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Jornal Paraná Agosto 2019

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OPINIÃO<br />

Moderno é conquistar resultados<br />

Não é o que utiliza as últimas tecnologias,<br />

mas o que se utiliza de tecnologias<br />

apropriadas ao ambiente de produção<br />

Cássio Manin Paggiaro (*)<br />

Moderno em qualquer<br />

atividade produtiva,<br />

é conseguir resultados<br />

que propiciem a<br />

continuidade da atividade. Nesse<br />

contexto, o questionamento passa<br />

a ser o que deve ser feito para<br />

se conseguirem resultados na<br />

área agrícola do sistema sucroenergético<br />

e ser viável. Moderno<br />

não é aquele que utiliza as últimas<br />

tecnologias, mas o que se<br />

utiliza de tecnologias apropriadas<br />

ao seu ambiente de produção. A<br />

área agrícola do setor tem gerado<br />

dados que, transformados em<br />

informação, viram conhecimento.<br />

O sistema de produção passou<br />

por transformações de manejo,<br />

com eliminação da queima<br />

da cana e mecanização do plantio<br />

e da colheita.<br />

A área agrícola convive com uma<br />

situação difícil, por ter produtividades,<br />

na média, inferiores ao<br />

conseguido há 30 anos, diferente<br />

das culturas de grãos onde estas<br />

cresceram. Mas, nosso intuito é<br />

elencar soluções para a retomada<br />

do crescimento da produtividade.<br />

Quando citamos tecnologias<br />

apropriadas, devemos incluir<br />

os fatores humanos. A formação<br />

de mão de obra especializada<br />

e a promoção de desenvolvimento<br />

profissional por meio de<br />

parcerias com instituições públicas<br />

e privadas, possibilitam a implantação<br />

de tecnologias avançadas<br />

e resultados promissores.<br />

A cana ocupa 9 milhões de hectares<br />

no Brasil, em diferentes regiões<br />

de solo e clima e replicar<br />

situações de manejo de uma região<br />

para outra pode ser um erro.<br />

O conhecimento do clima, solo,<br />

balanço hídrico, disponibilidade<br />

de recursos materiais e humanos<br />

capacitados para as operações<br />

são precursores de um planejamento<br />

agrícola, fundamental para<br />

o manejo integrado dos processos<br />

operacionais.<br />

A definição da época do plantio<br />

em função do clima e ambiente<br />

de produção regional é um fator<br />

de sucesso, o manejo de colheita<br />

é muito influenciado pelo ambiente<br />

de produção e clima local.<br />

Uma das situações cuja solução<br />

devemos considerar como “moderna”<br />

é a do pisoteio sobre as<br />

linhas de cana pelas máquinas<br />

agrícolas. Deveria ser inconcebível<br />

essa situação de agressão ao<br />

maior bem da empresa, a cana.<br />

A sistematização do solo e o seu<br />

preparo para plantio são fundamentais<br />

para a qualidade da sulcação<br />

e do paralelismo. Há muita<br />

tecnologia que pode ser adotada<br />

para o preparo do solo-convencional,<br />

reduzido, canteirizado,<br />

mais ou menos profundo. A escolha<br />

de um ou mix deles deve<br />

vir do conhecimento integrado. A<br />

conservação e a sistematização<br />

do solo não podem ser generalizadas;<br />

sulcar reto e sem terraços<br />

não é manejo recomendável para<br />

todas regiões.<br />

Temos tecnologias desenvolvidas na<br />

“prateleira” que devem ser utilizadas<br />

O espaçamento para plantio pode<br />

diminuir o pisoteio e o ganho<br />

de produtividade. O uso ou não<br />

da irrigação pode influenciar na<br />

escolha do espaçamento entre<br />

linhas. A definição é relacionada<br />

com custo em função da possibilidade<br />

de colheita mecânica de<br />

uma ou duas linhas consecutivas<br />

