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Sustentabilidade e solidariedade
são marcas da Santa Terezinha
Páginas 6 e 7
OPINIÃO
Moderno é não esquecer o básico
A fábrica de açúcar não é a planta industrial, mas a planta que cresce no campo
Heitor Cantarella (*)
As produtividades agrícolas
do setor decresceram
e estão estagnadas
em patamares
muito abaixo do real potencial
da cultura no País. Entre as
causas, estão fatores climáticos
(chuvas irregulares) e mudanças
tecnológicas adotadas
para acomodar as exigências
da colheita mecânica, que colocaram
desafios ao manejo da
cultura e que vão sendo vencidos.
Além de problemas econômicos
recentes e a
necessidade de reduzir custos,
com redução de investimentos.
Cortar custos, porém, precisa
ser feito seletivamente. A fábrica
de açúcar não é a planta
industrial, mas a planta que
cresce no campo. Geralmente,
o cuidado com a indústria é
maior do que o com a verdadeira
fonte de açúcar. Para o
bom funcionamento da fábrica,
o suprimento de matérias-primas
e componentes (nutrientes,
água) e o gerenciamento
do estoque (solo) precisam ser
adequadamente planejados e
monitorados. A fertilidade do
solo no seu conceito mais
amplo (químico, físico e biológico)
merece atenção. É mais
fácil diagnosticar os aspectos
químicos por meio da análise
do solo, mas, embora essencial,
não é suficiente. A degradação
física por erosão, o
tráfego descontrolado de máquinas,
o pisoteio de soqueiras
comprometem tanto a produtividade
quanto a falta de potássio.
Do mesmo modo, a baixa
atividade biológica afeta o crescimento
da raíz e facilita a proliferação
de pragas e doenças.
Um solo ácido, compactado,
com baixo estoque de nutrientes,
reduzida profundidade de
enraizamento e microbiota pobre
equivale a uma destilaria
sem eletricidade e vapor, o suprimento
de caldo é irregular e
o estoque de ácido sulfúrico se
esgotou. A cana mais cara é
de áreas com baixos rendimentos,
já que vários custos fixos
não podem ser comprimidos.
Não se deve esquecer que nutrientes
são fatores de produção,
pois são componentes
insubstituíveis das plantas. Não
há atalho possível: mais biomassa,
mais nutrientes.
A cana de três dígitos exporta
100 kg de N, 35 kg de P2O5 e
130 de K2O a cada 100 toneladas
colhidas. Se a palha for
computada, são 150 kg de N,
45 de P2O5 e 180 de K2O. São
quantidades mínimas que devem
ser repostas. É importante
não esquecer que as plantas
A cana mais cara é de áreas
com baixos rendimentos.
precisam de nutrientes secundários
e micronutrientes. O manejo
inadequado da adubação
pode levar à degradação do
solo e comprometer o potencial
produtivo e a longevidade das
soqueiras,com reformas precoces
e aumento de custos.
É comum o uso de poucas formulações
de fertilizantes para
toda a área plantada. Isso simplifica
o processo de compra e
as operações no campo, mas
não leva em conta as peculiaridades
dos diferentes tipos de
solo e da fertilidade, que pode
ser alterada de modo distinto
em diferentes solos. Muitas
empresas adotam agricultura
de precisão, mas se esquecem
de usar precisão na agricultura.
Pesquisas têm evidenciado aumentos
substanciais de produtividade
com aplicações de
micronutrientes em cana, em
especial o zinco, negligenciado
em programas de adubação
devido a pesquisas mais antigas,
quando os solos eram de
exploração recente e não esgotados.
O emprego adequado de
micronutrientes é essencial para
a cana de três dígitos. As recomendações
modernas de
adubação apregoam práticas
para evitar que o solo chegue
exaurido à época da reforma,
acelerando a queda de produtividade
a cada soqueira. Um
exemplo é a aplicação periódica
de calcário e gesso - e não
só na reforma - para contornar
o excesso de acidificação e
perda gradual de bases ao longo
do ciclo. Assim como a aplicação
de fósforo em soqueiras.
Aplicar só NK não é mais aceitável
na maior parte das situações.
As exportações de fósforo
ao longo do ciclo, em lavouras
com alta produtividade,
não são compensadas com altas
quantidades aplicadas no
plantio. Se não houver reposição,
o estoque do solo se esgota,
e soqueiras se degradam.
