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REVISTA MNC 2019 // EDIÇÃO 2

A Revista MNC tem como objetivo contar historias de igrejas que estão vivendo a compaixão de Cristo. Nossa esperança é que todos escutem o chamado à compaixão como um estilo de vida.

A Revista MNC tem como objetivo contar historias de igrejas que estão vivendo a compaixão de Cristo. Nossa esperança é que todos escutem o chamado à compaixão como um estilo de vida.

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M I N I S T É R I O s N A Z A R E N O S D E C O M P A I X Ã O

R E V I S T A

CUIDANDO

DE CRIANÇAS

PROTEÇÃO DE

CRIANÇAS VÍTIMAS

DE EXPLORAÇÃO

P. 12

AMIZADES

ATRAVÉS DA

COSTURA

P. 20

NCM.ORG - MNCSAM.ORG


MNC

R E V I S T A

projeto

natal

2019

2019 // EDIÇÃO 2

A Revista MNC tem como objetivo

contar historias de igrejas que estão

vivendo a compaixão de Cristo. Nossa

esperança é que todos escutem o

chamado à compaixão como um estilo

de vida.

Seguindo o exemplo de Jesus, os

Ministérios Nazarenos da Compaixão se

unem às congregações locais em todo

o mundo para vestir, abrigar, alimentar,

curar, educar e viver em solidariedade

com aqueles que sofrem opressão,

injustiça, violência, pobreza, fome e

doenças. O MNC existe na e pela Igreja do

Nazareno para proclamar o evangelho a

todas as pessoas em palavras e ações.

MINISTÉRIOS NAZARENOS DE

COMPAIXÃO

17001 Prairie Star Pkwy, Lenexa, KS 66220

(800) 310-6362, info@ncm.org

DESIGN DE REVISTA | RUCKUS GROUP

FOTO DE CAPA | STEVE JETER

CELEBRANDO

A

DIGNIDADE

Junte-se aos ministérios que capacitam

mulheres e meninas através do

Projeto de Natal deste ano

APRENDA COMO EM

NCM.ORG/CHRISTMAS

TRADUÇÃO PARA O PORTUGUÊS

Cilene Alves Rodrigues

Wellington Luiz Ribeiro

Marcela Rojas Gallegos Ribeiro

PARA UMA ASSINATURA GRÁTIS

visite ncm.org/magazine

MUDANÇA NA ASSINATURA

email info@ncm.org

o escriba a la revista MNC,

17001 Prairie Star Pkwy, Lenexa, KS 66220

PERGUNTAS? COMENTÁRIOS?

email info@ncm.org

mnc@samnaz.org

Salvo indicação em contrário, todas

as citações bíblicas são da Nova

Versão Padrão Revisada (NVPR) da Bíblia,

publicada em 1989 pela Divisão de Educação

Cristã do Conselho Nacional de Igrejas de

Cristo nos EUA. Usado com permissão. Todos

os direitos reservados.


TABELA de

CONTEÚDOS

12

DESTAQUES

CRIANDO UMA CASA | P.12

Um novo lar nas Filipinas abre suas portas para

as crianças sobreviventes da exploração on-line,

proporcionando-lhes um lugar seguro.

UNIR E REUNIR | P.20

Pessoas vivendo como refugiados e requerentes de

asilo estão criando comunidade em uma nova casa

através de aulas e um jardim expansivo em uma igreja

em Washington.

20

O TRABALHO DE RECONCILIAÇÃO | P.26

No Burundi, um país dilacerado pela guerra civil, os

jovens estão trabalhando juntos pela reconciliação e

pela paz através de negócios de grupo.

TABELA DE CONTEÚDOS

JUNTOS EM PÉ | P.30

As igrejas continuam a cuidar das pessoas deslocadas

no Oriente Médio, muitas das quais não poderão

regressar a casa durante anos, se é que alguma vez

regressarão.

SEÇÕES

PONTOS DE CONEXÃO | P.5

VOZES | P.36

APROFUNDAR | P.37

CÁPSULAS | P.38

26

NCM.ORG - MNCSAM.ORG

3


NOTAS DE ABERTURA

TRANSFORMADO

PELA ESPERANÇA

E A DIGNIDADE

Por Nell Becker Sweeden

“Tendo os olhos fitos em

Jesus, autor e consumador

da nossa fé. Ele, pela alegria

que lhe fora proposta,

suportou a cruz, desprezando

a vergonha, e assentou-se à

direita do trono de Deus.”

Hebreus 12:2 NVI

Vivendo a compaixão de Jesus

em nosso mundo, nos colocamos

entre a esperança e o triunfo da

chegada do reino de Deus, a dor

e o quebrantamento do nosso

mundo atual. Esta edição da Revista

MNC nos apresenta o desafio

arriscado e corajoso de seguir

Jesus. No entanto, nessas histórias,

convido você a celebrar conosco a

verdadeira alegria que recebemos

ao servir a Deus, compartilhando

sua compaixão com os outros.

Celebramos com alegria como

as pessoas são transformadas pela

esperança e dignidade que surgem nas

boas novas tangíveis de Jesus Cristo.

O autor de Hebreus em 12: 2

celebra a fidelidade de Jesus ao

descrever sua alegria na cruz. Na

mesma frase, encontramos alegria

e vergonha, morte e trono de

Deus, assim como o triunfo de um

Salvador que foi morto. Algo está

acontecendo aqui. A alegria que está

no meio do sofrimento é o grande

escândalo da mensagem cristã. É

uma mensagem oculta de esperança

que não faz sentido para o mundo,

mas sabemos que muda a vida e o

mundo de uma maneira profunda.

Nossa esperança e nossa alegria

se encontram em Jesus, o Filho.

Adoramos um Salvador que se tornou

um bebezinho, que viveu entre as

pessoas como alguém comum e

incompreendido, que cresceu e abriu

a mensagem da salvação de Deus ao

mundo e sofreu por nós. Nossa alegria

está em Deus, que é Emanuel—um

Deus que está conosco. Nossa alegria

é que não estamos sozinhos neste

mundo ou em nossos sofrimentos.

Nossa alegria está em Jesus

que viveu e morreu para preparar

um Reino que é verdadeiramente

o contrário. É uma mensagem

de esperança, não para os ricos e

poderosos do mundo, mas para

os pobres, os mansos e os que

sofrem. Os poderes do mundo

não o reconheceriam e, no

entanto, conhecemos uma alegria

surpreendente em um Salvador

crucificado que ressuscitou.

É uma mensagem peculiar que

celebramos no mundo de hoje.

Vivemos em um mundo cheio de

grandes necessidades, mas sempre

temos boas notícias para compartilhar.

Existem literalmente milhões de

cristãos de carne e osso que vivem

uma esperança diferente do mundo.

Eles estão professando alegria em

meio à dor e tristeza. Eles estão

proclamando e vivendo uma nova

realidade, que é do Reino de Deus.

4 2019 // EDIÇÃO 2


PONTOS DE CONEXÃO

Foco do patrocínio

UMA SEGUNDA DE-

CISÃO SEM PENSAR

MUITO

Klara Palatinus (New Jersey, USA)

FOTOS CORTESIA DE KLARA PALATINUS

Uma manhã, quando Klara Palatinus estava indo para

o trabalho, ele tomou a decisão repentina de patrocinar

uma criança. Ela estava pensando em sua irmã enquanto

dirigia, considerando o quão importante era para a família.

Naquele momento, um anúncio sobre o patrocínio de

crianças soou no rádio e destacou uma criança que estava

fazendo aniversário no mesmo

dia que a irmã de Palatinus.

Embora ela tenha parado

e telefonado imediatamente,

quando a conversa terminou,

a criança já havia sido

patrocinada por outra pessoa.

"Fiquei muito

decepcionada, e tomei

uma decisão sem pensar

muito naquele momento, então decidi patrocinar

a que era 'a mais carente'", diz Palatinus.

Embora o programa de patrocínio anunciado na

rádio não fosse realizado pelos Ministérios Nazarenos

de Compaixão, Palatinus sentiu que o patrocínio

através do NCM era o que ela queria fazer. Não que ela

não tivesse ouvido falar sobre o programa antes. Ela o

considerava, mas nunca pensou que era a hora certa.

Três anos depois desse dia em direção a seu trabalho,

Palatinus está patrocinando quatro crianças através do

"FIQUEI MUITO DECEPCIONADA, E

TOMEI UMA DECISÃO SEM PENSAR

MUITO NAQUELE MOMENTO,

ENTÃO DECIDI PATROCINAR A

QUE ERA 'A MAIS CARENTE'"

MNC. Antes daquela manhã, ela se preocupava que o custo

fosse muito alto. No entanto, agora, ela incentiva outros

a agir, desafia-os a patrocinar não apenas um, mas dois

filhos. Afinal, são apenas dois dólares por dia, diz ela.

Ser patrocinadora foi uma experiência que

transformou minha vida, acrescenta Palatinus. Ela sempre

se interessou pelo bem-estar dos

outros—mesmo quando criança,

alegou ser pacificadora—mas nunca

pôde ser uma mãe biológica.

"... Deus, como sempre, não

decepciona", diz ela. "Ele tornou

possível que eu tivesse filhos ao

me tornar patrocinadora. Hoje eu

tenho três meninos e uma menina

em diferentes partes do mundo."

Muitas vezes, Palatinus diz que pensa no que Jesus

diz em Mateus 25: 35-36: ... porque eu estava com fome

e você me deste de comer, eu estava com sede e me

deste de beber, eu era um estranho e você me recebeu,

estava nu e me cobristes, enferma e me visitaste; na

prisão, e você veio até mim... Ela se sente muito grata

por poder ajudar essas crianças e suas famílias.

"Se eu pudesse, patrocinaria cada uma dessas milhares

de crianças que estão esperando por alguém", diz Palatinus.

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PONTOS DE CONEXÃO

FOTOS POR CALLIE STEVENS

Estudantes de todas as partes da Filipinas se reuniram para

aprender habilidades de liderança e apoiar uns aos outros.

Enfoque global

NASCIDO PARA

LIDERAR

Filipinas foca na juventude

Relatório de Comunicação do MNC

Antes do amanhecer no Centro de retiros, você

já pode ver um grupo de adolescentes estudando

a Bíblia. Depois do café da manhã e do devocional

matinal, eles se dispersam no amplo pátio para

brincar com o disco voador ou o futebol.

Os 51 adolescentes do retiro, dirigido pela igreja,

fazem parte da conferência para filhos de pastores nas

Filipinas, e isso, por sua vez, faz parte de um plano

maior para envolver todos os jovens do país. Em um

país onde a idade média é de 24 anos, ouvir os jovens é

crucial. Esse evento em particular, chamado "Nascido

para liderar", foi organizado para dar aos filhos de

pastores a oportunidade de desenvolver grupos de apoio

como habilidades de liderança, diz Jazmín Eugenio,

coordenador de Ministérios da Criança no país na Área.

"Essa é a nossa ênfase na região, equipar as

crianças", diz Eugenio. "Não vamos segurar o bastão

o tempo todo, passaremos para a próxima geração".

