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Anuário do Agronegócio 2020

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ANUÁRIO

PARANAENSE DE

AGRONEGÓCIO

INDÚSTRIA

E COMÉRCIO

2020

NOVOS

TEMPOS

GRANDES

DESAFIOS

12ª EDIÇÃO

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

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INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


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4 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


O protagonismo do

campo e da indústria

No Paraná, o agronegócio e a indústria têm impulsionado fortemente o desenvolvimento econômico.

No que se refere ao campo, todos sabemos o quanto o trabalho dos produtores vem

contribuindo para que o país – e não somente o estado – consiga superar seus desafios e proporcionar

riquezas que fortalecem as regiões, alavancando todos os setores e gerando oportunidades a

milhares de pessoas. Segundo maior produtor nacional de grãos, o Paraná é um modelo de empreendedorismo,

modernidade e organização rural que tem ajudado o Brasil a colher safras recordes a

cada ano e se firmar como um dos principais celeiros do mundo.

O estado conta também com uma atividade industrial pujante, cujo crescimento de 5,7% em

2019 (em comparação ao ano anterior) revela que o segmento vem cumprindo com desenvoltura

o papel de ser, também, um dos protagonistas da economia.

Este Anuário retrata de forma sintética a grandeza dos paranaenses que, com sua energia, atuam

no agro e na área industrial, na expectativa de que histórias de sucesso – como as aqui relatadas

- sejam comuns também em outros setores econômicos, de maneira a deixar para trás as dificuldades

vividas nos últimos anos e, com o natural talento e dedicação da nossa gente, possamos

edificar um futuro promissor.

Lucienne Silva

Diretora

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

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ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

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índice

12

2020

safra paranaense

pode ser recorde

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CONFIRA

Colheita altamente produtiva

18

Sem medo de enfrentar desafios

20

Arrendar para expandir os negócios

30

Integração é sustentabilidade

36

Os filhos estão de volta

44

Diversificar, o melhor negócio

42

Produtoras movidas pela paixão

52

Pecuária de alto padrão

54

Sicredi oferece suporte ao campo

56

Indústria tem crescimento forte no PR

58

Expoingá conecta ao novo agro

67

Cocamar planeja faturar R$ 10 bi em 2025

94

Maringá sedia o X Encontro Técnico Avícola

98

Cafeicultor paranaense é premiado

110

Diretora de Projetos

Lucienne Vieira da Silva

DNP EVENTOS EIRELI

CNPJ: 07.742.980/0001-47

Editor

Rogério Recco

Jornalista

Luíza Recco

Editoração

Andréa Tragueta

Capa

Emerson Andujar

Impressão

Gráfica Massoni

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AGRONEGÓCIO PARANAENSE

Novos tempos,

grandes desafios

Depois de um 2019 com forte redução de

produtividade das lavouras, causada por

intempéries, 2020 promete recuperação

Asafra paranaense de grãos de verão 2019/2020 pode chegar

a 23,4 milhões de toneladas, valor 19% superior ao da

safra anterior, quando foram produzidas 19,7 milhões de toneladas.

Os dados são do relatório divulgado pelo Departamento de

Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do

Abastecimento (Seab).

Ao mesmo tempo em que finalizam a colheita da primeira safra

de feijão, os produtores iniciam a colheita da soja e do milho da

primeira safra. “As colheitas já realizadas confirmam a tendência

de um bom desempenho da safra paranaense, com estimativa de

produção de 19,7 milhões de toneladas de soja, e que, pelas boas

condições das lavouras, pode surpreender”, diz o chefe do Deral,

Salatiel Turra. A perspectiva de produção para o milho é de 3,2

milhões de toneladas, o que reafirma uma safra acima de 23,4 milhões

de toneladas de grãos.

“Se somarmos isso à primeira avaliação da segunda safra de feijão

e à segunda safra de milho, chegamos a um patamar acima do

que se colheu no ano passado. Com tudo somado, a primeira avaliação

de semeadura de inverno pode elevar a estimativa da safra

2019/2020 para mais de 38 milhões de toneladas, uma boa recuperação

com relação ao ano passado”, diz o secretário estadual da

Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara.

A soja ocupa uma área recorde de 5,5 milhões de hectares, o que

pode permitir ao Paraná uma produção próxima de 20 milhões de

toneladas. Para Ortigara, “tanto a safra quanto os preços são satisfatórios,

em que pese o cenário mundial”.

SOJA

A estimativa de produção é de 19,7 milhões de toneladas, 22% a

mais do que a safra 2018/2019. Se a expectativa se confirmar, o

estado terá uma de suas maiores safras. O preço que tem sido de

referência aos produtores pela saca de 60 kg de soja é R$ 78,00,

valor 15% superior ao do ano passado, e cerca de 30% da safra

estão comercializados. A alta do dólar tem beneficiado a exportação.

MILHO

A produção de primeira safra é calculada em 3,2 milhões de toneladas

é 3% maior do que na safra 18/19, numa área de 348,8 mil

hectares. Em relação ao milho de inverno, espera-se a produção de

12 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


A projeção é de que sejam colhidas

19,7 milhões de toneladas de soja;

estado é o segundo maior produtor

nacional, só atrás do Mato Grosso

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INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

13


R$ 25

bilhões devem ser injetados pela soja, na

safra de verão 2019/20, na economia do Paraná

5,5

milhões de hectares é a área ocupada pela

oleaginosa, um recorde

38

milhões de toneladas é quanto o Paraná pode

colher na soma das culturas de verão (2019/20) e

inverno (2020)

aproximadamente 12 milhões de toneladas, uma redução de 7%

na comparação com a safra 18/19, causada pelo atraso no plantio

da soja que, em algumas regiões, inviabiliza o cultivo de milho

no inverno. A área prevista é de 2,2 milhões de hectares.

Quanto aos preços, registra-se um aumento superior a 30%

comparativamente ao ano passado. A saca de 60 kg é comercializada

por R$ 40,00, enquanto que em janeiro de 2019 o valor

ficou próximo de R$ 30,00. De acordo com o Deral, o preço atual

remunera bem os produtores que investiram no milho, principalmente

na primeira safra, e provavelmente beneficia também

os contratos futuros da segunda safra. Segundo especialistas, os

preços devem manter-se num patamar mais elevado justamente

porque estima-se redução na produção da safra 19/20, no

Paraná e no Brasil. A produção brasileira deve ficar próxima a

95 milhões de toneladas e, apesar de ser menor do que no ano

passado, atende ao mercado doméstico e às exportações.

FEIJÃO PRIMEIRA SAFRA

A safra atingiu o potencial produtivo estimado. Mesmo com redução

de área de 6%, de 162,3 mil hectares para 152,2 mil, a

produção será 24% maior”, diz o engenheiro agrônomo Carlos

Alberto Salvador.

São 59 mil toneladas a mais do que ano passado, atingindo

306 mil toneladas. As lavouras estão em boas condições, com

produtividade de 2 mil kg/ha, uma das maiores até agora.

Com relação aos preços, a saca de 60 kg de feijão-cores

tem sido comercializada ao redor de R$ 160,00 e o feijão-

-preto por R$ 122,00, valores que não devem cair muito

nos próximos meses.

FEIJÃO SEGUNDA SAFRA

A estimativa de produção é de 443 mil toneladas em uma área

de 227 mil hectares, 8% menor do que no ano passado, mas a

produção deve ser 24% maior.

TRIGO

Com o encerramento da colheita em novembro, os números definitivos

mostram perdas de aproximadamente 30% em comparação

à estimativa de produção inicial, que era de 3 milhões de

toneladas. A safra é de 2,1 milhões de toneladas, 24% a menos

Flamma

do que na safra passada. O valor de R$ 50,00 pela saca de 60 kg

remunera o produtor, mas representa uma valorização típica do

período de entressafra.

MANDIOCA

A área de 140 mil hectares é 3% maior do que na safra 18/19

e estima-se uma produção de 3,4 milhões de toneladas, volume

12% maior do que na safra anterior. Os preços subiram 19%

na comparação com janeiro de 2019. Hoje, o produtor recebe

pouco mais de R$ 400,00 por tonelada. “O aumento se deve

à entressafra e à reposição dos estoques de fécula e farinha realizada

nessa época. Esse é o quarto ano consecutivo de bons

14 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


Cotações do

milho estão

30% acima na

comparação

com as do

ano passado,

estimulando o

produtor

preços para a mandioca, um dos maiores períodos registrados”,

diz o economista do Deral Methodio Groxko.

Os principais polos produtores de mandioca são as regiões de

Paranavaí, Umuarama, Campo Mourão e Toledo, responsáveis

por 80% da produção estadual. Está prevista uma disputa mais

intensa de matéria-prima entre as indústrias de fécula e farinha,

em função do aumento da produção neste ano, com baixos estoques

de fécula.

Além disso, se as projeções de crescimento de 2% no setor

industrial se confirmarem, conforme aponta o boletim do Banco

Central, as indústrias do papel e das embalagens vão demandar

uma produção ainda maior.

Tanto a safra

quanto os preços

são satisfatórios,

em que pese o

cenário mundial”

Norberto Ortigara,

secretário da Agricultura e

do Abastecimento

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

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16 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

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ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

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PRODUTIVIDADE

Colheita altamente

produtiva em Apucarana

Em 726 hectares, família obtém 82 sacas de média, graças ao manejo adequado e emprego de

tecnologias atualizadas

Fotos/Flamma

O produtor Evaldo

Bovo no comando de

sua colhedeira: “Temos

que estar ligados”

18 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


Quando a colheita é boa, a máquina enche rápido e

os caminhões não têm parada. Pois é isto que está

acontecendo neste início de safra de soja em Apucarana

(PR). O município que nos últimos anos se destacou

pela alta produtividade de suas lavouras, parece estar diante

de mais uma temporada em que produtor nenhum pode

botar defeito.

Pilotando nos últimos dias de janeiro a confortável colheitadeira,

o produtor Evaldo Carlos Bovo estava entre os que

abriam a colheita na região. Em uma propriedade próxima

ao aeroporto, sem solavancos na cabine refrigerada, ele parecia

passear sobre a lavoura, atento ao monitor que exibia

instantaneamente os números da operação, quase nunca inferiores

a 100 sacas por hectare. A lavoura não cresceu tanto,

mas estava tão repleta de vagens que em dez ou quinze

minutos era preciso dar um tempo para descarregar.

MÚSICA

“Acho que vamos fechar com mais de 80 sacas de média”,

calculou Bovo, lembrando que um dos primeiros talhões colhidos

rendeu 92,5 sacas por hectare. Isto é música aos ouvidos

de qualquer produtor. Bovo e quatro irmãos são sócios

em 919,6 hectares no município e imediações e, segundo

ele, a atividade é conduzida com profissionalismo.

A seu ver, as razões do sucesso estão, principalmente,

na escolha de variedades adequadas, no investimento em

adubação de qualidade, no controle fitossanitário efetuado

na hora certa e na preocupação em absorver as tecnologias

que vão surgindo. “Não abrimos mão de participar

de dias de campo e palestras na cooperativa e de ficar de

olho na internet, sempre em busca de novidades. Temos

que estar ligados.”

Orientados pelo engenheiro agrônomo Danilo Lomba, os

Bovo não têm conhecido frustração, mantendo um histórico

de alta performance. Mesmo na safra passada (2018/19),

em que a região foi atingida por estiagem, eles colheram

71 sacas por hectare, bem acima das 50 sacas registradas

no município. No ano anterior (2017/18), a marca havia

sido de 76,8 sacas por hectare. Segundo Lomba, a safra

2019/20 não tem apresentado sobressaltos em matéria

de pragas e doenças. Houve apenas um atraso no plantio

causado por estiagem e calor forte, mas com o retorno das

chuvas a situação normalizou. Trabalhando com segurança,

os Bovo já têm comercializados 25% da safra, suficientes

para cobrir os custos de produção.

resultado de muito esforço, os Bovo empreenderam uma

trajetória ascendente. A cada ano, nunca deixaram de comprar

terras no entorno de Apucarana e não pensam em parar

tão cedo, apesar das altas cotações do ativo. “Temos uma

pilha de escrituras, fomos juntando pedacinhos”, comentou

Evaldo, Hoje são 919,6 hectares, dos quais 726 cultivados

com lavouras. Os restantes 193,6 hectares são áreas de

preservação permanente.

Evaldo comentou que se antes o destino de quem não

queria estudar era a roça, atualmente ocorre o inverso: por

ser uma atividade altamente tecnificada, a agricultura requer

profissionais cada vez mais bem preparados.

Os Bovo são personagens de um ciclo de prosperidade

que tem a soja como carro-chefe e faz do agronegócio o

setor mais importante e dinâmico da economia. No final

de janeiro, enquanto as máquinas colhiam a oleaginosa, as

plantadeiras já vinham atrás, realizando a semeadura de milho

no inverno, cultura em que eles são, também, uma referência

regional em produtividade.

Lavoura não

cresceu tanto, mas

ficou repleta de

vagens

Com soja, a prosperidade

Tão interessante quanto os números obtidos pelos Bovo é

conhecer a sua história. Os cinco filhos homens do total de

sete do seu Darci, de 85 anos, e de dona Dalva, de 80, formam

há três décadas uma sólida sociedade na agricultura,

que envolve três deles, e também num comércio na cidade,

onde estão os outros dois.

Até 1986, o único bem da família era uma pequena chácara

de 4,8 hectares, da qual subsistiam. “Eu tinha treze

anos nessa época e tive que fugir da escola para ajudar

meus pais na roça”, brincou Evaldo, hoje com 43. Aos poucos

eles foram adquirindo pequenos lotes de terra e, em

1995, diante de uma profunda crise pela qual passava o

campo, resolveram diversificar, apostando em uma casa de

materiais de construção.

Com a estabilidade da economia a partir dos primeiros

anos do Plano Real, a agricultura voltou a ser interessante

para os produtores de grãos e, sempre colhendo bem, como

Flamma

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

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“É preciso fazer

tudo com amor”,

afirma Leonardi,

de 70 anos

20 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


Leonardi,

uma referência

Morador no distrito de São Martinho, em Rolândia (PR), o produtor Vanderlei Leonardi

tem conseguido uma média de produtividade de soja, nos últimos anos,

sempre acima de 68 sacas por hectare. Na medida em alqueire (2,42 hectares),

comum no norte do estado, isto equivale a 165 sacas – uma quantidade de encher os olhos

de qualquer agricultor.

Mas foi justamente no difícil ciclo 2018/19, marcado por graves problemas climáticos,

que Leonardi atingiu o seu melhor desempenho no sítio de 53,2 hectares. Nesse ano complicado,

ele obteve a espetacular média de 77,6 sacas/hectare, tendo alcançado o pico

de 88,4 sacas – números que, em alqueire, correspondem, respectivamente, a 188 e 214

sacas de média.

Em seu trabalho, Leonardi, de 70 anos, conta com a parceria do filho Damilo nas operações

rotineiras da roça e também o apoio eventual de outro filho, Rodrigo, profissional especializado

no ramo de carnes e derivados – São Martinho, afinal, é famoso pela qualidade

dos seus embutidos.

MEIO CAMINHO ANDADO

“É preciso fazer tudo com amor”, diz o produtor, intrigando quem esperava por uma resposta

mais técnica. Ele explica, com sua singeleza: “Sempre falo para o meu filho que precisa

ter amor no que se faz. Se tiver amor, é meio caminho andado.”

O sucesso de Leonardi, claro, advém de um conjunto de fatores. Ele é daqueles que capricham

no manejo no solo - argiloso e de alta fertilidade – na adubação e no plantio. E segue

à risca tudo o que o agrônomo da Cocamar recomenda. No ano passado, enquanto a região

toda sofria com a seca, uma chuva de 100 milímetros banhou o seu sítio, assegurando a

alta produtividade na reta final. Sorte? Sem dúvida, mas apenas ela não faz o resultado que

o produtor tem apresentado todos os anos. “O seu Vanderlei é um dos nossos melhores cooperados,

sem dúvida”, comenta o agrônomo Renan Zanzarini, que lhe presta atendimento.

CONHECIMENTOS

Seguir a orientação técnica é tão importante quanto participar de dias de campo e outros

eventos técnicos. São nessas ocasiões que agricultores interessados como Leonardi aproveitam

para aprimorar conhecimentos. Independente disso, com a experiência de seus 70

anos, o produtor de São Martinho é um especialista em soja, conhecedor de todos os detalhes

e caminhos que levam ao sucesso, o que também acontece no período de inverno,

quando se dedica a produzir milho – alcançando a apreciável média de 103,3 sacas por

hectare.

Agora, na expectativa de efetuar a colheita de soja no início de março, seu palpite, olhando

a beleza da lavoura repleta de vagens em granação, é beirar as 80 sacas por hectare de

produtividade, em média. Ainda não tem nada garantido, mas pode estar vindo por aí outra

marca campeã.

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

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Volpato está à frente

de 18 propriedades em

vários municípios

Flamma

Produtores que crescem

sem medo dos desafios

Nascidos e criados em pequenas propriedades nos

municípios de Ourizona e Atalaia, no noroeste

paranaense, onde antigamente suas famílias lidavam

com café e cultivos de subsistência, os produtores

José Rogério Volpato, 41 anos, e Paulo Vinícius Tamborlin,

35, têm trilhado na vida caminhos semelhantes.

Hoje prósperos produtores de grãos, eles são donos de

terras, cultivam também em propriedades arrendadas e

são receptivos a propostas de parcerias. São agricultores

adeptos a novas tecnologias e obstinados por crescer.

SOLOS DIFERENTES

Volpato, que reside na vizinha São Jorge do Ivaí e tem graduação

em contabilidade, administração de empresas e um

MBA em agroecologia, enfrenta a cada safra o desafio de

lidar com diferentes tipos de solos, mas é na complexidade

de trabalhar no areião típico da região que ele e Tamborlim

se sobressaem. Historicamente, suas médias de produtividade

de soja estão num patamar bem superior ao da realidade

regional, o que resulta da preocupação deles em incorporar

conhecimentos, tecnologias e práticas modernas

para explorar todo o potencial produtivo das lavouras.

Segundo Volpato, “um produtor de cultiva na areia precisa

ter a consciência de que, para produzir bem, não pode vacilar

e nem improvisar”. As práticas conservacionistas são tão importantes,

dada a fragilidade do solo, quanto saber escolher

as variedades, os produtos adequados e os tratos culturais

que devem ser realizados na hora certa, somando à recomen-

22 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


Tamborlim:

experiência em lidar

com qualquer tipo

de solo

Flamma

dação técnica especializada a própria experiência acumulada

ao longo de anos. Com estrutura de maquinários, ele produz

em 18 propriedades localizadas na sua região, que totalizam

300 alqueires (726 hectares). Em uma delas, em Presidente

Castelo Branco, na safra 2017/18, surpreendeu ao colher

200 sacas de média por alqueire (82,6 por hectare). A surpresa

se justifica: pelo reduzido teor de argila, dizia-se esse

tipo de solo seria imprestável para o cultivo de grãos.

RAPIDEZ

Engenheiro agrônomo com pós-graduação em agronegócio,

Tamborlim cultiva 16 propriedades entre terras próprias,

arrendadas e fruto de parcerias, que somam 215

alqueires (520,3 hectares). A exemplo do colega, ele não

descuida de participar de dias de campo, palestras técnicas

e eventos relacionados à difusão de tecnologias. “É

preciso estar atento a tudo”, assevera, lembrando que a

tecnologia avança rapidamente.

INVESTIR

Sem medo de encarar desafios, ele assumiu neste ano o

arrendamento de uma área antes cultivada com cana-de-

-açúcar. “Fiz um planejamento para cinco anos e considerando

a necessidade de investir na reestruturação desse

solo, avalio que no primeiro vou ficar no vermelho ou,

com a ajuda de São Pedro, pelo menos empatar.”

Tanto Tamborlim quanto Volpato trabalham com a

mentalidade de que, em terras arrendadas, precisam investir

no solo, mediante análise criteriosa, pois o custo

de produção é bem mais alto que plantar em terras próprias

e, por isso, dependem de colher muito para que o

resultado valha a pena. Os contratos que firmam com os

proprietários são praticados em duas modalidades: uma

quantidade fixa em sacas por alqueire ou um percentual

sobre a colheita. “No percentual, os riscos são divididos

entre as duas partes e quase sempre o proprietário fica

mais satisfeito”, diz Tamborlim.

O desejo de ambos não é outro senão continuar absorvendo

novas áreas para manter o crescimento. A fragmentação

impõe o desafio da logística, pois não é tão simples

fica fazendo o deslocamento de maquinários de uma propriedade

para outra. Mas, pelo jeito, tem valido a pena.

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

23


Sem proteger

o solo e

entender suas

necessidades,

nada vai

adiantar”

Júnior Hideo

Tsuruda,

produtor de Ibiporã

Flamma

Tsuruda: se antes a média na soja era de 49,5 sacas por hectare, agora são quase 62

Fazer tudo o que é preciso

para produzir bem

Fazer tudo o que é preciso para alcançar altas médias

de produtividade. É com essa determinação que o produtor

Júnior Hideo Tsuruda, de Ibiporã, região de Londrina

(PR), conduz sua atividade. Aos 34 anos, engenheiro

agrônomo, ele tem procurado explorar o potencial produtivo

das lavouras de soja e milho a partir de cuidados com o solo

e uma adubação especial, segundo análises criteriosas.

Com aveia, o produtor faz a rotação de culturas no inverno, o

que, entre outros benefícios, ajuda a reduzir os níveis de compactação

do solo e cobrir a superfície de palha para o plantio direto. A

braquiária ainda não ganhou impulso nessa região. A correção periódica

com calcário é outra estratégia indispensável. Desde quando

assumiu a gestão da propriedade, há dez anos, Júnior conta

que o solo tem recebido atenção especial. “Sem proteger o solo e

entender suas necessidades, nada vai adiantar”, observa.

Com essa preocupação, Júnior tem conseguido alavancar

a produtividade. Antigamente a média da soja patinava ao

redor de 120 sacas por alqueire (49,5 sacas/hectare); de

alguns anos para cá ela tem se situado em 150 sacas por

alqueire (61,9/hectare), lembrando que no ciclo 2013/14,

chegou a 170 sacas por alqueire (70,2/hectare), o que indica

que pode avançar rumo a novos patamares.

24 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


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Os irmãos Tiago e

Lucas dizem não

temer desafios,

aproveitando

oportunidades para

crescer

26 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


Produtores arrendam

terras para expandir

Crescer na atividade rural, hoje em dia, é tarefa das

mais desafiadoras que alguns produtores estão sabendo

enfrentar com coragem, ousadia, segurança

e profissionalismo. Em Sabáudia, a 63km de Maringá, no

norte do estado, os irmãos Lucas e Tiago, da família Borrasca

e Casalotti, encontraram no arrendamento de terras um

caminho aberto para empreender.

Desde o início, há sete anos, eles contam com o apoio do pai,

Agnaldo, motivados pela vontade de conquistar o seu espaço,

uma vez que a família sobrevivia de uma pequena propriedade

de 6 alqueires (14,5 hectares) onde ainda hoje produz grãos e

22 mil cabeças de frango em dois barracões.

EM EXPANSÃO

E foi assim, partindo praticamente do nada, que já chegaram

a 110 alqueires (266 hectares) e continuam aumentando

as áreas.

Tudo começou com Lucas, técnico agrícola de 23 anos, que

já aos16 começou a arrendar lotes de conhecidos e parentes,

sem receio de assumir as modalidades de pagamento exigidas

pelos proprietários: uma, a que prevê um percentual definido

sobre a produtividade; outra, uma quantidade fixa em sacas de

soja por alqueire.

É PESADO

“Arrendar não é brincadeira, o custo é bem maior do que cultivar

em terra própria”, comentou Lucas, explicando não haver

meio termo para o arrendatário, a não ser produzir bem para

pagar as despesas da lavoura, a renda para o proprietário e,

depois de tudo isso, garantir a margem de lucro.

Obstinado, Lucas sempre teve consciência de que para ter

boa produtividade é indispensável investir na correção do solo,

mediante análise, em adubação de qualidade e outros cuidados,

seguindo orientação técnica - no caso, do engenheiro

agrônomo Jacson Bennemann, E, como tem disponibilidade

de cama de frango, utiliza esse resíduo dos barracões como um

fertilizante adicional.

BRAQUIÁRIA

Uma das recomendações de Bennemann foi de que os irmãos

investissem no cultivo de braquiária no inverno, em consórcio

com o milho, para reforçar a reestruturação física e biológica

do solo e, entre vários outros benefícios, cobrir a superfície de

palha para o plantio direto e, dessa forma, inibir o surgimento

de ervas de difícil controle. Neste ciclo de verão 2019/20, a

braquiária abrange 60% das áreas, mas no próximo período

(2020/21), a previsão é chegar aos 100%.

SEGURO E CUSTOS TRAVADOS

Outra orientação que eles seguem é fazer o seguro de toda a

lavoura e travar os custos de produção. antecipando a venda

de uma parcela da safra futura – negociada recentemente a R$

80 a saca de soja. “A gente começa uma safra já devendo de

100 a 110 sacas por alqueire”, assinala Tiago.

MÉDIAS ALTAS

Com o manejo adequado do solo, que retém umidade na superfície,

os dois irmãos têm conseguido amenizar os efeitos

do déficit hídrico, como se observou na última safra de verão.

Enquanto em várias regiões do estado a falta de chuvas castigou

a lavoura, causando quebra de produtividade, eles colheram

a boa média geral de 150 sacas por alqueire (61,9 sacas/

hectare) e expressivos 179 sacas por alqueire (73,9 sacas/

hectare) na área reservada ao concurso de produtividade da

Cocamar. Só para comparar, a média no município ficou entre

110 e 115 sacas por alqueire.

Formado em gestão de agronegócio, Tiago, 28 anos, deixou

de trabalhar em uma empresa de material de construção na cidade

para enfrentar o desafio de produzir em terras arrendadas

ao lado do irmão.

DÁ CERTO

Para Lucas, não existe terra ruim. Ele dá o exemplo de um lote

que estava abandonado e altamente praguejado, onde o proprietário

nem acreditava que fosse possível produzir. Mas com

capricho, os dois controlaram os problemas e investiram na recuperação

do solo, produzindo nesse mesmo lote nada menos

que 160 sacas por alqueire na difícil temporada 2018/19.

CONQUISTAS

Nem tudo está quitado, mas em sete anos os irmãos conseguiram

colher os frutos de seus esforços. Entre outras

conquistas, foi construída uma casa na cidade para Tiago,

compraram terra e estruturaram um parque de máquinas que

já conta com 3 tratores, 1 colheitadeira, 1 uniport, 1 plantadeira

e 1 caminhão.

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

27


Produtores

constroem

fertilidade

para ganhar

produtividade

Desde o ano passado os produtores Francisco Semião e

José Francisco Alves Souza, de Arapongas, participam de

um projeto de construção de fertilidade do solo orientado

pelo especialista Luiz Tadeu Jordão.

