh high quality ingredients. In this banquet of ingredients, olive<br />
oil, small pieces of rabbit or duck, fresh vegetables and edible snail are added, which refer to the ancient ritual.<br />
Another version claims that this recipe was created by the peasants in the region of Valencia, where the Arabs started rice plantations. They say that when the peasants went out to work,<br />
they started harvesting in the morning and by lunchtime, in a pot; they mixed rice and olive oil with other ingredients they had foraged during the morning. There are also those who say<br />
that the name of this dish comes from the idea of peasant men preparing it for their wives when they went home, dedicating it to ella (her).<br />
Whatever the origin, sharing a paella with those you love is an excellent choice.<br />
64<br />
“Receita <strong>do</strong> <strong>bem</strong> é aquela que lhe faz <strong>bem</strong>, aquela que você tem prazer em<br />
sentar na mesa e comer com os amigos e em família”<br />
“A recipe from the heart makes you feel good and provides the joy of sitting<br />
around a table and eating with friends and family”<br />
Chef Oscar Bosch<br />
Restaurante Tanit<br />
Tanit Restaurant
65<br />
Wilian Aguiar
PAELLA / PAELLA<br />
8 porções servings 30min<br />
Receita por Chef Oscar Bosch<br />
Recipe by Chef Oscar Bosch<br />
Ingredientes Ingredients<br />
600 g de camarão médio descasca<strong>do</strong> e limpo<br />
1.3 lb medium-sized shrimp, peeled and cleaned<br />
100 g de camarão grande inteiro (para decorar)<br />
½ cup large whole shrimp, to garnish the dish<br />
600 g de lula em anéis 1.3 lb squid, cut in rings<br />
300 g de atum em pedaços pequenos<br />
10 oz tuna, in small pieces<br />
2 xícaras de arroz bomba 2 cups Bomba rice<br />
4 xícaras de água 4 cups water<br />
1 xícara de ervilhas frescas 1 cup fresh peas<br />
2 tomates pica<strong>do</strong>s sem pele 2 tomatoes, sliced and peeled<br />
1 cebola branca picada 1 white onion, chopped<br />
3 dentes de alho pica<strong>do</strong>s 3 cloves of garlic, chopped<br />
½ pimentão vermelho em tiras ½ red bell pepper, sliced<br />
Açafrão a gosto Saffron to taste<br />
Azeite de oliva a gosto Olive oil to taste<br />
Sal a gosto Salt to taste<br />
Mo<strong>do</strong> de preparo Directions<br />
Refogue o atum em uma porção de azeite.<br />
Em uma paelleira ou frigideira grande, refogue a cebola e o alho no azeite e deixe <strong>do</strong>urar levemente. Em seguida, acrescente os pimentões, o tomate e a<br />
lula e continue a refogá-los.<br />
Junte as ervilhas frescas, o arroz e o açafrão. Refogue um pouco mais e adicione a água e o sal a gosto.<br />
Após 10 minutos de cozimento, acrescente os camarões médios. Deixe cozinhar até secar a água. Lembre-se de que o arroz deve ficar levemente úmi<strong>do</strong>.<br />
Em uma frigideira separada, refogue o camarão grande com um pouco de alho pica<strong>do</strong> e sal no azeite.<br />
Decore com os camarões grandes e as tiras de pimentões colori<strong>do</strong>s.<br />
Sirva logo em seguida.<br />
Sauté the tuna in olive oil.<br />
In a paella pan or large frying pan, sauté the onions and garlic in olive oil until they<br />
brown lightly. Add the bell peppers, tomatoes and squid and sauté them.<br />
Add the fresh peas, rice and saffron. Sauté a little longer and add the water and salt to taste.<br />
After 10 minutes cooking, add the medium-sized shrimp. Let them cook until the water<br />
dries. Remember that the rice should be slightly moist.<br />
In a separate frying pan, sauté the large shrimp with some of the chopped garlic and<br />
salt in olive oil.<br />
Garnish the paella with the large shrimp and strips of bell peppers. Serve immediately.<br />
Wilian Aguiar<br />
66
67<br />
Wilian Aguiar
PANETONE<br />
PANETTONE<br />
ITÁLIA | ITALY<br />
No Natal, essa bela festa cristã, famílias e amigos se reúnem à mesa para comemorar o nascimento de Jesus. As pessoas tradicionalmente fazem orações, trocam presentes<br />
e ceiam juntas. Porém, antes <strong>do</strong> jantar e até depois, <strong>do</strong>ces iguarias são degustadas e <strong>bem</strong>-vindas. Como regra, nunca falta o famoso panetone. Sua origem vem recheada de<br />
lendas e histórias, com muitos personagens ao longo <strong>do</strong> tempo. Os historia<strong>do</strong>res italianos dizem que a receita <strong>do</strong> panetone se originou durante o rito <strong>do</strong> tronco, em uma<br />
cerimônia <strong>bem</strong> antiga, uma espécie de ritual feito na véspera <strong>do</strong> Natal em grande parte da região europeia, principalmente na Itália. Essa cerimônia juntava características<br />
pagãs e cristãs na Idade Média e no Renascimento.<br />
Durante esse ritual, os anfitriões deveriam pegar uma espécie de tronco de árvore pesa<strong>do</strong>, colocá-lo sobre ramos de zimbro e acender o fogo. Em seguida, jogava-se vinho nas<br />
chamas. Com a bebida restante na garrafa, serviam a to<strong>do</strong>s os convida<strong>do</strong>s. O pão era produzi<strong>do</strong> e dividi<strong>do</strong> em três porções, e cada parte era marcada com uma cruz antes de<br />
assar. O ritual prosseguia com uma moeda sen<strong>do</strong> jogada no tronco, depois, distribuíam as demais moedas para as pessoas. No final, um pedaço <strong>bem</strong> grande de pangrade ou<br />
panatton era da<strong>do</strong> para o grupo. Uma parte era reservada e guardada para o próximo Natal.<br />
Para o cristianismo, este ritual era repleto de significa<strong>do</strong>s. O pão era reparti<strong>do</strong> e se evocava a Santíssima Trindade. O vinho representava o sangue de Cristo, o fogo trazia<br />
a representação da missão funda<strong>do</strong>ra e redentora <strong>do</strong> cristianismo, já a torta era a árvore pagã <strong>do</strong> Bem e <strong>do</strong> Mal.<br />
Em 1570, no livro Opera dell’Arte del Cucinare, de autoria de Bartolomeo Scappi, considera<strong>do</strong> o cozinheiro <strong>do</strong>s papas, foi feita a primeira citação a essa receita. Em 1606, o<br />
termo panatton passou a constar no dicionário Varon Milanês, cita<strong>do</strong> como um pão muito grande feito para ser consumi<strong>do</strong> no Natal.<br />
A partir daí, muitas receitas de panetone foram surgin<strong>do</strong>. O resulta<strong>do</strong> é que hoje temos um pão com cheirinho de festa!<br />
At Christmastime, during this wonderful Christian festivity, family and friends gather around the table to celebrate the birth of Jesus. People traditionally say prayers, exchange presents and<br />
dine together. However, before dinner and even afterwards, sweet delicacies are eaten and welcomed. As a rule, the famous panettone is always present. Over time, its origin became filled with<br />
legends and stories, and with many characters. Italian historians say that the panettone recipe originated during the ritual of the log, an ancient ceremony performed on Christmas Eve in most<br />
of Europe, especially Italy. This ritual combined Middle Age and Renaissance pagan and Christian characteristics.<br />
