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PME Magazine - Edição 15 - Janeiro 2020

Paulo Pereira da Silva, CEO da Renova, é a figura de capa da primeira edição de 2020 da PME Magazine. Leia aqui a edição na íntegra.

Paulo Pereira da Silva, CEO da Renova, é a figura de capa da primeira edição de 2020 da PME Magazine. Leia aqui a edição na íntegra.

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JANEIRO 2020 | TRIMESTRAL | EDIÇÃO 15

EDIÇÃO ANO V

49.99€ Por 35€

ATÉ DIA 15 DE JANEIRO

DIRETORA: MAFALDA MARQUES

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

PAULO

PEREIRA

DA SILVA

PORTUGAL

EXPORTADOR

AS EMPRESAS

PORTUGUESAS QUE PROCURAM

OPORTUNIDADES LÁ FORA

ORCAM

STARTUP INOVADORA DE VISÃO

ARTIFICIAL JÁ ESTÁ EM PORTUGAL

POR DETRÁS

DO PAPEL

HIGIÉNICO

MAIS 'sexy'

DO MUNDo

VINHOS IMPERFEITOS

HÁ UMA NOVA MARCA

DE VINHOS PORTUGUESA


PAULO

PEREIRA DA SILVA

CEO DA RENOVA

NO LANÇAMENTO

DA 15.ª EDIÇÃO

DA PME MAGAZINE

15 DE JANEIRO

9H30 - 11H30

Campus de Carcavelos |

Rua da Holanda, 1

2775-405

Parceiro

de mobilidade:


a

FIGURA de DESTAQUE

Índice

p4 | BREVES

p6 | CASOS DE SUCESSO

Portugal Exportador e a aposta na expansão

p8 | Web Summit e a importância para as empresas

p11| INVESTIMENTO

Carlos Ferreira e as vantagens do factoring

p13| Nuno Mangas e as opções de investimento para PME

p15| INTERNACIONAL

Japão e as oportunidades de exportação

p17| SGS e a aposta no mercado português

p19| AMBIENTE

Blasting e a importância de aumentar a eficiência energética

p20| Ecopac e as embalagens ecológicas para a restauração

p21| RH

Paula Marques e a inovação na formação

p22| Maria José Governo na direção comercial da INOV-

FLOW

p24| RESPONSABILIDADE SOCIAL

OrCam e a inovação na visão artificial

p26| FIGURA DE DESTAQUE

Paulo Pereira da Silva e a criatividade na reinvenção da

Renova

p36| EMPREENDORISMO

A ciência de um negócio de Vinhos Imperfeitos

p38| SelfieCombo e a aposta numa rede social privada

p40| MEDIR PARA GERIR

Josep María Raventós e a transformação nas empresas

p41| Sara Monte Freitas e a otimização de custos

p42| MARKETING

A comunicação das instituições sociais em Portugal

p44| TECNOLOGIA

Check Point e a importância de travar ataques informáticos

p46| Cinco tendências de e-commerce que precisa de saber

p47| FORA D'HORAS

JNCQuoi Ásia, gastronomia portuguesa numa cozinha

asiática

p48| AGENDA

Building the Future

p50| OPINIÃO

Miguel Pina Martins e o estímulo à criatividade

Ficha técnica

DIRETORA: Mafalda Marques

EDITORA: Ana Rita Justo

REDAÇÃO: Mariana Barros Cardoso e Pedro Montijo

VÍDEO E FOTOGRAFIA: NortFilmes, André Areias e João Filipe Aguiar

DESIGN GRÁFICO: Inês Antunes

DIGITAL MANAGERS: Fábio Jesuíno e Ricardo Godinho

COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: Carlos Ferreira, Josep María Raventós, Miguel Pina

Martins, Nuno Mangas, Paula Marques e Sara Monte e Freitas

ESTATUTO EDITORIAL (leia na íntegra em pmemagazine.sapo.pt)

DIREÇÃO COMERCIAL: Daniel Marques

EMAIL: publicidade@pmemagazine.com

PROPRIEDADE: Massive Media Lda.

NIPC: 510 676 855

MORADA SEDE ENTIDADE PROPRIETÁRIA/EDITOR:

LisboaBiz - Av. Engenheiro Arantes e Oliveira, n.3 R/C

1900-221 Lisboa

REDAÇÃO: LisboaBiz - Av. Engenheiro Arantes e Oliveira, n.3 R/C

1900-221 Lisboa

TELEFONE: 211 934 140

EMAIL: info@pmemagazine.com

N. DE REGISTO NA ERC: 126819

EDIÇÃO N.º: 15

DEPÓSITO LEGAL N.º: 427738/17

ISSN: 2184-0903

TIRAGEM: 23.000 exemplares

IMPRESSÃO: Lidergraf

Rua do Galhano, n.º 15 | 4480-089 Vila do Conde

DISTRIBUIÇÃO: com o jornal Expresso e por assinatura anual

PERIODICIDADE: Trimestral

a

Crio, logo existo

Editorial

Portugal encontra-se, no Painel

Europeu da Inovação 2019, entre

os inovadores moderados, o terceiro

de quatro grupos definidos

pelo estudo (Líderes de Inovação,

Fortes Inovadores, Inovadores

Moderados e Inovadores

Modestos). Isto em comparação

com os outros países da União

Europeia.

Apesar de haver melhorias face a 2011, continuamos na moderação

que é tão característica do povo português: nem

tanto acima que possa estragar, nem tão abaixo que nada se

faça.

É importante ter em conta estes dados, pois há um caminho

que urge escolher: ou é tomada uma atitude rumo à inovação

e ao impulsionamento de novos negócios, ou muitos correm o

risco de acabar no curto prazo.

Na Renova, inovação e criatividade são palavras de ordem de

um engenheiro físico que queria seguir carreira académica,

mas encontrou nesta marca de papel higiénico um propósito

de vida. Hoje, a Renova é mais do que isso, reconhecida internacionalmente

e percecionada como uma marca relevante

no seu mercado e, além disso, surpreendente. É isso que nos

conta o CEO, Paulo Pereira da Silva, numa entrevista em que

desvenda alguns dos segredos do sucesso da empresa.

Em ano de Jogos Olímpicos no Japão, fomos saber porque é

que a economia nipónica é uma boa aposta para as exportações

portuguesas e fomos conhecer as empresas lusas que

apostaram no networking da 14.ª edição do Portugal Exportador.

Falamos de novos negócios, plenos de criatividade, como a

Ecopac, a Vinhos Imperfeitos e outros de grande responsabilidade

social como a OrCam Technologies.

Quisemos saber como comunicam as instituições de solidariedade

social e que apoios ao investimento dá o IAPMEI às

empresas.

Tudo, porque achamos que só com apoio poderá haver mais

empresas inovadoras e criativas e a colocar Portugal um passo

mais à frente.

Boas leituras e um excelente 2020!

ColorADD

na PME Magazine

A PME Magazine conta com 14 grandes secções,

que servem de guia estrutural para as temáticas

abordadas. De forma a tornar a revista mais inclusiva,

foi integrado nas secções o sistema de

identificação de cores ColorADD. Assim, cada

secção conta com uma cor diferente, identificada

com um símbolo que permite a pessoas

daltónicas identificarem as cores que estão a

ver.

Desenvolvido com base nas três cores primárias,

representadas através de símbolos gráficos,

o código ColorADD assenta num processo

de associação lógica que permite ao daltónico,

através do conceito da adição das cores, relacionar

os símbolos e facilmente identificar toda

a paleta de cores. O branco e o preto surgem

para orientar as cores para as tonalidades claras

e escuras.

Azul

Vermelho

ANA RITA JUSTO | EDITORA

Verde

Roxo

Amarelo

Castanho

Laranja

Tons Claros

Tons Escuros

Branco

Cinza

Claro

Preto

Cinza

Escuro

3


o

Breves

SELO DA DIVERSIDADE PREMEIA NOVE ORGANIZAÇÕES

A segunda edição do Selo da Diversidade decorreu no final de outubro

WORKPLACE HUB DA KONICA MINOLTA

DISTINGUIDO PELO IDG

Durante os dias 28 e 29 de outubro, ocorreu a terceira

edição do Fórum Nacional para a Diversidade e Inclusão,

dedicado ao tema “Integração da Vida Profissional e da

Vida Pessoal”. No evento foram entregues os prémios

relativos à segunda edição do Selo da Diversidade a

um total de nove organizações, com dez boas práticas

premiadas. O Selo da Diversidade foi criado pela

Carta Portuguesa para a Diversidade para premiar as

práticas inspiradoras de diversidade e inclusão dentro

das organizações empregadoras.

O Workplace Hub da Konica Minolta venceu a

categoria “Serviços de IT abrangentes” na 13.ª edição

do concurso “Produto de IT de 2019” promovido pelo

IDG – International Data Group na República Checa.

O equipamento destacou-se por ser uma solução

tecnológica all in one que centraliza o hardware e o

software necessários para uma empresa funcionar,

nomeadamente as PME.

Equipamento destacou-se pela solução all in one

BOLT CHEGA A AVEIRO E GUIMARÃES

A Bolt alarga a sua atuação no Norte do país. Além de

Aveiro e Guimarães, a plataforma também já atua na

zona Norte em cidades como Coimbra, Águeda, Figueira

da Foz, Matosinhos e Vila Nova de Gaia. Ao longo de

2019, também na zona Centro a Bolt veio a expandir a

sua operação além da área metropolitana de Lisboa,

sendo que atualmente já chega até Estoril, Cascais,

Ericeira, Setúbal e Alverca do Ribatejo.

Plataforma de mobilidade expande o serviço na zona Norte do país

LUÍS SIMÕES TRANSFERE

SEDE ESPANHOLA PARA GUADALAJARA

A Luís Simões transferiu a sede da empresa em Espanha

para Guadalajara, estratégia para o setor logístico

e industrial daquele país. O centro de Guadalajara

tem uma superfície de 89.000 metros quadrados e

empregará mais de 400 pessoas, entre postos diretos

e indiretos. A empresa procura, assim, centralizar os

seus serviços numa localização que considera chave.

Mudança de sede faz parte da estratégia de crescimento

4


MOSTRAMOS-LHE COMO FOI

João Filipe Aguiar

JANEIRO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

No passado mês de outubro, a PME Magazine

apresentou a sua 14.ª edição, no Lispolis, com uma

palestra da empresária da Casa Ermelinda Freitas,

Leonor Freitas. Aqui ficam as fotos do evento!

5


e

CASOS DE SUCESSO

PORTUGAL EXPORTADOR: A MONTRA

DAS PME PORTUGUESAS

Mafalda Marques

Portugal Exportador - André Areias e Rui Minderico

Pela 14.ª vez, o maior evento de exportação em

Portugal, o Portugal Exportador, reuniu no mesmo

recinto empresas em busca do mesmo objetivo:

alargar fronteiras.

Portugal Exportador contou com mais de 1100 participantes

A PME Magazine esteve presente na 14.ª edição do

Portugal Exportador, promovido pelo Novo Banco,

Fundação AIP e AICEP Portugal Global. Da banca à

aviação, da tecnologia aos serviços, um pouco de tudo

se viu, mas foram as oportunidades de networking que

atraíram a atenção dos visitantes.

DOS AÇORES PARA O MUNDO

Criada em 2004, a LactAçores uniu três cooperativas

com o intuito de enaltecer a origem dos laticínios açorianos

– Unileite, Uniqueijo e CALF. Está presente em

todos os continentes, com destaque para os mercados

dos Estados Unidos da América e Canadá, para onde

exporta os queijos de valor acrescentado com maior

procura, nomeadamente a gama Queijo São Jorge DOP

e queijos da ilha.

Também o mercado chinês começa a destacar-se nas

vendas da marca desta união de cooperativas, incidindo,

essencialmente, em leite (Leite UHT Gordo Nova

Açores). Quanto ao mercado africano, Angola e Cabo

Verde são mercados que procuram bens de primeira

necessidade, como leite e queijo flamengo. No mercado

europeu, comercializa um pouco de cada gama,

destacando-se em Espanha a venda de leite UHT Nova

Açores.

“O Portugal Exportador é uma oportunidade de estabelecermos

networking, efetuarmos prospeção de

mercado e de continuarmos a potenciar a notoriedade

dos nossos produtos”, refere Sandra Ramos, responsável

de marketing, em entrevista.

são os que mais têm desafiado. Está na Austrália, Nova

Zelândia e grande parte do mercado americano, assumindo-se

como uma empresa global, com presença

nos cinco continentes.

“O Portugal Exportador é uma montra de prestígio e

oferece-nos não só a possibilidade de divulgar a Aralab

junto de potenciais clientes, mas também a possibilidade

de, num único local, ter acesso a diferentes

entidades que muito nos apoiam no dia-a-dia do nosso

negócio como a AICEP, a AIP ou entidades do sistema

financeiro", afirma Luís Branco, presidente do conselho

de administração.

SOLUÇÕES ESTRATÉGICAS

A APP (Advanced Products) é uma empresa portuguesa

com mais de 15 anos de experiência, que desenvolve

e comercializa soluções tecnológicas que garantem

a cadeia térmica de produtos termossensíveis

durante operações de transporte, manuseamento e armazenamento,

mesmo em situações extremas. É parceira

de empresas exportadoras portuguesas, colaborando

com soluções inovadoras usadas nos diferentes

mercados onde estas empresas atuam.

Para Manuel Pizarro, CEO da APP (Advanced Products),

“a participação no Portugal Exportador foi uma

decisão estratégica de divulgação e projeção do projeto

de expansão internacional, o APP Forward, uma

Cafés temáticos durante o evento

“Pretendemos adquirir novas ferramentas de apoio à

exportação e internacionalização que nos permitam

ajudar no trabalho de prospeção de mercado e potenciar

a notoriedade dos nossos produtos”, adianta.

COM UM PÉ EM 50 PAÍSES

Fundada em 1985, a Aralab fabrica câmaras climáticas.

Tem uma presença global em mais de 50 países, fornecendo

produtos e serviços desde a indústria farmacêutica

à indústria automóvel. Com o processo de expansão,

a região do Médio Oriente e o mercado asiático

6


JANEIRO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

Globália. Esta foi a primeira vez que participou no Portugal

Exportador e José Minguez, country manager da

companhia em Portugal, explica as razões.

“Já estamos em Portugal há 10 anos, começámos a

operação no ano 2009 com dois voos a partir de Lisboa.

Hoje, temos quatro ligações diárias a partir de Lisboa e

mais quatro a partir do Porto. Para nós, participar nesta

edição é importante pelas possibilidades de divulgação

e de networking. Sobretudo, estamos a informar como

os aviões podem ajudar nas exportações, em 24 destinos,

sendo um parceiro de negócio. Temos uma divisão

dedicada a cargas, a Air Europa Cargo, que responde

às necessidades das pequenas e médias empresas, em

serviços e no transporte de bens”, explica.

vez que o foco da Portugal Exportador é a divulgação,

espaço de networking e procura de soluções e produtos

de empresas portuguesas que querem crescer além-

-fronteiras”.

SOLUÇÕES DE PAGAMENTO À MEDIDA

Já a Eu Pago é uma plataforma de pagamentos cuja

missão é facilitar a vida das pequenas e médias empresas

na integração dos meios de pagamento mais

usados como o multibanco, o MB Way, débitos diretos,

cartões Visa e Mastercard, tudo o que um comerciante

precisa para receber pagamentos. A empresa participou

pela primeira vez no Portugal Exportador por considerar

que esta é uma feira fora dos padrões normais.

“Somos uma spinoff de uma empresa de comércio eletrónico

e frequentamos todos os eventos desta área.

Por vezes, temos descuidado a nossa presença em

eventos mais corporativos. Esta experiência superou

as nossas expectativas, porque o público é mais especializado,

as dúvidas são mais orientadas e práticas e

é mais fácil trabalhar assim. As pessoas sabem o que

querem e o que procuram”, explica Telmo Santos, um

dos fundadores da empresa.

DISTRIBUIÇÃO E REVENDA

Daniel Rocha, fundador da Gourmet da Vila, também

participou pela primeira vez. Começou como uma plataforma

de vendas online de produtos portugueses e

cabazes para empresas e particulares. Agora, dedica-

-se à distribuição, procura produtores que precisem de

ajuda para se promoverem em Portugal e além-fronteiras

e à revenda de produtos portugueses de alta

qualidade para gift stores de forma simples e rápida.

Por exemplo, a Gourmet da Vila distribui produtos

de alfarroba desenvolvidos na Universidade de Faro,

criando um substituto do chocolate, em barra ou creme.

Outros produtos nobres como os patés de azeite,

mostarda de legumes ou vinagre de figo da Índia são

bons exemplos que levam aos eventos e provas onde

participam, contando as histórias reais de produtores

que dedicam a sua vida a um produto. “Neste evento

quisemos mostrar aos produtores que podemos ser o

parceiro para divulgar os seus produtos no estrangeiro

e a alguns compradores internacionais dizer que somos

o parceiro certo, pois já trabalhamos o mercado

português premium”, explica.

TRANSPORTE AÉREO EM FOCO

O transporte de bens e carga nas exportações continua

a ser uma das preocupações das empresas. A Air

Europa Líneas Aéreas, S.A.U. é uma companhia aérea

espanhola fundada em 1986, pertencente à holding

O Portugal Exportador de 2019 contou com 1157

visitantes, 115 expositores, 122 oradores, 11

workshops, 19 Cafés Temáticos, 55 reuniões

realizadas com web buyers e 53 reuniões no "Meet

the Leaders". Tudo num só dia.

7


e

CASOS DE SUCESSO

WEB SUMMIT, FEIRA DE NEGÓCIOS OU FESTIVAL?

Mariana Barros Cardoso

Web Summit e Wikinight

Em ano de Jogos Olímpicos num país que “importa matéria-prima e exporta tecnologia” – o Japão – a PME

Magazine relembra a ida ao Web Summit, o maior acontecimento tecnológico com lugar em Portugal até

2028. Considerado como o evento com melhor reputação em Portugal, o Web Summit é também uma das

maiores conferências de tecnologia do mundo e o ponto de encontro para startups, investidores e curiosos.

Web Summit voltou encher Lisboa em novembro

Na última edição da PME Magazine, falámos do

“evento exclusivo e secreto” que juntava centenas de

startups “promissoras”. Fomos conhecer a realidade

das startups que, ano após ano, anseiam por mais um

Web Summit para que possam ter feedback de grandes

investidores de todas as partes do mundo.

No local que habitualmente recebe o certame, havia

um mar de pessoas apressadas entre conferências,

coffee-breaks, debates, apresentações e empresas

que, na efemeridade de um dia, deixavam de estar em

exposição. Há atrações, ideias inovadoras e curiosos

que “roubam” tempo aos expositores que nem sempre

sabem com quem estão a falar.

