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Desvairadas: histórias de pessoas LGBT em Florianópolis, capital de Santa Catarina (2014)

Este livro-reportagem foi produzido de maneira independente e apresentado como TCC do curso de Jornalismo da UFSC em 2014, com o intuito de oferecer narrativas jornalísticas sobre pessoas LGBT que fujam do olhar de exotificação e patologização habitualmente encontrado em reportagens dos meios de comunicação hegemônicos. Por esse motivo, a reprodução deste material é livre e fortemente estimulada.

Este livro-reportagem foi produzido de maneira independente e apresentado como TCC do curso de Jornalismo da UFSC em 2014, com o intuito de oferecer narrativas jornalísticas sobre pessoas LGBT que fujam do olhar de exotificação e patologização habitualmente encontrado em reportagens dos meios de comunicação hegemônicos. Por esse motivo, a reprodução deste material é livre e fortemente estimulada.

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sobre a Praia Mole:

Desde sábado a praia parecia outra, invadida por milhares de

jovens, de todos os lugares, principalmente de São Paulo, Rio e

Porto Alegre, e a impressão para os poucos nativos era de estar

em outro lugar, menos em Florianópolis. Homens com lenços

na cabeça, com trancinhas jamaicanas, gays de mãos dadas, top-

-less, enfim, nunca essa praia viu tanta novidade, movimento e

gente bonita como neste carnaval, que certamente a consagrou

como a praia mais in da nossa Ilha.

De lá para cá, Sueli percebe que há maior liberdade com

certas coisas. “A coisa ficou mais aberta, as pessoas ficaram

mais antenadas”, ela diz. “É claro, as dificuldades para assumir

ainda existem, mas tem bem menos pressão do que trinta anos

atrás.” Embora quase não existam bares e boates exclusivos

para o público homossexual, como se tinha naquela época, há

mais aceitação e abertura da população em relação ao tema.

Foi diferente quando chegou em Florianópolis, em 1982.

Na época, o trabalho com a música era relegado aos finais de

semana, pois de segunda a quinta-feira, Sueli se ocupava em

dar aulas de Educação Física para as crianças das escolas estaduais.

Uma noite, um aluno seu – “gayzíssimo”, ela endossa –

flagrou-a em uma das boates GLS da cidade. No dia seguinte,

a escola toda já estava sabendo da história, e não demorou

para a diretora dar um jeito de expulsá-la do corpo docente.

“Hoje jamais se faria isso. Jamais te tirariam de uma escola, e

olha, nem faz tanto tempo assim”, Sueli conta.

O caso mais grave de preconceito que sofreu por ser lésbica

ocorreu um pouco antes, em 1977. Na época, com 22

anos, Sueli atuava como jogadora de handebol para a Delegação

de Blumenau e morava no alojamento para atletas cedido

pela Comissão Municipal de Esportes. Era noiva de um

homem, num período em que ainda não tinha descoberto sua

homossexualidade. Foi aí que ela apareceu. Sem saber muito

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