During this ritual, the hosts would place a heavy log over juniper branches and light a fire. Then, wine was poured over the flames and the remaining wine was served to the guests. The bread<br />
<strong>do</strong>ugh was prepared and divided into three portions. Each portion was marked with a cross before baking. The ritual continued with a coin being thrown on the log, and other coins were<br />
then distributed to everyone. Finally, a large piece of pangrade or panatton was given to the group. One part was reserved and kept until the following Christmas.<br />
For Christianity, this ritual was full of meanings to be celebrated. The bread was shared and the Holy Trinity was evoked. The wine represented the blood of Christ, the fire represented the<br />
founding and redeeming mission of Christianity, and the pagan log represented good and evil.<br />
The first reference to this recipe was made in 1570, in the book Opera dell`Arte del Cucinare by Bartolomeo Scappi, who was considered to be the cook of popes. In 1606, the term panatton<br />
appeared in the Varon Milanês dictionary, defined as a very large bread to be consumed at Christmas.<br />
From then on, many panettone recipes were created. The result is that nowadays we have bread that smells like the holidays!<br />
“Uma receita <strong>do</strong> <strong>bem</strong> é aquela que, antes de ser degustada, já faz as pessoas felizes!”<br />
“To me, a recipe from the heart makes people feel happy even before they eat!”<br />
68<br />
Chef Gute<br />
House of Flavors - Miami / FL Meal plans, Catering & Events
69<br />
Renata Volfe
PANETONE / PANETTONE<br />
2 porções servings 3h<br />
Receita por Chef Gute<br />
Recipe by Chef Gute<br />
Ingredientes Ingredients<br />
7 colheres de sopa de água morna 7 tablespoons warm water<br />
150 g de açúcar ¾ cup sugar<br />
30 g de açúcar impalpável ¼ cup powdered sugar<br />
5 g de fermento biológico 1 teaspoon dry baker’s yeast<br />
100 g de uvas passas ½ cup raisins<br />
150 g de frutas secas 3 4 cup of dried fruits<br />
½ colher de chá de essência de panetone ou essência de laranja<br />
½ teaspoon panettone essence or orange essence<br />
25 g de manteiga 1 oz butter<br />
600 g de farinha de trigo peneirada 3 cups sifted flour<br />
1 colher de café de sal 1 teaspoon salt<br />
6 ovos 6 eggs<br />
200 g de nozes inteiras 7 8 cup whole walnuts<br />
Raspas de laranja Orange zest<br />
Óleo para untar Oil for greasing the baking pan<br />
Gema de ovo para pincelar Egg yolk for egg wash<br />
Mo<strong>do</strong> de preparo Directions<br />
Em uma tigela, coloque o fermento, ½ xícara de farinha e água morna.<br />
Misture <strong>bem</strong> e deixe descansar por 30 minutos.<br />
Em outra tigela, coloque a manteiga, a essência de panetone, as frutas<br />
secas e as uvas passas. Misture <strong>bem</strong> e reserve.<br />
Em outra tigela, misture o açúcar, a farinha de trigo, as raspas de laranja e o sal.<br />
Transfira a mistura para uma mesa limpa e seca, forman<strong>do</strong> um monte com<br />
um buraco no meio. No buraco, coloque os ovos, a mistura de fermento, a<br />
água e a farinha feita anteriormente.<br />
Misture tu<strong>do</strong> com as mãos até formar uma massa lisa. Unte a mesa com óleo.<br />
Com as mãos, abra a massa e coloque a mistura de manteiga com frutas<br />
secas feita anteriormente. Sove a massa e vá acrescentan<strong>do</strong> farinha para<br />
dar ponto. O ponto é da<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> a massa não grudar mais nas mãos.<br />
Forme uma bola e unte uma panela que possa ir ao forno.<br />
Forre as laterais com papel manteiga e acomode o panetone dentro da<br />
panela. Cubra a panela com um pano de prato limpo e deixe descansar<br />
dentro <strong>do</strong> forno desliga<strong>do</strong> durante 4 horas.<br />
Em seguida, pincele o panetone com a gema e cubra com as nozes. Leve<br />
para assar no forno preaqueci<strong>do</strong> a 200°C por 1 hora.<br />
Retire <strong>do</strong> forno, deixe esfriar, desenforme e sirva.<br />
Recheio<br />
Corte o panetone ao meio, no senti<strong>do</strong> horizontal, recheie com uma<br />
camada de goiabada e outra com <strong>do</strong>ce de leite.<br />
Polvilhe com açúcar impalpável a gosto.<br />
In a bowl, add the yeast, ½ cup of flour and warm water. Mix well and let it rest for 30<br />
minutes.<br />
In another bowl, add the butter, panettone essence, dried fruit and raisins. Mix well and<br />
set aside.<br />
In another bowl, mix the sugar, flour, orange zest and salt.<br />
Transfer this mixture to a clean and dry surface, forming a pile with a hole in the middle.<br />
Add the eggs and the yeast, water and flour mixture, prepared previously, into the hole.<br />
Mix everything by hand and knead until the <strong>do</strong>ugh is smooth. Grease the surface with oil.<br />
With your hands, open the <strong>do</strong>ugh and add the butter and dried fruit mixture prepared<br />
earlier. Knead the <strong>do</strong>ugh and add flour to obtain the right consistency, which is when<br />
the <strong>do</strong>ugh no longer sticks to your hands. Form a ball and grease a baking pan.<br />
Line the sides with wax paper and put the panettone in the pan. Cover with a clean tea<br />
towel and let it rest inside the oven (turned off) for 4 hours.<br />
Brush the panettone with the egg wash and cover it with the nuts. Bake it in a preheated<br />
oven at 200°C (390°F) for 1 hour.<br />
Take it out of the oven, let it cool, remove it from the pan and serve.<br />
Filling<br />
Cut the panettone in half horizontally; fill it with a layer of guava jam and the other with<br />
dulce de leche.<br />
Sprinkle powdered sugar to taste.<br />
Renata Volfe<br />
70
71<br />
Renata Volfe
PÃO DE QUEIJO<br />
CHEESE BREAD<br />
MINAS GERAIS | MINAS GERAIS<br />
Fim de tarde e o cheiro de café toma conta da casa. O cheiro <strong>do</strong> bolo, da broa, da manteiga, <strong>do</strong> pão de queijo.<br />
Longe <strong>do</strong>s cafés da tarde, inicialmente, o pão de queijo era ofereci<strong>do</strong> em ocasiões especiais, em fins de semana e dias de visita ou feria<strong>do</strong>. Foi muito tempo depois que<br />
o pão de queijo passou a ser consumi<strong>do</strong> no café da manhã ou no lanche da tarde <strong>do</strong> dia a dia. E essa maravilhosa receita, tão famosa e desejada por to<strong>do</strong>s, surgiu por<br />
volta <strong>do</strong>s anos de 1750, no finalzinho <strong>do</strong> ciclo <strong>do</strong> ouro brasileiro, o ouro de aluvião, em Minas Gerais.<br />
A região aurífera passou a ser habitada de forma muito rápida, e a comida nesses lugares era pouca, por isso ela era extremamente valorizada e muito cara. As fazendas<br />
próximas aos leitos de rios cultivavam o ga<strong>do</strong> de leite e a mandioca para comércio de manufaturas. Nessas terras, eram servi<strong>do</strong>s, na época, os famosos biscoitos de polvilho<br />
por conta da alta produção de mandioca e fécula. A produção de leite de vaca rendia maravilhosos queijos, que eram produzi<strong>do</strong>s em formato re<strong>do</strong>n<strong>do</strong> e coloca<strong>do</strong>s à venda no<br />