Ana (E) e Daria (D) dizem que esperam mais oportunidades

para que os jovens—especialmente os filhos de

pastores—se reúnam e se apoiem uns aos outros.

6 2019 // EDIÇÃO 2


Eugenio liderou o evento junto com um comitê.

Este seguiu uma liderança que havia dois anos antes

e Eugenio diz que há mais eventos desse tipo por vir.

A Igreja do Nazareno nas Filipinas quer ser conhecida

por ter alcançado a próxima geração. Portanto, embora

este evento tenha sido direcionado aos filhos dos

pastores, a igreja pretende envolver todos os jovens.

NÃO ESTÁS SOZINHO

Ana e Daria não querem ser pastoras, embora

reconheçam conscientemente que aos 16 anos muitas

coisas podem mudar. Mas este evento não foi apenas

para incentivar os jovens a ministrar, mas também

para lhes dar ferramentas para se tornarem líderes,

independentemente de onde estejam—ou onde estarão.

"Sem líderes, tudo é caos", diz Ana. "Precisamos

de bons líderes que entendam as pessoas, líderes que

possam guiar as pessoas para onde elas deveriam estar".

Daria sorri e diz: "E... pressioná-los às

Os estudantes no evento criaram um vínculo através dos jogos e

também puderam compartilhar testemunhos profundamente pessoais.

“PRECISAMOS DE BONS LÍDERES QUE

ENTENDAM AS PESSOAS, LÍDERES

QUE POSSAM GUIAR AS PESSOAS

PARA ONDE ELAS DEVERIAM ESTAR.”

vezes porque as pessoas gostam de ficar em

suas zonas de conforto, como eu!".

Amanda, 14 anos, diz que, no evento, ela compreendeu

que não precisa ser uma pastora para poder compartilhar

a palavra de Deus. "Sou muito, muito tímida e acho

muito difícil me comunicar com os outros por causa da

linguagem", diz ela. Aprendi que a linguagem não precisa

ser uma barreira para compartilhar a Palavra de Deus".

Eugenio reconhece que há muitas pessoas que

Nas Filipinas, os líderes regionais estão capacitando os jovens para

que eles mesmos se tornem líderes, independentemente do campo.

NCM.ORG

7


PONTOS DE CONEXÃO

consideram que não se deveria dar tanta ênfase

à juventude. Mas ele também menciona que

o desafio de uma nova estratégia começou

a surgir entre os líderes da igreja. Eles

começaram a observar como esses rapazes

ministram a seus pais. Ao investir nesses

jovens, eles perceberam que não são apenas o

futuro da igreja, mas que são a igreja de hoje.

Como filhos de pastores, os jovens desse

evento em particular estão sujeitos a maior

observação do que o adolescente comum.

Muitos deles mencionam que experimentaram

muita pressão ao serem observados pela

congregação que seus pais ministram.

Ana, Daria e Amanda expressam que

se reunir com os outros tem sido muito

importante. Estar com outros filhos de pastores

lhes permite relaxar. Eles não precisam se

preocupar em ser expostos e consideram

isso muito significativo ao aprenderem

sobre a missão em todos os lugares.

"Existe uma conexão entre

nossas histórias", diz Ana. "... todos

vivemos a mesma experiência".

*Os nomes das meninas foram modificados para proteção.

Jessa (E) diz que não está nervosa conduzindo um estudo

bíblico que começou em sua escola, apesar de tímida.

Alguns dos estudantes estão lidando com lares destruídos,

vício e enfermidades mentais. No retiro, eles tiveram a

liberdade para falar abertamente sobre seus problemas.

8 2019 // ISSUE 2


Escolha a

COMPAIXÃO

JUNTE-SE À

IGREJA EM AÇÃO

DURANTE O MÊS

DOS MINISTÉRIOS

DA COMPAIXÃO E

ESTABELEÇA UM CURSO

SOBRE COMPAIXÃO

AO LONGO DO ANO

ncm.org/ncm-month

NCM.ORG - MNCSAM.ORG

9


Ao redor do mundo

DADOS

O SEMINÁRIO TEOLÓGICO

NAZARENO DA ÁSIA-PACÍFICA

foi a primeira instituição

teológica no nível de mestrado

fora dos Estados Unidos.

As Filipinas são um arquipélago

composto por mais de 7,100 ILHAS,

das quais apenas 2.000 são habitadas.

Filipino e inglês são os idiomas oficiais,

MAS EXISTEM MAIS DE 150

IDIOMAS E DIALETOS falados no país.

Existem também duas instituições

nazarenas para o ensino

superior de graduação:

O COLÉGIO FILIPINO

NAZARENO E O COLÉGIO

BÍBLICO NAZARENO VISAYAN.

*Informações fornecidas pela Igreja do

Nazareno, National Geographic.

Para saber mais sobre como a igreja está cuidando de crianças nas Filipinas, leia a página 12.

Queremos ouvir as

suas histórias de

compaixão!

ncm.org/share-your-story


Compaixão dia a dia

ABRACE

O

DESCONHECIDO

1

As ações diárias de compaixão podem parecer

pequenas e insignificantes. Por meio de cada uma

delas, porém, Deus está nos moldando e moldando

aqueles ao nosso redor. Nesta temporada, pratique

a compaixão abraçando o desconhecido. Pode ser

desconfortável—basta perguntar a uma criança

que tem dificuldade em fazer a lição de casa se as

coisas que ela não entende são agradáveis ​ou não.

Mantenha o Reino de Deus no centro e peça a Ele

que o ajude enquanto cultivas o desconhecido.

OFERECE SEU TEMPO COMO VOLUNTÁRIO

EM UM LUGAR DIFERENTE

Pense em áreas onde você normalmente não passaria

seu tempo. Ser voluntário em serviço onde você não

tem muita experiência não representa um benefício

para nenhuma das partes; portanto, desenvolva

novas habilidades. As igrejas geralmente têm

necessidades a serem preenchidas; desafie-se a você

mesmo a escolher algo novo. Ou dê um passo adiante

e procure na sua comunidade por uma organização

que o leve para fora da sua zona de conforto.

2

3

DEIXE QUE OS OUTROS LHE DESAFIEM

Tente aprender com aqueles ao seu redor. Se eles

sabem muito sobre algo que você não conhece,

peça que eles o ensinem mais. Mas não limite

o desafio a depender das pessoas que você

encontra; leia livros ou assista a filmes sobre

coisas que estão fora de seus costumes. Encontre

um livro da Bíblia com o qual você esteja menos

familiarizado e procure um comentário.

ATUE EM PEQUENAS COISAS

Aproxime-se de alguém com quem você

normalmente não falaria. Coloque em prática o

conhecer novos vizinhos ou pessoas da igreja, e

aprenda algo novo sobre eles e considere sair de

suas respostas comuns. Comece aos poucos: se

a primeira reação de um colega de trabalho for a

raiva, substitua-a por uma nova ação. Tente fazer

o mesmo em outras áreas com outras pessoas.


O Shechem Children's Home é um centro para

crianças que sobreviveram à exploração.

Casa

CRIANDO UMA

UM CENTRO NAS FILIPINAS CUIDA DE

CRIANÇAS SOBREVIVENTES DA EXPLORAÇÃO

POR CALLIE STEVENS

FOTOS DE STEVE JETER

12 2019 // ISSUE 2

12 2019 // EDIÇÃO 2


D

epois de uma porta de metal

deslizante, há uma quadra de basquete,

que anteriormente funcionava como

estacionamento. Mas além das quadras

de basquete, há uma nova estrutura de jogo e,

à direita de ambos, há uma casa de tijolos de

dois andares cercada por paredes pintadas de

cores vivas. Josué*, 18 anos, ajudou a pintar

um cavalo em uma das paredes e Daniel, 14

anos, pintou um grupo de peixes laranja. As

outras crianças que ficaram na casa escolheram

vários personagens e cenas como um panda,

desenhos animados populares e montanhas.

É nesta quadra de basquete e dentro

desses murais onde as crianças do Casa das

Crianças Shechem (Shechem Children's Home)

brincam nas Filipinas. Se alguém estivesse

do outro lado da porta de metal em um dia

qualquer, ouviria gritos e risadas, o som dos

saltos ao pular a corda e o movimento de

uma bola atravessando a rede. Em resumo,

os sons dos jogos infantis seriam ouvidos.

Proporcionar espaço para que as crianças

voltem a ser crianças novamente faz parte

integral da missão da casa, porque a inocência

da infância é o que lhes foi tirada. As Filipinas

constituem um centro mundial para a

exploração sexual de crianças on-line (OSEC).

Das 12 crianças que vivem na Casa das Crianças

Shechem, 11 são sobreviventes da exploração.

O QUE É OSEC

Hannah, 10, e sua irmã Christie, 8, adoram

jogos. Eles podiam pular corda e jogar basquete

por horas e horas. Embora estejam entre os

filhos mais novos de Shechem, ambos podem

fazer dezenas de cestas seguidas com a bola

de basquete de cor arco-íris da casa. Quando

Christie ri, o que é comum, ela geralmente

cobre a boca com as mãos. No entanto, às vezes,

quando algo é particularmente engraçado,

toda a sua cabeça é jogada para trás pela força

do seu riso. É uma transformação dramática

desde a primeira noite das irmãs em Siquem,

quando as duas se recusaram a entrar na casa.

Analyn Ablao, administradora da casa, diz

que o estabelecimento de relacionamentos é

essencial para as experiências das crianças.

Quando as meninas ficaram assustadas,

ela começou construindo confiança.

A OSEC não é o mesmo que outras formas

de tráfico de pessoas, portanto, não pode

NCM.ORG

NCM.ORG - MNCSAM.ORG

13

13


Jenny ama pandas, ela diz que são

adoráveis. Isso também oferece conforto.

Pais da casa cuidam de todas as crianças,

incluindo Bia, de um ano, e sua mãe.

ser tratado da mesma maneira. Embora o

tráfico de trabalho e o sexo envolvam o abuso

pessoalmente, a OSEC está registrando o

abuso sexual na mídia digital, normalmente

em vídeo, mas às vezes também em fotos. Os

vídeos são transmitidos ao vivo e dirigidos

por quem paga para assisti-los. Quem paga

para vê-los geralmente são homens de

países ocidentais: Estados Unidos, Austrália,

Alemanha e Reino Unido. Leody Tan Echavez

III, coordenador do NCM para a Igreja do

Nazareno nas Filipinas, diz que isso faz

parte do que torna a OSEC tão astuciosa.

"Com o tráfico sexual tradicional, você

só precisa ir a um bordel ou um bairro de

prostíbulos e lá está, mas na OSEC isso está

acontecendo em todos os lugares", diz Echavez.

Tanto Hannah como Christie foram

exploradas por anos antes de irem a Shechem.

O agressor era alguém da comunidade que

preparou uma amiga delas. Essa menina

foi ensinada a convidar suas amigas para

14 2019 // ISSUE 2

14 2019 // EDIÇÃO 2


brincar, mas a exploração das meninas não é culpa

dela. Ela também foi usada tanto pelo homem que

as vendeu como pelas pessoas que pagaram. Quando

sua avó descobriu o que estava acontecendo, ela ficou

horrorizada e agiu imediatamente. Infelizmente,

porém, sua história é um tanto singular: os membros

da família nem sempre reagem dessa maneira.