Segundo Jordão, esse é um trabalho amplo e de longo prazo,

que vai abranger diversos pontos voltados àquele objetivo. O

projeto inclui desde o levantamento do perfil do solo, ao manejo,

nutrição e fisiologia das plantas, genética, plantabilidade e

proteção de cultivos, com a geração de análises agroclimáticas e

agroeconômicas.

Com a duração de três anos, a área em Arapongas e outras têm

acompanhamento permanente e são utilizadas como unidades

demonstrativas para disseminação das tecnologias aos produtores.

Jordão relata que na safra 2018/19 foi realizado um trabalho

de base (solo) e, no período 2019/20, em curso, o foco é manejo

fisiológico e, no último, na temporada 2020/21, a minimização

de estresse e ajuste do ambiente de produção.

Os produtores dizem que objetivo deles é criar condições para

chegar a uma produtividade de 200 sacas por alqueire [82,6 sacas/hectare].

Nos últimos anos a média deles tem ficado em

140 sacas (57,8 sacas/hectare).

AVEIA

Semião conta que eles cultivam capim braquiária no inverno,

para fazer a forragem do solo, mas neste ano, por causa do clima

seco, a braquiária não se desenvolveu. Para reforçar a cobertura

do solo, foi semeada aveia, que apresentou bom desenvolvimento

e já foi dessecada para o início do plantio.

28 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


Os produtores investem para alcançar

uma média de 200 sacas por alqueire

(82,6/hectare)

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

29


PRODUTORES

Desbravadores crescem

ao apostar em novas regiões

Em 726 hectares, família obtém 82 sacas de média, graças ao manejo adequado e

emprego de tecnologias atualizadas

Flamma

Roberto e o filho Everton: os Batalini agora fazem o caminho inverso e voltam a investir no Paraná

30 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


No ano 2000 a família Batalini, tradicional produtora de

grãos em Marialva e outros municípios da região de

Maringá, sondava as terras ainda pouco exploradas para

agricultura no Mato Grosso do Sul. “A gente precisava expandir

e estava ficando caro comprar terra no Paraná”, conta o produtor

Roberto Batalini, 52 anos, que mantém sociedade com os

irmãos Wilson e Moacir. Segundo ele, o objetivo era Naviraí mas

foram parar em Nova Andradina, perto da divisa entre os dois

estados. “Em Naviraí o negócio não andou e, passando por Nova

Andradina, vimos que a geada forte daquele ano não tinha feito

estragos e isto nos chamou a atenção”, lembra.

Na época, pouca gente cultivava soja ali. Eles examinaram a

textura do solo plano, se informaram sobre o regime de chuvas e,

acreditando estar diante de uma oportunidade, decidiram investir.

Se no Paraná os recursos que possuíam só davam para adquirir

no máximo 200 hectares, em Nova Andradina eles foram

suficientes para negociar 580 hectares, área essa que se somou

a outros 290 hectares adquiridos pelo sogro de Roberto. “A proporção

era de 3 por 1.”

VALEU A PENA

Os Batalini realizaram, a seguir, a limpeza das áreas, a remoção

de leiras, a destoca e a correção da acidez do solo, bem como a

instalação de uma base com todos os maquinários que precisavam.

Mas valeu a pena. Desbravaram a região confiantes de que

estavam no caminho certo e o resultado não poderia ser outro.

Com as boas colheitas que têm conseguido praticamente todos

os anos, em menos de duas décadas eles já ampliaram suas áreas

para 2,9 mil hectares, dos quais 700 arrendados, que estão sob a

responsabilidade de Roberto, enquanto os outros dois irmãos cuidam

de 1,2 mil hectares no Paraná, tudo cultivado com grãos.

Segundo o produtor, a produtividade em Nova Andradina regula

com a de Marialva, ao redor de 60 sacas por hectare. “Não

pode descuidar da aplicação de gesso e calcário, sempre no ponto

certo”, adverte, lembrando que a acidez do solo é um desafio

a ser vencido a cada ano. No outono/inverno ele cultiva milho e,

a exemplo da soja, as médias têm sido satisfatórias, ao redor de

115 sacas por hectare. O milheto é usado para fazer a cobertura

do solo com palha.

REFERÊNCIA

Receptivo a tecnologias e seguindo todas as orientações técnicas,

Roberto é assistido pelo engenheiro agrônomo Edilson

Betioli, e fez as aplicações preventivas recomendadas para o

controle de pragas e doenças. “É um produtor de referência na

região”, resume Betioli.

Mesmo produzindo bem, Roberto cita que a safra poderia ter

sido ainda melhor, uma vez que a mesma perdeu potencial devido

a falta de chuvas em determinadas épocas, como no início

– o que demandou replantio em alguns pontos – e na fase de

enchimento de grãos. “Aqui não escapamos dos veranicos”, diz,

lembrando que pela sua experiência, o período ideal de semeadura

vai de 20 de outubro a 20 de novembro.

Morando em Marialva, de onde se desloca periodicamente

para Nova Andradina, Roberto conta com uma equipe de 7 funcionários

e a sede da fazenda possui amplos galpões e silos, entre

várias outras benfeitorias.

Sobre a decisão de investir no Mato Grosso do Sul numa época

em que só havia incertezas e falta de estruturas, ele diz que a

família soube enxergar e aproveitar a chance. Antes da chegada

dos intrépidos paulistas e paranaenses, que desbravaram a região

com agricultura, os produtores locais, em sua grande maioria,

mantinham a tradição da pecuária extrativista, um modelo que

degradou os pastos e se tornou antieconômico.

Crescer

verticalmente

A expansão dos Batalini foi rápida no Mato Grosso

do Sul e agora, sempre atentos a oportunidades, eles

fazem o caminho inverso e voltaram a investir em compra

de terras no Paraná. No entanto, segundo Roberto

Batalini, o crescimento agora vai depender do envolvimento

de mais gente da família – os filhos, que se preparam

para participar dos negócios. Ele é pai de Everton

(23 anos), Guilherme (20) e Vinícius (15), sendo que

os dois primeiros, estudantes de agronomia, dividem

o tempo entre o curso e o trabalho nos momentos de

maior demanda, operando colheitadeiras, por exemplo.

“Nosso objetivo, daqui para a frente, é crescer verticalmente”,

acrescenta o produtor, explicando ser indispensável

ampliar as médias de produtividade e aproveitar

bem as terras que já possuem. Para isso, os sócios

investem na fertilidade do solo, sediando em Nova Andradina

um trabalho experimental conduzido em parceria

com uma consultoria especializada. Está nos planos,

ainda, para os próximos anos, adotar o programa de

integração lavoura-pecuária (ILP), possivelmente em

área de 720 hectares, de maneira a diversificar as atividades

e as fontes de renda.

Flamma

Objetivo é investir no aumento da produtividade da soja,

principal negócio da família

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

31


Expectativa é que o cultivo

de soja cresça na região nos

próximos anos

Bavelloni: “Tudo o que conquistamos

na vida se deve, principalmente, ao

arrendamento de terras”

Arrendar tem

valido a pena

32 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


APRENDIZADO

Mesmo com a experiência de tantos anos trabalhando diferentes

tipos de solos – dos mais férteis aos de baixo teor de

argila -, os Bavelloni não imaginavam que teriam um novo

aprendizado. Neste primeiro ano de arrendamento em Diamante

do Norte, decidiram revolver uma parte das terras

com subsolagem e incorporar calcário para correção. A lavoura

se desenvolveu bem, mas por causa da movimentação

na superfície, a média de produtividade ficou abaixo do

esperado, 31 sacas por hectare; no restante, onde a antiga

pastagem de grama estrela-roxa apenas foi dessecada e recebeu

calcário, a média chegou a 49,5 sacas.

DENTRO DO PREVISTO

Nada, no entanto, que não estivesse no planejamento de seis

anos. “A gente não conseguiu empatar no primeiro ano”, comentou

Edvaldo, estimando os custos diretos ao redor de 50

sacas/hectare. Além de corrigir o solo, o desembolso incluiu

aplicações de fosfato, adubos orgânico e químico e cobertura

de cloreto de potássio. As quantidades foram indicadas em

análise, com acompanhamento técnico, durante toda a safra,

do engenheiro agrônomo Wendel Justino Rodrigues,. Eles

também tiveram que instalar uma nova base de maquinários e,

para não correr riscos desnecessários, só trabalham com todas

as suas atividades devidamente seguradas.

Os Bavelloni semearam entre 15 de outubro a 10 de novembro,

época que consideram a mais adequada para a região,

mas enfrentaram falta de chuvas em dezembro, o que prejudicou

as primeiras lavouras. “As noites são mais frescas mas,

se faltar chuva, as plantas sentem.” Eles perceberam também

que, diferente do que pensavam, os solos das beiradas de rios

geralmente são mais fracos que as de cabeceira.

De toda forma, os solos (com teores de argila que variam

de 10 a 29%) têm potencial, segundo Edvaldo, para responder

ao investimento, podendo chegar a uma média de 61 a

66 sacas por hectare.

MILHO NO INVERNO -

Para os três primeiros anos o custo do arrendamento foi fixado

em 13,2 sacas por hectare, quantidade que sobe para 14,4

sacas/hectare nos três anos seguintes. No inverno, período

em que são dispensados de pagamento, os irmãos pretendem

cultivar milho em consórcio com o capim braquiária, já sabendo

que os riscos de uma geada forte são mínimos por ali.

Dos quase 1,8 mil hectares cultivados pelos irmãos

Edvaldo e Edgar Bavelloni em municípios do norte e

noroeste do Paraná, só 360 são próprios. Tradicionais

arrendatários, eles veem nesse formato de parceria um caminho

para crescer e não costumam desperdiçar oportunidades.

Em contínua expansão, na safra 2019/20 os dois conseguiram

dobrar as áreas de cultivam após arrendar 907 hectares de

solos arenosos em Diamante do Norte, no extremo noroeste, a

180 quilômetros de Maringá, cidade onde residem.

“A soja ainda é uma novidade aqui”, começou dizendo o

produtor, salientando o predomínio da pecuária tradicional.

As terras que arrendaram são de uma fazenda cujos proprietários

decidiram buscar parceiros especializados na produção de

grãos para fazer a reforma de pastos.

Flamma

CONFIANÇA

Para muitos produtores, apostar no arrendamento em uma

região nova é como dar um tiro no escuro, mas os Bavelloni

estão confiantes. “Tudo o que conquistamos na vida se deve,

principalmente, ao arrendamento de terras”, ressaltou Edvaldo,

explicando que eles estão buscando áreas em outras regiões

justamente “para fugir da loucura” que se observa ao redor

de Maringá, onde, por causa da concorrência, os proprietários

estão exigindo 20,6 sacas/hectare em média para arrendar.

Segundo Edvaldo, o extremo noroeste ainda é um desafio,

como todo lugar novo, mas a região se situa relativamente

perto de Maringá e exige menos investimentos para

produzir, do que os solos dos cerrados. Sem falar que há

estradas em boas condições e estruturas de apoio aos produtores.

“Nosso objetivo é crescer por aqui”, disse o produtor,

prevendo uma grande mudança na paisagem regional:

“Em alguns anos, isso aqui vai ter muita soja.” Mas alerta:

o areião não é lugar para aventureiros.

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

33


FEIJÃO

Paraná lidera a

produção nacional

Marcos Santos – USP Imagens

O estado é que mas planta e o que mais produz, tendo uma condição climática mais

favorável para o cultivo do grão

O Paraná é também o principal

balizador do preço do produto

Desde 2006, o Paraná lidera a produção de feijão no Brasil

como o maior produtor da cultura, que é dividida em

três safras. Com boa aceitação no mercado e ciclo curto,

cerca de 90 dias entre o plantio e a colheita, o grão costuma

interessar aos produtores, que chegam a ter até três safras por

ano no estado.

Nas três safras de feijão o Paraná é o que mais planta e o que

mais produz, além de ter uma condição climática favorável para

a produção, principalmente o carioca.

O estado tem bons volumes ao longo de todo o ano, o que

propicia condições ao desenvolvimento da cultura. Entretanto, o

grande problema é o risco de ocorrência de geadas no plantio do

feijão de 2ª safra, pois as fases de granação ocorrem justamente

entre o outono e inverno, quando a planta está mais suscetível.

1ª safra

A 1ª safra é semeada entre os meses de setembro a novembro e a

colheita se dá entre fevereiro a abril. Os principais estados produtores

são: 1º Piauí, 2º Paraná e 3º Minas Gerais.

Apesar do Piauí ser o maior produtor em área é um dos piores

em produtividade devido à variedade produzida e o maior índice

tecnológico empregado na cultura. O Paraná é, portanto, o maior

produtor de feijão de 1ª safra no Brasil. É o estado do Sul do Brasil,

juntamente com Minas Gerais, no Sudeste, que baliza os preços

em todo o país nesta época do ano.

2ª safra

A 2° safra de feijão é plantada entre os meses de fevereiro a maio e

colhida entre setembro a novembro. Os principais Estados produtores

são: 1º Paraná, 2º Mato Grosso e 3º Minas Gerais.

3ª safra

A 3° safra da cultura é plantada entre os meses de julho a agosto

e a colheita ocorre entre os meses de outubro a dezembro. Destacam-se

com os principais produtores todos os estados do Nordeste,

onde se têm a maior produção. Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais

também plantam feijão 3ª safra, mas em pequenos volumes.

Bahia e Pernambuco são os maiores produtores.

34 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

35


Para Pedroni, desembolso

maior com tecnologias

e práticas para tornar

o negócio sustentável,

permite racionalizar custos

Com deficit hídrico,

raízes vão mais fundo

em solo bem manejado

É

possível sim, com a adoção de tecnologias e práticas

sustentáveis, minimizar os efeitos das oscilações do

clima nas lavouras de soja.

No município de Cianorte, a 85km de Maringá, o produtor

Luiz Henrique Pedroni investe há cinco anos no cultivo

de capim braquiária, durante o outono/inverno, como

estratégia para a reestruturação física e biológica do solo.

Segundo Pedroni, análises periódicas dos aspectos físico

e químico do solo já apontam, entre outras melhorias, para

um aumento do percentual de matéria orgânica de 1,7%

para 2,3% e equilíbrio nutricional que se reflete no pH. Ao

mesmo tempo, com seu enraizamento, a braquiária age na

descompactação. “Se houver uma estiagem, as raízes vão

mais fundo, pelo menos 50cm, em busca de umidade”, comenta

Pedroni, que tem a companhia do filho Luiz Gustavo,

engenheiro agrônomo formado em 2017.

O produtor lembra que os solos de Cianorte apresentam

uma grande variação de manchas e, em sua propriedade,

o teor de argila chega, em alguns pontos, a 20%. Na safra

2017/18, ele alcançou médias ao redor de 180 sacas por

alqueire (74,3/hectare). “Podemos pensar em ter mais

estabilidade da produção”, afirma, salientando que na sua

região a maior parte das lavouras de soja é semeada sobre

palhada de milho, que se decompõe rapidamente com o

calor. Outro problema é a presença de alumínio no solo,

que dificulta o enraizamento.

36 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


No município de

Cianorte, solos

apresentam grande

variação de textura

A braquiária foi semeada em janeiro e

roçada no mês de abril, quando sementeou.

Pedroni diz que “Não tem outro

jeito de melhorar o solo se não for com

braquiária”, enfatizando: “estamos procurando

a melhor maneira de produzir

soja, pois esse é o nosso negócio”.

O produtor interessado em buscar mais

estabilidade, como é o caso de Pedroni,

tem um desembolso maior, mas isto não

significa que ele não possa racionalizar

custos. Um exemplo é a adubação, cuja

quantidade caiu de 650 para 450kg por

alqueire, sem deixar de atender o que foi

detectado em análise de solo. “Houve um

gasto menor em adubo para investir em

outros itens fundamentais. Nada é feito

de forma aleatória e estamos refinando

cada vez mais o manejo”, observa.

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

37


Recco: produção

tem mantido

estabilidade nos

últimos anos,

com tendência a

crescer

Solo bem nutrido é a

base da produtividade

Planejar a atividade é indispensável para o sucesso do

agricultor e, nesse quesito, o cooperado Paulo Henrique

Recco, 41 anos, de Apucarana (PR), sempre deu prioridade

ao investimento no manejo do solo.

Há pelo menos 20 anos, trabalhando com mentalidade

empresarial, Recco não descuida da construção da fertilidade,

fazendo a correção e a reposição de nutrientes conforme

indicação da análise. “Para ter uma lavoura de alta produtividade

é preciso saber tudo o que vai ser feito com pelo

menos seis meses de antecedência”, afirma o produtor, que é

assistido pelo engenheiro agrônomo Danilo Lomba.

ALTA MÉDIA

Nos 140 alqueires (338,8 hectares) do Sítio Santa Terezinha,

que fica no distrito de Correia de Freitas, os resultados dessa

preocupação com o solo podem ser observados pela boa qualidade

da lavoura, cultivada sobre a palha do trigo. O produtor

sabe que uma palha bem formada retém umidade e, entre outros

benefícios, assegura um ambiente favorável ao desenvolvimento

da cultura. A quase totalidade da lavoura (95%) foi

semeada entre os dias 5 e 20 de outubro, período que, segundo

Recco, tem assegurado historicamente a melhor produção.

ESTABILIDADE

Ele colheu nessa área uma média de 180 sacas por alqueire

(74,3/hectare). De acordo com o produtor, com um solo

bem nutrido e estruturado, as médias praticamente se mantêm

mesmo em anos considerados difíceis, de estiagem, como

se viu na temporada anterior (2018/19), quando ele obteve

168 sacas por alqueire (69,4 sacas/hectare). Isto se aplica

também às culturas de inverno: mesmo após 60 dias de clima

irregular, com pouca chuva, ele conseguiu boas médias de trigo

e milho (respectivamente 130 e 240 sacas por alqueire).

Outro cuidado em relação à soja, de acordo com ele, é estar

atento ao controle fitossanitário, o que inclui a prevenção do ataque

de fungos, uma vez que o clima, em razão da umidade, tem

facilitado a disseminação da doença. “Aumenta o custo, mas isto

acaba sendo compensado pelo diferencial na colheita”, completa.

38 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


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ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

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INTEGRAÇÃO

Para pecuarista, “a soja nunca

vai dar prejuízo” em

projetos integrados

Sistemas ganham impulso na região noroeste paranaense, ampliando a renda dos produtores

Animais são abatidos ainda muito jovens e a

carne segue para uma cooperativa especializada

em carnes nobres de Londrina

40 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


Com propriedades nos municípios de Cruzeiro do Sul,

Paranacity e Inajá, no noroeste paranaense, Aparecido

Pechoto é um produtor empolgado e promissor.

No total dos seus 360 alqueires (871 hectares), 86%

são cultivados com cana-de-açúcar, mas o entusiasmo desse

dentista aposentado de Maringá com a atividade rural

não se deve aos canaviais e, sim, aos 50 alqueires (121

hectares) que destina à agropecuária na Fazenda Santo Antônio,

em Cruzeiro do Sul. São dois os motivos.

O primeiro é que seu investimento na qualidade do rebanho

a partir do cruzamento industrial de gado nelore e

angus está dando certo: de 20 em 20 dias, Pechoto embarca

23 novilhas superprecoces de 20 meses, em média,

para uma cooperativa especializada em carnes nobres de

Londrina, cada uma delas pesando 15,5 arrobas e com pelo

menos 53% de aproveitamento de carcaça. A carne é tão

diferenciada que o produtor recebe um adicional de 10 a

12% sobre o preço normal da arroba.

GADO ENGORDA NO INVERNO

O segundo motivo é que, orientado pela Cocamar, ele começou

em 2018 a fazer integração lavoura-pecuária (ILP)

em 15 dos 35 alqueires de pastos, promovendo a reforma

dos mesmos com soja. Se por um lado, por causa da seca,

a produção de soja no primeiro ano não vingou, de outro

os benefícios dessa reforma para a pecuária foram além do

esperado: no último inverno havia pastagem de sobra na

área de ILP. Com isso, durante 100 dias na época mais crítica

da estação, foram alojadas nada menos que 8 cabeças

em média por alqueire, que ainda engordaram 630 gramas

por animal/dia. Esses números ficaram acima dos obtidos

no restante da fazenda, onde o rebanho apenas manteve o

peso, mas são muito superiores quando comparados aos da

região: por falta de pasto nos meses frios, o gado perde peso

e a lotação não vai além de 2 cabeças por alqueire.

Quando o gerente da unidade da Cocamar em Paranacity,

Lucas Marchi, e o engenheiro agrônomo Jorge Vechi, apresentaram

ao produtor a oportunidade de investir na integração,

ele conta que gostou da ideia, embora tenha ficado

preocupado: “Como é que eu iria lidar com soja se nunca

tinha visto uma planta dessas de perto?”, justifica. Ele diz

que só ficou mais tranquilo ao saber que o agrônomo da cooperativa

prestaria todas as orientações ao seu funcionário.

E, como já tinha maquinários, por que não tentar?

Vechi diz que solos arenosos com baixo teor de argila representam

um desafio à produção de soja, mas o produtor

que segue rigorosamente todas as orientações técnicas e

aplica as tecnologias recomendadas, como é o caso de Pechoto,

consegue bons resultados.

Conforme observou o gerente Lucas, a oleaginosa, por reformar

o pasto, recupera a fertilidade do solo e contribui para

diluir os custos da pecuária. Segundo ele, a integração é o caminho

para que as propriedades do noroeste que se dedicam

à criação de gado possam se manter e dar lucro. “Com pastos

degradados e baixa produtividade é difícil sobreviver, pois os

custos não param de subir e a conta não fecha.”

Em seu trabalho de recria e engorda, Pechoto conta com

a assessoria técnica do gestor de agronegócio Tiago Fadeli

e, na visão dele, se a pecuária não incorporar a agricultura,

tende a desaparecer. O pasto de capim braquiária é semeado

após a colheita da soja, vai resistir ao frio e será dessecado

às vésperas da semeadura da nova safra de soja, na

primavera, para o plantio direto.

Flamma

Dentista aposentado, Pechoto produz novilhos superprecoces e se diz

“encantado” com a soja

Por isso é que ele diz não ter se abalado quando a severa

estiagem inviabilizou a sua primeira colheita de soja, na

temporada 2018/19. A lavoura estava no seguro e o investimento

não se perdeu, até porque seu principal negócio é

a pecuária, que foi beneficiada. “Mesmo que não produza,

a soja nunca vai dar prejuízo para o pecuarista”, afirma Pechoto.

“Mas se produzir, a lavoura ainda vai render uma boa

receita”, acrescenta.

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

41


Leonardi e o filho Eduardo, em Cruzeiro do Sul:

eles começaram com 11 alqueires, há três anos, e

já ampliaram para 26 a área em que o sistema de

ILP é conduzido

Flamma

Aumentando a área integrada

Outros produtores bastante animados com a integração

lavoura-pecuária (ILP) na região de Paranacity são o

aposentado João Ângelo Leonardi e seu filho Eduardo,

engenheiro agrônomo. A propriedade deles, de 120 alqueires

(290 hectares), também fica na vizinha Cruzeiro do Sul,

onde há 26 alqueires de área integrada com pecuária, mais

que o dobro em comparação há três anos, quando o sistema

foi iniciado com 11.

Nas duas primeiras safras de soja, os Leonardi colheram 100

sacas de média no ciclo 2017/18 e 140 sacas na temporada

seguinte (2018/19), o que chama a atenção pelo fato de a

região ter passado por sérios problemas climáticos. Agora, a

expectativa deles, a considerar pelo bom estado de lavoura, é

de pelo menos repetir a média obtida no último ano.

Na pecuária, atividade na qual se especializaram em cria, fazendo

cruzamento industrial de animais nelore de angus, são

350 cabeças, com a comercialização, por ano, de cerca de 200

bezerros de oito a dez meses de idade.

VALEU A PENA

“Diante da maior disponibilidade de pastos, nosso objetivo é

aumentar o número de cabeças”, afirma João Leonardi, Segundo

ele, além do melhor resultado financeiro, a ILP diversifica os

negócios, traz mais segurança e valoriza a propriedade. “Com

pastos de qualidade e comida à vontade, não tivemos problemas

no inverno, época que antigamente era motivo de grande

preocupação em razão, justamente da falta de pastagem”,

comenta.

42 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


Com ILP, quebra de

paradigmas em

Douradina

Segundo Martins e Pereira, não existe mais espaço para

a pecuária tradicional: eles já trabalham há três anos

com integração

Pastos arrasados pelo inverno e a persistente estiagem. Na

região de Douradina e em todo o noroeste do Paraná, de solos

arenosos, a pecuária sofre com as condições climáticas

adversas, trazendo muitos prejuízos aos produtores.

Entretanto, lá mesmo em Douradina – que fica a 58km de

Umuarama -, a propriedade conduzida pelo médico-veterinário Nicholas

Martins, 35 anos, e o engenheiro agrônomo Diego Pereira,

26, até parece um oásis.

No inverno, enquanto os pastos degradados do entorno já estavam

secos e, de tão ralos, se podia ver a terra, restringindo a

alimentação dos rebanhos, Nicholas e Diego conseguiam engordar

seus animais e estavam empolgados com os resultados.

AMPLIANDO

É uma quebra de paradigmas em relação à realidade de grande parte

dos pecuaristas tradicionais. Os dois sócios implantaram há três

anos a integração lavoura-pecuária (ILP). Começaram com dez

alqueires (24,2 hectares), aumentaram a área para 37 (89,5 hectares)

e planejam incorporar ao sistema mais 40 alqueires (96,8

hectares) no ciclo 2020/21.

MASSA VERDE

Eles cultivam soja no verão, seguida do plantio de capim braquiária

após a colheita da oleaginosa. A braquiária, espécie de fácil adaptação

ao clima e solo regionais, é que garante pasto em quantidade

e qualidade para o gado por pelo menos 100 dias – justamente

na época mais crítica do inverno. Nicholas registrou em fotos: era

tanta massa verde que chegou a encobrir as laterais de sua caminhonete.

Com comida à vontade, eles alojaram em maio a média de 10,5

cabeças de gado por alqueire (4,3/hectare), o dobro da quantidade

quando ainda não haviam aderido à integração. Para se ter ideia,

a média nos depauperados pastos do noroeste do Paraná tem sido

de apenas um animal por hectare, segundo dados da Secretaria da

Agricultura e do Abastecimento (Seab). O rebanho entrou pesando

10,5 arrobas cada cabeça e foi terminado com 14,5 arrobas, o que

dá um ganho de peso de 600g/dia, em média, por cabeça. Além da

braquiária, Nicholas conta que foi fornecida aos animais uma suplementação

de ração. “De qualquer forma, sobrou pasto e pretendemos

colocar mais animais na mesma área em 2020”, afirmou.