comércio. Esses queijos eram raspa<strong>do</strong>s para obterem um bom acabamento, e as suas sobras eram separadas. Nos finais de semana, essas raspas de queijo eram colocadas junto<br />
aos mesmos biscoitos de polvilho. Assim foi cria<strong>do</strong> o pãozinho de queijo!<br />
A partir de 1960, o pão de queijo se tornou popular em to<strong>do</strong> o Brasil, passan<strong>do</strong> a ser uma das receitas mais apreciadas no país. Em Minas, conta com grande diferencial,<br />
pois os queijos de lá possuem ingredientes que fazem com que tenham aroma, cheiro e sabor inigualáveis. E como outras receitas que representam fielmente uma<br />
região, o pão de queijo tornou-se patrimônio imaterial da gastronomia mineira. Seu sabor é tão marcante que, em breve, será reconheci<strong>do</strong> em qualquer parte <strong>do</strong> globo.<br />
Late afternoon, the aroma of brewing coffee spreading around your home. The smell of cake, broa (traditional Brazilian corn bread seasoned with fennel), butter and cheese bread.<br />
Long before the afternoon coffee, pão de queijo was offered on special occasions, weekends, and holidays and when visitors called. It was only much later that pão de queijo began to be<br />
consumed daily for breakfast or afternoon snack. And this wonderful recipe, so famous and desired by all, appeared around the 1750’s, towards the very end of the Brazilian alluvial gold<br />
cycle in Minas Gerais.<br />
Considering that the gold region was inhabited very quickly and there was a shortage of food, it was extremely valued and expensive. The farms near rivers raised dairy cattle and grew<br />
cassava to be sold to manufacturers. At the time, the famous polvilho biscuits (made with tapioca flour) were served due to the huge production of cassava and tapioca starch. Dairy<br />
production yielded wonderful cheeses, which were made in a round shape and sold in shops. These cheeses were scraped to obtain a good finish and the leftover scraps were set aside. During<br />
weekends, these cheese scraps were added to the polvilho biscuits and voilà, the pão de queijo was invented!<br />
As of 1960, pão de queijo became popular all over Brazil, becoming one of the most appreciated recipes in the country. Minas Gerais holds its uniqueness and originality, because the cheeses<br />
made in the state make them have unequaled aroma and flavor. And as with other recipes that faithfully represent a region, the pão de queijo became an intangible heritage of Minas Gerais’<br />
gastronomy. Its flavor is so distinct that soon, pão de queijo will be recognized anywhere in the world.<br />
72<br />
“Receita <strong>do</strong> <strong>bem</strong>, para mim, é aquela que se cozinha com o coração!”<br />
“A recipe from the heart is when you cook from the heart!”<br />
Chef Dona Dalva<br />
Forno de Minas ®
73<br />
Carol Reis
PÃO DE QUEIJO / CHEESE BREAD<br />
12 porções servings 2h<br />
Receita por Chef Dona Dalva<br />
Recipe by Chef Dona Dalva<br />
Ingredientes Ingredients<br />
1 prato de polvilho <strong>do</strong>ce<br />
5 cups sweet tapioca flour<br />
3 copos (lagoinha, 190 ml) de leite<br />
2 cups (190 ml cup) milk<br />
1 copo de óleo<br />
1 cup oil<br />
1 colher de sopa de manteiga<br />
1 tablespoon butter<br />
1 colher de sobremesa de sal<br />
1 tablespoon salt<br />
12 ovos<br />
12 eggs<br />
1 queijo rala<strong>do</strong><br />
2 cups grated cheese<br />
Mo<strong>do</strong> de preparo Directions<br />
Em uma tigela, junte o polvilho, o sal e a manteiga.<br />
Ferva o leite e o óleo e escalde a mistura.<br />
Junte os ovos de 2 a 2 amassan<strong>do</strong> <strong>bem</strong>. Por último, acrescente o queijo.<br />
Faça bolinhas e asse a massa em forno médio por 30 minutos.<br />
In a bowl, add the tapioca flour, salt and butter.<br />
Boil the milk and oil and add the mixture.<br />
Add the eggs in twos while kneading. Finally, add the cheese.<br />
Make round balls and bake at medium heat for 30 minutes.<br />
Marco Mendes<br />
74
75<br />
Marco Mendes
PASTEL DE NATA<br />
PORTUGUESE CUSTARD TART<br />
PORTUGAL | PORTUGAL<br />
Os charmosos pastéis de nata são famosos e conheci<strong>do</strong>s por to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Nasceram em Belém, um bairro da cidade de Lisboa, em Portugal. Esse bairro tem como<br />
característica os vários monumentos importantes da capital portuguesa, e a Torre de Belém é um desses símbolos. O interessante é que Belém, muito antes de se<br />
tornar um bairro, era um povoa<strong>do</strong> chama<strong>do</strong> Restelo, e por ter fácil acesso pela praia, os barcos atracavam por lá.<br />
O pastel de nata fora cria<strong>do</strong> por nobres clérigos <strong>do</strong> Mosteiro <strong>do</strong>s Jerônimos, construí<strong>do</strong> em 1502. Após a Revolução Liberal de 1820, o mosteiro enfrentou dificuldades<br />
econômicas e os obstáculos foram tantos que, em 1834, foi fecha<strong>do</strong>. Para sobreviver, os clérigos precisaram gerar renda e decidiram, assim, vender a receita <strong>do</strong>s pastéis<br />
de nata. Entretanto, eles nunca imaginariam que a receita se tornaria o ícone de Portugal pelo mun<strong>do</strong>.<br />
Conta uma lenda que o <strong>do</strong>ceiro de Jerônimos passou a vender o pastel em uma refinaria de cana-de-açúcar próxima ao mosteiro, para os transeuntes. Assim, graças ao<br />
delicioso sabor <strong>do</strong> <strong>do</strong>ce e porque Belém recebia muitos visitantes ávi<strong>do</strong>s para conhecer o mosteiro e a Torre, o pastel começou a ser comercializa<strong>do</strong> e muito conheci<strong>do</strong>.<br />
No ano de 1837, com a grande procura desse requinta<strong>do</strong> <strong>do</strong>ce, a receita secreta começou a ser fabricada em uma instalação próxima ao mosteiro. O tempo passou e a<br />
receita <strong>do</strong> pastel de nata continuou a ser transmitida pelos mestres pasteleiros que a fabricam artesanalmente até os dias de hoje.<br />
O pastel de Belém ficou tão conheci<strong>do</strong> e importante que, no ano de 2011, foi nomea<strong>do</strong> uma das 7 Maravilhas da Gastronomia de Portugal. Na realidade, pastel de<br />
nata ou de Belém são a mesma sobremesa. A diferença está apenas no nome. Os produzi<strong>do</strong>s no bairro de Belém rece<strong>bem</strong> o nome <strong>do</strong> bairro, já os produzi<strong>do</strong>s em outras<br />
regiões são conheci<strong>do</strong>s como pastel de nata.<br />
Agora que você se deliciou com essa encanta<strong>do</strong>ra história, é chegada a hora de preparar a receita. Vamos colocar a mão na massa? Vamos ao pastel de nata!<br />
The charming Portuguese custard tarts are famous around the world. They were created in Belém, a neighborhood of the city of Lisbon, Portugal. This neighborhood in the Portuguese<br />
capital has many important monuments; the Tower of Belém is one of these symbols. An interesting fact is that Belém, well before it became a neighborhood, was a village called Restelo,<br />
