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Desvairadas: histórias de pessoas LGBT em Florianópolis, capital de Santa Catarina (2014)

Este livro-reportagem foi produzido de maneira independente e apresentado como TCC do curso de Jornalismo da UFSC em 2014, com o intuito de oferecer narrativas jornalísticas sobre pessoas LGBT que fujam do olhar de exotificação e patologização habitualmente encontrado em reportagens dos meios de comunicação hegemônicos. Por esse motivo, a reprodução deste material é livre e fortemente estimulada.

Este livro-reportagem foi produzido de maneira independente e apresentado como TCC do curso de Jornalismo da UFSC em 2014, com o intuito de oferecer narrativas jornalísticas sobre pessoas LGBT que fujam do olhar de exotificação e patologização habitualmente encontrado em reportagens dos meios de comunicação hegemônicos. Por esse motivo, a reprodução deste material é livre e fortemente estimulada.

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Sua estreia na cena Drag Queen foi em 2010, com 18

anos. Na ocasião, Bruno foi visitar um amigo, que morava em

Tubarão, e pretendia comemorar o aniversário na única casa

noturna da cidade. A sugestão veio de forma inusitada:

“Vamos montados?”

Bruno estranhou. “Como assim, montados?”

“Montado de Drag, vestido de mulher.”

Já ocorrera a Bruno uma vez ou outra a ideia de se montar

como Drag Queen, mas nunca seguira em frente com a

vontade.

“Legal. Mas eu não tenho nada de Drag Queen!”

“Não tem problema. Que estilo queres fazer?”

“Ah... Eu queria um estilo diferente, algo alternativo.”

“Então a gente faz um estilo diferente. A gente vai no

shopping ver o que tem, a gente compra. Se não tiver peruca

lá, eu tenho e posso te emprestar. Uso peruca de plástico mesmo

e sei que tu não gosta de peruca de cabelo...”

“Então tá! Arrasou.”

Um vestido preto, uma peruca de plástico espalhafatosa,

lentes de contato coloridas. Naquela noite, Bruno se apaixonou

pela personagem e dali em diante foi só seguir carreira.

Aprendeu as artimanhas de ser Drag Queen com o tempo e

com a ajuda de colegas. Fernanda foi uma delas. Em 2010,

Bruno trabalhava de coreógrafo para Fernanda, e foi ela que o

levou pela primeira vez à casa noturna Mix Café, em Florianópolis.

Enquanto Fernanda preparava sua maquiagem, tratou

logo de tranquilizá-lo: “Aqui é casa de Drag, se joga! É tua vez

de brilhar sozinho.”

Antes dos shows, nos camarins, escutando o burburinho

do público, Bruno sempre tem uma crise de nervosismo. Não

importa quantas vezes já tenha se apresentado, a insegurança

o abate e fica pensando nos piores cenários: E se ninguém

gostar? E se ninguém se divertir? Do palco, anunciam o nome

de Cassandra Vlabatski. Bruno engole a ansiedade e entra na

personagem. É normal acontecerem erros de vez em quando,

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