SOJA

Nicholas e Diego não adubam os pastos, que vicejam sobre os

nutrientes deixados pela soja, no verão. Aliás, a soja entrou não

apenas para fazer a reforma dos pastos, mas para ser uma nova

fonte de renda na propriedade. No primeiro ano, a média de produtividade

foi de 120 sacas por alqueire (49,5/hectare) e, na safra

2018/19, marcada por forte estiagem, a colheita fechou em 88

sacas por alqueire (36,3/hectare), o que ainda possibilitou cobrir

os custos diretos. Os sócios se estruturaram com maquinários para

realizar todas as operações, exceto a colheita, contratada junto a

prestadores de serviços. “A soja complementa a renda da pecuária,

que é o nosso carro-chefe”, disse Diego.

Flamma

PALHA

Os pastos de braquiária foram dessecados quimicamente em setembro,

o que constituiu outra quebra de paradigma para os pecuaristas

da região que, na época, faziam das tripas coração para

alimentar o gado. A dessecação é parte dos preparativos para o

plantio direto da soja, efetuado na palhada, que é indispensável.

Em um ponto escolhido aleatoriamente, o produtor retirou a palha

para examinar as condições do solo e demonstrou que mesmo

com o forte calor no momento e sob uma temperatura ambiente

superior a 30ºC, o solo estava fresco e apresentava umidade. Diferente

do que se podia observar em solo desprotegido, que estava

seco e muito quente.

Antes de implantar a integração lavoura-pecuária (ILP), Nicholas

Martins e Diego Pereira participaram de dias de campo e, a

convite da Cocamar, visitaram propriedades no Paraná e no oeste

paulista, onde esse sistema é praticado, ficando convencidos de

que seria um bom negócio. Três anos depois da implantação, veem

que está valendo a pena, prosperam e, como já dito, seus planos

são de ampliar.

Segundo Nicholas, não existe mais espaço para a pecuária tradicional,

dada a baixa produtividade e os custos altos, “a conta não

fecha”. No entanto, observa uma situação de inércia dos pecuaristas

mais tradicionais, relutantes em adotar práticas modernas e

comprovadamente viáveis, que poderiam ajudá-los a se tornarem

mais eficientes, produtivos e rentáveis.

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

43


Integração é

o caminho em

Nova Londrina

No município de Nova Londrina, a 140km de Maringá,

o cooperado Antonio Carmo Pacífico é um

exemplo do que a Cocamar, interessada no desenvolvimento

regional, pretende para aquela região de solos

arenosos, onde a pecuária extensiva e as culturas de cana de

mandioca são dominantes na paisagem.

RESISTIU

Pacífico, de 61 anos, extrai sua renda de uma atividade que

vem chamando a atenção por ali: o sistema de integração em

que o cultivo da soja reforma os pastos. Ele possui 150 alqueires

(363 hectares) no total de três propriedades e conta

que por gostar da pecuária – e ver futuro nela – é que resistiu

firme ao assédio da usina e dos mandioqueiros, interessados

em arrendar suas terras.

“Eu vi na integração uma alternativa promissora, a salvação

da terra arenosa”, diz o produtor, que por muito tempo

dedicou-se apenas à pecuária. Segundo ele, ao perceber o

declínio natural dos pastos, em razão do esgotamento do

solo, partiu em busca de uma solução.

VALEU A PENA

Há alguns anos, ele deu início à integração e, no seu entender,

os resultados têm sido animadores. Graças à revitalização

dos pastos, onde o capim braquiária se desenvolve bem

após um ciclo de dois anos de solo cultivado com soja, ele

já conseguiu aumentar a ocupação que era de 3 a 4 cabeças

por alqueire para a média de 7.

“Hoje eu tenho mais gado em menos área”, comenta o

produtor, satisfeito, explicando que no inverno, por causa da

braquiária, ele possui pasto de qualidade que possibilita ao

rebanho ganhar peso ao longo de pelo menos quatro meses,

enquanto na região, nesse mesmo período, o comum é as

pastagens minguarem e o gado passar fome. “Eu tenho pasto

à vontade numa época que poucos têm”, observa.

MAIS BARATO

Pacífico afirma ainda que devido à boa pastagem usa menos

suplementação, o que acaba ficando mais barato, lembrando

que, pelo mesmo motivo, consegue terminar mais cedo o

ciclo dos animais.

O produtor foi um dos primeiros a investir na integração e,

por isso, está despertando a curiosidade da vizinhança.

Quanto a soja, além de recuperar o solo, a cultura diversifica

as fontes de renda, oferecendo mais segurança ao produtor.

Na safra 2017/18, a média foi de 138 sacas por alqueire

(57/hectare), assegurando boa rentabilidade. A falta

de chuvas comprometeu a lavoura na temporada seguinte

(2018/19), quando o produtor colheu 63 sacas por alqueire

(26/hectare), o que ainda deu para pagar as contas. Neste

ano, a lavoura se desenvolve dentro da normalidade, avalia

Flamma

o engenheiro agrônomo da cooperativa.

Para diluir os riscos, o produtor costuma travar os custos

de produção, comercializando uma parte da safra futura, e

faz seguro de toda a lavoura, Dos maquinários que necessita

para lidar com a oleaginosa, ele só não possui a colheitadeira

e contrata o serviço junto a terceiros.

44 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

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“Eu tenho mais gado em menos área e pasto à vontade numa época em que poucos têm”

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

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45


Agropecuária de primeira

em solo arenoso

Foi o tempo em que se achava que as terras arenosas

de Presidente Castelo Branco, a 40km de Maringá, não

serviam para as culturas mecanizadas de grãos. Mas a

tecnologia, aliada às boas práticas, está aí para mostrar que

o arenito pode, sim, abrigar projetos agrícolas e pecuários altamente

produtivos – e, se forem integrados, melhor ainda.

É o que se vê na Fazenda Santa Isabel, bem na divisa de

Presidente Castelo Branco com São Jorge do Ivaí, onde o solo

apresenta baixo teor de argila.

Em 100 alqueires (242 hectares), dos quais 12 de pastagens

fixas e 80 destinados ao plantio de grãos, a propriedade

pertencente à família Garcia demonstra que não há impeditivos

para um salto de produtividade na agropecuária.

Quando adquiriram as terras há 23 anos, João Garcia e o

filho André Carlos Garcia Vilhegas, habituados a cultivar a

terra roxa, semearam soja em cima de pastos dessecados no

sistema de plantio direto, depois de corrigir o solo. No entanto,

com o passar do tempo, a produtividade não se sustentou.

“Foi um aprendizado”, diz André, que é engenheiro agrônomo

e, atualmente, vice-presidente da cooperativa Unicampo.

PIQUETES

Foi então que, com planejamento, eles começaram a instalar

as bases de uma moderna programação que contempla agricultura

e pecuária focada na engorda. O primeiro passo foi a

implantação de 16 piquetes com área média de 7 mil m2 cada,

mantidos com capim ponta-roxa, para abrigar os animais, em

sistema de rodízio, entre os meses de setembro e maio.

Como o inverno continuava sendo limitante para a pecuária,

pois nessa época os pastos tradicionais perdem volume, os Garcia

incrementaram o projeto com a integração lavoura-pecuária.

Dessa forma, a partir do cultivo de capim braquiária no outono

(logo após a colheita da soja), eles passaram a ter pasto em

quantidade e de qualidade entre maio e agosto, a época mais

crítica do frio. Dessa maneira, a pecuária não apenas mantém

seu potencial ao longo dos doze meses do ano, como os animais

ganham peso em pleno inverno, o que não acontecia antes. Segundo

André, o rebanho entra pesando nove arrobas em média,

no mês de maio, e sai com doze em setembro.

MUITO ALÉM

Considerando que a média nos solos arenosos e de pastos degradados

do noroeste paranaense é de apenas 1 cabeça animal

por hectare, a Fazenda Santa Isabel, na soma do sistema de

piqueteamento dos pastos no verão, e a integração no inverno,

aloja a elevada média de dez a doze cabeças por hectare.

SOJA

A produção de soja, nos últimos anos, tem ficado ao redor

de 140 sacas por alqueire (57,8 sacas/hectare): a cultura

remunera os proprietários, acelera o fluxo de caixa e revitaliza

o solo para a entrada da pastagem.

“Temos muitos planos para incrementar ainda mais a propriedade”,

afirma André, citando que já foi obtida outorga de

Flamma

água e o objetivo, para o futuro, é instalar um equipamento

de irrigação com pivô central. Satisfeito com a realidade da

Fazenda, o produtor João Garcia completa: “Ninguém precisa

ter medo do arenito”.

46 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

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Em 100 alqueires (242 hectares),

dos quais 12 de pastagens fixas e

80 destinados ao plantio de grãos,

a propriedade demonstra que não

há impeditivos para um salto de

produtividade na agropecuária

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47


Enraizamento

da braquiária

aprofundouse

mais de

3,5 metros,

conforme

trincheira

escavada na

propriedade

Flamma

Braquiária,

um show

Garcia decidiu fazer duas trincheiras com profundidade de 3,5 metros para

demonstrar o quanto o capim braquiária, caracterizado pelo seu enraizamento

agressivo, é importante para o solo. Na primeira, as raízes da braquiária

(semeada em março e dessecada em agosto) foram vistas ao longo

dos 3,5m das paredes da trincheira. “Se tivéssemos escavado mais, possivelmente

nós as encontraríamos ainda mais fundo”, afirma o engenheiro

agrônomo Mariucelio Santos Lima, gestor de Astec da Unicampo, que participou

do trabalho.

O engenheiro agrônomo Alex Zaniboni, da unidade da Cocamar em Paranavaí,

explicou que as raízes da braquiária, entre outros benefícios, agregam

o solo, rompem a camada de compactação, abrem canais que facilitam a

infiltração de água e ciclam nutrientes das camadas mais profundas. E, na

superfície, a palhada da braquiária protege o solo, mantendo-o úmido por

vários dias após a chuva e inibindo o surgimento de ervas de difícil controle,

como a buva.

Em outra trincheira, aberta onde havia sido feito o cultivo de aveia, as raízes

dessa forragem não passaram de 20cm de profundidade. Em resumo:

é ótima como palhada, mas não exibe um desempenho comparável à da

braquiária, no subsolo.

48 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

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49


Entrada da fazenda Candiolinda

Fazenda de cana em

Porecatu inova com

integração pecuária-floresta

Aprodução de cana-de-açúcar é, por tradição, a base da

Fazenda Candiolinda, em Porecatu, norte do Paraná.

De seus 911 hectares, quase a metade é ocupada por

essa cultura.

Desbravada na década de 1940, a propriedade conserva

inúmeras construções dos tempos do café, quando chegou a

empregar mais de 80 famílias de trabalhadores. A capela, onde

ainda é celebrada mensalmente a missa, se eleva entre o bem

conservado casario de paredes amarelas.

Pertencente a quatro mulheres – Maria Virgínia e suas filhas

Ana Thereza, Ana Beatriz e Ana Cândida – a Candiolinda não

apenas é parte da história da região como se propõe a escrever

50 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


As irmãs Ana Thereza e Ana Beatriz comandam a propriedade que possui 47 integrados

a assessoria técnica do engenheiro agrônomo Henrique Lopes

Moimo, da empresa Unisafe de Londrina.

uma nova história.

Com visão empreendedora, as proprietárias têm investido

em um programa de diversificação de negócios. Há seis anos,

elas inovaram ao implantar a integração pecuária-floresta

(IPF) com o cultivo de eucaliptos em 47 hectares de pastagens.

No total, a pecuária soma 100 hectares e o foco é a produção

de bezerros a partir do cruzamento industrial de nelore

com angus.

A cana também impera em outra propriedade da família, a

Fazenda Retiro, de 540 hectares, onde a soja começou há cinco

anos a fazer parte da receita, cultivada nesta safra em 133

hectares de plantio direto sobre palhada de capim braquiária.

A gestão, no dia a dia, está à cargo de Ana Thereza, engenheira

agrônoma, e Ana Beatriz, médica-veterinária. Coube à

outra irmã, Ana Cândida – que trabalha em indústria química

– a tarefa de modernizar a estrutura administrativa e financeira,

implantando controles mais modernos. A família conta com

Flamma

AFINIDADE

“Sempre gostamos da agropecuária, é o nosso mundo desde

crianças”, afirma Ana Thereza. Elas assumiram efetivamente a

fazenda em 2012, mas há pelo menos duas décadas as irmãs,

com o acompanhamento da mãe, começaram a se envolver

na gestão. Atualmente, enquanto Ana Thereza responde pela

parte agrícola, Ana Beatriz, que por anos trabalhou como instrutora

do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) é

quem cuida da pecuária.

Uma das atribuições do engenheiro agrônomo contratado

é elaborar um planejamento que vai sendo seguido e avaliado

pelas proprietárias. “Estamos sempre pensando onde melhorar,

como racionalizar custos e a projetar novos negócios”, afirma

Ana Thereza. Líder de classe, ela está à frente do Sindicato

Rural Patronal de Porecatu e, em nível estadual, é vice-presidente

do Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar

e Etanol do Estado do Paraná (Consecana).

DIFERENCIAL

A integração pecuária-floresta (IPF) é um diferencial e também

um cartão de visitas da Fazenda Candiolinda na região.

Segundo Ana Thereza, o sistema silvipastoril tem ajudado a

aplacar os efeitos dos veranicos, com o seu sombreamento,

mantendo o solo mais fresco e úmido, além de as árvores

conterem os ventos fortes, que também secam o solo. “Nós

tratamos pastagem como agricultura”, pontua Ana Beatriz, explicando

que os pastos são as áreas mais férteis da fazenda.

Os 47 hectares de integração, com muitas árvores, trazem

conforto térmico para os animais e acabam refrescando o ambiente

na sede da fazenda, ao lado.

Os bezerros são desmamados aos oito meses com os machos

pesando de 240 a 230 quilos e as fêmeas entre 230 a

220 quilos, fornecidos a um comprador habitual.

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51


GASES EFEITO ESTUFA (GEE)

ILPF neutraliza emissões

nas fazendas

Resultado obtido em experimento demonstra o

elevado potencial de compensação de carbono

dessa tecnologia

Flamma

Osistema de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF)

implantado em apenas 15% da área de produção, é suficiente

para compensar todas as emissões de gases de

efeito estufa (GEEs) gerados pelos animais e pela pastagem, deixando

um saldo positivo de carbono na fazenda. Esse resultado foi

registrado em pesquisas conduzidas pela Embrapa Cerrados (DF),

e comprovou que a produção de animais, árvores e lavouras/pastagem

em um mesmo local tem elevado potencial de gerar saldos

positivos de carbono.

O estudo procurou averiguar a capacidade de o sistema ILPF

compensar os GEE emitidos pela atividade agropecuária, principalmente

pela pecuária. O estudo utilizou duas áreas experimentais,

com medições de balanço de carbono. Publicados em circular técnica,

os resultados mostram que o componente arbóreo é fundamental

para aumentar o estoque de carbono na propriedade.

Em um sistema de ILPF com uma população de 417 árvores de

eucalipto por hectare distribuídas na forma de renques (linhas) em

apenas 15% da área da propriedade, tem potencial para neutralizar

as emissões de metano (CH4), produzido por fermentação entérica

dos bovinos, e de óxido nitroso (N2O), proveniente do solo e

das excretas (urina e fezes) dos animais.

“Para que haja a compensação das emissões de gases de

efeito estufa, uma propriedade com mil hectares de pastagem,

por exemplo, deve destinar 150 ha ao sistema ILPF com 417

árvores/ha com taxa de lotação de 1,7 cabeça/ha”, detalha o

pesquisador da Embrapa Kleberson de Souza. Caso o sistema

seja de integração lavoura-pecuária (sem as árvores), o produtor

teria de destinar 850 hectares da mesma propriedade para

conseguir a neutralização das emissões, considerando uma taxa

de lotação de três cabeças por hectare.

O especialista observou também que a quantidade de árvores

pode ser menor, desde que o sistema ILPF seja adotado em área

total de produção. Nesse caso, é possível manter aproximadamente

70 árvores por hectare, com taxa de lotação de 1,7 cabeça/ha,

isto é, 0,7 unidade animal (UA). A taxa de lotação diz respeito ao

número de unidades animais (UA) que podem ser colocadas por

hectare e cada UA corresponde a 450 kg de peso vivo.

O sistema de integração lavoura-pecuáriafloresta

(ILPF) implantado em apenas

15% da área de produção, é suficiente

para compensar todas as emissões de

gases de efeito estufa (GEEs) gerados

pelos animais e pela pastagem, deixando

“um saldo positivo de carbono na fazenda

52 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

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Para que se tenha um saldo

positivo de carbono é preciso

que o componente florestal

seja inserido no sistema de

produção agrícola, pois as

árvores têm capacidade de

armazená-lo.

A importância das

árvores no balanço

Os estudos comprovaram que para que se tenha um saldo positivo significativo

de carbono é preciso que o componente florestal seja inserido

no sistema de produção agrícola. Isso porque as árvores têm grande

capacidade de armazenar carbono. “São menos comuns os casos em

que os estoques de C no solo sob os sistemas agrícolas superam os

estoques da vegetação nativa adjacente. Ou seja, é difícil obter saldo

positivo de carbono caso o componente florestal não seja inserido no

sistema de produção agrícola”, afirma o pesquisador Kleberson de Souza.

No experimento de ILPF da Embrapa Cerrados, uma única árvore

do híbrido de Eucalyptus urograndis, com sete anos de idade, foi capaz

de acumular, em média, 30,2 kg de C/ano (considerando 45% de C

da massa seca de biomassa aérea da planta). Isso equivale ao sequestro

de 110,5 kg de CO2/ano da atmosfera por cada árvore inserida no

sistema. No sistema ILP, esse tipo de sequestro de carbono ocorre, em

grande parte, devido ao sistema de raízes da pastagem e da palhada

depositada sobre o solo, e tende a se estabilizar com o tempo.

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

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54 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

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56 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

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FAMÍLIAS

Os filhos voltaram

para o sítio, mais

promissor que na cidade

Eles fortalecem o trabalho familiar no sítio em Guaravera, distrito de Londrina, e ampliam a plantação de soja

Flamma

O casal Pedro e

Ruth, em um de seus

barracões de frango.

Segundo ela, “Ter

os filhos por perto,

trabalhando conosco,

é a nossa maior

felicidade”

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

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57


O foco do produtor Márcio Perez é

expandir a produção de soja

58 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

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Flamma

Parte da família: propriedade diversificada, onde cada qual tem sua função

Em muitas regiões do norte do Paraná, quase não se vê

mais gente morando no campo. A praticidade oferecida

pelo meio urbano e a busca por garantir mais renda

fizeram com que famílias de pequenos agricultores deixassem

o sítio.

Mas há exceções. No distrito de Guaravera, em Londrina, o

que se observa no Sítio Olho D’Água, da família Perez, é um

êxodo rural ao contrário. Os filhos Márcio e Marcelo, que tinham

saído para trabalhar na cidade, a exemplo da filha Jeniffer,

retornaram há alguns anos para morar na propriedade com

os pais Pedro e Ruth. Juntos, eles dizem que se sentem felizes,

realizados e ninguém pensa em sair dali.

Pedro e Ruth já não conseguiam manter toda a família no sítio

de 30 alqueires (72,6 hectares) comprado em 2003, onde

eles plantam soja e milho, produzem frangos de corte e mantêm

horta orgânica e pomares. O retorno financeiro não era

suficiente para todo mundo. No entanto, os filhos que tinham

partido em busca de trabalho na cidade e formado suas famílias

por lá, entenderam que poderiam viver de uma maneira muito

melhor se voltassem para as terras da família onde, unidos,

teriam mais chances de progredir, viver e criar os filhos com

qualidade de vida.

EMPREENDEDORES

Eles trilharam o caminho certo. Apoiados pelos pais, os irmãos

Márcio e Marcelo voltaram em 2014 e como a família já possuía

maquinários, em apenas cinco anos eles mais que triplicaram

a área de soja, para 100 alqueires, arrendando terras de

vizinhos. Caprichosos e orientados pelo engenheiro agrônomo

Vinícius Arantes, eles contam que investem nas melhores tecnologias

e garantem que nunca tiveram prejuízo, mesmo diante

das oscilações climáticas e dos altos custos do arrendamento.

A expectativa de Márcio é de uma safra acima de 160 sacas

de média por alqueire. “Planejando e fazendo o investimento

certo, a gente consegue bons resultados”, diz o produtor, que

pretende continuar ampliando o cultivo de grãos.

QUALIDADE DE VIDA

As esposas Tais e Joselaine tinham bons empregos na cidade,

mas garantem que não trocariam a vida que levam hoje, a

exemplo de Jeniffer, casada com Alex. “A agricultura familiar é

muito benéfica para seus integrantes”, afirma Jeniffer, lembrando

que na cidade as pessoas quase não se relacionam: “lá, a

gente nem conhecia os nossos vizinhos”.

Cada qual tem a sua função no sítio e a melhoria da qualidade

de vida pode ser observada não apenas pelas boas casas que

construíram, mas também pela tranquilidade, a vida mais saudável

que passaram a ter, a satisfação de produzirem de tudo

um pouco e o fato de compartilharem juntos cada momento.

“Se a família se separar, tudo se acaba”, diz Pedro, ao lado da

esposa Ruth, que afirma: “Ter os filhos por perto, trabalhando

conosco, é a nossa maior felicidade”.

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

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59


DIVERSIFICAÇÃO

Grãos e abacate, uma

dobradinha lucrativa

Abacate, laranja, café e outras frutas entram no programa de diversificação de propriedades

paranaenses, para diluir os custos com a soja

Flamma

Wilson diz que a cotação do quilo do abacate oscila bastante, mas pomar não deixar de ser rentável por causa do baixo custo

Imagine uma lavoura de soja com centenas de abacateiros

plantados nas curvas de nível. É assim a propriedade da família

Castro, em Assaí, a 40km de Londrina. São cerca de 700

pés em diferentes idades, desde os mais antigos até os que foram

plantados recentemente.

Pioneiro no cultivo comercial da fruta no município há cerca

de 25 anos, o produtor Wilson Fernandes de Castro, 53, colhe

agora – literalmente – os frutos de sua decisão acertada. Na propriedade

de 40 alqueires (96,8 hectares), os 700 pés respondem

por 40% do faturamento e os 60% restantes ficam por

conta da soja.

VALORIZAÇÃO

Com mercado garantido, o abacate é uma das frutas que mais

se valorizaram nos últimos anos, por ser versátil na gastronomia,

saudável e saborosa. Diante do rendimento alcançado por Wilson,

vários outros produtores da região se animaram a apostar na

cultura. Mas não é tão simples.

“Para o pequeno produtor é um excelente negócio”, afirma

Wilson, assinalando que há vários pontos a serem observados

60 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


para que o investimento dê certo. Ele começou plantando 300

abacateiros e, motivado pelo retorno, foi ampliando o pomar e

sua meta é chegar a mil pés nos próximos anos.

LUCRO

Os números demonstram o quanto um pomar de abacates é lucrativo.

Cabem 100 árvores em um hectare, no espaçamento 10

x 10m; a produção inicia no quinto ano e atinge a fase plena no

oitavo, quando se colhe em média 15 caixas (400 quilos) por

pé, cotados atualmente a R$ 1,20 o quilo. Corroboram para a

rentabilidade o baixo custo de produção – que exige apenas uma

adubação normal a cada ano - e o controle rotineiro de antracnose

e da broca da fruta, os problemas mais comuns.

Segundo Wilson, por falta de orientação técnica especializada,

ele teve que aprender com as próprias experiências, no dia a dia.

PLANTIO

Uma recomendação sua é que, apesar de ser uma árvore rústica,

o abacateiro requer alguns cuidados, a começar pelo plantio,

em que as mudas precisam ser protegidas do ataque de formigas

cortadeiras e lebres. Além disso, são vulneráveis ao sol forte e

50% acabam perecendo depois de plantadas.

ENXERTIA

Para tentar evitar a perda dos materiais com a insolação, Wilson

produz as próprias mudas e faz também a enxertia, recorrendo

a mudas de abacateiros rústicos para servirem de porta-enxerto,

plantadas com antecedência para que se adaptem ao ambiente.

A enxertia é feita com quatro variedades: geada, de ciclo precoce

(produz de dezembro a fevereiro), quintal, a preferida do mercado

(com colheita de fevereiro a maio), breda (colhida no final de

maio) e margarida, a mais tardia (cujos frutos amadurecem de junho

a agosto). Outra recomendação: ao planejar o pomar, o ideal

é que ele fique próximo à casa do morador, para inibir furtos.

HERBICIDA E SOLO

De acordo com Wilson, mesmo as árvores maiores apresentam

sensibilidade ao herbicida 3.4D e o pomar pode ser contaminado

se um vizinho aplicar o produto costumeiramente. Outras limitações

para o abacateiro, segundo o produtor, está no tipo de solo,

que precisa ser profundo e de qualidade, sem pedras nas camadas

inferiores, para o desenvolvimento do sistema radicular. Por

fim, na colheita, evitar que os frutos sofram danos para que não

sejam rejeitados pelos compradores. Wilson lembra ainda que a

cotação do quilo do abacate oscila bastante, mas o pomar não

deixa de ser rentável em razão do seu baixo custo. O abacateiro

resiste bem a secas e geadas e possibilita produção ao longo de

25 anos, quando a árvore entra em declínio e deve ser substituída.

As floradas acontecem nos meses de setembro e outubro.

DESTINO

Quase sempre, metade da produção de Wilson segue para uma rede

de supermercados e a outra metade para o Ceasa, em Curitiba. Nas

gôndolas, um quilo de abacate pode sair a R$ 8,00 para o consumidor.

SOJA

Em relação à soja, a produção média tem ficado ao redor de 140

sacas por alqueire (57,8/hectare). Wilson é um dos três filhos

de seu Vicente Carrilho Castro e dona Zulmira, que se casaram

em 1953 e residem na propriedade. Por muitos anos os Castro

plantaram algodão e, em 1986, seguindo uma tendência regional,

decidiram investir na soja, hoje o carro-chefe da família,

cujos rendimentos têm rivalizado com o abacate.

O abacateiro resiste bem a secas e geadas

e possibilita produção ao longo de pelo

menos 25 anos

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

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O produtor Luiz Genovês explica

que custos da agricultura são altos

e não se pode ficar na dependência

apenas de soja e milho

Soja e laranja, uma

dupla que dá certo

62 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


PIONEIRISMO

Segundo Genovês, a soja, cultura temporária e muito sujeita às

variações do clima, é para arriscar; já a laranja, cultivo perene,

proporciona mais segurança, embora também esteja exposta

aos efeitos climáticos. Ele mantém pomares desde o começo

dos anos 1990, figurando entre os primeiros a investir na atividade.

