Edição 5: Educação de qualidade
Nesta edição debruçamos-nos sobre o 4 objetivo de desenvolvimento sustentável: educação de qualidade.
Nesta edição debruçamos-nos sobre o 4 objetivo de desenvolvimento sustentável: educação de qualidade.
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Educação para a Sustentabilidade
julho de 2019
Ficha técnica
Coordenadora
Susana Machado
Coordenadora-adjunta
Cláudia Martins
Redatores
Susana Machado
Cláudia Martins
Carina Rodrigues
Ana Carvalho
Design e paginação
Susana Machado
Design da capa e contracapa
Patrícia Duarte Gonçalves
Contactos:
fb.me/aarcadenoa
m.me/aarcadenoa.
http://formula-s.pt/revista/
Os conteúdos e ideias publicados são da inteira responsabilidade dos autores dos artigos.
2
Conteúdo
Nesta Edição
3
Editorial
“A educação é a arma mais
poderosa que você pode usar
para mudar o mundo”
Nelson Mandela
A não perder nesta
edição:
Esta é talvez uma das afirmações
mais famosas sobre educação. Quando
a fez, em 2003, Nelson Mandela, antigo
presidente da África do Sul, estaria
longe de imaginar que se tornaria viral,
mesmo numa época em que as redes
sociais não eram nem uma fração
daquilo que são hoje.
Mas a sua consciência sobre a
necessidade e o poder da educação
começou muito antes, ainda nos anos
50… muito foi feito desde então, mas há
ainda um imenso caminho a percorrer
para conseguirmos atingir uma
edução de qualidade e o o
acesso à educação inclusiva, de
qualidade e equitativa, e
promover oportunidades de
aprendizagem ao longo da vida
para todos.
4
Esse é o 4º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável e
é a ele que dedicamos esta edição.
É, para mim, um dos mais importantes. Não só pela
minha formação no ramo educacional, mas sobretudo
porque acredito plenamente nas palavras de Nelson
Mandela.
Ao longo desta edição iremos trazer fatos, mas
também perspetivas sobre o tema da educação
esperando, acima de tudo e como sempre, que sejam
uma forma de despertar reflexões e consciência que
sirvam de base para a ação e a mudança de
comportamentos e realidades.
Até já!
Susana Machado
Escritora, professora e especialista em desenvolvimento
www.instagram.com/susanamachado_autora
www.facebook.com/susanamachado.autora
susanamachado@formula-s.pt
Www.formula-s.pt
5
Conto
A Arca de Noa
Escrito por Susana Machado
- Aqui é o aterro e tudo isto que vês é lixo. É para aqui
que vem o lixo que ontem pusemos na rua e o de toda a
gente.
Noa sentiu uma tristeza tomar conta de si perante
aquela paisagem desoladora.
- É tão feio… de onde eu venho não há nada disto, tudo
é aproveitado…não há outra solução para o lixo?
- Bom…acho que sim… se toda a gente procurasse
reduzir a quantidade de materiais que utiliza, os reutilizasse
sempre que possível e os reciclasse quando já não têm
mais utilidade, a quantidade de lixo seria menor. Mas as
pessoas não se preocupam com isso…
- Mas porque não o fazem? É muito difícil, isso da
reciclagem?!
6
Clara sorriu com a inocência da pergunta da amiga. – Não, é
até bastante fácil de fazer.
- E porque não fazem, então?! – Insistiu Noa.
- Não sei…
...
No dia seguinte, Noa acordou ainda impressionada com a
tristeza da paisagem que Clara lhe mostrara. Era como se um
sentimento de desesperança tivesse tomado conta do seu
coração.
- Clara, tu és minha amiga?
- Claro que sou tua amiga, não o consegues perceber? –
Respondeu Clara confusa com a pergunta.
7
- Então posso contar-te um segredo, daqueles que só se
contam aos amigos e esperamos que o guardem para
sempre?
mim!
- Os amigos confiam uns nos outros e tu podes confiar em
- Clara, eu sou diferente porque venho de um Mundo
diferente. Eu moro nas nuvens, com a minha família e os
meus amigos. Nunca antes tinha descido à Terra e é por
isso que não conheço as coisas que tu me mostras. Apenas
as posso ver ao longe, lá de cima. O sítio onde moro é um
lugar maravilhoso, feito de harmonia e serenidade, gostava
que o pudesses conhecer…
- Já tinha percebido que és um ser especial – sorriu Clara
– e porque só agora vieste à Terra?
- Nós, habitantes do Coelum, estamos proibidos de vir à
Terra. Eu fugi, porque a minha mãe está doente e preciso
de a salvar.
- Como?
- Antes de vir eu ouvi os anciãos dizerem que apenas a
Estrela de Luz poderia salvar a minha mãe e que estava
aqui na Terra. Preciso de a encontrar!
8
- Mas onde?
- Não sei Clara! Apenas descobri que essa Estrela de Luz foi
guardada numa arca, muito especial. Por isso é que preciso da
tua ajuda! Preciso que me ajudes a encontrar essa arca o mais
rápido possível, pois a mãe não pode esperar muito tempo.
- Eu nunca ouvi falar dessa Estrela de Luz, nem de arca
nenhuma… mas talvez te possa ajudar. Vou levar-te a conhecer
o meu avô. Ele já é muito velhinho e é muito sábio. Acho que
ele sabe todas as coisas do mundo, por isso, há-de saber onde
encontrar o que precisas.
(Continua na próxima edição)
9
À Descoberta de Noa
∗
É tão feio… de onde eu venho não há nada disto, tudo é
aproveitado…não há outra solução para o lixo?
Faz uma lista de possíveis soluções para resolver o problema descrito no
texto.
∗
- Mas porque não o fazem? É muito difícil, isso da reciclagem?!
Elabora alguns cartazes com dicas sobre reciclagem. Espalha-os pela
tua escola.
10
∗
Ele já é muito velhinho e é muito sábio. Acho que ele sabe todas
as coisas do mundo, por isso, há-de saber onde encontrar o que
precisas.
Elabora uma lista de perguntas que possas colocar aos teus avós, pais
ou algum adulto mais velho. Tenta descobrir algumas das coisas que
eles sabem e tu não. Aqui ficam algumas sugestões de perguntas, usa
a tua imaginação para aumentar a lista:
1. Qual o teu nome? Tem algum significado especial?
2. Como é que foi a tua infância?
3. O que é que fazias nos tempos livres?
4. Em que sítios trabalhaste e o que fazias?
5. Que tipo de coisas a tua família fazia juntos quando eras jovem?
6. Quais eram os teus assuntos favoritos na escola?
7. Tens algum arrependimento?
8. Do que é que te mais orgulhas?
9. Qual foi o melhor conselho que já te deram?
10. Que conselho gostarias de me dar?
11
Transformar o Mundo
Um objetivo de cada vez...
4 Educação
de qualidade
Garantir o acesso à educação inclusiva, de qualidade e equitativa, e
promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos
• Até 2030, garantir que todas as meninas e meninos completam o ensino
primário e secundário que deve ser de acesso livre, equitativo e de qualidade,
e que conduza a resultados de aprendizagem relevantes e eficazes
• Até 2030, garantir que todos as meninas e meninos tenham acesso a um
desenvolvimento de qualidade na primeira fase da infância, bem como
cuidados e educação pré-escolar, de modo que estejam preparados para o
ensino primário
• Até 2030, assegurar a igualdade de acesso para todos os homens e mulheres
à educação técnica, profissional e superior de qualidade, a preços acessíveis,
incluindo à universidade
• Até 2030, aumentar substancialmente o número de jovens e adultos que
tenham habilitações relevantes, inclusive competências técnicas e
profissionais, para emprego, trabalho decente e empreendedorismo
12
• Até 2030, eliminar as disparidades de género na educação e garantir a
igualdade de acesso a todos os níveis de educação e formação profissional
para os mais vulneráveis, incluindo as pessoas com deficiência, povos
indígenas e crianças em situação de vulnerabilidade
• Até 2030, garantir que todos os jovens e uma substancial proporção dos
adultos, homens e mulheres, sejam alfabetizados e tenham adquirido o
conhecimento básico de matemática
• Até 2030, garantir que todos os alunos adquiram conhecimentos e
habilidades necessárias para promover o desenvolvimento sustentável,
inclusive, entre outros, por meio da educação para o desenvolvimento
sustentável e estilos de vida sustentáveis, direitos humanos, igualdade de
género, promoção de uma cultura de paz e da não violência, cidadania
global e valorização da diversidade cultural e da contribuição da cultura para
o desenvolvimento sustentável
• Construir e melhorar instalações físicas para educação, apropriadas para
crianças e sensíveis às deficiências e à igualdade de género, e que
proporcionem ambientes de aprendizagem seguros e não violentos, inclusivos
e eficazes para todos
• Até 2020, ampliar substancialmente, a níel global, o número de bolsas de
estudo para os países em desenvolvimento, em particular os países menos
desenvolvidos, pequenos Estados insulares em desenvolvimento e os países
africanos, para o ensino superior, incluindo programas de formação
profissional, de tecnologia da informação e da comunicação, técnicos, de
engenharia e programas científicos em países desenvolvidos e outros países
em desenvolvimento
• Até 2030, aumentar substancialmente o contingente de professores
qualificados, inclusive por meio da cooperação internacional para a
formação de professores, nos países em desenvolvimento, especialmente os
países menos desenvolvidos e pequenos Estados insulares em desenvolvimento
In https://www.ods.pt/objectivos/4-educacao-de-qualidade/
13
Sabias que…?
