Anuário do Agronegócio 2020
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ANUÁRIO
PARANAENSE DE
AGRONEGÓCIO
INDÚSTRIA
E COMÉRCIO
2020
NOVOS
TEMPOS
GRANDES
DESAFIOS
12ª EDIÇÃO
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
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2 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
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INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
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4 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
O protagonismo do
campo e da indústria
No Paraná, o agronegócio e a indústria têm impulsionado fortemente o desenvolvimento econômico.
No que se refere ao campo, todos sabemos o quanto o trabalho dos produtores vem
contribuindo para que o país – e não somente o estado – consiga superar seus desafios e proporcionar
riquezas que fortalecem as regiões, alavancando todos os setores e gerando oportunidades a
milhares de pessoas. Segundo maior produtor nacional de grãos, o Paraná é um modelo de empreendedorismo,
modernidade e organização rural que tem ajudado o Brasil a colher safras recordes a
cada ano e se firmar como um dos principais celeiros do mundo.
O estado conta também com uma atividade industrial pujante, cujo crescimento de 5,7% em
2019 (em comparação ao ano anterior) revela que o segmento vem cumprindo com desenvoltura
o papel de ser, também, um dos protagonistas da economia.
Este Anuário retrata de forma sintética a grandeza dos paranaenses que, com sua energia, atuam
no agro e na área industrial, na expectativa de que histórias de sucesso – como as aqui relatadas
- sejam comuns também em outros setores econômicos, de maneira a deixar para trás as dificuldades
vividas nos últimos anos e, com o natural talento e dedicação da nossa gente, possamos
edificar um futuro promissor.
Lucienne Silva
Diretora
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índice
12
2020
safra paranaense
pode ser recorde
10 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
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CONFIRA
Colheita altamente produtiva
18
Sem medo de enfrentar desafios
20
Arrendar para expandir os negócios
30
Integração é sustentabilidade
36
Os filhos estão de volta
44
Diversificar, o melhor negócio
42
Produtoras movidas pela paixão
52
Pecuária de alto padrão
54
Sicredi oferece suporte ao campo
56
Indústria tem crescimento forte no PR
58
Expoingá conecta ao novo agro
67
Cocamar planeja faturar R$ 10 bi em 2025
94
Maringá sedia o X Encontro Técnico Avícola
98
Cafeicultor paranaense é premiado
110
Diretora de Projetos
Lucienne Vieira da Silva
DNP EVENTOS EIRELI
CNPJ: 07.742.980/0001-47
Editor
Rogério Recco
Jornalista
Luíza Recco
Editoração
Andréa Tragueta
Capa
Emerson Andujar
Impressão
Gráfica Massoni
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
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AGRONEGÓCIO PARANAENSE
Novos tempos,
grandes desafios
Depois de um 2019 com forte redução de
produtividade das lavouras, causada por
intempéries, 2020 promete recuperação
Asafra paranaense de grãos de verão 2019/2020 pode chegar
a 23,4 milhões de toneladas, valor 19% superior ao da
safra anterior, quando foram produzidas 19,7 milhões de toneladas.
Os dados são do relatório divulgado pelo Departamento de
Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do
Abastecimento (Seab).
Ao mesmo tempo em que finalizam a colheita da primeira safra
de feijão, os produtores iniciam a colheita da soja e do milho da
primeira safra. “As colheitas já realizadas confirmam a tendência
de um bom desempenho da safra paranaense, com estimativa de
produção de 19,7 milhões de toneladas de soja, e que, pelas boas
condições das lavouras, pode surpreender”, diz o chefe do Deral,
Salatiel Turra. A perspectiva de produção para o milho é de 3,2
milhões de toneladas, o que reafirma uma safra acima de 23,4 milhões
de toneladas de grãos.
“Se somarmos isso à primeira avaliação da segunda safra de feijão
e à segunda safra de milho, chegamos a um patamar acima do
que se colheu no ano passado. Com tudo somado, a primeira avaliação
de semeadura de inverno pode elevar a estimativa da safra
2019/2020 para mais de 38 milhões de toneladas, uma boa recuperação
com relação ao ano passado”, diz o secretário estadual da
Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara.
A soja ocupa uma área recorde de 5,5 milhões de hectares, o que
pode permitir ao Paraná uma produção próxima de 20 milhões de
toneladas. Para Ortigara, “tanto a safra quanto os preços são satisfatórios,
em que pese o cenário mundial”.
SOJA
A estimativa de produção é de 19,7 milhões de toneladas, 22% a
mais do que a safra 2018/2019. Se a expectativa se confirmar, o
estado terá uma de suas maiores safras. O preço que tem sido de
referência aos produtores pela saca de 60 kg de soja é R$ 78,00,
valor 15% superior ao do ano passado, e cerca de 30% da safra
estão comercializados. A alta do dólar tem beneficiado a exportação.
MILHO
A produção de primeira safra é calculada em 3,2 milhões de toneladas
é 3% maior do que na safra 18/19, numa área de 348,8 mil
hectares. Em relação ao milho de inverno, espera-se a produção de
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A projeção é de que sejam colhidas
19,7 milhões de toneladas de soja;
estado é o segundo maior produtor
nacional, só atrás do Mato Grosso
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13
R$ 25
bilhões devem ser injetados pela soja, na
safra de verão 2019/20, na economia do Paraná
5,5
milhões de hectares é a área ocupada pela
oleaginosa, um recorde
38
milhões de toneladas é quanto o Paraná pode
colher na soma das culturas de verão (2019/20) e
inverno (2020)
aproximadamente 12 milhões de toneladas, uma redução de 7%
na comparação com a safra 18/19, causada pelo atraso no plantio
da soja que, em algumas regiões, inviabiliza o cultivo de milho
no inverno. A área prevista é de 2,2 milhões de hectares.
Quanto aos preços, registra-se um aumento superior a 30%
comparativamente ao ano passado. A saca de 60 kg é comercializada
por R$ 40,00, enquanto que em janeiro de 2019 o valor
ficou próximo de R$ 30,00. De acordo com o Deral, o preço atual
remunera bem os produtores que investiram no milho, principalmente
na primeira safra, e provavelmente beneficia também
os contratos futuros da segunda safra. Segundo especialistas, os
preços devem manter-se num patamar mais elevado justamente
porque estima-se redução na produção da safra 19/20, no
Paraná e no Brasil. A produção brasileira deve ficar próxima a
95 milhões de toneladas e, apesar de ser menor do que no ano
passado, atende ao mercado doméstico e às exportações.
FEIJÃO PRIMEIRA SAFRA
A safra atingiu o potencial produtivo estimado. Mesmo com redução
de área de 6%, de 162,3 mil hectares para 152,2 mil, a
produção será 24% maior”, diz o engenheiro agrônomo Carlos
Alberto Salvador.