Pus-me “na fila” para falar com Francisco Coutinho,

um jovem de 23 anos que criou uma Wikipédia da noite.

Wikinight é uma aplicação que responde às perguntas

“onde sair à noite” ou “onde beber um copo” entre bares,

discotecas ou casinos.

Francisco Coutinho esteve no Web Summit em 2017,

“ainda só com o protótipo, para ver se a Wikinight fazia

sentido”, confessa.

“Voltámos através da StartUp Portugal. Fomos selecionados

entre as melhores 70 startups portuguesas e

fomos levados a um programa que existe em parceria

com a StartUp Portugal e o Web Summit que prepara as

startups para o evento”, explica.

8

Uma iniciativa conjunta entre duas entidades e que

proporciona momentos “diferenciadores” para o possível

arranque de um negócio. Além disso, as 70 melhores

startups portuguesas tiveram um “pitch no Palácio

de Belém, em frente ao governo, onde estava Marcelo

Rebelo de Sousa e o dono do Web Summit”, conclui

Francisco.

Quando questionado sobre notar um aumento ao

nível do negócio por estar no Web Summit, o CEO de

Wikinight revela: “Embora o evento seja bom, não é

bem aquilo que as pessoas possam pensar”.

Francisco desmistifica esse padrão ao afirmar que “o

Web Summit é boa para promover a oportunidade de

negócio, pelo lado criativo e para tirar ideias, mas não

para investir”. E reforça: “nem pensar, zero”.

"Embora o evento seja bom,

não é bem aquilo que as pessoas

possam pensar"

“É muito difícil, ou mesmo impossível, encontrar um investidor

aqui”, diz Francisco.

Pedro Martins, CEO da ENCRYPT3D (empresa de mensagens

confidenciais que serão entregues a quem o

utilizador destinar, no momento que escolher ou em

caso de morte) é da mesma opinião, mas conta-nos


SAPO PRIME

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e

CASOS DE SUCESSO

que teve quatro reuniões e que “são os investidores

que as solicitam através da aplicação”.

“Fizemos quatro pitches desses, são 15 minutos, ou

seja, ali não se resolve nada”, refere.

A dificuldade em encontrar um investidor no certame

existe, para Francisco Coutinho, porque “os investidores

passam pelas bancas com pressa, muitos não

identificados como investidores e, além disso, não dá

para falar com eles, são muitas bancas, muitas pessoas

e muitas startups”.

Já Pedro Martins aconselha “o programa Alpha, os bilhetes

para três dias e um stand por um dia por 1200

euros, valor que a maioria das empresas pequenas

consegue pagar e o ganho pode ser grande”.

“Também pode não dar nada, mas a probabilidade de

não dar nada é muito baixa, parece-me.”

E conclui: “Pelo menos visibilidade, dá”.

Web Summit recebeu mais de 70 mil participantes

Sobre patentear a marca para que se possa sentir mais

seguro, Francisco explica que “é difícil patentear estes

modelos de negócio”.

“Não há nenhum modelo de patente que esteja disponível.

Não conseguimos proteger a plataforma, a única

coisa que conseguimos proteger é o código e o design.

Se alguém vier aqui com um milhão de euros e quiser

copiar, copia. É inevitável.”

Mais de duas mil startups estiveram presentes no evento

que lhes é palco por um dia. Francisco partilha ainda:

“Somos uma das mil e tal startups que estamos aqui e é

difícil destacarmo-nos”.

Pedro também revela que o Web Summit é “uma montra

gigantesca, passam aqui milhares e milhares de

pessoas por dia".

“Falamos com muita gente que passa e que podem ser

potenciais parceiros”, ressalva.

Para Pedro Martins, o Web Summit vive de “milhares de

empresas, de startups, com ideias de negócios fantásticas

e, em termos de criatividade, as pessoas têm que

estar atentas ao mundo”.

Wikinight é a Wikipédia da noite

“CURIOSOS MUITOS, INVESTIDORES

POUCOS”

Para tentarmos perceber quem é o público mais assíduo

que Francisco denota no Web Summit, diz-nos

que “curiosos muitos, investidores poucos e startups

que vêm à procura de uma parceria entre startups”. Já

Pedro adianta ter feito “algumas propostas de parceria”.

Algo que para os criativos é um “bocado preocupante”

são algumas perguntas de que as empresas são alvo.

“Pessoas de outros países fazem perguntas que são,

claramente, para melhorar uma ideia própria ou até

corremos o risco de ser para, noutro país, replicar a

nossa ideia de negócio, o que é um perigo para nós, e

há muito disso aqui”, alerta.

10

Já Francisco Coutinho adianta que o evento “vantagens

para Portugal traz imensas”, principalmente para

as grandes empresas: “Empresas grandes que têm os

stands cá e que vêm de propósito para Portugal, abrem

cá negócios, contratam pessoas, prestam serviços cá e

potenciam o negócio em Portugal. Dinamiza muito Portugal

nesse sentido de trazer negócios de fora para cá.

De cá para fora já acho mais complicado”.

Em 2019, o evento voltou a esgotar, com mais de 70 mil

participantes, 2150 startups e 239 parceiros.

13,8

Um acordo entre o Web Summit e a SIBS permitiu

que os pagamentos realizados em todo o

evento pudessem ser feitos por via eletrónica.

No final, a SIBS revelou que foram feitas 55 mil

compras com um consumo médio diário de 13,8

euros.


p

INVESTIMENTO

JANEIRO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

O FACTORING COMO SOLUÇÃO

DE FINANCIAMENTO PARA AS PME

Carlos Ferreira, regional sales manager na Grenke Factoring

Grenke

O Factoring é um instrumento financeiro essencialmente

de apoio à gestão de tesouraria que consiste

na tomada de créditos (faturas) a curto prazo por uma

Instituição Financeira (factor) que os fornecedores de

bens ou serviços (aderente) constituem sobre os seus

clientes (devedores). Este produto pode ser utilizado

por todas as empresas que vendem a crédito aos seus

clientes e tem três componentes distintas: financiamento,

cobertura, análise e monitorização de risco de

crédito e gestão de cobranças.

O processo de um contrato de factoring inicia-se com

uma avaliação de risco por parte da factor a cada um

dos clientes (devedores) que o aderente pretende afetar

ao contrato. A factor analisa e atribui um limite de

crédito a cada um desses clientes, determinando assim

qual o montante de financiamento adequado. É elaborado

um contrato de factoring e decorre o processo de

notificação a cada devedor, informando que os créditos

vão ser cedidos à factor, pois será esta que irá cobrar

os mesmos. Este processo poderá parecer complexo,

no entanto, o mesmo decorre com muita simplicidade,

tendo em consideração a maturidade do produto no

mercado nacional.

QUE TIPOS DE FACTORING EXISTEM

E QUAIS AS MODALIDADES?

Factoring doméstico – Consiste na tomada de créditos

emitidos sobre empresas registadas em território nacional;

Factoring Internacional – Poderá ser de importação

– devedores nacionais e aderente estrangeiro ou de

exportação – aderente nacional e devedores estrangeiros.

Em qualquer dos casos, estarão também disponíveis

para o aderente todos os serviços incorporados

no factoring doméstico;

Factoring com recurso – Nesta modalidade, o cliente

factoring beneficia do serviço de gestão e cobrança

dos créditos, podendo também optar pelo seu financiamento.

A factor tem o direito de regresso sobre o

aderente, relativamente aos créditos tomados que não

sejam pagos pelos devedores no prazo estabelecido

contratualmente;

Factoring sem recurso – Nesta modalidade, o cliente

factoring beneficia do serviço de gestão e cobrança dos

créditos, bem como da cobertura dos riscos de insolvência

e/ou incumprimento por parte dos devedores,

podendo ainda optar pelo financiamento da carteira de

créditos cedidos;

Carlos Ferreira, regional sales manager na Grenke Factoring

Confirming ou reverse factoring – Nesta modalidade,

a factor efetua o pagamento aos fornecedores do seu

cliente, podendo estes também assumir a forma de antecipação.

Neste caso o fornecedor torna-se o aderente

de um contrato de Factoring e o cliente de confirming

o devedor.

PRINCIPAIS VANTAGENS E BENEFÍCIOS

Sendo o Factoring um produto que engloba vários serviços,

apresenta as seguintes vantagens: redução de

custos administrativos – pela transferência das cobranças

para a factor, melhoria do prazo médio de recebimento

– por via da entrada de uma entidade financeira

no processo de cobrança, monitorização e

avaliação do risco da carteira de clientes e cobertura

de risco – melhorando assim os rácios de endividamento

e aumentando os níveis de liquidez.

O Factoring vem, assim, dar resposta a um conjunto de

necessidades presente em muitas das empresas:

• Simplificação das operações de gestão dos créditos;

• Financiamento sobre créditos de curto prazo;

• Redução de prazos médios de recebimento;

• Maior segurança nas vendas a crédito;

11


p

INVESTIMENTO

• Aumento de eficácia da sua área comercial;

• Dedicação exclusiva às suas tarefas técnicas e comerciais;

• Conversão de custos fixos em custos variáveis.

Face às necessidades referidas, o Factoring oferece

um conjunto de serviços de carácter financeiro que irá

garantir maior flexibilidade e rapidez para que as empresas

se concentrem naquilo que as faz crescer, isto

é, serem empreendedoras.

O QUE DEVE CONSIDERAR UMA EMPRESA

QUE PROCURA FACTORING?

Uma empresa que pretenda usufruir do produto para

além da recolha de diferentes propostas que o mercado

apresenta, deverá ter em consideração o seguinte:

O nível de acompanhamento que lhe é oferecido

na gestão do contrato – um bom acompanhamento

através de um gestor dedicado e especializado é fundamental

para garantir o bom funcionamento do contrato;

A flexibilidade, simplicidade e rapidez que a

entidade lhe oferece – a base de um contrato de Factoring

são as relações com os devedores. A inclusão e

retirada de devedores não deverá ser um obstáculo e,

para isso, deverá procurar uma entidade que lhe garanta

uma boa capacidade de resposta, flexibilidade e

simplicidade de processos de forma a garantir níveis

de serviço adequados;

"O Factoring oferece um conjunto

de serviços de carácter financeiro

que irá garantir maior flexibilidade

e rapidez para que as empresas

se concentrem naquilo que as faz

crescer, isto é, serem empreendedoras"

A estrutura de pricing e o nível de controlo de

custos que lhe é garantido – muitas vezes, o apuramento

de custos associados à operação de factoring

não é totalmente transparente. Em alguns casos, além

dos custos afetos ao contrato de factoring, são também

imputados custos relacionados com operações paralelas

(tais como abertura de contas específicas para a

operação de factoring, o estabelecimento de garantias

e/ou colaterais, etecetera). Adicionalmente o apuramento

de custos é, muitas vezes, complexo pela forma

como os mesmos são contabilizados, no entanto, algumas

entidades garantem já um nível de detalhe adequado;

Comparação com outros produtos financeiros

– a mesma não deverá ser efetuada equitativamente,

pois o factoring presta serviços adicionais que outros

12

produtos não oferecem, isto é, análise e monitorização

da carteira de clientes, gestão integral de cobrança e o

financiamento com taxas competitivas. Adicionalmente,

deverá considerar que o factoring representa crédito

comercial (resultante do financiamento das vendas

resultantes da sua atividade) enquanto que outro produto

representa crédito financeiro. Esta distinção permite

uma análise de risco para concessão de crédito

diferenciada por qualquer Instituição;

Impacto na relação comercial entre fornecedor/comprador

– outro aspeto a considerar é a possibilidade

de a relação comercial entre fornecedor/comprador

sair fragilizada, mas hoje em dia esta situação

está muito esbatida, uma vez que o factoring é um produto

com muita presença no mercado e são poucas as

empresas que se recusam ou que levantam problemas

em pagar a uma factor.

UMA BOA SOLUÇÃO DE FINANCIAMENTO

PARA AS PME?

O desenvolvimento das atividades e crescimento das

empresas não deverá estar condicionado pela concessão

de crédito que atribuem aos seus clientes. A liquidez

e o risco de crédito são muito importantes para

a sustentabilidade de qualquer negócio e o Factoring

é assim considerado uma excelente solução para as

PME, pois permite gerir todas as questões derivadas

das vendas a crédito e dos dilatados prazos de pagamento,

garantindo uma melhoria substancial do planeamento

de tesouraria de qualquer empresa.

Apesar de o Factoring ser ainda um produto direcionado

para empresas com volumes anuais de cedência significativos,

hoje em dia, existem já no mercado algumas

entidades especializadas com uma oferta completa e

adequada a todas as empresas, independentemente

do volume de créditos a ceder, permitindo que estas

usufruam de todos os serviços e vantagens associados

ao produto.

Pode-se concluir que o Factoring é a ferramenta mais

rentável, ágil e eficaz para qualquer empresa que venda

a crédito.

A IMPORTÂNCIA DO FACTORING

NA ECONOMIA PORTUGUESA

Como nota final, o Factoring tem uma grande importância

na economia e uma das formas mais usuais de

a “medir” é através da determinação da percentagem

do total dos créditos tomados relativamente ao PIB. Em

julho de 2019 representava já 18,4%, um crescimento

de 3% face ao período homólogo. Em termos de créditos

tomados, em setembro de 2019, o volume atingido

é de 40 mil milhões de euros, apresentando assim um

crescimento de 56% face ao mesmo período de 2018.

(Fonte: ALF).


JANEIRO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

SOLUÇÕES DE FINANCIAMENTO ÀS EMPRESAS

Nuno Mangas, presidente do IAPMEI

IAPMEI

ainda os incentivos fiscais ao investimento,

à inovação e à capitalização

das empresas.

Com o lançamento do Portal do

Financiamento, esta informação

agregada está acessível através da

página do IAPMEI, disponibilizando

as soluções de financiamento e de

capitalização para PME e Mid Cap,

de forma mais transparente e acessível.

Desde o seu lançamento, o portal

já foi consultado por 14.500 utilizadores,

dos quais 75% têm idades

compreendidas entre os 35 e os 54

anos.

Nuno Mangas, presidente do IAPMEI

Apesar da notável recuperação

do tecido económico português,

as empresas portuguesas, particularmente

as PME, continuam

a debater-se com problemas de

produtividade, cuja solução passa

necessariamente pelo reforço

substancial dos níveis de investimento.

É por isso que é fundamental a existência

de instrumentos financeiros

que permitam às empresas condições

adequadas, nomeadamente,

em prazo e custo, para poderem

investir em inovação, tecnologia,

formação de quadros e conquista

de novos mercados. Por essa razão,

estão disponíveis várias soluções

de financiamento com partilha

de risco público, em diversas tipologias,

que vão desde o crédito ao

capital.

Ciente da importância do financiamento

na competitividade das

empresas e tendo em conta a dificuldade

no acesso sistematizado

à informação disponível, o IAPMEI

lançou, em setembro de 2019, o

“Portal do Financiamento”. Uma

ferramenta que integra num único

portal, o conjunto de instrumentos

de financiamento com apoio público,

para apoiar as empresas, em

especial as PME, nas diversas fases

da sua atividade e investimento.

No Portal do Financiamento, a

apresentação está estruturada em

função das necessidades das empresas

e das suas estratégias de

investimento (expansão, exportação,

capitalização, etc.), da dimensão

empresarial ou do setor

de atividade. Pretende-se, assim,

que as soluções de financiamento

sejam apresentadas ao utilizador

em função do perfil da empresa e

dos objetivos pretendidos para a

evolução do negócio, identificando

igualmente os agentes responsáveis

pela sua operacionalização.

As diferentes alternativas de financiamento

envolvem o Crédito com

Garantia Mútua, Garantias Técnicas,

Capital de Risco, Business Angels,

Fundos de Coinvestimento,

Seguros de Crédito, abrangendo

Em termos geográficos, 85% dos

utilizadores têm origem nacional.

O distrito de Lisboa foi aquele que

gerou um maior número de acessos,

com cerca de 35% dos utilizadores,

seguindo-se os utilizadores

do Porto com 22,5% e Braga com

7%.

O financiamento com partilha pública

de risco ou com apoio público

pode assumir diversas tipologias.

LINHAS DE CRÉDITO

As linhas de crédito bonificadas e

garantidas têm como objetivo melhorar

as condições de financiamento

e facilitar o acesso das PME

ao crédito bancário, através do recurso

aos mecanismos de garantia

do Sistema Nacional de Garantia

Mútua.

GARANTIA MÚTUA

A Garantia Mútua é um sistema

mutualista de apoio às micro, pequenas

e médias empresas (PME),

que se traduz fundamentalmente

na prestação de garantias para facilitar

a obtenção de crédito, mas

também de outro tipo de garantias

necessárias ao desenvolvimento

empresarial nos vários setores de

atividade. As Sociedades de Ga-

13


p

INVESTIMENTO

rantia Mútua estão habilitadas a

prestar às PME todo o tipo de garantias

necessárias à concretização

dos seus projetos, seja a favor de

Instituições Financeiras, como sejam

Financiamento de Curto, médio

ou longo prazo; Leasing imobiliário

e mobiliário; Factoring e Confirming.

Outras operações especiais de crédito

(empréstimos obrigacionistas,

operações de papel comercial) e

Garantias de Carteira, seja a favor

de Instituições não financeiras, nomeadamente:

Garantias Técnicas

ou de Boa Execução de contratos a

apresentar perante organismos públicos,

clientes, fornecedores, ou

Garantias de Bom Pagamento (fornecedores,

Estado…).

SEGUROS DE CRÉDITO

O seguro de créditos protege as

empresas contra o não pagamento

de uma dívida comercial. Ou seja,

assegura que as faturas serão pagas

e permite às empresas gerirem

de forma fiável os riscos comerciais

e políticos do comércio, que estão

além do seu controlo, como no caso

de uma exportação. O Seguro de

Créditos à Exportação com Garantia

do Estado cobre, em operação

individualizada de exportação de

bens ou serviços, o incumprimento

do importador público ou privado,

causado por factos de natureza

política, monetária e catastrófica,

podendo incluir também o risco comercial,

garantindo o pagamento

do crédito associado.

"O seguro de créditos

assegura que as faturas

serão pagas e

permite às empresas

gerirem de forma

fiável os riscos

comerciais e políticos"

CAPITAL DE RISCO

O Capital de Risco constitui uma

forma de financiamento para as

PME, dos vários setores de atividade,

através do recurso a capitais

próprios e por um período temporário,

para a implementação dos

seus projetos de:

14

• Criação de empresas inovadoras

e de base tecnológica;

• Transmissão e redimensionamento;

• Expansão, modernização, internacionalização

e/ou diversificação.