and because it was easily accessed by the beach, boats would <strong>do</strong>ck there.<br />
The Portuguese custard tart (Pastel de Nata) was created by noble clergymen from the Jerônimos Monastery, built in 1502. After the Liberal Revolution of 1820, the monastery faced economic<br />
hardship and the obstacles were so many that it was closed in 1834. In order to survive, the clergymen needed to generate income and decided to sell cream pastries. But they never imagined<br />
that it would become a Portuguese icon around the world.<br />
Legend has it that the Jerônimos’ pastry chef started selling the tarts at a sugarcane mill near the monastery to passersby. And so, thanks to its delicious flavor and because Belém received many<br />
visitors avid to visit the monastery and the Tower of Belém, the pastry’s sales increased and became quite well known.<br />
In 1837, with the huge demand for this exquisite pastry, the secret recipe started to be made at a facility near the monastery. Time passed and the Portuguese custard tart recipe continued<br />
to be passed <strong>do</strong>wn by the pastry chefs who to this day, still make it in the traditional non-mechanized manner.<br />
The Pastel de Belém became so well-known and important that in 2011, it was named as one of the 7 Wonders of Portuguese Gastronomy. Actually, the Pastel de Nata or Pastel de Belém are<br />
the same dessert. The difference lies only in the name. Those made in Belém receive the name of the neighborhood, and those made in other regions are known as Pastel de Nata.<br />
Now that you’ve enjoyed yourself with this charming story, it’s time to make them. Shall we get to work and make the Pastel de Nata?<br />
“Uma receita <strong>do</strong> <strong>bem</strong> é aquela que faz com que to<strong>do</strong>s ao re<strong>do</strong>r da mesa tragam à tona boas lembranças despertadas pelo <strong>do</strong>ce<br />
partilha<strong>do</strong>, que abram um sorriso e disputem a última mordida”<br />
“A recipe from the heart makes everyone around the table recall cherished memories awakened by the<br />
shared dessert, with open smiles and competing for the last bite”<br />
76<br />
Chef Marco Silva<br />
B.LEM Portuguese Bakery
77<br />
Wilian Aguiar
PASTEL DE NATA / PORTUGUESE CUSTARD TART<br />
25 porções servings 2h30<br />
Receita por Chef Marco Silva<br />
Recipe by Chef Marco Silva<br />
Ingredientes Ingredients<br />
Massa Folhada Puff Pastry<br />
500 g de farinha de trigo 1 lb flour<br />
300 ml de água 10 fl oz water<br />
5 g de sal 1 teaspoon salt<br />
400 g de margarina folhada em tabletes,<br />
em temperatura ambiente<br />
1 lb margarine in tablets, at room temperature<br />
Creme Cream<br />
500 ml de leite integral 1 pint whole milk<br />
Casca de 1 limão 1 lemon peel<br />
1 pau de canela 1 stick of cinnamon<br />
60 g de farinha de trigo 2 oz flour<br />
500 g de açúcar refina<strong>do</strong> 2 cups white sugar<br />
250 ml de água 8 ½ fl oz water<br />
8 gemas 8 egg yolks<br />
Mo<strong>do</strong> de preparo Directions<br />
Massa Folhada<br />
Em uma batedeira, coloque a farinha, a água, o sal e bata por 10 minutos.<br />
Quan<strong>do</strong> estiver homogênea, retire e estique sobre uma bancada lisa<br />
polvilhada com farinha. Com um rolo de macarrão, abra a massa e estique<br />
até que fique lisa e coloque o tablete de margarina no centro. Dobre como<br />
um envelope, abra a massa com o rolo novamente e repita esse processo<br />
mais duas vezes.<br />
Reserve e deixe descansar por 30 minutos. Estique a massa novamente,<br />
enrole como um rocambole e corte em rodelas de 2 cm. Em formas próprias<br />
para pastéis ou empadas untadas com margarina, coloque as rodelas. Com<br />
os polegares, pressione o centro e espalhe até as bordas. Separe os pastéis<br />
em uma assadeira e aguarde o preparo <strong>do</strong> creme.<br />
Creme<br />
Dissolva a farinha em um pouco de leite. Leve o restante <strong>do</strong> leite ao fogo<br />
médio, coloque o pau de canela e a casca <strong>do</strong> limão. Ao começar a ferver,<br />
adicione a farinha e mexa <strong>bem</strong>. Quan<strong>do</strong> estiver ferven<strong>do</strong> bastante, pare de<br />
mexer e apague o fogo. Em outra panela, coloque açúcar refina<strong>do</strong> e a água<br />
no fogo médio. Após ferver, mexa por 3 minutos. Junte essa calda em fio<br />
ao leite e misture <strong>bem</strong>. Coe to<strong>do</strong> o creme e espere esfriar – caso contrário,<br />
ao adicionar as gemas, elas talharão. Junte as gemas ao creme e mexa<br />
<strong>bem</strong>. Encha as formas de massa com o creme e leve ao forno preaqueci<strong>do</strong><br />
a 250ºC por 17 minutos. Depois, espere esfriar um pouco e desenforme.<br />
Sirva com canela.<br />
Puff pasteur<br />
In a mixing bowl, add the flour, water, salt and whisk for 10 minutes. When homogenous,<br />
remove it and stretch it on a smooth flour-dusted surface. With a rolling pin, open the<br />
<strong>do</strong>ugh and stretch until it’s smooth and place one stick of margarine in the middle.<br />
Fold like an envelope, open the <strong>do</strong>ugh again with the rolling pin and repeat this process<br />
two more times. Set aside and let it rest for 30 minutes. Stretch the <strong>do</strong>ugh again, roll<br />
it up like a Swiss roll and cut in 2-cm slices. Grease the baking molds (for pastries or<br />
empanadas) with margarine, and place the slices. With your thumbs, press <strong>do</strong>wn on<br />
the center and spread to the edges. Set them aside on a baking sheet and wait until the<br />
cream is prepared.<br />
Cream<br />
Dissolve the flour into a little milk. Put the rest of the milk over medium heat; add<br />
the cinnamon stick and lemon peel. When it begins to boil, add the flour and stir well.<br />
When it boils, stop stirring and remove from heat. In another pan, add the refined<br />
sugar and water over medium heat. After it boils, stir for 3 minutes. Combine this thick<br />
sauce with the milk and stir well. Strain the cream and let it cool; otherwise, when you<br />
add the egg yolks, they will curdle. Add the egg yolks to the cream and stir well. Fill<br />
the baking molds with the cream and bake in preheated oven at 250ºC (480ºF) for 17<br />
minutes. Wait for them to cool a bit and remove from the molds. Serve with sprinkled<br />
cinnamon.<br />
Wilian Aguiar<br />
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Wilian Aguiar
QUIBE<br />
KIBBEH<br />
LÍBANO | LEBANON<br />
Se tem uma receita que é <strong>do</strong> <strong>bem</strong>, o quibe é essa receita. Em vários perío<strong>do</strong>s <strong>do</strong> tempo passa<strong>do</strong>, a comida era escassa, na maioria das vezes por falta de recursos financeiros.<br />
Para poder alimentar uma quantidade maior de pessoas, era necessário fazer render o alimento conquista<strong>do</strong>, e a carne era uma iguaria. Desse mo<strong>do</strong>, surgiu o quibe, que<br />
propiciava fazer muito com pouco.<br />
