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Desvairadas: histórias de pessoas LGBT em Florianópolis, capital de Santa Catarina (2014)

Este livro-reportagem foi produzido de maneira independente e apresentado como TCC do curso de Jornalismo da UFSC em 2014, com o intuito de oferecer narrativas jornalísticas sobre pessoas LGBT que fujam do olhar de exotificação e patologização habitualmente encontrado em reportagens dos meios de comunicação hegemônicos. Por esse motivo, a reprodução deste material é livre e fortemente estimulada.

Este livro-reportagem foi produzido de maneira independente e apresentado como TCC do curso de Jornalismo da UFSC em 2014, com o intuito de oferecer narrativas jornalísticas sobre pessoas LGBT que fujam do olhar de exotificação e patologização habitualmente encontrado em reportagens dos meios de comunicação hegemônicos. Por esse motivo, a reprodução deste material é livre e fortemente estimulada.

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como a Drag Queen Nicoly Mollinaro, Israel percebeu que

não queria ser uma caricatura de mulher.

“Até então, eu achava que era gay. Aí cheguei à conclusão

de que eu sou uma pessoa transgênera, de que eu preciso

‘adequar’ meu corpo, colocar tudo em sintonia.” Por algum

tempo, foi o preconceito que o impediu de se assumir como

pessoa trans. Temia ter que se prostituir, na ausência de oportunidade

de emprego. “Vi que essa não era a única saída. Tu

tens que se impor e fazer as pessoas te respeitarem, porque

elas acham que trans é bagunça.” No fim, não teve dificuldade

para manter seus trabalhos: atua como maquiador, faz shows

como Nicoly Mollinaro e trabalha de administrador e caixa

no estabelecimento dos pais. “Quero viver uma vida normal,

um dia a dia normal. Mas agora eu sei que vai ser tranquilo.”

No entanto, para mudar o corpo como pretende, Israel

vai precisar de um investimento considerável. Só os hormônios

que toma exigem um gasto mensal de R$200 – “Agora

soma com as depilações a laser, que tu gasta mais uns 200

reais fazendo, com o guarda-roupa novo e com as consultas

médicas.” Isso sem falar na Cirurgia de Redesignação Sexual

(CRS), que Israel não pretende fazer por meio do Sistema

Único de Saúde (SUS).

A CRS passou a ser ofertada pelo SUS em 2008. De acordo

com dados do Departamento de Informática do SUS (DA-

TASUS), da sua regulamentação, em agosto de 2008, até o

mês de setembro de 2014, foram realizados no Brasil 186 procedimentos

de Redesignação Sexual 1º Tempo – ou seja, procedimento

de transgenitalização para mulheres trans, porque

o SUS não oferece CRS para homens trans. A região Sul foi a

que mais realizou procedimentos, com 81 cirurgias contra 71

do Sudeste e 34 do Centro-Oeste. Em complemento, foram

realizadas 45 Cirurgias de Redesignação Sexual 2º Tempo, ou

seja, procedimentos para alongamento das cordas vocais e redução

do pomo de adão.

Como há somente quatro hospitais credenciados para

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