Proporcionando às empresas meios

financeiros estáveis para a gestão

dos seus planos de desenvolvimento,

este instrumento é, assim,

aplicável a projetos de arranque,

expansão, modernização e inovação

empresarial com dimensão estratégica.

Existem Fundos de Capital de Risco

generalistas e outros especializados

em setores de atividade em fases

do ciclo de vida das empresas

ou ainda em regiões.

FUNDOS

DE COINVESTIMENTO

Os Fundos de Coinvestimento são

fundos de matching com origem

pública para apoiar a capitalização

de empresas tecnológicas e de

impacto, e que visam promover o

coinvestimento em empresas inovadoras,

baseadas em Portugal,

através de parcerias com investidores

privados nacionais e internacionais

que demostrem deter a

experiência e qualificação para os

investimentos a que se propõe com

os fundos públicos de matching.

Projetos de reforço da capacitação

empresarial das PME para o desenvolvimento

de novos produtos

e serviços e projetos inovadores ao

nível dos processos, produtos, organização

ou marketing, em áreas

como Life Scienses, Turismo, Indústria

4.0, Tecnologia de Informação

e Inovação e Empreendedorismo

Social.

BENEFÍCIOS FISCAIS

Os Benefícios Fiscais são um instrumento

impulsionador da economia,

procurando promover o

crescimento das empresas pelo

investimento produtivo estrutural e

em I&D, bem como a sua capitalização.

São exemplo de benefícios

fiscais atualmente disponíveis às

empresas:

• O Regime Fiscal de Apoio ao Investimento

(RFAI) é um benefício

fiscal, que permite às empresas

deduzir à coleta apurada uma percentagem

do investimento realizado

em ativos não correntes (tangíveis

e intangíveis);

• O SIFIDE - Sistema de Incentivos

Fiscais à Investigação e ao Desenvolvimento

Empresarial visa aumentar

a competitividade das empresas,

apoiando o seu esforço em

I&D através da dedução à coleta do

IRC das respetivas despesas;

• A DLRR - Dedução por Lucros Retidos

e Reinvestidos é um regime

que permite a dedução por lucros

retidos e reinvestidos;

• A Remuneração Convencional do

Capital Social IRC é um benefício

fiscal que tem como principal finalidade

reforçar os capitais próprios

das empresas e que consiste na

dedução ao lucro tributável de uma

parte das entradas de capital realizadas

(por entregas em dinheiro

ou por conversão de suprimentos

ou empréstimos de sócios), seja no

capital inicial ou seus aumentos.

Para conhecer com mais detalhe

cada um destes instrumentos

e qual o que melhor se adequa ao

seu caso em concreto, pode visitar

o Portal de Financiamento e investir

nas opções de Pesquisa Avançada

simulando as diferentes opções

que ali são apresentadas. Em caso

de dúvida e para um melhor esclarecimento,

são identificadas em

cada caso a(s) entidade(s) a contactar,

podendo imprimir a ficha de

produto ou enviar os resultados por

email, facilitando deste modo o seu

contacto com o seu gestor financeiro.

Enquadrado no Programa Capitalizar,

o Portal do Financiamento é

uma iniciativa do Ministério da Economia

e do IAPMEI em parceria com

o Turismo de Portugal, a SPGM, a

IFD, a Portugal Ventures, a PME Investimentos

e o Turismo Fundos.


r

INTERNACIONAL

JANEIRO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

UM JAPÃO DE OPORTUNIDADES

Mariana Barros Cardoso

Cutipol

2020 é ano de Jogos Olímpicos e a PME Magazine decidiu desmistificar o Japão com um quase glossário

de curiosidades sobre o país. O Japão é agora a terceira maior potência do mundo e cerca de 900 empresas

portuguesas exportam 146 milhões de euros para lá.

Cutipol na lista de uma das empresas que mais exporta para o Japão

Portugal é dos países que mais exporta para o Japão

e são 898 as empresas portuguesas a exportar para

o Japão – 87% delas são pequenas e médias empresas

(PME) – segundo dados da Comissão Europeia –

maioritariamente de azulejo, materiais de construção,

toalhas com origem no Porto, bolachas, vegetais, enlatados

e vinho com origem em Lisboa.

Segundo a lista revelada pela AICEP Portugal Global

– Agência para o Investimento e Comércio Externo de

Portugal – dos 10 maiores exportadores para o Japão e

qual a matéria-prima que é exportada, concluímos então

que o Japão recebe indústria mineral, indústria de

mobilidade, indústria de pneus, cutelarias portuguesas,

indústria de carnes, indústria de transformação de

produtos alimentares, produtos alimentares, indústria

automóvel, indústria têxtil e indústria alimentar.

Para David Ribeiro, acionista e diretor comercial da

Cutipol – uma das maiores empresas exportadoras –

esta é uma conquista que se traduz numa “compra de

32% daquilo que produz só para o Japão”.

A Cutipol é uma empresa no ativo desde 1963 e uma

vez que os fundadores já tinham uma outra empresa de

cutelaria, pensaram para esta nova, Cutipol, num nome

que lhes pudesse abrir portas ao mercado internacional.

A empresa está nas mãos da mesma família há três

gerações e exporta para aproximadamente 65 países

oriundos dos cinco continentes. Nas palavras do acionista

David Ribeiro, “está nas melhores boutiques e

cadeias de retalho, bem como na hotelaria, nos 50 melhores

restaurantes do mundo”, dado que a empresa

OS 10 MAIORES

EXPORTADORES

PARA O JAPÃO:

SEGUNDO LISTA DA AICEP PORTUGAL GLOBAL

Vestan, S. A.

Sugal - Alimentos, S. A.

Riopele - Têxteis, S. A.

Mitsubishi Fuso Truck Europe

Sociedade Europeia de Automóveis, S. A.

Lactogal - Produtos Alimentares, S. A.

Italagro - Indústria de Transformação

de Produtos Alimentares, S. A.

ICM - Indústrias de Carnes do Minho, S. A.

Cutipol - Cutelarias Portuguesas, S. A.

Continental Mabor - Indústria de Pneus, S. A.

Beralt Tin and Wolfram (Portugal) S. A.

15


r

INTERNACIONAL

pode confirmar aquando da publicação de uma listagem

de restaurantes e onde “a Cutipol está em mais de

um terço dessa listagem”.

Segundo o responsável, a Cutipol é uma empresa com

conhecimento “profundo” das cutelarias portuguesas e

que mantém o tradicional trabalho dos artífices como

um trabalho a manter e onde as matérias-primas são

resultado de um estudo ergonómico das formas. Em

resposta à PME Magazine, David Ribeiro, diz mesmo

que, comparativamente ao mercado europeu, no Japão

“valorizam muito a manufatura, perfeição, design

e inovação” concluindo que o mercado japonês “é extremamente

exigente na qualidade e apresentação dos

produtos”.

Com uma percentagem de lucro de 32% das vendas

para o Japão, o acionista da empresa afirma que esta

foi “uma estratégia delineada para o extremo oriente

por serem mercados que têm apetência e valorizam os

produtos de gama alta produzidos na Europa”.

"No Japão valorizam muito

a manufatura, perfeição, design

e inovação"

Portugal é, atualmente, um dos países que mais vende

para o Japão, criando uma taxa de empregabilidade

de cerca de 5.929 postos de trabalho, segundo dados

da Comissão Europeia, devido à mão de obra que tem

de existir para que os produtos continuem a ser exportados

e, ainda, 146 milhões de euros resultantes das

exportações.

MAIS SOBRE O JAPÃO

• O maior banco do mundo está no Japão, sendo o maior

titular da poupança mundial; (Mitsubishi UFJ Financial

Group, Inc. Consolidated financial information Arquivado

em 8 de agosto de 2007, no Wayback Machine);

O design e a alta qualidade são muito apreciados pelo mercado japonês

Existem cerca de 898 empresas portuguesas que exportam

para o Japão e David Ribeiro conta-nos que foi

através de contactos efetuados em feiras internacionais,

“nomeadamente na Maison & objet (Paris, França)

e Ambiente Fair (Frankfurt, Alemanha)” que surgiram as

primeiras oportunidades de se tornarem numa das empresas

exportadoras para o Extremo Oriente por serem

“países com um poder de compra muito elevado”.

Portugal é, atualmente,

um dos países que mais vende

para o Japão

Além de o Japão ser um país com um poder de compra

muito elevado, também a sua procura coincide, maioritariamente,

com a oferta que Portugal dá no setor de

moda – vestuário e calçado de couro, têxteis-lar, materiais

de construção, cerâmicas utilitárias, vinho, material

mobiliário e até mesmo energias renováveis.

• As importações japonesas para Portugal representam

333 milhões de euros; (Comissão Europeia);

• Portugal exporta 146 milhões de euros para o Japão,

segundo dados da Comissão Europeia;

• Como grande potência económica, tem a terceira

maior economia do mundo em PIB nominal e a quarta

maior em poder de compra. É também o quarto maior

exportador e o quarto maior importador do mundo.

(World Factbook; Japan». CIA. 15 de março de 2007).

16

Publicidade Cutipol sobre a sua gama para crianças


“REFORÇAMOS A IMAGEM E A CREDIBILIDADE

DAS PME”- João Marques

Mariana Barros Cardoso

SGS

JANEIRO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

A SGS nasce quando um jovem imigrante, Henri Goldstuck, percebeu que os exportadores de grão a

granel necessitavam de um representante para defender os seus direitos, inspecionando e verificando a

quantidade do grão à chegada junto do importador. Com mais de 94.000 colaboradores e mais de 2600

escritórios e laboratórios, atua nas áreas da certificação, formação, auditorias e consultoria, acreditando

que é na simplicidade e humanização que está o sucesso de muitos negócios. Em entrevista à PME Magazine,

João Marques, managing director da SGS Portugal, fala sobre a forma de a multinacional estar no mercado

português.

PME Mag. – É preciso criatividade para montar uma

empresa e para mantê-la no ativo ao longo dos anos?

J. M.– Sem dúvida que sim! Acredito que na génese da

criatividade reside o espírito empreendedor e a inovação,

dois dos valores pelos quais nos regemos e que

estão presentes no nosso ADN. A SGS procura adaptar-se

às necessidades de um mercado em permanente

mutação. Ir ao encontro dessas necessidades tão

díspares e únicas de cada cliente tem sido fundamental

para a longevidade e sucesso da SGS, em Portugal e

no mundo.

"Acredito que na génese da

criatividade reside o espírito

empreendedor e a inovação,

dois valores que estão

no nosso ADN "

João Marques, managing director da SGS Portugal

PME Magazine – Quais são os principais serviços

prestados pela SGS?

João Marques – A SGS realiza serviços “tic-tac”, isto

é, presta serviços nas áreas do Testing, Inspection, Certification

e também desenvolve atividades ao nível do

Training, Auditing e Consulting. Trabalhamos para todos

os setores de atividade – desde os recursos naturais

(solo e subsolo), passando por toda a cadeia alimentar,

bens de consumo e retalho, ao nível dos ensaios

laboratoriais no controlo de qualidade e testes de performance,

realizando ainda os mais diversos serviços

no setor industrial, dos transportes, entre outros. Garantimos

uma panóplia de serviços nas áreas da qualidade,

ambiente, saúde e segurança, não só ao nível

da certificação e do business enhancement, auditoria e

inspeção, mas também na formação e qualificação em

diversos referenciais normativos.

PME Mag. – O investimento tem sempre retorno? Ou

a criatividade é a maneira mais ágil de uma empresa

ter retorno de um investimento inicial?

J. M.– Na SGS entendemos a criatividade como um dos

motores da inovação. Temos uma direção de inovação

diligente e preocupada em acompanhar as tendências

de mercado. O retorno pode medir-se, por exemplo,

na aquisição da BioPremier em 2016, de uma startup

que nasceu no TecLabs – Faculdade de Ciências da

Universidade de Lisboa pioneira na aplicação do NGS

[Next Generation Sequencing]. A SGS Portugal acrescentou

a metodologia NGS às soluções já existentes

nos seus laboratórios e, atualmente, afirma-se como

um centro de competências na metodologia NGS.

PME Mag. – Que tipo de investimento existe para a

SGS ser a empresa “mais produtiva e competitiva do

mundo”?

J. M.– As nossas pessoas continuarão a ser a chave do

nosso crescimento. Privilegiamos o constante investimento

na formação desde o onboarding à qualificação

dos nossos colaboradores durante a sua jornada dentro

da organização. Garantimos, anualmente, o desenvolvimento

de competências técnicas e comportamentais

das nossas equipas, aprofundando conhecimentos que

possam ser aplicados em projetos internos nas respe-

17


r

INTERNACIONAL

SGS começa em 1878 quando um jovem imigrante letão, Henri Goldstuck observava os navios no porto de Rouen

tivas áreas de atuação. Destaco, ainda, o investimento

na nossa academia de formação, a SGS Academy, que

qualifica não só os nossos profissionais, mas também o

mercado, naquilo que fazemos.

PME Mag. – Qual é a imagem de marca da SGS?

J. M.– “Quando precisas ter certeza” é o nosso lema

que transmite de forma simples e resumida a credibilidade

e qualidade que colocamos em todos os nossos

serviços. Os nossos valores – paixão, integridade, inovação

e espírito empreendedor – guiam-nos em tudo o

que fazemos e são os alicerces da nossa organização.

Não nos contentamos em passar um mero “certificado”,

somos parceiros dos nossos clientes e ajudamo-los a

encontrar a melhor solução para os seus negócios.

PME Mag. – Qual a estratégia para chegar às PME

portuguesas?

J. M.– Reforçamos a imagem e a credibilidade das PME

que pretendam exportar os seus produtos. Há cada vez

mais PME que pretendem exportar e a SGS confere todo

o apoio e acompanhamento necessário ao nível dos requisitos

legais e de conformidade para a importação

ou exportação de, e para, diversos países. Garantimos

a qualidade e quantidade dos produtos exportados (e

importados); inibimos as reclamações fraudulentas por

parte do importador; prevenimos o envio de produto

não conforme por parte do exportador; reduzimos o

risco na transação comercial através do recurso ao certificado

SGS como garantia contratual.

PME Mag. – Como é que é motivar uma grande equipa

para que nunca falhe a criatividade na vossa área

de atuação?

J. M.– Preocupamo-nos em dar voz às nossas pessoas

e asseguramos a manutenção de diversos programas

nacionais e internacionais que suportem a transformação

de ideias em negócios (SGS InnovTeam); programas

de crescimento pessoal e de transformação da

cultura organizacional (SGS Empowering People) de

bem-estar físico e mental (SGS Global Challenge), de

integração em projetos de voluntariado social.

18

PME Mag. – Para a SGS qual é o segredo do sucesso?

J. M.– A constituição de uma equipa dinâmica e dedicada

é a fórmula do sucesso. A SGS ainda defende e

integra seis princípios corporativos de sucesso na sua

atuação: a integridade, o respeito, a saúde e segurança,

a qualidade e o profissionalismo, a sustentabilidade

e a liderança. Somos empreendedores, trabalhamos

juntos e pensamos no futuro.

"Paixão, integridade,inovação

e espírito empreendedor,

são os alicerces

da nossa organização"

PME Mag. – Um conselho de criatividade para uma

PME seria...

J. M.– Independentemente da dimensão da empresa,

importa não esquecer o propósito da empresa e as necessidades

dos clientes, sem nunca deixar de criar valor

nos produtos ou serviços apresentados. Pode não

parecer um conselho muito criativo, mas acredito que é

na simplicidade, na humanização e no voltar ao “keep it

simple” que reside o sucesso de muitos negócios.

Em 1913 a empresa já inspecionava 21 milhões de toneladas de grão por ano


b

AMBIENTE

JANEIRO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

SOLUÇÕES POUCO CONVENCIONAIS

NA BASE DO SUCESSO

Mariana Barros Cardoso

Blasting

Com a visão de ser uma empresa de referência no

setor da eficiência energética e na formação informal

de crianças e jovens em áreas de conhecimento

futuro, a Blasting, fundada por Filipa Menezes,

tem como objetivo alcançar os melhores resultados

a nível energético e económico. A PME Magazine,

falou com a CEO da empresa, que é também engenheira

mecânica especializada em energia e que

procura promover na primeira pessoa a temática do

desenvolvimento sustentável.

PME Magazine – Como surgiu a Blasting?

Filipa Menezes – A Blasting nasceu em 2011 com a necessidade

de dar resposta ao aumento crescente dos

preços das energéticas. A Blasting surgiu de uma necessidade

identificada e em franco crescimento: a eficiência

energética. Os aumentos dos preços da energia,

aliados a uma crise mundial, contribuíram para o

aparecimento de uma necessidade de aumento de eficiência

e autonomia face aos operadores energéticos.

PME Mag. – Qual é o público-alvo da Blasting?

F. M.– O nosso público-alvo são tanto particulares

quanto empresas com necessidade de redução de

consumo energético e preocupação com soluções de

alta eficiência energética.

PME Mag. – Quais são os pilares fundamentais da

Blasting?

F. M.– Para a Blasting existe um pilar fundamental: tornar

o mundo melhor do que o encontrámos. No entanto,

a Blasting tem como base os princípios da melhoria

contínua e da aprendizagem constante, passando por

integridade, espírito de equipa e responsabilidade social

e ambiental.

"A Blasting tem como base

os princípios da melhoria

contínua e da aprendizagem

constante"

PME Mag. – Que passos deram até se tornarem numa

empresa de referência no setor da eficiência energética?

F. M.– Muito empenho e constante formação da equipa

e relação próxima com o cliente.

PME Mag. – Em que é que consiste a academia? É

também uma fonte de criatividade?

Filipa Menezes, CEO da Blasting e engenheira Mecânica

F. M.– A academia surge como um passo natural ao

longo dos anos de funcionamento da Blasting e foi-se

acumulando muito conhecimento e muitas boas práticas

no aumento da eficiência energética. A academia

surgiu com o objetivo de disseminar o conhecimento às

gerações mais novas, mas não só. É nossa obrigação

ensinar o que a experiência nos ensinou e promover a

eficiência energética de um modo preventivo.

PME Mag. – O que é que distingue a Blasting?

F. M.– Fazer parte da rede Ciência Empresa, ter sido

distinguida e escolhida para integrar o Centro de Inovação

da Faculdade de Ciências da Universidade de

Lisboa – Tec Labs. Utilizar o método científico na elaboração

das propostas e análise de resultados e lidar

com tecnologia emergente.