Hoje, o quibe é um símbolo cultural e popular. Com origem na Síria e no Líbano, a receita é consumida em to<strong>do</strong> o globo. O nome “quibe” vem da palavra koubba, que em<br />
árabe quer dizer “qualquer objeto que possua o formato de um círculo pequeno”. A forma <strong>do</strong> quibe não importa, na verdade, o que interessa são os ingredientes, o recheio<br />
(se houver) e o mo<strong>do</strong> de preparo dessa deliciosa e prática receita. Podemos saboreá-lo de diversas formas, por exemplo, o quibe cru: ele é feito com carne moída, sal, cebola,<br />
pimenta <strong>do</strong> reino, entre outras especiarias <strong>do</strong> Oriente Médio. Nessa versão, como diz o nome, tu<strong>do</strong> é cru. Mas também pode ser assa<strong>do</strong> ou frito, o que muda de fato é o<br />
recheio.<br />
Há algumas versões mais conhecidas, como o kibbé bi siniyé, uma variação <strong>do</strong> quibe cru, rechea<strong>do</strong> com carne de carneiro moída e assa<strong>do</strong>. Temos também o snoobar; o k’beibat,<br />
que são almôndegas de quibe recheadas com carne de carneiro e temperadas com cebola; o labnyié, que é servi<strong>do</strong> com um molho mais espesso de coalhada; o samak que, em<br />
vez de carne bovina ou suína, utiliza peixe grelha<strong>do</strong>, frito ou assa<strong>do</strong>; e o laqtin, uma versão vegetariana na qual a carne é substituída por abóbora e o recheio é de grão de bico.<br />
O quibe traz muitos toques especiais à moda de quem o faz, adaptan<strong>do</strong>-se aos ingredientes de cada cultura. No Brasil, acrescentamos a salsa e a hortelã e substituímos a carne<br />
de carneiro pela carne de boi. Nos tradicionais restaurantes árabes <strong>do</strong> Brasil, é fácil encontrar a receita com os ingredientes originais. Seja qual for seu quibe predileto, ele é a<br />
estrela da comida árabe. Pode ser em uma salada, como aperitivo ou como prato principal na correria <strong>do</strong> dia a dia, ele vai sempre visitar sua mesa, seu prato ou sua mão, no<br />
lanche <strong>do</strong>s dias acelera<strong>do</strong>s.<br />
If we had to pick one dish to represent our recipes from the heart, it would have to be kibbeh. In the past, food shortages were usually due to lack of financial resources. In order to feed a<br />
larger number of people, it was necessary to stretch the meals when meat was only eaten on special occasions; thus, the kibbeh was created, making a lot from just a little.<br />
Nowadays, kibbeh is a cultural and popular symbol. With origins in Syria and Lebanon, the dish is consumed worldwide. The word kibbeh comes from koubba, which in Arabic means any<br />
object shaped as a small circle or ball. The shape of Kibbeh <strong>do</strong>esn’t really matter; in fact, what truly matters are the ingredients, filling (if any), and the directions for preparing this delicious<br />
and practical recipe. We can savor it in many different ways. For example, raw kibbeh (kibbeh nayyeh): made with ground beef, salt, onions, black pepper and other Middle-eastern spices; as<br />
the name says, everything is raw. It can also be baked or deep fried, containing a filling.<br />
There are also other known versions, such as kibbé bi siniyé, a variation of raw kibbeh, filled with ground lamb and baked. We also have snoobar; k’beibat, which are kibbeh balls filled with<br />
seasoned lamb and onions; labnyié, which is prepared in the same way as snoobar, but served with a thick curd sauce. There’s also samak, which instead of beef or pork, uses grilled or fried<br />
fish; and also laqtin, a vegetarian version where meat is substituted by pumpkin and the filling is made of chickpeas.<br />
Each culture has its own special way of preparing of this dish, adapting it to local ingredients. In Brazil, we have added parsley and mint, substituted the lamb for ground beef. At traditional<br />
Arabic restaurants in Brazil, you can easily find recipes with the original ingredients. Regardless of what your favorite kibbeh recipe is, it is the star of Arabic cuisine. It can be served with a<br />
salad, as an appetizer or as a snack during a break in your busy day.<br />
80<br />
“Receita <strong>do</strong> <strong>bem</strong> é toda aquela que alimenta o corpo e a alma”<br />
“A recipe from the heart nourishes your body, as well as your soul”<br />
Chef Patrícia Abbud<br />
Saj Restaurante<br />
Saj Restaurant
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Matheus Campos
QUIBE / KIBBEH<br />
3 porções servings 2h<br />
Receita por Chef Patrícia Abbud<br />
Recipe by Chef Patrícia Abbud<br />
Ingredientes Ingredients<br />
1 kg de patinho<br />
2 lb beef knuckle (sirloin tip)<br />
150 g de pimentão vermelho<br />
1 cup red bell peppers<br />
250 g de trigo lava<strong>do</strong><br />
8 oz washed whole wheat<br />
3 e ½ colheres de chá de sal<br />
3 ½ teaspoons salt<br />
2 e ½ colheres de chá de pimenta síria<br />
2 ½ teaspoons allspice<br />
1 e ¼ colheres de chá de pimenta-<strong>do</strong>-reino<br />
1 ¼ teaspoons black pepper<br />
Mo<strong>do</strong> de preparo Directions<br />
Na máquina de moer, passe uma vez a carne parcialmente congelada e o pimentão.<br />
Adicione o trigo aos temperos e misture <strong>bem</strong>.<br />
Passe a mistura novamente na máquina de moer. Sirva em seguida.<br />
With the meat still practically frozen, with a meat grinder, grind the sirloin tip and<br />
bell peppers.<br />
Add the wheat and spices and mix well.<br />
Grind it again and serve.<br />
Leo Feltran<br />
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Leo Feltran
TORTA DE ABÓBORA<br />
PUMPKIN PIE<br />
EUA | USA<br />
É <strong>bem</strong> provável que você já tenha visto, em filmes ou séries, uma torta como essa. A torta de abóbora é, sem dúvida, a principal receita <strong>do</strong> Dia de Ação de Graças, o feria<strong>do</strong><br />
nacional mais importante <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da América. Ele aconteceu pela primeira vez em 1620 e foi oficializa<strong>do</strong> no ano de 1863 por Abraham Lincoln, presidente<br />
<strong>do</strong>s EUA na época. Em 1939, o presidente Franklin Roosevelt instituiu a celebração comemorativa no dia 28 de novembro.<br />
Um fato curioso ocorri<strong>do</strong> na cidade de Colchester, região de New Lon<strong>do</strong>n, no ano de 1705, nos mostra tamanha importância da torta. Como o melaço reserva<strong>do</strong> era<br />
pouco para fazer a quantidade de torta necessária, o feria<strong>do</strong> foi adia<strong>do</strong> em uma semana para conseguir, então, a fração devida.<br />
Na época <strong>do</strong> seu surgimento, a torta contava com vários formatos, alguns <strong>do</strong>s quais poucos conhecemos nos dias de hoje, o mais popular é o re<strong>do</strong>n<strong>do</strong>. Isso porque<br />
as tortas eram feitas dentro da própria abóbora. Em outra versão mais simples, a abóbora era envolvida com leite tempera<strong>do</strong> e a<strong>do</strong>ça<strong>do</strong> e depois envia<strong>do</strong> para cozer.<br />
