Desvairadas: histórias de pessoas LGBT em Florianópolis, capital de Santa Catarina (2014)
Este livro-reportagem foi produzido de maneira independente e apresentado como TCC do curso de Jornalismo da UFSC em 2014, com o intuito de oferecer narrativas jornalísticas sobre pessoas LGBT que fujam do olhar de exotificação e patologização habitualmente encontrado em reportagens dos meios de comunicação hegemônicos. Por esse motivo, a reprodução deste material é livre e fortemente estimulada.
Este livro-reportagem foi produzido de maneira independente e apresentado como TCC do curso de Jornalismo da UFSC em 2014, com o intuito de oferecer narrativas jornalísticas sobre pessoas LGBT que fujam do olhar de exotificação e patologização habitualmente encontrado em reportagens dos meios de comunicação hegemônicos. Por esse motivo, a reprodução deste material é livre e fortemente estimulada.
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CAPÍTULO 7
Invisível
A
mãe anuncia que está grávida de um menino. Tem
festa na família. A parentalha toda corre a comprar
enxoval azul, sapatinho azul, brinquedo azul. Um
tio se adianta e já traz uma bola de futebol, na esperança
de o sobrinho nascer craque. Decidem um nome –
nome bonito, dizem as tias; nome de macho, dizem os tios – e
bordam em tudo o que for possível. No lençol. Nos quadrinhos
almofadados da porta do quarto do bebê. A gravidez é
uma ansiedade só. E quem vai ser o padrinho? E quem vai ser
a madrinha?
Nasceu. Alguns acendem charutos para comemorar. Enrolam
o bebê em uma toalha e o expõem na asséptica sala com
lâmpada fluorescente branca. Os parentes colam a testa, o nariz
e as palmas da mão no vidro para enxergar melhor. Parece
com ele. Parece mais com ela. A mãe já está bem, só um pouco
cansada. O pai não consegue acreditar. Em breve já estão em
casa, com um membro a mais na família, e um choro mais estridente
cortando a noite.
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