PME Mag. – A criatividade é fundamental para o sucesso

de uma empresa, independentemente da área

de atuação?

F. M.– A criatividade, na sua essência mais pura, é o

que vai distinguir uma empresa. O sucesso só pode ser

alcançado através de soluções pouco convencionais e

atitudes mais criativas e positivas.

19


b

AMBIENTE

EMBALAGENS ECOLÓGICAS

CHEGAM À RESTAURAÇÃO

Ana Rita Justo

Ecopac

A Ecopac nasceu em 2017 pela mão de dois amigos

que vislumbraram ao longe que o incontornável

movimento ecológico iria chegar à restauração.

Ao fornecer soluções de embalagens alimentares

amigas do ambiente, a Ecopac cria o seu caminho

no mundo dos negócios sustentáveis.

Da consciencialização ambiental à prática, o passo

nem sempre é tão rápido, mas há já quem veja nestes

negócios sustentáveis uma forma de ganhar a vida e

promover boas práticas na preservação do meio ambiente.

É o caso da Ecopac, empresa portuguesa criada

pelos amigos Fábio Matos Cruz, 31 anos, e Hélder Silva,

34 anos, que pretende oferecer uma solução mais

sustentável no embalamento da indústria alimentar.

Corria o ano de 2017 quando Fábio e Hélder foram desafiados

por um cliente que sugeriu a disponibilização

de embalagens ecológicas na restauração.

“Começámos a sondar os clientes e sentimos que o

mercado ainda estava aquém das necessidades do setor.

O aparecimento de plataformas de delivery e o aumento

da consciencialização das pessoas em relação

ao impacto do plástico no meio ambiente foram determinantes

na decisão de criar a Ecopac”, revela Fábio

Matos Cruz, em conversa com a PME Magazine.

Através de papel e cartão e de materiais compostáveis,

como a cana de açúcar e o amido de milho, a Ecopac

consegue disponibilizar as suas embalagens alimentares

ecológicas. Estas embalagens são fabricadas em

parceria com fábricas em Espanha e na Alemanha, mas

a ideia é que no futuro a marca consiga ter “produção

100% nacional, o que vai impactar positivamente a pegada

ecológica dos produtos”.

Embalagens são produzidas com materiais recicláveis e compostáveis

Desde recipientes para alimentos sólidos, a copos de

gelado, para líquidos, sacos de papel, entre outros,

são várias as opções disponíveis.

FOCO NO CLIENTE SAUDÁVEL

Por associação ou não, a Ecopac tem encontrado na

restauração saudável “maior abertura” ao packaging

que a marca oferece. Contudo, há já outras áreas da

restauração à procura deste tipo de soluções, adianta

Fábio, bem como outros setores de atividade.

“No início do ano [2019], fechámos uma parceria com

uma fábrica, que nos possibilitou expandir para além

da restauração e, hoje, desenvolvemos packaging para

outros setores, como produção alimentar e moda”,

acrescenta.

No entanto, embalagens ecológicas ainda são sinónimo

de custos acrescidos, em Portugal são vistas como

“um artigo premium”, razão pela qual nem sempre é

fácil vender o conceito, ainda que já haja uma pressão

para este movimento acontecer.

“Embora o preço ainda seja o ponto principal de resistência,

o consumidor português está cada vez mais exigente

e acaba por forçar essa transição”, lembra Fábio

Matos Cruz, salientando que as empresas que apostam

nestes produtos “reforçam a credibilidade junto do

consumidor e, consequentemente, têm mais vendas”.

“A pressão dos consumidores e a regulamentação europeia

cada vez mais exigente em relação aos descartáveis

tornam a decisão quase inevitável.”

A Ecopac cresce a cada dia e espera, num futuro muito

próximo, ter produção 100% portuguesa, bem como

aumentar a equipa com um gestor de redes sociais que

potencie uma melhor perceção da marca. A proximidade

continuará a ser apanágio do negócio.

Hélder Silva e Fábio Matos Cruz, fundadores da Ecopac

20

“Temos uma abordagem muito friendly e informal e isso

faz com que o cliente se sinta confortável em trabalhar

connosco.”


q

RH

JANEIRO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

REINVENTAR A FORMA COMO INOVAMOS

Paula Marques, diretora executiva para Business Transformation da Nova SBE Executive Education

Nova SBE

Uma das competências humanas que hoje está a ser

olhada como fundamental para a reinvenção dos negócios,

das empresas e do próprio trabalho humano, é

a nossa capacidade de imaginar o que ainda não existe.

Sabemos, hoje, muito mais acerca da forma como os

seres humanos imaginam e criam esses novos mundos,

e o desafio para nós, na Nova SBE, é trazer esse conhecimento

para dentro dos nossos programas de transformação,

de forma a conseguirmos reinventar a forma

como inovamos.

Se analisarmos as ideias mais criativas da história da

humanidade, verificamos que são ideias que nasceram

de uma combinação de realidades que já existiam.

Somos educados para pensar de uma forma lógica e

analítica e, por isso, é muito difícil para nós associar

coisas que aparentemente nada parecem ter que ver

umas com as outras. Esta nossa natural resistência

para associar coisas que aparentemente nada têm que

ver umas com as outras é um enorme obstáculo à criatividade,

pois é desta associação de pontos improváveis

e não previsíveis que surge a inovação. Sabemos,

hoje, que as pessoas mais criativas são aquelas que

conseguem fazer estas associações improváveis, que

conseguem ligar pontos que ainda ninguém ligou antes

e conseguem fazê-lo antes de todos o fazerem.

Também sabemos, hoje, que os humanos estão programados

para duas realidades aparentemente contraditórias.

Estamos programados para poupar energia.

Estamos vivos porque desenvolvemos um sistema

nervoso central que nos permite guardar energia para

usar nas próximas horas, dias, semanas. Por isso, adoramos

normas e padrões, porque nos permitem poupar

energia. No entanto, também estamos programados

para explorar e para apreciar a novidade e para correr

riscos, pensando em mundos que ainda não existem.

Pensar em mundos que não existem implica sair das

normas e faz-nos gastar muita energia. Uma das atividades

que gasta a maior parte da energia no nosso

cérebro é pensar novas ideias.

Por isso, é tão difícil para os seres humanos inovar. E

existe uma relação direta entre quantidade e qualidade

de ideias inovadoras. Assim, para encontrarmos uma

boa ideia, temos que gerar muitas ideias e essa geração

de ideias leva tempo e faz-nos consumir muita

energia.

Paula Marques, Nova SBE Executive Education

Uma outra descoberta importante tem que ver com a

forma como as emoções humanas impactam o processo

criativo. Assim, todos os comportamentos e práticas

que nos ajudem a conhecermo-nos melhor e a desenvolver

a nossa inteligência emocional irão transformar-

-nos, literalmente, em seres mais criativos.

A criatividade está igualmente associada à memória

humana e à estimulação dos nossos sentidos. Usamos

o olhar, a audição, o toque, o olfato e o gosto para entender

o que nos rodeia. O nosso cérebro usa esses

estímulos para formular ideias e opiniões, para avaliar

situações e depois armazenar o que aprendeu na nossa

memória. Por este motivo, devemos provocar viver novas

experiências, de uma forma sistemática.

"Uma das atividades que gasta

a maior parte da energia no nosso

cérebro é pensar novas ideias"

Estas descobertas científicas são apenas alguns exemplos

do que hoje sabemos acerca da forma como o cérebro

humano inova e que nos estão a levar a adaptar

as metodologias de aprendizagem desta competência

humana.

Mas há ainda um outro motivo pelo qual a Nova SBE

está a destacar esta competência no seu portefólio

de formação: é que as pessoas mais criativas têm

uma enorme capacidade para tolerar a ambiguidade, a

dissonância, a inconsistência e as coisas que parecem

fora do sítio. Olham para os problemas de diferentes

perspetivas e tentam examinar diferentes variáveis,

olhando e focando-se muitas vezes no inesperado.

E é seres humanos assim que nós queremos formar.

21


BI

q

Pedro Montijo

Divulgação

INOVFLOW nomeia Maria José

Governo diretora comercial

A INOVFLOW nomeou Maria José Governo como diretora comercial.

O seu principal foco é o crescimento da empresa no middle market

(empresas de médio porte) e a consolidação do seu posicionamento

como parceira global de soluções tecnológicas, nomeadamente em

software. Com uma experiência de 30 anos na área comercial, Maria

José Governo integrou a equipa em agosto de 2018 como Strategic

Business Developer. Agora como diretora comercial, a responsável

destaca que há que aproveitar a oportunidade da conjuntura, uma

vez que “o mercado está cada vez mais disponível para investir na

inovação e a tecnologia é um fator determinante”.

Maria José Governo conta com experiência de 30 anos na área comercial

FOTOGRAFIA CORPORATIVA

PERFIL PROFISSIONAL | EVENTOS EMPRESARIAIS

22

912 659 442 jfa@joaofilipeaguiar.pt https://joaofilipeaguiar.pt


JANEIRO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

Abreu Advogados

tem novo sócio

A Abreu Advogados integrou um novo

sócio, Diogo Pereira Duarte, para reforçar

a equipa de direito financeiro,

uma das principais áreas de prática

do escritório. Esta integração irá contribuir

para a consolidação da equipa

em assessoria jurídica, tendo em

conta a sua experiência de vários anos

como Chief Legal Officer.

Carolina Almeida é a nova Chief

Marketing Officer da Uniplaces

A Uniplaces, plataforma online para

alojamento, anunciou a nomeação

de Carolina Almeida para o cargo de

Chief Marketing Officer. Na empresa

desde 2017, Carolina Almeida já

trabalhou em todas as áreas de

marketing e foi responsável pela

implementação do CRM na empresa.

Pol Codina

dirige PepsiCo em Portugal

Pol Codina é o novo country manager

da PepsiCo em Portugal, assumindo

as funções de gestão, definição

e implementação da estratégia corporativa

e comercial da marca em

Portugal em três categorias de produto:

Snacks e Frutos secos; Cereais;

Sumos.

Noesis tem novo

diretor de marketing

A Noesis, consultora tecnológica

internacional, apresentou Ricardo

Rocha como o Associate Director

para área de marketing e comunicação.

Formado em Comunicação pela

Universidade Católica Portuguesa e

com uma pós-graduação em Marketing

Management no IDEFE/ISEG,

conta com mais de 10 anos de experiência

em gestão de equipas.

Breatriz Themudo

na Page Assessment

Beatriz Themudo Barata assumiu

as funções de Senior Consultant da

Page Assessment, a nova área de

consultoria da Michael Page especializada

em recursos humanos. No

desempenho do novo cargo, Beatriz

integra a equipa de consultores especializados

no aconselhamento e

desenvolvimento de soluções.

Gonçalo Valente dirige

novo departamento na TÉTRIs

A TÉTRIS, empresa de arquitetura

e construção, dá um novo passo

na sua estratégia em Portugal e

lança o departamento de Hotels

& Hospitality, que se junta aos

departamentos de escritórios e de

retalho. Esta nova área de negócio

é dirigida por Gonçalo Valente, que

está em funções desde setembro.

23


i

RESPONSABILIDADE SOCIAL

TECNOLOGIA ISRAELITA

DE VISÃO ARTIFICIAL CHEGA A PORTUGAL

Ana Rita Justo

OrCam Technologies

Chama-se OrCam e é um pequeno dispositivo que permite a pessoas

cegas ou com baixa visão lerem através do gesto de apontar ou seguindo

o olhar o utilizador. Avaliada em mais de mil milhões de dólares, esta

startup israelita chega agora a Portugal para continuar a quebrar barreiras.

Já chegou a Portugal a OrCam

Technologies, startup israelita que

desenvolveu um dispositivo de visão

artificial que pode mudar a vida das

pessoas cegas ou com baixa visão,

ajudando-as a ler.

Criada em 2010, a OrCam é fruto de

uma primeira empresa, a MobilEye,

criada pelos israelitas Amnon

Shashua e Ziv Aviram, CTO e CEO,

respetivamente, que desenvolveram

neste primeiro projeto um sistema

de prevenção de colisões e direção

autónoma com uma tecnologia que

tinha por base câmaras em veículos.

Mais tarde, em 2010, para tentar

melhorar a vida de um familiar de um

dos fundadores com problemas de

visão, os fundadores criaram então

a OrCam Technologies.

“Nos primeiros cinco anos apenas

houve desenvolvimento do produto.

Fabio Rodríguez, country manager da OrCam Technologies

24

O OrCam MyEye surgiu em 2015 e,

em 2017, surgiu o OrCam MyEye 2.0,

a versão atual, que é mais portátil,

já que a primeira precisava de fios

e esta é completamente wireless”,

refere Fabio Rodríguez, country

manager da empresa para Portugal

e Espanha, em entrevista à PME

Magazine.

O dispositivo mais recente funciona,

então, sem fios, sendo do “tamanho

de um dedo, que adere magneticamente

às hastes dos óculos”, sendo

o único no mundo ativado por

um gesto de apontar ou seguindo o

olhar do utilizador.

Disponível em 25 línguas e em 48

países, o aparelho surge em duas

versões, o OrCam MyReader, que

permite a leitura, e o OrCam MyEye,

“que permite o reconhecimento

facial, a leitura em várias línguas,

a identificação de produtos de

supermercado, de cores e de

dinheiro e ver as horas, com um

simples gesto de olhar para o

relógio”, adianta Fabio Rodríguez.

O primeiro tem um custo de 3500

euros e o segundo de 4500, mas o

responsável recorda que existem

apoios governamentais [ver caixa]

para quem precise de adquirir o

aparelho.

O dispositivo foi desenhado por uma

equipa de especialistas em machine

learning e visão computorizada. Não

necessita de Wi-Fi, sendo a comunicação

áudio feita em tempo real.

OrCam foi criada em 2010

O facto de não precisar de

conexão de internet, utilizando

apenas memória interna, assegura

conformidade com o Regulamento

Geral de Proteção de Dados (RGPD),

bem como a ligação via Bluetooth,

através da qual é possível conectar

headphones e, em situações com

mais pessoas à volta, apenas o

utilizador ouvirá a informação que

lhe está a ser transmitida.

PORTUGAL COMO

DESTINO ÓBVIO

Em Espanha desde 2017, a expansão

para Portugal foi sempre vista

como um passo lógico. “Estamos

em Espanha desde 2017 e desde aí


JANEIRO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

que temos Portugal como candidato.

A nossa estratégia para o mercado

português tem como objetivo

principal aumentar a qualidade de

vida de milhares de pessoas”, reforça

Fabio Rodríguez, citando dados

da Associação Promotora do Ensino

dos Cegos, segundo a qual em Portugal

existirão, aproximadamente,

163 mil pessoas cegas.

“Já os Censos 2011 estimavam que,

no total, cerca de 900 mil cidadãos

portugueses tinham dificuldades de

visão. Estes números têm tendência

a aumentar nos próximos anos devido

ao envelhecimento da população

e outros fatores como o aumento da

diabetes. Portanto, sabíamos que

existia necessidade deste produto”,

justifica.

No contexto empresarial, o responsável

adianta que “já algumas empresas

manifestaram interesse em

adquirir aparelhos para os seus trabalhadores”.

“Esperamos que, no futuro, essa

necessidade cresça. Num contexto

laboral, é muito importante integrar

colaboradores com deficiência e

sentimos que em empregos de escritório

é mais difícil integrar colaboradores

com dificuldades de visão,

especialmente se forem muito

graves”, nota.

Em contexto laboral, refere Fabio

Rodriguez, estes aparelhos “leem

texto de qualquer superfície, impresso,

ecrãs de computador e

smartphone”, facilitando a integração

de pessoas com baixa visão.

“É importante

integrar

colaboradores

com deficiência

e sentimos que

em empregos

de escritório é mais difícil"

A OrCam Technologies conta com

130 funcionários dedicados a pesquisa

e desenvolvimento, a partir e

Israel, contando com representantes

locais para dar a conhecer estes

dispositivos nos diferentes países.

Em Portugal, o principal distribuidor

é a Ataraxia, empresa especializada

na importação de soluções de avançada

tecnologia para apoio aos problemas

da visão. Fabio Rodríguez

deposita grandes esperanças no

mercado português, uma vez que há

ajuda do Estado para financiar esta

solução.

“Estamos em 48 países e, ainda assim,

existem muitos mercados onde

não existe qualquer financiamento

do governo para esta ajuda. Neste

aspeto, Portugal está na vanguarda.”

Tecnologia está disponível

em 25 línguas diferentes

OrCam é colocado na haste dos óculos, ajudando a pessoa a ler

INR COM

FINANCIAMENTO

DISPONÍVEL

O preço do OrCam pode ser pouco

convidativo a quem dele necessita,

mas o Estado português dispõe

de financiamento para quem

precisa deste tipo de dispositivos.

Através do financiamento do Sistema

de Atibuição de Produtos de

Apoio – SAPA –, mecanismo gerido

pelo Instituto Nacional de Reabilitação

(INR) e que, mediante

avaliação de cada caso, pode ser

atribuído financiamento total ou

parcial.

O SAPA destina-se a todas as

pessoas com deficiência ou incapacidade

temporária que necessitem

de produtos de apoio ou que

apresentem dificuldades específicas,

suscetíveis, em conjugação

com os fatores do meio que lhe

possa limitar ou dificultar a atividade

e a participação, em condições

de igualdade e inclusão tendo

em consideração o contexto de

vida da pessoa.

25


a

figura de destaque

Ana Rita Justo

André Areias - João Filipe Aguiar Fotografia

Entrou para a Renova com 34 anos e rapidamente chegou a CEO, cargo que ainda diz estar a “experimentar”.

Trouxe inovação e manteve viva uma marca histórica e bem conhecida dos portugueses. O limite é o céu e a

criatividade é aquilo que o faz, todos os dias, seguir o caminho da irreverência numa marca que emprega mais

de 620 pessoas e exporta para cerca de 70 países.

PME Magazine – De onde vem a sua criatividade?

Paulo Pereira da Silva – Vem da minha curiosidade do

mundo – acho eu… Sempre fui muito curioso em relação

ao mundo, às coisas e tenho uma enorme vontade

de aprender, de conhecer ideias novas, conhecer pessoas

novas e acho que vem muito daí.

PME Mag. – Depois de se formar em Engenharia Física,

como é que surge esta oportunidade na Renova?