Mesmo vale a todos nutrientes.
A contabilidade simples de entradas
de suprimentos (adubação
mineral, uso de subprodutos
como vinhaça, torta), de
saída de produtos (exportações
pela colheita) e de conferência
do estoque (análise de solo)
traz informações essenciais
para a tomada de decisões no
manejo nutricional da cana. Do
mesmo modo que é necessário
manter as correias transportadoras
de cana limpas e lubrificadas
na indústria, é preciso
evitar danificar a boca da planta
(raiz) com excesso de sais e
doses altas de elementos tóxicos:
a prática comum de colocar
no sulco de plantio muito
potássio, às vezes N e altas
doses de fontes solúveis de
boro, pode ser substituída pela
aplicação de parte desses elementos
em cobertura após a
brotação. O aumento do custo
da operação deve ser medido
frente ao benefício do melhor
aproveitamento dos nutrientes
e menor dano à cana.
Modernas tecnologias, como
agricultura de precisão e eletrônica
embarcada, são cada vez
mais presentes no setor. Diagnósticos
em tempo real, controle
de tráfego, mapas de
colheita, operações georreferenciadas
são ferramentas que
facilitam e permitem otimizar o
manejo nutricional. É uma área
emergente nas pesquisas em
cana e tem muito a oferecer
para o aumento da produtividade
e da redução de custos.
Porém é importante manter a
aderência aos conceitos básicos
de nutrição. Moderno e primordial
é prestar atenção aos
aspectos ambientais relacionados
ao manejo da adubação da
cana. As emissões de gases de
efeito estufa oriundas das operações
de campo e do uso de
insumos agrícolas estão na
pauta das discussões internacionais
e podem servir de barreiras
não tarifárias.
Pesquisas recentes mostram
que os fatores de emissão associados
ao uso de fertilizantes
nitrogenados - um dos maiores
responsáveis pela emissão de
GEE -, no cultivo de cana no
Brasil, são inferiores aos valores
médios usados pelo Painel
Intergovernamental de Mudanças
Climáticas. É uma boa notícia,
mas práticas comuns,
como adubação próxima à aplicação
de vinhaça e áreas com
muita palha, podem reverter os
bons resultados. Estudos estão
sendo conduzidos para obter
dados precisos, procurar soluções
para contornar o problema
e garantir que a indústria
seja cada vez mais modelo de
produção sustentável.
(*) Diretor do Centro de Solos
e Recursos Ambientais do IAC.
Publicado na Revista Opiniões.
2
Jornal Paraná
PERSPECTIVAS
O futuro é promissor
Para Miguel Tranin, é possível ver uma recuperação do setor com as mudanças
da política governamental quanto ao preço da gasolina e o RenovaBio
Ofuturo promete, na
avaliação do presidente
da Alcopar, Miguel
Rubens Tranin,
que acredita na superação da
crise econômica pelo setor sucroalcooleiro.
“O setor vem se
recuperando depois de um
longo e difícil período de crise
financeira provocado pelo congelamento
do preço da gasolina
por anos e pelo aumento
da produção mundial de açúcar,
com retração do mercado,
que levaram ao fechamento de
cerca de 100 indústrias sucroenergéticas
no Brasil, sendo 10
no Paraná, e que deixaram muitas
unidades em situação delicada
em todo o país”, disse.
Na sua avaliação, já é possível
vislumbrar uma recuperação
do setor com as mudanças positivas
da política governamental,
com o preço da gasolina
acompanhando as oscilações
de preços do mercado internacional
de petróleo e principalmente
com o RenovaBio. “Isso
nos permitiu ter maior competitividade
em relação à gasolina,
que resultou na produção
e comercialização recorde de
etanol em 2019. Contribuiu
para isso, também, as elevações
no preço internacional do
petróleo e a variação cambial,
com o dólar mais alto”, comentou
Tranin.
O presidente da Alcopar aposta
no futuro do biocombustível no
mercado sustentável. “Vemos
recuperação significativa. Sou
otimista. O poder de investimento
das usinas ainda é baixo
porque quando há uma crise,
todas as portas de crédito se
fecham. Mas, estamos trabalhando
com afinco para que
essas indústrias possam recuperar
sua capacidade de investimento
e de renovação dos
canaviais, para voltarmos a ser
mais produtivos e competitivos”.