Normalmente, mas nem sempre, o abuso não implica

que um adulto toque uma criança. Em vez disso, é o

adulto que instrui as crianças a realizarem atos. Isso

leva à narrativa comum angustiante de que a OSEC não

afeta as crianças quando não há nenhum contato entre

elas e os adultos envolvidos. Frequentemente—estimase

que dois terços das vezes—os principais promotores

da OSEC são os pais da criança ou um parente direto.

Muitos pais, acreditando que o abuso deve incluir contato

físico, não consideram que o

que fazem seja tão ruim. As

crianças, querendo agradar seus

pais e ajudar suas famílias, não

percebem que isso está errado.

As crianças ajudam em tarefas como

cozinhar e lavar roupas. No entanto, o

mais importante é que as refeições são um

momento para criar vínculos na mesa.

PARTICIPAÇÃO FAMILIAR

Daniel, 14 anos, chegou

a Shechem com sua irmã

Angela, 16, sua amiga

Jasmine, 18, e sua filha de

um ano, Bia. A sogra de Jasmine foi a responsável

por sua exploração. Agora, Jasmine está aprendendo

o que significa ser mãe adolescente, com o apoio

da equipe de Shechem, em vez de sua família.

O crime em si é relativamente novo. O primeiro caso

de exploração de crianças nas Filipinas foi notificado em

2011. A prevalência cresceu rapidamente desde então.

Nos últimos cinco anos, os relatos de suspeitas de abuso

sexual de crianças on-line dispararam de pouco mais

de 100.000 a 18 milhões em todo o mundo. As crianças

nos casos relatados variam em idade desde a infância

até 18 anos. Se Jasmine não tivesse sido resgatada,

provavelmente Bia também teria sido explorada.

A pobreza é uma das razões pelas quais o número

“E ASSIM, NOS TORNAMOS UM

CATALISADOR DE MUDANÇAS

E TRANSFORMAÇÕES EM

NOSSA COMUNIDADE.”

de casos da OSEC está aumentando. Cerca de um

quinto dos 100 milhões de pessoas que vivem nas

Filipinas ganha menos de US $ 2.000 por ano. Mas

identificar uma das razões é complicado. O acesso sem

precedentes à Internet através de telefones móveis

baratos e dados facilita aos autores a venda de conteúdo

e a rápida obtenção de dinheiro. Também existe o fato

de o inglês ser uma das línguas oficiais das Filipinas. É

inegável que são os povos dos países de língua inglesa

ocidental que estão financiando a exploração.

É difícil saber qual é o melhor curso de ação contra

a OSEC. Simplesmente não há muita informação

sobre a luta contra a OSEC; o pouco que há deve ser

considerado a ocultação sob a qual se procede essa

exploração. Se os autores são membros da família, como

os policiais os encontram para aplicação da lei? Como

você cria um arquivo contra eles se os pagamentos

são criptografados ou se não há dados físicos?

Muitas crianças pequenas acreditam que a culpa é

delas quando seus pais ou tios acabam na prisão. Echavez

diz que há muito engano e manipulação para ganhar a

confiança das crianças com a intenção de explorá-las.

Muitas vezes, as crianças não se veem como vítimas e

lutam para assimilar a realidade do que lhes aconteceu.

"Elas não querem perder essas pessoas", diz

Echavez. "Elas querem manter essas pessoas, então

preferem ter pais ruins ... porque preferem ter

uma família ruim do que nenhuma família".

A VIDA NA CASA

O Lar Infantil Shechem, que recebe apoio dos

Ministérios Nazarenos de Compaixão, é o primeiro de

seu tipo nas Filipinas. Depois de

resgatadas, as crianças recebem

exames médicos e prestam

informações policiais. Em seguida,

elas vão para um abrigo a longo

prazo, onde irmãos de diferentes

gêneros são separados e nem sempre

há uma avaliação personalizada para

determinar qual o próximo melhor

passo para a criança. Em Shechem,

no entanto, as crianças se reúnem

regularmente com a assistente social e o terapeuta para

receber terapia individual e em grupo. Elas participam de

devocionais semanais liderados por voluntários da igreja e,

às vezes, a casa oferece outras classes, como jiu jitsu ou arte.

Hannah e Christie, as irmãs que inicialmente não

queriam entrar, estão em Shechem para que possam

receber terapia de terapeutas contratados, bem como apoio

da assistente social; eventualmente, uma vez que seja

seguro, elas voltam a viver com sua família. A elas se juntam

outras 10 crianças entre um e 18 anos, embora a menina de

um ano nunca tenha sido explorada; ela chegou com a sua

mãe, a mais velha do grupo. As crianças vêm a Shechem

através da Missão Internacional de Justiça, uma das várias

organizações parceiras da igreja. A maioria delas ainda

NCM.ORG

NCM.ORG - MNCSAM.ORG

15

15


Duas seguranças trabalham em casa

e costumam brincar com crianças.

estão na escola, então eles trabalham com tutores na casa

para garantir que não atrasem em suas tarefas escolares.

"Estamos aqui para apoiá-las emocionalmente",

diz Ablao. "Se elas precisarem de alguma coisa, como

sentem falta dos pais, podem conversar conosco."

O IMPACTO DO TRAUMA

Na sala da casa que se tornou um escritório, há um

espaço para se encontrar com terapeutas e assistentes

sociais em particular. As paredes de tijolos vermelhos

daquela sala privada são cobertas com desenhos que as

crianças fizeram, acompanhadas de prateleiras e cadeiras.

Às vezes, Grace Abata, assistente social, ou Ablao, trabalha

com crianças por meio de arteterapia. Várias crianças

adoram arte. Josué, que ajudou com os murais, passou

uma tarde inteira com aquarelas na varanda da frente.

Atualmente, há onze funcionários que trabalham

em Shechem, excluindo os tutores e terapeutas

contratados que vêm regularmente. Cinco mães

vivem com as crianças, duas por turno de 12 horas

e uma para substituir Abata. Mais duas assistentes

sociais trabalham exclusivamente com as famílias das

crianças e duas seguranças femininas também fazem

turnos de 12 horas. Ablao coordena todos eles.

Ablao deixou seu emprego como equipe de apoio

nas escolas para se tornar a administradora da casa em

Shechem. Um colega disse-lhe que seria uma função para

trabalhar com crianças sobreviventes da exploração. Ela

sabia como o trauma afeta o resto da vida de uma criança,

também sabia que essas crianças não estavam recebendo a

ajuda de que precisavam. Foi um momento de convicção.

"Realmente me cativou ajudar esse tipo

de criança, porque realmente está surgindo

um problema", explica Ablao.

Como muitos dos agressores são membros da

família, uma preocupação constante é onde as crianças

viverão após serem resgatadas. Daniel, Ângela,

Jasmine e Bia não podem voltar para suas casas; o

risco de uma maior exploração é demasiadamente

grande. Quaisquer que sejam as circunstâncias, o

fato de estarem separadas de suas famílias já é um

trauma em si. A segurança tanto do aumento da

exploração como de uma retraumatização é crucial.

"O trauma em si mesmo está nas crianças",

acrescenta Abata. "E esse trauma ainda existe mesmo

quando eles crescem, especialmente quando essas

crianças não recebem nenhuma ajuda ou apoio".

As crianças têm três opções para a reintegração

a longo prazo após o seu resgate: morar com um

membro da família que não cometeu nenhum crime

em um ambiente seguro, em um lar adotivo ou em

um abrigo a longo prazo. Shechem é o intermediário

entre o resgate e essa decisão final. Embora deseje

fornecer um espaço seguro para as crianças se sentirem

confortáveis, eles também querem fazer a avaliação

rapidamente, para que as crianças possam começar a

prosperar no local em que são colocadas a longo prazo.

Como as crianças que permanecem em Shechem

nem sempre percebem que foram vítimas de exploração,

parte do trabalho da assistente social na casa é ajudar

as crianças a processar esse fato. Neil Braga é um dos

assistentes sociais da família, um papel diferente dos

da casa; seu trabalho é descobrir o que Shechem pode

fazer para ajudar os pais ou outros membros da família

que não cometeram crimes. A separação pode ser

traumática para todas as partes. Recentemente, com a

ajuda de uma das organizações parceiras que trabalha

com a igreja, foi organizado um dia em família em

um parque aquático com parentes não agressores.

"Como assistente social da comunidade, assistente

social da família de Shechem, tenho que garantir

que a família esteja sendo cuidada", diz Braga.

A educação desempenha um papel muito importante,

acrescenta Braga. Se ele puder ajudar a garantir que as

famílias entendam como manter as crianças seguras—

como ajudá-las a processar o trauma—, então isso faz

parte de seu trabalho bem feito. Mas é um desafio. Ele

vai de moto para visitar famílias, mas nunca as conheceu

antes. Eles não sabem se é confiável e é compreensível

que tenham medo de estranhos. As emoções são altas.

"Muitas perguntas que envolvem emoções

16 2019 // ISSUE 2

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fortes estão sendo feitas", diz ele. "Portanto, tenho

que me assegurar de que entendam que seus filhos

estão sendo ajudados—que queremos ajudá-los".

UM CATALISADOR DE MUDANÇA

O alcance da OSEC é tão grande que parece quase

impossível não se sentir oprimido. No entanto, em vez de se

sentirem imobilizados, os membros da Igreja do Nazareno

se sentiram chamados a responder quando souberam

da existência da OSEC. O

Lar Shechem nasceu dessa

chamada. Stephen Gualberto,

Coordenador de Estratégia de

Área da Igreja do Nazareno

nas Filipinas e na Micronésia,

diz que a igreja pode ser

um ponto de encontro para

combater a exploração.

"A igreja não se trata

do edifício, mas sobre as

pessoas que Deus tem

transformado e feito suas

mãos e pés", diz ele. "E,

assim, nos tornamos um catalisador de mudanças

e transformações em nossa comunidade".

A igreja nas Filipinas sempre teve um forte foco nas

crianças e um próspero programa de desenvolvimento

infantil. Expandi-lo para cuidar de crianças que têm

sobrevivido à exploração tem sentido para a liderança

nazarena. Mesmo antes de Shechem abrir suas portas,

a igreja conduzia programas de conscientização para

“ESSE É O NOSSO OBJETIVO—QUE

[SHECHEM] NÃO SE TORNARIA

UMA INSTALAÇÃO OU INSTITUIÇÃO

PARA ELES, MAS SERIA UM

ESPAÇO SEGURO PARA ELES

SEREM APENAS UMA CRIANÇA”.

ajudar a educar a comunidade sobre a OSEC.

Abata diz que vê seu trabalho como dar tempo, atenção

e respeito. Mas, junto com outros na casa, ela também

reconhece que Deus é quem transforma. Eles podem

fornecer terapia, trabalho de caso, aulas particulares, os

devocionais e segurança para que as crianças prosperem.

Mas somente o amor de Deus pode restaurar.