São 59 mil toneladas a mais do que ano passado, atingindo
306 mil toneladas. As lavouras estão em boas condições, com
produtividade de 2 mil kg/ha, uma das maiores até agora.
Com relação aos preços, a saca de 60 kg de feijão-cores
tem sido comercializada ao redor de R$ 160,00 e o feijão-
-preto por R$ 122,00, valores que não devem cair muito
nos próximos meses.
FEIJÃO SEGUNDA SAFRA
A estimativa de produção é de 443 mil toneladas em uma área
de 227 mil hectares, 8% menor do que no ano passado, mas a
produção deve ser 24% maior.
TRIGO
Com o encerramento da colheita em novembro, os números definitivos
mostram perdas de aproximadamente 30% em comparação
à estimativa de produção inicial, que era de 3 milhões de
toneladas. A safra é de 2,1 milhões de toneladas, 24% a menos
Flamma
do que na safra passada. O valor de R$ 50,00 pela saca de 60 kg
remunera o produtor, mas representa uma valorização típica do
período de entressafra.
MANDIOCA
A área de 140 mil hectares é 3% maior do que na safra 18/19
e estima-se uma produção de 3,4 milhões de toneladas, volume
12% maior do que na safra anterior. Os preços subiram 19%
na comparação com janeiro de 2019. Hoje, o produtor recebe
pouco mais de R$ 400,00 por tonelada. “O aumento se deve
à entressafra e à reposição dos estoques de fécula e farinha realizada
nessa época. Esse é o quarto ano consecutivo de bons
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INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Cotações do
milho estão
30% acima na
comparação
com as do
ano passado,
estimulando o
produtor
preços para a mandioca, um dos maiores períodos registrados”,
diz o economista do Deral Methodio Groxko.
Os principais polos produtores de mandioca são as regiões de
Paranavaí, Umuarama, Campo Mourão e Toledo, responsáveis
por 80% da produção estadual. Está prevista uma disputa mais
intensa de matéria-prima entre as indústrias de fécula e farinha,
em função do aumento da produção neste ano, com baixos estoques
de fécula.
Além disso, se as projeções de crescimento de 2% no setor
industrial se confirmarem, conforme aponta o boletim do Banco
Central, as indústrias do papel e das embalagens vão demandar
uma produção ainda maior.
“
Tanto a safra
quanto os preços
são satisfatórios,
em que pese o
cenário mundial”
Norberto Ortigara,
secretário da Agricultura e
do Abastecimento
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
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ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
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PRODUTIVIDADE
Colheita altamente
produtiva em Apucarana
Em 726 hectares, família obtém 82 sacas de média, graças ao manejo adequado e emprego de
tecnologias atualizadas
Fotos/Flamma
O produtor Evaldo
Bovo no comando de
sua colhedeira: “Temos
que estar ligados”
18 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Quando a colheita é boa, a máquina enche rápido e
os caminhões não têm parada. Pois é isto que está
acontecendo neste início de safra de soja em Apucarana
(PR). O município que nos últimos anos se destacou
pela alta produtividade de suas lavouras, parece estar diante
de mais uma temporada em que produtor nenhum pode
botar defeito.
Pilotando nos últimos dias de janeiro a confortável colheitadeira,
o produtor Evaldo Carlos Bovo estava entre os que
abriam a colheita na região. Em uma propriedade próxima
ao aeroporto, sem solavancos na cabine refrigerada, ele parecia
passear sobre a lavoura, atento ao monitor que exibia
instantaneamente os números da operação, quase nunca inferiores
a 100 sacas por hectare. A lavoura não cresceu tanto,
mas estava tão repleta de vagens que em dez ou quinze
minutos era preciso dar um tempo para descarregar.
MÚSICA
“Acho que vamos fechar com mais de 80 sacas de média”,
calculou Bovo, lembrando que um dos primeiros talhões colhidos
rendeu 92,5 sacas por hectare. Isto é música aos ouvidos
de qualquer produtor. Bovo e quatro irmãos são sócios
em 919,6 hectares no município e imediações e, segundo
ele, a atividade é conduzida com profissionalismo.
A seu ver, as razões do sucesso estão, principalmente,
na escolha de variedades adequadas, no investimento em
adubação de qualidade, no controle fitossanitário efetuado
na hora certa e na preocupação em absorver as tecnologias
que vão surgindo. “Não abrimos mão de participar
de dias de campo e palestras na cooperativa e de ficar de
olho na internet, sempre em busca de novidades. Temos
que estar ligados.”
Orientados pelo engenheiro agrônomo Danilo Lomba, os
Bovo não têm conhecido frustração, mantendo um histórico
de alta performance. Mesmo na safra passada (2018/19),
em que a região foi atingida por estiagem, eles colheram
71 sacas por hectare, bem acima das 50 sacas registradas
no município. No ano anterior (2017/18), a marca havia
sido de 76,8 sacas por hectare. Segundo Lomba, a safra
2019/20 não tem apresentado sobressaltos em matéria
de pragas e doenças. Houve apenas um atraso no plantio
causado por estiagem e calor forte, mas com o retorno das
chuvas a situação normalizou. Trabalhando com segurança,
os Bovo já têm comercializados 25% da safra, suficientes
para cobrir os custos de produção.
resultado de muito esforço, os Bovo empreenderam uma
trajetória ascendente. A cada ano, nunca deixaram de comprar
terras no entorno de Apucarana e não pensam em parar
tão cedo, apesar das altas cotações do ativo. “Temos uma
pilha de escrituras, fomos juntando pedacinhos”, comentou
Evaldo, Hoje são 919,6 hectares, dos quais 726 cultivados
com lavouras. Os restantes 193,6 hectares são áreas de
preservação permanente.
Evaldo comentou que se antes o destino de quem não
queria estudar era a roça, atualmente ocorre o inverso: por
ser uma atividade altamente tecnificada, a agricultura requer
profissionais cada vez mais bem preparados.
Os Bovo são personagens de um ciclo de prosperidade
que tem a soja como carro-chefe e faz do agronegócio o
setor mais importante e dinâmico da economia. No final
de janeiro, enquanto as máquinas colhiam a oleaginosa, as
plantadeiras já vinham atrás, realizando a semeadura de milho
no inverno, cultura em que eles são, também, uma referência
regional em produtividade.
Lavoura não
cresceu tanto, mas
ficou repleta de
vagens
Com soja, a prosperidade
Tão interessante quanto os números obtidos pelos Bovo é
conhecer a sua história. Os cinco filhos homens do total de
sete do seu Darci, de 85 anos, e de dona Dalva, de 80, formam
há três décadas uma sólida sociedade na agricultura,
que envolve três deles, e também num comércio na cidade,
onde estão os outros dois.