P. P. S. – Não sei [risos], ainda hoje me pergunto. Eu

formei-me em engenharia física, na Suíça, e sempre

pensei que queria ter uma carreira académica na área

da física teórica, da física quântica, que é muito diferente

de estar a fazer papel higiénico, mas tive um problema

quando acabei o meu curso: não tinha o serviço

militar feito e enquanto estive à espera de ser incorporado,

ou não, resolvi fazer uma experiência no mundo

real, na Renova, uma empresa à qual estava ligado familiarmente

e o presidente do Conselho de Administração

da Renova, na altura, convidou-me para fazer essa

experiência e eu quis fazer essa experiência aqui. Acho

que, 34 anos depois, ainda estou a fazer essa experiência…

PME Mag. – Como é que chega, então, a CEO?

P. P. S. – Acho que não sou uma pessoa boa para responder

a essa pergunta, porque todo o meu percurso

acaba por ser uma surpresa. Comecei como engenheiro,

como assistente de um diretor de uma área da

Renova, depois passei a diretor de produção, diretor

fabril, entrei no Conselho de Administração e, muito

novo, tinha 34 anos, de alguma forma, dei por mim a

ser eleito presidente do Conselho de Administração

da Renova. Foi assim, sempre tentando fazer o melhor

possível e tentando, se quiser, acreditar nas pessoas

que estavam à minha volta. Aquilo que eu mais gosto de

fazer na vida é trabalhar com pessoas. Gosto muito de

fazer mentoring, coaching e estar rodeado, mais tarde

escolher pessoas que tenham talento bastante grande,

aproveitar as diferentes competências que as pessoas

têm, pô-las a render nas suas próprias competências é

uma coisa que gosto muito. Acho que, tentando fazer

bem – e não é fácil – e sempre com um espírito positivo,

um bocadinho anunciando objetivos, depois tentando

implementá-los na realidade, as coisas foram

acontecendo.

ANTES E DEPOIS DO PAPEL PRETO

PME Mag. – O papel higiénico preto foi o passo que a

Renova teve de dar para se reinventar?

26

P. P. S. – Acho que a Renova, ao longo da história,

sempre se reinventou. Estamos aqui numa fábrica,

junto à nascente do rio Almonda, que era uma fábrica

de papel de escrita e impressão e que nos anos 1960

começou a fabricar papel higiénico, produtos de consumo

feitos à base de papel. Foi uma inovação, uma

reinvenção brutal numa empresa de papel de escrita

e impressão e este mercado era um mercado pequeno,

de produtos de usar e deitar fora, numa altura de

um Portugal dos anos 1960. Logo aí, houve uma enorme

reinvenção da Renova, está no seu próprio nome,

Renova, e gosto muito de chamar à atenção disso. As

pessoas que estavam cá nessa altura deram um passo

enorme de entrarem neste mercado. O papel higiénico

preto aparece numa fase seguinte, numa fase nossa

de internacionalização, porque, de facto, mudou a

perceção do produto. O relacionamento das pessoas

com o produto mudou, isso trouxe-nos legitimidade na

indústria toda. Dessa forma, há um antes e um depois

que não tem tanto que ver com nada interno, dentro

da Renova, mas tem que ver com a perceção da marca

para o exterior. Antes de existir o papel higiénico

preto, se ia a ver um potencial cliente a Espanha, tinha

de estar a dizer: “A Renova existe em Portugal desde

1939, era uma empresa de papel e mudou para este

tipo de produtos e é líder desde então…”. Hoje em dia,

se chegar a um potencial cliente na China, como estive

em Xangai, digo: “Olhe, nós somos os do papel higiénico

preto”. E não é preciso dizer mais nada. Portanto,

fomos nós que o inventámos e aí há uma mudança e

acho que esta mudança se chama ter legitimidade na

indústria. De facto, do ponto de vista internacional e do

ponto de vista exterior, essa mudança foi muito grande

como possibilidade, ou como estrutura a partir da qual

é possível internacionalizar a marca. Porque tudo o que

fazemos não é meramente vender átomos e fibras de

papel, é vender uma marca. E uma marca é uma coisa

mais importante do que propriamente só os átomos e

“Se chegar a um pontencial cliente

na China, digo: 'Olhe, nós somos

os do papel higiénico preto'.

E não é preciso dizer mais nada"

só as fibras que fazem o papel. Se conseguirmos, de

alguma forma, criar alguma afetividade, ou alguma relação

dos cidadãos com uma marca, consigo ter muito

mais projeção e consigo ter muito mais negócio, relação

com as pessoas, ao longo do tempo e não só num


JANEIRO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

O PAPEL

HIGIÉNICO

NÃO TEM

DE SER UM

PRODUTO

ENVERGONHADO

Paulo Pereira

daSilva

Paulo Pereira da Silva estudou engenharia física antes de integrar a Renova

27


a

PME Mag. – Qual o processo para a criação de um

produto novo?

P. P. S. – Eu não tenho um método para criar um novo

produto, porque são muitos. Um novo produto pode vir

de um investimento enorme da Renova numa nova linha

de produção, numa nova máquina que permite fazer

um papel dito estruturado, que nós chamamos cá dentro

de 4D. É um investimento de milhões de euros, que

implica estudos durante muito tempo do produto, de

trabalho com os fabricantes das máquinas que o possam

fazer, uma coisa muito demorada para chegar a

um equipamento que possa fazer aquele produto. É um

processo longo e com muitos intervenientes. Ou pode

ser uma coisa extremamente diferente, que pode ser

uma ideia de uma cor num produto. E aí pode ser qualquer

pessoa que nos dá essa ideia. Portanto, acho que

muito da criatividade, às vezes, está nalguma inforfigura

de destaque

produto que não tem marca, que acontece de uma vez.

Portanto, todo o nosso desenvolvimento na Renova foi

decidido ser feito a partir da marca, de fazer a nossa

própria marca. Em todos os países onde estamos fora

daqui, estamos a fazer a nossa marca, o que é extremamente

gratificante. Se alguém está no Cazaquistão

e manda uma fotografia do supermercado em que está

lá um rolo Renova encarnado ou de uma cor qualquer

é um enorme orgulho, porque foi feito aqui, em Torres

Novas, junto da nascente do rio Almonda. Para isso, a

base de tudo foi o papel higiénico preto e esta mudança

da perceção. Depois, não é que seja esse o produto

que vai vender mais, mas é esse que dá a notoriedade

à marca.

portância enorme. E chamo fãs a todas as pessoas que

estão ligadas à marca, de uma forma ou de outra, por

uma relação, diria, emocional.

“CRIATIVIDADE ESTÁ NA INFORMALIDADE”

Papel higiénico preto marcou estratégia de internacionalização da marca

28

PME Mag. – Quantas pessoas trabalham diariamente

no departamento criativo da Renova?

P. P. S. – Eu não sei se nós temos um departamento

criativo. Eu diria que no departamento criativo da Renova

trabalham todas as pessoas que trabalham na

Renova, teria de dizer que são 650, mais todos os fãs

da Renova, e ia buscar milhões! Acho que a criatividade

vem muito da relação das pessoas e cada vez vem

mais das redes de pessoas, fãs da marca, que estão

fora da Renova, ou que estão dentro da Renova e que

trazem ideias. Essas ideias, o que é que podem ser?

Acho que, no fundo, são pequenas luzinhas que aparecem

e, a partir das quais, nós podemos construir. O que

temos de ter é capacidade de atrair essas ideias e nunca

as censurar. Essas ideias podem ser fornecedores,

podem ser as nossas pessoas, podem ser empresas,

universidades, podem ser os fãs da Renova no mundo

todo, que nos mandam coisas e ideias e, às vezes, utilizações

do produto de forma diferente. Portanto, se me

perguntar, o departamento criativo são as pessoas da

Renova, mais os fãs da Renova. A quem dou uma immalidade

na génese das ideias. Depois, a escolha e o

avançar e as [ideias] que se decide implementar ou não

já entra dentro de um processo muito mais estruturado,

mas a génese toda, e às vezes essa é muito importante

para ter as ideias, é, deliberadamente, não estruturada

e muito atrair as ideias que existem nos fãs todos.

Depois decidimos: vamos fazer isto. Então, aí, já entra

um diretor de projeto, trabalhar com as pessoas que é

necessário trabalhar, cada vez mais de uma forma co-

-criativa. Posso dar-lhe um exemplo: um dos últimos

produtos que lançámos foi uma embalagem em papel

para papel higiénico e rolos de cozinha. Quisemos fazê-lo

de maneira muito rápida, conseguir fazê-lo de

maneira muito rápida é conseguir ter um fornecedor


JANEIRO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

que me fizesse esse papel. Foi necessário, ao mesmo

tempo, estar a trabalhar com o nosso fornecedor de

embalagem de papel, com o nosso fabricante de equipamentos

de embalar os produtos, com o fornecedor

de papel do nosso fornecedor que o imprime, com um

instituto em França, de investigação, em relação ao

papel e como é que eu poderia ter um papel que tivesse

as características certas para trabalhar. A rapidez, hoje

em dia, na capacidade de criar produtos novos está

muito num sistema muito, muito aberto e de ser capaz

de trabalhar em não sei quantos pontos do mundo, com

equipas diferentes e ao mesmo tempo. Portanto, implica

muita capacidade de juntar ideias, juntar processos

e ser capaz de o fazer com muita rapidez. Hoje, há cada

“Muito da criatividade, às vezes, está

nalguma informalidade na génese

das ideias"

vez mais pessoas, cada vez mais quadros que têm essa

capacidade, têm um enorme talento. São pessoas diferentes,

se calhar, do que eram as pessoas da minha

geração, que estavam fechadas num laboratório, aqui

dentro, oito horas por dia, a tentar fazer as coisas, muito

compartimentadas entre diferentes áreas da empresa:

o que era marketing, o que era a produção, o que eram

os fornecedores e, hoje, é preciso muito mais interferência

em todas as áreas para conseguir ter rapidez em

fazer as coisas. Chamo a isto tentar ter uma estrutura

de uma startup. Gosto muito de visitar startups, às vezes

estou com pessoas muito novas, posso dizer miúdos,

brilhantes! Estou a falar com eles e vejo os olhos a brilharem,

a conhecerem os projetos de forma total, sabem

sobre as vendas, sabem tudo da empresa deles e

qualquer um deles é capaz de explicar com a maior das

tranquilidades e com a maior das paixões o que é que

estão a fazer e o que é que se propõem a fazer que ainda

não estão a fazer e que, às vezes, é uma ideia. Acho

que, na nossa dimensão, que do ponto de vista global

é muito pequena, temos de trabalhar da mesma forma,

trabalhar muito mais em equipa, trabalhar de forma

muito mais, diria, desestruturada em tudo o que é este

"A rapidez, hoje em dia,

na capacidade de criar

produtos novos está muito

num sistema aberto e de ser

capaz de trabalhar em não sei

quantos pontos do mundo"

backoffice, este antes de chegar aos produtos e depois

muito ordenado a fabricá-los e com muita competitividade,

com todos os aspetos industriais. Acho que os

espaços são muito importantes. Este espaço que está

aqui é uma coisa muito importante, exatamente para

não ter paredes, nem muros e para as pessoas poderem

interferir umas com as outras. Temos aqui misturadas

Renova emprega atualmente mais de 620 pessoas

pessoas de todas as áreas: marketing com contabilidade,

compras, vendas e, para mim, é muito interessante

ter as pessoas todas juntas e não ter as pessoas

compartimentadas e cada uma com a sua quinta e com

o seu pequeno poder, mas, sim, toda a gente a fazer

parte da mesma estrutura e do mesmo objetivo, que é

desenvolver a marca.

PME Mag. – Isto aplica-se também às campanhas de

marketing?

P. P. S. – Acho que a criatividade das campanhas também

se aplica assim. Normalmente, há ideias que aparecem

aqui dentro, de uma maneira ou de outra. Depois,

a realização delas, às vezes, é feita com parceiros

diferentes em diferentes sítios do mundo. Estamos a

investir cada vez mais na área digital, para as nossas

campanhas. Não é a totalidade, continuamos a fazer

coisas em jornais, enfim, estou aqui a falar consigo,

mas cada vez mais na área digital. E, às vezes, gosto

muito de trabalhar com gente muito nova e cheia de

ideias e de maneira, também, desestruturada. Temos

alguns fornecedores, parceiros nomeadamente, que

29


a

figura de destaque

Marca Renova já está presente em mais de 70 países

são empresas muito pequeninas e que estão a fazer um

trabalho que acho excelente para nós nessa área. Uma

delas é propriedade de um jogador de râguebi da equipa

francesa de râguebi do irmão, trabalham com três

ou quatro marcas de luxo em França e acho que fazem

um trabalho muito engraçado. Trabalham connosco e

eu cheguei lá porque gosto muito do trabalho que eles

fazem. E acho muito importante. Eu aprendi muito a ler.

Vivi em Abrantes, isolado do mundo, não havia internet

na altura, aprendi muito nos livros, naquilo que li

sobre a vida, sobre o mundo, muito, muito nos livros.

E, hoje em dia, os meus clássicos são o Instagram das

pessoas novas, onde passo muito, muito tempo a ver

como é que as pessoas comunicam. É um mundo que

eu desconheço totalmente, ou que não conheço bem e

que não comunica da mesma forma que eu comunico.

Aprendo imenso e tenho uma paixão, uma curiosidade

enorme mais pelo Instagram do que pelo Facebook de

gente nova, no mundo inteiro, de ver como é que comunicam.

Na China, passei muito tempo a ver como é

que as pessoas comunicam entre elas mesmo num país

onde não posso ler, não sou capaz de ler, mas como o

Instagram é muito através das imagens, acho que isso

é cada vez mais importante na nossa vida e no nosso

negócio de comunicar rapidamente através de uma

imagem.

PME Mag. – Em 2017 o Metro de Paris censurou a

campanha da Renova. Como é que reage às críticas à

irreverência da marca?

P. P. S. – Eu acho que as pessoas têm todo o direito de

ter opiniões sobre tudo e acho, até, muito interessante

essa liberdade de comentar as coisas. Devo dizer-

-lhe: no meu interior, se eu fizer uma campanha que é

agressiva e que eu acho que é agressiva por uma coisa

qualquer ficaria relativamente preocupado. As pessoas

30

vão sempre, umas gostar, outras não gostar, daquilo

que eu tenho mais, mais, mais receio é que sejam indiferentes,

porque se forem indiferentes não a veem e

isso não me interessa para nada. Portanto, pelo facto

de ser irreverente e de haver um comentário, pelo menos

acho que as pessoas viram e comentaram e fazem

com que a marca exista, porque ela interfere com os cidadãos.

Essa campanha, no Metro de Paris, teve muita

graça, porque, em França, ela existe nas estradas, em

outdoors, em prédios e é um ombro de um homem com

uma tatuagem, portanto, não consigo perceber qual é

o problema que possa ter. É verdade que o papel higiénico

é um produto difícil, porque quando fazemos uma

comunicação qualquer de papel higiénico, se for um

perfume, passa perfeitamente. Se for papel higiénico,

“As pessoas vão sempre,

umas gostar, outras não gostar,

daquilo que eu tenho mais,

mais, mais receio é que

sejam indiferentes"

as pessoas, por algum tabu que existe, vão ficar mais

chocadas, vão ficar a ver mais, ou fazer um sorriso...

Se for um produto de cosmética, ou um perfume, isso

não acontece. Isso às vezes também me desagrada,

porque temos centenas de pessoas de uma indústria

que é perfeitamente espetacular e que implica fazer as

próprias fibras da pasta, que nós não fazemos. Depois,

fazer o papel, transformá-lo… É uma indústria, diria,

brutal, enorme! Com imensa gente a trabalhar, a dar a

vida para fazer um produto que tenha um custo que é

muito baixo por quilo e, depois, ao mesmo tempo, ser

muitíssimo pouco valorizada pelas pessoas e ter esses


Transmissões

em Direto

Filmes

Corporativos

Cobertura

de Eventos

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a

figura de destaque

sorrisos com uma coisa qualquer. E fico contente com

o papel higiénico preto, com esta mudança de relação

com o produto, por achar que, se calhar, pouco a pouco,

estamos a fazer um caminho e a fazer com que as

pessoas, de alguma forma, respeitem mais o produto

que estamos a fazer, que merece esse respeito, porque

é o trabalho de imensa gente e o esforço diário de

imensa gente e que merece ser valorizado, porque é

mesmo fazer papel. A fabricação de papel é uma coisa,

eu acho, lindíssima [sorri]!

PME Mag. – Tem medo que a Renova seja associada

apenas a um mercado de luxo?

P. P. S. – Acho que a Renova, como marca, é percecionada

de maneira muito diferente em diferentes

mercados. Em Portugal, provavelmente, é uma marca

histórica. Lembro-me de termos feito um estudo nos

anos 1980 que dizia que era a marca das minhas avós,

hoje já é capaz de aparecer como marca mais jovem e

de luxo e um bocadinho diferente. Acho que, em Portugal,

tem um bocadinho todas as áreas. A Renova tem

produtos que cumprem as necessidades básicas das

pessoas com uma relação qualidade-preço que acho

que é a melhor que há, dentro da nossa marca, e depois

tem produtos mais luxuosos, cujo objetivo já não

é tanto o cumprir a necessidade básica, mas já pode

ter que ver muito mais com lifestyle, com a decoração

da casa de banho, com o que acontece nas marcas de

luxo. Em Portugal, nós temos produtos de luxo, produtos

premium, ou produtos normais que têm uma muito

“A Renova, como marca,

é percecionada de

maneira muito diferente

em diferentes mercados"

interessante relação qualidade-preço. Agora passo

para um mercado onde estamos há muito pouco tempo,

por exemplo, a Coreia do Sul: na Coreia do Sul vendemos

pouco e praticamente só lenços de cores e com

perfumes e os lenços da Renova na Coreia do Sul são

percecionados como marca de luxo, como um produto

europeu de muita qualidade, quase como se fosse

um perfume. E está bem. Foi isso que foi pretendido

aí, porque se eu entrasse como uma marca normal não

existia na Coreia, porque, obviamente, essa categoria

de produto, esse nível de produto está perfeitamente

preenchido e nós não poderíamos ser concorrentes a

partir daqui, mas começar como um produto muito diferenciado

para nós é muito importante, exatamente

para este desenvolvimento da Renova como marca –

diria que é mesmo essencial. Como todas as marcas

que estão sempre a lançar coisas novas e a tentar diferenciar-se

e ter produtos diferentes. Apesar de ser

papel higiénico, não sei porque é que não pode ser um

produto engraçado, fun e de decoração como todos

os outros. Não tem de ser um produto envergonhado,

é uma coisa que tem que ver com a minha vida [risos].

Quando vim da física e comecei a trabalhar na Renova

32

e dizia aos meus colegas que fazia papel higiénico toda

a gente se ria um bocadinho. Pronto, é assim, acho que

hoje em dia já é um bocadinho diferente.