“Aprendi a gostar da citricultura” diz o produtor, que é

orientado pelo engenheiro agrônomo Carlos Aravechia.

MERCADO SOLIDÁRIO

Todo o suco produzido com as laranjas dele e de outros 300 citricultores

têm destino certo: o mercado solidário internacional.

Desde 1999, Genovês está entre os participantes. Funciona

assim: a cada tonelada adquirida pela organização não governamental

Fairtrade Labelling Organization International (Flo),

sediada na Alemanha, 200 dólares retornam para ser aplicados

na melhoria do processo produtivo.

BENEFÍCIOS

Com esse tipo de apoio, entre outros benefícios, o produtor de

Floraí melhorou o barracão onde são guardados os defensivos

agrícolas, passou a contar com sanitários químicos na propriedade

e os trabalhadores da colheita recebem equipamentos de

proteção invididual (Epi).

EM DESTAQUE

A imagem de Genovês está bem associada ao mercado solidário.

Há alguns anos, fotografias suas foram utilizadas em uma

campanha internacional realizada pela Flo para promover o

chamado “suco justo”.

EM GUARAVERA

Para ter mais segurança em seus negócios, o produtor Antonio

Massao Nakamura, de Guaravera, distrito de Londrina, também

aposta na diversificação.

Como a maioria dos agricultores locais, o carro-chefe são os

grãos: soja no verão e milho no inverno, em 205,7 hectares de

terras próprias e arrendadas. O que diferencia Massao, de 65

anos, é a estratégia adotada para reduzir riscos, manter o equilíbrio

financeiro da propriedade e prosperar. Em 36,3 hectares, o

produtor mantém a cultura que tem garantido um bom retorno

nos últimos anos: pomares de laranja. Com média de 2,8 caixas

por planta – 114,2kg – a laranja possibilita também que Massao

aproveite melhor o seu parque de maquinas, otimizando-o.

Diversificar é assim mesmo. No município de Floraí, a

50km de Maringá, o produtor Luiz Antônio Genovês

costuma semear a soja atento à colheita da laranja.

Genovês é um produtor que adota boas práticas agrícolas e

sempre empenhado na busca por altas médias. Seu histórico

na soja, considerando um ano pelo outro, aponta para níveis

ao redor de 140 sacas por alqueire (57,8 sacas/hectare). Nos

pomares, cerca de 3 caixas de 40,8 quilos por planta.

Flamma

RISCOS

“Os custos da agricultura são altos, é arriscado ficar na dependência

apenas da soja e do milho”, disse o produtor, lembrando

que os cultivos temporários são mais sujeitos a perdas em períodos

de déficit hídrico do que os perenes, caso dos pomares.

Focado em diversificar, Massao procura adotar essa prática

até mesmo na lavoura de verão: uma parte da soja é cultivada

com sementes convencionais (não modificadas geneticamente),

aproveitando assim uma oportunidade oferecida pelo mercado

que paga até R$ 6,00 a mais por saca.

Morando na propriedade em companhia da esposa Elza, com

quem tem dois filhos, o produtor é taxativo: se não diversificar,

o pequeno agricultor corre o risco de ficar inviável diante da alta

dos custos.

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Soja e café

altamente

produtivos

em Cambé

Muito capricho e o uso das melhores tecnologias. É dessa maneira que a

propriedade mantida pelo agricultor Dagoberto Gorni, em Cambé, vem

se destacando na região. São 20 alqueires (48,4 hectares) mantidos

com soja, milho e trigo e 5 (12,1 hectares) de café.

Se as dimensões do sítio são consideradas pequenas, o jeito é crescer verticalmente

e isto Dagoberto, de 57 anos e servidor municipal aposentado, tem sabido

fazer muito bem. Ele conta com a orientação técnica do engenheiro agrônomo

Marcos Zorzenon Alteia E tem um filho, Otávio, também graduado em agronomia,

que trabalha em uma empresa do agro, mas, quando pode, participa do

andamento das atividades.

Na safra de soja 2018/19, castigada por uma seca severa em praticamente

todo o estado, a média de produtividade de soja de Gorni foi de 180 sacas por

alqueire (74,3 sacas/hectare), que regula com a dos anos anteriores. Em alguns

talhões, ele chegou a colher 215 e até 238 sacas por alqueire.

RETER UMIDADE

Gorni disse que não é possível fazer chover, mas há providências que podem ser

tomadas no sentido de reter umidade no solo e, com isso, minimizar os efeitos de

uma estiagem. Ele faz correção mediante análise e, entre outras medidas, investe

em adubação diferenciada que inclui cama de frango. E, pelo segundo ano, realiza

consórcio milho de inverno x braquiária para ter palhada para o plantio direto.

SENTE MENOS

“Em um solo em boas condições, corrigido, saudável e protegido, a lavoura vai

demorar pelo menos uma semana a mais até começar a sentir”, observou, lembrando

ainda que as perdas são, geralmente, mais suaves no comparativo com

uma lavoura onde o solo não recebe o mesmo tratamento.

CAFÉ

Com relação ao café, sua expectativa de produtividade para a safra a ser colhida

em 2020 é de 250 sacas beneficiadas por alqueire ou 100 sacas por hectare. São

50 mil plantas no total. Marcos, o mesmo engenheiro agrônomo da cooperativa

que o assiste na soja, também tem especialização em café. Depois de colher uma

safra nos mesmos volumes no ciclo 2017/18, Gorni promoveu o esqueletamento

dos cafeeiros (um tipo de poda drástica para que as plantas, mediante nutrição

adequada, rebrotem com mais vigor).

REFERÊNCIA

Com isso, o produtor de Cambé se firma como uma referência, também, em diversificação

de culturas. Segundo ele, a receita líquida proporcionada pelo café – que

produz de dois em dois anos - é o dobro quando comparada à soja e, pela fórmula

que adota, os custos acabam diluídos e a propriedade tem maior fluxo de caixa.

Gorni investe para

ter alta produtividade

no café: 100 sacas

beneficiadas por

hectare; faturamento,

mesmo com

produção a cada dois

anos, é o dobro em

comparação à soja

64 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

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Hoshino: produtos

saudáveis e com

clientela certa

Menos milho,

mais frutas

Flamma

Com a experiência de já ter trabalhado em uma companhia

multinacional e uma empresa de pesquisa, o

engenheiro agrônomo Everton Hoshino, de 36 anos,

decidiu em 2011 retornar para a propriedade da família, em

Ibiporã (PR). Desde então, ele se dedica à produção de soja,

milho e outros cultivos, respondendo pela gestão dos negócios,

enquanto o pai Júlio se ocupa da parte operacional.

A comunidade de origem nipônica representa importante

parcela da população de 52 mil habitantes e seus representantes

são numerosos na atividade rural do município.

BOAS MÉDIAS

Os Hoshino apostam na soja: a produtividade tem ficado ao

redor de 150 sacas por alqueire (61,9 sacas/hectare). E mesmo

no ano passado, quando a safra foi prejudicada pela estiagem,

eles não perderam tanto, finalizando com a média de 130

sacas por alqueire (53,7 sacas/hectare). “Fazemos análise de

solo todo ano, correção, investimos em uma adubação com alta

tecnologia e cultivamos variedades de bom desempenho”, comenta

Everton.

Já o cultivo de milho vem sendo desacelerado e ocupa apenas

20% das terras, ficando o restante com aveia preta para cobertura

do solo. “Nos últimos anos o milho não tem valido a pena”, explica

o produtor. A exceção ficou por conta da safra em 2019, que

alcançou cotação remuneradora e registrou a boa produtividade

de 300 sacas em média por alqueire (123,9 sacas/hectare).

MORANGOS

Quem visita o sítio da família se depara com estufas onde eles se

dedicam, também, à produção de morangos, maracujá e outras

espécies de frutas, atendendo a um mercado em que os compradores

não abrem mão de produtos saudáveis e de alta qualidade.

66 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

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Peixe reduz o custo com a

soja em Bela Vista do Paraíso

O produtor Toniquinho

Reis: em uma área

antes inaproveitada da

Fazenda Água Clara, ele

produz tilápias que são

fornecidas para engorda

a compradores de várias

regiões e estão prontas

quando atingem o peso

entre 800g e 1,2kg

Flamma

68 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

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Flamma

Empregado do produtor Toniquinho Reis na frente do tanque de peixes)

Diversificar os negócios sempre é bom, especialmente

para reduzir os custos das culturas principais, de soja

e milho. Há alguns anos o produtor Antonio Aparecido

dos Reis, de Bela Vista do Paraíso (PR), adicionou a piscicultura

à sua atividade. Em 24 mil metros quadrados de uma área antes

inaproveitada da Fazenda Água Clara, na vizinha Florestópolis,

ele produz tilápias que são fornecidas para engorda a compradores

de várias regiões. Estão prontas quando atingem o peso

entre 800g e 1,2kg. “Esse espaço aqui, antigamente, era só

brejo. Hoje é a parte mais valorizada da propriedade” sorri Antônio,

o Toniquinho Reis, como é conhecido o médico-veterinário

de família tradicional no município.

A Fazenda Água Clara está em nome de dona Anna Esteves

dos Reis, viúva de Antonio Manoel dos Reis e mãe de Toniquinho,

que tem duas irmãs: Anna Virgínia dos Reis e Rosa Fátima dos

Reis Matos, cujo marido, Romildo, é parceiro do produtor na lida.

RECEITA BOA

Com o faturamento obtido nos tanques, Toniquinho dilui o investimento

na soja, plantada em 135 alqueires [326,7 hectares].

“Mais ou menos o equivalente a 30 sacas por alqueire”, calcula.

Em resumo: para uma estimativa de custos diretos com a soja

que correspondem a 70 sacas por alqueire, a receita da piscicultura

faz com que o desembolso caia para 40 sacas por alqueire,

em média.

Além do peixe, pomares de laranja cultivados em 8 alqueires,

numa outra propriedade, também ajudam no orçamento. Mas o

produtor não queria ficar dependendo da receita de outros negócios

para aumentar a lucratividade na soja. Nesse caminho, entre

outras iniciativas, há quatro anos ele começou a cultivar capim

braquiária em consórcio com o milho de inverno, orientado pela

cooperativa. Enquanto alguns agricultores do município viam a

braquiária com reservas, sua decisão foi a de ir em frente: “Se está

dando certo em todo lugar, por que não daria certo aqui também?”,

pensou.

Em paralelo, sempre aberto a tecnologias,ele não descuidou

da adubação com fertilizantes especiais, mediante análise de solo,

em um programa de agricultura de precisão no qual faz ajuste fino

com a reposição de vários nutrientes.

SOLO

“O mais importante de tudo é a construção da fertilidade do

solo e, em relação a isso, a braquiária é a ferramenta principal”,

comentou o produtor, que é assistido pelo engenheiro

agrônomo Josimar Mazucato. Ele explica que o capim atua

na reestruturação física do solo, descompactando-o com suas

raízes e mantendo a umidade em todo perfil do solo, o que

beneficia as plantas em condições adversas. Além disso, ajuda

a controlar ervas como a buva e o amargoso, diminuindo

gastos com herbicidas. “Depois da braquiária, o perfil do solo

melhorou muito na profundidade e também na formação de

matéria orgânica.” O pH também melhorou: de abaixo de 4,0,

agora está acima de 5,0.

CRESCENDO

O resultado disso tudo é que se até alguns anos a média de produtividade

de soja patinava em 120 sacas por alqueire (49,5/

hectare), o patamar agora é outro: subiu para 150 sacas por alqueire

(61,9/hectare) e o produtor já está de olho em uma nova

meta: 180 sacas por alqueire de média (74,3/hectare).

REFERÊNCIA

O engenheiro agrônomo Josimar Mazucato conta que tem havido

expansão de braquiária em Bela Vista do Paraíso e municípios

da região, um assunto no qual a família Reis se tornou

referência. “O Toniquinho gosta de usar produtos de primeira

qualidade e está sempre interessado em conhecer novas tecnologias”,

diz Mazucato.

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69


COOPERATIVISMO

Antes desassistida, região

celebra o cooperativismo

Pequenos municípios como Cafeara mostram a importância de produtores contarem com o apoio

de cooperativas de produção e de crédito

Flamma

A família Salviano cultiva o solo arenoso, com bons resultados

Produtores rurais dos municípios de Cafeara, Lupionópolis

e Santo Inácio, localizados num raio de 35km na transição

do norte para o noroeste do Paraná e na divisa com o

estado de São Paulo, se sentem agora mais seguros e confiantes

para investir em seus negócios.

O sistema cooperativista de produção ganhou impulso

e musculatura com a chegada da Cocamar em 2018

a Centenário do Sul, nas imediações. A cooperativa, que

mantinha desde 2016 instalações em Lupionópolis, num

espaço alugado, adquiriu ali uma estrutura mais ampla no

ano passado.

SUSTENTÁVEL

Também para fortalecer o cooperativismo na região, a cooperativa

de crédito Sicredi União PR/SP, parceira da Cocamar,

inaugurou em 2018 em Cafeara uma agência Smart, com funcionamento

eletrônico e sem o uso de dinheiro em espécie. Totalmente

sustentável e inovadora, a unidade foi adaptada em

70 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

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Flamma

A agência Smart do Sicredi em Cafeara caiu no agrado da população

dois contêineres instalados na praça da igreja, oferecendo toda

a linha de serviços financeiros aos moradores.

SEM QUEIXAS

Se até pouco tempo a população dessas cidades se sentia esquecida

e desassistida, agora ela não tem do que se queixar. A

Cocamar entrou para valer na orientação técnica aos produtores,

além de regular o mercado com estrutura para o recebimento das

safras de grãos e fornecimento de insumos.

NOVA REALIDADE

Por sua vez, o Sicredi popularizou rapidamente o uso de cartões

de crédito entre os associados locais e espalhou maquininhas

pelo comércio. Com isso, quem achava que não seria viável trabalhar

sem dinheiro vivo, adaptou-se logo à nova realidade.

PROTAGONISMO

“O cooperativismo assumiu protagonismo na economia da região”,

resume a gerente da Cocamar em Centenário do Sul, engenheira

agrônoma Tatiele Rodrigues.

MODERNIDADE

Do lado do Sicredi, o gerente em Cafeara, Éder Romeiro da Silva,

ressalta que a população do município, atendida em suas demandas

por uma agência Smart, “deu um salto de modernidade”.

Com sua proposta e ineditismo, a agência até já foi apresentada

em reunião da ONU e passou a ser visitada por cooperativistas

do ramo financeiro de várias partes do país, interessados em conhecer

e adotar aquele modelo.

REIVINDICAVAM

Em Cafeara, o produtor Marcos Salviano, que cultiva 90 alqueires

(217,8 hectares) de grãos ao lado do pai João e do irmão

Maurício, conta que ele e outros colegas reivindicavam há tempos

a presença da Cocamar na região. Antigamente eram atendidos

pela Cofercatu, de Porecatu, que entrou em dificuldades

e, por anos, os produtores se sentiram desamparados. Segundo

Marcos, “a Cocamar é atuante na orientação técnica, está sempre

atenta e nós nos sentimos seguros em trabalhar com ela”.

PRODUZ BEM

A segurança foi também a palavra citada por Luiz Rogério Augusto,

de Lupionópolis, ao se referir à Cocamar. Ele cultiva 50 alqueires

(121 hectares) em companhia do filho Ivan. E, a exemplo

dos Salviano, investe no solo e nos cuidados com a lavoura

para garantir boas médias. “O clima nesta região é mais difícil

que em outras, mas o solo é bom e produz bem. Se chover normalmente,

a colheita é garantida”, afirma.

MUITO MELHOR

A respeito da agência do Sicredi em Cafeara, onde é associado,

Marcos Salviano explica que faz ali o custeio, financiamentos e

o seguro da lavoura. “Ficou muito melhor e mais ágil, para nós,

do que trabalhar com outros bancos, que ficam em cidades vizinhas”,

comenta o também associado Luiz Rogério Augusto,

lembrando que relutava em fazer seguro da lavoura por causa

da burocracia imposta pelas instituições. “Com o Sicredi, tudo

ficou mais fácil, nos sentimos em casa e não deixamos de fazer

seguro”, finaliza.

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71


CONSTRUÇÃO CIVIL

Momento propício para

a compra de imóveis

Construtoras retomam lançamentos e apostam em público diversificado: do comprador do

programa Minha Casa, Minha Vida ao imóvel de alto padrão, passando por salas comerciais e imóveis

compactos, há opções para moradia e investimento

72 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

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Dos apartamentos compactos aos de alto padrão,

passando por salas comerciais e imóveis na planta, a

compra de imóveis para moradia ou locação é uma

forma de construir um patrimônio seguro e lucrativo.

Para o presidente do Sindicato da Construção Civil do Paraná

(Sinduscon/PR-Noroeste), Rogério Yabiku, com a taxa

Selic de 4,5%, o imóvel é um excelente investimento. “É

seguro e tem valorização, sem contar que é um bem material”,

destaca.

Entre maio de 2018 e maio de 2019 Maringá registrou

crescimento de 7,5% no volume de operações de compra

e venda de imóveis, segundo estudo da Associação dos Registradores

de Imóveis do Paraná (Aripar). O ano passado

foi de restruturação e retomada do crescimento: as vendas

reduziram os estoques de imóveis prontos e abriram espaço

para lançamentos neste ano.

Os números trazem otimismo às construtoras, que se

preparam para lançar empreendimentos dos mais variados

tamanhos e padrões, para todos os tipos de investidores.

A Nova Um Construção Civil, por exemplo, trabalha com

condomínios a preço de custo. São apartamentos de um ou

dois quartos, com média de 40 parcelas de R$ 4,3 mil. A

construtora sempre mantém três edifícios em construção.

Atualmente, a empresa está construindo edifícios na Zona

3 e na rua Santos Dumont: o Monte Evora, com 39 unidades,

o Monte Viso, também com 39 unidades, e o Dumont

Premium, com 96 apartamentos.

De acordo com o engenheiro civil Luis Renato de Oliveira

Muçouçah, o momento é propício para que os produtores

rurais invistam parte do lucro em imóveis novos. “A terra

rural está valorizada enquanto os imóveis novos estão com

preços defasados. Além disso, essa opção tira parte dos ovos

de um ‘cesto único’ e ajuda na diversificação dos investimentos.

Sem contar que, com a queda nos juros, investimentos

conservadores como aplicações financeiras estão

tendo rentabilidade decrescente”, destaca.

Para o engenheiro, apartamentos compactos de um ou

dois dormitórios, com boa localização, são os mais indicados

para investimento. “Em nossa carteira, temos clientes que

Ivan Amorin

Rogério Yabiku, presidente do Sinduscon/PR-Noroeste: com a taxa

Selic de 4,5%, o imóvel é um excelente investimento: “é seguro e tem

valorização, sem contar que é um bem material”

compraram unidades no passado e com o aluguel, pagam

novas unidades. Em outras palavras, ‘não precisam mais colocar

a mão no bolso’ para ampliar o patrimônio. A gente

trabalha para pessoas que querem ter renda no futuro, como

se fosse uma previdência privada”, acrescenta.

Já a MRV teve três lançamentos recentes em Maringá: o

Residencial Montecarlo, o Residencial Montalbán e o Residencial

Martinelli. Além disso, a construtora tem dois empreendimentos

com obras em andamento: o Residencial

Marsanne e o Spazio Medelín, na região do Jardim América.

Os cinco condomínios são compostos por apartamentos de

Le Monde Centro Empresarial, com 209 salas comerciais; Construtora

Marluc tem planos de lançar outros empreendimentos comerciais

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

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Nova Um Construção Civil, Luis Renato de Oliveira Muçouçah, trabalha com condomínios a preço de custo: “em nossa carteira, temos clientes que compraram

unidades no passado e com o aluguel, pagam novas unidades”

dois dormitórios.

O valor dos apartamentos da MRV em Maringá é a partir

de R$ 150 mil. Os imóveis pertencem às linhas Eco e

Bio. A Linha Eco adota soluções construtivas inteligentes

para oferecer conforto e ótimo custo-benefício, com preços

acessíveis. Já na linha Bio a empresa oferece condomínio-

-clube, com área de lazer completa e equipada, aliada a um

acabamento especial em todas as áreas internas e externas.

Ambas contam com apartamentos de dois dormitórios, com

sala de estar/jantar, cozinha e banheiro. Há também apartamentos

com a opção de sacada gourmet. “Os apartamentos

são ideais para jovens famílias. Com o crescimento da região

noroeste do Paraná, que vem gerando empregos e atraindo

jovens em início de carreira, a tendência é a valorização dos

imóveis com ressonância com esse público de até 30 anos,

que hoje representa metade dos nossos clientes”, destaca o

gestor executivo de vendas, Willians Ribeiro.

Ele ressalta que os empreendimentos da empresa oferecem

condições de pagamento facilitadas e financiamento pelo

programa Minha Casa, Minha Vida. Entre as facilidades oferecidas

estão Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis

(ITBI) e registro gratuitos, e entrada em até 60 parcelas.

Empreendimentos comerciais

Já a construtora Marluc investiu em salas comerciais. A empresa

lançou no ano passado o Le Monde Centro Empresarial,

na avenida Carneiro Leão. Com 20 andares e 209 salas

comerciais moduláveis, de 57 m² a 1.380 m², o edifício

abriga escritórios de advocacia, engenharia e arquitetura,

empresas de Tecnologia da Informação (TI), além de consultórios

médicos.

O empreendimento conta com dez elevadores de alta performance,

sistema eletrônico com catracas e identificação

biométrica, além de ser o primeiro da cidade com heliponto.

Sete transformadores e geradores a diesel corrigem oscilações

de amperagem e garantem o fornecimento de energia

do complexo empresarial em casos de interrupções.

O local conta com anfiteatro com 200 lugares, sala de

reuniões e praça de alimentação. Além disso, todas as salas

têm dois banheiros e sacadas. Ainda há unidades disponíveis

à venda. A construtora também já tem estudos em

andamento para a construção de outros empreendimentos

comerciais.

De acordo com o engenheiro civil e empresário Ailton Rezende,

empreendimentos comerciais bem localizados sempre

terão grande demanda por conta dos serviços envolvidos

neles e nos arredores, e é essa demanda que gera valor ao

imóvel. “Quanto mais o entorno depender dos serviços desse

empreendimento comercial, mais será valorizado. Esse

tipo de empreendimento é construído onde existe demanda

de serviços”, ressalta Rezende.

Construtoras como a Plaenge e a A. Yoshii também

lançaram empreendimentos em 2019 e têm previsão de

lançamentos de alto padrão para 2020. Em Maringá, a

Plaenge iniciou a construção do Almond, empreendimento

com apartamentos de 137 a 146 metros de área privativa,

localizado na Zona 3. E a A.Yoshii lançou dois empreendimentos

na cidade no ano passado. Um com um apartamento

por andar, localizado ao lado do Parque do Ingá, e o

outro, com três quartos, erguido na avenida Guedner, está

sendo revitalizado.

Umuarama

Mas não é só em Maringá que os empresários do setor estão

otimistas. Em Umuarama a Construtora Morena aposta em

empreendimentos de médio e alto padrões, feitos para um

público que busca investir em imóveis com boa localização,

para moradia ou locação. As condições para pagamento incluem

financiamento direto com a construtora. Atualmente,

a empresa conta com três empreendimentos em construção:

Interlagos Residencial Clube, Montpellier Residence e Vivare

Residence.

74 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


“Com o crescimento da região noroeste, que vem atraindo jovens em início

de carreira, a tendência é a valorização dos imóveis com ressonância com

esse público de até 30 anos”, destaca Willians Ribeiro, da MRV

Localizado no ‘Novo Centro’, o Interlagos Residencial Clu

be tem apartamentos a partir de R$ 192 mil. São 124 apartamentos

divididos em duas torres, com opções de dois ou três

dormitórios. A área de lazer oferece salão de festas, piscina

adulto e infantil, quiosques com churrasqueiras, playground,

minicampo com grama sintética, academia e outros.

Na mesma região o Montpellier Residence foi inspirado na

arquitetura europeia e tem apartamentos a partir de R$ 290

mil. São 44 unidades com três dormitórios, quatro coberturas

duplex com três suítes e três salas comerciais. Na área de

lazer, o empreendimento conta com sala de jogos, piscina,

terraço e espaço gourmet, academia e outros. Já o Vivare

Residence oferece apartamentos a partir de R$ 279 mil. Localizado

próximo à prefeitura, o empreendimento tem 90

apartamentos com dois ou três dormitórios, e a área de lazer

com salão de beleza, lounge externo, solário, piscina, brinquedoteca

e outros.

A Construtora Morena também está em fase de pré-lançamento

do Top Life New Concept, no ‘Novo Centro’, com

apartamentos menores, no modelo studio. O projeto foi desenvolvido

para pessoas que preferem por morar sozinhas,

recém-casados e, principalmente, investidores.

Segundo o diretor Moacir Silva, o momento é ideal para

investir em imóveis, pois as taxas de juros oferecidas pelos

bancos estão baixas, e a valorização e a rentabilidade são

superiores. “Investir em imóveis sempre foi e será o melhor

investimento, e quando você escolhe o parceiro certo, não

há como dar errado. Analisar a região onde o imóvel está

localizado, vizinhança e futuras áreas de expansão são algumas

dicas para garantir lucro com a revenda ou locação”,

destaca Silva. “A rentabilidade é maior que a poupança. O

comprador tem aumento da aposentadoria com rendimentos

de aluguel, e nós oferecemos crédito acessível ao produtor

rural. A negociação é direta com a construtora, com

baixa taxa de juros e correção. Oferecemos pagamento facilitado

em até 60 vezes”, acrescenta.

Moacir Silva, da Construtora Morena: “a rentabilidade com o aluguel é

maior que a poupança. O comprador tem aumento da aposentadoria com

rendimentos de aluguel, e oferecemos crédito acessível ao produtor rural”

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

75


PRODUTORAS

Paixão pela terra move

fazenda em Astorga

Histórias inspiradoras de

mulheres que fazem sucesso no

agro servem de incentivo para

muitas outras

A produtora Mariluce

Teixeira de Anchieta

mudou-se há 15 anos

com o marido para a

região de Astorga, onde

ela descobriu a alegria de

trabalhar na propriedade

rural da família

76 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


Na Fazenda Camargo de Anchieta, em Astorga (PR),

as boas médias de produtividade podem ser atribuídas

aos cuidados com a adoção de tecnologias e novos conhecimentos,

em especial a adubação diferenciada das lavouras

e também ao capricho em relação ao complemento foliar.

A soja atinge média de 160 sacas por alqueire, enquanto o

milho, no inverno, não menos de 280 sacas, período em que o

cereal divide espaço com o trigo.

Os níveis de produtividade de soja foram mantidos mesmo na

problemática safra 2018/19 em que houve redução de 40% na

média das regiões da Cocamar, devido a problemas climáticos.

