Negócios Novembro 2019
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EDIÇÃO 307 | NOVEMBRO DE <strong>2019</strong> | 5<br />
com saúde<br />
do atendimento público abrem espaço para as healthtechs<br />
dados médicos ainda estão em papel”,<br />
afirma Silva.<br />
O consultor de negócios do Sebrae-SP<br />
Guilherme Arradi reforça<br />
essa avaliação. “Tecnologias cada vez<br />
mais acessíveis estão ampliando o<br />
leque de possibilidades de transformar<br />
a indústria da saúde”, diz. Não<br />
por acaso, o Hospital das Clínicas em<br />
São Paulo, maior complexo hospitalar<br />
da América Latina, acaba de abrir<br />
um centro de inovação para startups<br />
que queiram se dedicar ao tema, o<br />
Distrito Inova HC.<br />
Dados da Associação Brasileira de<br />
Startups (ABStartups) apontam que<br />
muitos empreendedores entenderam<br />
o potencial que inovar na área de saúde<br />
oferece. O número de healthtechs<br />
associadas quase dobrou entre 2015<br />
e meados de <strong>2019</strong>, passando de 235<br />
para 406.<br />
Arradi destaca que no último ranking<br />
de transformação digital da consultoria<br />
McKinsey, a área da saúde<br />
aparece entre os setores ainda pouco<br />
impactados e mostra um mercado extremamente<br />
promissor, o que chama<br />
a atenção também dos investidores.<br />
REDE PARA INOVAÇÃO<br />
Destacar as soluções para os investidores<br />
é o objetivo da CareTech,<br />
criada pela Troposlab, aceleradora<br />
que queria justamente “estabelecer<br />
conexões que façam algo acontecer”<br />
no setor, como define a sócia e diretora<br />
comercial do hub de inovação, Nathália<br />
Tavares. “Quando começamos<br />
a estudar os possíveis mercados, chegamos<br />
ao CareTech, que tem grande<br />
potencial de negócio e de inovação.<br />
Ao mesmo tempo, há muitas tecnologias<br />
que estão sendo desenvolvidas,<br />
mas que não conseguem chegar ao<br />
mercado. Por outro lado, muitas empresas<br />
têm demanda por uma solução<br />
e não conseguem encontrá-la”, diz.<br />
A CareTech atua não só na promoção<br />
do desenvolvimento de soluções,<br />
mas também no encontro dessas<br />
inovações com o mercado e investidores,<br />
reunindo startups, a academia<br />
– geralmente celeiro de inovações –,<br />
investidores e grandes empresas em<br />
busca de inovações com agilidade.<br />
A área da saúde envolve uma ampla<br />
gama de segmentos, mas Nathália<br />
destaca que a CareTech está bastante<br />
atenta a soluções que promovam hábitos<br />
mais saudáveis e que atuem nos<br />
cuidados com o envelhecimento. “A<br />
tendência do mercado é de trabalhar<br />
o envelhecimento, já que a sociedade<br />
está se direcionando para ser uma<br />
população com mais idosos. Por isso,<br />
a atenção em estratégias e tecnologias<br />
que deem apoio ao bem-estar<br />
do idoso”, diz. Hoje, a Troposlab atua<br />
com 65 healthtechs, de um total de<br />
725 que abriga como aceleradora.<br />
CUIDADOS BÁSICOS<br />
Guilherme Arradi, consultor do<br />
Sebrae-SP, lista outros pontos de<br />
atenção para quem pretende empreender<br />
com uma healthtech, começando<br />
pela equipe. “É importante ter<br />
alguém que conheça a área, para fazer<br />
com que a solução possa resolver<br />
alguma dificuldade”, diz. Também é<br />
necessário fazer testes e análises que<br />
mostrem o desempenho do produto.<br />
Isso é muito importante para criar<br />
um plano de marketing e um argumento<br />
de vendas assertivo.<br />
Outra orientação do consultor é<br />
para que os empreendedores não foquem<br />
só na tecnologia que está sendo<br />
desenvolvida, mas sim que pensem<br />
em todo o modelo de negócios. Os<br />
empreendedores da área da saúde<br />
tendem a ser bons técnicos, mas não<br />
olham tanto para o negócio. O canal<br />
de distribuição, por exemplo, precisa<br />
do olhar de um profissional de marketing<br />
em saúde, que saberá como<br />
aquele produto ou tecnologia pode<br />
chegar ao mercado.<br />
Além disso, é importante lembrar<br />
que os produtos na área da saúde são<br />
classificados por risco. Quanto maior<br />
o risco, maior a burocracia e os passos<br />
para aprovar a solução e disponibilizar<br />
no mercado. Existem várias<br />
consultorias que podem ajudar nessa<br />
questão. Arradi dá o exemplo de<br />
equipamentos que são implantados<br />
no corpo humano, que tendem a ter<br />
risco mais elevado e têm processo de<br />
registro mais demorado.<br />
Cenário favorável<br />
Há uma série de fatores que, combinados, devem favorecer<br />
o segmento de startups voltadas para a saúde e o<br />
bem-estar. Guilherme Arradi, consultor de negócios do<br />
Sebrae-SP, destaca quais os pontos principais:<br />
Envelhecimento populacional<br />
O IBGE estima que, em 2050, haverá mais idosos<br />
do que jovens entre 15 e 24 anos vivendo<br />
no País. A diminuição da taxa de natalidade e<br />
o aumento da expectativa de vida vão levar a<br />
uma sociedade com um porcentual cada vez maior de pessoas<br />
idosas. E quanto mais a população envelhece, mais se<br />
gasta com saúde. A tendência é que os gastos da população<br />
com saúde tripliquem.<br />
Melhoria da escolaridade e da renda<br />
Quanto mais escolaridade e maior a renda,<br />
maior a tendência de se consumir serviços de<br />
saúde, especialmente de cuidados e prevenção.<br />
Convergência tecnológica<br />
A convergência tecnológica e da informação<br />
tende a ampliar o acesso à saúde e também<br />
deve influenciar para que haja uma redução<br />
no custo dos serviços, especialmente por<br />
parte das operadoras de planos de saúde.<br />
Infraestrutura<br />
No Brasil, a estrutura de saúde ainda não é bem<br />
resolvida – como hospitais, leitos e equipamentos<br />
específicos de diagnósticos. Portanto,<br />
a tendência é que haja um crescimento nessas<br />
áreas. Soluções que impactem esses pontos<br />
são necessárias, especialmente em como fazer<br />
melhor aproveitamento de recursos.<br />
Big data<br />
A tecnologia migra cada vez mais para um<br />
mundo de dados. E o setor de saúde será diretamente<br />
impactado por isso. Os cuidados<br />
com a saúde deverão ser muito mais preventivos<br />
e proativos do que reativos, por conta<br />
do acompanhamento sistemático da rotina e<br />
hábitos de vida das pessoas.