Para Tranin, o RenovaBio é fundamental
neste processo, assim
como a grande sacada do
momento, que são os carros
híbridos flex, utilizando etanol
para produzir a energia, e os
movidos a célula de combustível
a etanol. “Essa questão ambiental
vai ser adequada a cada
país e aqui o hibrido com base
no etanol deve predominar,
com emissões muito menores.
Temos um parque industrial baseado
em veículos de motor a
combustão. Seria necessário
um investimento significativo
para a substituição. Sem contar
que a produção etanol de canade-açúcar
e milho é uma grande
oportunidade de geração de
emprego e renda nos municípios
do interior, movimentando
a economia local”.
O etanol de milho, aliás, é um
Presidente da Alcopar: etanol de milho agrega valor
mercado que tem se aberto, na
opinião do presidente da Alcopar,
e que as usinas devem
aproveitar. “É interessante
agregar valor a produção de
etanol de milho com a produção
de DDG, fonte proteica extraída
do milho usada na alimentado
do rebanho bovino,
suíno e de frangos, assim como
aproveitar o bagaço da cana
na geração de energia de
forma sustentável e distribuída,
o que é um facilitador”. Apesar
de terminar mais uma safra
com produtividade menor, Tranin
acredita que 2020 tende a
ser um ano positivo, diante da
grande recuperação dos preços
do etanol. “A política diferenciada
da Petrobras permitiu
o aumento da competitividade
do etanol e aumento do consumo
e da produção, mesmo
moendo menos cana”, ressaltou.
Crescimento no médio prazo
“Vemos uma tendência forte de crescimento, mas
não em nível acelerado, já para a próxima safra,
mas numa perspectiva futura. Nos próximos 10
anos, nós entendemos que o setor deve dar uma
mudada muito forte na economia do estado do
Mato Grosso do Sul. Tem muito espaço para crescer,
especialmente em áreas de pastos degradados”.
A afirmação é do presidente do Conselho Deliberativo
da Biosul - Associação de Produtores de
Bioenergia de Mato Grosso do Sul, Amauri Pekelman.
Ele ressaltou que o setor passou por grandes
dificuldades e precisa de novos investimentos
para crescer ou otimizar as estruturas das usinas,
que não tem operado em plena capacidade.
“Com o RenovaBio, há expectativa de gerar mais
recursos e investimentos para ocupar a capacidade
ociosa das usinas. O Mato Grosso do Sul
produz cerca de 50 milhões de toneladas de canade-açúcar
por ano e pode chegar a 66 milhões
com novos investimentos e a otimização das
plantas atuais de produção, utilizando cana-deaçúcar
e até mesmo milho”, disse.
Para Pekelman, a aposta do setor está no RenovaBio
e no crescimento do consumo de etanol. “A
tendência é o Brasil usar cada vez mais etanol. O
processo de substituição das fontes de energia
será mais lento aqui porque temos um combustível
alternativo ambientalmente correto, o etanol,
que já conta com toda estrutura e outras vantagens
em relação ao carro elétrico. Mas acredito
que o futuro possa ser a célula de combustível”,
finalizou.
Jornal Paraná 3
PERSPECTIVAS
“O ânimo já começou a mudar”
Para André Rocha, há três situações que têm influenciado o cenário do setor
sucroenergético no Brasil: o RenovaBio, o etanol de milho e o investimento em eficiência
Os resultados obtidos
na safra 2019/20 de
cana-de-açúcar em
termos de produtividade
agrícola e de ATR já foram
melhores na avaliação do presidente
do Fórum Nacional Sucroenergético,
André Rocha, e
apesar dos problemas climáticos
em 2019, são boas as expectativas
para a próxima safra
2020/21, que se inicia em abril.
Rocha, que também é presidente-executivo
do Sindicato
da Indústria de Fabricação de
Etanol do Estado de Goias, do
Sindicato da Indústria de Fabricação
de Açúcar do Estado de
Goiás (Sifaeg/Sifaçúcar), lembra
que as empresas continuam
alavancadas e o endividamento
do setor não diminuiu
se comparado o ano de 2018
com 2019.