PME Mag. – Sente o peso dessa responsabilidade,

enquanto um dos grandes empregadores de Torres

Novas?

P. P. S. – Diria que sinto a responsabilidade em relação

a toda a gente, direta ou indiretamente, que está ligada

à Renova. São as pessoas que estão a trabalhar aqui, as

pessoas que estão a trabalhar em França, os acionistas

da Renova, os nossos fornecedores, são, no limite, os

cidadãos em geral com todos os produtos que nós fazemos,

se estão bem feitos… Temos toda uma política,

que eu não gosto de lhe chamar ambiental, mas gosto

de falar mais de harmonia em relação à natureza, à

reutilização das coisas, portanto, há todo um caminho

que nunca está percorrido, é um desafio que tem de se

fazer diariamente. Sinto imenso essa pressão, mas isso

é a minha vida. É tentar, com algum bom senso, conseguir

os compromissos entre todos os interesses de todas

as pessoas, os meus clientes, os meus acionistas,

“Sinto a responsabilidade em

relação a toda gente que está ligada

à Renova"

todas as pessoas que trabalham aqui e, deixe-me dizer,

isto tem de estar bem equilibrado, porque se um

destes stakeholders, como se diz, tem um peso muito

maior do que os outros vai correr mal. É uma vida num

equilíbrio. Ainda acrescentava mais uma coisa, porque

nós somos uma marca que existe, como marca, desde

1818. 1818 foi o ano em que o Congresso americano

decidiu as estrelas e as riscas na bandeira. São muitos

anos de marca. E também sinto alguma responsabilidade

em relação a todas as pessoas que fizeram a marca,


JANEIRO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

acho que vai avançar depressa na globalidade. Sou um

mergulhador e todas as minhas férias passo-as a mergulhar,

portanto, sou particularmente sensível a esse

aspeto.

Renova está a substituir embalagens de plástico pelas de papel

que já são de centenas de anos. E todas as pessoas que

deram a vida por isso, que investiram, no passado, no

passado mais recente, que merecem que haja a continuação

dessa herança, é uma marca que liga muita

gente. Acho que, cada vez mais, esse é um aspeto importante.

Estive na China e estava a ver as marcas que

estavam a falar e acho que esse aspeto de longevidade

de uma marca e de conseguir existir ao longo de muito

tempo é um valor até de um ponto de vista comercial.

Portanto, também ter o cuidado com a própria história

e com o futuro.

RUMO AO FIM DO PLÁSTICO

PME Mag. – Quando é que a Renova vai ser livre de

plástico?

P. P. S. – Não sei quando é que pode ser totalmente

livre de plástico. Gostaria de avançar muito mais depressa

do que se está a avançar. Lançámos alguns produtos

e, felizmente, não podemos obrigar os cidadãos

a escolherem estes produtos e não outros. Em alguns

dos nossos produtos tecnicamente ainda não é possível

tirar tudo, mas é possível reutilizar. Noutros era

possível avançar com mais velocidade e eu gostava de

andar com mais velocidade, mas só posso ir à medida

que as pessoas que compram os produtos também os

comprarem, se eu fizer os produtos e não os vender tenho

essa responsabilidade toda das pessoas que trabalham

aqui, mas estamos preparados para ir com mais

velocidade. Como sabe, aqui, tenho os meus primeiros

clientes, que são as cadeias de distribuição, depois tenho

o cidadão, portanto, tenho de ter os dois a aceitarem

esta mudança. E por vezes não é fácil, acho que

é uma coisa que vai demorar algum tempo, mas acho

que, muito rapidamente, esse assunto vai ficar resolvido.

Aí, sou extremamente otimista, se calhar não o sou

tanto em relação ao aquecimento global, que é uma

questão muitíssimo mais complexa, mas essa questão

do plástico está muito mais na nossa mão de a mudar e

PME Mag. – Algum produto novo que possa revelar?

P. P. S. – Não lhe posso dizer, mas dir-lhe-ia o seguinte:

a coisa mais importante, para nós, neste momento

é algum desenvolvimento geográfico da Renova

em novos países. Quando estamos em novos países,

porventura, precisamos de produtos um bocadinho diferentes,

ou produtos, se calhar, mais premium, mais

luxuosos. Uma área que estamos a desenvolver muito

é a personalização. Temos o “Made by you”, em que

se pode fazer upload das fotografias e nós enviamos,

para qualquer sítio do mundo, guardanapos com as

fotografias das pessoas, ou papel higiénico. Portanto,

avançar muito nessa área de personalização dos produtos,

porque acho que é uma coisa muito interessante

para as pessoas terem liberdade de escolherem os

seus próprios produtos. Como tendência um bocadinho

do mundo – acho que está um bocadinho ligado à

mudança das pessoas para as cidades – estamos em

presença de uma certa desmaterialização das casas

das pessoas. As pessoas têm menos coisas em casa,

menos móveis. Tendo menos coisas, vão querer consumir

menos átomos, menos quantidade de coisas,

mas querem coisas mais engraçadas e ter prazer com

coisas, diria, mais simples. Gosto muito de tornar em

coisas extraordinárias coisas que são ordinárias, do

dia-a-dia, portanto, a pessoa poder consumir menos,

mas consumir com um sorriso, bem disposta, ter menos

coisas mas ter uma vida mais light, mais de acordo com

todo este problema do mundo e da escassez de recursos

no mundo em que vivemos.

PME Mag. – Como avalia o grau de criatividade das

empresas em Portugal?

P. P. S. – É difícil estar aqui a falar da criatividade das

empresas em Portugal. Deixe-me pôr do outro lado: eu

Futuro da marca passa por chegar a ainda mais países

33


a

figura de destaque

muito grandes multinacionais e estarem a trabalhar

numa muito grande multinacional, que é bom que o façam,

mas alguns deveriam fazer a sua própria empresa,

porque depois o valor criado vem de conseguir um Silicon

Valley e acho que ainda nos falta isso. Está muito

melhor do que estava há 10 ou 15 anos, os Web Summits

e essas coisas têm feito essa mudança, mas acho

que ainda há muito trabalho para fazer e tem muito que

ver com a capacidade de arriscar, de uma pessoa nova

arriscar, de não ser penalizado ou penalizada pelo falhar,

porque, às vezes, as pessoas quando arriscam falham,

mas isso não é um problema. Só não falha quem

não fez nada e, portanto, essa criatividade aplicada no

mundo real e nos negócios, comparada com o talento

que eu acho que nós temos, há aqui um gap que é preciso

mudar.

PME Mag. – Como vê a Renova daqui a cinco anos?

P. P. S. – Se tiver de responder rapidamente dizia: “Não

sei”. Não sei. Cinco anos é amanhã, mas vejo-a como

uma marca com uma maior expressão global, de estar

em mais países, mais mercados, mais geografias, dentro

dos seus próprios valores, do seu território, da sua

linguagem e com um crescimento geográfico e poder

levar a nossa marca, aquilo que somos, a mais gente,

em diferentes sítios do mundo. Gostei de ver na China

as pessoas a cheirarem os nossos produtos, a tocarem

nos produtos. Se calhar, há aqui mercado em que podemos

trabalhar. O outro lado desta questão tem muito

Paulo Pereira da Silva sublinha importância da imagem nos dias de hoje

falo muito em universidades e tenho muito contacto

com gente nova em Portugal e vejo muitos Instagrams

e acho que nunca vi tanto talento. Nunca vi tanto talento

e, às vezes, fico mesmo contente, babado, com um

bocadinho de ciúmes de não ter essa idade. Acho que,

por vezes, falta em Portugal capacidade de as pessoas

arriscarem e de criarem a sua própria empresa. Às vezes,

quando se está a falar da criatividade das empresas,

eu não falo tanto das empresas instaladas, em geral,

porque não é esse o problema, mas o que me falta

é ver muito mais startups, muito mais gente que esteja

a meio do curso e que comece a fazer um negócio e

que comece a fazer coisas. Eu ando muito em Lisboa,

no Porto e sou capaz de ver imensas lojas, restaurantes,

coisas fantásticas feitas por gente nova, às vezes

sem muitos recursos, mas de uma criatividade enorme.

É giro e mudou todo o ambiente em que vivíamos. Acho

“Nunca vi tanto talento e,

às vezes, fico mesmo contente,

babado, com um bocadinho

de ciúmes de não ter essa idade"

que isso devia trazer-se também para as empresas

tecnológicas e acho que nos faltam um bocadinho esses

desafios. Ou seja, se calhar, as nossas escolas de

engenheiros não estarem só a fazer técnicos para as

34

“Só não falha quem não faz nada,

portanto, essa criatividade

aplicada no mundo real

e nos negócios, comparada

com o talento que eu acho que nós

temos há aqui um gap

que é preciso mudar"

que ver com os avanços tecnológicos. O mundo está

a avançar muito. O Facebook, o Instagram são coisas

relativamente recentes e tenho de ter a humildade de

dizer que dentro de cinco anos pode haver uma coisa

qualquer tecnológica – certamente o comércio digital,

ligado ao digital, todas as vendas de internet, tudo isso

avançará muito, os pagamentos todos vão ser diferentes

e tudo isso vai ter implicações nos nossos negócios.

O próprio protecionismo que começa a haver, não só

nos Estados Unidos, vai afetar a capacidade de estar

noutros sítios. O importante é ter uma estratégia de desenvolvimento

e depois deixar aqui alguma capacidade

de adaptação às oportunidades que vão existir. Temos

uma indústria em França, portanto, continuar a desenvolver

a Renova em França, continuar a desenvolvê-la

aqui do ponto de vista industrial, ter a marca aí espalhada

pelo mundo e, se tivesse que resolver, aquilo que

eu gostava é que a Renova fosse a marca da nossa categoria

de produtos mais amada no mundo.


JANEIRO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

Paulo

Pereira daSilva

Paulo Pereira da Silva ocupa cargo de CEO desde 1995

Paulo Pereira da Silva nasceu em Lisboa e ingressou em 1978 na École Polytéchnique Fédérale de Lausanne,

Suíça, onde se licenciou em engenharia física, tendo realizado projetos na área teórica da física estatística

aplicada à mecânica quântica. Regressou a Portugal em 1984, ano em que iniciou a sua atividade na Renova

Fábrica de Papel do Almonda S. A., no âmbito da gestão industrial. Em 1991 entrou para o Conselho de Administração,

órgão a que preside desde 1995.

35


h

Rapidamente, é possível detetar a postura irreverente

do enólogo e que transparece nos seus vinhos. Carlos

Raposo é o primeiro enólogo em Portugal a juntar “as

singularidades da região do Dão com as dos Vinhos

Verdes” na mesma garrafa de vinho, à procura da “meempreendedorismo

O QUE ESTÁ POR DETRÁS DOS VINHOS

IMPERFEITOS DE PORTUGAL?

Mariana Barros Cardoso

Belove

“O imperfeito é perfeito.” Aquilo que a natureza nos

oferece em gesto miraculoso. É assim que nasce a

Vinhos Imperfeitos e é nesta linha de raciocínio que

rapidamente é detentora de vinhos que “podem ser

comparados com qualquer grande vinho branco

mundial”, nas palavras do enólogo Raul Riba D’Ave.

Foi durante uma prova restrita com cinco ou seis representantes

dos, considerados pela Bestguide, “melhores

restaurantes da capital” que a PME Magazine teve

oportunidade de conversar com Carlos Raposo, enólogo

e fundador da empresa Vinhos Imperfeitos. Lançou-

-se no desafio de mostrar que a “busca da perfeição,

a excelência numa garrafa de vinho é possível desenvolver

em território nacional”. Um projeto diferenciador

de “vinhos únicos” com o intuito de representar tudo

aquilo que já “bebeu” e o que quer “beber”, para fazer

“vinhos autênticos, difíceis de reproduzir, pelas condições

únicas em que os desenvolve”.

Carlos Raposo tem como objetivo mostrar o potencial

do Dão – região onde nasceu –, e onde há muito idealizava

os vinhos que ali queria fazer.

“A excelência numa garrafa

de vinho é possível desenvolver

em território nacional"

"O Dão é perfeito para o tipo de vinhos que sonhei,

pensando sempre no potencial de envelhecimento, no

patamar dos melhores néctares deste nosso mundo,

muito perto do céu… sim, é isso que quero fazer”, atira.

Lançando agora três vinhos brancos de 2018, ‘I’ (Vinho

Imperfeito) feito de uvas da região do Dão, ‘D&V Code’

do Dão e Vinhos Verdes e ‘•••’ (3 Pontos) da região dos

Vinhos Verdes, Carlos Raposo coloca-os num mercado

específico com a certeza de estar a “entrar num patamar

de vinhos brancos de topo mundial, um caminho

ainda por percorrer pelos produtores portugueses”.

Questionado sobre o porquê desta pequena empresa,

quando tinha uma vida estável no mundo dos vinhos ao

lado do seu “grande mestre” – Dirk Niepoort – diz que

a Vinhos Imperfeitos “nasce de uma sede insaciável

em elaborar vinho de carácter único com características

distintas”, rematando que a escolha do nome da

empresa é fruto do pensamento de que “a perfeição na

vida é inalcançável, mas a sua busca faz-se com pe-

36

Vinhos Imperfeitos nasce com Carlos Raposo

quenas imperfeições que juntas procuram construir a

perfeição”.

“Em Portugal conseguimos fazer vinhos de nível mundial”,

defende.

“O VINHO FAZ-SE NA VINHA”

Com o desejo de criar uma referência portuguesa a nível

mundial, os vinhos de Carlos Raposo são marcados

por uma enorme mineralidade, sobretudo devido à seleção

de uvas de vinha centenária e ao método de vinificação

e envelhecimento, respeitando ao máximo a

matéria-prima que a natureza oferece. É na vinha onde,

ao provar os diferentes bagos, em solos variados (Dão,

Douro, Algarve, Vinhos Verdes, Beira Interior) que o

enólogo sabe que vinho vai ali criar.

Carlos Raposo recorda que sempre vinificou os vinhos

levando-os ao limite da expressão do terroir, com a filosofia

de fazer grandes vinhos, sabendo que “o difícil

para um enólogo é acreditar na natureza até ao fim”.

DUAS REGIÕES NA MESMA GARRAFA?


JANEIRO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

lhor sinfonia”, com o desejo de oferecer aos consumidores

vinhos diferentes e de carácter singular: “Como

alguns dos grandes vinhos mundiais, tenho o desejo de

que, quando voltarem a provar os meus vinhos, facilmente

sejam identificados como sendo meus”.

Carlos Raposo acredita que o único sentido que não é

“apurado” aquando da degustação de vinhos é a audição.

Assim sendo, para uma garrafa de “•••” sugere

Carlos Paredes, “Verdes Anos”, para um vinho com

“aroma complexo onde predominam as notas florais de

pétala branca”. Ao som de “Sete pedaços de vento”,

de Cristina Branco, Carlos Raposo aconselha abrir o

vinho “D&V Code”, para “um aroma floral exuberante,

com notas minerais evidentes. A madeira e os aromas

minerais do Dão encontram-se em plena harmonia com

um perfil cítrico e floral do vinho verde”. E, por fim, para

o “I” recomenda “In Paradisum”, de Karl Jenkins, para

“um vinho com aromas minerais, aparecendo notas

frescas de maresia, brisa do mar e algas, casadas com

frutas de caroço como o alperce ou o pêssego”.

Marca é distribuída em garrafeiras de referência

Carlos estudou e trabalhou em várias quintas

Os vinhos da Vinhos Imperfeitos estão à venda em restaurantes,

hotéis e garrafeiras de referência. O empresário

implementou uma estratégia de exclusividade de

distribuição, com a distribuidora de vinhos Direct Wine,

de Raul Riba D’Ave, que afirma: “Não me vou esquecer

nunca da primeira vez que provei os vinhos brancos

do Carlos Raposo. Nunca tinha sentido tanto orgulho

em cheirar e beber um vinho branco português. Estes

vinhos podem ser comparados com qualquer grande

vinho branco mundial. São vinificados com grande técnica

e maestria, trazendo ao de cima aquilo que mais

gosto num vinho: pedregosidade no aroma, mineralidade

na boca, sentido de lugar e, seguramente, capacidade

de envelhecimento. Não tive nenhuma dúvida

em incorporar de imediato estes vinhos no nosso catálogo

de distribuição exclusiva”.

Para o projeto Vinhos Imperfeitos, Carlos Raposo descortina

a possibilidade de ainda este ano surgirem os

vinhos tintos.

O QUE CARLOS RAPOSO JÁ “BEBEU”

16 anos - 2001

- Escola CVR Bairrada em Enologia e Viticultura;

- Sogrape – Quinta dos Carvalhais – Dão

- Casa de Santar – Dão

- Centro de Estudos de Nelas

- Quinta do Cerrado - Dão

- Vines & Wines - Dão

20 anos – 2004

- Bacharelato na Agricultural College de Blanquefort

(Bordéus)

- Licenciatura em Viticultura na Universidade de

Borgonha;

- Mestrado em Enologia na Universidade de

Bordéus;

- Château Smith Haut Lafitte (Pessac Léognan,

Bordéus);

- Château Malescot Saint Exupery (Margaux);

- Quinta Sardónia em Ribera del Duero, Espanha;

- Dominio de Pingus em Ribeira del Duero, Espanha;

- Robert Craig Winery, Napa Valley – EUA;

- Stuart Wines & Company, Heathcote, Austrália;

27 anos - 2011

- Niepoort Vinhos S. A.;

35 anos - 2018

- Vinhos Imperfeitos, Dão;

- Vinhos Verdes, Niepoort.

37


h

empreendedorismo

A PRÓXIMA GERAÇÃO DAS REDES SOCIAIS É… PRIVADA

Ana Rita Justo

Selfie Combo

Chama-se SelfieCombo e quer ser a aplicação que reinventa o conceito das selfies numa rede social… privada.

Pedro Santos Martins, cofundador, explica à PME Magazine este novo projeto português que agora

procura por investidores.

A privacidade é aqui, portanto, um conceito chave,

pois cada pessoa só irá conectar-se efetivamente com

quem conhece.

A SelfieCombo nasceu da cabeça de Pedro Santos

Martins e foi depois materializada com os cofundadores

Eva Vasques, Tiago Salvado e Rodrigo Rapozo,

todos da área das tecnologias da informação. Passado

um ano a desenvolver o projeto, a ideia é reinventar o

conceito das selfies de grupo, numa rede social que se

quer privada.

A ideia surgiu há três anos, quando Pedro estava em

Madrid. Assim que voltou desafiou o amigo de longa

data Tiago a montarem os dois o projeto.