O Objetivo 4 dos 17 Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável visa
“Assegurar a educação inclusiva e
equitativa de qualidade, e
promover oportunidades de
aprendizagem ao longo da vida
para todos”.
A UNESCO, como agência
especializada das Nações Unidas
para a educação, é responsável
por liderar e coordenar a Agenda
da Educação 2030, que é parte de
um movimento global para
erradicar a pobreza até 2030
através dos 17 Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável.
A Maior Lição do Mundo é uma
iniciativa internacional que conta
com o apoio da UNICEF, que visa
contribuir para a reflexão e ação
no âmbito dos ODS envolvendo
todas as crianças e jovens e
promovendo uma cidadania global
ativa e uma maior
consciencialização do papel de
cada um na construção de um
mundo mais seguro, mais saudável
e mais sustentável.
14
15
Ashoka - Everyone a changemaker
Entrevista a Ana Margarida Avillez
1. Qual é a missão da Ashoka?
A Ashoka quer contribuir para a co-construção de um novo
cenário necessário para viver e trabalhar juntos num mundo em
constante mudança. Os quatro elementos principais desse novo
cenário são empatia, trabalho de equipa, liderança
colaborativa e realização de mudanças.
A missão da Ashoka centra-se hoje em garantir que:
(1) todas as crianças têm empatia como uma característica
forte e definidora das suas ações e visão do mundo,
(2) todos os jovens experimentem realizar mudanças sociais
positivas
(3) as organizações em todos os setores adotem um estilo de
trabalho de "equipas de equipas" flexíveis e abertas que apoiam
a realização de mudanças por todos.
2. Há quanto tempo existe e como surgiu em Portugal?
O americano Bill Drayton fundou a Ashoka em 1980 com o
objetivo de potencializar as transformações sociais positivas por
meio do reconhecimento e do apoio a empreendedores sociais
inovadores, com um impacto sistémico. Atualmente está
presente em mais de 90 países. Existe em Portugal desde 2017.
16
“Não há nada mais poderoso do que uma nova ideia
nas mãos de um empreendedor social.”
Bill Drayton Fundador da Ashoka
17
3. Na sua opinião, de que forma a Ashoka pode melhorar a
educação no nosso país (e no mundo)?
Acreditamos que em Portugal estamos num ponto de
viragem:
• A sociedade no geral reconhece uma necessidade de mudar
o paradigma do sistema educativo, para que prepare as
crianças e jovens para um mundo em constante mudança;
para um mercado que automatizará muitos dos empregos
que hoje conhecemos; e para um mundo que a nossa
identidade digital define a informação a que acedemos e a
rede de pessoas a que nos ligamos.
• É reconhecido ainda que as antigamente chamadas soft skills
são efectivamente as competências do século XXI, e que
queremos apostar num cidadão que seja agente de
mudança para o bem comum, no meio em que vive, no seu
país e no mundo.
Para alcançar estes objectivos é essencial apostar num
sistema que efectivamente desenvolva competências como:
empatia, liderança, proactividade para o bem comum e
colaboração/trabalho em equipa
A ASHOKA acredita num mundo em que cada pessoa é
agente de mudança positiva na sua comunidade, país e no
mundo. De forma a concretizar esta visão a ASHOKA actua
em Portugal na identificação de escolas transformadoras, que
já formam os cidadãos agentes de mudança do futuro,
dando visibilidade a estas boas práticas; promovendo a
colaboração entre escolas e projectos educativos e apoiando
a sua evolução e o seu papel de transformadores das
comunidades em que se inserem; incentiva iniciativas para
identificação de crianças e jovens agentes de mudança,
procurando garantir o acompanhamento, mentoria e
aceleração dessas iniciativas. Fiquem atentos às novidades
em 2020 e não deixem nunca de imaginar connosco um 2020
melhor.
18
No mundo inteiro a ASHOKA identifica líderes que já estão a
transformar mundo positivamente contribuindo para esta visão, os
fellows. E acompanha-os num caminho de trabalho colaborativoco em
rede, de formação contínua para fazer face aos desafios que vão
encontrando nos diferentes projectos; e de contínua abertura ao mundo
e a uma visão transformadora do futuro.
Conheça os fellows aqui: https://www.ashoka.org/en/our-network/
ashoka-fellows
4. De que forma podemos participar neste projeto?
Actualmente a ASHOKA está a fazer um mapeamento de iniciativas
individuais, de grupos e /ou redes na área da educação formal e
informal, que estejam a contribuir directamente para uma mudança de
paradigma no modo como pensamos os cidadãos que queremos ser e
formar.
Pode escrever-nos indicando nome; contacto e um resumo da iniciativa
que está a liderar; ou iniciativa em que acredita e acha que deve ser
conhecida e apoiada, para aavillez@ashoka.org.
19
As formas do aprender
Por Cláudia Martins
Professora do 1º ciclo. É uma ativista, apaixonada por animais, desde
o dia em que nasceu. Por eles, dedica-se a aprender mais sobre
saúde e bem-estar.
cpatmartins@gmail.com
Esta noite não dormi grande coisa...
Não é que tenha enormes preocupações na vida que me tiram o sono, mas
à medida que os anos vão passando, dou por mim a dormir cada vez
menos horas e a pensar cada vez mais no trabalho.
É ridículo, eu sei...
O trabalho corre bem, tenho uma excelente relação com as crianças com
quem trabalho, uma excelente relação com a comunidade escolar (ou
pelo menos assim me parece).
Então porque raio acordei de 2 em 2 horas esta noite?
Bem… talvez porque os meus 16 alunos do 4.º ano precisam aprender a
simplificar fracções. E talvez porque os meus 9 alunos do 1.º ano precisam
treinar contagens progressivas e regressivas, fazer comparação de números,
adições e subtracções.
Tenho cartazes para uns, legos e tremoços secos para outros. Fichas de
trabalho para ambos. Discursos e interdisciplinaridades mais ou menos
preparadas na cabeça para perceberem aquilo que chamo de
matematiquês.
20
Contudo este será um trabalho (mais um!) que requer um
acompanhamento ainda mais próximo. É que, caso esta matéria
não fique bem consolidada, o gosto pela matemática por
parte dos meus alunos estará em risco.
Parece demasiado dramático? Acreditem que não.
A matemática tem uma fama horrenda, logo desde o 1.º ano de
escolaridade. Ouvi e continuo a ouvir por demasiadas vezes (há coisas
que simplesmente não mudam) “professora, eu não sou boa a
matemática” de crianças que, caso os níveis de final de período fossem
o mais importante na educação escolar, teriam 4 e 5 (de 1 a 5 valores).
As mães, pais e avós são iguais “eu também era zero a matemática.” –
ainda hoje ouvi essa.
Há uma pressão enorme na escola hoje em dia. Parece que
não há mais lugar ao erro, à experiência, ao tentar até conseguir, e
talvez seja por isso que a matemática e os alunos sofrem. Isso e os
programas absolutamente desadequados à faixa etária a que se
destinam, mas isso é uma outra história e aparentemente sem fim à
vista.
21
Os professores também sentem esta pressão, acreditem. Não dos
resultados escolares (ou não tanto, vá), mas do facto de sentirem que
cada vez mais se retira o gosto da escola aos miúdos.
O direito à educação é universal, mas não é suposto nos
sentirmos bem nela?
Pensemos então na matemática, pensemos no inglês, português, estudo
do meio, AEC, projectos vários e nas crianças a quem a escola já nada
diz, seja porque motivo for.
