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NO Revista Janeiro 2019

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eportagem<br />

No que diz respeito à<br />

preservação de todo o<br />

património documental<br />

e histórico da Guerra do<br />

Ultramar, Sérgio Rezendes<br />

diz ser necessário “arregaçar<br />

as mangas” e organizar os<br />

arquivos de documentos<br />

históricos, recorrer às<br />

bibliotecas como base de<br />

sustentação de todos os dados<br />

e estudos provenientes de<br />

acontecimentos deste género,<br />

etc.<br />

Por fim, o orador menciona<br />

ainda a importância de ver a<br />

História dos dois lados, ou seja,<br />

conhecer o nosso lado, mas<br />

tentar conhecer e saber mais<br />

como é que este conflito foi<br />

para os povos das ex-colónias,<br />

de modo a “posicionar e ter<br />

uma leitura mais íntima”.<br />

O que eu vos venho apresentar<br />

aqui, não vou dizer que é<br />

uma “mão cheia de nada”,<br />

porque efetivamente é muita<br />

informação que tenho vindo a<br />

recolher, dentro e fora do país,<br />

mas acima de tudo é um modus<br />

operandi, é uma mensagem<br />

aos alunos que me convidaram<br />

para vir cá, para que vejam este<br />

conflito em várias áreas, fora<br />

da caixa, a nível internacional”.<br />

Uma história que nos une hoje,<br />

em tempo de paz, através de um<br />

motivo que foi a guerra.<br />

O segundo painel das<br />

conferências focou-se no aspeto<br />

mais militar, levando dois<br />

homens que viveram a Guerra<br />

do Ultramar a falar sobre a sua<br />

experiência: Coronel Salgado<br />

Martins e Amaro de Matos.<br />

Coronel Salgado Martins<br />

cumpriu duas comissões<br />

de serviço no ex-Ultramar<br />

Português, em Angola e na<br />

Guiné.<br />

Durante a sua intervenção,<br />

abordou, de maneira mais<br />

técnica e tática, os anos de<br />

guerra. Apresentou também<br />

dados relativos ao número de<br />

açorianos que partiram para<br />

África, bem como os que lá<br />

falecerem, tal como já tinha<br />

sido apresentado antes.<br />

O Coronel referiu ainda a<br />

importância da “africanização<br />

da Guerra”, que começou a<br />

surgir a partir de meados da<br />

década de 60. Esta manobra<br />

consistia em recrutar tropas<br />

nos próprios territórios, o que<br />

permitia envolver as populações<br />

na Guerra, diminuindo a base<br />

de recrutamento das guerrilhas,<br />

completar a capacidade de<br />

recrutamento metropolitano,<br />

praticamente esgotado,<br />

vantagem no conhecimento<br />

do terreno e de adaptação ao<br />

meio, entre outras mais-valias<br />

para as tropas portuguesas.<br />

Estima-se que em 1973, 42%<br />

dos efetivos em Angola já eram<br />

tropa recrutada localmente,<br />

em Moçambique já era<br />

mais de metade, e na Guiné<br />

correspondia a 20%.<br />

Para além da “africanização<br />

da Guerra”, da prática de<br />

uma guerra de baixo custo<br />

adequada a um conflito de baixa<br />

intensidade, e da organização<br />

operacional, o Coronel Salgado<br />

Martins destaca como fatorchave<br />

para o sucesso de<br />

Portugal na Guerra do Ultramar,<br />

o facto de “ter sido executada<br />

<strong>NO</strong>JAN20 17

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