Com o passar <strong>do</strong> tempo, outras versões foram sen<strong>do</strong> criadas, muitas vezes motivadas pelos concursos de feiras em cidades americanas. Algumas receitas apareceram<br />
alternan<strong>do</strong> camadas de abóbora e de maçã com especiarias: o alecrim, a manjerona <strong>do</strong>ce e o tomilho. Toda essa diversidade fez com que, no final de 1796, fosse<br />
publicada uma receita de torta de abóbora em creme como a “oficial”, <strong>bem</strong> similar à torta encontrada hoje.<br />
Em virtude de a torta ter si<strong>do</strong> citada inúmeras vezes em romances e poemas estadunidenses liga<strong>do</strong>s ao movimento antiescravista, muitos conserva<strong>do</strong>res achavam que<br />
a torta tinha alguma relação com o movimento. Independentemente da polêmica, a torta de abóbora é maravilhosa! A abóbora é muito popular nos pratos salga<strong>do</strong>s<br />
brasileiros, mas ela também nos presenteia com iguarias <strong>do</strong>ces deliciosas. Que tal preparar uma torta dessas e servir para os seus amigos?<br />
You have probably seen this pie in movies or TV series. Pumpkin pie is without <strong>do</strong>ubt the main dessert at Thanksgiving, which is the most important national holiday in the United<br />
States. Thanksgiving was celebrated for the first time in 1620, being instituted as a federal holiday in 1863 by Abraham Lincoln. In 1939, President Franklin Roosevelt instituted the<br />
commemorative celebration on the fourth Thursday in November.<br />
A curious fact happened in the city of Colchester, Connecticut in 1705, which shows us the importance of pumpkin pie. Since there was a molasses shortage, Thanksgiving was postponed<br />
one week until enough molasses could be shipped in for the requisite pies.<br />
When it appeared, the pie had different shapes, of which we know little about nowadays. The most popular shape is round. This is because the pies were baked inside the pumpkins<br />
themselves. In another simpler version, the pumpkin was filled with spiced and sweetened milk and then baked. Over time, other versions were created, usually motivated by pie contests<br />
at American city fairs. Some recipes alternated layers of pumpkin and apples with spices: rosemary, sweet marjoram and thyme. In late 1796, all this diversity led to the publishing of an<br />
“official” creamy pumpkin pie recipe.<br />
Due to the pie having been mentioned countless times in American novels and poems, linked to the abolitionist movement, many conservatives felt that the pie was related to the<br />
movement. Controversy aside, pumpkin pie is wonderful! Pumpkin is quite popular in Brazilian savory dishes, but it also gives us delicious desserts. How about preparing a pumpkin pie<br />
and serving it to your friends?<br />
84<br />
“Uma receita <strong>do</strong> <strong>bem</strong> é aquela que contribui de todas as maneiras possíveis<br />
para tornar o mun<strong>do</strong> um lugar melhor para to<strong>do</strong>s, sempre”<br />
“A recipe from the heart means always contributing in every way possible<br />
to making the world a better place for everyone”<br />
Chef Luiz Carlos Santi<br />
Coffeetown
85<br />
Luiz Carlos Santi
TORTA DE ABÓBORA / PUMPKIN PIE<br />
6 porções servings 40min-50min<br />
Receita por Chef Luiz Carlos Santi<br />
Recipe by Chef Luiz Carlos Santi<br />
Ingredientes Ingredients<br />
Massa Crust<br />
570 g de farinha de trigo 1 ¼ lb flour<br />
180 g de açúcar cristal 6 ¼ oz sanding sugar (Crystal sugar)<br />
225 ml de óleo de girassol 7 ½ oz sunflower oil<br />
60 ml de leite integral ¼ cup whole milk<br />
9 g de sal 2 teaspoons salt<br />
Recheio Filling<br />
1380 g de purê de abóbora cabotiá<br />
13 oz kabocha (Japanese pumpkin) purée<br />
480 g de açúcar cristal 17 oz sanding sugar<br />
900 ml de leite integral 2 pints whole milk<br />
9 ovos 9 eggs<br />
30 g de baunilha 1 tablespoon vanilla<br />
6 g de sal ½ teaspoon salt<br />
45 g de mix de especiarias Pumpkin Spice<br />
⅛ cup Pumpkin Spice mix<br />
Mo<strong>do</strong> de preparo Directions<br />
Abra a abóbora em 4 partes, retire as sementes, os fiapos e leve ao forno por 40 minutos a 150ºC.<br />
Retire e reserve para esfriar.<br />
Misture, no processa<strong>do</strong>r, a farinha, o sal e o açúcar. Depois, acrescente o leite e o óleo aos poucos até obter uma massa homogênea.<br />
Abra a massa no rolo e molde-a na forma. Leve para assar por 10 minutos a 150ºC e reserve.<br />
Para o recheio, coloque 460 g de abóbora no processa<strong>do</strong>r junto com o leite, os ovos, o sal, a baunilha e o mix de especiarias Pumpkin Spice.<br />
Bata por 3 minutos e, em seguida, despeje sobre a massa já assada. Sirva com chantilly.<br />
Cut the pumpkin open into 4 parts, clean out the seeds and fibers and bake in an oven<br />
for 40 minutes at 150°C (300°F).<br />
Remove it and set aside to cool.<br />
In a processor mix the flour, salt and sugar and then gradually add the milk and oil until<br />
you obtain a homogenous <strong>do</strong>ugh.<br />
Open it with a rolling pin and shape it onto the dish. Bake it for 10 minutes at 150°C<br />
(300°F) and set aside.<br />
For the filling, add 460 g of pumpkin with the milk, eggs, salt, vanilla and the pumpkin<br />
spice mix in a processor.<br />
Mix for 3 minutes and then pour over the baked pie shell. Serve with whipped cream.<br />
bhofack2<br />
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bhofack2
“<strong>Receitas</strong> <strong>do</strong> <strong>bem</strong>! Muito além da refeição, chega para nos<br />
nutrir de momentos especiais, carrega<strong>do</strong>s de empatia,<br />
solidariedade e amor. E se essa receita combinar com você,<br />
é só compartilhar com alguém e seguir fazen<strong>do</strong> o <strong>bem</strong>”.<br />
“Recipes from the Heart! Much more than the meal,<br />
it comes to nurture special moments filled with care,<br />
friendliness, and love. And if this recipe catches your<br />
fancy, all you have to <strong>do</strong> is share it with someone and<br />
continue <strong>do</strong>ing good”.<br />
88
Num mun<strong>do</strong> tão tecnológico e super conecta<strong>do</strong>, a cozinha tem ganha<strong>do</strong> muita importância em outro tipo<br />
de conexão: a humana. Momentos de “faça você mesmo” vão da escolha da receita, passam pela preparação<br />
e convergem na reunião em volta de uma mesa, com verdadeiras pitadas de felicidade. Mais que saciar o<br />
desejo <strong>do</strong>s sabores, a comunhão e a interação destes momentos têm estabeleci<strong>do</strong> um pouco de trégua na<br />
correria <strong>do</strong> dia a dia das pessoas.<br />
Alimentação saudável e receitas para fazer em casa com dicas de grandes chefs já seriam ingredientes<br />
suficientes para o sucesso de uma publicação que proporcionará encontros físicos ao invés de digitais,<br />
carinho no lugar de likes e mais relacionamentos <strong>do</strong> que engajamentos. Porém, esta receita ainda tem um<br />
toque muito especial, contribuir com o Instituto Chefs Especiais!<br />
<strong>Receitas</strong> <strong>do</strong> <strong>bem</strong>! Muito além da refeição, chega para nos nutrir de momentos especiais, carrega<strong>do</strong>s de<br />