“Percebemos logo que só os dois não íamos conseguir

levar o projeto para a frente e, em junho de 2018,

a Eva e o Rodrigo integraram o projeto e conseguimos

então avançar”, confessa o cofundador Pedro Santos

Martins, em entrevista à PME Magazine. O investimento

inicial foi todo com capitais próprios, num total de 150

mil euros.

Como funciona, então, esta nova aplicação?

“Os utilizadores têm a possibilidade de criar selfies

estáticas ou animadas com outras pessoas, em tempo

real e à distância, onde estas podem ser partilhadas

no próprio feed da SelfieCombo ou em qualquer outra

rede social”, começa por explicar o responsável.

O que diferencia esta de outras redes é mesmo o facto

de ser “uma rede social privada”, que “permite que os

utilizadores possam partilhar o seu conteúdo apenas

com as pessoas que querem, sem estarem a expor-se

a redes sociais públicas, onde são bombardeadas com

convites de desconhecidos, sugestões, anúncios”, ficando

ao critério de cada um caso queira fazê-lo ou

não.

38

Da esquerda para a direita, os fundadores Rodrigo, Tiago, Vera e Pedro

No local onde estejam, cada pessoa faz uma selfie e a

app faz a fusão das mesmas numa única selfie, o chamado

combo, em que todos os amigos aparecem. O

mesmo também é possível fazer através da combinação

de gifs.

“Os utilizadores têm a possibilidade

de criar selfies estáticas

ou animadas com outras pessoas,

em tempo real e à distância"

A app pode ser utilizada a partir dos 12 anos, sem limite

de idade, mas com o público-alvo definido entre os 18

e os 35 anos.

Tendo como parceiro tecnológico a Amazon Web

Services, que recentemente investiu 50 mil euros na

aplicação, a SelfieCombo conseguiu, no final do ano

passado, lançar-se no mercado com uma versão inicial

da aplicação, tendo sido selecionada para participar

no “Alpha Startup Programme”, uma iniciativa da Web

Summit que permite às jovens empresas demonstrarem

as suas ideias, produtos e inovações num dos maiores

palcos tecnológicos mundiais.

O responsável faz um balanço positivo desta participação:

“A interação que tivemos com clientes e o percebermos

que o mercado valida o conceito foi o mais

gratificante”.

UMA APP PARA PESSOAS E PARA EMPRESAS

Com uma grande apetência para o mercado do consumidor

final, a verdade é que a SelfieCombo quer também

chegar às marcas através dos eventos públicos,

maioritariamente focados nas “marcas que pretendam

fazer uma aproximação aos seus consumidores de forma

única”.

Com este modelo ainda em desenvolvimento, explica

Pedro Santos Martins, os utilizadores “vão passar

a poder submeter as suas selfies diretamente para o


JANEIRO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

evento dessa marca e, em troca, receberem prémios,

como descontos online”.

Para o cofundador, o que está em causa aqui é um

“projeto ambicioso de transformação do mercado da

publicidade e da forma como as marcas interagem com

os seus seguidores”, pois trata-se de “conteúdo real”.

Além disso, os utilizadores também podem criar os

seus próprios eventos privados, como férias em família,

ou aniversários.

MASSIFICAR EM 2020

O lançamento em novembro permitiu

à SelfieCombo chegar ao final de 2019

já com mais de mil utilizadores

da aplicação, a maioria portugueses

mas já com utilizadores de “quatro

ou cinco países diferentes”,

adianta.

Para escalar, os cofundadores

procuram agora investidores

externos que queiram ajudar

a massificar este novo movimento.

"SelfieCombo chegou

ao final do ano com mais

de 1000 utilizadores"

“Tivemos abordagens de vários

investidores e estamos neste momento

em negociações. Vamos agendar

diversas reuniões para testar a nossa solução

de eventos que vai revolucionar

a forma como as marcas vão interagir

com os seus consumidores daqui em diante.”

Para 2020, a aplicação surgirá com novas funcionalidades,

nomeadamente a possibilidade de comentar o

conteúdo que vai aparecendo no feed.

A aplicação está disponível de forma gratuita para

Android e IOS.

Aplicação permite fazer os combos com diferentes selfies de amigos que estejam em locais diferentes

39


p

MEDIR PARA GERIR

Conteúdo patrocionado:

TRANSFORMAÇÃO: A CHAVE PARA O SUCESSO

Josep María Raventós, country manager da Sage

Sage

A transformação é necessária. São diversas as empresas

que acabaram porque não se transformaram. Nas

pequenas e médias empresas, a transformação deve

ser uma prioridade, mas quando falamos, particularmente,

em transformação digital, ainda vemos alguns

empresários com dúvidas, relutância, hesitação.

Uma das principais razões pelas quais uma grande fatia

das PME Portuguesas ainda não cedeu à digitalização é

porque acreditam que se traduz num investimento alto.

Principalmente quando falamos de empresas pequenas,

a maioria associa a digitalização ao investimento

em laptops, às redes sociais e ao tempo que a sua gestão

acarreta e ao upload de documentos na Cloud. Mas

é muito mais do que isto: a transformação digital significa

trazer “inteligência digital aos negócios”.

Ainda que seja quase uma obrigação para o sucesso, a

transformação digital exige inovação tecnológica para

implementar diversos processos. E este parece por vezes

o patamar mais difícil de atingir para as nossas empresas.

Por isso, procuramos na Sage oferecer soluções

tecnológicas inovadoras que permitam alavancar

os negócios dos nossos Clientes, garantindo os rácios

de produtividade, eficiência e competitividade requeridos

pelos gestores, stakeholders ou acionistas.

Uma coisa que continuo a constatar ao longo dos anos

é que Portugal tem pessoas e organizações arrojadas,

pioneiras e dadas a novas experiências. E por isso

temos também bons exemplos de empresas nossas

clientes bem-sucedidas na sua digitalização.

O processo de transformação digital de uma empresa

é um investimento a médio e longo prazo, que tem

de ser ponderado e muito enquadrado na estratégia e

cultura empresariais. Mas se é verdade que na Sage,

quando nos referimos ao grau de digitalização das empresas,

o indicador que costumamos trabalhar é aquele

que identifica os investimentos em I+D (Investigação

e Desenvolvimento), adoção de software, sistemas e

equipamento informático; também é verdade que damos

particular relevância à “inteligência digital” que

está presente na empresa e que se traduz nas ações

táticas que ajudam qualquer PME a competir no mercado

global.

As soluções de mobilidade são e vão continuar a ser

a nossa aposta para podermos ir ao encontro daquilo

que estas pequenas e médias empresas procuram,

cada vez mais focadas em ter soluções na cloud - uma

transição inevitável.

40

Josep María Raventós, Country Manager da Sage

O investimento que a empresa realiza em tecnologia

pode assim condicionar diretamente a sua produtividade.

Para uma organização cujo foco do seu negócio

seja o comércio eletrónico, a presença digital – e uma

boa loja online, claro, - vão contribuir para uma maior

visibilidade que se traduzirá em vendas. Mas para estas

empresas, assegurar uma exímia gestão de Big Data é

um fator crítico. Só uma empresa com capacidade para

trabalhar e processar um constante turbilhão de dados,

conseguirá agilizar os seus processos de tomada de

decisão. Para isso, saber encontrar o melhor parceiro

tecnológico pode ser igualmente crítico.


JANEIRO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

LIQUIDEZ? OTIMIZE CUSTOS

Sara Monte e Freitas, partner da Expense

Reduction Analysts

Expense Reduction Analysts

O que faria na sua empresa se dispusesse de uma maior

liquidez? Novos investimentos em tecnologia, inovação,

talento, customer service, meios para aumento de

competitividade, internacionalização, otimização de

lucros... A lista, por certo, não teria fim.

Qualquer gestor de uma PME (e não só!), o que mais

ambiciona é conseguir níveis de liquidez que lhe permitam

pôr em marcha uma estratégia que ultrapasse

os resultados ambicionados por todos os stakeholders.

Todavia, todos sabemos, são poucos os que o conseguem.

Mas, e se lhe assegurasse que, com elevada probabilidade,

é possível atingir esse nível de liquidez na sua

empresa? E, sim, sem cortes cegos que afetem a atividade

ou, até mesmo, mantendo a maioria dos fornecedores.

Todas as empresas têm potencial para encontrar resultados

ocultos, através da otimização de custos com

fornecedores, e assim criar novas oportunidades. Muitas

vezes, pasme-se, na ordem dos dois dígitos. E a

sua, provavelmente, também terá.

Falar em redução de custos numa empresa tem, muitas

vezes, uma leitura negativa. É sinónimo de cortes e de

que algo não vai bem. Mas, pelo contrário. É sinal de

otimização financeira e de atenção ao detalhe. O detalhe

que pode fazer a diferença. Otimizando custos,

está a libertar-se capital para a criação de novas oportunidades.

E isso, mede-se no balanço anual.

Quando foi a última vez que a sua organização verificou

a oferta do mercado em todas as áreas onde tem

fornecedores? Com grande probabilidade, dado o dinamismo

do mercado, já existem ofertas muito mais

competitivas, que lhe permitem fazer poupanças consideráveis

ou com melhor nível de serviço, o que lhe

permite fazer uma oferta diferenciada aos seus clientes

ou, até mesmo, aumentar a margem.

Rubricas como energia, consumíveis, matérias-primas,

transportes, telecomunicações, seguros, e outras

despesas transversais têm, cada uma, um sem fim de

fornecedores, o que leva as organizações a procrastinar

negociações individualizadas. Afinal, a pressão do

dia-a-dia e o foco na margem do negócio acabam por

ser prioritários.

Se virmos, de forma abreviada, que na rubrica produção

há fornecedores de logística, consumíveis, trans-

Sara Monte e Freitas, partner na Expense Reduction Analysts

portes, manutenção, EPI (equipamentos de proteção

individual), fardas, trabalho temporário ou gestão de

resíduos; na rubrica fornecimentos e matérias primas

teremos energias, aços ou plásticos; e na rubrica despesas

gerais vamos encontrar telecomunicações, gestão

de frota, limpeza, segurança, material de escritório,

seguros, correios, viagens, gestão documental...

Compreendemos, facilmente, a razão pela qual as empresas

tendem a deixar para depois a negociação com

fornecedores.

Mas, imagine que, num curto espaço temporal, renegoceia

contratos com a totalidade de fornecedores?

Será nesse momento que vai encontrar o extra profit

que não imaginava existir e que permite fazer investimentos

estratégicos.

Ao defender esta abordagem, há quatro mitos que

afasto de imediato, sob pena de se tornarem uma verdade

a toda a prova:

1. Diminuir custos não significa estar disposto a

baixar a qualidade de serviço ou produto, ou, tão pouco,

a mudar de fornecedor;

2. Reduzir os custos não terá um impacto negativo

no moral dos quadros da empresa, libertará

margem para áreas anteriormente deficitárias;

3. Não é necessário alocar tempo e outros recursos

à descoberta de alternativas. Deixe isso para

terceiros;

4. Não é complexo medir e acompanhar os ganhos

efetivos. Vão sentir-se rapidamente na margem e

no valor de pagamento a fornecedores.

Sendo um percurso de médio prazo, sem que interfira

no dia-a-dia da sua empresa, vai resultar em liquidez e

lucros sustentados, a partir de poupanças escondidas.

Como referia no início do artigo, qualquer empresa necessita

da maior liquidez possível para investimentos

estratégicos em áreas como tecnologia, inovação ou

talento, que a vão diferenciar no mercado. E isso consegue-se

sem recurso ao endividamento.

41


o

Marketing

“AS PESSOAS E AS SUAS HISTÓRIAS CRIAM

A MUDANÇA E MOBILIZAM A SOCIEDADE”

Mariana Barros Cardoso

Divulgação

A criatividade está na base de uma boa comunicação? Ou de uma comunicação assertiva? Qual é a força da

criatividade numa comunicação? Mais ou menos próxima do recetor da mensagem? A PME Magazine foi à

procura de respostas para poder desmistificar a realidade da criatividade na comunicação de associações e

IPSS.

AFID conta com 33 anos de atividade na área social

Mundo a Sorrir, AFID, Corações com Coroa e The Big

Hand foram as quatro entidades com as quais falámos

de modo a descobrir como é que a criatividade nunca falha

para informar as pessoas de forma assertiva e sensibilizadora.

Há sempre coisas a comunicar, há sempre apelos a fazer

e quisemos perceber como é que não se esgotam

as ideias, visto que “a comunicação é fundamental para

mobilizar a sociedade civil para a causa que defendemos

diariamente”, diz-nos Mariana Dolores, presidente

da Mundo a Sorrir.

“Apostamos numa comunicação assertiva, transparente

e focada nas pessoas: beneficiários, colaboradores, voluntários,

associados e parceiros. Focamo-nos sempre

em retratar e contar as histórias das nossas pessoas”,

aponta.

“A comunicação é fundamental

para mobilizar a sociedade"

A Mundo a Sorrir é uma associação não governamental

que surgiu depois de uma experiência de voluntariado

em Cabo Verde, na qual dois jovens viram que seria fundamental

criar uma entidade para trabalhar nas áreas da

saúde e saúde oral junto das populações com maior vulnerabilidade

socioeconómica.

42

Nas palavras da presidente da Mundo a Sorrir, para uma

comunicação cuidada e criativa são necessários valores

como a “solidariedade, o conhecimento, o bem-estar e

a seriedade”.

“Empenho, dedicação, resiliência e amor a uma causa”,

juntamente com “rigor, objetividade, imaginação e

bom-humor” estão na chave do sucesso da AFID, afirma

Leonel Gomes, responsável de Marketing e da comunicação

que esta instituição tem para que consiga fazer

chegar a mensagem sempre de forma diferenciadora,

aquilo que é preciso para se conseguir “desmistificar alguns

temas que poderão ser tabus para grande parte da

população”.

A AFID é uma instituição de solidariedade social com 33

anos de atividade que nasceu de um grupo de pais com

pessoas com deficiência e técnicos, com uma vontade

ímpar no acolhimento, na saúde, e na integração dos

jovens com necessidades especiais e outros grupos em

situação de desvantagem social, apoiando atualmente

cerca de 1500 pessoas no concelho da Amadora.

Ana Magalhães, presidente da Corações com Coroa

afirma saber que “a igualdade de género” também é uma

capacidade da evolução da humanidade, sendo utilizada

como “uma estratégia eficaz para o combate à pobreza

e à exclusão social”, tendo como base na comu-


JANEIRO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

nicação criativa a “idoneidade, integridade, veracidade,

ética e espírito critico”.

A Corações com Coroa nasceu em 2012 e dedica-se a

quem se encontra numa situação mais vulnerável e em

risco de exclusão social ou pobreza, promovendo, entre

outros valores, a igualdade de género.

“A comunicação de apelo deva ser feita de modo a cativar

a atenção de quem nos segue com irreverência e

criatividade”, acrescenta a responsável.

James Walter Thompson foi a primeira pessoa a criar um

departamento criativo conhecido numa agência de publicidade,

(sendo considerado, nos Estados Unidos da

América, como o "pai da publicidade em revistas modernas).

O autor define a criatividade como a capacidade de

olhar para os mesmos factos que todas as pessoas, mas

ver neles algo distinto. Há quem defina a criatividade

como um processo que requer um estudo pessoal e social

para dar resultados inovadores e originais. Em 1999,

Ryhammar e Brolin declararam a criatividade como um

fenómeno que não podia ser compreendido fora de um

“sistema mais vasto de redes sociais, domínios de problemas

e campos de atuação”.

“Se a forma como abordamos

as pessoas for problemática, as

pessoas distanciam-se"

O caso da criatividade por parte das PME face a estas

associações solidárias surge como uma nova abordagem

com agentes sociais.

Mundo a Sorrir num projeto de saúde oral em São Tomé e Príncipe

A IMPORTÂNCIA DE SER POSITIVO

Existe uma linha ténue para a vitimização quando falamos

de temas mais sensíveis como os que as instituições

e associações de caridade tratam e a criatividade

entra aqui como um fator fundamental para que a comunicação

seja positiva e “focada no resultado, no impacto

do trabalho e não na pobreza extrema”, alerta David

Fernandes, presidente da The Big Hand, instituição que

constrói escolas, investe em equipamentos, na formação

de professores e programas inclusivos de forma a

preparar as crianças órfãs, ou que vivem em situações

desfavorecidas, para os desafios da vida e da mesma

em comunidade.

“É importante que estes agentes sociais se libertem de

antigos hábitos para que possam ver algo novo, como

um compromisso sólido a médio, longo prazo com um

projeto que se identifiquem e que possam acompanhar

o impacto que o seu investimento social teve na população”,

acrescenta David Fernandes.

No século XIX, Charles Darwin, naturalista, geólogo

e um dos contribuidores para a evolução nas ciências

biológicas com publicações como A Origem das Espécies

(1859), Descendência do Homem e Seleção em Relação

ao Sexo (1871), expõe a criatividade como “uma

das ferramentas para a resolução de problemas objetivos,

através de seleções e adaptações bem-sucedidas

e, por isso, perduráveis”. É nesse sentido que as IPSS

veem como fundamental a criatividade para soluções

“perduráveis”, afirmam.

É urgente, diz, haver uma “comunicação sincera, transparente

e com resultados, focada na resolução dos problemas”.

A comunicação, as palavras, aquilo que é transmitido a

partir do momento em que falamos, enviamos uma carta

ou uma mensagem é um poder e é preciso saber utilizá-

-lo e trabalhá-lo nas suas mais diversificadas vertentes.

Uma delas é a criatividade, que se traduz, quase, num

bem-estar generalizado devido às sensações que causa

a quem a lê, recebe ou interpreta.

Assim, David Fernandes ainda refere: “Se a forma como

abordamos as pessoas for problemática, as pessoas

distanciam-se. Se a abordagem for positiva, construtiva,

as pessoas envolvem-se”.

Projeto da The Big Hand no Hospital Provincial de Chimoio, Moçambique

43


o

tecnologia

“ESTAMOS A ASSISTIR A ATAQUES INFORMÁTICOS

CADA VEZ MAIS SOFISTICADOS” - Rui Duro

Ana Rita Justo

Check Point

Os ataques informáticos são uma das grandes

ameaças das empresas no século XXI. A proteção

contra estes ciberataques é um imperativo, mas

em Portugal ainda não está massificada. Rui Duro,

responsável de vendas da Check Point em Portugal,

fornecedor global líder de soluções de cibersegurança,

falou à PME Magazine sobre os alertas

que as empresas devem ter em conta na gestão da

segurança da sua informação.

PME Magazine – Em que ponto estão as empresas

portuguesas no que toca à proteção dos seus sistemas

informáticos?