Como podemos alterar o paradigma de uma “educação de
qualidade e gratuita” versus “oh não, nunca mais acabo a
escola”?
Repensar o dia a dia do professor, atolado em papéis, impedido de fazer
aquilo que realmente deve e gosta e repensar a criança de hoje, que
em nada se assemelha à criança de há 30 anos.
22
Esta pequena crónica não tem grande objectivo – tal como as
minhas preocupações – a não ser fazer pensar o educador, o
professor, o aluno.
Há muito a fazer que ainda está ao nosso alcance, e não passa por
pressionar a criança a ser o próximo Einstein português. Talvez comece
por deixarmos a criança ser ela mesma, explorando e potenciando os
seus gostos, abraçando as suas falhas.
….a aula correu lindamente, já agora!
23
Vamos fazer…
Por Carina Rodrigues
Mãe a tempo inteiro. Acredita que com
pouco se pode dar muito. Apaixonada
por crianças, artes plásticas e trabalhos
manuais, adora pegar em coisas
aparentemente sem utilidade e
transformá-las em diversão
Material:
Puzzle velho
Imanes com letras ou
números
Tinta em spray
Jornal velho
Cola quente
1. Começamos por selecionar
as peças que estejam em
melhores condições e
colocamos em cima de um
jornal velho;
2. Com a tinta em spray (cor à
escolha) pintamos as peças
do puzzle de modo a cobrir
o desenho original
3. Quando estiverem secas,
colamos um íman em cada
peça de puzzle, do lado que
foi pintado
E pronto, damos nova vida a
brinquedos velhos! Podemos
u s a r c o m o e l e m e n t o s
decorativos ou para fazer jogos
com letras/números.
24
25
A importância dos materiais de fim
aberto, numa educação de qualidade
Por Mané Oliveira
Educadora de Infância, desde 2013. Uma apaixonada pela
valência de Creche (0-3 anos) e, por isso, nos últimos anos, tem-se
focado também em estudar, descobrir e aprender mais sobre a
primeira infância, com o objectivo de a ver com um olhar diferente.
Em 2018, criou uma página no Facebook - Atelier dos Sentidos -
com o objetivo de partilhar ideias e opiniões e desenvolver
atividades, em formato ocasional, baseadas numa aprendizagem
através do brincar sem limites para a criatividade e adaptada a
cada criança.
Atualmente, falar de uma educação de qualidade, com um objetivo
sustentável, implica fazermos uma reflexão sobre os materiais que
estão nas nossas salas ou até mesmo nas nossas casas.
Sabem o que são materiais de fim aberto?!
E as vantagens que eles têm no nosso processo de
aprendizagem?!
26
Os materiais de fim aberto são aquilo que nós desejamos e
queremos que seja, isto é, são materiais que não têm uma função
concreta.
Podemos dividi-los por categorias:
∗
objetos naturais,
∗
objetos feitos de materiais naturais,
∗
objetos de madeira,
∗
∗
∗
∗
objetos de metal,
objetos de vidro,
objetos de tecidos
objetos de papel.
São objetos de exploração, investigação, construção e
também são muito importantes para a nossa expressão e
comunicação.
As nossas aprendizagens desenvolvem-se na relação que temos
com o ambiente e com aquilo que nos rodeia, num
conjunto de momentos da vida quotidiana. É nesta relação que
vamos aprender e desenvolver, através da ação e da
experiência – somos nós que devemos construir o nosso
conhecimento.
27
Por isso, é muito importante que utilizemos recursos,
que favoreçam o contacto com os materiais naturais
e/ou de fim aberto. Estes materiais são
impulsionadores de grandes descobertas porque
apresentam múltiplas capacidades, aumentam o
nosso conhecimento e ajudam-nos na
estimulação da criatividade.
Além disso, ao utilizarmos estes materiais reais
conseguimos criar oportunidades para nos
exprimirmos, pensarmos, desejarmos e
decidirmos e isso significa que iremos conseguir
enfrentar problemas, arranjar soluções, organizar
conclusões e comprovar as tuas ideias.
Na organização destes materiais, a segurança é a
premissa básica e deve ser assegurada pelos
adultos, que devem procurar prevenir os perigos sem
perder a qualidade das oportunidades de
exploração.
Não nos podemos esqueçer: as nossas
aprendizagens são feitas através da relação
e interação que temos com o mundo e com
os materiais reais, que nele existem.
28
29
A importância da meditação na
aprendizagem
Por Patrícia Duarte
Praticante de som Peter Hess | terapeuta integrativa e designer
https://www.facebook.com/AlquimiaDoSentir/
A meditação é uma ferramenta fundamental para aumentar o foco e a
concentração, não só dos pequenotes, mas também dos pais/adultos.
Enquanto meditamos acedemos a estados de consciência mais elevados, em
contraposição à correria do dia-a-dia a que os miúdos também estão sujeitos, pois
pelo reflexo dos seus pais, vivem direta ou indiretamente com altos níveis de stress
desde muito cedo:
Acorda, está na hora de ir para a escola!
Despacha-te já estamos atrasados para a piscina!
Já preparaste a mala da dança para amanhã?
Não te esqueças do exame de karaté para passar de cinturão,
O teste de matemática, estás a estudar?
Já fizeste os trabalhos de casa?
Pudera as crianças não sentirem na pele o stress a que são impostos...
30
Seguem alguns dos benefícios da meditação:
∗Tem efeitos semelhantes aos medicamentos- A meditação, quando
praticamos com regularidade, influencia positivamente por exemplo o
transtorno de déficit de atenção. ("Um estudo realizado pela Unidade
Nacional de Terapias de Pesquisa do Royal Women's Hospital, na Austrália,
mostrou que 50% das crianças que começaram a meditar reduziram a
ingestão de medicamentos ou as suprimiram completamente".)
∗Fornece-nos apoio emocional—Geralmente não temos paciência para
esperar e temos a sensação de frustração mais vezes do que um adulto. A
meditação permite que encontremos a estabilidade emocional, pois
aprendemos a equilibrar as reações do seu corpo e as de sua mente.
∗Promove a concentração, e a capacidade de ouvir—A mente dos mais
irrequietos na maioria das vezes salta de um tema para o outro, pelo que
distraímos-nos com grande facilidade e não prestamos atenção ao meio
envolvente. A meditação serve para estarmos focados em um só
pensamento/objecto/acção/tema e mantermos a concentração por
muito mais tempo.
∗Aprendemos a respirar - Obviamente que respirar é algo natural, mas é
algo totalmente diferente quando falamos de respiração profunda, o que
aumenta a oxigenação cerebral.
∗Aumenta a sensação de calma e felicidade. A meditação ajuda e
contribui para ativar não só um relaxamento físico, como também
estimular o acesso às ondas cerebrais alpha onde o foco e a
concentração são mais elevados.
∗Quem pratica a meditação passa a estar mais atento nos seus afazeres,
elevando assim também a capacidade de aprendizagem. As ondas
cerebrais alpha (ondas cerebrais medidas em hertz através de
eletroencefalograma) fazem a ponte entre a ação e a atenção plena, e
através da meditação geramos a capacidade de alcançar esses estados
de "paz cerebral" e concentração de forma mais rápida e constante,
sempre que assim o desejarmos, seja no dia-a-dia quando sujeitos a
situações de stress ou em situações de aprendizagem.
31
As crianças têm uma forte capacidade de concentração, bem mais efetiva que os
adultos, por isso devemos alargar as oficinas de meditação ao maior número de
crianças desde cedo, e teremos sem qualquer dúvida adultos mais capacitados
emocional e profissionalmente.
Sendo assim, temos o dever de criar bons hábitos aos nossos mais pequenos e a
meditação é, sem dúvida, um deles, por ajudar na convivência saudável de
32
frustrações que os pequenos também sentem, assim como criar momentos de autodescoberta,
estimulando assim o acesso ao controlo dos próprios pensamentos e
emoções.
Ainda há dúvidas de que a meditação é fundamental para aumentar o
foco e a concentração de todos nós?
33
Interioridade, Educar no Caminho
do Coração
Por Sofia Preto
Sofia é facilitadora no RETIRA-TE, A INTERIORIDADE NA LIDERANÇA (EU!) e no RETIRA-TE, A
INTERIORIDADE NA LIDERANÇA (QUOTIDIANO!). Em 2018 surge, após conversas cheias de
confiança e Luz – Quanto Baste – onde é guia que orienta e procura (re)centrar a Vida!
https://www.facebook.com/quantobaste2018/
“Alice começava a ficar mais do que farta de estar ali sentada ao
lado da irmã, na margem do rio, sem ter nada que fazer. Por uma ou
duas vezes deitara uma espreitadela ao livro que a irmã estava a ler,
mas era um livro sem gravuras nem diálogo, «e para que serve um
livro», pensou Alice, «onde não há gravuras nem diálogo?»”
In ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS, LEWIS CARROLL
Alice está impaciente (já te aconteceu isso, não é?) … com dificuldade em estar
sentado/a e não ter nada que fazer.
Alice é uma personagem de uma história infantil muito parecida contigo. Alice
acorda a curiosidade e o desejo de ver a vida como um desenho, uma fotografia
que queremos muito tirar, no aqui e agora, mas muito depressa nos esquecemos
do que significa para o nosso coração.
34
Como encontrar o que significa para o nosso coração?
Olha a natureza e acolhe as cores, os cheiros, os seres vivos, a sua
beleza e encanto…, aceita e no teu coração percebe que é isso
mesmo que se passa… és natureza.
O desejar de viver na Interioridade (és o aventureiro que conhece o
seu coração) passa por saberes que és Luzinha, cheia de bondade,
ternura e Amor. És um pensador e és construtor da paz na tua família
e com os teus amigos!
Eis o grande desafio… o Caminho do Coração e és tu que andas no
País das Maravilhas. Inicia esta viagem com a Alice e o Coelho
Branco de olhos cor-de-rosa… na curiosidade, na surpresa, na
confiança e na esperança.
A viagem começa no Tempo sem Tempo e não sejas como o Coelho
(esconde o teu relógio… surpresa).
“… o Coelho tirou um relógio do bolso do colete, olhou para ele e
começou de novo a correr…”
Assim irás percebendo como tens tanto dentro de ti e tanto para
oferecer aos outros… fazes parte do Amor!
Leva na mochila as “chaves douradas” para abrires todas as portas!
Ao experimentar as chaves vais conhecendo os teus medos, as tuas
emoções menos positivas, o entusiasmo, a confiança e percebendo
que cada situação te faz crescer!
Um viajante cheio de sonhos… com o mapa do teu coração!
Conhece-te, brinca, cria, dança, pinta, observa, fala e
conversa com o Céu!
O Caminho do coração é sentir profundamente todas as nossas
pequenas tristezas, encontrar prazer em todas as nossas pequenas
alegrias, recordando que somos criança.
35
Pistas para o Caminho do Coração:
∗
Passeia pela natureza e faz um diário de fotografias sobre
tudo aquilo que mais gostas. No final de cada mês, vê
como tudo é belo e precisa de cuidado.
∗
Escolhe um momento do dia para falares sobre como te
sentes. Respira e fala.
∗
∗
∗
∗
Coloca em pequenos cartões as seguintes perguntas:
Quem eu sou?
Onde eu estou?
O que procuro?
Aonde quero ir?
Faz um desenho de ti (coloca no teu armário)
Escreve palavras sobre as tuas emoções (coloca na porta
do teu quarto).
36
Ilustração por AnnaKudelska (colaboradora gráfica QB QUANTO BASTE)
37
Viagem ao Mundo do Eu
Por Mariana Matos
Sonhadora, Criativa, Organizada. Uma mente que procura constante
conhecimento em diferentes áreas de interesse que são uma ajuda ao seu crescimento
pessoal mas também ao dos que a rodeiam. As crianças de hoje são os jovens e adultos
de amanhã e é a pensar nisso que cria e sugere ferramentas e experiências, que
possibilitem capacitar as nossas crianças para que se tornem mais fortes, capazes e
confiantes.
https://www.facebook.com/commgrande/
A nossa vida é uma viagem. Uma sequência de ações,
aprendizagens e crescimento.
Esta viagem leva-nos a conhecer o meio que nos
rodeia, costumes e tradições que nos são passados.
Ensina-nos que há momentos maravilhosos e outros
nem tanto assim. Que há pessoas que nos apoiam e as
que nos desanimam.
Esta viagem será ainda mais maravilhosa se nos permitirmos fazer a
“Viagem ao Mundo do Eu”.
Aquela viagem que nos ajuda a conhecer-nos a nós próprios, a
perceber como reagimos a determinadas situações, que atitudes devemos
manter e quais as que podemos mudar. A viagem que nos permite ter uma
melhor auto-estima – que nos ensina a cuidar e respeitar o nosso corpo e
valorizar-nos exatamente como somos.
É a viagem que nos dá a força para assumir responsabilidades pelas
nossas ações e também para dizer “não” quando realmente é isso que
queremos dizer. A viagem que nos faz ter opinião e voz própria. Aquela que
nos leva pelos trilhos das emoções e nos ensina a ouvir e perceber porque
sentimos o que sentimos e o que podemos fazer com isso.
38
É uma viagem Maravilhosa…e
começa desde cedo, na infância. Autoconhecimento,
auto-estima, gestão
emocional, comunicação são os eixos
principais que fazem parte do nosso
mapa, nesta viageM com M grande. Um
mapa de aprendizagem e crescimento.
Porque as crianças de hoje são os
adultos de amanhã! Sei que podemos
capacitar, de forma integral, as nossas
crianças para se tornarem crianças,
jovens e adultos mais fortes.
Durante esta viagem são usadas
estratégias de Coaching. Muito e cada
vez mais se fala de Coaching. Parece
uma moda! Mas na verdade é algo que
vem crescendo ao longo dos tempos e
é ótimo tanto para adultos como
para crianças.
Muitas vezes, durante a minha
juventude e, mais tarde, enquanto
profissional da educação me
questionava que a vida devia ser algo
mais. Era importante haver
mais ferramentas, mais estratégias que
nos preparassem e preparassem melhor
as nossas crianças para o futuro.
Nesta busca de informação e
conhecimento cruzei-me com
o Coaching e o Life Design e percebi
que seriam o caminho. Ajudou-me,
pessoalmente a ter uma perspetiva
diferente sobre alguns pontos da vida,
crenças enraízadas que nem sabia que
tinha, o poder do auto-conhecimento e
da auto- estima…
Ao mesmo tempo, percebi que
estas ferramentas eram aquelas que
gostava de ter tido enquanto criança e
jovem e, até mais tarde, enquanto
profissional de educação com os meus
grupos.
39
Em que podem ser úteis as ferramentas e sessões de
Coaching e Life Design? Vê alguns destes exemplos:
∗
Permite desenvolver o auto conhecimento [quem sou eu e
o que faço aqui]
∗
Ajuda na resolução de conflitos e problemas [o que está a
acontecer? Porque é que me incomoda? O que posso
fazer?…]
∗
Definição de objetivos e planos de ação [o que quero
alcançar e o que posso fazer para o conseguir]
∗
Reconhecer emoções e estados de calma/ansiedade
[como me sinto? O que posso fazer para me sentir…]
∗
Fortalecimento da auto estima [como me cuido e o que
posso fazer mais e/ou melhor]
Numa palavra, o Coaching permite alcançar a
consciência que necessitamos para criar a vida que
desejamos.
40
Ao começar a trabalhar e desenvolver estas áreas desde cedo
com as crianças estaremos a permitir que se tornem jovens e
adultos mais fortes e confiantes.
Não deixam de ser crianças e é por isso que as atividades são
adaptadas de forma a serem interessantes, criativas, ao mesmo
tempo que desenvolvem competências importantes como as
mencionadas acima.
41
Educação de qualidade: como
consegui-la para os nossos filhos?
Por Tânia Borges
Mãe de dois meninos, formada em Puericultura e Acção
Educativa e criadora do Pé Descalço, um curso online de
preparação à maternidade. Após ter sido mãe deparou-se
com a realidade da maternidade, os imprevistos, as
dificuldades e exigências. Eles crescem de dia para dia. E ela?
Cresce com eles, porque só assim se consegue levar isto, de
sermos pais!
www.opedescalco.com
Enquanto pais começamos desde cedo a lidar com escolhas para a
educação dos nossos filhos: o berçário, a creche, a pré-primária, primária,
secundária, faculdade... viramos o mundo do avesso para lhes conseguir
dar as melhores oportunidades nos melhores estabelecimentos, para que,
lá está, tenham acesso a uma educação de qualidade.
No entanto, a questão impõe-se: o que é uma
educação de qualidade?
42
Será que assenta somente na escola
que a criança frequenta?
Não!
Educação de qualidade não se define
só pelo estabelecimento de ensino ou
formação académica.
Vivemos numa sociedade e rotina que
nos levam a colocar este ponto no topo
da lista de escolhas e investimentos
prioritários para os nossos filhos, logo
desde que nascem.