“Não diminuiu porque as empresas
acabaram investindo
mais em 2019, então esse é o
lado positivo. Precisamos de
uns cinco bons anos para que
as empresas possam se adequar
e fazer os investimentos
necessários em eficiência, melhorar
sua produção e produtividade
e ao mesmo tempo,
reduzir o seu comprometimento
financeiro”, afirmou.
Apesar da redução da Taxa Selic
(taxa básica) as taxas de juros
não caíram, cita Rocha lembrando
que há empresas com
alto grau de endividamento e
muitas dificuldades, mas, por
outro lado, há empresas que já
estão bem melhores, com mais
fôlego, onde já houve percepção
de mudança, com operações de
fusões e aquisições, empresas
aumentando sua capacidade de
produção. “O animo já começou
a mudar. Com a queda do
juro, haverá crédito disponível
para as empresas buscarem o
aumento de eficiência necessário”.
Nos últimos dois anos, comentou,
aumentou a desigualdade
do setor. “Quem estava bem, já
estava buscando eficiência, tinha
feito o dever de casa e tinha
acesso a crédito, que representa
um terço das unidades industriais
do setor no Brasil, já
está bem melhor. Mas, quem
estava mal, continua praticamente
do mesmo jeito”, disse
citando, entretanto, que já visualiza
um inicio de recuperação,
com algumas empresas
saindo da recuperação judicial.
Na visão do presidente do Fórum,
há três situações que têm
influenciado o cenário do setor
sucroenergético no Brasil. A
principal é o RenovaBio, “uma
espécie de Proálcool moderno
que vai mudar uma série de paradigmas”,
que está cumprindo
seu cronograma, com várias
unidades já finalizando sua certificação.
Mas Rocha aposta também no
aumento da produção do etanol
de milho, que deve permitir a
produção de etanol o ano todo,
otimizando a estrutura e devolvendo
ao Brasil sua condição
de protagonista no segmento,
acabando com os estresses
das entressafras e mudando o
mercado nos próximos anos.
Diante das expectativas geradas
pelo RenovaBio, a terceira situação
que tem sido determinante
para o setor são os investimentos
feitos pelas usinas
no aumento de sua eficiência e
da produtividade, o que deve
alavancar a produção.
Rocha elogiou a atuação dos
Presidente do Fórum Nacional Sucroenergético: boas expectativas em reformas
ministros do Meio Ambiente e
da Agricultura e Abastecimento,
Ricardo Salles e Tereza Cristina,
“que mostram conhecer o
setor, o que tem facilitado a interlocução
com o governo”.
Falou sobre os ajustes e reformas
que vêm sendo feitos nos
estados e no governo federal e
na expectativa de que isso resulte
no reaquecimento da economia
brasileira.
“Há muitas expectativas em
torno das reformas econômicas,
de que o governo se acerte,
reduza gastos e volte a crescer.
Para melhorar ainda mais o
consumo de etanol, precisaríamos
ter um reaquecimento da
economia. O consumo de
combustíveis e de energia, que
é outra fonte de recursos do
setor, estão intimamente ligados
ao crescimento do PIB. Esperamos
que com ajustes, os
estados e o país possam crescer
e aumentar o consumo de
etanol. Apesar do consumo recorde
em 2019, pelo tamanho
da frota flex brasileira, há ainda
muito a crescer”.
Melhoras em 2020
Com as boas chuvas que vem
ocorrendo desde o final do
ano passado, Antonio Cesar
Salibe, presidente da Udop,
acredita que a safra na região
Centro-Sul do Brasil será boa.
“O clima é o grande balizador
e não os tratos culturais”, afirmou.
Quanto às perspectivas
de mercado, disse que com a
menor produção de açúcar,
principalmente no Brasil, e aumento
do déficit mundial da
commodity, a expectativa é
que os preços melhorem. Mas
a grande aposta é o etanol
com o Renovabio. “Será um
grande estímulo para que se
plante cana e produza. E nos
próximos anos, sim, teremos
uma safra maior”.