Até 1986, o único bem da família era uma pequena chácara
de 4,8 hectares, da qual subsistiam. “Eu tinha treze
anos nessa época e tive que fugir da escola para ajudar
meus pais na roça”, brincou Evaldo, hoje com 43. Aos poucos
eles foram adquirindo pequenos lotes de terra e, em
1995, diante de uma profunda crise pela qual passava o
campo, resolveram diversificar, apostando em uma casa de
materiais de construção.
Com a estabilidade da economia a partir dos primeiros
anos do Plano Real, a agricultura voltou a ser interessante
para os produtores de grãos e, sempre colhendo bem, como
Flamma
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
19
“É preciso fazer
tudo com amor”,
afirma Leonardi,
de 70 anos
20 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Leonardi,
uma referência
Morador no distrito de São Martinho, em Rolândia (PR), o produtor Vanderlei Leonardi
tem conseguido uma média de produtividade de soja, nos últimos anos,
sempre acima de 68 sacas por hectare. Na medida em alqueire (2,42 hectares),
comum no norte do estado, isto equivale a 165 sacas – uma quantidade de encher os olhos
de qualquer agricultor.
Mas foi justamente no difícil ciclo 2018/19, marcado por graves problemas climáticos,
que Leonardi atingiu o seu melhor desempenho no sítio de 53,2 hectares. Nesse ano complicado,
ele obteve a espetacular média de 77,6 sacas/hectare, tendo alcançado o pico
de 88,4 sacas – números que, em alqueire, correspondem, respectivamente, a 188 e 214
sacas de média.
Em seu trabalho, Leonardi, de 70 anos, conta com a parceria do filho Damilo nas operações
rotineiras da roça e também o apoio eventual de outro filho, Rodrigo, profissional especializado
no ramo de carnes e derivados – São Martinho, afinal, é famoso pela qualidade
dos seus embutidos.
MEIO CAMINHO ANDADO
“É preciso fazer tudo com amor”, diz o produtor, intrigando quem esperava por uma resposta
mais técnica. Ele explica, com sua singeleza: “Sempre falo para o meu filho que precisa
ter amor no que se faz. Se tiver amor, é meio caminho andado.”
O sucesso de Leonardi, claro, advém de um conjunto de fatores. Ele é daqueles que capricham
no manejo no solo - argiloso e de alta fertilidade – na adubação e no plantio. E segue
à risca tudo o que o agrônomo da Cocamar recomenda. No ano passado, enquanto a região
toda sofria com a seca, uma chuva de 100 milímetros banhou o seu sítio, assegurando a
alta produtividade na reta final. Sorte? Sem dúvida, mas apenas ela não faz o resultado que
o produtor tem apresentado todos os anos. “O seu Vanderlei é um dos nossos melhores cooperados,
sem dúvida”, comenta o agrônomo Renan Zanzarini, que lhe presta atendimento.
CONHECIMENTOS
Seguir a orientação técnica é tão importante quanto participar de dias de campo e outros
eventos técnicos. São nessas ocasiões que agricultores interessados como Leonardi aproveitam
para aprimorar conhecimentos. Independente disso, com a experiência de seus 70
anos, o produtor de São Martinho é um especialista em soja, conhecedor de todos os detalhes
e caminhos que levam ao sucesso, o que também acontece no período de inverno,
quando se dedica a produzir milho – alcançando a apreciável média de 103,3 sacas por
hectare.
Agora, na expectativa de efetuar a colheita de soja no início de março, seu palpite, olhando
a beleza da lavoura repleta de vagens em granação, é beirar as 80 sacas por hectare de
produtividade, em média. Ainda não tem nada garantido, mas pode estar vindo por aí outra
marca campeã.
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
21
Volpato está à frente
de 18 propriedades em
vários municípios
Flamma
Produtores que crescem
sem medo dos desafios
Nascidos e criados em pequenas propriedades nos
municípios de Ourizona e Atalaia, no noroeste
paranaense, onde antigamente suas famílias lidavam
com café e cultivos de subsistência, os produtores
José Rogério Volpato, 41 anos, e Paulo Vinícius Tamborlin,
35, têm trilhado na vida caminhos semelhantes.
Hoje prósperos produtores de grãos, eles são donos de
terras, cultivam também em propriedades arrendadas e
são receptivos a propostas de parcerias. São agricultores
adeptos a novas tecnologias e obstinados por crescer.
SOLOS DIFERENTES
Volpato, que reside na vizinha São Jorge do Ivaí e tem graduação
em contabilidade, administração de empresas e um
MBA em agroecologia, enfrenta a cada safra o desafio de
lidar com diferentes tipos de solos, mas é na complexidade
de trabalhar no areião típico da região que ele e Tamborlim
se sobressaem. Historicamente, suas médias de produtividade
de soja estão num patamar bem superior ao da realidade
regional, o que resulta da preocupação deles em incorporar
conhecimentos, tecnologias e práticas modernas
para explorar todo o potencial produtivo das lavouras.
Segundo Volpato, “um produtor de cultiva na areia precisa
ter a consciência de que, para produzir bem, não pode vacilar
e nem improvisar”. As práticas conservacionistas são tão importantes,
dada a fragilidade do solo, quanto saber escolher
as variedades, os produtos adequados e os tratos culturais
que devem ser realizados na hora certa, somando à recomen-
22 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Tamborlim:
experiência em lidar
com qualquer tipo
de solo
Flamma
dação técnica especializada a própria experiência acumulada
ao longo de anos. Com estrutura de maquinários, ele produz
em 18 propriedades localizadas na sua região, que totalizam
300 alqueires (726 hectares). Em uma delas, em Presidente
Castelo Branco, na safra 2017/18, surpreendeu ao colher
200 sacas de média por alqueire (82,6 por hectare). A surpresa
se justifica: pelo reduzido teor de argila, dizia-se esse
tipo de solo seria imprestável para o cultivo de grãos.
RAPIDEZ
Engenheiro agrônomo com pós-graduação em agronegócio,
Tamborlim cultiva 16 propriedades entre terras próprias,
arrendadas e fruto de parcerias, que somam 215
alqueires (520,3 hectares). A exemplo do colega, ele não
descuida de participar de dias de campo, palestras técnicas
e eventos relacionados à difusão de tecnologias. “É
preciso estar atento a tudo”, assevera, lembrando que a
tecnologia avança rapidamente.
