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marketing & negócios<br />
SanneBerg/iStock<br />
Leis <strong>de</strong> mercado não<br />
foram revogadas<br />
Mesmo sendo ilógico, tem muita gente<br />
imaginando que as leis <strong>de</strong> mercado<br />
foram revogadas. Mas não, não foram<br />
Rafael Sampaio<br />
Por incrível que pareça, tem muita gente<br />
do marketing e da publicida<strong>de</strong> imaginando<br />
que as leis <strong>de</strong> mercado foram revogadas.<br />
Mas não, não foram - nem serão.<br />
Porque são leis naturais, lógicas, objetivas,<br />
matemáticas e se aplicam <strong>de</strong> forma automática<br />
mesmo consi<strong>de</strong>rando as muitas variáveis<br />
subjetivas, emocionais e sob influência<br />
da sorte - ou do azar, em seu reverso.<br />
Estratégias e táticas inteligentes ou suportadas<br />
por volumes ilógicos <strong>de</strong> investimento<br />
po<strong>de</strong>m até dar a sensação temporária <strong>de</strong><br />
que se conseguiu revogar essas leis; mas a<br />
realida<strong>de</strong> se apresenta mais cedo ou mais<br />
tar<strong>de</strong> e faz valer sua inescapável lógica.<br />
Vamos lembrar algumas <strong>de</strong>ssas leis e suas<br />
consequências. Quanto mais prospects<br />
e clientes, maiores as chances <strong>de</strong> venda.<br />
Essa todo mundo conhece e é o que <strong>de</strong>u e<br />
dá sentido à publicida<strong>de</strong>; mas é incrível ver<br />
a quantida<strong>de</strong> e regularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> propostas<br />
que tentam burlar sua lógica, com estratégias<br />
e táticas dirigidas a ações <strong>de</strong> fi<strong>de</strong>lização,<br />
foco em nichos do mercado e coisas<br />
semelhantes.<br />
Não quer dizer que essas ações e opções<br />
não tenham sentido e valor, como parte <strong>de</strong><br />
uma estratégia clássica da “lógica do funil”:<br />
é preciso impactar uma imensa quantida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> suspects para se ter uma massa razoável<br />
<strong>de</strong> prospects e compradores iniciais, um<br />
volume sustentável <strong>de</strong> clientes e, ao fim,<br />
a cereja do bolo dos advogados da marca -<br />
mas, atenção, sem bolo, não tem cereja.<br />
Quanto mais sua marca for conhecida<br />
e reconhecida, maiores suas chances <strong>de</strong><br />
fazer negócios. Des<strong>de</strong> o clássico anúncio<br />
da McGraw Hill (quem não conhece po<strong>de</strong><br />
acessar https://b2bpartners.nz/the-most-<br />
-famous-b2b-ad-of-all-time/) essa lei está<br />
perfeitamente explícita para quem é do ramo,<br />
mas há quem pense que não se aplica<br />
mais, nesta época <strong>de</strong> <strong>de</strong>lírio <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s sociais,<br />
virais e influencers.<br />
Mas ela permanece absolutamente válida<br />
e implica em anunciar na dimensão da<br />
natureza da marca, seja na TV, para os produtos<br />
ou serviços <strong>de</strong> massa; seja nas publicações<br />
do tra<strong>de</strong>, para o B2B.<br />
Se a conta não fecha, o presente é ruim<br />
e o futuro não acontece. Por não aten<strong>de</strong>r às<br />
leis anteriores, por <strong>de</strong>ficiências da oferta<br />
<strong>de</strong> produtos/serviços <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, problemas<br />
<strong>de</strong> gestão, falta <strong>de</strong> capital, dificulda<strong>de</strong><br />
momentânea ou pura miopia, é fácil cair na<br />
tentação <strong>de</strong> alavancar as vendas com preços<br />
baixos, que acabam levando à armadilha<br />
da <strong>de</strong>pendência mortal ao incremento<br />
dos <strong>de</strong>scontos e preços sempre mais baixos.<br />
O valor da mídia <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da dimensão<br />
e da qualificação da audiência.<br />
Esta é outra lei que muitos, do lado comprador<br />
e ven<strong>de</strong>dor, acreditam ter sido revogada<br />
pela “nova economia”, “nova mídia”<br />
ou “nova alguma coisa”. Não foi. A equação<br />
é simples: quando maior a audiência <strong>de</strong> público<br />
qualificado, maior o valor <strong>de</strong> um meio<br />
ou veículo como mídia para quem preten<strong>de</strong><br />
seguir as duas primeiras leis listadas acima.<br />
Agência barata que funcione é uma lenda<br />
urbana. Parece incrível, mas não faltam<br />
clientes e até donos <strong>de</strong> agências que acreditam<br />
na equação <strong>de</strong> haver uma agência<br />
barata com qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atendimento, graças<br />
às mágicas da tecnologia, gestão inovadora,<br />
estrutura enxuta, trabalho <strong>de</strong> frilas<br />
e outros truques que apenas alongam a<br />
agonia <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> baixa qualida<strong>de</strong>, falta<br />
<strong>de</strong> originalida<strong>de</strong>, subestrutura e outros<br />
<strong>de</strong>feitos que levam ao mesmo lugar: contas<br />
inviáveis <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r e extinção da própria<br />
agência.<br />
É inacreditável que essa ilusão esteja tão<br />
espraiada e gerando o ciclo vicioso <strong>de</strong> agências<br />
mal remuneradas, clientes mal atendidos<br />
e propaganda cada vez menos eficaz.<br />
Um erro que chegou até às contas públicas,<br />
pois se tem visto casos <strong>de</strong> licitações ganhas<br />
pelo preço e não pela qualida<strong>de</strong> e até contas<br />
que são “<strong>de</strong>volvidas” pelas agências vencedoras,<br />
por inviabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atendimento.<br />
Rafael Sampaio é consultor em propaganda<br />
rafaelsampaio103@gmail.com<br />
jornal propmark - 2 <strong>de</strong> <strong>setembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2019</strong> 27