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edição de 16 de setembro de 2019

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editorial<br />

Armando Ferrentini<br />

aferrentini@editorareferencia.com.br<br />

Publicida<strong>de</strong> em sofrimento<br />

mpresários, profissionais e colaboradores do setor publicitário brasileiro,<br />

Ecom ênfase maior em São Paulo, estão indignados com a inércia pelo menos<br />

aparente das li<strong>de</strong>ranças do setor, diante <strong>de</strong> uma crise sem fim que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> há<br />

tempos se <strong>de</strong>senrola, tomando porém um vulto inigualável este ano.<br />

Todos sabemos das transformações técnicas ocorridas nas comunicações, atingindo<br />

em cheio a ativida<strong>de</strong> publicitária, não apenas no Brasil, mas praticamente em todo<br />

o planeta.<br />

tadas para a comunicação publicitária, com <strong>de</strong>staque para uma absurda censura <strong>de</strong><br />

costumes que chegou a ser implantada, mas não durou muito, foram <strong>de</strong>rrubadas ou<br />

<strong>de</strong>scontinuadas porque as mesmas li<strong>de</strong>ranças da nossa iniciativa privada publicitária<br />

viajavam em bloco para Brasília, participando <strong>de</strong> audiências inclusive com o<br />

presi<strong>de</strong>nte da República e seus ministros, mostrando o erro oficial que estava sendo<br />

cometido, ou prestes a ocorrer, em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> um setor que já naquela época<br />

honrava o país diante das multinacionais do setor primário aqui presentes, além <strong>de</strong><br />

causar curiosida<strong>de</strong> e permanente boa impressão além dos nossos limites pátrios.<br />

Porém, o que aqui mais se reclama é do silêncio dos que comandam as entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

classe, tanto patronais, como profissionais e até mesmo as que cuidam do institucional<br />

publicitário no país, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> representarem categorias do setor.<br />

Para piorar o quadro recessivo, que evi<strong>de</strong>ntemente não começou neste ano, o novo<br />

governo fe<strong>de</strong>ral, instalado no comando do país a 1º <strong>de</strong> janeiro, vem cuidando também<br />

<strong>de</strong> fazer a sua parte, para prejudicar ainda mais o mercado.<br />

A liberação da obrigatorieda<strong>de</strong> das veiculações em jornais <strong>de</strong> todas as variáveis da<br />

publicida<strong>de</strong> legal, transferindo-as para a web, foi apenas mais uma pá <strong>de</strong> cal sobre o<br />

setor, em um momento já <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dificulda<strong>de</strong>s por tudo o que vem lhe atingindo.<br />

Nessa questão da publicida<strong>de</strong> legal, prevalece ainda a versão <strong>de</strong> que a <strong>de</strong>cisão do<br />

Executivo Fe<strong>de</strong>ral ocorreu propositalmente, como repulsa às críticas que vinha e<br />

prossegue sofrendo por parte <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte da mídia, porém com maior força e<br />

constância da mídia impressa.<br />

Mas, essa é apenas uma parte pequena <strong>de</strong> todo o gran<strong>de</strong> dano que o novo governo<br />

vem causando ao mercado, inibindo as gran<strong>de</strong>s estatais com relação às práticas publicitárias,<br />

colocando <strong>de</strong>ssa forma sob suspeita a necessária comunicação publicitária<br />

<strong>de</strong> empresas do Estado que disputam o mercado com congêneres da iniciativa<br />

privada.<br />

É o caso do Banco do Brasil, da Caixa e da própria Petrobras, com os <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong><br />

petróleo explorados comercialmente por ela e outras gran<strong>de</strong>s companhias, com <strong>de</strong>staque<br />

para as po<strong>de</strong>rosas multinacionais do setor.<br />

Pior <strong>de</strong>ssa história é que o próprio governo se prejudica com a sua <strong>de</strong>cisão autoritária,<br />

já que <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> fazer propaganda <strong>de</strong>sses produtos e serviços sob a sua tutela,<br />

além <strong>de</strong> outros segmentos que também assina, per<strong>de</strong> uma oportunida<strong>de</strong> inestimável<br />

<strong>de</strong> combater os seus críticos, muitos <strong>de</strong>les mal-intencionados nessa batalha política<br />

que foi por <strong>de</strong>mais aguçada a partir da era Bolsonaro.<br />

Se não po<strong>de</strong>m agir em nome do governo, todos os que pertencem à iniciativa privada,<br />

em especial do setor publicitário, <strong>de</strong>veriam se unir e exigir das li<strong>de</strong>ranças do<br />

setor um enfrentamento vigoroso diante <strong>de</strong>ssa questão (que chega a ser inexplicável<br />

em <strong>de</strong>terminados segmentos), lembrando às atuais autorida<strong>de</strong>s do Executivo que o<br />

nosso mo<strong>de</strong>lo econômico é o da iniciativa privada, sem a qual não teríamos atingido,<br />

e vimos mantendo por tempos já sem conta, a condição <strong>de</strong> oitava economia do<br />

planeta.<br />

É profundamente lamentável essa situação criada quem sabe por objetivos bem-<br />