INVESTIR
Sem medo de encarar desafios, ele assumiu neste ano o
arrendamento de uma área antes cultivada com cana-de-
-açúcar. “Fiz um planejamento para cinco anos e considerando
a necessidade de investir na reestruturação desse
solo, avalio que no primeiro vou ficar no vermelho ou,
com a ajuda de São Pedro, pelo menos empatar.”
Tanto Tamborlim quanto Volpato trabalham com a
mentalidade de que, em terras arrendadas, precisam investir
no solo, mediante análise criteriosa, pois o custo
de produção é bem mais alto que plantar em terras próprias
e, por isso, dependem de colher muito para que o
resultado valha a pena. Os contratos que firmam com os
proprietários são praticados em duas modalidades: uma
quantidade fixa em sacas por alqueire ou um percentual
sobre a colheita. “No percentual, os riscos são divididos
entre as duas partes e quase sempre o proprietário fica
mais satisfeito”, diz Tamborlim.
O desejo de ambos não é outro senão continuar absorvendo
novas áreas para manter o crescimento. A fragmentação
impõe o desafio da logística, pois não é tão simples
fica fazendo o deslocamento de maquinários de uma propriedade
para outra. Mas, pelo jeito, tem valido a pena.
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
23
“
Sem proteger
o solo e
entender suas
necessidades,
nada vai
adiantar”
Júnior Hideo
Tsuruda,
produtor de Ibiporã
Flamma
Tsuruda: se antes a média na soja era de 49,5 sacas por hectare, agora são quase 62
Fazer tudo o que é preciso
para produzir bem
Fazer tudo o que é preciso para alcançar altas médias
de produtividade. É com essa determinação que o produtor
Júnior Hideo Tsuruda, de Ibiporã, região de Londrina
(PR), conduz sua atividade. Aos 34 anos, engenheiro
agrônomo, ele tem procurado explorar o potencial produtivo
das lavouras de soja e milho a partir de cuidados com o solo
e uma adubação especial, segundo análises criteriosas.
Com aveia, o produtor faz a rotação de culturas no inverno, o
que, entre outros benefícios, ajuda a reduzir os níveis de compactação
do solo e cobrir a superfície de palha para o plantio direto. A
braquiária ainda não ganhou impulso nessa região. A correção periódica
com calcário é outra estratégia indispensável. Desde quando
assumiu a gestão da propriedade, há dez anos, Júnior conta
que o solo tem recebido atenção especial. “Sem proteger o solo e
entender suas necessidades, nada vai adiantar”, observa.
Com essa preocupação, Júnior tem conseguido alavancar
a produtividade. Antigamente a média da soja patinava ao
redor de 120 sacas por alqueire (49,5 sacas/hectare); de
alguns anos para cá ela tem se situado em 150 sacas por
alqueire (61,9/hectare), lembrando que no ciclo 2013/14,
chegou a 170 sacas por alqueire (70,2/hectare), o que indica
que pode avançar rumo a novos patamares.
24 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
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Os irmãos Tiago e
Lucas dizem não
temer desafios,
aproveitando
oportunidades para
crescer
26 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Produtores arrendam
terras para expandir
Crescer na atividade rural, hoje em dia, é tarefa das
mais desafiadoras que alguns produtores estão sabendo
enfrentar com coragem, ousadia, segurança
e profissionalismo. Em Sabáudia, a 63km de Maringá, no
norte do estado, os irmãos Lucas e Tiago, da família Borrasca
e Casalotti, encontraram no arrendamento de terras um
caminho aberto para empreender.
Desde o início, há sete anos, eles contam com o apoio do pai,
Agnaldo, motivados pela vontade de conquistar o seu espaço,
uma vez que a família sobrevivia de uma pequena propriedade
de 6 alqueires (14,5 hectares) onde ainda hoje produz grãos e
22 mil cabeças de frango em dois barracões.
EM EXPANSÃO
E foi assim, partindo praticamente do nada, que já chegaram
a 110 alqueires (266 hectares) e continuam aumentando
as áreas.
Tudo começou com Lucas, técnico agrícola de 23 anos, que
já aos16 começou a arrendar lotes de conhecidos e parentes,
sem receio de assumir as modalidades de pagamento exigidas
pelos proprietários: uma, a que prevê um percentual definido
sobre a produtividade; outra, uma quantidade fixa em sacas de
soja por alqueire.
É PESADO
“Arrendar não é brincadeira, o custo é bem maior do que cultivar
em terra própria”, comentou Lucas, explicando não haver
meio termo para o arrendatário, a não ser produzir bem para
pagar as despesas da lavoura, a renda para o proprietário e,
depois de tudo isso, garantir a margem de lucro.
Obstinado, Lucas sempre teve consciência de que para ter
boa produtividade é indispensável investir na correção do solo,
mediante análise, em adubação de qualidade e outros cuidados,
seguindo orientação técnica - no caso, do engenheiro
agrônomo Jacson Bennemann, E, como tem disponibilidade
de cama de frango, utiliza esse resíduo dos barracões como um
fertilizante adicional.
BRAQUIÁRIA
Uma das recomendações de Bennemann foi de que os irmãos
investissem no cultivo de braquiária no inverno, em consórcio
com o milho, para reforçar a reestruturação física e biológica
do solo e, entre vários outros benefícios, cobrir a superfície de
palha para o plantio direto e, dessa forma, inibir o surgimento
de ervas de difícil controle. Neste ciclo de verão 2019/20, a
braquiária abrange 60% das áreas, mas no próximo período
(2020/21), a previsão é chegar aos 100%.
SEGURO E CUSTOS TRAVADOS
Outra orientação que eles seguem é fazer o seguro de toda a
lavoura e travar os custos de produção. antecipando a venda
de uma parcela da safra futura – negociada recentemente a R$
80 a saca de soja. “A gente começa uma safra já devendo de
100 a 110 sacas por alqueire”, assinala Tiago.
MÉDIAS ALTAS
Com o manejo adequado do solo, que retém umidade na superfície,
os dois irmãos têm conseguido amenizar os efeitos
do déficit hídrico, como se observou na última safra de verão.
Enquanto em várias regiões do estado a falta de chuvas castigou
a lavoura, causando quebra de produtividade, eles colheram
a boa média geral de 150 sacas por alqueire (61,9 sacas/
hectare) e expressivos 179 sacas por alqueire (73,9 sacas/
hectare) na área reservada ao concurso de produtividade da
Cocamar. Só para comparar, a média no município ficou entre
110 e 115 sacas por alqueire.
Formado em gestão de agronegócio, Tiago, 28 anos, deixou
de trabalhar em uma empresa de material de construção na cidade
para enfrentar o desafio de produzir em terras arrendadas
ao lado do irmão.