Mariluce Teixeira de Anchieta, esposa de Frederico, um dos

filhos do proprietário Samuel de Anchieta, que reside em Birigui

(SP), ajuda o marido na gestão do negócio.

DA CIDADE PARA O CAMPO

Mariluce explicou que há cerca de 15 anos o marido, técnico

em administração, e ela, formada em administração de empresas,

aceitaram o desafio de fazer a gestão da propriedade, em

processo de sucessão familiar. “Tivemos que aprender muito,

eu principalmente”, dizendo não ter sido fácil trocar a vida de

moradora na cidade, onde se dedicava à atividade comercial da

família no interior paulista, pela de empresária rural no Paraná.

PAIXÃO PELA TERRA

O tempo fez com que Mariluce se apegasse ao novo trabalho,

mesmo desdobrando-se nos cuidados diários com o casal de

filhos e a sua casa. E, na parceria com o marido, acabou descobrindo

a paixão pela terra e a vontade de continuar evoluindo.

Tanto que, interessada em aprimorar-se cada vez mais, participa

de eventos técnicos e passou a fazer parte de um grupo de

empresárias rurais do norte do Paraná, com as quais se reúne

periodicamente para a troca de informações.

REFERÊNCIA

Há cinco anos, a fazenda recebe a orientação técnica do engenheiro

Jacson Bennemann. Segundo ele, “a propriedade é uma

referência regional pela atenção que dispensa ao solo e às novas

tecnologias, seguindo às recomendações técnicas, o que se reflete

nas boas médias de produtividade”.

Flamma

Soja: produção com médias

elevadas faz da fazenda uma

referência regional

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

77


Produtoras Eliata e Josiane Schilive acompanhadas da mãe

Seguindo os ensinamentos do pai

Enquanto os produtores de laranja do noroeste do Paraná

já projetam uma redução de 30 a 40 por cento

na produtividade da safra deste ano, causada pelo

déficit hídrico, uma família de Presidente Castelo Branco –

município a 33,6km de Maringá – está colhendo volumes

típicos de anos de clima favorável e muito além das médias

regional e nacional.

Com sua história associada ao início da implantação da

citricultura comercial na região, em 1989, os Schilive se tornaram

uma referência na atividade. Não por acaso, o dedicado

produtor Izaías Schilive (falecido em maio deste ano)

se tornou um campeão regional em produtividade de laranja,

amealhando uma coleção de troféus que podem ser vistos

em um armário de vidro no escritório da residência onde vivia

com a esposa Aparecida.

NEGÓCIO PRODUTIVO

Izaías partiu aos 62 anos incompletos deixando como legado

aos familiares a determinação em fazer dessa atividade

um negócio bem cuidado e altamente produtivo. Das quatro

filhas (Eliata, Josiane, Lidiane e Jerusa) e um filho (Giancar-

lo), este último e mais Eliata e Josiane estão diretamente

envolvidos na gestão.

“Ele era um conhecedor, só de bater o olho percebia algum

problema nas plantas”, afirma Eliata, referindo-se ao pai. “Tinha

o hábito de fazer um check-list toda vez que ia viajar, mas ficava

sempre telefonando para saber do andamento das coisas”,

lembra Josiane, explicando que o Izaías, pacientemente, nunca

deixava de esclarecer as dúvidas dos filhos.

No ciclo 2018/19, em que a insuficiência de chuvas e as

altas temperaturas prejudicaram os pomares, a família registrou

a colheita de 3,8 caixas de 40,8kg, em média, por planta

(155kg). Para se ter ideia, a média regional em anos de clima

favorável é de 2,3 caixas por planta (93,8kg) e a nacional não

passa de 1,8 caixa por planta (73,4kg).

No entanto, mesmo com uma média tão alta, os irmãos consideram

que se o tempo tivesse ajudado, poderiam ter repetido

a excepcional produtividade obtida no ciclo 2017/18, que foi

de 7 caixas de 40,8 quilos por planta (285,6 quilos) da variedade

valência. Da mesma forma, se tivesse chovido bem neste

ano, as laranjas teriam ficado maiores.

São, no total, 25.950 pés em pomares cultivados com as va-

78 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


Produtora Eliata

riedades pera, valência e folha-murcha, dos quais 3.500 remanescem

do primeiro plantio efetuado em 1989 e que apresentam

potencial produtivo já em seu declínio natural. O objetivo,

em breve, é renovar inteiramente essa área.

OS CUIDADOS

Os irmãos seguem à risca o rigor em relação aos cuidados

transmitidos pelo pai e se orientam, tecnicamente, por meio

da assistência prestada pela engenheira agrônoma Amanda

Caroline Zito. Em matéria de tratos culturais, a cada dois

meses são feitos adubação e manejo preventivo contra pragas

e doenças. A cada 20 dias o pragueiro (profissional especialista

na identificação de pragas) vistoria os pomares e

a engenheira agrônoma emite o receituário, visitando regularmente

a propriedade. Por sua vez, ao apresentarem sintomas

do greening (doença letal causada por uma bactéria),

as plantas são sumariamente erradicadas.

A família procura economizar o quanto possível com herbicidas,

preferindo as roçadas periódicas no pomar, ocasião em que

as quantidades de mato cortado são acumuladas para decomposição

embaixo das plantas.

Participantes do

Mercado Justo

A propriedade dos Schilive é uma das 42

integrantes da Coopsoli, a cooperativa

fundada para congregar exclusivamente

produtores de laranja. O objetivo é atender

às exigências do Mercado Justo (Fairtrade)

e. desse modo, o suco resultante das laranjas

produzidas pelo grupo segue para países da

União Europeia (UE), onde é distribuído nos

pontos de venda com um selo do mercado

solidário internacional.

Para cada tonelada que adquire, o

Fairtrade retorna 200 dólares ao setor

produtivo, que são convertidos na compra

de equipamentos de proteção individual

(EPI) aos trabalhadores, realização de

melhorias na propriedade, estruturação do

depósito de agroquímicos e aquisição de

sanitários móveis. Os Schivile contam com

18 funcionários devidamente protegidos pela

legislação – outra exigência do mercado justo

– e um deles, José Pereira da Silva, está desde

1989, quando houve o primeiro plantio.

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

79


USINA

SANTA TEREZINHA

Desde 1964 produzindo energia

para um mundo mais sustentável!

De origem maringaense, a Usina Santa Terezinha é reconhecida no segmento

Açúcar e Álcool como a 10° maior empresa brasileira e a maior do sul do país.

(Revista Exame - Melhores e Maiores 2018)

80 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


Organização de capital fechado 100% brasileiro

Mais de 8 mil funcionários em 3 clusters no Paraná e

Mato Grosso do Sul

1 Corporativo

2 Terminais Logísticos

13 milhões de toneladas de cana-de-açúcar processada

1,1 milhão de toneladas de Açúcar VHP

Cerca de 4 mil fornecedores

556.196 MW/h de bioeletricidade

463.847 m³ de etanol

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

81


Flamma

Simone e Maria, a mãe, garantem todo o apoio ao trabalho dos homens na lavoura

Família conta com o suporte

da filha para prosperar

Em Jussara (PR), a família Vitali produz grãos em terras

próprias e arrendadas, o que é comum entre agricultores

do município.

O que ainda não é comum, por lá, é ver mulheres se envolvendo

diretamente no dia a dia agricultura. Mas, em relação

aos Vitali, o produtor Antônio Aparecido, que tem ao

seu lado o filho Haroldo na gestão dos negócios, conta com

a ativa participação da filha Simone e da esposa Maria.

Simone, de 26 anos, costuma levantar às 5h e preencher

o seu dia com muitos afazeres em apoio aos familiares.

Embora morando na cidade, desde pequenos ela e o irmão

foram incentivados pelos pais a gostar da atividade rural.

Os Vitali vêm expandindo todos os anos as lavouras

ao absorver áreas de proprietários que os procuram, interessados

em arrendar-lhes as suas terras.Caprichosos, eles

investem em cuidados com o solo, corrigindo e adubando

mediante análise, e estão começando a implementar agricultura

de precisão.

SECRETÁRIAS

“Eu e minha mãe somos secretárias assistentes”, brinca

Simone, explicando que ambas ficam nos bastidores, em

especial nos períodos de plantio e colheita, oferecendo suporte

para que tudo corra bem. Se preciso, Simone é quem

sai para comprar peças, insumos, comercializar parte da

produção e se ocupar de serviços em bancos e cartórios.

Quando da pulverização na lavoura, ela se encarrega de levar

água para a máquina na roça e está disponível e apta a

prestar qualquer tipo de ajuda, inclusive a dirigir caminhão

e maquinário.

O que não falta é ânimo para os Vitali. De 15 anos para

cá, quando começaram a cuidar da própria lavoura e a arrendar

terras, eles estruturaram o parque de máquinas para dar

conta do recado e só veem progressos. “Nunca precisamos

vender nada para pagar contas”, comenta Simone, que diz

vislumbrar seu futuro no agro, onde as oportunidades para o

crescimento pessoal e da família são muitas.


Mulheres já

são 30% de

cargos de

liderança no agro

Recentemente, a Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), realizou uma pesquisa com cerca de

300 mulheres que atuam no setor de agronegócio no país. No levantamento, foi identificado que

cerca de 30% dos cargos de gestão são ocupados por mulheres. Se comparada à indústria, que possui

um índice de 22%, e a área de tecnologia com 20%, a liderança feminina ganha destaque nas operações do

ciclo da agricultura e pecuária.

ATUANTES

A especialista em desenvolvimento de lideranças, Carolina Valle Schrubbe, comenta que, até há pouco

tempo, o agronegócio era dominado pela presença masculina e o estudo chamou a atenção pelo percentual

de mulheres atuantes no setor.

DESAFIOS PROPULSORES

Na pesquisa, a ABAG identificou que 71% das mulheres entrevistadas já enfrentaram problemas motivados

por questões de gênero, apontando, principalmente, dificuldade em serem ouvidas e de ascenderem profissionalmente,

mesmo que sejam capacitadas para isso. “As mulheres que sobrevivem e se destacam em

um mercado inóspito, transformam dificuldades em desafios propulsores de suas carreiras. Elas costumam

investir em doses extras de dedicação, estudo e aperfeiçoamento constante. Para se destacarem, muitas

vivem uma eterna busca pela perfeição profissional”, ressalta Carolina.


Míriam Neumann, com o marido, já faz a gestão de 17 dos 70 alqueires do pai e tomou a decisão de adquirir maquinários, que aprendeu a manejar, para depender menos de terceiros

Duas jovens

promissoras

No município de Rancho Alegre, de colonização germânica

e que fica a 82,4km de Londrina, na divisa

com o estado de São Paulo, Mirian Cristina Neumann,

de 33 anos, é a sucessora do pai Alfons Aloysius, de

83. Casada com o médico Aníbal Eumann Mesas, ela já faz

a gestão de 17 alqueires [41 hectares] da propriedade da

família, de 70 alqueires [169,4 hectares], onde cultiva soja

e milho. O pai descende de alemães que adquiriram as terras

em 1943.

Formada em administração de empresas e agronegócio,

a produtora tem se estruturado para depender menos

de maquinários de terceiros. Em 2018, recorrendo

a recursos do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento

da Agricultura Familiar) ela adquiriu um trator

John Deere com GPS e piloto automático e, recentemente,

uma plantadeira da mesma marca. Com isso,

84 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


Fotos/Flamma

A produtora Amália Ferreira Pintar e o agrônomo Tiago Glatz

poderá efetuar as operações sem atrasos, o que antes

era comum por depender da disponibilidade de máquinas.

A plantadeira conta com sistema de gerenciamento

de plantio e sensor para alertar o operador em caso de

falhas.

As máquinas próprias vão possibilitar também que Mírian

se aprofunde em um trabalho mais sustentável a partir do

próximo ano, quando pretende implantar o consórcio formado

por milho de inverno e capim braquiária, para tornar sua

atividade mais sustentável.

Desde pequena acompanhando o pai no campo, Mírian

tomou gosto pela atividade e ainda é uma das únicas mulheres

a comandar uma propriedade rural no município. “Enfrentei

preconceito no início, mas isso já é página virada”,

diz. Ela faz parte de um recém-criado grupo de produtoras

de cidades do norte do Paraná que participam da gestão de

negócios rurais.

SERTANEJA

Aos 34 anos, engenheira agrônoma Amália Ferreira Pintar

também é uma das poucas mulheres a dedicar-se à agricultura

em Sertaneja, município vizinho a Rancho Alegre, na

região de Londrina. Ela retornou no final de 2018 de Sorriso

(MT), onde residia há dez anos, para dividir a gestão da propriedade

da família com o irmão Eduardo, de 36. Enquanto

ela cuida de 40 alqueires [96,8 hectares] cultivados com

soja e milho, Eduardo responde pela pecuária.

Hélio Ferreira Pintar, o pai, acompanha o trabalho dos filhos

e dá a palavra final, mas por entender a importância da tecnologia,

ele tem incentivado a filha, que conta com o assessoramento

do engenheiro agrônomo Anderson Tiago Glatz. Após o

retorno de Amália, a família não demorou a retomar alguns negócios

que havia parado, como a produção de leite e a criação

de suínos; por outro lado, estuda investir em caprinos e quer,

principalmente, melhorar seus níveis de produtividade de grãos.

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

85


SENAR/PR

Programa Mulher Atual

passa por renovação

Conteúdos mais objetivos, alinhamento das instrutoras e redução da cargahorária

fazem parte das novidades

Fotos/Faep/Senar/PR

Desde 2009, 1.256 turmas participaram da realização

A presença feminina no campo tem se mostrado cada vez

maior e precisamos não apenas acompanhar esse processo,

mas incentivar a participação ativa destas mulheres, algo

indispensável para o desenvolvimento contínuo do setor”

“ÁGIDE MENEGUETTE, presidente do Sistema Faep/Senar

86 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


Para acompanhar a trajetória das mulheres do campo,

o Senar-PR investiu na reformulação e atualização do

Programa Mulher Atual. Desde dia 19 de fevereiro, o

programa passou a trazer conteúdos mais embasados e articulados

com uma rede de instrutoras 100% alinhadas aos

objetivos do programa. A previsão é que sejam criadas 140

turmas em 2020.

“O Programa Mulher Atual já se concretizou como uma ferramenta

de fortalecimento da representatividade rural, tendo

formado mulheres que hoje são referências ao agronegócio

estadual e nacional. A presença feminina no campo tem se

mostrado cada vez maior e precisamos não apenas acompanhar

esse processo, mas incentivar a participação ativa destas

mulheres, algo indispensável para o desenvolvimento contínuo

do setor”, salienta o presidente do Sistema Faep/Senar/

PR, Ágide Meneguette. Desde 2009, quando foi a campo pela

primeira vez, 1.256 turmas participaram do Mulher Atual.

Por falar em objetivos, estes também foram aperfeiçoados.

As novas participantes do Mulher Atual sairão preparadas

para atuar com uma postura ativa, frente aos desafios pessoais,

sociais e profissionais. Neste sentido, os conteúdos e

atividades trabalhadas foram moldadas em quatro pilares: autoconhecimento,

dimensões da vida, sustentabilidade e empreendedorismo.

Segundo a técnica do Sistema Faep/Senar-PR e responsável

pelo Programa Mulher Atual, Regiane Hornung, os temas

destes pilares já eram tratados durante os encontros, porém,

não de forma tão objetiva e definida como a partir de agora.

“Nós atualizamos as estratégias de aplicação de conteúdo e

atividades desenvolvidas durante as aulas. As instrutoras precisam

dominar todos os temas para atingir os objetivos do

programa e das participantes de forma satisfatória, por isso,

houve esse alinhamento para que o trabalho em equipe seja

realmente efetivo”, afirma Regiane.

Programação reformulada

Os conteúdos aplicados ao Mulher Atual passaram

por reformulações de acordo com as necessidades

identificadas em turmas anteriores, o que inclui a

evolução do público feminino e sua relação com os temas.

A carga-horária do programa também passou por alterações,

agora com 64 horas divididas em oito encontros.

As duas primeiras aulas são baseadas no pilar do autoconhecimento,

abordando conteúdos sob viés psicológico,

como tipos de temperamento, atividades cerebrais e neuroplasticidade

(capacidade do sistema nervoso em mudar e se

adaptar diante de novas experiências). Também são tratados

assuntos relacionados à qualidade de vida, como saúde

física e emocional, sexualidade feminina, espiritualidade e

planejamento financeiro.

Na terceira e quarta aulas, sob o pilar nomeado dimensões

da vida, o debate envolve formas de relacionamentos

interpessoais, comunicação assertiva, autoestima, imagem

e asseio pessoal.

Os pilares sustentabilidade e empreendedorismo, que norteiam

a quinta e sexta aulas, ganharam novas abordagens. A

objetividade é uma das principais características deste novo

Mulher Atual, de modo que os conteúdos serão transmitidos de

forma mais prática para facilitar a absorção pelas participantes.

Neste instante, vão ser trabalhados conceitos como tripé

da sustentabilidade, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

(ODS), 6Rs ecológicos (Repensar, Reduzir, Reutilizar, Replantar,

Recusar e Reciclar), capital social, definições e tipos

de empreendedorismo e características empreendedoras. Ao

final, as participantes serão desafiadas a desenvolverem uma

ação fundamentada pelo que aprenderam nas aulas.

No sétimo encontro, os quatro pilares serão trabalhados

de forma unificada sob o conceito C.H.A.V.E., sigla que se

refere às iniciais de características importantes de desenvolvimento

pessoal e profissional. São cinco: conhecimento,

habilidades, atitudes, valores e entorno. A última aula será o

momento de conclusão do programa, com apresentação das

ações desenvolvidas.

Os conteúdos

aplicados ao Mulher

Rural passaram por

reformulações de acordo

com as necessidades

identificadas em turmas

anteriores, o que inclui

a evolução do público

feminino e sua relação

com os temas

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

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PECUÁRIA

Um sistema de

alto padrão

Em Nova Londrina, modelo avançado é destaque por seus números

Com seus 120 alqueires (290 hectares), a Fazenda Santa

Luzia se destaca no noroeste do Paraná pelo elevado padrão

da sua pecuária de corte. Localizada há poucos quilômetros

do centro urbano em Nova Londrina, a 70 quilômetros

de Paranavaí, a propriedade adquirida em 1963 pela família Pires

é especializada em cria, recria e engorda a partir de cruzamento

industrial de nelore e angus.

São 90 alqueires (217,8 hectares) de pastagens bem formadas,

em que os capins (panicum, estrela e braquiária) permanecem durante

todo o ano a uma altura que corresponde ao do joelho do boi.

“O boi não pode pegar vento na canela”, sorri o proprietário Silvio

Pires, que é técnico agrícola, ao lado do pai Antonio Santos Pires.

SUPERPRECOCES

“Estamos há 26 anos no sistema”, comenta Antonio, falando de

sua tradição na pecuária tecnificada. Pai e filho explicam que, entre

outras iniciativas, é feito manejo diferenciado, Inseminação Artificial

em Tempo Fixo (IATF), piqueteamento em vários tamanhos

nos pastos e, por fim, os animais superprecoces são terminados

em confinamento com autogrão e seguem para o abate aos 16

meses. As fêmeas, pesando de 16 a 17 arrobas, alcançam 54% de

aproveitamento de carcaça, enquanto os machos, com peso entre

20 e 22 arrobas, chegam a 56% de aproveitamento. Em ambos os

casos, os animais possuem de 4 a 6 milímetros de capa de gordura.

Certificados individualmente, os animais da raça angus são destinados

a abastecer a CooperAliança, uma cooperativa de Guarapuava

(PR) especializada em carnes nobres, que assegura um

valor adicional de R$ 8,00 por arroba.

O contrato firmado com a cooperativa prevê o fornecimento de

20 animais/mês que, historicamente, apresentam um peso médio

de 19 arrobas.

Por ser uma referência no assunto, há sete anos Silvio coordena

um grupo formado por 22 pecuaristas do município, fruto de uma

parceria firmada entre o Instituto Emater, o Sindicato Patronal e

que tinha também a Copagra. O objetivo é contribuir para que o

setor se desenvolva por meio de técnicas mais modernas.

FUTURO

O plantio de soja em sistema de integração com a pecuária ainda

não está nos planos da família Pires, que prefere manter seu foco

no trabalho de qualidade que realizam. Mas Silvio não descarta a

integração no futuro, desde que encontre parceiros especializados

em agricultura, por considerar que o sistema oferece muitas vantagens.

Na atividade silvipastoril da qual são modelo, os Pires investem

na conservação do solo arenoso e fazem terraços para impedir

os efeitos da erosão.

88 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


Flamma

Na atividade silvipastoril a família investe na

conservação do solo arenoso e faz terraços para

impedir os efeitos da erosão

Silvio Pires e o pai

Antônio implantaram

há 26 anos um

projeto para a

produção de novilhos

superprecoces em

uma das regiões de

solo mais desafiador

do estado

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

89


HISTÓRIA

Em Cambé,

uma fazenda

alia tradição

aos negócios

Conversão do café para a soja representou a chegada de novos tempos, sem

que o imóvel perdesse a sua identidade

Flamma

Aos 71 anos, João José Rezende Paiva comanda a

tradicional Fazenda Ipomeia

90 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


Flamma

Detalhe da propriedade, que já foi um importante

centro produtor de café

História é o que se percebe, logo ao chegar, na Fazenda Ipoméia,

município de Cambé.

São inúmeras construções que remontam aos tempos

do café, entre casas de colônia, sede, clube, capela e barracões. E,

claro, o sino, que desde 1954 repica em alguns horários, numa tradição

mantida pelo proprietário, o engenheiro mecânico João José

Rezende Paiva, de 71 anos. Segundo ele, até mesmo propriedades

vizinhas se orientam pelo estridente e nostálgico badalar que ecoa

da Ipoméia.

A fazenda, que está desde 1951 em poder de sua família –

oriunda de São Sebastião do Paraíso (MG) - já chegou a ter mais

de 500 trabalhadores e viveu o seu apogeu em 1965, quando da

colheita da maior de todas as safras de café.

MUDANÇA

Com o passar do tempo, o ouro verde foi perdendo lugar para as

culturas mecanizadas de grãos, uma mudança que se observou em

todo o norte do Paraná. Atualmente com 6 funcionários, a fazenda

é produtora de soja, milho e laranja.

SOJA

São 165 alqueires (399 hectares) cultivados com grãos, e 20 (48

hectares) de citricultura. A soja, o carro-chefe, apresenta uma produtividade

média de 150 sacas por alqueire (61,9/hectare).

LEVANTAMENTO

Com seus controles bem organizados, a fazenda mantém anotações

dos níveis pluviométricos desde 1974. A cada chuva, os valores

são registrados na média de vários pontos da propriedade. Depois

de imprimir o levantamento, o produtor mostrou que 1978

foi o ano menos chuvoso em toda a série histórica, totalizando

apenas 867 ml, quase a metade em comparação aos 1.515ml

acumulados no ano anterior. O mais chuvoso foi 2009, quando as

precipitações somaram 2.419ml (quase o triplo de 1978).

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

91


CRÉDITO

Sicredi oferece

suporte a agricultores

Do crédito agrícola à lavoura, passando por seguro, poupança e previdência,

cooperativa acompanha produtores rurais em todas as etapas do negócio

Olga Agulhon, produtora rural: “é imprescindível ter seguro.

Inclusive já acionamos para uma colheitadeira que pegou fogo

durante a safra de milho. Deu perda total e se não tivéssemos o

seguro, estaríamos em uma condição muito difícil”

92 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


Marco Bruschi Neto, associado da Sicredi União PR/SP: “é uma cooperativa de crédito em que somos sócios, então, trabalhamos com um negócio que é nosso”

Produtores rurais encontram na Sicredi União PR/SP uma

cesta de produtos e serviços para cada necessidade: crédito

agrícola, seguro, previdência privada, poupança e outros.

Para auxiliá-los, a cooperativa conta com 56 gerentes de

negócios agro, nas cinco regionais: Maringá, Noroeste do Paraná,

Norte do Paraná, Centro-leste paulista e centro paulista.

A cooperativa conta com especialistas em agronegócio para

oferecer a melhor solução financeira para o produtor. O atendimento

próximo, que é o Jeito Sicredi de Ser, tem como base

valores importantes para o produtor rural: cooperação, empatia,

segurança, gentileza, confiança, proatividade e constância.

Gerente agro na agência Cocamar, Cristiana Tessarolo Marino

faz questão de visitar as propriedades rurais dos associados e oferecer

um atendimento próximo. “Temos uma cultura de pertencimento.

Somos transparentes e incentivamos os produtores a vir à

agência. Fazemos questão de cumprimentar, conversar e mostrar

para o associado que ele é bem-vindo. Enquanto tem instituição

financeira que evita a presença do correntista na agência, na Sicredi

é o contrário: acolhemos todos”, conta ela, que tem mais de 20

anos de experiência como gerente de agronegócio.

Além de custeio do milho e soja, tem havido forte procura pelo

financiamento de maquinários e veículos utilitários, e dependendo

da linha, até cinco anos para pagar e financiamento de até

100% do equipamento.

As soluções são elogiadas pelos produtores. Que o diga

Olga Agulhon, produtora de soja e milho nas regiões de

Ivatuba, Terra Boa e Araruna. Ela usa o crédito rural para

financiamento das lavouras, além dos seguros da produção

e de maquinário agrícola e operações de investimentos.

“Trabalhamos com uma área de alto risco, com produções

a céu aberto, por isso, é imprescindível ter seguro. Inclusive

já acionamos para uma colheitadeira que pegou fogo

durante a safra de milho. Deu perda total e se não tivéssemos

o seguro, estaríamos em uma condição muito difícil”,

explica a agricultora. “Sempre fomos bem atendidos,

e estou satisfeita. Além disso, minha agência fica ao lado

da Cocamar, o que facilita a vida, porque estou sempre na

cooperativa”, acrescenta.

Produtor há mais de 50 anos, Marco Bruschi Neto também

tem culturas de soja e milho em Maringá, Floresta e Ângulo.

Por meio da Sicredi, ele faz desde operações de custeio ao seguro

de todo o maquinário e veículos utilizados para transporte.

“A Sicredi é uma cooperativa de crédito em que somos sócios,

então, trabalhamos com um negócio que é nosso. Temos

facilidade, porque estamos em contato direto com o gerente,

temos maior liberdade e abertura”, destaca.

Participação em eventos

Com a proposta de levar os produtos e serviços aos produtores

rurais, a Sicredi União PR/SP participa de grandes eventos do

setor, como Safratec, ExpoParanavaí, ExpoLondrina e Expoingá.

Durante o 30º Safratec, em Floresta, realizado no início do

ano, a cooperativa manteve três especialistas para orientar os

produtores nas áreas de seguro agrícola, crédito rural e investimento.