Ainda assim, é importante pararmos
para pensar um pouco, onde começa
verdadeiramente a educação e
como é que a posso transmitir com
a maior e melhor qualidade
possível ao meu filho?
Ora pois bem, em casa, comigo
mesma! Antes de entrar para uma
creche, infantário ou primária, o nosso
filho está em casa connosco, a aprender
connosco.
As crianças aprendem por imitação e
absorvem tudo o que lhes ensinamos e
apresentamos tal qual esponjas. É
através dos nossos exemplos que os
nossos filhos vão aprender valores,
princípios, a importância das
coisas mais simples e pequenas às
grandes e difíceis.
43
É connosco que vão ter a oportunidade de aprender que educação,
principalmente de qualidade, é muito mais do que um diploma ou percurso
académico, é um valor, é uma forma de estar, é carácter.
Uma educação de qualidade deve valorizar e exponenciar todo o
potencial da criança, daquele pequeno ser que, um dia, será um adulto que
integrará a sociedade.
Da mesma forma que nos preocupamos em lhes conseguir as melhores
oportunidades para que esse adulto tenha um futuro promissor, devemos
preocupar-nos em passar-lhes as melhores bases para o conseguirem, para se
formarem primeiro boas pessoas e depois então bons profissionais.
44
Uma educação de qualidade começa em casa, com os pais, com a parte
humana e relação pessoal e social.
A escola pode e deve acompanhar esta educação e devemos sempre escolher a que
consideramos melhor na linha dos nossos valores e ideais, mas sem depositar toda a
responsabilidade da qualidade educacional na instituição.
Afinal de contas, os filhos são nossos, não do sistema.
45
Diferença, inclusão e inovação:
reflexões para uma Educação
com qualidade
Por Márcia Aguiar
Consultora, Coach e Mediadora Familiar. Apaixonada pela sua Família
e por famílias, relações humanas e comunicação positiva. Criou o Cá
em Casa Mandamos Nós, onde ajuda Famílias a comunicarem melhor,
a fortalecerem laços e a definirem o caminho que querem percorrer
enquanto Família. Pode conhecer mais sobre o Projeto em
www.caemcasamandamosnos.com ou @caemcasamandamosnos
(Facebook).
As palavras que vão ler partem de conhecimentos enquanto profissional
da área da Educação, mas saem, sobretudo, do coração, enquanto Mãe
de um filho com necessidades especiais. E se, enquanto profissional, a
qualidade da Educação me preocupa, como Mãe, não consigo traduzir,
neste texto, todos os receios que me vão na alma.
Escrever este artigo tem um sabor agridoce e, se há coisas na vida que
parece que acontecem por acaso...se calhar não…
Entre 2003 e 2008, em jeito um tanto ou quanto kármico ou quiçá
premonitório, trabalhei no Gabinete de Apoio ao Estudante com
Deficiência da Universidade do Minho, onde produzia materiais
pedagógicos adaptados para os alunos com deficiência e prestava
apoio administrativo à Coordenadora, com deficiência visual, de quem
me tornei mais do que colaboradora, acompanhando-a em diversas
tarefas do quotidiano.
Foram anos intensos de muita aprendizagem, onde pude
acompanhar de perto parte da realidade de dezenas de pessoas com
deficiência.
46
Fui convidada a fazer o estágio curricular da Licenciatura nesse mesmo
Gabinete e, como me fazia todo o sentido, aceitei e desenvolvi um projeto na
área da Educação para a Diferença, o qual tinha como grande objetivo
sensibilizar a população bracarense em geral e a comunidade educativa em
particular para a necessidade de desmistificar a diferença e promover uma
verdadeira inclusão. Entre outros, trabalhei em parceria com Agrupamentos de
Escolas, organizei vários tipos de atividades para diferentes faixas etárias, desde
o pré-escolar ao 3º Ciclo, onde dinamizei as aulas de Formação Cívica.
Nesta experiência, contactei com pessoas inspiradoras, que faziam um
trabalho intenso e sentido para que a inclusão fosse cada vez mais uma
realidade, mesmo remando, muitas vezes, contra a maré... Vi, também,
situações que me deixaram perplexa e revoltada…
Conheci alunos que, em sensibilidade e ações, davam uma grande lição
à maioria dos adultos que por lá andavam e outros (uma minoria, felizmente!),
cuja inteligência emocional precisava, claramente, de ser desenvolvida. Vi o
quanto havia a fazer e percebi que pouco iria ser feito, a não ser que o sistema
de ensino e a mentalidade de muitos dos seus agentes mudasse...muito!
Anos mais tarde, dei aulas e orientei projetos de Licenciatura nessa mesma
Universidade na área do desenvolvimento de competências pessoais e sociais e
da Mediação Educacional e também muitos dos meus alunos desenvolveram os
seus estágios em escolas, onde o contacto com situações de bullying/
ciberbullying e suas consequências foi inevitável!
Ainda hoje relembro histórias e episódios que me deixaram despedaçada
e várias vezes me questionei sobre até onde é capaz de ir a insensibilidade, a
crueldade, a leviandade com que se lida com a vida do outro, com a dor do
outro, com a diferença do outro, na aceção mais lata da palavra!
De lá para cá, tornei-me Mãe. Se as práticas do sistema educativo, por
tudo que conheço, já me levantam muitas reticências, quando o nosso filho tem
necessidades especiais, as reticências dão lugar a
!?!?!
grandes e gordos pontos de interrogação e de
exclamação!
47
E a verdade é que, volvidos cerca de 17 anos desde o meu primeiro
contacto direto e prolongado com a deficiência:
- Continua-se a falar em promover uma verdadeira inclusão, mas as
queixas e reclamações relacionadas com a falta de apoio, de materiais
adaptados, de compreensão, justiça e sensibilidade não param.
- O bullying/ciberbullying continua em força e vários são os relatos de
menosprezo e/ou desresponsabilização da comunidade educativa, desde
os pais às Direções.
- Vive-se uma cultura de rankings, assente em resultados quantitativos,
estimulando o individualismo e uma competição nada saudável que,
pasmem-se, cada vez mais começa em casa com a pressão exercida pelos
próprios pais para que os seus filhos sejam os “melhores”, o que quer que isso
queira dizer…
A formação do ser humano tem que ser integral e isso exige ver
para lá dos resultados quantitativos. Já lá vai o tempo em que a
inteligência se traduzia, unicamente, em números. Há 8 tipos de
inteligência identificados e descritos, mas os programas e metas
curriculares, muitos professores e um número assustador de pais ignoram
esta realidade ou, pior, não querem aceitá-la.
A qualidade na educação passa, para mim, por olhar em vez de
ver; escutar em vez de ouvir; descobrir e potenciar talentos em vez de
formatar conteúdos; criar aprendizagens significativas em vez de debitar;
formar cidadãos, emocionalmente, inteligentes, em vez de máquinas de
produtividade.
Trata-se de uma educação libertadora, onde as diferenças são
vistas como qualidade própria de todos os seres humanos e onde cada
aluno escreve, com orientação, a sua própria história.
Tudo isto está ainda longe de ser uma realidade, mas não posso
deixar de destacar que se tem investido na sensibilização, que o número
de exemplos de boas práticas tem vindo a crescer e que há cada vez
mais pessoas a reclamarem a mudança.
48
Ainda assim, sonho com o dia em que não tenha que desdobrar-me
em 3, financeira e logisticamente, para que o meu filho frequente um
Colégio que privilegie uma educação diferenciadora e de qualidade, onde
as suas necessidades específicas sejam respeitadas e atendidas, os seus
talentos explorados e lhe sejam dadas todas as oportunidades para um
crescimento pleno e harmonioso.
Esta Educação que, não raras vezes, vejo apelidada de alternativa e
à qual muitos não têm acesso seja pela distância, seja pelos custos
associados a estas instituições educativas, é (devia ser!) não só um dever do
Estado que chama si essa responsabilidade, mas e acima de tudo, um
direito de todas as crianças.
Em suma, muito há ainda a fazer para que os pais em geral e os pais
de filhos com necessidades especiais em particular não tenham que andar
de reunião em reunião, percorrer dezenas de km, mudar de cidade ou até
de pais (conheço casos!) para proporcionarem aos seus filhos o que, por
princípio, devia fazer parte do Projeto e da prática educativa de qualquer
estabelecimento de ensino.
A chave para mudarmos esta realidade está, em grande medida, nas
ações de cada pai/mãe, de cada profissional de educação e de cada
aluno na interação com os seus pares. Cabe-nos a todos participar, de forma
ativa e consciente, nesta mudança de paradigma e de mentalidade para
que os pilares fundamentais e as forças de ação no sistema educativo
assentem na diferença, na inclusão e na inovação.