empatia, solidariedade e amor. E se essa receita combinar com você, é só compartilhar com alguém e seguir<br />
fazen<strong>do</strong> o <strong>bem</strong>.<br />
A Plasútil acredita em atitudes como essa e convida a to<strong>do</strong>s a entrar na cozinha desconecta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Wi-Fi,<br />
mas de coração pluga<strong>do</strong> com quem está ao seu la<strong>do</strong>.<br />
Boas receitas!<br />
In a world that is so technological and super connected, the kitchen has taken on great importance in<br />
another type of connection: the human connection. Moments of “<strong>do</strong> it yourself” range from choosing the<br />
recipe, includes the preparation time, and culminates with everyone around the table with true pinches of<br />
happiness. More than satisfying the desire of flavors, the time together and the interaction during these<br />
moments have brought a little respite in the rush of people’s daily lives.<br />
Healthy food and recipes to make at home with tips from great chefs would already be enough ingredients<br />
for the success of a publication that will provide special times together instead of digital contact, affection<br />
instead of likes, and more relationships than engagements. But this recipe has even another very special<br />
touch because it contributes to the Instituto Chefs Especiais!<br />
Recipes from the Heart! Much more than the meal, it comes to nurture special moments filled with care,<br />
friendliness, and love. And if this recipe catches your fancy, all you have to <strong>do</strong> is share it with someone<br />
and continue <strong>do</strong>ing good.<br />
Plasútil believes in attitudes like this one and invites everyone to come into the kitchen, disconnected<br />
from Wi-Fi, but with your heart plugged into the person who is next to you.<br />
Great cooking!<br />
Edson Begnami<br />
Diretor Comercial da Plasútil Commercial director of the Plasútil<br />
89
“Dentro deste livro não são encontradas apenas receitas,<br />
dicas culinárias, estímulo à alimentação nutritiva e<br />
orientações de grandes chefs de cozinha. Também são<br />
encontradas partes de cada uma das vidas que participam<br />
<strong>do</strong> Instituto Chefs Especiais e puderam ser modificadas,<br />
graças a você e a sua colaboração”.<br />
“It is not just simply recipes that can be found in this<br />
book, cooking tips, stimulus for nutritious eating, and<br />
advice from great chefs in the kitchen. You can also find<br />
parts of each one of the lives that participate in the<br />
Instituto Chefs Especiais and could be changed thanks to<br />
you and your collaboration”.<br />
90
Ética, dedicação e comprometimento são os valores e princípios da Garlic Foods, que tem o objetivo de<br />
produzir e fornecer produtos de qualidade. É por esse motivo, e por acreditar em um futuro sustentável e<br />
humano, que nos sentimos honra<strong>do</strong>s em ser parte <strong>do</strong> <strong>Receitas</strong> <strong>do</strong> <strong>bem</strong>.<br />
Dentro deste livro não são encontradas apenas receitas, dicas culinárias, estímulo à alimentação nutritiva<br />
e orientações de grandes chefs de cozinha. Também são encontradas partes de cada uma das vidas que<br />
participam <strong>do</strong> Instituto Chefs Especiais e puderam ser modificadas, graças a você e a sua colaboração.<br />
Nosso muito obriga<strong>do</strong>.<br />
Ethics, dedication, and commitment are the values and principles of Garlic Foods that has the objective to<br />
produce and deliver quality products. It is for this reason, and for believing in a sustainable and human future,<br />
that we feel honored to be part of Recipes from the Heart.<br />
It is not just simply recipes that can be found in this book, cooking tips, stimulus for nutritious eating, and<br />
advice from great chefs in the kitchen. You can also find parts of each one of the lives that participate in the<br />
Instituto Chefs Especiais and could be changed thanks to you and your collaboration.<br />
Our sincere thanks.<br />
Vandrea Sugi Andrade<br />
Presidente da Garlic Foods President of the Garlic Foods<br />
91
“As narrativas aqui presentes nos contam um pouco <strong>do</strong>s<br />
costumes e <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> de vida da sociedade, nos fazem<br />
viajar pela história da civilização humana através <strong>do</strong><br />
tempo, e nos fazem entender que, na cozinha, to<strong>do</strong>s nós<br />
temos algo em comum”.<br />
“The narratives present here tell us a little bit of<br />
society’s customs and way of life, causing us to go back<br />
in time through the history of human civilization, and<br />
they make us understand that we all have something in<br />
common in the kitchen”<br />
92
Nós <strong>do</strong> Atacadão acreditamos que a alimentação é o alicerce da vida e que fazer o <strong>bem</strong> dá o senti<strong>do</strong> que<br />
buscamos ao viver.<br />
Por isso escolhemos apoiar o livro <strong>Receitas</strong> <strong>do</strong> Bem ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. As narrativas aqui presentes<br />
nos contam um pouco <strong>do</strong>s costumes e <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> de vida da sociedade, nos fazem viajar pela história da<br />
civilização humana através <strong>do</strong> tempo, e nos fazem entender que, na cozinha, to<strong>do</strong>s nós temos algo em<br />
comum, independente <strong>do</strong> lugar de onde nascemos, da religião que seguimos, da época em que vivemos e<br />
<strong>do</strong>s ingredientes que utilizamos.<br />
Assim, o Atacadão tem o prazer em permitir revelar um pouco das histórias <strong>do</strong>s imigrantes que vieram<br />
ao Brasil. Trouxeram com eles as memórias de sua cultura, de seus antepassa<strong>do</strong>s, para que vivêssemos<br />
a riqueza construída em nosso país, um lugar único, que une as pessoas das mais diferentes crenças,<br />
ideologias e etnias.<br />
We at Atacadão believe food is the foundation of life and that <strong>do</strong>ing good brings the meaning that we seek as<br />
we live.<br />
That is why we chose to support the book <strong>Receitas</strong> <strong>do</strong> Bem ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> (Recipes from the Heart).<br />
The narratives present here tell us a little bit of society’s customs and way of life, causing us to go back in<br />
time through the history of human civilization, and they make us understand that we all have something in<br />
common in the kitchen regardless of the place where we were born, the religion we follow, the time in which<br />
we live, and the ingredients that we use.<br />
That is why Atacadão is happy to share some of the stories of the immigrants who came to Brazil. They<br />
brought with them the memories of their culture, of their ancestors, so that we could live the richness built in<br />
our country, a unique place that unites people of different beliefs, ideologies, and ethnic groups.<br />