"Não sou eu quem poderia restaurá-los ou o que

poderia torná-los completos novamente", diz ele. "Mas

Deus é o único que pode lhes

dar esse tipo de força, esse tipo

de conforto, uma plenitude que

eu nunca poderia lhes dar."

Seria um erro acreditar que

todo o trauma, emoções complexas

em relação aos membros da família

e dor podem ser apagados nos

poucos meses que as crianças

passam em Shechem. Não é tão

simples. O abuso é algo com que

os sobreviventes lutam pelo resto

de suas vidas. Tem havido alguns

casos de automutilação. Vários

dos adolescentes estão sendo tratados da depressão.

O Lar Infantil Shechem não está ignorando essas

implicações a longo prazo. Em vez disso, eles estão

tentando fornecer espaço e ferramentas para as

crianças e suas famílias iniciarem o processo de cura

nos próximos meses e anos. É claro que as crianças no

Shechem se sentem confortáveis. Apesar do contexto,

das câmeras e guardas de segurança de CCTV, o

Juntamente com ferramentas práticas—

tutoria, terapia, assistência médica—

Shechem fornece um lugar para as

crianças se tornarem crianças novamente.

NCM.ORG

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O basquete é o esporte favorito na

casa e é popular entre todas as

crianças quando é tempo livre.

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Shechem Children's Home é realmente um lar.

As crianças se revezam nas tarefas domésticas, duas

ou três delas ajudam a colocar o jantar na mesa. Quando

visitantes adicionais chegam—equipe da igreja, equipe

do MNC, voluntários das igrejas Nazarenas locais—a

mesa deve estar do lado. Ela se estende pelo plano aberto

da casa, atravessando a sala de jantar e alcançando a

cozinha. Juntos, todos se sentam para orar pela comida.

Sobre o som de conchas tocando panelas e servindo

colheres raspando tigelas, as crianças conversam e brincam,

rindo e chamando à mesa. No entanto, enquanto os pratos

são removidos, Hannah permanece na mesa, com lágrimas

escorrendo em seu rosto. Ablao vai se sentar com ela e fala

baixinho sobre o que está errado. As lágrimas são em parte

por causa das provocações, já que Hannah é mais jovem

que seus colegas de classe. Mas ela já estava chateada

antes do jantar começar; no início desta semana, ela e a

irmã tiveram que se encontrar com Abata no escritório,

enquanto se preparavam para comparecer ao tribunal

e enfrentar seu agressor. Embora ela estivesse sorrindo

enquanto havia lágrimas nos olhos no final da sessão, esse

fardo nunca deveria ter sido colocado sobre seus ombros.

A esperança é que, ao final de sua estadia em Shechem, ela

possa reviver um pouco sua infância sem complicações.

"Esse é o nosso objetivo—que [Shechem] não se tornaria

uma instalação ou instituição para eles, mas seria um espaço

seguro para eles serem apenas uma criança", diz Echavez.

Para apoiar a Casa das Crianças Shechem,

visite NCM.org/ShechemHome

* Os nomes das crianças foram alterados para proteção.

O QUE É

OSEC?

Exploração sexual on-line de

crianças (OSEC) é o comércio

on-line de vídeos ou imagens

de crianças envolvidas em atos

sexuais. Embora a maioria dos

vídeos e fotos seja produzida

nas Filipinas, a localização

das pessoas que compram

o conteúdo está em todas

as partes do Mundo. Esse

é um sinal claro de que a

exploração tem alcance global.

As Filipinas, de acordo com

seu departamento de justiça,

recebem pelo menos 3.000

denúncias por mês de outros

países, detalhando o possível

abuso on-line de crianças

filipinas. A maioria desses

relatórios vem da Alemanha,

Austrália, Canadá, Estados

Unidos e Reino Unido.

A dura realidade é que é

extremamente difícil processar

o crime. Os compradores usam

criptomoedas e os vendedores

criam transmissões ao vivo

criptografadas, difíceis

de serem rastreadas pela

polícia. A OSEC também

é um problema crescente

em toda a região, com

casos também relatados

no Vietnã e no Camboja.

Consulte o TED Talk de

Philip Calvert para obter

mais informações ou visite

os seguintes sites:

ncm.org/trafficking

internetsafety101.org

ijm.org/philippines

O primeiro bicho de pelúcia que

Christie recebeu quando chegou

ainda é um dos seus favoritos.

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__

UNIR

E

__

Reunir

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______

OS MINISTÉRIOS DE UMA IGREJA DE

WASHINGTON FORNECEM UMA COMUNIDADE

PARA AQUELES QUE VIVEM COMO REFUGIADOS

Palavras e fotos por Callie Stevens

E

m uma manhã no início da primavera, em Kent,

Washington, um grupo de mulheres se reuniu em torno

de uma mesa de corte alto, assistindo a Sandy Appl fazer

uma demonstração de como usar um cortador giratório. O

dispositivo, que se parece muito com um pequeno cortador de pizza, faz

que o corte de tiras de pano seja tão fácil como desenhar uma linha.

As quatro mesas que se estendem pela sala são iluminadas por uma parede

de janelas, permitindo ver facilmente os pequenos pontos. No lado oposto das

janelas, há tábuas de passar roupas prontas para uso; acima delas, cartazes com

palavras e frases úteis em inglês. Quando os instrutores não estão ensinando,

a sala está cheia de conversas e risadas. Cada uma das oito estações de costura

possui uma máquina de costura, uma placa de identificação e uma pequena caixa

de plástico com suprimentos e projetos semiacabados. Durante seis semanas,

as mulheres fabricam fronha, luva de cozinha, colcha de bebê, bolsa e zíper.

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PHOTOS COURTESY OF BRANDON SIPES


_____________________

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Os estudantes fazem projetos para manter ou doar para o

As mulheres participam do Sewing With Purpose

(costura com Propósito), um ministério da Kent Hillside

Church—uma Igreja Internacional do Nazareno, em

parceria com a World Relief Seattle. Elas também são

todas refugiadas que são reassentadas em Washington.

Três vezes por semana, elas vão à igreja para aulas

de duas horas e concluir

projetos de dificuldade

crescente em suas estações

de costura individuais.

Durante a semana da lição

com o cortador giratório,

elas fazem a colcha de bebê. Cada mulher escolhe

uma pilha de Tecido, todos com estampas diferentes:

cores pastel, girafas, filhotes, elefantes e pontos. O

cortador facilita o corte de tiras longas e quadradas,

que são então costuradas e coladas. Os cobertores são

geralmente doados para o Seattle World Relief, que

doa para outras famílias de refugiados

__

que precisam

deles. Cada mulher costura seu nome no canto da

colcha quando termina, assinando suas obras.

CRIANDO COMUNIDADE

Mursal Alemi estava nos Estados Unidos há menos

de um mês quando seu assistente social no World Relief

Seattle contou a ela sobre a classe. Ela era uma jovem

mãe de gêmeos em idade pré-escolar. Com o marido, eles

vieram do Afeganistão sem nenhuma outra família. Estar

aqui, por conta própria, era extremamente solitário,

disse ela. Por um tempo, ela chorou todos os dias.

Então, quando soube de um lugar onde podia praticar

inglês e fazer parte de uma comunidade, ela ingressou

na aula de costura no primeiro grupo. Alemi ainda

é amiga das mulheres que conheceu lá e com quem

regularmente se reúne nas casas umas das outras.

"Não é a primeira vez que venho, mas depois de ter

chegado ... sou amiga de muitas pessoas", diz Alemi.

"Agora sou amiga de muitas pessoas da classe".

"AS MULHERES SÃO MULHERES

EM TODOS OS LUGARES,

INDEPENDENTEMENTE

DE SUA ORIGEM".

World Relief Seattle e praticam inglês ao mesmo tempo.

A costura com propósito teve início em 2017, depois

que a World Relief Seattle conduziu um estudo com

algumas das famílias afegãs que se estabeleceram

em Kent, embora nem todas as mulheres presentes

sejam do Afeganistão. Muitos, incluindo Alemi, vêm

com um visto especial de imigrante (SIV - special

immigrant visa), que geralmente

é concedido a famílias nas quais

os homens trabalhavam como

tradutores ou outros especialistas

do Exército dos Estados Unidos.

Assim, embora seus maridos

tenham tido a oportunidade de aprender inglês, muitas

das mulheres nem sequer tiveram a oportunidade de

aprender a ler e escrever em seu próprio idioma.

Como Alemi, as mulheres acabam isoladas em casa,

incapazes de falar o idioma em um novo país e sem

desenvolver nenhum tipo de comunidade. Eles queriam

fazer parte de uma comunidade e ter a oportunidade de

aprender inglês sem se preocupar com classes mistas de

gênero, o que seria visto como culturalmente inadequado.

Com funções em ambas as entidades, Tahmina

Martelly ajuda a preencher a lacuna entre o World Relief

Seattle e o Kent Hillside. A própria Martelly solicitou

asilo. Ela veio do Bangladesh para os Estados Unidos.

Durante anos, havia trabalhado com quem vive como

refugiada ou requerente de asilo, e sabia que havia

desafios únicos para as mulheres. Ela começou a se

perguntar o que poderia fazer para ajudar mulheres

com histórias como a de Alemi. Martelly ligou para seus

contatos, mas ninguém ofereceu aulas de costura—

certamente, não havia nenhuma por perto, com alguma

experiência no ensino de inglês como segunda língua.

"[Nós] estávamos basicamente pensando: 'Bem,

como poderíamos fazer isso?'", diz Martelly. "E é claro,

eu sabia que poderia contar com a nossa igreja".

_______________

NCM.ORG - MNCSAM.ORG

FOTO CORTESÍA DE WORLD RELIEF SEATTLE

_________

21


Nas aulas de Alfabetização em Família, os

A horta comunitária significa que pessoas de todo o mundo

______________________

pais podem aprender inglês e novas maneiras

podem cultivar alimentos frescos e ter espaços verdes.

de se envolver com os seus filhos.

__

TRANSFORMANDO A IGREJA

Kent Hillside tinha o espaço que o World Relief Seattle

não possuía; havia várias salas de aula no prédio que eram

usadas principalmente como armazém. Mas eles ainda

não tinham suprimentos para as aulas. Eles precisam

de máquinas de costura, um currículo que ensinasse

costura e inglês, mesas de corte, voluntários, sala para

as crianças—a lista parecia quase intransponível. Então,

quando a ideia de ensinar ainda estava sendo formada,

uma mulher se aproximou de Martelly

para oferecer suas 10 máquinas de

costura que ela havia armazenado.

A mulher, Jeanine Boyle, era

instrutora da empresa de máquinas

de costura Singer e sabia escrever

tutorial de costura. A aula estava

começando a parecer possível, afinal.

Boyle e Martelly desenvolveram um guia de aula que

incorpora resultados para o aprendizado de inglês. Então

Appl, a atual instrutora principal, ajudou a modificá-lo.

"Tentamos torná-lo o mais completo possível e

desenvolver o curso do começo ao fim", diz ela. "O que eles

fazem em seis semanas com apenas três manhãs é incrível".

