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FEVEREIRO-2020 - Nº 261

Centro Lusitano de Zurique

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SAÚDE

5

O que é o coronavírus

“2019-nCoV”? - Perguntas e respostas

A Organização Mundial de Saúde

(OMS) reúniu na Suíça o seu comité

de emergência para avaliar se o

surto de coronavírus com origem na

China constitui uma emergência de

saúde pública internacional. O novo

vírus que causa pneumonias virais

já infectou pelo menos 444 pessoas

e provocou 17 mortes.

Eis algumas perguntas e respostas

sobre o novo coronavírus detectado

na China:

O que são coronavírus?

São uma larga família de vírus que vivem

noutros animais (por exemplo, aves, morcegos,

pequenos mamíferos) e que no ser

humano normalmente causam doenças

respiratórias, desde uma comum constipação

até a casos mais graves, como pneumonias.

Os coronavírus podem transmitir-

-se entre animais e pessoas. A maioria das

estirpes de coronavírus circulam entre animais

e não chegam sequer a infectar seres

humanos. Aliás, até agora, apenas seis

estirpes de coronavírus entre os milhares

existentes é que passaram a barreira das

espécies e atingiram pessoas.

O que é o novo coronavírus da

China, com o nome 2019-nCoV?

Trata-se de um vírus da mesma família do

vírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave

(que provocava pneumonias atípicas e

atingiu o mundo em 2002-2003) e da Síndrome

Respiratória do Médio Oriente, em

2012.

Estes dois tipos de coronavírus são até

agora os que tiveram capacidade de atravessar

a barreira das espécies e de se

transmitir a humanos e que apresentam

quadros de alguma gravidade, explicou à

agência Lusa o pneumologista Filipe Froes

Como surgiu o novo coronavírus?

Os primeiros casos apareceram em meados

de Dezembro na cidade chinesa de

Whuan, quando começaram a chegar aos

hospitais pessoas com uma pneumonia viral.

Percebeu-se que todas as pessoas trabalhavam

ou visitavam com frequência o

mercado de marisco e carnes de Huanan,

nessa mesma cidade. Ainda se desconhece

a origem exacta da infecção, mas terão

sido animais infectados, que são comercializados

vivos, a transmiti-la aos seres

humanos.

Porque é que muitas destas infecções

surgem na China?

O pneumologista Filipe Froes explica que

na China existe ainda uma “proximidade

e promiscuidade grande” entre animais e

pessoas, com convivência muito próxima

e com muitos locais a vender animais vivos

para consumo humano.

No caso dos coronavírus, para o vírus

passar a barreira da espécie, é necessária

uma elevada carga viral e uma grande proximidade

entre animais e pessoas.

Qual o grau de mortalidade do

novo coronavírus?

Segundo os dados actualmente disponíveis,

a mortalidade do novo coronavírus

situa-se nos 1,5%, mas as autoridades de

saúde avisam que é necessário continuar a

acompanhar a evolução da situação.

Contudo, até agora, o 2019-nCoV está a

ser considerado menos agressivo nas suas

consequências, quando comparado com

a pneumonia atípica de 2002/2003, que

tinha uma taxa de mortalidade em torno

dos 10%.

O pneumologista Filipe Froes recorda que

todas as infecções respiratórias, incluindo

a gripe, podem provocar a morte, sobretudo

em doentes com outras patologias

associadas ou pessoas mais frágeis e idosas.

O que se sabe das formas de

transmissão, contágio e sintomas?

Inicialmente, as autoridades de saúde chegaram

a pensar que não havia transmissão

entre pessoas, até surgir o primeiro caso

de transmissão entre marido e mulher. A

Organização Mundial da Saúde já admitiu

que há transmissão entre humanos, mas

ainda não há evidência clara de que forma

se transmite.

Filipe Froes esclarece que estes vírus se

transmitem geralmente pela via respiratória

e afectam sobretudo o trato respiratório,

especialmente os pulmões nas formas

graves. O pneumologista e intensivista português

entende que, habitualmente, estes

vírus vão-se adaptando aos hospedeiros à

medida que se transmite. Como tal, para

garantirem a sua transmissibilidade tornam-se

menos virulentos, sendo portanto

menos agressivos. Ou seja, à medida que

se aumenta a transmissão, também o vírus

torna-se menos violento.

Os sintomas destes coronavírus são mais

intensos do que uma gripe e incluem febre,

dor, mal-estar geral e dificuldades respiratórias.

Nos casos confirmados inicialmente,

90% apresentaram febre, 80% tosse

seca, 20% falta de ar e só cerca de 15%

apresentaram dificuldade respiratória.

Que medidas estão a ser tomadas

internacionalmente?

Há medidas básicas de higiene, como a lavagem

e desinfecção das mãos e cobrir a

boca e o nariz ao tossir e espirrar, que são

geralmente recomendadas pelas autoridades

de saúde.

Nos países com voos directos de e para a

cidade de Whuan, onde o vírus foi detectado,

estarão ou poderão começar a tomar

medidas de precaução especial com os

passageiros e voos.

Em Portugal, a Direcção-Geral da Saúde

recomenda cuidados especiais a pessoas

que se desloquem a Wuhan e ainda Pequim,

Guangdong e Shanghai, como evitar

contacto com pessoas doentes e com

animais.

lusa

Fevereiro 2020 | Lusitano de Zurique | www.cldz.eu

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