93<br />
Roberto Mussnich<br />
Presidente <strong>do</strong> Atacadão President of the Atacadão
Carolina Herrera
INSTITUTO CHEFS ESPECIAIS<br />
INSTITUTO CHEFS ESPECIAIS<br />
Instituto Chefs Especiais nasceu em 2006 para melhorar histórias.<br />
Atende em média 300 pessoas com Síndrome de Down por ano com objetivo de incluir e proporcionar autonomia por meio da gastronomia.<br />
Acreditamos e comprovamos que a motivação e o estímulo podem transformar um grãozinho de areia num oásis, e é essa nossa expectativa.<br />
Os benefícios proporciona<strong>do</strong>s pelo Instituto Chefs Especiais são inúmeros, entre eles a autonomia e a valorização da pessoa com Down e de sua<br />
família. O instituto ainda mostra que, embora as pessoas com a síndrome tenham algumas particularidades que precisam ser observadas, todas<br />
elas, desde que estimuladas e respeitadas, podem e devem se tornar independentes e inseridas no meio social, seja no lazer ou no trabalho. No<br />
ambiente culinário e interativo, respeitam-se as limitações de cada um e, além disso, o seu melhor é estimula<strong>do</strong>.<br />
O livro <strong>Receitas</strong> <strong>do</strong> <strong>bem</strong> nos mostra a força da gastronomia em prol da solidariedade. E, como as histórias remetem a momentos importantíssimos da<br />
superação, pretendemos dar continuidade a esse sentimento e <strong>do</strong>ar parte da renda obtida com a venda de cada exemplar ao Instituto Chefs Especiais.<br />
The Instituto Chefs Especiais was created in 2006 to Improve Personal Life Stories!<br />
Every year, it receives an average of 300 people with Down syndrome with the purpose of creating inclusion and independence through<br />
gastronomy.<br />
“We believe and have found that motivation and encouragement can turn a single grain of sand into an oasis, and this is our expectation”.<br />
The benefits are countless. Among them are the autonomy and appreciation from the person and his/her family. The institute also shows<br />
that people with Down Syndrome have their own characteristics and all of them, provided that they are stimulated and respected, can<br />
and should become independent and inserted in society, whether during leisure or at work. In this culinary and interactive environment,<br />
each person’s limitations are respected, but his or her best is stimulated.<br />
Recipes from the Heart shows us the strength of gastronomy in favor of solidarity. And, since the stories portray very important moments of<br />
overcoming hardship, we can extend this sentiment and <strong>do</strong>nate part of the proceeds from the sales of each copy to the Instituto Chefs Especiais.<br />
“Receita <strong>do</strong> <strong>bem</strong> é aquela onde você inclui o ingrediente respeito. Respeito pelas diferenças,<br />
respeito pelo próximo, respeito pela vida!”<br />
“A Recipe from the Heart is one where you include the ingredient of respect.<br />
Respect for differences, respect of others, respect for life!”<br />
98<br />
Simone Lozano<br />
Presidente <strong>do</strong> Instituto Chefes Especiais President of the Instituto Chefes Especiais
REFERÊNCIAS<br />
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Acesso em: 16 jan. 2019.<br />
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NOCE, Daniela. História <strong>do</strong>s <strong>do</strong>ces franceses, 2015. Disponível em: . Acesso em: 16 jan. 2019.<br />
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PÃO DE QUEIJO: curiosidades e origens, 2016. Disponível em: . Acesso em: 16 jan. 2019.<br />
PESSOA DE CASTRO, Yeda. Falares africanos na Bahia: um vocabulário afro-brasileiro. Rio de Janeiro:<br />
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Acesso em: 16 jan. 2019.<br />
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PORZIO, Stanislao. Il panettone: storia, leggende e segreti di un protagonista del Natale. Milano: Gui<strong>do</strong><br />
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QUAL é a origem <strong>do</strong> estrogonofe. Superinteressante, 8 abr. 2011. Disponível em: . Acesso em: 16 jan. 2019.<br />
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3. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2015.<br />
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Brueth Carvalho é Bacharel em Direito, funda<strong>do</strong>ra e presidente <strong>do</strong> Instituto Mun<strong>do</strong><br />
Jovem, uma organização sem fins lucrativos que realiza projetos sociais em prol de<br />
beneficiar crianças, jovens, gestantes e i<strong>do</strong>sos.<br />
É apresenta<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Bate Bola na Cozinha, um programa de TV que une gastronomia e<br />
solidariedade.<br />
Brueth Carvalho has a Law degree and is the founder and president of Instituto Mun<strong>do</strong> Jovem<br />
(Young World Institute), a non-profit organization that conducts social projects to benefit<br />
children, young adults, pregnant women and the elderly.<br />
She is the host of Bate Bola na Cozinha, a TV show that combines gastronomy and solidarity.<br />
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Wiliam Aguiar
Aqui reunimos receitas cujas origens quase se perdem no tempo e no espaço.<br />
Histórias envolven<strong>do</strong> bondade em tempos de crise, generosidade em tempos<br />
de egoísmo, amizade em tempos de negação. Muitas das histórias envolvem<br />
pouca comida para muitas pessoas, ou perío<strong>do</strong>s longos de inverno nos quais a<br />
comida era escassa. São receitas que nascem da partilha, da comunhão, da caridade.<br />
São, por isso, <strong>Receitas</strong> <strong>do</strong> <strong>bem</strong> ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, cercadas de aromas<br />
e sabores que nos farão viajar no tempo, conhecer outros lugares, enxergar um<br />
pouco mais o outro, experimentar a vida por um sabor diferente. Afinal, não é<br />
para isso que ela existe?<br />
Convi<strong>do</strong> você a experimentar o <strong>bem</strong>, a fraternidade, a união em volta dessa<br />
grande mesa da humanidade.<br />
Sejam <strong>bem</strong>-vin<strong>do</strong>s ao banquete!<br />
Chef Henrique Fogaça<br />
In this book, we have gathered recipes whose origins have almost been lost in time and space. Stories involving kindness during times of hardship,<br />
generosity in times of selfishness, and friendship in times of denial. Many of these stories involve little food for many people, or long periods of winter<br />
in which there were food shortages. These recipes are born from sharing, from communion and from charity. Therefore, they are World Recipes from<br />
the Heart, surrounded by aromas and flavors that will take us on a journey through time, to learn about other places, observe others a little closer,<br />
experience life through a different flavor. After all, isn’t this what it’s about?<br />
I invite you to experience goodness, fraternity and unity around this great table of humanity.<br />
Welcome to the feast!!<br />
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