DÁ CERTO
Para Lucas, não existe terra ruim. Ele dá o exemplo de um lote
que estava abandonado e altamente praguejado, onde o proprietário
nem acreditava que fosse possível produzir. Mas com
capricho, os dois controlaram os problemas e investiram na recuperação
do solo, produzindo nesse mesmo lote nada menos
que 160 sacas por alqueire na difícil temporada 2018/19.
CONQUISTAS
Nem tudo está quitado, mas em sete anos os irmãos conseguiram
colher os frutos de seus esforços. Entre outras
conquistas, foi construída uma casa na cidade para Tiago,
compraram terra e estruturaram um parque de máquinas que
já conta com 3 tratores, 1 colheitadeira, 1 uniport, 1 plantadeira
e 1 caminhão.
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
27
Produtores
constroem
fertilidade
para ganhar
produtividade
Desde o ano passado os produtores Francisco Semião e
José Francisco Alves Souza, de Arapongas, participam de
um projeto de construção de fertilidade do solo orientado
pelo especialista Luiz Tadeu Jordão.
Segundo Jordão, esse é um trabalho amplo e de longo prazo,
que vai abranger diversos pontos voltados àquele objetivo. O
projeto inclui desde o levantamento do perfil do solo, ao manejo,
nutrição e fisiologia das plantas, genética, plantabilidade e
proteção de cultivos, com a geração de análises agroclimáticas e
agroeconômicas.
Com a duração de três anos, a área em Arapongas e outras têm
acompanhamento permanente e são utilizadas como unidades
demonstrativas para disseminação das tecnologias aos produtores.
Jordão relata que na safra 2018/19 foi realizado um trabalho
de base (solo) e, no período 2019/20, em curso, o foco é manejo
fisiológico e, no último, na temporada 2020/21, a minimização
de estresse e ajuste do ambiente de produção.
Os produtores dizem que objetivo deles é criar condições para
chegar a uma produtividade de 200 sacas por alqueire [82,6 sacas/hectare].
Nos últimos anos a média deles tem ficado em
140 sacas (57,8 sacas/hectare).
AVEIA
Semião conta que eles cultivam capim braquiária no inverno,
para fazer a forragem do solo, mas neste ano, por causa do clima
seco, a braquiária não se desenvolveu. Para reforçar a cobertura
do solo, foi semeada aveia, que apresentou bom desenvolvimento
e já foi dessecada para o início do plantio.
28 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Os produtores investem para alcançar
uma média de 200 sacas por alqueire
(82,6/hectare)
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
29
PRODUTORES
Desbravadores crescem
ao apostar em novas regiões
Em 726 hectares, família obtém 82 sacas de média, graças ao manejo adequado e
emprego de tecnologias atualizadas
Flamma
Roberto e o filho Everton: os Batalini agora fazem o caminho inverso e voltam a investir no Paraná
30 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
No ano 2000 a família Batalini, tradicional produtora de
grãos em Marialva e outros municípios da região de
Maringá, sondava as terras ainda pouco exploradas para
agricultura no Mato Grosso do Sul. “A gente precisava expandir
e estava ficando caro comprar terra no Paraná”, conta o produtor
Roberto Batalini, 52 anos, que mantém sociedade com os
irmãos Wilson e Moacir. Segundo ele, o objetivo era Naviraí mas
foram parar em Nova Andradina, perto da divisa entre os dois
estados. “Em Naviraí o negócio não andou e, passando por Nova
Andradina, vimos que a geada forte daquele ano não tinha feito
estragos e isto nos chamou a atenção”, lembra.
Na época, pouca gente cultivava soja ali. Eles examinaram a
textura do solo plano, se informaram sobre o regime de chuvas e,
acreditando estar diante de uma oportunidade, decidiram investir.
Se no Paraná os recursos que possuíam só davam para adquirir
no máximo 200 hectares, em Nova Andradina eles foram
suficientes para negociar 580 hectares, área essa que se somou
a outros 290 hectares adquiridos pelo sogro de Roberto. “A proporção
era de 3 por 1.”
VALEU A PENA
Os Batalini realizaram, a seguir, a limpeza das áreas, a remoção
de leiras, a destoca e a correção da acidez do solo, bem como a
instalação de uma base com todos os maquinários que precisavam.
Mas valeu a pena. Desbravaram a região confiantes de que
estavam no caminho certo e o resultado não poderia ser outro.
Com as boas colheitas que têm conseguido praticamente todos
os anos, em menos de duas décadas eles já ampliaram suas áreas
para 2,9 mil hectares, dos quais 700 arrendados, que estão sob a
responsabilidade de Roberto, enquanto os outros dois irmãos cuidam
de 1,2 mil hectares no Paraná, tudo cultivado com grãos.
Segundo o produtor, a produtividade em Nova Andradina regula
com a de Marialva, ao redor de 60 sacas por hectare. “Não
pode descuidar da aplicação de gesso e calcário, sempre no ponto
certo”, adverte, lembrando que a acidez do solo é um desafio
a ser vencido a cada ano. No outono/inverno ele cultiva milho e,
a exemplo da soja, as médias têm sido satisfatórias, ao redor de
115 sacas por hectare. O milheto é usado para fazer a cobertura
do solo com palha.
REFERÊNCIA
Receptivo a tecnologias e seguindo todas as orientações técnicas,
Roberto é assistido pelo engenheiro agrônomo Edilson
Betioli, e fez as aplicações preventivas recomendadas para o
controle de pragas e doenças. “É um produtor de referência na
região”, resume Betioli.
Mesmo produzindo bem, Roberto cita que a safra poderia ter
sido ainda melhor, uma vez que a mesma perdeu potencial devido
a falta de chuvas em determinadas épocas, como no início
– o que demandou replantio em alguns pontos – e na fase de
enchimento de grãos. “Aqui não escapamos dos veranicos”, diz,
lembrando que pela sua experiência, o período ideal de semeadura
vai de 20 de outubro a 20 de novembro.
Morando em Marialva, de onde se desloca periodicamente
para Nova Andradina, Roberto conta com uma equipe de 7 funcionários
e a sede da fazenda possui amplos galpões e silos, entre
várias outras benfeitorias.
Sobre a decisão de investir no Mato Grosso do Sul numa época
em que só havia incertezas e falta de estruturas, ele diz que a
família soube enxergar e aproveitar a chance. Antes da chegada
dos intrépidos paulistas e paranaenses, que desbravaram a região
com agricultura, os produtores locais, em sua grande maioria,
mantinham a tradição da pecuária extrativista, um modelo que
degradou os pastos e se tornou antieconômico.