Além disso, nesses eventos a Sicredi União oferece

condições e taxas diferenciadas para financiamento de veículos

leves, utilitários e equipamentos agrícolas de alta precisão, e para

consórcios de veículos e seguros de auto.

A Sicredi União PR/SP também apoia eventos como o Seminário

Regional da Soja em Maringá, realizado em Maringá para

melhorar a eficiência das lavouras por meio de estratégias para o

controle de ferrugem asiática e percevejos da soja.

Sicredi

O Sistema Sicredi é uma instituição financeira cooperativa comprometida

com o crescimento dos associados e com o desenvolvimento

das regiões onde atua. O modelo de gestão valoriza a

participação dos mais de quatro milhões de associados, os quais

exercem papel de donos do negócio. Com presença nacional, o

Sicredi está em 22 estados e no Distrito Federal, com mais de

1.800 agências, e oferece mais de 300 produtos e serviços financeiros

(www.sicredi.com.br).

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

93


IRRIGAÇÃO

94 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


Produtor dribla a

estiagem e prospera

Para uma boa safra, está ao alcance do produtor

investir em tecnologias e maquinários, mas com

relação ao clima não há o que fazer, a menos que a

propriedade seja servida por um sistema de irrigação.

Em Florestópolis, norte do estado, enquanto a maior parte

dos agricultores ainda não conseguia plantar e ficava cada

vez mais aflita com o passar dos dias, a família Baíse concluiu

o plantio no início de outubro. O pivô central roda em horário

noturno, assegurando a necessária umidade.

No distrito de Herculândia, em Ivaté, próximo a Umuarama,

fica a propriedade da família Lavagnoli, produtora de grãos. Arcino

e o filho Marcelo implantaram o pivô central em 2013 e o equipamento

está praticamente pago. “A gente consegue ter estabilidade

da produção e planejar a atividade”, afirmou Marcelo.

Governador promete esforços

pela irrigação no noroeste

Flamma

RESULTADOS

Na última safra de soja a média dos Lavagnoli foi de 135 sacas por

alqueire (55,7/hectare), enquanto em cultivos não irrigados, na região,

a estiagem prejudicou bastante a produtividade. Eles também

cultivam milho no inverno - já alcançaram a média de 300 sacas

por alqueire (123,9/hectare) -, algo impensável para a maioria das

propriedades ali, por causa, invariavelmente, do clima seco.

De quebra, os Lavagnoli ainda se dão ao luxo de colher uma

terceira safra, de feijão, cujas plantas estão carregadas de vagens

- diferente de uma área que não recebe umidade. A captação da

água é feita no Rio Ivaí, que passa nos fundos da propriedade.

O técnico Gabriel Teixeira, da Cocamar em Douradina, que presta

assistência à família, enfatiza que a irrigação é uma tecnologia a

mais no processo de gestão que tem como objetivo avançar para

uma alta produtividade nas lavouras. Segundo o técnico, a irrigação,

somada ao manejo adequado do solo, à análise periódica do

mesmo, à correção e à adubação e um bom acompanhamento fitossanitário,

aumenta as possibilidades de o produtor se sair bem e

prosperar mesmo em períodos de clima adverso.

Ao participar no mês de setembro do Fórum de Irrigação

em Paranavaí, o governador Carlos Massa Ratinho

Júnior anunciou diante de mais de 250 participantes,

entre produtores e técnicos, que lotaram o Recinto Felício Jorge

no Parque de Exposições, algumas medidas de incentivo para

investimentos em culturas irrigadas.

“O Paraná é o maior produtor mundial de alimentos em quantidade

e qualidade por metro quadrado, mas podemos ampliar

os volumes por meio da irrigação”, disse o governador, acrescentando

que o objetivo é promover o desenvolvimento. “Se

a região precisa investir em irrigação para gerar mais riquezas,

empregos e se desenvolver, vamos trabalhar, entre outras frentes,

para baixar os preços dos equipamentos e também para

conseguir um crédito mais acessível”, comentou.

POTENCIAL A EXPLORAR

Antes dele, o presidente do Conselho de Administração da Cocamar,

Luiz Lourenço, havia se pronunciado para dizer que “a

região noroeste apresenta grande potencial a explorar, precisa

de incentivo e, no caso da irrigação, de uma outorga da água

que seja menos burocrática”.

O secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto

Anacleto Ortigara, disse que “tem jeito de mudar o cenário de

pastos degradados do noroeste. O caminho é cobrir o solo o

tempo todo com culturas e armazenar água no solo”, explicando

que o produtor, ao investir em irrigação, precisa seguir um projeto

bem elaborado e atender todas as recomendações técnicas.

“A irrigação é uma das ferramentas, não é a única solução para

tudo”, destacou, salientando que o custo do uso da energia elétrica,

em horários fora de pico, tem 60% de desconto; haverá linhas

de crédito mais baratas para irrigação; estão sendo estudadas

formas de reduzir os preços dos equipamentos e também de

tornar a licença e a outorga da água mais simplificados. “Temos

3 milhões de hectares de solos arenosos na região noroeste, a

maior parte com pastos degradados. Podemos mudar a realidade

da região para melhor”, completou.

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

95


UNICESUMAR

Agronomia 4.0: matriz

curricular em função das

demandas de mercado

Desde os primeiros anos do curso, alunos da Instituição são incentivados a trabalhar com agricultura

digital, mapeamentos e transmissão de dados via internet para operação e controle de máquinas

96 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


Ouso da tecnologia na produção agrícola tem se tornado

cada vez mais comum. Segundo o último Censo Agropecuário

do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística

(IBGE) mais de 1,5 milhão dos produtores rurais acessam dados

por meio de dispositivos eletrônicos – um crescimento de

1.900% em dez anos.

Essa análise reflete a necessidade de instituições de ensino

atualizarem metodologias, com a finalidade de capacitar os futuros

profissionais para as mudanças do mercado. Por isso, o curso

de Agronomia da UniCesumar possui uma matriz curricular

adaptada a partir de um conceito que representa transformação:

a Indústria 4.0, que propõe o uso de dados e tecnologias de automação

nos processos.

De acordo com o coordenador do curso, Edison Schmidt Filho,

o uso de recursos inovadores, agricultura digital, mapeamentos,

agricultura de precisão e de informações transmitidas via internet

para operação e controle de máquinas agrícolas aumenta a

cada dia. “Isso levou a necessidade de se criar um curso mais

moderno, voltado à automação e tecnologia no campo. Em termos

educacionais, significa que os alunos sairão da UniCesumar

mais preparados para esse mercado, que nos próximos cinco a

dez anos estará muito diferente do que é hoje.”

Assim como outros cursos da Instituição, a graduação em

Agronomia é marcada pela forte experiência prática oferecida

aos estudantes. Assim, eles realizam atividades na Fazenda

UniCesumar desde o primeiro semestre do curso, com práticas

voltadas ao aprendizado dos conteúdos expostos em sala de

aula. Na fazenda, há o ensino de práticas de campo, máquinas,

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

97


defensivos agrícolas e outras ações que são necessárias para o

desenvolvimento do conhecimento de campo dos futuros engenheiros

agrônomos.

Como resultado desse investimento, a UniCesumar estima

que entre 70% a 80% dos estudantes formados pela Instituição

estão empregados no setor agropecuário da região, especialmente

no campo agrícola. O número contempla inclusive, alunos

que estão no último ano da graduação. “Os estudantes que se

formam conosco e estão empregados retornam à universidade

com muita satisfação e agradecimento pela formação obtida”,

diz o professor Edison Schmidt Filho, ressaltando que as empresas

empregadoras também estão satisfeitas com a atuação dos

profissionais no mercado. “Isso nos dá garantia da qualidade de

nossos alunos, de como eles estão sendo formados e de como

estão atuando fora da universidade.”

Responsabilidade global

A modernização tecnológica é um elemento que contribui para

a responsabilidade global do setor agropecuário em relação ao

abastecimento mundial de alimentos. No relatório publicado em

2018 sobre os mercados de commodities agrícolas no mundo,

o chefe da Organização das Nações Unidas para a Alimentação

e a Agricultura (FAO), José Graziano da Silva, chamou atenção

para a sustentabilidade na agricultura como forma de erradicar

a pobreza e a fome. “À medida que a população aumenta, a urbanização

se intensifica e a renda cresce, o setor agrícola sofre

maior pressão para atender a demanda por alimentos nutritivos”,

ressaltou.

Para o professor Edison Schmidt Filho, o curso de Agronomia

tem compromisso com a produção de alimentos em larga escala,

assim como as empresas agrícolas. “O engenheiro agrônomo é

a pessoa que estará apta a desenvolver pesquisas, melhoramento

de plantas, testes de defensivos e todas as outras atividades

necessárias para se aprimorar e desenvolver tecnologias que aumentem

a produtividade no campo, bem como a qualidade dos

alimentos.”

Pensando nessa conscientização, que envolve o relacionamento

estreito entre estudantes, engenheiros e produtores rurais,

a UniCesumar realiza, entre outras ações, o Dia de Campo

de Agrárias. “Os alunos são colocados em teste, apresentando

trabalhos que eles realizaram durante o último ano do curso.

Com isso, nós aumentamos a confiabilidade do nosso acadêmico

e a responsabilidade moral e ética que eles têm em transmitir

informações ao produtor rural, tanto em qualidade de vida quanto

em desenvolvimento econômico”, enfatiza o coordenador do

curso de Agronomia.

98 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

99


SETOR INDUSTRIAL

Crescimento

forte

no Paraná

Com a redução

nas vendas para a

Argentina o setor se

reorganizou e focou

seus esforços para

atender o aumento da

demanda do mercado

interno

Segmento automotivo liderou a expansão em 2019, registrando alta acumulada

de 25,7% em relação ao ano anterior

100 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


Reprodução

OParaná apresentou em 2019 um crescimento de 5,7%

na produção industrial. Foi o melhor índice desde 2011,

quando a indústria registrou alta de 11,2%, e também

o maior do país, de acordo com dados divulgados pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estado liderou o

ranking nacional ao longo do ano, enquanto o indicador nacional

registrou queda acumulada de -1,1% no mesmo período. Quando

se avalia o resultado, o setor automotivo foi o que puxou o crescimento

da produção industrial paranaense, com alta acumulada de

25,7% em relação a 2018. Em seguida, ficou o segmento de máquinas

e equipamentos, com 9,5%; alimentos, 8,8%; fabricação

de produtos de metal, 7,1%; e máquinas, aparelhos e materiais

elétricos somaram 5,3%.

Os produtos que mais influenciaram o crescimento desses setores

são produção de automóveis, de caminhão-trator para re-

boques e semirreboques; caminhões, reboques e semirreboques

no segmento de máquinas e equipamentos. Na área de alimentos,

destaque para carnes e miudezas de aves congeladas, rações para

animais, bovinos congelados e leite esterilizado. Máquinas para colheita,

ar condicionado e equipamentos para refrigeração; e, ainda,

torres e pórticos de ferro e aço, produtos de ferro e aço para a indústria

automotiva, esquadrias de alumínio e parafusos.

Os setores que mais enfrentaram dificuldades são os da madeira,

com queda acumulada de -7%; produtos derivados do petróleo

-3,8%; produtos químicos, -2,2; e fabricação de móveis, -1%.

De acordo com o economista da Federação das Indústrias do Estado

do Paraná (Fiep), Evânio Felippe, o desempenho positivo da

indústria paranaense em 2019 mostra que, aos poucos, o setor vem

recuperando as perdas acumuladas no período de crise. “Algumas

medidas adotadas pelo governo federal, principalmente no segundo

semestre, contribuíram para melhorar o ambiente de negócios no

país. A liberação do saque do FTGS, as sucessivas quedas da Selic e a

expansão do crédito, o controle da inflação e a melhora na oferta de

empregos se refletiram em aumento do consumo”, avalia.

Ele completa dizendo ainda que o crescimento acumulado na

produção industrial, puxado principalmente pelo setor automotivo,

é resultado da mudança de estratégia do segmento no país, em

razão da acentuada queda nas vendas para o mercado argentino.

“Com a melhora na economia brasileira e ao perceber a queda de

30% a 35% nas vendas de produtos automotivos para a Argentina

no ano passado, o setor se reorganizou e focou seus esforços

para atender o aumento da demanda do mercado interno. E deu

certo”, comenta o economista.

Mercado de trabalho

Os dados de emprego também contribuíram para os bons resultados

da produção industrial no Paraná. O setor de transformação

do Paraná fechou 2019 com saldo positivo na oferta de empregos.

De acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados

e Desempregados (Caged), foram criados 1.462 novos postos de

trabalho na indústria do estado. A construção civil também teve

bom desempenho, com criação de 6.036 novos empregos, contra

2.301 registrados durante todo o ano de 2018, gerando um crescimento

de 162%.

As áreas da indústria de transformação que mais contrataram foram

indústria mecânica, com oferta de 1.811 novas vagas; alimentos,1.448;

e metalúrgico, 1.085. “Com mais pessoas trabalhando e

com renda, o consumo aumenta, o que favorece diversos segmentos

da indústria, impulsionando a produção”, comenta Felippe.

De acordo com o economista da Fiep, a expectativa para este

ano também é positiva, mas depende da manutenção do crescimento

da atividade econômica e de medidas a serem adotadas

para estimular o setor produtivo. “A aprovação das reformas tributária

e administrativa, as privatizações e os investimentos em

infraestrutura podem contribuir para um cenário mais positivo para

os negócios e aumento da confiança dos empresários para retomar

os investimentos. E tudo isso pode se refletir em maior competitividade

no setor e geração de mais empregos”, conclui.

5,7%

foi o crescimento médio da indústria do PR,

em 2019Unium, em 2019 e 2020, na construção de

novas estruturas industriais

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

101


Tornar a indústria

mais competitiva

Desde 1º de outubro, a Federação das Indústrias do Estado

do Paraná (Fiep) tem uma nova diretoria. Industrial

do setor metalmecânico, em que atua há 38 anos, Carlos

Valter Martins Pedro foi escolhido pela maioria dos sindicatos

filiados para presidir a entidade no quadriênio 2019-2023.

Uma das mais importantes entidades do setor produtivo, a

Fiep mantém uma interface constante com todas as esferas do

poder público. Segundo o novo presidente, será intensificado

esse relacionamento. “O fato de eu não ter ação político-partidária

vai facilitar a interlocução tanto com o governo, quanto

com a Assembleia e a Câmara Federal. O que diz respeito à

indústria vamos tratar firme e forte e o que for transversal quero

integrar com as demais entidades, no âmbito do G7”.

Sobre as políticas voltadas ao setor industrial, por parte dos

governos federal e estadual, a opinião de Carlos Valter é que

“tem que evoluir muito”. O que é nacional será tratado junto à

Confederação das Indústrias, a CNI. “A Fiep vai fazer a interface

com a bancada paranaense e atuar também com a Assembleia

Legislativa, no estado.” Na visão dele, as reformas Trabalhista

e da Previdência – e em breve a Tributária e a Política – “são

boas sinalizações. Elas fazem parte de um processo de reconstrução

em que precisamos recuperar nossa competitividade.

Temos condições favoráveis, mas há muito a fazer. Somos a

quinta população do mundo, temos um grande mercado e precisamos

potencializar isso para a evolução da indústria como

um todo. Precisamos deixar de exportar só commodities. Os

manufaturados também precisam fazer parte de nossa pauta

de exportações”.

Entre outras medidas que considera importantes para recuperar

a competitividade da indústria, o presidente cita a desoneração

da produção. “Uma peça fabricada no Brasil tem que ser

tão competitiva quanto uma fabricada na China, nos Estados

Unidos, na Europa ou em qualquer parte do mundo. A indústria

brasileira sofre com custos externos à produção que impactam

no preço final, na competitividade. Isso passa pela carga tributária,

que é muito pesada, mas também pela burocratização e

pelos custos indiretos que temos para prestar informações ao

governo. Temos também a questão do nosso trabalhador, que

não ganha tanto, mas custa muito, e isso também onera. Tudo

isso precisa mudar.”

Sistema Fiep

“Os manufaturados

também precisam fazer

parte de nossa pauta de

exportações”

Precisamos desonerar a produção, uma peça fabricada no Brasil tem que ser tão

competitiva quanto uma fabricada na China, nos Estados Unidos, na Europa ou em

qualquer parte do mundo”.

“Carlos Valter Martins Pedro, presidente do Sistema Fiep

102 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


Soluções que

melhoram a

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do seu negócio

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ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

103


C.Vale de Palotina

Inovar para

sobreviver

Inovar é uma necessidade para o sucesso de qualquer negócio e isso deve estar

presente nos planos de desenvolvimento, pois reduz custos, aumenta a produtividade

e proporciona novos mercados. Por competir muitas vezes em nível global,

a indústria precisa se desenvolver para levar aos clientes soluções de classe mundial.

A necessidade de inovação não vem ao acaso, pois a indústria passa por uma nova

revolução, em que avanços tecnológicos nas últimas décadas trouxeram novas formas

de interação entre as diferentes etapas dos processos produtivos. Como resultado,

surgiu o conceito de indústria 4.0, que é a integração digital de toda a cadeia de valor

dos produtos industriais – do desenvolvimento ao uso – e envolve ainda a criação de

novos modelos de negócio, produtos e serviços. “As empresas que não se transformarem

digitalmente vão deixar de existir”, adverte Filipe Cassapo, gerente de inovação do

Sistema Fiep. Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI)

e Instituto Euvaldo Lodi (IEL) mostra que, em uma década, a indústria 4.0 deve atingir

21,8% das empresas brasileiras. Hoje, esse percentual é de apenas 1,5%.

As empresas

que não se

transformarem

digitalmente vão

deixar de existir”

Filipe Cassapo,

“gerente de Inovação

104 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


Inovar é uma estratégia que

precisa fazer parte do plano de

desenvolvimento de qualquer

organização, seguindo lembram os

especialistas

REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS | A evolução da indústria ao longo dos anos

INDÚSTRIA 1.0

INDÚSTRIA 2.0

INDÚSTRIA 3.0

INDÚSTRIA 4.0

Métodos de

produção mecânica

Linha de

montagem

Automação dos

processos

Interconectividade

e análise de dados

Reino Unido,

final do século XVIII

Início do

século XX

Década

de 1970

A partir

de 2010

Produção

mecânica e

energia a vapor

Produção industrial

em massa, baseada

em linhas de

montagem

Automatização e uso

de produtos eletrônicos

e tecnologia de

informação

Interconectividade e

análise de dados com

a fusão dos mundos

real e virtual

FONTE | Fiep

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

105


A urgência de uma

reforma tributária

OO empresário conhece bem o peso da carga tributária,

um dos principais entraves ao crescimento do país.

De acordo com dados do IBGE, os tributos no Brasil

equivalem a 32% do Produto Interno Bruto (PIB). A indústria

de transformação é, disparada, a que mais paga impostos. Os

gastos equivalem a 46% do PIB. No setor de serviços a taxa cai

para 19%; na construção civil, 12%; e no agronegócio, 1,7%.

A reforma tributária vai beneficiar principalmente médias e

grandes empresas. Micro e pequenas geralmente estão inclusas

no regime de tributação simplificado, o Simples Nacional, que

não terá mudanças.

Uma redução na carga tributária brasileira ajudaria a melhorar

o ambiente de negócios, restaurar a produtividade e ampliar o

potencial de crescimento. A possibilidade de reforma finalmente

sair do papel anima empresários e trabalhadores para uma

mudança de rumo. Entre as propostas que tramitam em Brasília

, tanto a PEC 45/2019, discutida na Câmara Federal, quanto

a PEC 110/2019, no Senado, preveem a racionalização dos

impostos. Isso gera uma alavanca para a retomada do crescimento.

O ICMS é o tributo mais prejudicial à competitividade da in-

dústria, segundo o consultor tributário da Fiep, Alexandre Tortato.

Isso porque é muito complexo, gera dúvidas na arrecadação,

na apuração, no entendimento das empresas e em como pagar.

“É necessário contar com muitos advogados e contadores para

apurar os tributos a serem pagos. Este custo é muito alto para

o empresário”, esclarece.

TRANSFORMAÇÃO

SERVIÇOS

AGRONEGÓCIO

1,7%

19%

46,4%

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106 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


Novos tempos para

o setor de Bioenergia

Açúcar, etanol, biodiesel e bioeletricidade.

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

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107


EDIÇÃO 2020

Expoingá conecta

ao novo agro

Repleta de atrações e em meio a um cenário favorável para negócios, a feira que integra o

grupo das maiores e mais importantes realizações do segmento agropecuário no país, está

programada para o período de 7 a 17 de maio

108 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


Realizada pela Sociedade Rural de Maringá (SRM), a Exposição

Feira Agropecuária, Industrial e Comercial de

Maringá – Expoingá– é um megaevento que apresenta

o diferencial competitivo dos principais setores da economia

brasileira, movimentando nas últimas edições em torno de 600

milhões de reais em negócios, com um público superior a 500

mil visitantes em 11 dias de evento.

Em sua 48ª edição, 25ª internacional, e com o tema “Conecta

você ao novo Agro”, a Expoingá 2020 apresenta todas as possibilidades

utilizadas pelo setor produtivo e será realizada no período

de 7 a 17 de maio.

Com ênfase em tecnologia, inovação e sustentabilidade, a feira

apresenta muitas novidades dos segmentos do agronegócio,

indústria, comércio e serviços, posicionando-se como uma plataforma

completa de geração de excelentes negócios e prospecção

de clientes.

Divulgação SRM

A Expoingá exibe resultados positivos e quebras de recordes a

cada edição, contando com a presença das melhores marcas de

equipamentos e implementos agrícolas, automóveis, as últimas

tecnologias e pesquisas, ciência e desenvolvimento genético,

inovações e tendências para o campo e, ainda, entretenimento,

cultura, gastronomia, turismo, eventos técnicos e muito mais

Segundo a presidente da Sociedade Rural de Maringá (SRM),

entidade realizadora da feira, Maria Iraclézia de Araújo, “o agronegócio

brasileiro vive hoje um momento sem precedentes ao

longo de sua história. Um momento de desafios e oportunidades.

Chegamos à era digital, ao novo agro. Esse novo agro não é apenas

tecnológico, conectado com a inovação. Ele é sustentável.

Contempla um manejo responsável dos recursos econômicos,

ambientais e sociais. Ele é moderno e recordista de produtividade,

o que nos coloca à frente de outros mercados internacionais”.

A presidente acrescenta que é “um agro feito por homens,

mulheres e jovens. Um agro cooperativista, profissionalizado,

que faz uso do desenvolvimento tecnológico, da biotecnologia,

de pesquisas e inovações científicas para produzir mais e com

qualidade, entendendo que a natureza é parte vital para que o

Brasil possa cumprir a sua missão de garantir o alimento das futuras

gerações de uma maneira rentável e com sustentabilidade”.

“As feiras agropecuárias do Paraná vivem um momento especial.

Elas consolidam a cadeia produtiva que é matriz do desenvolvimento

econômico do Estado e apresentam as inovações

tecnológicas associadas ao campo para milhares de pessoas. São

feiras irrequietas e que atraem negócios cada vez mais certeiros,

além de movimentar o turismo”, afirma o governador do estado,

Carlos Massa Ratinho Júnior. Ele enfatiza que “esses são aspectos

fundamentais para o governo do Paraná, que reconhece no

agronegócio a força motriz do desenvolvimento estadual”. Para

ele, “um evento como a ExpoIngá nos mostra as possibilidades

de transformar a realidade, de converter potencial em algo concreto

e de sucesso”.

O prefeito de Maringá, Ulisses Maia, diz ser “muito oportuno

o tema da Expoingá 2020, que propõe conexão na agricultura

como elemento representativo do conjunto de mudanças que

potencializam transformações profundas no campo”. Na sua visão,

o ambiente cada vez mais desafiador valoriza a competência

e o profissionalismo do produtor e de toda a cadeia produtiva do

agronegócio. “Vitrine moderna e sempre atualizada na exibição

de tecnologias e fomento de negócios, a Expoingá se redesenha

a cada ano para continuar como referência fundamental de um

segmento econômico de importância vital para o Brasil.”

O PARQUE

Com localização privilegiada, o Parque Internacional de Exposições

de Maringá é hoje um dos maiores e mais versáteis complexos

de eventos e exposições do Brasil. São 47 mil metros quadrados

de área construída em uma área total de 248 mil metros

quadrados. Destaque para a Arena de Shows e Rodeios, uma das

maiores estruturas cobertas da América Latina, com capacidade

para 14 mil pessoas. A Expoingá reúne mais de mil expositores

de diversos segmentos, protagonistas na geração e prospecção

de grandes e bons negócios, impulsionando o desenvolvimento

econômico e os números positivos da feira.

TECNOLOGIA

Nos últimos anos, o agro passou por uma revolução tecnológica.

Imagens de satélite, drones, sensores, tecnologia de precisão e

uso do Big Data são algumas das ferramentas que foram incorporadas

ao dia a dia do campo. As soluções são infinitas e valio-

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

109


sas nas tomadas de decisão pelo produtor, com otimização dos

processos, produzindo mais e com qualidade, economia de tempo

e preservando o meio ambiente. De acordo com a Sociedade

Rural de Maringá (SRM), a Expoingá tem a tecnologia como

aliada, e além da exposição de produtos e serviços de ponta, com

destaque para máquinas e implementos de última geração dos

melhores fabricantes, a feira promove eventos que estimulam

o desenvolvimento de inovações, como o 3º Hackathon Inova

Agro, 2º Seminário Inova Agro e o programa de pré-aceleração

de startups Agrotech.

Fotos/Divulgação SRM

CONHECIMENTO

A Expoingá se consolidou em um patamar de liderança em realização

de eventos que contribuem para o fortalecimento do agronegócio,

por meio de troca de experiências, compartilhamento

de informações, ideias inovadoras e a constante atualização de

conhecimentos. Destaque para o 4º Encontro de Mulheres que

Fazem a Diferença no Agronegócio Brasileiro, o 3º Fórum Brasileiro

Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), o 16º Fórum de

Negócios Internacionais, o 3º Agrojur - Congresso de Integração

de Direito e Agronegócio e 2º Fórum de Turismo Rural. Além desses,

palestras, cursos, seminários, workshops, simpósios e oficinas,

de variados temas e enfoques, integram a agenda técnica da feira.

AGROMUSEU

Durante a Expoingá 2020 serão abertas ao público as primeiras salas

do Agromuseu, inaugurando oficialmente o mais novo museu

com a temática agro do país. Segundo a Sociedade Rural de Maringá

(SRM), será um espaço ocupado por atrações interativas e educativas,

juntamente com as atrações da Fazendinha, que este ano se

incorpora ao Agromuseu. O novo espaço contará com acervos vivos,

compostos por animais e plantas, apresentando ao público a história

da agricultura e pecuária no Brasil e no mundo.