Alguns dos homens da igreja construíram as mesas

de corte, reduzindo o custo para US $ 150 cada, em vez

de US $ 2.000. Os voluntários limparam as salas de

aula, transformando-as em um espaço de artesanato,

um espaço para cuidar de crianças e a sala de costura. O

que costumava ser o armazém de roupas e decorações

de coral tornou-se um local de vida e histórias.

"Quando você limpa salas cheias de coisas em

uma igreja, pode haver muitas memórias antigas que

ressurgem... mas quando algo é convincente sobre o que

está acontecendo lá, as pessoas concordam", diz Martelly.

O primeiro grupo de aulas começou em janeiro de 2017.

Martelly diz que está sempre ajustando as coisas em seu

currículo, tentando melhorar a cada vez. Inicialmente, o

componente de ensino de inglês como segunda língua era

“QUANDO TÍNHAMOS AS MÃOS NA

TERRA, EM ALGUM LUGAR, ELAS

TAMBÉM ESTAVAM NA TERRA”.

um pouco difícil de alcançar, além da grande quantidade

de costura em cada sessão. Ninguém foi realmente

treinado e não havia horário específico para a aula. Agora,

um membro do serviço AmeriCorps geralmente está

conectado à classe através do World Relief Seattle. Em

cada sessão, o voluntário direciona os alunos em 20 a 30

minutos de exercícios de inglês como segunda língua.

"Toda aula eu penso: ‘Este é o grupo mais especial

de pessoas’" diz Appl, rindo. "E então o próximo grupo

chega, e penso: ‘Este é o grupo

mais especial de mulheres’".

A igreja também organiza outra

aula não tradicional de inglês:

quatro dias por semana, a igreja

organiza uma aula de alfabetização

familiar, através do World Relief

Seattle, para mães e filhos, desde bebês até crianças de 5

anos de idade. As mães e as crianças participam de aulas de

inglês apropriadas à sua idade antes de se reunirem para

aprender e praticar atividades que podem ser respondidas

em casa. As mulheres têm a oportunidade, então, de

aprender inglês e maneiras de interagir

__

com seus filhos.

"Então eles realmente aprendem

juntos", explica Martelly.

SEMEANDO UM PARAÍSO

E, claro, existe o jardim. Conhecido como Jardins Paraíso

dos Estacionamentos, 50 canais elevados—incluindo seis

canais acessíveis para deficientes—se estendem pelo que

costumava ser o asfalto atrás da igreja. Os Jardins foram

abertos em 2018 para fornecer uma horta comunitária

para aqueles que foram reassentados em Kent.

A igreja de Kent Hillside está localizada em uma grande

área. É tão grande que, há algumas décadas, ninguém sabia

muito bem o que fazer com aquilo. Sua solução, na época,

era pavimentá-lo para uso como estacionamento, mas

nunca foi usado. Durante anos, o terreno atrás da Igreja

existia apenas como um grande hectare de asfalto para

PHOTOS COURTESY OF WORLD RELIEF SEATTLE

______________

22 2019 // EDIÇÃO 2


_

estacionamento. Agora, esse espaço se tornou uma floresta

exuberante de pomares, representando 20 países diferentes.

"Conversei várias vezes com as pessoas [que

disseram]: 'Gostaria que houvesse um lugar onde

eu pudesse cultivar alimentos do meu país e não

encontro em supermercados'", diz Martelly.

Nos apartamentos onde a maioria das pessoas é

reassentada, não há acesso ao espaço exterior. Não há

espaço verde para cultivar alimentos, nem tampouco há

espaço verde para as crianças brincarem. Muitas vezes,

os administradores desses apartamentos familiares

cobram uma multa por permitir que as crianças brinquem

no estacionamento, mas não há outro lugar para onde

possam ir. Mais uma vez, Martelly começou a pensar. A

igreja era a solução perfeita: tinha espaço e fica em uma

enorme linha de trânsito para quem depende de transporte

público. O único problema era que estava cheio de asfalto.

Em algum momento durante a chuva de ideias,

Martelly percebeu que dois problemas poderiam ser

resolvidos ao mesmo tempo. Ao abordar de forma criativa

a contaminação das águas pluviais, também poderiam

resolver o problema de acesso a alimentos. Assim, a

World Relief Seattle adicionou quatro tanques de coleta

de água da chuva de 4.000 galões que capturam mais

de 255.000 galões de água por ano, representando

aproximadamente 80% das necessidades de irrigação do

jardim. Os voluntários também removeram 50.000 pés

quadrados de asfalto para canais elevados, e cinco jardins

de chuva foram recentemente adicionados para aplacar

mais de 1,1 milhão de galões de águas pluviais poluídas.

Existe um tipo específico de cura que ocorre quando

você está cultivando alguma coisa. Há evidências crescentes

de que a interação com a natureza tem um forte efeito

psicológico e até físico. Quando tudo parece dar errado,

poder colocar as mãos no chão pode criar uma sensação

de lar. Martelly diz que quando ela estava longe de sua

família, essa conexão era incrivelmente significativa.

"Quando tínhamos as mãos na terra, em algum lugar,

__

elas também estavam na terra", ela compartilha. "Não

precisamos estar no mesmo lugar, mas estamos conectados".

UM ESFORÇO COLETIVO

Se a história de sua criação não é prova suficiente,

parte do que torna notáveis ​os ministérios de Kent

Hillside e World Relief Seattle é quantas pessoas se

uniram para fazer algo acontecer. Voluntários de todas as

profissões e condições sociais ajudaram na aula de costura

e no jardim. Alguns frequentam a igreja, e outros não.

Muitos deles são membros da comunidade e só querem

ajudar. Esses voluntários encontram o caminho para os

ministérios de diferentes maneiras—Appl se conectou

através de uma amiga que também era voluntária.

"É o poder dos voluntários", compartilha Appl.

"Eles são como a nossa arma secreta porque podem

A aula de costura ensina inglês e habilidades de

costura. Também é um lugar para construir amizades.

NCM.ORG

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dar atenção individual. Portanto, se um aluno ficar preso

... há alguém ali para motivá-lo a seguir em frente".

Atualmente, 11 voluntários da igreja e da World

Relief Seattle estão ajudando na aula de costura. Os

voluntários da turma passam por vários treinamentos

diferentes: orientação geral, específica de costura e

cultural. Voelker diz que incentiva os voluntários a

experimentar os projetos em casa e depois que Appl

realizou uma aula extra apenas para os voluntários

aprenderem a colocar um zíper. É mais fácil ensinar

quando você teve a chance de falhar ou triunfar também.

Debra Voelker, pastora de Missões Globais em Kent

Hillside, ajuda a liderar a aula de costura. Enquanto

explica a importância da comunidade trabalhar em

conjunto, ela também está colocando o tecido na

mesa de corte com uma mulher chamada Asal*.

"É realmente o que faz com que funcione", diz Voelker.

Asal sabia costurar antes de chegar aos Estados Unidos,

mas gosta de melhorar suas habilidades e fazer parte da

comunidade. Enquanto ela e Voelker usam o cortador

rotativo para cortar tiras de tecido macio, ela falou com

lágrimas nos olhos da família que deixou para trás no

Afeganistão. A mãe dela está doente, ela explica. Asal não

tem como visitá-la e teme que sua mãe morra antes que

novamente possa vê-la pessoalmente. É um pensamento

de partir o coração. É também a realidade de ter que viver

como refugiados. Muitas pessoas tiveram que tomar decisões

entre a vida pela frente e a vida que deixaram para trás.

Alemi também falou daqueles que precisavam ficar

para trás. Enquanto seus irmãos estão no Canadá e na

Alemanha, seus pais e sogros ainda estão no Afeganistão.

Depois que ela aprender melhor o inglês, ela deseja

solicitar um passaporte para que eles possam obter vistos.

Ela não os vê pessoalmente há mais de dois anos.

“Eu quero que minha família venha para

cá; Eu amo minha família”, disse ela.

Voelker acrescenta que está impressionada com

as conexões que são feitas entre todas as mulheres

—voluntárias e estudantes—nas aulas semanais.

O espaço criado não é apenas para costurar, mas

também para apoiar um ao outro ao longo da vida.

"As mulheres são mulheres em todos os

__

lugares,

independentemente de sua origem", diz Voelker.

"Elas querem que suas famílias estejam seguras".

TRABALHANDO LADO A LADO

Entre Costurar com Propósito, a Classe de Alfabetização

Familiar e o jardim, as oportunidades para construir

relacionamentos são amplas, algo extremamente intencional.

Kent Hillside como um todo sentiu-se chamado a refletir

a vizinhança em que tinha, correspondendo à demografia

cultural e racial. E há muitos exemplos—alguns que

poderiam ser chamados de milagrosos—de todas as coisas

que tinham que acontecer para torná-las possíveis.

"Todas essas coisas—faz sentido trabalhar

com refugiados", diz Voelker.

As aulas de costura podem parecer aulas comuns: um

lugar para as mulheres virem e aprenderem a criar coisas com

pano, linha e paciência. O jardim pode parecer um jardim

simples, ou as aulas de alfabetização familiar podem parecer

um jogo simples. No entanto, todos esses ministérios vão

muito além do que os fatos indicam. Eles não são apenas

lugares para costurar, aprender ou cultivar alimentos. São

lugares onde as pessoas podem construir comunidade quando

nada parece familiar e onde o amor de Deus se manifesta

em ações. São lugares onde pessoas diferentes de origens

dramaticamente diferentes podem se tornar boas amigas.

"Este programa é muito bom; eu gosto", diz Alemi.

"Todas as pessoas que vêm para essa aula gostam disso."

Ela acena com a cabeça, afirmando o que disse e

acrescenta novamente: "Eu gosto deste programa".

Para obter mais informações sobre Costura com

Propósito, visite https://worldreliefseattle.org/sewing

Para mais informações sobre os Jardins Paraíso dos

Estacionamentos, visite https://worldreliefseattle.org/garden

*Os nomes e as fotos foram alterados para proteção.

__________

Mursal Alemi estava na primeira aula de

costura. Ela ainda usa o que fez e segue

sendo amiga de suas colegas de classe.

________________

24 2019 // EDIÇÃO 2


UMA NOVA

HOSPITALIDADE

DAR AS "BOAS-VINDAS"

AOS DESLOCADOS

PALAVRAS E FOTOS DE CALLIE STEVENS

Welcome To Home cria amizades que vão além

das aulas de inglês, diz Dan Samuelson (E).

_

B

em-vindo a casa.

A frase é um nome e uma missão

para Dan Samuelson, pastor da Igreja do

Nazareno de Tacoma. O Welcome Home

visa ao equipamento das pessoas para acolher refugiados e

requerentes de asilo que se estabeleceram em Washington,

EUA. De fato, a equipe do Welcome Home está tentando

criar espaços de amizade e orientação para aqueles que estão

aprendendo uma nova cultura e um novo idioma, enquanto

precisam explorar comunidades completamente novas.

"Para isso existe a igreja". "A história da

Bíblia é cuidar dos pobres e marginalizados",

diz Samuelson. "Essa é a história".