Salibe ressaltou, entretanto,
para as usinas que não estão
Quanto ao açúcar, o presidente
do Fórum disse que a commodity
ainda apresenta preços
baixos em relação ao etanol, o
que fez com que muitas usinas
migrassem sua produção
para o etanol, num esforço
para reduzir a produção de
açúcar. “O mercado tem se
adequado. Com dois anos de
redução na produção brasileira,
vemos os estoques mundiais
em maior equilíbrio,
devendo haver uma recuperação
dos preços de açúcar nos
próximos anos”.
bem financeiramente, não é
qualquer preço que remunera
a produção. “Essas usinas
vão precisar de parceiros para
ajudar neste processo de recuperação.
A solução seria a
injeção de dinheiro de fora,
através de parcerias e de fusão.
Mas para as unidades industriais
que estão bem, as
perspectivas são boas. Com
os bons preços pagos
4
Jornal Paraná
pelo etanol e, provavelmente,
também pelo açúcar, a
tendência é que as condições
financeiras das empresas melhorem
já a partir de 2020”,
avaliou.
Para Arnaldo Luiz Corrêa, diretor
da Archer Consulting - Assessoria
em Mercados de
Futuros, Opções e Derivativos
Ltda - não há como não ficar
otimista em relação ao Brasil
para 2020. “Todos os indicadores
econômicos estão mais
positivos do que se esperava”.
Ele citou que o ambiente de
negócios passou a conviver
com uma taxa de juros no nível
mais baixo da história recente
e que existe uma concreta
possibilidade de reformas estruturais
serem aprovadas no
primeiro trimestre do ano legislativo.
Corrêa ressaltou que no setor
sucroalcooleiro, o sentimento
não é diferente. Ele citou, por
exemplo, a agência de classificação
de risco e crédito
Moody’s que mudou sua perspectiva
para o setor sucroalcooleiro
de negativa para estável
por conta de uma melhora do
EBITDA que reflete os bons
preços do etanol obtidos durante
a safra 2019/ 20. Também
disse que a perspectiva
de consumo do etanol é muito
boa, com viés de alta.
Na opinião do especialista de
mercado, apesar de o consumo
total de combustíveis, no
acumulado de doze meses, ter
atingido o recorde em volume,
com 60,3 bilhões de litros em
setembro último, existe uma
demanda reprimida que deve
mudar com a melhora do poder
aquisitivo da classe média.
Em publicação recente, Celso
Ming, também escreveu que
parecem sólidos os indicadores
que apontam para a melhora
econômica do Brasil.
Pelos cálculos da Conab, as
safras agrícolas que começam
em fevereiro são de novos recordes
de produção de grãos,
para mais de 246 milhões de
toneladas, aumento físico de
1,6%. É desempenho que deverá
ter efeitos multiplicadores
sobre a renda do interior. E
mesmo uma das fontes mais
citadas de incerteza global
com impacto sobre o Brasil, as
escaramuças comerciais entre
Estados Unidos e China, parecem
estar entrando em um
acordo, complementou Ming.
Salibe: RenovaBio
será um grande
estímulo para se
produzir cana
Jornal Paraná 5
SUSTENTABILIDADE
Santa Terezinha é certificada
por redução de CO 2
Foram 341,50 toneladas de
Dióxido de Carbono a menos
por meio da utilização de
energia de fontes renováveis
Em 2019, a Usina Santa
Terezinha recebeu o
Certificado Sinerconsult
de Energia Renovável,
concedido pela Comerc
Energia à empresa pela redução
do equivalente a 341,50
toneladas de Dióxido de Carbono
por meio da utilização de
energia de fontes renováveis
durante o ano de 2018.
Este certificado reconhece as
empresas que consomem energia
de fontes renováveis, colaborando
para reduzir as emissões
de gases poluentes na atmosfera.
O procedimento empregado
no processo é baseado
no GHG Protocol Corporate
Standard, por meio da metodologia
de cálculo WRI (World Resources
Institute) - aceito e adotado
mundialmente por organizações
privadas e/ou organizações
públicas e/ou organizações
não-governamentais.
As unidades da Usina Santa Terezinha
analisadas e, consequentemente,
certificadas estão
localizadas no Paraná: Cidade
Gaúcha, Rondon, Ivaté e Maringá.
No ano de 2018, as quatro
unidades ingressaram no
Mercado Livre de Energia, isto
é, a energia consumida veio de
fontes alternativas.
Já em 2019, mais quatro unidades
produtivas (Paranacity,
Tapejara, Terra Rica e Moreira
Sales) foram ingressas neste
Mercado Livre de Energia, totalizando
oito unidades da empresa
contribuindo com a
redução de CO 2 .