A presidente da Sociedade Rural de Maringá,

Maria Iraclézia de Araújo

Uma série de eventos técnicos estão agendados para discutir temas

relevantes do agronegócio

110 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


A evolução da genética animal é

percebida a cada realização

Novidades

tecnológicas

em maquinários

agrícolas

também são

destaque na

feira, que reúne

as principais

marcas

Arena coberta

tem capacidade

para 14 mil

pessoas

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

111


ARTIGO

Aproveitar as oportunidades

em um cenário de otimismo

Miguel Rubens Tranin*

Operíodo de profunda crise por que passou o setor

sucroenergético nos últimos anos, trouxe muitas

dificuldades para as indústrias, mas também lições

e aprendizados. Agora, no momento em que finalmente

avistamos uma luz no final do túnel, percebida por uma

mudança governamental e uma visão mais clara do Estado,

precisamos estar preparados para aplicar os conhecimentos

adquiridos em meio a tantos desafios e saber aproveitar as

oportunidades.

O ciclo que se apresenta é, sem dúvida, de recuperação

para o setor. No entanto, não devemos nos preocupar apenas

com os nossos produtos mais tradicionais, caso do açúcar

e do etanol - este último em demanda muito aquecida

no país. Faz-se necessário perscrutar um horizonte mais amplo,

que se apresenta bastante promissor.

Antes de mais nada, vale lembrar que a implementação do

RenovaBio, a grande conquista do setor, avança na certificação

das usinas, conferindo otimismo entre os investidores.

O programa, do qual muito já se falou, é o reconhecimento

dos ativos ambientais da atividade sucroenergética por parte

da sociedade como um todo.

Os indicativos são animadores. Contudo, é providencial

manter a atenção redobrada. Neste início de 2020, em que

se intensificam as discussões acerca de uma inadiável reforma

tributária, surgem ruídos de toda parte, inclusive sobre

uma possível tributação do açúcar, o que seria extremamente

danoso ao segmento, em termos de competitividade. Não

podemos permitir que o agronegócio, o carro-chefe da economia

e principal vetor do desenvolvimento, venha a ser penalizado

por algo que terá impacto direto em sua capacidade

produtiva e, por extensão, na geração de postos de trabalho.

Indispensável que os atores envolvidos nesse processo tenham

uma visão mais ampla e detalhada do setor para que

sejam evitadas possíveis arroubos e distorções. Não se pode

levar em conta, apenas, o produto final.

Para esses novos tempos é preciso, como já se afirmou

antes, que estejamos devidamente preparados e fazer a lição

de casa, uma vez que nossas perdas foram vultosas durante

o período de crise. Ampliar nossa produtividade é urgente,

assim como aumentar a eficiência e olhar para a capacidade

industrial. Começando pela matéria-prima, temos que buscar

variedades mais produtivas, adequadas à colheita mecânica,

reduzir os custos de implantação da lavoura e desenvolver

parcerias sinérgicas.

A propósito de parcerias, uma prática sustentável vem

ganhando força em alguns estados, a meiosi, pela qual usinas

implementam projetos a quatro mãos com cooperativas

agropecuárias para a reforma de áreas de canaviais a partir

do saudável cultivo de soja nas entrelinhas. Em vez de a indústria

instalar uma estrutura própria para esse fim, recorre

à expertise de produtores especializados, num sistema bem

planejado e ágil em que todas partes envolvidas só têm a

ganhar.

Todo esforço é necessário. Vemos, de um lado, a China se

posicionando a favor do etanol, possivelmente projetando a

adição à gasolina e, com isso, reduzir os elevados níveis de

poluição nos centros urbanos. Se vai produzir ou importar,

isto só o tempo nos dirá, mas é um tema que requer toda a

atenção.

De outro, ainda em relação ao plano externo, vemos que

há espaço para o estímulo à produção e consumo de etanol

de milho no Sul do Brasil e, dessa forma, não só abastecer

a região, mas ultrapassar fronteiras e conquistar mercados

vizinhos, o que serve também, é claro, para o etanol de cana.

A exemplo do Paraná, Santa Catarina e o Rio Grande do Sul

são importantes produtores do cereal.

Nos países do Mercosul, surgindo uma possibilidade de

adicionar etanol na gasolina, ou mesmo em se tratando do

futuro veículo à célula de combustível, estaremos preparados.

A tendência é que isto venha a acontecer, mais cedo ou

mais tarde. Tudo isso faz parte de um novo cenário que se

vislumbra para o setor e, naturalmente, nós os brasileiros temos

que continuar sendo protagonistas do desenvolvimento

de uma cultura voltada ao consumo de combustível renovável.

Falamos em âmbito de Brasil, Mercosul e da própria

América Latina como um todo. A questão ambiental, obviamente,

precisa respeitar as particularidades de cada país,

mas é inegável que, em resumo, ela traz oportunidades para

os produtores brasileiros.

Ainda em relação ao etanol de milho, seja em paralelo à

produção de etanol de cana, implantando uma indústria flex

ou no intervalo oferecido pela entressafra, temos que apro-

112 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


Em relação ao etanol de milho, seja em paralelo à produção de etanol de cana, implantando uma

indústria flex ou no intervalo oferecido pela entressafra, temos que aproveitar a oportunidade. Por

meio de parcerias com cooperativas e empresas cerealistas, há como otimizar a capacidade ociosa

e aumentar a eficiência de tempo nas indústrias”

Miguel Rubens Tranin,

presidente da Alcopar “veitar a oportunidade. Por meio de parcerias com cooperativas

e empresas cerealistas, há como otimizar a capacidade

ociosa e aumentar a eficiência de tempo nas indústrias. Nas

plantas paranaenses, é possível incluir o etanol de milho ao

portfólio, o DDG (subproduto destinado à alimentação animal)

e também o biodiesel. Não podemos abrir mão disso.

A maior eficiência tem que ser conquistada e o ganho de

tempo é fundamental.

Por fim, outra questão diz respeito à cogeração. Contamos

com enorme potencial a ampliar e, no caso do Paraná,

estamos abrindo um novo diálogo com a companhia estadual,

a Copel, visando a expandir e incrementar essa atividade

a partir do aumento da capacidade de cada indústria, atendendo

com isso a uma demanda que se fortalece cada vez

mais diante das perspectivas de crescimento do país.

(*) Presidente da Associação de Produtores de Bioenergia do

Estado do Paraná (Alcopar)

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

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CRESCIMENTO

Cocamar almeja faturar

R$ 10 bilhões em 2025

Depois de um 2019 desafiador, em razão dos problemas climáticos que atingiram as lavouras,

meta é continuar crescendo fortemente nos próximos anos e gerar mais opções de renda aos

produtores cooperados

114 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


Expansão industrial, com

investimento em novos

setores, está nos planos da

cooperativa até 2025

“2019 foi um ano desafiador”, resume o presidente-executivo

Divanir Higino. Diante dos efeitos do clima, a gestão

promoveu contenção de custos e adiou alguns investimentos.

Ao final, o faturamento ficou levemente acima do registrado

no ano anterior.

Para chegar ao crescimento que havia sido projetado no ciclo

2015-2020 e praticamente dobrar o faturamento, a Cocamar

apostou no seu próprio diferencial como cooperativa,

na ampliação do número de unidades operacionais e de lojas

agropecuárias, no aumento de participação de mercado e em

novos negócios.

CAMINHO E COMPROMISSO

Entre as maiores do país, a cooperativa sediada em Maringá

(PR) quer demonstrar, com sua solidez e o retorno de resultados

que proporciona aos produtores, que o cooperativismo é

o melhor caminho. “Nós podemos atuar como uma empresa,

mas nenhuma empresa do segmento agropecuário pode oferecer

a mesma segurança e tantos benefícios que uma cooperativa

forte”, afirma Higino.

Segundo ele, a Cocamar é movida pelo compromisso de gerar

renda aos seus cooperados, dos quais 70% são de pequeno

porte. “Trabalhamos para os nossos cooperados, que são os

donos do negócio, assegurando retorno de resultados de várias

maneiras”, explica o presidente. Ele cita como exemplos a instalação

de estruturas de apoio em locais estratégicos para facilitar

o recebimento das safras, a transferência de tecnologias

por meio de uma equipe técnica preparada e a realização de

eventos para que os produtores tenham acesso a novos conhecimentos

e se mantenham competitivos, sem falar da distribuição

de sobras ao final de cada exercício. Em dezembro, apesar

das dificuldades trazidas pela quebra da safra, os cooperados

receberam mais de R$ 40 milhões em recursos rateados, equivalentes

a 20% do resultado da cooperativa. Para muitos, foi

como um décimo-terceiro salário. Os produtores de soja, por

exemplo, tiveram direito a um adicional de R$ 2,00 para cada

saca depositada.

Divulgação/Cocamar

Depois de um 2019 desafiador, em razão dos problemas

climáticos que atingiram as lavouras, meta é continuar

crescendo fortemente nos próximos anos e gerar mais

opções de renda aos produtores cooperados

O ano de 2020 é representativo para a Cocamar Cooperativa

Agroindustrial. O exercício finaliza o planejamento estratégico

referente ao período 2015-2020 e abre o novo ciclo de

2020-2025. A previsão é faturar R$ 5,8 bilhões neste ano,

contra os R$ 4,6 bilhões de 2019. A cooperativa conta com

87 unidades operacionais nos estados do Paraná, São Paulo e

Mato Grosso do Sul, que atendem a mais de 15 mil cooperados

e cerca de 30 mil clientes.

EXPANSÃO

A ampliação territorial tem acontecido em ritmo forte, nos últimos

anos, para aproveitar oportunidades como as que estão

surgindo nos três estados. Em uma delas, no interior de São

Paulo, a cooperativa firmou no ano passado uma parceria com

a usina Cocal, sediada em Paraguaçu Paulista. Pelo acordo, foram

arrendados 5,2 mil hectares e repassados a 19 cooperados

para a renovação de canaviais com a cultura da soja. Os

resultados têm sido tão positivos que, de acordo com a própria

Cocal, os números devem ser ampliados neste ano, abrindo assim

uma nova fronteira para produtores que precisam de mais

terras para plantar.

ILPF

Novas fronteiras também estão sendo abertas pela cooperativa

na região noroeste paranaense, onde desenvolve outro programa

inovador, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), pelo

qual pastos degradados são convertidos ao moderno processo

produtivo por meio do cultivo de grãos no verão, que resulta em

uma pecuária de alto desempenho no inverno. A floresta de eucalipto,

em espaços intercalares, vai servir para o conforto térmico

dos animais e gerar renda adicional com a venda de madeira.

Atualmente há mais de 200 mil hectares mantidos com arranjos

integrados sob a orientação da Cocamar.

“Para o ciclo 2020-2025 a Cocamar, com envolvimento

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

115


de um grande número de cooperados e colaboradores, definiu

como meta continuar crescendo fortemente, buscando o faturamento

de 10 bilhões para o ano de 2025”, afirma Higino. Em

janeiro, foram inauguradas três lojas para a comercialização de

insumos agrícolas em municípios do sudoeste paulista, região

que é a maior produtora de grãos no estado vizinho. Em rápida

expansão, o segmento de insumos contribuiu com R$ 1,4 bilhão

para o faturamento da cooperativa e, até 2025, a meta é

elevar esse montante para R$ 2,6 bilhões.

INDÚSTRIAS

Dona de um diversificado parque industrial, a cooperativa

inaugurou no começo de fevereiro uma moderna indústria de

rações para 150 mil toneladas/ano e prevê finalizar, nos próximos

meses, uma planta para fertilizantes foliares. As operações

nessa área já incluem desde uma indústria de extração de óleo

de soja e torrefadora de café, à produção de sucos e néctares de

frutas, bebidas à base de soja, maioneses e molhos, farinha de

trigo, álcool doméstico, madeira tratada e sal mineral.

Entre os novos negócios nos quais a Cocamar ingressou nos

últimos anos estão a concessão de maquinários agrícolas John

Deere, posto de combustíveis, unidade de beneficiamento de

sementes, corretora de seguros e moinho de trigo.

Além da abertura de novas lojas, estão previstas aquisições

e melhorias de estruturas operacionais, ampliação da capacidade

estática de armazenagem de 1,7 para 2,3 milhões de toneladas,

investimentos em inovação e aposta em novos segmentos

industriais, entre os quais a produção de biodiesel, etanol

de milho e proteína animal (a partir da aquisição de animais

produzidos em sistema de ILPF).

Com o novo planejamento estratégico, a Cocamar quer garantir

mais renda nas propriedades, incentivando a produção de

sorgo (para a indústria de rações), trigo branqueador destinado

ao seu moinho, lavouras irrigadas e vários outros projetos em

estudo, entre eles piscicultura, pulses (grão de bico, ervilha e

lentilha) e algodão para reforçar as opções de inverno.

116 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


Divulgação/Cocamar

A Cocamar inaugurou, em

janeiro, uma indústria de rações

com capacidade para 150 mil

toneladas/ano

O presidente

Divanir Higino:

em cinco anos,

faturar R$ 10

bilhões

Reprodução

Flamma

O algodão é uma das culturas

que a cooperativa estuda para

oferecer como alternativa de

inverno aos seus cooperados

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

117


NOVIDADES

Fotos/Flamma

Os quadriciclos têm uma atuação versátil e com muitas vantagens em uma propriedade rural

Resistentes utilitários

UTV são produzidos

para o trabalho pesado e

também para o lazer no

ambiente off-road

118 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


Rio Náutica, uma loja com

soluções mais modernas

para o produtor

Os versáteis quadriciclos Outlander 570 e os veículos utilitários UTV BRP

são “pau pra toda obra” e desempenham com desenvoltura – e vantagens – as

demandas em uma atividade rural. Conheça-os

As mudanças pelas quais vem passando o agronegócio

brasileiro, cada vez mais moderno e técnico, incluem

o uso de veículos que apresentam mais praticidade e

economia no constante deslocamento dos profissionais pela

propriedade, entre outras vantagens.

O quadriciclo Outlander e o veículo utilitário UTV BRP Defender

HD8 são indicados pela facilidade com que permitem

manejar os animais, inspecionar a propriedade e percorrer superfícies

irregulares – nem sempre acessíveis a picapes e motos.

O primeiro foi desenvolvido para oferecer excelente dirigibilidade,

tração e possui 5 ajustes de pré-carga nas molas e

8.0 polegadas de curso da suspensão, mantendo o condutor

confortável e confiante. Disponível em diversas opções de

motores e configuração, o Outlander é equipado para mover

cargas, possui placa de engate padrão com capacidade para

rebocar até 590kg, é resistente, seguro e ideal para uso em

geral, inclusive para a realização de análises de solo.

Os veículos utilitários UTV BRP Defender HD8 são apresentados

em versões para dois, quatro e até seis lugares, produzidos

para o trabalho pesado e que ampliam as opções de

lazer no ambiente off-road. Muito versátil, conta com uma

capacidade de reboque de até 1.134 quilos e 454 quilos na

caçamba.

“Pau pra toda obra”, tanto um como outro cumprem com

desenvoltura e economia de combustível as demandas em

uma atividade rural, além de servirem também como veículos

de lazer, atendendo quem apreciadores de trilhas e passeios

no campo. O produtor da região que tiver interesse em conhecê-los

e saber mais detalhes, pode se dirigir até uma das lojas

da concessionária Rionáutica.

A empresa Rionáutica dirigida por Saul Rodrigues e que

possui duas lojas em Maringá (Av. Colombo, 5.088), uma em

Campo Mourão (R. Maria O. Jardim, 1.914), uma em Presidente

Prudente-SP (Av. Brasil 101), e duas nas margens do

Rio Paraná, em Porto Rico (Rua Pioneiro João Mangialardo,

247, e Rua Javali, a Rionáutica Concept, que possui um ampla

e completa boutique) e em breve em Araçatuba (SP).

O carro-chefe da Rionáutica são as motoaquáticas SeaDoo,

utilizadas para fins recreativos – desde um curto passeio no

lago até um dia inteiro de diversão em família. E para os pescadores,

há diversas opções em embarcações de alumínio de

fabricação própria, e também as de fibra do estaleiro Fibrafort,

além de motores de popa da Mercury e Evinrude.

Em Maringá, a concessionária conta com uma loja de 2,3

mil metros quadrados situada na Avenida principal da cidade.

Na parte da frente há o showroom dos produtos comercializados

e, na parte de trás, cujo acesso pode ser feito pela rua

paralela, fica a assistência técnica. Faça uma visita.

O diretor da

Rionáutica,

Saul Rodrigues

(esq.), com o

secretário de

Meio Ambiente

do Paraná,

Márcio Nunes


FERTILIDADE

Flamma

120 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


Vencendo o solo difícil em

busca de produtividade

Produtores relatam como estão enfrentando o desafio de trabalhar em solos difíceis

“O manejo do solo é fundamental quando se pensa

em uma agricultura sustentável”, afirma o produtor

Gérson Bortoli, de Umuarama, noroeste do Paraná.

As terras de Bortoli, de 62 anos, que em 1994 deixou

a atividade bancária para se dedicar ao agronegócio,

ficam no arenito caiuá, uma região de solo

arenoso ainda dominada pela pecuária tradicional.

Ele tem autoridade para falar. A partir de 2004,

quando adotou o programa de integração lavoura-

-pecuária (ILP) orientado pela Cocamar, o produtor

começou a se sobressair e, ao longo dos

anos, tem sido recompensado por médias de produtividade

que se situam bem acima da realidade

local. Por duas vezes faturou o primeiro lugar no

Concurso Cocamar de Produtividade de Soja e em

duas ocasiões garantiu a segunda colocação, disputando

com agricultores dos solos mais férteis

do norte do estado.

Na colheita, o produtor disse que esperava ao

menos 68 sacas por hectare. A quantidade, expressiva

diante da média regional de 50 sacas, parece

conservadora quando se observou as plantas de

perto, repletas de vagens. Em uma delas, escolhida

aleatoriamente, o produtor contou 132 vagens

graúdas.

PASTAGENS

Na pecuária, a outra atividade que mantém, Bortoli

conta com pastagens de sobra durante o inverno, à

base de capim braquiária – semeada após a colheita

de soja e que vai servir também para proteger o solo

com sua palhada no verão. Tanta comida permite a

ele alojar quatro cabeças de gado por hectare, enquanto

nos pastos degradados da região é comum

manter apenas uma cabeça na mesma unidade de

área, mas o animal ainda vai perder peso no inverno,

quando os pastos escasseiam por causa do frio.

O produtor investe no manejo do solo, mediante

análise, realiza correções regulares, bem como a

reposição de nutrientes a cada safra e não descuida

das pulverizações para a prevenção de doenças

fúngicas.

“No arenito o produtor precisa fazer bem feito e

seguir as recomendações técnicas”, diz o técnico,

assinalando que Bortoli, pelo trabalho que realiza, é

sempre um forte candidato nos concursos de produtividade.

“O manejo do solo vem sendo feito há

muitos anos, não é de uma hora para outra que o

resultado aparece”, lembra Bortoli. Ele possui três

propriedades, duas em sistema de ILP e outra exclusivamente

com pecuária.

Seu filho Hugo, de 30 anos, graduado em agronomia,

tem o pai como referência e neste ano, pela

primeira vez, participa também do concurso de produtividade.

O prêmio para o vencedor e o profissional

técnico é uma viagem aos Estados Unidos.

ALGODÃO

Gérson Bortoli não apenas é um produtor antenado

em relação a boas práticas e tecnologias modernas,

como também se coloca em posição de vanguarda

na sua região. Além do bem conduzido projeto de

integração lavoura-pecuária (ILP), nos últimos três

anos ele passou a testar o cultivo de algodão em

parceria com a Associação dos Cotonicultores Paranaenses.

Segundo Bortoli, o objetivo é avaliar o

algodão como uma possível alternativa de inverno

para os produtores do noroeste.

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

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FRANGO DE CORTE

Maringá sedia, em julho, o

X Encontro Técnico Avícola

122 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


Em um ano que promete manter o ambiente favorável às

exportações de carne de frango brasileira, a cidade de Maringá

(PR), um dos principais polos paranaenses do setor,

realiza em julho o X Encontro Técnico Avícola, um dos mais importantes

eventos especializados do país. Promovido pela Integra

e o Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do

Paraná (Sindiavipar), o Encontro – que acontece de dois em dois

anos – está programado para o período de 21 a 23 daquele mês

no espaço Vivaro.

A previsão é reunir mil participantes, entre especialistas e dirigentes

de empresas, para uma agenda de 36 palestras em dois

ambientes, a cargo de técnicos especializados e voltadas, principalmente,

à atualização tecnológica. Em área anexa, haverá exposição

de produtos e serviços.

ESTRATÉGIAS

O astral positivo do segmento avícola se deve ao seu desempenho

em 2019, quando bateu recorde de abates no estado, e às

projeções otimistas para 2020. De acordo com o coordenador do

Encontro Técnico, Jeferson Vidor, “o evento é o momento também

para o setor debater e reavaliar suas estratégias visando a

aproveitar as oportunidades que estão surgindo”.

No ano passado as indústrias paranaenses abateram 1,87 bilhão

de cabeças, uma alta de 6,43% em comparação a 2018,

segundo números do Sindiavipar. O estado liderou as exportações

de carne de frango em 2019, quando embarcou 1,58

milhão de toneladas, montante que representa 38% do total

exportado pelo Brasil.

Ao mesmo tempo, as exportações de carne de frango do Paraná

aumentaram 4,71% em relação a 2018. As projeções indicam

que a produção e as remessas da proteína devem evoluir

entre 4% e 6% em 2020. No ano passado, os principais países

compradores da carne de frango paranaense foram a China (290

mil toneladas), África do Sul (139 mil) e Arábia Saudita (127,5

mil). Em receita, o valor chegou a US$ 2,56 bilhões, com aumento

de 9,58% em relação a 2018 (US$ 2,34 bilhões).

1,87

O segmento vem apresentando recordes seguidos e a projeção para 2020 é

de continuidade do crescimento

Importante realização promovida

a cada dois anos estará voltada a

palestras técnicas e debates para

atualização tecnológica

Flamma

bilhão de cabeças foram

abatidas em 2019

1,58

milhão de toneladas, o total de carne

de frango exportada

38%

é a participação do Paraná nas

exportações brasileiras do setor

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

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POLICULTURA

Oeste do Paraná tem

camarão de primeira

124 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


Região apresenta possibilidade de criação em

conjunto com a tilápia

Blog Ceagesp Oficial

O

cultivo de camarão em cativeiro é uma atividade

promissora especialmente em regiões como o oeste

do Paraná, onde pequenos produtores vêm se

dedicando a isso.

A carne do camarão é considerada nobre, com sabor

mais suave, textura delicada e mercado garantido. A espécie

que vem ganhando espaço é o popularmente conhecido

como camarão gigante da Malásia. Em muitos lugares, é

possível cultivá-lo em conjunto com a tilápia. São os chamados

Policultivos.

O policultivo tem a vantagem de apenas uma espécie

ser alimentada, no caso a tilápia, que por sua vez vive na

coluna d’água. O camarão, que é de hábito bentônico, alimenta-se

dos restos de ração e outros detritos do fundo do

viveiro. Ao final do cultivo, ao invés de despescar apenas a

tilápia, o produtor tem também o camarão, que proporciona

uma renda extra a um baixo custo de produção.

Recentemente o policultivo ganhou fôlego no Paraná

graças a instalação do Lacqua, um laboratório especializado

na produção de pós-larvas de camarão. O laboratório

está localizado em Palotina, oeste do estado. Além dele, a

Universidade Federal do Paraná (UFPR), que possui um

campus em Palotina, desenvolve desde 2010 um projeto

com produtores buscando estimular a produção do camarão

de água doce e contribuir para o desenvolvimento

dessa atividade na região. É mais uma possibilidade para

quem já está na atividade ou para quem deseja entrar. Afinal,

o camarão de água doce também pode ser produzido

sozinho.

Segundo especialistas, o peso final de despesca é muito

maior do que o camarão marinho comumente cultivado

no Brasil. Em geral os produtores tiram esse camarão do

viveiro com cerca de 40 gramas e leva em média 4 meses

de cultivo. O povoamento tem início quando começa

a esquentar, entre setembro e outubro. Primeiro entram

as pós-larvas de camarão e entre 15 e 30 dias depois as

tilápias. Em média são usadas 3 a 4 tilápias e 10 camarões

por metro quadrado. Um fator importante é o oxigênio, os

camarões não são animais tão resistentes quanto a tilápia,

seno preciso manter esse parâmetro acima de 3 mg/L.

Contudo, apesar de parecer um nicho de negócio muito

bom é preciso que o produtor fique atento para o momento

de despesca dos animais. Quando os camarões são retirados

do tanque o abate precisa ocorrer imediatamente

em gelo para que sejam mantidas as características e qualidades

da carne.

O detalhe da despesca é essencialmente importante para

que a imagem desse camarão que começa a entrar no mercado,

não seja distorcida. Outro ponto é que não há ainda

um mercado sólido de consumidores. Esse por sua vez é

outro detalhe que deve entrar no planejamento antes de

se investir alto nessa espécie. Cautela é o que se deve ter,

mas sobretudo, os produtores estão animados e a atividade

com o camarão de água doce promete render bons

frutos no estado do Paraná.

O cultivo de camarão em cativeiro é uma atividade promissora

especialmente em regiões como o oeste do Paraná, onde

pequenos produtores vêm se dedicando a isso

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

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126 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

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NOVA ESPERANÇA

Uma cidade cada vez mais

sustentável e referência em

qualidade de vida

As ruas planas e sombreadas por arvoredos são uma das características marcantes de Nova

Esperança, cidade agradável e bem cuidada, que concilia desenvolvimento e visão de futuro à

qualidade de vida de seus quase 27 mil moradores.

Cidade agradável, tranquila e bem cuidada, com muita área verde

128 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

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Ao investir na qualidade de

vida de seus moradores, Nova

Esperança avança ainda mais

como cidade diferenciada e

tranquila, onde sua gente se

sente feliz”

Moacir Olivatti,

“prefeito

Localizado no portal do noroeste paranaense, às margens

da confortável rodovia duplicada BR-376, o município

fundado em 1952 conta com uma economia

dinâmica que tem o agronegócio como carro-chefe. A região

que já foi das mais expressivas no segmento cafeeiro é atualmente

a capital nacional da seda e referência mundial em

qualidade desse produto, obtido em pequenas propriedades

rurais por um grande número de famílias. A atividade fortalece

a diversificação de negócios no campo, em que se

sobressaem os cultivos de mandioca, citros, grãos, olerícolas

e o próprio café, sem falar da pecuária de corte e da piscicultura

– esta última com a expectativa de forte expansão nos

próximos anos.