Crescer
verticalmente
A expansão dos Batalini foi rápida no Mato Grosso
do Sul e agora, sempre atentos a oportunidades, eles
fazem o caminho inverso e voltaram a investir em compra
de terras no Paraná. No entanto, segundo Roberto
Batalini, o crescimento agora vai depender do envolvimento
de mais gente da família – os filhos, que se preparam
para participar dos negócios. Ele é pai de Everton
(23 anos), Guilherme (20) e Vinícius (15), sendo que
os dois primeiros, estudantes de agronomia, dividem
o tempo entre o curso e o trabalho nos momentos de
maior demanda, operando colheitadeiras, por exemplo.
“Nosso objetivo, daqui para a frente, é crescer verticalmente”,
acrescenta o produtor, explicando ser indispensável
ampliar as médias de produtividade e aproveitar
bem as terras que já possuem. Para isso, os sócios
investem na fertilidade do solo, sediando em Nova Andradina
um trabalho experimental conduzido em parceria
com uma consultoria especializada. Está nos planos,
ainda, para os próximos anos, adotar o programa de
integração lavoura-pecuária (ILP), possivelmente em
área de 720 hectares, de maneira a diversificar as atividades
e as fontes de renda.
Flamma
Objetivo é investir no aumento da produtividade da soja,
principal negócio da família
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
31
Expectativa é que o cultivo
de soja cresça na região nos
próximos anos
Bavelloni: “Tudo o que conquistamos
na vida se deve, principalmente, ao
arrendamento de terras”
Arrendar tem
valido a pena
32 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
APRENDIZADO
Mesmo com a experiência de tantos anos trabalhando diferentes
tipos de solos – dos mais férteis aos de baixo teor de
argila -, os Bavelloni não imaginavam que teriam um novo
aprendizado. Neste primeiro ano de arrendamento em Diamante
do Norte, decidiram revolver uma parte das terras
com subsolagem e incorporar calcário para correção. A lavoura
se desenvolveu bem, mas por causa da movimentação
na superfície, a média de produtividade ficou abaixo do
esperado, 31 sacas por hectare; no restante, onde a antiga
pastagem de grama estrela-roxa apenas foi dessecada e recebeu
calcário, a média chegou a 49,5 sacas.
DENTRO DO PREVISTO
Nada, no entanto, que não estivesse no planejamento de seis
anos. “A gente não conseguiu empatar no primeiro ano”, comentou
Edvaldo, estimando os custos diretos ao redor de 50
sacas/hectare. Além de corrigir o solo, o desembolso incluiu
aplicações de fosfato, adubos orgânico e químico e cobertura
de cloreto de potássio. As quantidades foram indicadas em
análise, com acompanhamento técnico, durante toda a safra,
do engenheiro agrônomo Wendel Justino Rodrigues,. Eles
também tiveram que instalar uma nova base de maquinários e,
para não correr riscos desnecessários, só trabalham com todas
as suas atividades devidamente seguradas.
Os Bavelloni semearam entre 15 de outubro a 10 de novembro,
época que consideram a mais adequada para a região,
mas enfrentaram falta de chuvas em dezembro, o que prejudicou
as primeiras lavouras. “As noites são mais frescas mas,
se faltar chuva, as plantas sentem.” Eles perceberam também
que, diferente do que pensavam, os solos das beiradas de rios
geralmente são mais fracos que as de cabeceira.
De toda forma, os solos (com teores de argila que variam
de 10 a 29%) têm potencial, segundo Edvaldo, para responder
ao investimento, podendo chegar a uma média de 61 a
66 sacas por hectare.
MILHO NO INVERNO -
Para os três primeiros anos o custo do arrendamento foi fixado
em 13,2 sacas por hectare, quantidade que sobe para 14,4
sacas/hectare nos três anos seguintes. No inverno, período
em que são dispensados de pagamento, os irmãos pretendem
cultivar milho em consórcio com o capim braquiária, já sabendo
que os riscos de uma geada forte são mínimos por ali.
Dos quase 1,8 mil hectares cultivados pelos irmãos
Edvaldo e Edgar Bavelloni em municípios do norte e
noroeste do Paraná, só 360 são próprios. Tradicionais
arrendatários, eles veem nesse formato de parceria um caminho
para crescer e não costumam desperdiçar oportunidades.
Em contínua expansão, na safra 2019/20 os dois conseguiram
dobrar as áreas de cultivam após arrendar 907 hectares de
solos arenosos em Diamante do Norte, no extremo noroeste, a
180 quilômetros de Maringá, cidade onde residem.
“A soja ainda é uma novidade aqui”, começou dizendo o
produtor, salientando o predomínio da pecuária tradicional.
As terras que arrendaram são de uma fazenda cujos proprietários
decidiram buscar parceiros especializados na produção de
grãos para fazer a reforma de pastos.
Flamma
CONFIANÇA
Para muitos produtores, apostar no arrendamento em uma
região nova é como dar um tiro no escuro, mas os Bavelloni
estão confiantes. “Tudo o que conquistamos na vida se deve,
principalmente, ao arrendamento de terras”, ressaltou Edvaldo,
explicando que eles estão buscando áreas em outras regiões
justamente “para fugir da loucura” que se observa ao redor
de Maringá, onde, por causa da concorrência, os proprietários
estão exigindo 20,6 sacas/hectare em média para arrendar.
Segundo Edvaldo, o extremo noroeste ainda é um desafio,
como todo lugar novo, mas a região se situa relativamente
perto de Maringá e exige menos investimentos para
produzir, do que os solos dos cerrados. Sem falar que há
estradas em boas condições e estruturas de apoio aos produtores.
“Nosso objetivo é crescer por aqui”, disse o produtor,
prevendo uma grande mudança na paisagem regional:
“Em alguns anos, isso aqui vai ter muita soja.” Mas alerta:
o areião não é lugar para aventureiros.
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
33
FEIJÃO
Paraná lidera a
produção nacional
Marcos Santos – USP Imagens
O estado é que mas planta e o que mais produz, tendo uma condição climática mais
favorável para o cultivo do grão
O Paraná é também o principal
balizador do preço do produto
Desde 2006, o Paraná lidera a produção de feijão no Brasil
como o maior produtor da cultura, que é dividida em
três safras. Com boa aceitação no mercado e ciclo curto,
cerca de 90 dias entre o plantio e a colheita, o grão costuma
interessar aos produtores, que chegam a ter até três safras por
ano no estado.
Nas três safras de feijão o Paraná é o que mais planta e o que
mais produz, além de ter uma condição climática favorável para
a produção, principalmente o carioca.
O estado tem bons volumes ao longo de todo o ano, o que
propicia condições ao desenvolvimento da cultura. Entretanto, o
grande problema é o risco de ocorrência de geadas no plantio do
feijão de 2ª safra, pois as fases de granação ocorrem justamente
entre o outono e inverno, quando a planta está mais suscetível.