49
Obstáculos à educação de uma
criança com necessidades especiais
- o relato de uma mãe
Por Patrícia Broco
Mãe da Guerreira Matilde
O meu primeiro despertar para a maternidade, vem do tempo em
que folheava o livro "Anita mamã". Encenava com os bonecos todos os
momentos daquela história encantada, em que a maternidade é perfeita.
No dia 3 de Dezembro de 2009, nasceu a Matilde, a minha boneca. Agora
era de verdade! Mas era perfeita! Linda! Com os seus grandes olhos azuis
e um sorriso sempre presente. Menina de uma meiguice que encantava
toda a família.
Em Março de 2012, a Matilde adoeceu, ficámos perdidos, a equipa
médica não sabia ao certo o que havia provocado aquele estado, sendo
que seria certo que estávamos perante uma grave infeção no cérebro.
Ao fim de um mês de internamento, de muita luta pela vida, a Guerreira
voltou a casa. Mas para começar tudo de novo. Tínhamos uma longa
caminhada, para recuperar a fala, a marcha, a autonomia nas tarefas
básicas já adquiridas antes deste acontecimento. E principalmente, o mais
importante, a alegria.
50
A Guerreira lutou, lutou muito, e conseguiu, mas ficou uma sombra que nos
continua a perseguir.
Desde então, a Matilde sofre de epilepsia, que lhe provoca quedas
constantes e consequentemente grandes hematomas, principalmente na
zona do rosto.
A auto-estima, o humor, a autonomia, as capacidades de atenção e a
disposição para o dia-a-dia, ficam naturalmente afetadas.
Os obstáculos são imensos e diários. As perguntas também. Como se educa
uma filha com necessidades especiais? Quais podem ser as nossas
exigências?
Sempre me considerei uma mãe exigente, no que é essencial a meu ver.
Penso que as mães devem preparar os filhos para a vida, torná-los
autónomos, responsáveis, educados, com respeito por si próprios e pelo
outro.
51
As crises da Matilde surgem maioritariamente por questões emocionais. E é
aqui que reside o grande obstáculo.
Nos períodos de maiores crises, que podem ser diárias, a Matilde tem
resistência a colaborar nas tarefas básicas, como por exemplo, no
acordar, na higiene e preparação para sair de casa, na alimentação, e
na escola.
O caminho é difícil, com muitos momentos de dúvidas se estamos a fazer
da forma certa.
É extremamente complicado gerir na hora de dar um "ralhete", ou por
algum motivo, provocar a frustração. Mas ela é necessária para a
formação e a educação das nossas crianças! Certo? Então como se faz??
O peso de assistir a uma crise depois de um momento de "conflito" é
grande, mas a superação tem de ser maior, para continuarmos as duas a
caminhar lado a lado. Porque, apesar de ainda ouvir que, sou a "culpada"
por aquela última crise, acredito que, um dia, a Matilde vai entender que
a vida é uma batalha, que temos de estar preparados para os obstáculos,
e que esse é um dos meus papeis como mãe.
A minha experiência de maternidade mostrou-me que possivelmente são
os filhos que escolhem as mães.
A minha missão é preparar a minha filha para viver feliz e conviver da
melhor forma com a doença, prometendo-lhe todos os dias que, nunca
vou desistir de encontrar a "cura".
52
53
Segredos das Abelhas
Por Cláudia Martins
Professora do 1º ciclo. É uma ativista,
apaixonada por animais, desde o dia em que
nasceu. Por eles, dedica-se a aprender mais
sobre saúde e bem-estar.
cpatmartins@gmail.com
O TEU CÃO TAMBÉM VAI À
ESCOLA??
5 COISAS A CONSIDERAR NA PROCURA DE UM TREINADOR PARA
O TEU CÃO
Se procuras um treinador para o teu companheiro canídeo, é
importante procurares um profissional credenciado.
Também é importante avaliar os métodos e a filosofia utilizados
pelo potencial treinador, estudos e experiência, assim como as
áreas de especialização e procurar referências.
Se, durante a primeira sessão com o novo treinador, tu ou teu cão
se sentirem desconfortáveis, segue o teu instinto e prossegue a
busca por um que te inspire mais confiança ou se ajuste melhor às
vossas rotinas.
Se te encontras activamente nesta busca, esta pode ser uma
tarefa assustadora. Existem todos os tipos de treinadores e um rol
impressionante de filosofias e métodos de treino.
Além disso, até o momento em que este artigo foi escrito, não era
necessária qualquer certificação para ser um treinador de cães
em Portugal, pelo que praticamente qualquer pessoa pode se
divertir e começar a “angariar” clientes, por mais responsáveis ou
irresponsáveis que sejam.
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Avaliando potenciais instrutores
Escusado será dizer que ajudar teu
cão a moldar (ou remodelar) o seu
comportamento começa com a
procura de um profissional de treino
experiente, adequado a ti e ao teu
animal de estimação. É por isso que é
importante saber quais perguntas fazer
e quais critérios procurar ao avaliar
potenciais treinadores. Factores a
considerar:
• Método de treino - Existem vários
métodos de treino diferentes, alguns
dos quais são de natureza punitiva. A
pesquisa científica e a maioria dos
especialistas concordam que a
abordagem mais humana e eficaz é o
treino positivo através de técnicas de
reforço positivo do comportamento.
É, por isso, importante evitar
treinadores que usam punição,
técnicas baseadas no medo ou na
teoria da matilha ou do cão “alfa”,
pois essas abordagens não são
apoiadas cientificamente e além de
serem controversas, não se verificam
resultados positivos a longo prazo.
Ninguém gosta de aprender com base
no medo, certo?
• Educação - Como não há
certificação obrigatória para
treinadores de cães, é extremamente
importante encontrar um cuja
formação inclua cursos e certificações
de treino profissional e que se
mantenha actualizado sobre os últimos
desenvolvimentos em bem-estar
animal.
• Áreas de especialização - Só porque
alguém é treinador, não significa que
tenha experiência em todas as
problemáticas do comportamento.
Por exemplo, treinar um cachorro em
obediência básica requer habilidades
diferentes de ajudar um cão de
resgate a superar uma ansiedade
55
severa de separação. Dependendo
das necessidades individuais do teu
cão, pode ser muito benéfico tentar
encontrar um treinador especializado.
• Referências - É extremamente
importante solicitar referências aos
potenciais treinadores e entrar em
contato com esses clientes para obter
sua opinião. O trabalho do treinador
foi um bom investimento? Estão felizes
com os resultados? Se um treinador
não pode ou não fornece referências,
é um enorme alerta a ter em
consideração.
• Custo - Deves ser muito claro sobre o
custo e a duração estimada do treino,
para que não haja surpresas. Para
calcular quanto vais gastar no total,
convém saber quantas sessões o
treinador acha que o teu cão
precisará. Mas atenção, precisas
também que fazer os teus trabalhos de
casa para que os treinos resultem e a
estimativa de aulas possa ser
cumprida. Num treino todos são
intervenientes activos, incluído os
tutores!
Como podes ver, os passos a dar são
alguns e podem ser extenuantes! Caso
residas na área metropolitana do
Porto, Braga ou Lisboa e precises de
apoio neste sentido, contacta-nos e
teremos todo o gosto em apresentarte
treinadores fantásticos e que
cumprem todos estes critérios!
Testados e aprovados por nós ☺
56
O QUE É, ENTÃO, MAIS IMPORTANTE ENSINAR A UM CÃO?
Três grandes treinadores, em 2017, responderam à questão “Quais são
algumas das principais coisas que deseja que os tutores façam pelos
seus cães, mas não fazem?"
Primeiro vejamos o que Dr. Ian Dunbar, veterinário de renome mundial
e treinador de cães de grande sucesso, pioneiro no treino positivo
centrado no relacionamento tem a dizer sobre o assunto:
"Eu só quero que as pessoas se envolvam com os seus cães. Quero
que apreciem esse relacionamento. Acho tão triste que muitas
pessoas não tirem o máximo proveito do relacionamento com os seus
cães. Não conseguem um relacionamento vibrante e gratificante.
Tudo isso tem a ver com a maneira correta de se comunicar com o
cão, porque os cães falam sua própria língua. E a motivação... Acho
que 5% do treino é ensinar ao cão o que fazer e explicar da maneira
que ele entende, mas os restantes 95% do treino estão ligados à
motivação, ou seja, o cão a querer fazê-lo, a querer estar do lado do
seu tutor".