-intencionados, mas que estão atrapalhando <strong>de</strong> forma incalculável todo um setor<br />

on<strong>de</strong> o Brasil é (ou foi) sempre vencedor. Que o digam as principais competições<br />

publicitárias que anualmente se realizam mundo afora, com <strong>de</strong>staque para o sempre<br />

prestigiado Cannes Lions.<br />

Mas, esse bater <strong>de</strong> palmas não se limita apenas ao nosso produto final publicitário,<br />

mas também a muitas das empresas do setor, com <strong>de</strong>staque para o segmento das<br />

agências, que constituídas lá atrás em sua gran<strong>de</strong> maioria por ex-publicitários que<br />

se tornaram gran<strong>de</strong>s lí<strong>de</strong>res do setor, a ponto inclusive <strong>de</strong> enfrentarem certos <strong>de</strong>smandos<br />

institucionais da ditadura militar, <strong>de</strong>ntro da qual algumas cabeças pensantes<br />

chegaram a imaginar a exclusivida<strong>de</strong> do setor, entregando a tarefa publicitária<br />

brasileira à então Agência Nacional, órgão do governo fe<strong>de</strong>ral.<br />

A i<strong>de</strong>ia, como tantas outras <strong>de</strong>ssa época terrível, chegou a empolgar figuras importantes<br />

do então governo militar, mas foi abortada porque importantes li<strong>de</strong>ranças<br />

publicitárias da iniciativa privada do nosso país resolveram enfrentar a situação e<br />

conseguiram brecar o processo ainda em fase <strong>de</strong> estudos.<br />

Outras iniciativas do po<strong>de</strong>r central e não apenas do período da ditatura militar vol-<br />

Esperamos sinceramente que as nossas li<strong>de</strong>ranças civis <strong>de</strong> hoje do setor compreendam<br />

a missão que lhes cabem e lutem pela preservação dos valores incalculáveis<br />

obtidos pela eficácia e organização da publicida<strong>de</strong> brasileira, que não para <strong>de</strong> fornecer<br />

receitas <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> até mesmo a países do Primeiro Mundo, não apenas como<br />

dissemos na elaboração do seu produto final publicitário, como também e principalmente<br />

na união pela <strong>de</strong>fesa dos interesses comuns que uniram essas forças até aqui.<br />

***<br />

Bom saber que pelo menos respeitamos nossos ídolos, reconhecendo neles o talento<br />

inexcedível que se expandiu por todo o setor, a todos beneficiando.<br />

Ainda agora, está sendo produzido um filme em homenagem a esse craque que é e<br />

sempre foi José Bonifácio <strong>de</strong> Oliveira Sobrinho, o Boni, com <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> amigos<br />

e conhecidos que <strong>de</strong> alguma forma têm uma história a contar sobre esse herói<br />

brasileiro.<br />

Todos que militam no setor leram ou pelo menos ouviram falar do livro sobre a sua<br />

vida, editado em 2011 pela Casa da Palavra.<br />

Logo no prefácio da obra, assinado por ninguém menos que Domenico De Masi, uma<br />

citação <strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>rico Garcia Lorca que justifica tudo o que o leitor lerá dali em diante,<br />

nas 463 páginas do livro, batizado pela editora com a simplicida<strong>de</strong> que sempre<br />

acompanhou o famoso e já lendário personagem, que todavia prossegue produzindo:<br />

O livro do Boni.<br />

Por contar a trajetória <strong>de</strong> quem se propôs, a obra dispensaria qualquer outro título.<br />

Aguardaremos agora o filme, produzido pela sua TV Vanguarda, contendo relatos <strong>de</strong><br />

muitos profissionais que <strong>de</strong>vem a ele, sob muitas formas e causas, o que apren<strong>de</strong>ram<br />

na sua trajetória.<br />

Este editor, por exemplo, ainda muito jovem, trabalhando na então Multi MP Propaganda<br />

(estamos falando <strong>de</strong> 1958/1959), teve a gran<strong>de</strong> sorte, não po<strong>de</strong>ndo almoçar<br />

em casa (hábito da época) <strong>de</strong>vido à distância da agência e a casa dos seus pais, <strong>de</strong><br />

frequentar a mesma mesa <strong>de</strong> almoço da agência on<strong>de</strong> profissionais já consagrados<br />

tomavam assento diariamente e discutiam as campanhas que estavam sendo criadas<br />

e produzidas pela agência ou por sua or<strong>de</strong>m.<br />

Um <strong>de</strong>les era simplesmente o Boni, com seus 25, talvez 26 anos, já brilhando naquele<br />

grupo da hora do almoço na Multi, ao narrar suas i<strong>de</strong>ias para <strong>de</strong>terminados<br />

trabalhos.<br />

Para mim, essa oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aprendizado é inesquecível até hoje, tantos anos<br />

já passados.<br />

Grato por tudo, querido amigo!<br />

***<br />

Apesar <strong>de</strong> tudo o acima escrito, a propaganda brasileira prossegue criando e produzindo<br />

trabalhos incomparáveis, como a megacampanha <strong>de</strong> lançamento do Onix<br />

Plus, assinada pela WMcCann sob a supervisão <strong>de</strong> Hugo Rodrigues.<br />

Mereceu matéria nesta edição do seu PROPMARK.<br />

***<br />

Na edição <strong>de</strong> julho/agosto (nº 302) da Revista Abrigraf, em foto <strong>de</strong> página dupla, uma<br />

homenagem dos editores à equipe <strong>de</strong> redação do PROPMARK.<br />

Agra<strong>de</strong>cemos, emocionados.<br />

4 <strong>16</strong> <strong>de</strong> <strong>setembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2019</strong> - jornal propmark

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