1ª safra
A 1ª safra é semeada entre os meses de setembro a novembro e a
colheita se dá entre fevereiro a abril. Os principais estados produtores
são: 1º Piauí, 2º Paraná e 3º Minas Gerais.
Apesar do Piauí ser o maior produtor em área é um dos piores
em produtividade devido à variedade produzida e o maior índice
tecnológico empregado na cultura. O Paraná é, portanto, o maior
produtor de feijão de 1ª safra no Brasil. É o estado do Sul do Brasil,
juntamente com Minas Gerais, no Sudeste, que baliza os preços
em todo o país nesta época do ano.
2ª safra
A 2° safra de feijão é plantada entre os meses de fevereiro a maio e
colhida entre setembro a novembro. Os principais Estados produtores
são: 1º Paraná, 2º Mato Grosso e 3º Minas Gerais.
3ª safra
A 3° safra da cultura é plantada entre os meses de julho a agosto
e a colheita ocorre entre os meses de outubro a dezembro. Destacam-se
com os principais produtores todos os estados do Nordeste,
onde se têm a maior produção. Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais
também plantam feijão 3ª safra, mas em pequenos volumes.
Bahia e Pernambuco são os maiores produtores.
34 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
35
Para Pedroni, desembolso
maior com tecnologias
e práticas para tornar
o negócio sustentável,
permite racionalizar custos
Com deficit hídrico,
raízes vão mais fundo
em solo bem manejado
É
possível sim, com a adoção de tecnologias e práticas
sustentáveis, minimizar os efeitos das oscilações do
clima nas lavouras de soja.
No município de Cianorte, a 85km de Maringá, o produtor
Luiz Henrique Pedroni investe há cinco anos no cultivo
de capim braquiária, durante o outono/inverno, como
estratégia para a reestruturação física e biológica do solo.
Segundo Pedroni, análises periódicas dos aspectos físico
e químico do solo já apontam, entre outras melhorias, para
um aumento do percentual de matéria orgânica de 1,7%
para 2,3% e equilíbrio nutricional que se reflete no pH. Ao
mesmo tempo, com seu enraizamento, a braquiária age na
descompactação. “Se houver uma estiagem, as raízes vão
mais fundo, pelo menos 50cm, em busca de umidade”, comenta
Pedroni, que tem a companhia do filho Luiz Gustavo,
engenheiro agrônomo formado em 2017.
O produtor lembra que os solos de Cianorte apresentam
uma grande variação de manchas e, em sua propriedade,
o teor de argila chega, em alguns pontos, a 20%. Na safra
2017/18, ele alcançou médias ao redor de 180 sacas por
alqueire (74,3/hectare). “Podemos pensar em ter mais
estabilidade da produção”, afirma, salientando que na sua
região a maior parte das lavouras de soja é semeada sobre
palhada de milho, que se decompõe rapidamente com o
calor. Outro problema é a presença de alumínio no solo,
que dificulta o enraizamento.
36 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
No município de
Cianorte, solos
apresentam grande
variação de textura
A braquiária foi semeada em janeiro e
roçada no mês de abril, quando sementeou.
Pedroni diz que “Não tem outro
jeito de melhorar o solo se não for com
braquiária”, enfatizando: “estamos procurando
a melhor maneira de produzir
soja, pois esse é o nosso negócio”.
O produtor interessado em buscar mais
estabilidade, como é o caso de Pedroni,
tem um desembolso maior, mas isto não
significa que ele não possa racionalizar
custos. Um exemplo é a adubação, cuja
quantidade caiu de 650 para 450kg por
alqueire, sem deixar de atender o que foi
detectado em análise de solo. “Houve um
gasto menor em adubo para investir em
outros itens fundamentais. Nada é feito
de forma aleatória e estamos refinando
cada vez mais o manejo”, observa.
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
37
Recco: produção
tem mantido
estabilidade nos
últimos anos,
com tendência a
crescer
Solo bem nutrido é a
base da produtividade
Planejar a atividade é indispensável para o sucesso do
agricultor e, nesse quesito, o cooperado Paulo Henrique
Recco, 41 anos, de Apucarana (PR), sempre deu prioridade
ao investimento no manejo do solo.
Há pelo menos 20 anos, trabalhando com mentalidade
empresarial, Recco não descuida da construção da fertilidade,
fazendo a correção e a reposição de nutrientes conforme
indicação da análise. “Para ter uma lavoura de alta produtividade
é preciso saber tudo o que vai ser feito com pelo
menos seis meses de antecedência”, afirma o produtor, que é
assistido pelo engenheiro agrônomo Danilo Lomba.
ALTA MÉDIA
Nos 140 alqueires (338,8 hectares) do Sítio Santa Terezinha,
que fica no distrito de Correia de Freitas, os resultados dessa
preocupação com o solo podem ser observados pela boa qualidade
da lavoura, cultivada sobre a palha do trigo. O produtor
sabe que uma palha bem formada retém umidade e, entre outros
benefícios, assegura um ambiente favorável ao desenvolvimento
da cultura. A quase totalidade da lavoura (95%) foi
semeada entre os dias 5 e 20 de outubro, período que, segundo
Recco, tem assegurado historicamente a melhor produção.
ESTABILIDADE
Ele colheu nessa área uma média de 180 sacas por alqueire
(74,3/hectare). De acordo com o produtor, com um solo
bem nutrido e estruturado, as médias praticamente se mantêm
mesmo em anos considerados difíceis, de estiagem, como
se viu na temporada anterior (2018/19), quando ele obteve
168 sacas por alqueire (69,4 sacas/hectare). Isto se aplica
também às culturas de inverno: mesmo após 60 dias de clima
irregular, com pouca chuva, ele conseguiu boas médias de trigo
e milho (respectivamente 130 e 240 sacas por alqueire).
Outro cuidado em relação à soja, de acordo com ele, é estar
atento ao controle fitossanitário, o que inclui a prevenção do ataque
de fungos, uma vez que o clima, em razão da umidade, tem
facilitado a disseminação da doença. “Aumenta o custo, mas isto
acaba sendo compensado pelo diferencial na colheita”, completa.
38 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
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ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
39
INTEGRAÇÃO
Para pecuarista, “a soja nunca
vai dar prejuízo” em
projetos integrados
Sistemas ganham impulso na região noroeste paranaense, ampliando a renda dos produtores
Animais são abatidos ainda muito jovens e a
carne segue para uma cooperativa especializada
em carnes nobres de Londrina
40 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Com propriedades nos municípios de Cruzeiro do Sul,
Paranacity e Inajá, no noroeste paranaense, Aparecido
Pechoto é um produtor empolgado e promissor.