Victoria Stilwell, a treinadora de cães mais amada e conhecida da
Grã-Bretanha e estrela do programa de TV It's Me or the Dog,
responde:
"Vejo que há mais ênfase em ensinar os animais a fazerem coisas ou
truques do que apostar no relacionamento. Acho que as pessoas não
brincam o suficiente com os seus cães. Acho a ênfase está em treinálos,
em vez de construir esse vínculo, que para mim devia ser
prioritário.
Também acho que em muitos países ainda se dá demasiada
importância aos métodos de treino punitivos que exacerbam
problemas de comportamento e podem realmente prejudicar os
relacionamentos interespécies. Definitivamente acho que as pessoas
precisam trabalhar no relacionamento com os seus cães antes de
pensar em treiná-los para qualquer outra coisa. "
E finalmente a resposta de Tamar Geller, autor do best-seller do New
York Times, "The Loved Dog":
"O importante é que, se pensares no motivo principal pelo qual as
pessoas adoptam cães, é porque elas querem dar e receber amor.
Então, adoptam um cachorro porque deseja amor, mas depois tudo
se torna desagradável para aquele que era suposto ser o nosso
companheiro, com pedidos de com obediência ou tentar torná-lo
57
As urgências e os “de
repentes” na educação e treino
de cães
Por João Pedro
Educador Canino. Autor do blog Mania
dos Cães
https://maniadoscaes.com/
Muitas vezes utilizamos frases como “tenho um problema
urgente para resolver” ou então “foi de repente,
aconteceu de um dia para o outro” ou “aconteceu do
nada”…
Em comportamento não existem situações que surgem
do nada! Isto inclui o comportamento dos cães.
Quando, por exemplo, dois cães que vivem juntos se
começam a atacar isso é fruto de várias situações que se
acumularam ao longo do tempo, sejam dias, meses ou
até anos. O principal problema tem a ver com o facto
de nós humanos nunca termos percebido que estava
alguma coisa a correr mal naquele convívio e, por isso,
usamos a expressão “de repente”, “do nada” ou “de um
dia para o outro”. No entanto, se olharmos para a
58
situação do ponto de vista dos
cães, vamos perceber que o que
aconteceu foi o descambar de um
problema que vinha a piorar com o
tempo.
Nas chamadas “urgências” a
questão é outra, normalmente o
que acontece é que um
d e te rm inad o p robl em a d e
c o m p o r t a m e n t o , s e j a d e
d e s t r u i ç ã o , d e m a u
relacionamento entre dois animais,
morder pessoas ou rosnar se tornou
complicado para o humano e daí
ser “urgente” resolver o problema.
Aqui consigo perceber o ser
“urgente”, mas temos que ser
realistas e perceber que a
realidade é outra, sem dúvida há
interesse e vontade em resolver a
questão, no entanto estas questões
“urgentes” são de resolução mais
demorada e difícil na proporção
da urgência, ou seja quanto mais
“urgente”, mais difícil será e tudo
porque foi uma situação que já se
repetiu muitas vezes.
Muitas vezes nós humanos erramos
por excessos ou carências e nos
cães todos os excessos e carências
trazem problemas mais dia menos
dia. É importante encontrar um
meio termo, um equilíbrio, e esse
meio termo ou equilíbrio é diferente
em cada cão, não há fórmulas ou
regras que se apliquem a todos.
59
Trouxemos os cães para o nosso mundo e por isso é nossa
obrigação conhecê-los e compreendê-los para evitar
problemas.
Muitas vezes dizemos que temos um problema com o cão, mas
a realidade é que esse cão é que tem um problema, se lhe
resolvermos o problema o nosso deixará de existir. Infelizmente
hoje em dia aparece muita gente a resolver problemas aos
humanos que acham que têm um problema com o cão e
poucos a resolver problemas aos cães que os têm e por vezes
bem sérios…
Para mim não existem “urgências” nem “de repentes”, existe a
obrigação de sabermos mais sobre cães, de nos dedicarmos a
eles e acima de tudo de lhes mostrarmos como se vive entre os
humanos, porque afinal de contas somos nós humanos que
vamos buscar os cães para nossa casa.
Como disse Jaime Vidal Santi: “Nos empeñamos que los perros
sepan mucho de humanos…bastaria con que los humanos
supieran un poco mas de perros…”
“Empenhamo-nos que os cães saibam muito sobre os
humanos…bastaria que os humanos soubessem um pouco mais
sobre os cães…”
60
Em comportamento não se aplica aquela famosa teoria de: “Isso não
é um problema não vou pensar nisso agora, quando acontecer logo
vejo.” Em comportamento a regra é acima de tudo prevenir, se
ajudarmos o cão a não falhar ganhamos 3 vezes, evitamos um
problema, facilitamos a nossa vida e acima de tudo damos qualidade
de vida ao nosso cão.
61
Educação e Música
Por Francisca Noronha
Licenciada em Serviço Social, sensível e atenta a causas
sociais implementadas na nossa sociedade. Desenvolve desde
2010 um Projeto abrangente de serviços de Animação
Terapêutica, Bem Estar e Desenvolvimento de competências
cujo nome com marca registada é Tender Age e cujo objetivo
principal é promover o bem estar. Gosta de musica, de viajar/
passear e adquirir novos conhecimentos e competências.
Dinâmica, pro-ativa e criativa, com foco em dar asas à
imaginação e coloca-la ao servico dos outros.
https://www.facebook.com/projetotenderage/
A música tem um grande poder e desde muito cedo adquire grande relevância
na vida de uma criança, tornando-se uma das formas de linguagem facilitando a
aprendizagem e desenvolvendo a memória.
Disciplina tida como essencial para o desenvolvimento escolar do aluno tem um
enorme destaque desenvolvendo inúmeras capacidades do mesmo.
A música no contexto escolar facilita o trabalho de acompanhar as fases
individuais dos alunos estimulando a aprendizagem do ler e do escrever.
62
No contexto escolar a música tem por finalidade acrescer e facilitar a aprendizagem
do aluno pois faz o aluno ouvir de maneira afetiva e refletida. A educação deve ser
vista como um processo comum, permanente e progressivo, que precisa de
diferentes formas de estudos para o seu aperfeiçoamento pois em qualquer espaço
haverá sempre diferentes condições familiares, sociais, ambientais e afetivos.
A música abraça aspetos importantes com propósitos educacionais e ajuda o
professora cumprir bem o seu papel, visto que educar exige emoção, alegria,
compromisso, além de trazer experiências que enriquecem a relação entre professor
e alunos.
A música tem um importante papel na educação, não apenas como estética, mas
também como facilitadora do processo de aprendizagem e como instrumento que
tem um grande poder de tornar a escola um ambiente mais recetivo e alegre que
façam com que os alunos desejem estar neste ambiente e dediquem-se ainda mais
as suas atividades, pois estarão envolvidos emocionalmente com todo o espaço,
tanto físico como emocional da escola.
63
A banalização da música no contexto escolar encontra-se presente devido ao
uso da mesma apenas como recriação ignorando muitas vezes a sua importância
para o desenvolvimento cultural e social que a música proporciona aos alunos.
O contacto dos alunos com a musica é um elemento fundamental para o seu
desenvolvimento integral.
A música contribui para o desenvolvimento da criança, promove a sociabilidade
e a expressividade do aluno e promove reflexões sobre a música nas escolas e na
sociedade
A música impõe-se pois a infância é uma fase de grande importância para o
desenvolvimento mental, motor e emocional das crianças, pois estão numa fase
de transição característicos da idade dos mesmos. A musicalização nesta etapa
da vida pode beneficiar o desenvolvimento integral das crianças, não só apenas
como mais uma linguagem, mas como elemento socializador e ampliador dos
seus conhecimentos, além do melhoramento das funções motoras, psicológicas
a música tem o poder do relaxamento e concentração, levando-os também a
refletirem sobre a sua convivência escolar e social.
64
A música é uma linguagem universal e ao mesmo tempo uma manifestação
cultural e artística de um grupo. A música é um veículo usado para expressar
sentimentos que passa de geração em geração.
O processo de musicalidade tem como objetivo fazer com que o aluno se torne
um ouvinte sensível de música e desenvolva capacidades que no mundo da
musica pode desenvolver com maior facilidade e prazer.
Com isto se conclui que música e educação estão intimamente ligadas devendo
a musica fazer parte do plano educacional de todo e qualquer aluno.