Em 2018, Washington estava entre os três principais

estados a receber o maior número de refugiados. Trata-se de

uma cidade com uma demografia variável. Samuelson sentiu

o chamado para criar o Welcome Home, lançado em 2017. O

ministério é dirigido por voluntários, que ajudam nas aulas

de Inglês Como Segunda Língua (ESL) em todo estado.

É através dessas aulas que

as relações entre reassentados

e voluntários podem ser

desenvolvidas. Samuelson, que

anteriormente trabalhou como

diretor executivo da World

Relief, quer garantir que todos

tenham uma comunidade,

mesmo quando o apoio dado pelo estado terminar.

Uma função essencial do Welcome Home é a educação.

Vários cursos e treinamentos ajudam as pessoas a

entender diferentes contextos culturais e a construir

relacionamentos quando vêm de diversas origens.

Segundo Samuelson, eles esperam treinar

voluntários por meio da educação, mobilizandoos

para construir relacionamentos com aqueles que

são marginalizados onde quer que morem.

Atualmente, 125 voluntários examinados e aprovados—

ou parceiros da comunidade, como são chamados no

ministério—de todo o oeste de Washington estão envolvidos.

O Welcome Home está comprometido com os voluntários:

se você se concentrar em construir relacionamentos, o

Welcome Home cuidará de tudo o mais. Em geral, isso

inclui detalhes administrativos, como pagamento de

aluguel, agendamento de logística, escolha de instalações

e organização de material educacional. No entanto,

"A DEFINIÇÃO DE ÁGAPE É UM

ATO DA VONTADE ... ONDE VOCÊ

ESCOLHE INVESTIR NA VIDA DE

OUTRA PESSOA PARA SEMPRE".

nem todos os voluntários frequentam aulas semanais

de inglês; parte do objetivo é mobilizar as pessoas para

receber seus vizinhos em suas próprias comunidades.

"A definição de ágape é um ato da vontade

... onde você escolhe investir na vida de outra

pessoa para sempre", diz Samuelson.

Cada classe de Inglês Como Segunda Língua (ESL)

parece um pouco diferente—parceiros diferentes

colaboram com o Welcome Home e métodos diferentes

se aplicam a cada classe. Frequentemente, os tutores

voluntários ajudam as crianças com os trabalhos de

casa e os alunos do ensino médio com inscrições na

faculdade. Eles usam ferramentas de conversação e

ensino com adultos, ajudando voluntários a ensinar

inglês e a construir relacionamentos simultaneamente.

Hamed*, que trabalhou como engenheiro no Afeganistão,

acompanha sua família a uma das aulas de Inglês Como

Segunda Língua do Welcome Home, que acontece no espaço

comunitário de um prédio de apartamentos. Eles fugiram

do Afeganistão com medo de serem

mortos se ficassem. Ele explica que

"nosso pecado é este: que recebamos

educação para reconstruir nosso país".

Levou muito tempo para obter

os vistos, ele diz: "Estamos fazendo

o processo há dois anos, muito

secretamente". Mesmo agora, a

família precisa ser extremamente cuidadosa. Se eles

publicam em redes sociais, podem colocar em risco

seus parentes no Afeganistão. Sem o inglês necessário,

Hamed não conseguiu encontrar trabalho nos Estados

Unidos. Ele diz que se candidatou a tudo, seu principal

objetivo é proporcionar um futuro bom para seus filhos.

A família viu uma placa na estrada anunciando a aula

de Inglês Como Segunda Língua e foi porque foi oferecida

gratuitamente. Eles ficaram para continuar aprendendo

inglês, mas também porque gostam das pessoas de lá. "As

pessoas são boas, meu professor é muito gentil", diz ele.

"... E, além disso, todos podem vir aqui. Eu gosto disso."

Para mais informações sobre Welcome

Home, visite welcomehome.buzz

*Os nomes são alterados para proteção.

NCM.ORG - MNCSAM.ORG

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O TRABALHO DE

RECONCILIAÇÃO

CONSTRUINDO A PAZ APÓS O

CONFLITO MORTAL NO BURUNDI

PALAVRAS E FOTOS POR BRANDON SIPES

E

m 1996, um homem de 26 anos chamado Luc

Ntahobari fugiu do seu país natal, o Burundi.

Por três anos, a guerra civil tinha sido furiosa

em todo o país, colocando étnicos hutus e tutsis

uns contra os outros. A guerra, que foi iniciada com as

primeiras eleições multipartidárias desde a independência,

durou 12 anos. As crianças foram amplamente recrutadas

como soldados e estima-se que mais de 300.000 pessoas

morreram. Como Luc descreve: “Foi terrível a matança que

começou. Minha oração para mim mesmo era que eu fosse

morto de modo que eu não tivesse que matar alguém”.

Durante seu tempo no exílio, Luc começou a frequentar

uma Igreja do Nazareno. Nela ele sentiu o chamado

pastoral. Viveu em Malawi e Tanzânia e estudou para o

ministério, ensinando em uma escola secundária nazarena

e pastoreando uma pequena igreja. Em 2005, a guerra

civil chegou ao fim e o líder de campo francês na África

propôs o início da Igreja do Nazareno no Burundi. Luc

foi convidado a voltar para ajudar a começar a igreja e

quando Burundi foi organizado como um distrito, um

ano depois, Luc foi convidado a assumir o papel.

Em 2015, a competência de uma eleição presidencial

novamente causou protestos massivos e agitação civil. No

final, 400 pessoas foram mortas e centenas de milhares

de pessoas fugiram do Burundi. A desconfiança aumentou

entre os que ficaram, aumentando também o medo de mais

violência étnica. Desta vez, porém, a Igreja do Nazareno

estava pronta para ser uma fonte de paz e reconciliação.

A TESTEMUNHA DA IGREJA

Quando o Apóstolo Paulo escreveu suas cartas

para a igreja de Corinto, ele fez isso por uma santa

preocupação com o bem-estar dos membros da igreja,

bem como com o propósito de incentivá-los a abordar

e curar as divisões que estavam aumentando na

congregação. A igreja estava lutando com uma variedade

de questões que produziam divisão e Paulo queria nutrir

a ideia de que parte da obra de Deus no mundo deve

ser reconciliar-se com Deus e uns com os outros.

E assim Paulo escreveu: “Tudo isso provém de Deus,

que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e

nos deu o ministério da reconciliação, ou seja, que Deus

em Cristo estava reconciliando consigo o mundo, não

levando em conta os pecados dos homens, e nos confiou a

mensagem da reconciliação” (2 Coríntios 5:18-19 NVI).

Embora Paulo e a igreja de Corinto não estavam

lidando com a intensidade e a escala da violência que o

Burundi enfrentou, é claro que a mensagem é universal:

levamos conosco o ministério da reconciliação. Se o

testemunho da igreja é para ser um lugar onde você pode

26 2019 // EDIÇÃO 2

26 2019 // ISSUE 1


Em Burundi, a igreja acredita que todos

levam o ministério da reconciliação.

ser reconciliado com seus inimigos, como estamos

fazendo-o? O mundo sabe que quando estamos em

conflito, podemos acudir à igreja para reconciliar-nos?

No Burundi, a Igreja do Nazareno levou a sério

esta questão. Ao longo do último ano, o distrito tem

desenvolvido um projeto de consolidação da paz que

encoraja os jovens de diferentes grupos étnicos e políticos

a envolver-se uns com os outros. Estas atividades

destinam-se tanto para nutrir melhores relações em meio

da grande tensão como para iniciar pequenos comércios.

O objetivo do projeto não é apenas conciliar

os grupos de combate, mas também criar paz e

estabilidade através do desenvolvimento econômico

do país e do emprego da juventude. O processo de

construção da paz não pode incluir apenas a melhoria

das relações; deve incluir também o florescimento

da população e uma visão para um futuro melhor.

E foi aqui que a igreja no Burundi

concentrou os seus esforços.

para este projeto. Ele tem trabalhado com aldeias em todo o

país para mostrar que a Igreja do Nazareno pode contribuir

não só para a redução da tensão e da violência entre os

inimigos históricos, mas também para o desenvolvimento

econômico das comunidades através da juventude.

Ao longo do ano passado, Claude o MNC de Burundi

dirigiram programas que reuniram jovens, de 14 a 35

anos, para tratar questões de divisão e trauma histórico,

enquanto criavam comércios que beneficiarão a

comunidade. A hipótese é a de que, se os jovens podem

começar a gerar confiança entre eles, os comércios que

desenvolvem podem ser mais duradouros no tempo

e serão aceitos extensamente na comunidade.

Desde o início do projeto, centenas de jovens

participaram de atividades de construção da paz: programas

de teatro, esportes, intercâmbios culturais e conversas

Os jovens empresários receberam

recursos para seus comércios.

A JUVENTUDE CRIA CONFIANÇA

Claude Nduwimana tem liderado esses esforços.

Claude é um homem de fala mansa com um sorriso

gentil, e muitas vezes faz longas pausas quando considera

uma declaração ou pergunta. Está claro que o seu

comportamento e sua personalidade têm aberto portas

NCM.ORG

NCM.ORG

27

27


destinadas a abordar as queixas históricas. Muitos

deles culminaram em eventos públicos com milhares

de membros da comunidade presentes que tiveram a

chance de ver os jovens se comprometerem uns com

os outros e com um futuro de paz e prosperidade.

Essas centenas de jovens então se organizaram em equipes

para criar comércios que pensavam que seriam viáveis. Este

esforço pode parecer como um passo óbvio e inconsequente,

mas para aqueles em situações de conflito, a esperança de

um futuro melhor e diferente não é fácil. É um passo de fé. É

uma afirmação de que há esperança para um futuro diferente

da nossa realidade atual. É uma crença de que Deus está

trabalhando no mundo e que Ele está fazendo todas as coisas

novas. Nós somos chamados a participar desse trabalho,

o trabalho de “construir a paz” ou “construir o shalom”.

FAZENDO A PAZ

Nishimwe, uma das participantes que desenvolveu

um comércio de fabricação de

sabão com outras mulheres em

sua comunidade, lembra que “este

projeto foi bom para começar com

as atividades de pacificação porque

nos uniu como uma comunidade.

Nós estivemos concertando

nossos próprios problemas”.

Este é um tema repetido entre os participantes:

que confiar nos jovens para desenvolver soluções é um

esforço que vale a pena. Eles acreditam em si mesmos e

em seu país; eles acreditam que, ao superar a sua tensa

história—e as tensões que permanecem—eles podem

criar um futuro melhor para si e para os outros.

Muitos jovens expressaram que estavam à espera de uma

oportunidade como esta. Naim, um dos jovens, diz: “Nós

não estaríamos aqui, a não ser porque todos nós estivemos

esperando por este projeto. Este projeto curou os jovens”.

Em apenas um ano, os jovens desenvolveram 35

negócios. Em uma aldeia, um artista e um engenheiro

se uniram para criar obras de arte a partir do barro.

Na capital, Bujumbura, um casal de jovens

empresários começou a vender roupas em um mercado

local, enquanto outro grupo criou um negócio de

fabricação de sabão, utilizando óleo de palma local.