Usina publica seu Relatório de Sustentabilidade
Pelo 2° ano consecutivo, o Relatório
de Sustentabilidade/Comunicação
de Progresso da
Usina Santa Terezinha foi validado
pela empresa de auditoria
PwC (PricewaterhouseCoopers).
No processo de verificação
externa, o conteúdo foi
constatado de acordo com os
critérios do GRI (Global Reporting
Initiative), opção Essencial
da versão Standards. Essa norma
é a mais atual disponível e
principal referência para esse
tipo de publicação em todo o
mundo, presente em 60 países.
Além da norma GRI, a auditoria
externa seguiu controles próprios
determinantes e necessários
para permitir a propagação
desse material: livre de
distorção causada por fraude
ou erro.
Desde 2010, a Usina Santa Terezinha
divulga este documento
composto de informações sobre
o desempenho econômico, social
e ambiental de suas operações.
O relato é anual, está em
sua 9° edição e demonstra o engajamento
da empresa com o
desenvolvimento sustentável,
priorizando a ética, confiabilidade
e transparência.
No decorrer da leitura são
apresentados dados referentes
ao perfil da empresa, sua governança
e engajamento com
os públicos de relacionamento.
Além dos tópicos considerados
materiais, a partir da elaboração
da matriz da materialidade.
O conteúdo é aliado aos quatro
temas do Pacto Global das Nações
Unidas (direitos humanos,
trabalho, meio ambiente e combate
à corrupção) tornando este
documento, há seis anos, uma
COP (Comunicação de Progresso),
que possui o status nível
avançado e é publicada no banco
de dados do Pacto Global. O
documento ainda segue as premissas
dos ODS (Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável),
estipulados pela ONU (Organização
das Nações Unidas).
6
Jornal Paraná
SOLIDARIEDADE
“Sonhos de Natal em Dobro” beneficia
crianças, adolescentes e idosos
Ao todo, 955 pessoas do Paraná e Mato Grosso do Sul foram beneficiadas
com o projeto desenvolvido pela Santa Terezinha
Asexta edição do Natal
Solidário da Usina
Santa Terezinha foi
concluída com sucesso.
Por meio da mobilização
do time “Agentes de Mudança”
da empresa, o projeto
teve como objetivo engajar os
funcionários e comunidades
vizinhas na disseminação do
espírito natalino em instituições
socioassistenciais durante
o mês de dezembro.
No total, 955 crianças, adolescentes
e idosos dividiram seus
“Sonhos de Natal” em cartas
e, desta forma, os funcionários
participaram da ação adotando
uma cartinha. Para cada
Sonho de Natal de uma criança
adotada, a empresa dobrou o
presente com uma cesta natalina.
Já para o Sonho de Natal
de cada idoso adotado, foi
acrescentada uma quantidade
de fraldas geriátricas.
O Natal Solidário foi desenvolvido
pelo Programa de Sustentabilidade:
Agentes de Mudança,
o qual colaboradores colocam
em prática as ações
socioambientais da empresa
em conjunto com a comunidade.
A Usina Santa Terezinha é
composta pelo corporativo e o
terminal logístico - em Maringá,
o terminal rodoferroviário
em Paranaguá, e as onzes
unidades produtivas em Iguatemi,
Paranacity, Tapejara,
Ivaté, Terra Rica, São Tomé, Cidade
Gaúcha, Rondon, Umuarama
e Moreira Sales - no
Paraná, e Usina Rio Paraná -
no Mato Grosso do Sul. A empresa
conta com mais de 14
mil colaboradores nos setores
agrícola, industrial e administrativo.
Com o trenó a todo vapor, o
Papai Noel e os Agentes de
Mudança deram conta do recado
e entregaram os 955 presentes,
782 cestas natalinas e
6.933 fraldas geriátricas em 21
instituições socioassistenciais
de 14 municípios do Paraná e
Mato Grosso do Sul. O público
beneficiado corresponde a
29% de idosos, 24% de pessoas
com deficiência, 24% de
crianças e adolescentes em situação
de acolhimento, 14%
de crianças e 9% de crianças
e adolescentes indígenas.