de cana. O plantio com mapeamento<br />

das linhas de cana possibilitará<br />

que todas as operações<br />

subsequentes de colheita e tratos<br />

culturais possam ser realizadas<br />

com equipamentos com GPS,<br />

direcionando o tráfego, evitando<br />

o pisoteio.Também moderno<br />

deve ser o uso de insumos. O<br />

principal da cana são as cultivares.<br />

A escolha da correta é fator<br />

de sucesso. Anualmente, recebemos<br />

novas variedades por<br />

meio das principais instituições<br />

que as desenvolvem, que conseguem<br />

liberações em menor tempo,<br />

porém com menos informações,<br />

necessitando maior cuidado<br />

na escolha da cultivar.<br />

A meiosi devolveu a possibilidade<br />

de utilizar mudas sadias,<br />

principalmente por meio de mudas<br />

pré-brotadas, interrompendo<br />

um ciclo de que qualquer cana<br />

planta é um viveiro. Na parte nutricional,<br />

contamos com fertilizantes<br />

com mais tecnologia<br />

agregada, oferecendo um complexo<br />

de nutrientes, beneficiando<br />

sua distribuição homogênea. O<br />

parcelamento das doses de nitrogênio<br />

e potássio no plantio<br />

vem propiciando ganhos de produtividade.<br />

A relação de nutrientes<br />

na formulação de soqueira<br />

está mais ajustada para cada<br />

ambiente de produção, podendo<br />

considerar ganhos com restos<br />

da cultura advindos da colheita.<br />

O uso de ácidos húmicos e fúlvicos,<br />

em cana planta e soca, são<br />

sinérgicos à nutrição adotada.<br />

Uma cana bem plantada e nutrida<br />

terá maior resistência aos<br />

ataques de pragas e doenças. O<br />

monitoramento da lavoura identificando<br />

eventos de controle<br />

contribuem para diminuir o problema.<br />

A cana começa a evoluir<br />

para a manutenção das folhas<br />

com máximo de sanidade, mesmo<br />

que sejam manchas secundárias,<br />

aproveitando toda capacidade<br />

fotossintética da planta<br />

para crescimento e acúmulo de<br />

energia, por meio de aplicações<br />

de produtos preventivamente.<br />

No manejo de colheita, muito se<br />

fala da “Matriz de 3° Eixo”, que<br />

busca conseguir maior idade<br />

cronológica aos canaviais a serem<br />

colhidos e maior produtividade<br />

pelo maior tempo de crescimento.<br />

Esse manejo deve ser<br />

ponderado com outros fatores,<br />

como características varietais do<br />

plantel, maturação e sensibilidade<br />

ao florescimento, liberação de<br />

área durante a safra para aplicar<br />

vinhaça e preparo de solo, meiosi,<br />

rotação de cultura, uma vez<br />

que a mesma área será colhida,<br />

a cada ano, mais tarde. A aplicação<br />

da vinhaça é um processo<br />

com potencial para produção e<br />

redução de custo, podendo fornecer<br />

100% do potássio, matéria<br />

orgânica e umidade.Temos tecnologias<br />

desenvolvidas na “prateleira”<br />

que podem e devem ser<br />

utilizadas. Muito se fala em agricultura<br />

de precisão, monitoramento<br />

remoto da cana e da frota<br />

como essenciais e até criou-se o<br />

paradigma de quem não tem essa<br />

tecnologia, não é moderno.<br />

Todas ferramentas são importantes,<br />

porém não devem preceder,<br />

na falta de recursos, o famoso<br />

“arroz com feijão” feito com<br />

critério e presença técnica no<br />

campo, visualizando as situações<br />

e corrigindo desvios. Moderno,<br />

hoje e sempre, em<br />

qualquer atividade produtiva é<br />

conseguir resultados que propiciem<br />

a continuidade da atividade.<br />

(*)Superintendente da Usina<br />

Atena. Publicado na Revista<br />

Opiniões.<br />

2<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>

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