Adere, um ex-soldado, descreveu o impacto de ter

trabalho significativo que ele ajudou a criar.

“Uma vez que minha mão foi ferida, eu tive que deixar os

militares", diz. “Como muitos jovens, eu senti que precisava

ter trabalho. Isto tem me impedido de participar nas crises

[e] perder a esperança. Este programa deu-me esperança”.

EMPRESAS EM CRESCIMENTO

Em uma rua em Bujumbura, uma loja iniciada pelo

projeto oferece farinhas moídas, óleos e sucos caseiros,

bem como frutas e legumes frescos. Andando pela loja,

você pode ver as cestas de produtos frescos, garrafas de

sucos recém espremidos e rótulos caseiros detalhando os

“O AMOR DE DEUS É PARA

TODOS E VOCÊS SÃO

TESTEMUNHAS DESTA

GRAÇA ABUNDANTE.”

produtos que são exclusivos para esta loja. Neste local, uma

equipe de 15 pessoas cultiva, vende e distribui seus próprios

produtos para outros postos da rodovia em toda a cidade.

Além de vender produtos, eles também oferecem aulas de

saúde e nutrição. A esperança está em cada canto da loja,

em cada rótulo feito à mão, em cada fruta colhida à mão.

Em outros lugares da capital, quando você se aproxima

de uma banca de fabricantes de sabão, você pode ouvir

as mulheres cantando. Há alegria no trabalho que estão

fazendo juntas. Odette, uma das mulheres que dirige o

comércio, diz: “Estamos sempre cantando, limpando, orando

juntas”. As mulheres têm sorrisos em seus rostos enquanto

exibem seus sabonetes e incentivam as pessoas a comprar

seus produtos. Enquanto pensa no seu papel no comércio,

Odette, em particular, aparenta ter esperança e confiança.

“Este projeto empurra-me em boas maneiras”, ela diz.

“Eu costumava ser uma estudante, mas mesmo quando

eu estava estudando, eu queria possuir o meu próprio

comércio. Eu quero empregar outras

pessoas … e eu quero ser a líder”.

Refletindo sobre o primeiro ano

do projeto, Luc lembra-se de ter

encomendado aos jovens a tarefa de

construir a esperança para o seu país.

“Vocês podem ser testemunhas do

que a juventude de Burundi pode ser”, diz. “O amor de Deus

é para todos e vocês são testemunhas desta graça abundante”.

Os jovens no Burundi estão bem posicionados e

desejosos de compartilhar esta história, para serem estas

testemunhas. Todos eles cresceram ouvindo as histórias

de conflitos: de violência e tensão, de noites em fuga como

refugiados. Agora olham à sua volta para o seu país e estão

convencidos de que podem mudar a história do Burundi.

28 2019 // EDIÇÃO 2

As instalações de produção de óleo de palma são outro

resultado da tarefa de desenvolvimento econômico

da igreja. Ela sustenta cerca de 20 famílias.


O Patrocínio é mais

do que uma doação;

É UM RELACIONAMENTO

Para saber mais, visite

NCM.ORG/SPONSOR

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29


Juntos

em pé

IGREJAS NO ORIENTE MÉDIO

ATENDEM PESSOAS DESLOCADAS

POR FUNCIONÁRIOS DO MNC

FOTOS POR STEVE JETER

30 2019 // ISSUE 2


S

NÃO É INCOMUM VER

DEUS EM CADA UM

DESSES REFUGIADOS,

AFINAL, JESUS TAMBÉM

ERA UM DELES.

e você está lendo este artigo, é possível que sua

vida tenha sido transformada por um refugiado do

Oriente Médio—uma criança refugiada. Uma criança

refugiada envolvida em panos sendo carregada

por sua mãe pelo deserto. Naquele primeiro Natal—uma

história de esperança, libertação e redenção de Deus—mas

também é uma história de perseguição, despejo e uma

encruzilhada perigosa. É a história de uma família cheia

de medo que foge de sua casa em busca de segurança.

Nos últimos oito anos, milhões de pessoas que fugiram da

violência na Síria e no Iraque buscaram segurança nos países

vizinhos. As necessidades dessas pessoas deslocadas são

esmagadoras: muitas carecem de comida, abrigo, assistência

médica ou oportunidades educacionais suficientes. Fugir de

casa, deixar entes queridos e entrar em uma vida de escassez

e incerteza é profundamente traumático. Talvez pela primeira

vez os pais sejam incapazes de atender às necessidades básicas

de seus filhos ou exercer controle sobre suas próprias vidas.

É neste contexto de escassez e incerteza que mais de 10 igrejas

nazarenas do Oriente Médio têm servido ativamente a mais de

10.000 pessoas deslocadas que chegaram em suas comunidades.

Elas têm um ministério abrangente e incluem desde educação até

distribuição de alimentos para as famílias que não têm os meios

para atender às suas necessidades básicas. Omar*, o pastor de uma

das igrejas, diz que seu ministério está baseado num amor prático.

"Diante de qualquer necessidade

que uma dessas famílias possa estar

enfrentando, elas recorrem à igreja e

nós estamos lá para apoiá-las", diz ele.

Há alguns anos, a equipe

ministerial de uma das igrejas tomou

conhecimento de uma mãe que

morava com suas três filhas em uma

sala. No inverno, as temperaturas

na cidade podem chegar abaixo de

zero, e essa família tinha apenas um

cobertor. O marido dessa mulher foi

embora e ela só conseguia ganhar

dinheiro para um pouco de pão e

para fazer Falafel (bolinho Árabe)

todos os dias. Depois de conhecê-los,

os voluntários voltaram para casa e

retornaram trazendo mais cobertores,

uma geladeira e um colchão. "Entre

outras coisas", diz Lian, esposa de Omar. Omar disse que a mãe

e as filhas não podiam acreditar no que estava acontecendo.

Isso foi a um ano e meio atrás. Um doador da igreja

decidiu patrocinar as meninas para irem à escola e hoje

toda a família frequenta a igreja regularmente.

"Quando dizemos que amamos alguém, precisamos

demonstrá-lo através do amor prático", diz Omar.

"Acreditamos em três valores importantes e é por isso

que construímos nosso ministério nessas bases: amar

meu povo, respeitar meu povo e servir ao meu povo",

acrescenta ele. "Tudo começa com esses três valores".

UM DEUS PRESENTE

Suprir necessidades como a que essa mãe e suas filhas tiveram

é um papel importante do ministério da igreja. O conflito armado

ainda está ativo, mas, apesar disso, a igreja reconhece que o

apoio necessário terá um impacto duradouro. Com regularidade,

os voluntários da igreja recebem alimentos e preparam pacotes

NCM.ORG - MNCSAM.ORG

31


familiares para distribuir às famílias carentes. Algumas

igrejas também fornecem itens de higiene pessoal e

outras ajudam a custear tratamentos médicos. Fazendo

outro esforço, algumas igrejas buscam ajuda a longo

prazo, fornecendo treinamento vocacional, aulas de

idiomas, permitindo que as pessoas adquiram novas

habilidades, adquiram autoconfiança e encontrem

trabalho no país em que estão sendo restauradas. Outras

igrejas estão interessadas em fornecer assistência de

aconselhamento e apoio regular àqueles que sofreram

algum trauma, reconhecendo que o bem-estar

psicológico é essencial para lidar com o estresse.

A atenção às crianças também é uma das prioridades

da Igreja do Nazareno e das escolas Nazarenas do

Oriente Médio. Elas continuam oferecendo educação de

alta qualidade em um ambiente seguro e enriquecedor.

As escolas existem para servir às famílias vulneráveis.

Nos últimos anos, essas escolas receberam muitas

dessas crianças deslocadas, que perderam anos

de educação devido a guerras e conflitos.

Em uma das famílias, um menino de 10 anos e uma

irmã de 12 anos se aproximaram de uma das áreas de lazer

da igreja, que era aberta regularmente com o objetivo de

ministrar a essas famílias. Quando os membros da igreja

notaram que estavam lá todos os dias, eles se aproximaram

e descobriram que sua mãe trabalhava até tarde. E ela

havia dito a eles que a igreja era um lugar seguro.

Naquela época, o menino estava lutando com dores

crônicas e estresse constante devido ao trauma que a

família sofreu. Omar diz que, após vários anos, a família

se juntou à congregação. Uma das crianças frequenta

regularmente uma das escolas nazarenas e foi curada da

dor crônica que costumava experimentar. Atualmente,

mais de 150 crianças deslocadas estão matriculadas nas

escolas nazarenas. Lá são atendidas por funcionários

que cuidam delas, as amam e desejam vê-las progredir.

Embora as atividades de uma igreja para outra

possam ser diferentes, todas as igrejas estendem amor

e bondade. É claro que eles reconhecem a grande

verdade de que todas as pessoas são amadas por Deus.

"É impossível parar o fluxo de pessoas

por enquanto, mas esperamos que a Igreja

Nazarena Global possa desenvolver um sistema

para acolher esses refugiados", diz Lian.

A demanda é muito maior que os recursos, mas as

igrejas continuam a servir e abrir suas portas da melhor

maneira possível. Não apoiar refugiados não é uma opção

porque, como Jesus disse: "Em verdade vos digo que,

assim que você o fez a um desses meus irmãos mais novos,

você fez isso comigo". Não é incomum ver Deus em cada

um desses refugiados, afinal, Jesus também era um deles.

O MNC está comprometido em continuar

apoiando as necessidades das pessoas deslocadas do

Oriente Médio e de qualquer parte do mundo. Para

mais informações ou para apoiar este ministério,

visite ncm.org/refugee-immigrant-support

*Todos os nomes foram alterados ou removidos para a proteção da pessoa.

32 2019 // EDIÇÃO 2


FAÇA DO

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Agora, você pode dar diretamente do seu salário para apoiar

ministérios transformadores, liderados pela igreja

Disponível apenas para os EUA e Canadá

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M I N I S T É R I O S

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C O M P A I X Ã O

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33


UM

ANO

DEPOIS

COMO SE VEEM OS

DESASTRES ANOS DEPOIS?

POR COMUNICAÇÕES MNC

Na foto se mostra o que ficou do edifício

da juventude da Igreja do Nazareno

de Paradise. Depois dos desastres,

como posso responder às igrejas?

Édifícil imaginar as árvores que costumavam

rodear a Paradise (Paraíso), dando peso ao

nome da cidade. Embora existam zonas de

crescimento, grande parte da floresta que é

deixada se apresenta como montes escuros

e queimados, marcados com pintura em spray para

que possam ser retirados. Atrás da Igreja do Nazareno

de Paradise se pode ver várias propriedades, pedaços

monocromáticos de escombros, pintados de cor marrom

enferrujado que deixo o “Camp Fire” (Nome do incêndio).

Peggy Noonan só tinha um ano vivendo em Paradise quando

o Camp Fire destruiu sua casa. Foi à igreja para ver se podia

conseguir um par de tênis, fugiu de casa só com o par de

sapatos que estava calçando e estes estavam começando

a desgastar. Não pode crer que siga viva; frequentemente

imagina que pode regressar à sua casa para tomar outro

par de sapatos, uma foto ou uma peça de roupa.