Jornal Paraná 7
ETANOL DE MILHO
Embarque de DDG em
Paranaguá anima Cooperval
Foi a primeira operação do País de DDGS, um coproduto da produção do
etanol de milho. Tendência é que exportações aumentem nos próximos anos
OPorto de Paranaguá
embarcou a primeira
carga de “farelo” produzido
pelo processamento
do milho para o
etanol, conhecido no mercado
como DDG (que em inglês usa
a sigla para Grãos Secos de
Destilaria com Solúveis/Dried
Distillers Grains With Solubles
S. Foram 27,5 mil toneladas
levadas ao Reino Unido, Inglaterra,
e produzido em Sinop,
no Mato Grosso, pela Inpasa
Agroindustrial S.A. No país, a
empresa chega a processar 3,6
mil toneladas de milho por dia,
produzindo 1,5 milhão de litros
de etanol e mil toneladas de
DDGS diariamente.
Segundo o presidente da empresa
pública Portos do Paraná,
Luiz Fernando Garcia, é uma
oportunidade de ampliação de
negócios não apenas para o
porto e operadores, mas, também,
para a indústria do Estado.
A expectativa é de que cresça a
produção do Brasil e a demanda
pelo produto, que tem despertado
interesse de vários países,
pois o DDGS já vai processado
e pronto para o consumo.
O embarque animou a Cooperval
Cooperativa Agroindustrial
Vale do Ivaí, de Jandaia do Sul,
a única usina que produz etanol
a partir do grão no Paraná.
Segundo o gerente comercial
da Cooperval, Claudinei José
Vesco, o fato de haver condições
de exportar o DDGS pelo
Estado é um avanço. “É uma
grande novidade e muito positiva
para o setor. Não tenho dúvidas
que será ótimo para
ampliarmos o processo e a
produção”, afirma.
Como conta Vesco, a usina começou
a produção em 2018.
No primeiro ano foram 17 mil
toneladas de milho processadas
para produzir cerca de 7
mil m³ de etanol. “Em 2019, tivemos
um salto muito grande.
Fechamos com aproximadamente
90 mil toneladas de milho
processado e uma produção
de mais de 36 mil metros
cúbicos de etanol”, comemora.
Para 2020, a expectativa da
usina é processar cerca de
150 mil toneladas de milho,
aumentando ainda mais a produção
do etanol e as oportunidades
de comercializar subprodutos
como o DDGS. “Ano
após ano, vimos melhorando o
processo e abrindo novos
mercados. Por enquanto, ainda
somos os primeiros e os únicos
a produzir etanol de milho
do Estado, mas sabemos que
esta é uma tendência, que
deve gerar novas plantas”,
completa.
Como explica ainda o representante
da Cooperval, para a produção
do etanol, o milho precisa
ser moído, transformando-se
numa espécie de farinha. “Esta
vai para um processo como um
cozimento até virar o etanol. O
que sobra é um produto como
um fubá um pouco mais grosso.
Esse passa por um novo
processo, de secagem, e chegamos
ao DDGS”, conta.
O produto, segundo ele, tem
mais de 30% de proteína, excelente
para alimentação animal.
“Já produzimos este produto
para o mercado interno, de pequenos
consumidores, mas temos
condições totais de atender
uma demanda maior, inclusive
do mercado externo”, conclui
o gerente comercial.
Segundo a Companhia Nacional
de Abastecimento (Conab), a
produção total de etanol à base
de milho no Brasil deverá atingir,
na safra 2019/20, 1,35 bilhão
de litros, representando acréscimo
de 70,3% em relação ao
exercício anterior.
Apesar de ter apenas uma
Usina, o Paraná é o terceiro Estado
produtor do biocombustível,
atrás do Mato Grosso e de
Goiás. Segundo a Companhia
nacional, da safra 2018/2019
para a 2019/2020, a produção
no Estado aumentou 467,3%,
passando de 9.569 litros para
54.288.
“O menor custo de produção
do etanol à base de milho, a
crescente produção do milho
segunda safra e a forte demanda
dos segmentos produtores
de proteína animal foram
alguns dos motivos pelos
quais as indústrias aderiram ao
novo modelo de negócio”, traz
a Conab em boletim. Uma tonelada
de milho é capaz de
produzir 420 litros de etanol e
300 quilos de DDGS.
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Jornal Paraná