Na musica não podemos esquecer que as crianças, quando brincam, usam sons
espontaneamente, criam músicas, e essa atitude deverá ser incentivada de modo
lúdico-pedagógico.
A musica é um processo de construção do conhecimento que tem como objetivo
desenvolver e despertar o gosto musical cooperando para o desenvolvimento da
sensibilidade, ritmo, criatividade, imaginação, memória, concentração,
autodisciplina, atenção, respeito ao próximo, socialização e afetividade, também
65
contribuindo para uma efetiva consciência e movimento corporal equilibrados.
A música é um instrumento para a transformação de seres humanos na sua
integridade, desperta mais atenção no seu processo de sentir e pensar os outros.
Na escola a preocupação é a reconstrução da sociedade e a colocação do
aluno nela. Neste processo o aluno deverá ter a oportunidade de ter a sua visão
do mundo, de ter as suas perceções e trocá-las com outros. Nesse sentido, o
papel da musica e da arte em geral através da sua linguagem torna-se crucial.
A música deverá ser um recurso pedagógico pois esta enquanto atividade social
cria um espaço onde se dão as relações interpessoais. O espaço social criado
para o aluno na escola é, desde o início, um mundo próprio, diferente do círculo
familiar, no qual existem grupos maiores que impõem certos padrões de conduta,
onde o aluno deverá desenvolver-se integrando-se.
Através da música é possível exercitar a estrutura da educação infantil, além de
ser lúdico e prazeroso as crianças manifestam-se através das canções, das
cantigas de roda, das danças, teatro, etc… As atividades musicais na escola
podem ter objetivos preventivos e de desenvolvimento do aluno.
Por meio das atividades musicais o professor pode perceber quais os pontos
fracos e fortes dos alunos, principalmente quanto à capacidade de memória
auditiva, observação e reconhecimento dos diferentes sons, podendo assim vir a
lidar melhor com o que esta desfasado da realidade.
Musica ou qualquer tipo de expressão artística na escola têm um papel
fundamental na escola e devem ser promovidas em todo o seu
esplendor!!
66
67
O caminho para uma Educação de
qualidade
Por Analita Alves dos Santos
Mãe, escritora, mentora, formadora, ativista pelo Ambiente
https://oprazerdaescrita.com/
Como mãe de duas crianças pequenas, uma de seis e outra de
três anos, percebo no meu dia a dia, como a Educação faz a
diferença positiva na sua forma de estar, sentir, agir e pensar.
Primeiro, é importante distinguir, na minha opinião, dois pilares
basilares de Educação: a Educação que as crianças recebem em
casa e a Educação que as crianças têm acesso no ambiente
escolar. Uma, não substitui a outra, e ambas são essenciais e
complementares para o crescimento saudável das nossas crianças
bem como para a valorização de todo o seu potencial humano.
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Cabe a nós, Pais, além das regras base de socialização, cidadania
global, civismo, respeito por si, pelo Planeta e pelo próximo – que
devem ser desenvolvidas em casa - procurar encontrar e potenciar
os interesses das suas crianças dando-lhes a oportunidade de
vivenciar experiências que as ajudarão a enfrentar melhor os
desafios da vida, dando sempre primazia aos tempos livres, às
brincadeiras com outras crianças e em família.
Defendo que é muito importante possibilitar às nossas crianças a
oportunidade de fazerem parte de outros grupos de pertença,
além do grupo escolar. Quer seja através da prática desportiva, da
música, da arte, da dança ou da educação religiosa. Somos ser
sociais e as crianças devem perceber que além do núcleo familiar
e escolar podem estar integradas noutros grupos. Isso ajudar-lhes-á
a crescer e a aprender desde cedo a sair da sua zona de conforto.
Com isto, não quero dizer que é necessário as crianças se
desdobrarem em mil atividades diárias que, muitas vezes, as
stressam e nada contribuem para a sua felicidade (e a nós, pais,
porque precisamos de andar de um lado para o outro, para as
levar à natação e depois à dança, ao Inglês, etc. etc…). Como
em tudo na vida, é necessário encontrar o ponto de equilíbrio.
Também considero importante para as crianças brincarem livres,
nos parques infantis, na natureza ou até na rua com os seus
vizinhos, se existirem, claro, condições para isso. A nossa infância foi
marcada por tantas aventuras que nos deixaram memórias
fantásticas que não podemos, e nem devemos, impedir as nossas
crianças de também elas criarem essas memórias que perdurarão
para sempre. Assisto muitas vezes, como mãe e professora, a uma
proteção excessiva das crianças que em nada as favorece. É
preciso dar-lhes a sensação de liberdade, de que são capazes de
se “desenrascarem” sozinhas, mesmo que nós continuemos ali,
discretamente, vigilantes.
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Um dia, escutei um professor de ensino básico afirmar: “Hoje em
dia, a maioria dos Pais está a criar, “crianças de aviário”, incapazes
de “saber fazer”, de agir sozinhos, tanto é o facilitismo que lhes
proporcionam.” Como mentora de um projeto piloto de Atividades
de Enriquecimento Curricular (vulgo AEC) para as escolas de Ensino
Básico, cuja filosofia é “a inovação prática para mudar a
educação hoje e amanhã, desenvolvendo competências e
conhecimentos, para além da educação formal.”, não podia estar
mais de acordo.
Apesar da boa vontade da maioria dos professores e educadores,
muitas vezes agastados com as burocracias que os afastam do seu
verdadeiro propósito de ensinar e das exigências que os obrigam a
lecionar em turmas demasiado grandes para um ensino - que se
deseja de qualidade - há ainda muito a melhorar, para que todos
os meninos e meninas tenham acesso a um desenvolvimento de
qualidade na primeira fase da infância, bem como no pré-escolar,
ensino básico e secundário, de modo a que estejam depois,
melhor preparados para a vida.
No ensino básico, ainda falta muito por fazer, ao nível da
variedade de ofertas e oportunidades, principalmente, na
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otimização das infraestruturas, se compararmos por exemplo, o
ensino público, com o ensino privado. Ainda existem escolas
públicas em Portugal onde a prática desportiva é condicionada
pelas condições meteorológicas. Há naturalmente, exceções.
Mas, não é à toa que um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável das Nações Unidas seja a Educação de Qualidade
Felizmente, há cada vez mais professores excecionais que
enxergam a educação e as nossas crianças, como um todo,
procurando garantir aos seus alunos conhecimentos e habilidades
para um desenvolvimento sustentável baseado na cooperação e
não na competição, na promoção da valorização da diversidade
cultural e de estilos de vida sustentáveis, entre outras
competências essenciais para a vida em sociedade.
Nós, Pais, não nos podemos alienar do nosso importante papel de
educadores das nossas crianças. Não podemos responsabilizar a
escola ou os professores de quaisquer desajustes ou
comportamentos inadequados dos nossos filhos. Como no
passado, devemos atribuir e reconhecer aos professores o seu
papel de nossos aliados num segmento da educação dos nossos
filhos, fazendo nós, em casa, a nossa parte E aí estaremos, todos
em conjunto, em sintonia, no caminho de excelência para uma
Educação de qualidade.
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Desafios Sustentáveis
A educação não se faz apenas dentro das quatro paredes da
sala de aula, ou no meio dos livros e cadernos, rabiscados pelas
tuas canetas.
Porque não elevar a educação à bondade ou à generosidade?
Convidamos-te a usar o "Calendário da Bondade". Podes
começar já a usá-lo esta semana ou no mês de fevereiro! Basta
adaptares os teus objectivos e começares a pintar consoante as
boas acções que vais realizando! porque a educação é também
dar bons exemplos!
Dá um salto ao site da Arca de Noa para imprimires o teu!
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Espreita a próxima edição...
Na próxima edição da Arca de Noa vamos falar de…
Igualdade de Género
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Um Ano de Arca de Noa!!!
Os
Há precisamente um ano nascia o primeiro número da Revista Arca de
Noa. Resultado de um sonho que foi encontrando apoio e parcerias,
desde então evoluímos muito, não só em termos de imagem gráfica,
graças ao talento da Patrícia Duarte Gonçalves, mas também em
conteúdos, graças aos muitos redatores que connosco têm colaborado,
de forma mais esporádica ou regular.
Obrigada a todos quantos permitiram que este sonho fosse real e
ganhasse asas!
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75
Queres participar numa edição? Já tens uma ideia ou um texto
que se enquadre no tema da sustentabilidade?
Contacte-nos!
Já conheces a nossa página no facebook?
https://www.facebook.com/aarcadenoa
Já leste as edições anteriores?
http://formula-s.pt/revista/
A Arca de Noa é um projeto
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