Mas o lar é um conceito incerto para os residentes de

Paradise nesse momento. Alguns estão seguindo adiante.

Sem trabalho, escolas e casas, Paradise se converteu em

um lugar impossível de se regressar. Muitos se mudaram

para as cidades vizinhas. Estima-se que 20.000 pessoas

se mudaram a Chico, aumentando a população em quase

25 por cento e piorando uma crise de habitação em curso.

Alguns, como Noonan, estão comprando uma casa sobre

rodas, algo que podem levar com eles em qualquer lugar.

Nas cidades que recebem o peso de uma nova população,

os postos de trabalho são poucos e distantes entre si.

Um ano depois que a cidade foi destruída, “recuperação”

é ainda uma palavra que parece distante. A verdade é que

os desastres causam crises que podem durar anos. Quanto

mais tempo se leva para conseguir ajuda, em voltar a casa

ou em se sentir normal de novo, mais se perde a esperança.

“Tenho medo, creio que somos mais

vítimas dessa coisa”, confessa Noonan.

“Muita gente está perdendo a esperança”.

34 2019 // EDIÇÃO 2


ASSOCIAÇÕES COM IGREJAS

Imediatamente depois de um desastre, o evento pode

ser o centro das notícias. E se deve à necessidade de ajuda

imediata, sendo a informação vital. A recuperação, no

entanto, leva muito

mais tempo que umas

"MUITA GENTE ESTÁ

PERDENDO A

ESPERANÇA."

poucas semanas. O dano

à cultura e à coesão

social é frequentemente

invisível. A pergunta é

então: “como podem

as igrejas chegar nos

lugares que necessitam

ser alcançados?”.

As igrejas estão em uma posição única para cuidar de

suas comunidades. Entendem o contexto social porque

formavam parte da comunidade muito antes da emergência,

e podem seguir prestando ajuda muito depois de ter passado

as necessidades imediatas. O estranho espaço liminar

posterior ao desastre, a Igreja do Nazareno de Paradise tem

aberto as suas portas. A igreja também tem sido apoiada

pelo Centro de Esperança, uma organização de fé sem fins

lucrativos que ministra aos desamparados e vulneráveis

em Oroville, uma cidade a umas 20 milhas de Paradise.

É difícil não ver o santuário quando se vai à cidade;

se encontra ao lado da rua principal e tem um banner

que diz “REENCONTRE AJUDA AQUI” em letras

vermelhas e em negrito. Ainda que 28 das 40 famílias

da igreja tenham perdido tudo e o edifício dos jovens

tenha queimado, o santuário segue em pé. No entanto,

como a maioria das famílias foi embora, a igreja não

está usando o espaço para se reunir.. O edifício da igreja

é um lugar perfeito para guardar artigos de primeira

necessidade como roupa, sapatos, produtos básicos para

a despesa e kits de limpeza, e o Centro de Esperança tem

proporcionado conselho e serviços sem consulta prévia ali.

As igrejas e outras organizações estão se associando

em todo Paradise. Os voluntários que vêm ajudar se

hospedam na Igreja Evangélica Livre de Paradise e podem

ajudar com a distribuição e organizando as provisões. O

Pastor Ron Zimmer da Igreja do Nazareno da Avenida

Leste em Chico está ajudando a coordenar equipes para

limpar as propriedades para que, se aprovadas pela

Agência de Proteção Ambiental, outras igrejas nazarenas

possam atuar na área como refúgios e provendo apoios.

de assistência para acudir. Quando as pessoas se deslocam

e perdem seu trabalho, não há benefícios de desemprego.

Não existe uma Agência Federal de Condução de

Emergências. Portanto, as igrejas locais ficam no

lugar deixado pela falta de uma rede de segurança.

Em todo o mundo, a resposta dos desastres segue

em curso há anos.. Em 2015, o Nepal experimentou um

catastrófico terremoto de 7,8 graus de magnitude, que

matou cerca de 9.000 pessoas. Agora, quatro anos depois,

as igrejas nazarenas desse país têm provido grupos

de consultoria de recursos, educação para crianças,

capacitação em meios de subsistência e programas de

pecuária para ajudar o povo a recuperar-se e desenvolverse.

Em Bangladesh, onde anualmente se produzem

inundações extremas, as igrejas de todo o país têm

proporcionado capacitação para as pessoas estarem

mais bem preparadas. No México, as equipes médicas

voluntárias que se desenvolveram depois dos terremotos

de 2017 atenderam às necessidades em seus países e na

América Central. E há anos, as igrejas da Europa Central

têm proporcionado ajuda, assistência, educação e defesa

aos refugiados da região. Estes tipos de compromisso

a longo prazo podem proporcionar recursos reais e

compaixão para aqueles que lutaram durante anos.

Na dor e no trauma que se seguem às crises e

desastres, frequentemente pode ser difícil encontrar

esperança. Os sobreviventes podem sentir-se animados

pelos socorristas e por toda a atenção e preocupação

que recebem inicialmente. Frequentemente, no entanto,

ficam isolados quando a equipe de notícias vai embora e

as organizações de ajuda fazem as malas e vão embora. A

igreja, que leva consigo a mensagem de esperança, fica e

caminha ao lado dos que, todavia, sofrem e buscam cura.

Quando se perguntou como iria encontrar

essa esperança de novo, Noonan disse que

esperava algum tipo de epifania.

“Tenho uma luz guia”, disse. “É algo tênue.

Não posso interpretá-la, mas tudo o que posso

fazer é confiar no Senhor e esperar”.

RESPOSTAS GLOBAIS

Paradise, uma comunidade rural, tem um largo caminho

para a recuperação. Bairros inteiros foram dizimados e a

reconstrução não é tão simples como podia parecer. Os

escombros tóxicos se filtram no solo e na água subterrânea

e é difícil construir uma casa quando não há onde trabalhar

ou comprar alimentos. Muitos dos residentes que perderam

tudo já estavam lutando economicamente, no transcurso

do ano tem que pular entre uma solução temporal e outra.

Porém, existem redes de segurança que as pessoas

que se recuperam de um desastre em outros países

frequentemente não têm. Quando as colheitas que se

cultivam como meio de vida se veem esmagadas pelos

furacões e as subseguintes inundações, não há um programa

NCM.ORG

35


VOZES

A

o invés de lutar por uma posição

mais elevada, por mais poder e mais

influência, Jesus vai–como disse Karl

Barth–das “alturas à profundidade,

da vitória à derrota, da riqueza à pobreza, do

triunfo ao sofrimento, da vida à morte.”

Toda a vida e missão de Jesus implica na

aceitação da impotência e a revelação dessa

impotência ao ilimitado amor de Deus. Aqui vemos

o que significa compaixão. Não significa inclinar-se

ao desprivilegiado desde uma posição privilegiada,

não é um abrir-se desde acima aos desafortunados

debaixo, não é um gesto de simpatia ou piedade

junto a quem não tem tido sucesso em empurrar

para cima. Pelo contrário, a compaixão significa

ir diretamente às pessoas e lugares em que o

sofrimento é mais agudo e construir ali um lar. A

compaixão de Deus é total, absoluta, incondicional,

sem reservas. E a compaixão de quem segue vendo

os mais esquecidos cantos do mundo e que não pode

descansar enquanto sabe que há seres humanos

com lágrimas em seus olhos. É a compaixão de um

Deus que não só se comporta como servo, senão cujo

serviço é uma expressão direta de sua divindade.

O hino a Cristo nos faz ver que Deus revela

seu amor divino na sua vinda a nós como servo. O

grande mistério da compaixão de Deus consiste em

que essa compaixão ao entrar connosco na condição

de escravo, se nos autorevela como Deus. ... Por

isso, podemos dizer que o empurrão para baixo, tal

como vemos em Jesus Cristo, não é um movimento

com que Deus se afasta de si, senão um movimento

fazendo de si mesmo tal como Ele realmente é: um

Deus para nós, que veio servir e não ser servido.

Isto implica muito especificamente que Deus não

quer ser conhecido senão através do serviço e

que, então, o serviço é a autorevelação de Deus.

Este trecho é extraído de Compaixão: Uma Reflexão

sobre a vida cristã, por Henri J. M. Nouwen,

Donald P. McNeill, e Douglas A. Morrison

36 2019 // ISSUE EDIÇÃO 2 2


APROFUNDAR

MAIS

ESCUTE

O Podcast In Plain Sight é um podcast para colocar fim o

ao tráfico humano. Através das histórias das pessoas que

lideram a luta, os criadores do podcast esperam inspirar e

informar os ouvintes para que tomem medidas por sua conta.

ESCUTE EM INPLAINSIGHTFILM.COM

ESTUDE

Thin Places, de Jon Huckins com Rob Yackley, leva

o leitor através de seis posturas para praticar uma

comunidade missionária. Os relatos de restauração

e redenção ajudam a comprometer os leitores com

suas comunidades, inspirando a contemplação dos

lugares onde o céu e a terra se encontram.

DISPONÍVEL ATRAVÉS DA FUNDAÇÃO

LEIA

O livro de Brenda Saltar Mc Neil, Um testemunho credível:

Reflexões sobre o poder, a evangelização e a raça, explora

o quadro da reconciliação pintado pelo evangelho através

da história do encontro de Jesus com a mulher samaritana.

OLHE

Em sua palestra de TED sobre o tráfico de pessoas,

Noy Thurpkaew descreve como o tráfico de pessoas é

generalizado, impactando quase todas as indústrias.

A palestra se intitula: O tráfico de pessoas está

ao seu redor. Assim é como funciona.

OLHE EM TED.COM

NCM.ORG

37


´

CAPSULA

"... não

devemos existir

passivamente,

mas participar

ativamente na

sua liberdade

criativa, na nossa

vida e na vida dos

outros, escolhendo

a verdade".

- Thomas Merton

Para ler mais sobre como as igrejas estão cuidando das crianças, vá para a página 12.

38 2019 // EDIÇÃO 2


M I N I S T É R I O S

N A Z A R E N O S D E

C O M P A I X Ã O

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Nazarene Compassionate Ministries, Child Sponsorship

17001 Prairie Star Parkway, Lenexa, Kansas 66220

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Você receberá informação pelo correio a respeito da sua criança apadrinhada e as opções de pagamento. NCM.ORG

39


MINISTÉRIOS NAZARENOS DE COMPAIXÃO

Igreja do Nazareno

17001 Prairie Star Pkwy

Lenexa, KS 66220

(800) 310-6362

info@ncm.org

Nonprofit Org.

U.S. Postage

PAID

General Board

of the Church of

the Nazarene

DAR

SEM

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DE PATROCÍNIO INFANTIL,

SUA DOAÇÃO ÚNICA

SIGNIFICA QUE AS CRIANÇAS

SERÃO PATROCINADAS

PERPETUAMENTE

Para mais informações, contate a

Fundação da Igreja do Nazareno em

866-273-2549 ou envie-nos um e-mail

para info@nazarenefoundation.org

WWW.NAZARENEFOUNDATION.ORG

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