RCIA - ED. OUTUBRO 2019
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Cheque sem fundos<br />
para pagamento ao<br />
fornecedor Serafim<br />
de Freitas Caires<br />
em 2013. Seis anos<br />
depois o agricultor<br />
está acamado e com<br />
problemas de saúde,<br />
consequências de uma<br />
queda quando quebrou<br />
o fêmur. O cheque em<br />
questão foi dado pela<br />
Farm Indústria e Agro<br />
Pecuária que faz parte<br />
do Grupo Diné que<br />
pertence a Nelson Cury.<br />
ras decorrentes de políticas públicas<br />
do setor e teria se valido de um modelo<br />
de justiça no Brasil que ainda<br />
cria inúmeras brechas para devedores,<br />
em especial com a abertura de<br />
empresas de fachadas para esconder<br />
o patrimônio.<br />
Segundo apurado, Cury estaria<br />
vivendo em Ribeirão Preto, em bairro<br />
nobre, sem alterar seu padrão de<br />
vida, seguindo muito bem financeiramente,<br />
enquanto fornecedores como<br />
Romualdo Luiz Vanalli Polez espera<br />
receber cerca de R$ 2,5 milhões por<br />
duas safras entregues na Maringá<br />
(2012/2013). Romualdo diz que conseguiu<br />
sobreviver ao baque financeiro<br />
vendendo suas criações, implementos<br />
agrícolas e ainda fazendo financiamentos<br />
de crédito rural e que até<br />
hoje não conseguiu sanar suas dívidas.<br />
Ele tem consigo os cheques sem<br />
fundos dados pela usina na tentativa<br />
de ludibriá-lo.<br />
MORRE O FORNEC<strong>ED</strong>OR<br />
João Floriano é um dos pequenos<br />
produtores que afirma que só não<br />
passou fome, porque gastou todas<br />
suas reservas financeiras: “Como<br />
sobreviver se não te pagam o trabalho<br />
de um ano inteiro? Foram anos<br />
muito difíceis, onde até hoje estamos<br />
tentando nos recuperar” – afirma o<br />
fornecedor que também guarda uma<br />
série de cheques sem fundos recebidos<br />
da Maringá. Ele espera receber<br />
ainda cerca de R$ 50 mil.<br />
Segundo fontes ligadas ao setor<br />
canavieiro, um fornecedor que também<br />
não recebeu por sua safra, adoeceu<br />
diante das dívidas que batiam à<br />
sua porta e que sua esposa teve que<br />
abandonar o sítio e arrumar emprego<br />
na cidade como faxineira para assim<br />
tentar pagar algumas contas e colocar<br />
comida na mesa. Ele morreu sem<br />
receber, segundo essas fontes.<br />
Também um caso que chamou<br />
Dor e sofrimento batem<br />
à porta de Serafim que<br />
após atravessar o tempo<br />
trabalhando, se vê postado<br />
em uma cama sem que a<br />
Justiça possa lhe amparar<br />
a atenção até mesmo de outros fornecedores<br />
é o de Serafim de Freitas<br />
Caires, hoje com 93 anos e acamado.<br />
Em 2013 ele caiu e quebrou o fêmur,<br />
necessitando de cirurgia e cuidados<br />
especiais; ele também não recebeu<br />
sua safra naquele ano, tornando a<br />
sua situação ainda mais difícil. Aposentado<br />
e recebendo apenas um salário<br />
mínimo, não dava sequer para<br />
pagar o plano de saúde. Sua única<br />
filha Amélia Caires Ribeiro, 75 anos,<br />
disse à reportagem que não conseguia<br />
pagar uma cuidadora, pois o<br />
dinheiro não dava e o que recebiam<br />
eram apenas cheques sem fundos.<br />
Sem dinheiro e tendo que cuidar do<br />
pai não conseguia trabalhar e nem<br />
cuidar de seu sítio para a próxima<br />
safra. Ainda hoje ela faz tratamento<br />
para a cura de síndrome do pânico e<br />
também para a distensão nos dois<br />
braços que adquiriu devido ao peso<br />
dos cuidados com o pai.<br />
Em 2016, morreu o fornecedor<br />
Aparecido Timpani deixando para<br />
seus familiares a missão de receber<br />
cerca de R$ 200 mil referente à safra<br />
de 2013 que a Maringá teria usurpado.<br />
Sua esposa Eva Timpani conta<br />
que na época, cada vez que Aparecido<br />
ia até a usina para tentar receber,<br />
voltava com cheques que nunca<br />
foram pagos. “Tempos difíceis, fazíamos<br />
o máximo em economia, afinal<br />
ainda tínhamos que comprar mudas,<br />
fertilizantes, preparar a terra para a<br />
próxima safra, sem termos recebido<br />
nada do ano anterior”- lembra.<br />
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