Rui Duro – As empresas portuguesas encontram-se

num estágio ainda muito básico a nível de proteção dos

seus sistemas informáticos e ecossistemas empresariais.

Na Check Point, estamos a assistir a ataques

informáticos cada vez mais sofisticados e complexos,

aos quais chamamos de Gen V, uma geração onde os

cibercriminosos se comportam como autênticas organizações

multinacionais e bem estruturadas, para desenvolver

ataques cirúrgicos e massivos contra os seus

alvos.

PME Mag. – Quais são os ataques mais frequentes?

R. D.– Existem variados tipos de ataques frequentes,

mas na nossa monitorização contínua das ameaças

a nível global e em território português, através da

nossa plataforma Threat Cloud, podemos destacar que

a mineração de criptomoedas através da exploração

de recursos de hardware das vítimas tem sido, nos

últimos dois anos, a principal fonte de ameaça para as

empresas, bem como diversos ataques de ransomware

que sitiam o ecossistema informático das vítimas e

pedem resgates em bitcoin para poderem libertar os

dados e informação sensível das vítimas. Os ataques

a dispositivos móveis têm vindo também a crescer de

forma muito acentuada, o que nos leva sempre a alertar

para a necessidade de implementação de soluções que

agreguem os endpoints.

44

Rui Duro, sales manager da Check Point Software para Portugal

PME Mag. – Segundo o 2019 Verizon Data Breach Investigations

Report, 63% das tentativas de ataque

contra PME foram bem-sucedidas. Que impacto

pode um ataque destes ter numa PME?

R. D.– O impacto pode ser tal, que pode levar ao encerramento

de atividade de uma empresa. Os ataques

já não acontecem no momento em que se detetam. Os

cibercriminosos estão a ficar cada vez mais sofisticados

e procuram novas estratégias de intrusão, conseguindo

introduzir-se nos ambientes e sistemas informáticos

e onde permanecem “adormecidos” durante

largos períodos de tempo, recolhendo informação, hábitos

de utilização, estudando potenciais brechas dos

sistemas, para, no momento de ativação do ataque,

não darem hipótese de reação às vítimas. Isto significa

“Os ataques a dispositivos móveis

têm vindo a crescer de forma

muito acentuada, o que

nos leva sempre a alertar para

a necessidade de implementação

de soluções que agreguem

os endpoints"

que uma PME, ao ser alvo de um ataque, paralisará totalmente

a sua capacidade de gestão e reação, ficando

totalmente refém das exigências dos cibercriminosos.

PME Mag. – Para muitas PME, a falta de recursos financeiros

continua a ser um problema para a implementação

de recursos contra malaware. Como contornar

isso?

R. D.– Durante muito tempo essa poderia ser uma desculpa,

porém, atualmente, com as diversas soluções

existentes no mercado, é possível a qualquer PME estar

devidamente protegida e agir de forma proativa na

previsão, deteção e anulação das ameaças de segu-


JANEIRO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

RGPD AJUDA

NA SEGURANÇA

DOS DADOS

Um novo estudo patrocinado pela Check Point

e levado a cabo em parceria com a empresa de

estudos de mercado OnePoll revelou que a

implementação do RGPD tem trazido um efeito

extremamente positivo nos processos de

negócio europeus.

rança. Na Check Point, temos desenvolvido soluções

completas, baseadas na cloud, que permitem a proteção

total das empresas desde as suas infraestruturas

básicas aos endpoints (telemóveis, computadores

portáteis e outros dispositivos que possam ter acesso

a informação).

“O impacto pode ser tal,

que pode levar ao encerramento

de atividade de uma empresa"

PME Mag. – O que podem as empresas fazer para se

salvaguardarem destes ciberataques?

R. D.– Antes de tudo, focar-se primeiramente na prevenção

e formação. A formação dos seus colaboradores

reduzirá a probabilidade de serem alvo de um ataque,

pois a maior e mais perigosa brecha na segurança

de qualquer empresa é o fator humano. Em conjunto,

implementar políticas claras e restritas de segurança,

que permitam minimizar o risco de exposição da

informação da empresa, acompanhadas pela implementação

de uma solução tecnológica integrada, que

leve a assegurar todo e qualquer dispositivo de acesso

à informação, todos os processos de gestão de informação

e infraestrutura tecnológica quer de hardware,

como de software.

O estudo contou com respostas de 1000 CTO,

CIO, IT managers e Security managers de França,

Alemanha, Itália, Espanha e Reino Unido

para compreender como as empresas europeias

abordaram os requisitos do RGPD e

revelou que três quartos (75%) das organizações

acreditam que o RGPD teve um impacto

benéfico na confiança do consumidor, e 73%

asseguram que melhoraram a segurança dos

seus dados.

Já 60% dos inquiridos afirmam que os seus

negócios já adotaram por completo todas as

medidas de RGPD, e apenas 4% ainda estão

no início do processo de conformidade.

Uma razão potencial para este desempenho

positivo prende-se com a abordagem estratégica

à segurança dos dados que o RGPD encorajou.

Este estudo ainda revela que 65% dos

inquiridos acreditam que as suas empresas

têm uma abordagem estratégica e orgânica à

cibersegurança. Esta abordagem estratégica

define-se num todo, onde as medidas são

aplicadas de baixo para cima – e isto está a

ser usado para atingir as obrigações do RGPD.

45


o

tecnologia

CINCO TENDÊNCIAS QUE MARCAM O FUTURO

DO E-COMMERCE

Ana Rita Justo

PhotoMIX

E-commerce conta com quase sete milhões de compradores portugueses

A Minsait identifica os cinco pilares que vão permitir um comércio eletrónico mais inovador e que deverão

guiar as estratégias de fabricantes, vendedores e distribuidores.

São cinco as tendências que vão marcar o futuro do

e-commerce. Esta é a conclusão de um estudo da Minsait,

empresa de consultoria de transformação digital

e tecnologias da informação. O estudo “5 pilares para

construir o e-commerce do futuro” conclui que as compras

online estão cada vez mais direcionadas para experiências

simplificadas, fluídas e homogéneas, não

condicionadas pelo canal utilizado, e que as diferenças

entre o on e o off nos espaços físicos tendem a desaparecer.

Eis as cinco tendências do futuro do e-commerce:

1 – Pagamentos digitais quase invisíveis

Pagar através de uma app ou mesmo depois de abandonar

o local de compra é algo que já é possível. A tendência

será sempre, segundo a Minsait, para simplificar

os métodos de pagamento, tornando quase invisíveis os

processos de check-out. Os pagamentos digitais vieram

para ficar e assumem-se como um meio facilitador da

experiência de compra, nomeadamente associados a

soluções apoiadas no blockchain ou a aplicações de pagamento

com criptomoedas.

2 – Automatização personalizada

Isto é, com base nos dados de cada cliente. Segundo o

estudo, a automatização “permite categorizar os clientes

em função do valor das suas compras ou do canal de

aquisição e segmentá-los em campanhas”, resultando

em campanhas de marketing digital mais eficazes, bem

como na boa gestão de produtos e inventários, assegurando

os stocks ou administrando as reclamações de

forma mais ágil.

3 – Inteligência artificial na personalização

Esta será a tendência que irá, verdadeiramente,

“revolucionar a experiência de compra”, segundo o

46

estudo, ao criar uma individualização para a oferta de

cada um, adaptado ao perfil de cada cliente. Isto só

será possível através da conjugação de tecnologias

de machine learning na deteção e processamento de

informação. “Os bots avançados, capazes de rastrear

um pedido, a fusão dos algoritmos de recomendação,

dispositivos de voz para o lar e linguagem natural, ou até

mesmo a introdução de reconhecimento biométrico dos

clientes e pesquisa visual dos produtos nos comércios

são alguns dos exemplos”, refere a Minsait.

4 – Autogestão

Através de tecnologias que permitam a integração de

canais, serviços e reconhecimento do cliente, será mais

fácil para o consumidor interagir com a marca, independente

do momento e do ponto de contacto que escolha

para o fazer. “É o caso de plataformas que permitem o

acesso a produtos e serviços a partir de vários dispositivos

wearables dentro de um determinado ambiente ou

inovações tecnológicas, para integrar novas funcionalidades

às redes sociais”, adianta a consultora.

5 – Profissionalização do B2B

Para a excelência na experiência do utilizador é necessário

elevar a profissionalização do business to business

(B2B). Tal só é possível através de plataformas na nuvem

que facilitem a “automatização de tarefas manuais

de gestão e consolidação de dados”, bem como outras

funções que melhoram a eficiência e o time-to-market,

isto é, o tempo que um produto leva a chegar ao mercado

desde a sua conceção.

O comércio eletrónico veio para ficar e, em Portugal,

conta com já quase sete milhões de portugueses utilizadores

em 2019, segundo dados do site Statista, com

um volume de compras a ascender aos 2600 milhões de

euros.


f

fora d'horas

JANEIRO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

LEGADO PORTUGUÊS NO ORIENTE SERVIDO À MESA

Mariana Barros Cardoso

JNcQUOI Ásia

A História dos “Heróis do Mar" é representativa de

audácia e curiosidade, tal como o novo restaurante do

grupo Amorim Luxury, JNcQUOI Ásia, que pretende

levar todos os que ali entrarem numa viagem sensorial

e temporal.

Entramos no JNcQUOI Ásia e sentimos um misto entre

dois continentes, o europeu e o asiático, tão bem misturados

que é precisa muita atenção para perceber onde

começa cada legado.

A ideia do restaurante passa por “não ser mais um restaurante

asiático, porque isso é o que há mais em Lisboa”,

refere Soraia Mangi, responsável de comunicação

do espaço, à data desta entrevista.

“A ideia é exaltar os feitos dos portugueses durante os

descobrimentos e as influências que levaram para o

Oriente, nomeadamente para a Índia, para a Tailândia,

para a China e para o Japão e são estas as quatro gastronomias

que servimos aqui.”

O JNcQUOI Ásia fica, tal como o primeiro restaurante

do grupo, JNcQUOI Avenida, na Avenida da Liberdade,

em Lisboa, e tem capacidade para 300 pessoas entre

quatro espaços diferentes: o “Red Bar”, o restaurante, o

sushi-bar e o terraço.

JNcQUOI Ásia, bacalhau negro

O primeiro espaço que visitámos foi o “Red Bar”, com

capacidade para 90 pessoas, com entretenimento todos

os dias, até às 02h00, com opções asiáticas de bebidas

– whiskey japonês, por exemplo. Pretende ser um

espaço independente dos restantes, que permite que as

pessoas possam estar aqui a usufruir do bar. Aqui, encontra-se

um mapa informativo com “as zonas que os

portugueses conquistaram, as zonas em que os portugueses

tiveram influência, em que passaram, tem também

detalhes históricos importantes”, diz Soraia.

“Mas, realmente, aquilo que o mapa nos informa e que

é mais importante na explicação do nosso conceito são

os produtos levados para a Ásia pelos portugueses e os

produtos trazidos pelos portugueses da Ásia.”

JNcQUOI Ásia, Wonton Siew Mai

Com este mapa é fácil perceber que muitos dos produtos

que atualmente associamos à comida asiática foram

levados pelos portugueses.

“As pessoas associam muito o açafrão à comida indiana

e acham que é uma coisa indiana, mas é uma coisa

das regiões mediterrânicas e que foi levada para a Índia

pelos portugueses, daí a influência dos portugueses”,

revela.

No Japão, os portugueses influenciaram a tempura. Algo

que entendemos como japonês, mas, na verdade, “os

japoneses não conheciam bem o que eram os fritos, até

os portugueses chegarem lá e introduzirem este hábito

na gastronomia japonesa”.

“Este restaurante acaba por ser mais português do que

asiático, porque queremos mostrar aquilo que fizemos

no passado e se o país é hoje como é, com todas estas

misturas e todas estas influências, podemos dizer que

fomos muito grandes e conseguimos mudar muita coisa

na história”, sublinha.

O restaurante tem 112 lugares para saborear “a comida

mais autêntica destas duas gastronomias e só é possível

fazer com o equipamento certo”, adianta. O terraço, ao

ar livre, decorado de forma a criar “ilusão de um passeio

nas ruas movimentadas de Tóquio”, tem capacidade

para 50 pessoas. O sushi bar é outra área do JNcQUOI

Ásia, com 45 lugares sentados, “um espaço dedicado

para a degustação do sushi e da comida japonesa, para

ter uma experiência mais autêntica, mais verdadeira”.

Uma das sensações que o JNcQUOI Ásia pretende causar

é “o orgulho de sermos portugueses, também pelo

espaço que é e por tudo aquilo que, nós portugueses, já

conquistámos”.

47


f

Agenda

48

Pedro Montijo

28 E 29

JANEIRO

BUILDING

THE FUTURE

Pavilhão Carlos Lopes, Lisboa

Building the Future é onde a

tecnologia, a transformação e

a liderança se reúnem para capacitar

pessoas e organizações.

Neste evento, irá encontrar especialistas

que estão a mudar

a forma como interagimos com

a realidade e poderá aprender

com elas com sessões práticas.

Mais informações em:

buildingthefuture.pt

06 A 08

EXPOJARDIM

FEVEREIRO

Exponor - Feira Internacional

do Porto

A Expojardim ganha força e com

um novo formato e ruma ao Norte.

De 6 a 8 de fevereiro, a Exponor

recebe uma grande diversidade

de equipamentos, produtos e serviços,

permitindo reforçar a presença

de empresas da zona Norte

do país, na maior feira do setor.

Mais informações em:

exponor.pt/recinto/agenda/expo-jardim

20 A 23

FEVEREIRO

IDF BY INTERDECORAÇÃO

SPRING EDITION

Exponor – Feira Internacional do

Porto

A edição Spring da IDF by Interdecoração

acontece entre 20 e 23 de

fevereiro. Criando a ponte entre as

marcas consagradas do setor e os

novos talentos, a feira oferece aos

visitantes profissionais uma visão

mais abrangente das tendências e

novas soluções do mercado.

Saiba mais em: idf.exponor.pt/spring

19

FEVEREIRO

INOVAÇÃO NOS RH COM LEGO

SERIUS PLAY

Centro de Formação Vantagem+,

Lisboa

A metodologia Lego Serious Play (LSP)

é um processo de facilitação que

desperta a imaginação, utilizando

desafios complexos e abstratos e

permitindo uma comunicação em três

dimensões com o auxílio de blocos

Lego, para construir metáforas e

desenvolver uma história (storytelling).

Saiba mais em:

vantagem.com/pt/seminarios-eventos


JANEIRO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

22 FEVEREIRO

HELLO POINTS WORKSHOP

Núcleo de Lisboa e Vale do Tejo da ANJE, Algés

A Points of You é um conceito único e inovador

que contribui para o desenvolvimento profissional

e individual de cada pessoa. Este workshop

promove uma abordagem que parte do indivíduo

para as organizações, em qualquer prática

profissional.

Saiba mais em: foco.anje.pt

MODELO DE NEGÓCIO EU

ANJE - Évora

7

MARÇO

A ANJE propõe um flash training direcionado para

o desenvolvimento pessoal e da sua carreira, utilizando

o quadro de modelos de negócio como ponto

de partida para a concretização de um modelo de

negócio pessoal.

11 A 14

QUALIFICA

MARÇO

Exponor – Feira Internacional do Porto

Saiba mais em: foco.anje.pt

A “economia circular” é um sistema de produção

e consumo que promove o uso sustentável dos

recursos, em ciclos fechados energizados por

fontes renováveis, regenerando o capital natural

e assegurando o progresso social.

Saiba mais em: qualifica.exponor.pt

360 TECH INDUSTRY

02 A 03

ABRIL

Exponor – Feira Internacional do Porto

A 360 Tech Industry – Feira Internacional da

Indústria 4.0, Robótica, Automação e Compósitos

apresenta as novas soluções tecnológicas

para a transformação digital do seu negócio. É

dirigida a todos os setores industriais e apresenta

soluções para toda a cadeia industrial.

Saiba mais em: 360techindustry.exponor.pt

49


x

OPINIÃO

A IMPORTÂNCIA DO ESTÍMULO DA CRIATIVIDADE

NAS EMPRESAS

Miguel Pina Martins, fundador e CEO da Science4you

João Filipe Aguiar

De forma geral, é relevante que as empresas tenham

uma doutrina de criatividade constante e que possuam

equipas de inovação emancipadas, cuja função seja

identificar tendências e apresentar novos produtos

para colocar no mercado.

Atualmente, na Science4you, a criatividade aliada à

inovação, com diretrizes definidas pelo marketing, é

o que marca e desafia a criação de novos produtos. A

equipa da inovação é multidisciplinar e é formada por

colaboradores que criam novos produtos, que pesquisam

e analisam os brinquedos existentes no mercado.

Por designers que elaboram as caixas e por cientistas

que testam experiências e escrevem os manuais.

É importante que as empresas consigam entender os

benefícios existentes em dar liberdade à criatividade

dentro das instituições. A criatividade é uma ferramenta

excelente e pode ter como argumento conseguir

acompanhar as tendências do mercado, criar valor

acrescentado aos produtos, melhorar a qualidade dos

outputs e garantir uma admirável imagem nos resultados.

A criatividade para as empresas pode ser o que marca

e diferencia os produtos no mercado. É significativo

que nas organizações existam políticas fluidas e que a

criatividade seja vista como algo muito relevante para a

instituição, pois é a arte de permitir que nasçam ideias,

por parte de qualquer colaborador, de forma liberta e

sem constrangimentos.

O workflow de criação de um produto pode ter como

paradigma o surgimento de uma ideia e como matriz de

aplicação a capacidade de a inovação justapor a ideia

à realidade da empresa. A organização deve dar liberdade

a que qualquer colaborador se exprima e que desafie

a inovação com novas convicções que permitam

os produtos serem diferenciadores no mercado. Desta

forma, é extremamente importante que as organizações

sejam recetivas às ideias que surgem dos criativos.

A criatividade é muito importante nas empresas, mas

na Science4you, cujo setor tem como base a inovação,

é uma das maiores premissas de aposta da administração.

A inovação, ao ser bem aplicada, é o que marca a

estratégia competitiva da empresa, pois muitas vezes a

criatividade é apenas a capacidade de descobrir diferentes

formas de produzir o mesmo produto de forma

ímpar.

50

Miguel Pina Martins foi figura de capa da PME Magazine em julho de 2019

De realçar que a criatividade dificilmente consegue ser

desenvolvida em ambientes e empresas estáticas e

com processos excessivamente rígidos. Desta forma, é

prioridade que a administração consiga aculturar a empresa

e encoraje os seus colaboradores à liberdade da

inovação por forma a levar a empresa mais longe.


PT-BIO-03

Agricultura Portugal


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