Ainda na área rural, Nova Esperança é destaque pelos

investimentos em sustentabilidade, promovendo a preservação

de suas bacias hidrográficas por meio de ações contínuas

como a construção de curvas de nível para proteção

de nascentes e mananciais, readequação de vias secundárias

e carreadores, instalação de fossas sépticas em moradias e

distribuição de essências nativas, produzidas no Viveiro Municipal,

para a recomposição de Áreas de Preservação Permanente

(APP). “Um trabalho gratificante em que, ao preservar,

nos conectamos ao futuro”, afirma o prefeito Moacir

Olivatti (PPS).

Fazendo a sua parte em relação ao futuro e a propósito da

sustentabilidade, Nova Esperança lidera o ranking dos municípios

que são modelo no país pela gestão de resíduos e

não descuida de um de seus diferenciais - mencionados no

início deste texto: o conforto térmico propiciado em suas

vias públicas, graças à arborização.

Ao mesmo tempo, a cidade mostra estar sintonizada

às exigências dos novos tempos, que requerem prepará-la

para que sua gente possa contar com um plano moderno

de mobilidade urbana, de forma a impactar positivamente

a segurança e as condições de trânsito. Com relação a isso,

o prefeito menciona a construção de calçadas com ciclovia

a partir do entorno do estádio, que vão ser ligadas à Praça

Rocha Pombo, num total de 2 quilômetros. “Estamos avançando

em um projeto de ciclomobilidade que atende a uma

aspiração dos moradores”, observa Olivatti. Ele cita também

A região é referência mundial em qualidade de seda

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

129


o aprimoramento da acessibilidade como resultado de um

conjunto de ações que inclui, entre outras, a reestruturação

do Terminal Rodoviário, a revitalização de praças, a execução

de calçadas em espaços públicos e a melhoria da iluminação.

No que refere à segurança, especificamente, a cidade está

prestes a ganhar uma central de monitoramento – já licitada -

com a instalação de câmeras em pontos estratégicos.

O prefeito Moacir Olivatti ressalta, por fim, que o Parque

das Grevíleas já foi dotado de pistas de caminhadas e 2 quilômetros

de trilhas de bike de alta performance. “Ao investir

na qualidade de vida de seus moradores, Nova Esperança

avança ainda mais como cidade diferenciada e tranquila,

onde sua gente se sente feliz”, conclui.

O município investe na conservação de nascentes e mananciais, com o Projeto

Água Limpa

Plantio de árvores é parte da educação ambiental a que estudantes estão habituados

Mudas de árvores e flores são produzidas em viveiro municipal

Gestão de resíduos coloca Nova Esperança em destaque no país

130 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


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ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

131


CAFÉ

Produto paranaense

premiado

Casal de cafeicultores de Japira, norte do estado, fica em segundo lugar no 16º

Concurso Nacional Abic de Qualidade

132 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


Tenho 70 anos e nasci dentro da

fazenda. Sou neta, filha, sobrinha

e mãe de cafeicultores. E me casei

com um agrônomo, apaixonado

por café. O prêmio é o resultado

de um trabalho de muitos anos

nessa atividade, estamos felizes e

realizados”

OSSI CRUZ DE OLIVEIRA LIMA,

produtora

Flamma

Uma safra de café colhida em Japira norte do estado,

ficou em segundo lugar no 16º Concurso

Nacional Abic de Qualidade de Café – Origens

do Brasil – Safra 2019, que recebeu inscritos de sete

estados. Os produtores são o casal Ossi Cruz de Oliveira

Lima e Francisco Barbosa Lima, do Sítio Fortaleza.

Os cafés finalistas foram avaliados por um júri técnico

composto por provadores e especialistas, responsáveis

por 90% da nota final, enquanto o critério de Sustentabilidade

corresponde aos 10% restantes.

O lote de Café Arábica, Cereja Descascado, da variedade

Arara, sobressaiu-se com as características sensoriais

de Especiarias, Frutado e Baunilha. A pontuação da

Abic foi de 8,81, muito próxima do primeiro colocado,

da Bahia, que somou 8,92 pontos. Os vencedores participaram

de um leilão e o café paranaense teve duas sacas

vendidas por R$ 3,8 mil cada – valor seis vezes maior do

que conseguiriam no mercado comum. Eles são responsáveis

pela marca Pecatto, comercializado em Londrina.

Desde 1981, o casal mantém uma propriedade com

29 hectares de café. Em tantos anos de dedicação, não

é a primeira vez que recebem o reconhecimento. Em

2012, Ossi venceu o prêmio estadual promovido pelo

Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e Instituto

Emater. Também já foram finalistas em outros concursos,

como o da Associação Brasileira de Cafés Especiais

(ABCA).

Barbosa atribui o sucesso às boas condições do clima

na região, com atitude próxima de 760 metros e temperatura

média anual de 20º. Ele é engenheiro agrônomo

e dedica-se ao café durante toda a sua vida profissional.

Já Ossi é sua maior parceira na gestão da propriedade

na preparação do produto, rotulação e comercialização.

“Tenho 70 anos e nasci dentro da fazenda. Sou neta, filha,

sobrinha e mãe de cafeicultores. E me casei com um

agrônomo, apaixonado por café. O prêmio é o resultado

de um trabalho de muitos anos nessa atividade, estamos

felizes e realizados”, diz a produtora.

TRADIÇÃO

O café do norte pioneiro foi o primeiro produto a obter

o registro de Indicação Geográfica (IG) junto ao Instituto

Nacional de Propriedade Industrial (INPI). A tradição

e a importância do produto da região são fatores que

impulsionaram essa conquista, obtida em 2012. Os produtos

com registro de Indicação Geográfica são aqueles

com características diferenciadas por serem produzidas

em uma região ou território específicos. Isso estimulou

a organização dos pequenos produtores e tem ajudado a

movimentar a economia da região.

R$ 3,8 mil

foi o valor obtido pela saca de 60kg, em leilão,

seis vezes maior do que o produtor

conseguiria no mercado comum

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

133


134 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

135


ASSOCIAÇÃO COMERCIAL

ACIM oferece portfólio

para empreendedores

Além de cursos, consultas de crédito, entre outras soluções, entidade tem

como novidade um espaço de inovação gratuito

Inovus, novo espaço

da ACIM voltado para

a inovação de micro e

pequenas empresas:

serviço não tem

custo para empresas

associadas

136 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


Os micro e pequenos empresários contam com um

parceiro importante para inovar. É que a Associação

Comercial e Empresarial de Maringá (ACIM) lançou

o Inovus, um espaço que oferece serviços para os associados.

É uma oportunidade para buscar melhorias e aprimorar processos

e produtos. Tudo isso validando uma ideia em poucos

dias e com acompanhamento de consultores.

A novidade está disponível de forma gratuita para os cinco

mil associados. E para implantar o espaço, foi necessário revitalizar

os três pisos do prédio da entidade. A reforma permitiu

também a ampliação do espaço destinado ao Centro de Treinamento,

que oferece cursos rápidos. São mais de 20 cursos

todos os meses de temas variados, como gestão, redes sociais,

finanças, lideranças, entre outras áreas. Associados pagam

metade do valor. E quem não tem tempo, pode escolher

entre as opções online.

As mudanças foram implantadas na primeira gestão do

presidente Michel Felippe Soares, que foi reeleito para um

mandato de dois anos, até 2022. Ele aposta em uma gestão

colaborativa, com foco na inovação e no aumento de portfólio

de produtos e serviços para os associados, em especial

para os pequenos negócios. Foi na gestão dele que a ACIM

atingiu a marca dos cinco mil associados. “A Associação Comercial

é a parceira dos empreendedores, seja oferecendo

soluções para o dia a dia dos negócios e contribuindo para

uma gestão eficiente, seja colaborando com o desenvolvimento

regional”, destaca.

Uma das formas de contribuir com a competitividade dos

pequenos negócios é o programa Empreender, que une em

núcleos setoriais e multissetoriais empresários de um mesmo

segmento ou interesse. Em reuniões quinzenais, eles discutem

os desafios e como melhorar os negócios, criando centrais

de compra, negociações em conjunto junto aos fornecedores,

participando de visitas técnicas, capacitações, entre

outras soluções. Tudo com o acompanhamento de consultores.

O programa é o maior do gênero no Brasil e conta com

quase 70 núcleos e mil empresários.

Os bons resultados e o porte do Empreendedor renderam

destaque internacional. No ano passado o presidente da ACIM

representou a entidade num evento em Paris, na França, para

compartilhar as boas práticas associativistas e explicar sobre

o Empreender. Ele foi a convite do Al-Invest, um dos programas

de cooperação econômica mais bem-sucedidos da União

Europeia na América Latina para apoiar as empresas de micro,

pequeno e médio portes. Também no ano passado a entidade

recebeu o prêmio ‘Desenvolvimento Local’, concedido pela

Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do

Brasil (CACB), como reconhecimento ao desenvolvimento

local e apoio ao associativismo e ao empreendedorismo.

Gestão

A entidade oferece outras ferramentas, como o Serviço de

Proteção ao Crédito (SPC), que permite o acesso à base de

dados mais completa do Brasil, a do SPC Brasil e Serasa. Isso

significa que as consultas abrangem até 90% dos cadastros

de mau pagadores registrados em todo o Brasil.

Mas não é só isso. Os serviços que envolvem o SPC integram

uma lista de dezenas de soluções em diversas áreas

como o Consult Imobiliário, que emite Declaração Negativa

ou Positiva do locatário/fiador para imobiliárias.

Segurança com menos burocracia e mais vantagens é a proposta

da certificação digital, ofertada para empresas e pessoas

físicas por meio de uma parceria com a Federação das Associações

Comerciais e Empresarias do Paraná (Faciap).

A ACIM também tem contribuído com condições diferenciadas

em soluções de crédito. O escritório da Fomento Paraná

instalado na sede da entidade libera crédito para pessoas

físicas e jurídicas e iniciativa pública. Também dentro da associação,

a Noroeste Garantias avaliza empréstimos de micro

e pequenos empresários, permitindo taxas mais baratas nas

instituições financeiras parceiras. Outro parceiro é o Sicoob

Metropolitano, uma cooperativa de crédito que nasceu na

ACIM e é uma das mais sólidas do Brasil.

O portfólio de produtos e serviços inclui uma ferramenta

de gerenciamento e emissão de boletos ao custo máximo de

R$ 1,99, um programa de vantagens para os colaboradores e

agora o Inovus, o espaço de inovação com serviços gratuitos

para os associados.

Fotos/Ivan Amorin

Centro de treinamento:

mais de 20 cursos

rápidos por mês; há

também opção online

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

137


“ENTREVISTA MICHEL FELIPPE SOARES

Maringá tem uma

condição diferenciada

Para o presidente da ACIM, cidade oferece qualidade de vida, bom ambiente de negócios e

organização social

Soares: a

maioria dos

associados

é composta

por micro

e pequenas

empresas

Segundo um relatório do Banco Mundial, as empresas

brasileiras gastam, em média, 1.958 horas por ano para

cumprir as regras tributárias, o que contribui para o país a

ocupar a 109ª posição no ranking que mede a facilidade “de fazer negócios no mundo”

138 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


Michel Felippe Soares, presidente da Associação Comercial

e Empresarial de Maringá (ACIM), afirma em

entrevista para este Anuário que Maringá, por contar

com uma sociedade civil organizada e atuante, e por ser planejada

desde a fundação, tem uma condição diferenciada em relação

a outros municípios brasileiros. Graduado em Direito e em Administração,

ele tem focado a inovação em sua gestão à frente da

entidade que representa cinco mil associados.

A retomada da atividade econômica é percebida de

forma geral no país e especialmente em cidades pujantes

e estruturadas em serviços, como Maringá, que também

é um polo agrícola importante. Na sua avaliação, de

que maneira as reformas que vêm sendo propostas

(tributária, política e administrativa) podem contribuir

para impulsionar esse processo?

Michel Felippe Soares As reformas tributária, política e administrativa

são reivindicações antigas da classe produtiva. No

caso da reforma tributária, o Brasil tem quase cem impostos,

taxas e contribuições, fora o emaranhado de leis e portarias. Segundo

um relatório do Banco Mundial, as empresas brasileiras

gastam, em média, 1.958 horas por ano para cumprir as regras

tributárias, o que contribui para o país ocupar a 109ª posição

no ranking que mede a facilidade de fazer negócios no mundo.

A reforma deve substituir cinco impostos por um, com a tributação

sobre o consumo. Esse imposto único também acabaria

com a guerra fiscal entre os estados, já que uma alíquota seria

cobrada no local onde o bem ou serviço é consumido. Outra

reforma é a política, que discute o fim da reeleição do executivo

com o aumento do mandato para cinco anos, entre outras

mudanças. Já a reforma administrativa pode revisar salários, reduzir

número de carreiras e aumentar o prazo para o atingir a

estabilidade para os futuros servidores federais, sem afetar os

servidores atuais. São reformas essenciais para contribuir com a

redução da carga tributária, permitir maior competitividade dos

negócios e modernizar o funcionalismo público.

Sendo uma entidade de classe, o que a ACIM mais tem

ouvido dos associados a respeito de outras medidas

que os governos estadual e federal precisam priorizar

no sentido de apoiar o desenvolvimento dos setores

industrial e empresarial?

Maringá, por ter uma sociedade civil organizada atuante e por

ser planejada desde a fundação, tem uma condição diferenciada,

oferecendo qualidade de vida, bom ambiente de negócios,

organização social e interação positiva entre poder público e

sociedade civil. Justamente por isso muitas vezes a cidade é

preterida em investimentos em segurança, a exemplo do envio

de novas viaturas e mais policiais e delegados da polícia

civil, sendo essa uma reclamação frequente entre os empresários.

Também precisamos de investimentos em infraestrutura,

como a duplicação de 20 quilômetros entre Maringá e Iguaraçu,

cujo projeto executivo foi custeado por empresários e a licitação

da obra deverá ser feita neste ano, segundo o governo

do estado. Outras reivindicações são: a construção do viaduto

do shopping Catuaí, no cruzamento entre as rodovias BR-376

e PR-317, para reduzir o congestionamento; trincheiras na

rodovia de passagem pelo distrito de Iguatemi e a duplicação

da PR-323 entre Maringá e Cianorte

Estamos vivendo tempos mais desafiadores no âmbito

das tecnologias. Como a ACIM vem conduzindo esse

assunto e trabalhando no sentido de orientar seus

associados quanto à inovação?

Os três pisos do prédio da ACIM foram reformados para tornar

os ambientes mais colaborativos e para a implantação do

Inovus, no segundo piso, voltado principalmente para micro e

pequenas empresas que querem inovar. Os empreendedores

poderão buscar melhorias, aprimorar e evoluir em processos e

produtos. O objetivo é que uma ideia seja validada em poucos

dias, com o acompanhamento de consultores.

Capital nacional do associativismo, Maringá congrega

vários ramos nessa área, como agropecuário, crédito,

mão de obra, transportes e educação, com números

expressivos em faturamento, ativos, geração de

impostos e empregos. Ao longo de sua história, a ACIM

foi sempre uma entidade de vanguarda. Como ela atua

em relação ao associativismo?

A ACIM surgiu pouco após a fundação de Maringá. Desde então

reúne empresários para incentivar um bom ambiente de negócios,

contribuir com o desenvolvimento regional e fazer pleitos

aos governos. A maioria dos nossos associados é composta por

micro e pequenas empresas, que encontram produtos e serviços

voltados para o dia a dia de seus negócios, como boletos

bancários, cursos rápidos, consultas de crédito e campanhas de

incentivo às vendas. Temos um programa chamado Empreender

que une micro e pequenos empresários em núcleos setoriais

e multissetoriais para que possam ganhar competitividade, por

meio de compras em conjunto, ações publicitárias, visitas técnicas

e cursos. São cerca de mil empresas agrupadas em quase 70

núcleos, que têm o acompanhamento de um consultor da ACIM

A respeito do agronegócio, a safra de soja que está

sendo colhida, uma das maiores dos últimos anos, deve

injetar alguns bilhões de reais na economia da região

de Maringá e região próxima. O sr. possui um estudo,

uma avaliação mais precisa sobre a importância desse

setor e de como seus resultados contribuem para

impulsionar a economia local?

Não temos estudo específico sobre o agronegócio, mas é um

setor que movimenta um número grande de setores da economia

local, como insumos, maquinários, seguros e automóveis, e

injeta recursos importantes na região.

Temos o programa Empreender que une micro e pequenos

empresários em núcleos setoriais e multissetoriais para que

possam ganhar competitividade, por meio de compras em

“conjunto, ações publicitárias, visitas técnicas e cursos”

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

139


140 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

141


SHOPPING

Divulgação/Maringá Park

142 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


Marcas exclusivas e

atendimento premium

são diferenciais

do Maringá Park

Por mês, 400 mil consumidores passam pelo shopping que é referência em

centro de compras e de lazer para toda a região

Com mais de dez anos de atuação e localização privilegiada,

o Maringá Park Shopping Center abriga, em

seus quatro pisos, cem lojas de marcas exclusivas e

desejadas, sendo 36% delas exclusivas em Maringá. Mais

de 90% das operações são lojas próprias de grandes redes

e franquias. Lá estão Animale, Victor Hugo, Capodarte,

Santa Lolla, Canal, Farm, Polo Play, Lilica e Tigor e muito

mais, isso sem falar das lojas-âncoras, entre elas Renner,

C&A e Riachuelo. Recentemente o shopping recebeu novas

operações como Vivara e Bonny e as exclusivas Valisère,

Affetto e Moncloa – espaço gourmet de chás.

Nos corredores iluminados, vitrines e araras enchem os

olhos dos visitantes e são um convite para o consumo,

mas não é só isso, o shopping também oferece operações

de serviços, entretenimento, uma irresistível praça de alimentação

e recebe exposições e eventos de lifestyle. E

ainda oferece um mundo de experiências aos clientes.

Em 2019, o Maringá Park fez história ao sediar o Vogue

Fashion’s Night Out (VFNO), evento da Vogue Brasil

considerado a maior celebração do mundo em torno

da moda e o primeiro no Brasil a ser realizado fora de

uma capital. Estiveram presentes em Maringá: a editora

de moda, Barbara Migliori, a editora digital, Renata Garcia,

e o editor de cultura, Nô Mello, além de influenciadoras

digitais da cidade e da região. A programação contou

com desfile comentado, talk show e visita às lojas pelo

time da Vogue. E neste ano mais uma edição do badalado

evento está confirmada.

Para as crianças, o shopping oferece dois espaços de diversão:

o Funplace e o Kid’s Life. Nesses espaços há atrações

para todas as idades, desde brinquedos eletrônicos

aos tradicionais. Na rede de cinemas Cineflix, os clientes

encontram lançamentos de filmes nacionais e internacionais

e contam com cinco modernas salas.

Na praça de alimentação as opções vão de fast-food

a self-service gourmet. Há ainda espaços de convivência,

fraldário, caixas eletrônicos e espaços instagramáveis

para os clientes fazerem clicks para as redes sociais. O

Instapark, como foi batizado o espaço, conta com cinco

opções de cenários.

Em 2019, o Maringá Park deu mais um importante passo

no acolhimento aos clientes. O shopping passou a ser

pet friendly, ou seja, permite a circulação de animais de

estimação, um conforto a mais para os tutores que gostam

de estar sempre acompanhados de seus pets. Para atender

esse público, o Maringá Park disponibiliza carrinhos petcar

para pets de até 45kg, uma exclusividade em Maringá, que

podem ser usados gratuitamente para passear pelo shopping.

Se o tutor preferir, pode andar com o pet no colo, em

bolsas de transporte ou usando coleira e guia. O Espaço

Pet, que fica no G1 - primeiro piso do estacionamento -

também conta com ponto de arrecadação de ração, bebedouro

e saquinhos higiênicos descartáveis.

Todo esse esmero tem levado a importantes conquistas.

O Maringá Park, que tem 82% dos clientes nas classes

A e B, tem registrado crescimento de vendas acima da

média de mercado de shoppings e tem baixíssima taxa de

vacância (desocupação de lojas), além de nota de investimento

elevada, de AA pela Fitch Ratings.

Outra importante conquista é que o Maringá Park pertence

ao seleto grupo de melhores empresas para trabalhar.

Após avaliação do Great Place to Work (GPTW), é

uma das melhores empresas de pequeno porte (até 99

funcionários) do Paraná. Há dois anos consecutivos o

shopping integra o ranking, que leva em consideração a

avaliação dos funcionários sobre o ambiente de trabalho

e a gestão de pessoas. A equipe, além de uma cesta de

benefícios, recebe treinamentos gratuitos, participa de

ações solidárias e sustentáveis e de eventos comemorativos,

o que gera sentimento de pertencimento.

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

143


“ENTREVISTA EVANDRO DE FREITAS OLIVEIRA

Valores do

empreendedorismo

são fundamentais

“Governo municipal, lideranças

empresariais e comunitárias devem

multiplicar forças para se unir para

implantação desse novo parque

industrial e outros espaços de

acolhimento de startups, empresas e

empreendimentos”

Considero correta a decisão do governo de iniciar a

correção de rumos do país pela redução dos gastos. Sem

reduzir despesas e o déficit público não adianta pensar

em mudanças na arrecadação. Começando pela certeza

de que os brasileiros não aceitam, de forma nenhuma,

“aumento de impostos ou da carga tributária”

144 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


E

mpreendedor do segmento educacional, Evandro de

Freitas Oliveira é diretor-presidente da mantenedora do

Centro Universitário Metropolitano de Maringá (Unifamma),

instituição que, atenta às novas tendências do setor,

inova na oferta de novas modalidades, além da presencial. Nessa

linha são oferecidos, atualmente, cursos online para alunos que

não têm a disponibilidade de irem ao polo, e semipresenciais,

destinados àqueles que precisam unir tecnologia e encontro presencial.

Nesta entrevista, Evandro fala de ensino e também de

desafios a serem enfrentados pela cidade e o país para um crescimento

econômico consistente de longo prazo.

O Brasil tem conseguido, enfim, retomar o caminho do

desenvolvimento e entre os próximos desafios está a

aprovação de reformas que a sociedade considera muito

importantes, como a tributária, política e administrativa.

Como o sr. vê o atual cenário e o que mais considera que

deve ser feito para que o país tenha um crescimento

realmente sustentável?

Evandro de Freitas Oliveira: Entendendo o recado das urnas,

o presidente Bolsonaro entregou os destinos da economia ao

economista Paulo Guedes e sua equipe. Há uma unanimidade

de apoio às medidas de redução de gastos públicos, de diminuir

o tamanho do Estado e torná-lo mais moderno e eficiente.

Considero correta a decisão do governo de iniciar a correção de

rumos do país pela redução dos gastos. Sem reduzir despesas e o

déficit público não adianta pensar em mudanças na arrecadação.

Começando pela certeza de que os brasileiros não aceitam, de

forma nenhuma, aumento de impostos ou da carga tributária. A

partir deste equilíbrio, o país poderá ganhar um ambiente mais

favorável aos negócios e reencontrar o caminho para um crescimento

econômico consistente e de longo prazo.

No âmbito da educação, nunca as pessoas tiveram tantas

oportunidades de cursarem o ensino superior, como

agora. Ao mesmo tempo, os desafios são grandes em

todas as áreas, o que faz com que necessitem estar ainda

mais atentas e preparadas. O que o sr. diria a elas?

De fato, em polos educacionais, como Maringá, há muitas alternativas

para a graduação pós-graduação em ensino superior.

Sem dúvida, no processo de desenvolvimento do país, com o

atual nível de difusão de informações e globalização, as carreiras

profissionais e empresariais passaram a depender, cada vez mais,

de formação e qualificação. Certamente os jovens e pessoas de

todas as idades que se mantêm competitivas sabem e buscam o

conhecimento e a constante qualificação.

Uma instituição de ensino como a sua serve de

termômetro, percebendo a garra, a determinação e a

vontade de superação de muitos acadêmicos e ajudandoos

a se tornarem cidadãos. A escola os desperta para o

empreendedorismo. O sr. poderia fazer um comentário

sobre esse papel de uma instituição?

A determinação dos acadêmicos, seus objetivos de crescimento

e superação fornecem grande parte da energia positiva que

impulsiona a nossa instituição. Estamos atentos ao fato de que

os valores do empreendedorismo são fundamentais, tanto para

aqueles que terão os seus próprios negócios ou serão profissionais

liberais, quanto para aqueles que estarão nas equipes de

colaboradores das empresas. Conhecer o empreendedorismo

amplia a visão sobre a importância de produzir, essência dos

resultados que qualquer empresa necessita para sobreviver e

crescer. Um novo país, mas eficiente, mais produtivo e próspero,

acontecerá e será feito quando a maioria da população entender

o seu papel e o seu compromisso de ser produtivo, de ser realizador,

de fazer parte dos grupos que impulsionam o seu bairro,

dão valor à sua cidade e contribuem para as realizações dos seus

estados e o desenvolvimento do Brasil.

Maringá se destaca como uma cidade diferenciada no

país. O que, a seu entendimento, precisa ser feito para

que ela se torne ainda melhor e ofereça mais qualidade

de vida à população?

Chegamos a 2020 aos 73 anos da nossa cidade. Ela se tornou

destaque no país graças à força empreendedora e realizadora do

seu povo. Nosso grande desafio, neste momento, é não retroceder,

é não perder fôlego, é voltar a ter prioridades nos serviços

públicos básicos e no incentivo direto e real ao empreendedorismo,

aos projetos empresariais, às iniciativas das micro e pequenas

empresas, no apoio e qualificações dos empreendedores

individuais e trabalhadores. A qualidade de vida que conquistamos,

para ser mantida hoje e amanhã, precisa de gestão pública

com planejamento, execução e responsabilidade. Pelo que observo,

há necessidade de uma mudança vigorosa nas prioridades

da gestão municipal e uma maior participação da sociedade organizada

e da população nas discussões e tomadas de decisões.

Não basta ouvir a sociedade e as pessoas, é preciso atender as

demandas e reivindicações da maioria.

Com relação ao agronegócio regional, gerador de muitas

riquezas, a cidade é um polo importante e um bem

estruturado centro de serviços. Mas como verticalizar

isso, por meio da atração de novas indústrias?

A nova Cidade Industrial, ao lado de um aeroporto estruturado

para ser um polo aeronáutico, integrado a rodovias e ferrovia

precisa de incentivos prioritários da administração municipal.

Nos atrasamos nos últimos três anos. Governo municipal,

lideranças empresariais e comunitárias devem multiplicar forças

para se unir para implantação desse novo parque industrial e

outros espaços de acolhimento de startups, empresas e empreendimentos.

Maringá pode avançar mais e com maior união e

velocidade na direção do seu desenvolvimento.

Um novo país, mas eficiente, mais produtivo e próspero,

acontecerá e será feito quando a maioria da população entender o

seu papel e o seu compromisso de ser produtivo, de ser realizador,

de fazer parte dos grupos que impulsionam o seu bairro, dão valor

à sua cidade e contribuem para as realizações dos seus estados e o

“desenvolvimento do Brasil”

ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

145


146 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO


ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO

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148 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,

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