No total dos seus 360 alqueires (871 hectares), 86%
são cultivados com cana-de-açúcar, mas o entusiasmo desse
dentista aposentado de Maringá com a atividade rural
não se deve aos canaviais e, sim, aos 50 alqueires (121
hectares) que destina à agropecuária na Fazenda Santo Antônio,
em Cruzeiro do Sul. São dois os motivos.
O primeiro é que seu investimento na qualidade do rebanho
a partir do cruzamento industrial de gado nelore e
angus está dando certo: de 20 em 20 dias, Pechoto embarca
23 novilhas superprecoces de 20 meses, em média,
para uma cooperativa especializada em carnes nobres de
Londrina, cada uma delas pesando 15,5 arrobas e com pelo
menos 53% de aproveitamento de carcaça. A carne é tão
diferenciada que o produtor recebe um adicional de 10 a
12% sobre o preço normal da arroba.
GADO ENGORDA NO INVERNO
O segundo motivo é que, orientado pela Cocamar, ele começou
em 2018 a fazer integração lavoura-pecuária (ILP)
em 15 dos 35 alqueires de pastos, promovendo a reforma
dos mesmos com soja. Se por um lado, por causa da seca,
a produção de soja no primeiro ano não vingou, de outro
os benefícios dessa reforma para a pecuária foram além do
esperado: no último inverno havia pastagem de sobra na
área de ILP. Com isso, durante 100 dias na época mais crítica
da estação, foram alojadas nada menos que 8 cabeças
em média por alqueire, que ainda engordaram 630 gramas
por animal/dia. Esses números ficaram acima dos obtidos
no restante da fazenda, onde o rebanho apenas manteve o
peso, mas são muito superiores quando comparados aos da
região: por falta de pasto nos meses frios, o gado perde peso
e a lotação não vai além de 2 cabeças por alqueire.
Quando o gerente da unidade da Cocamar em Paranacity,
Lucas Marchi, e o engenheiro agrônomo Jorge Vechi, apresentaram
ao produtor a oportunidade de investir na integração,
ele conta que gostou da ideia, embora tenha ficado
preocupado: “Como é que eu iria lidar com soja se nunca
tinha visto uma planta dessas de perto?”, justifica. Ele diz
que só ficou mais tranquilo ao saber que o agrônomo da cooperativa
prestaria todas as orientações ao seu funcionário.
E, como já tinha maquinários, por que não tentar?
Vechi diz que solos arenosos com baixo teor de argila representam
um desafio à produção de soja, mas o produtor
que segue rigorosamente todas as orientações técnicas e
aplica as tecnologias recomendadas, como é o caso de Pechoto,
consegue bons resultados.
Conforme observou o gerente Lucas, a oleaginosa, por reformar
o pasto, recupera a fertilidade do solo e contribui para
diluir os custos da pecuária. Segundo ele, a integração é o caminho
para que as propriedades do noroeste que se dedicam
à criação de gado possam se manter e dar lucro. “Com pastos
degradados e baixa produtividade é difícil sobreviver, pois os
custos não param de subir e a conta não fecha.”
Em seu trabalho de recria e engorda, Pechoto conta com
a assessoria técnica do gestor de agronegócio Tiago Fadeli
e, na visão dele, se a pecuária não incorporar a agricultura,
tende a desaparecer. O pasto de capim braquiária é semeado
após a colheita da soja, vai resistir ao frio e será dessecado
às vésperas da semeadura da nova safra de soja, na
primavera, para o plantio direto.
Flamma
Dentista aposentado, Pechoto produz novilhos superprecoces e se diz
“encantado” com a soja
Por isso é que ele diz não ter se abalado quando a severa
estiagem inviabilizou a sua primeira colheita de soja, na
temporada 2018/19. A lavoura estava no seguro e o investimento
não se perdeu, até porque seu principal negócio é
a pecuária, que foi beneficiada. “Mesmo que não produza,
a soja nunca vai dar prejuízo para o pecuarista”, afirma Pechoto.
“Mas se produzir, a lavoura ainda vai render uma boa
receita”, acrescenta.
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
41
Leonardi e o filho Eduardo, em Cruzeiro do Sul:
eles começaram com 11 alqueires, há três anos, e
já ampliaram para 26 a área em que o sistema de
ILP é conduzido
Flamma
Aumentando a área integrada
Outros produtores bastante animados com a integração
lavoura-pecuária (ILP) na região de Paranacity são o
aposentado João Ângelo Leonardi e seu filho Eduardo,
engenheiro agrônomo. A propriedade deles, de 120 alqueires
(290 hectares), também fica na vizinha Cruzeiro do Sul,
onde há 26 alqueires de área integrada com pecuária, mais
que o dobro em comparação há três anos, quando o sistema
foi iniciado com 11.
Nas duas primeiras safras de soja, os Leonardi colheram 100
sacas de média no ciclo 2017/18 e 140 sacas na temporada
seguinte (2018/19), o que chama a atenção pelo fato de a
região ter passado por sérios problemas climáticos. Agora, a
expectativa deles, a considerar pelo bom estado de lavoura, é
de pelo menos repetir a média obtida no último ano.
Na pecuária, atividade na qual se especializaram em cria, fazendo
cruzamento industrial de animais nelore de angus, são
350 cabeças, com a comercialização, por ano, de cerca de 200
bezerros de oito a dez meses de idade.
VALEU A PENA
“Diante da maior disponibilidade de pastos, nosso objetivo é
aumentar o número de cabeças”, afirma João Leonardi, Segundo
ele, além do melhor resultado financeiro, a ILP diversifica os
negócios, traz mais segurança e valoriza a propriedade. “Com
pastos de qualidade e comida à vontade, não tivemos problemas
no inverno, época que antigamente era motivo de grande
preocupação em razão, justamente da falta de pastagem”,
comenta.
42 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Com ILP, quebra de
paradigmas em
Douradina
Segundo Martins e Pereira, não existe mais espaço para
a pecuária tradicional: eles já trabalham há três anos
com integração
Pastos arrasados pelo inverno e a persistente estiagem. Na
região de Douradina e em todo o noroeste do Paraná, de solos
arenosos, a pecuária sofre com as condições climáticas
adversas, trazendo muitos prejuízos aos produtores.
Entretanto, lá mesmo em Douradina – que fica a 58km de
Umuarama -, a propriedade conduzida pelo médico-veterinário Nicholas
Martins, 35 anos, e o engenheiro agrônomo Diego Pereira,
26, até parece um oásis.
No inverno, enquanto os pastos degradados do entorno já estavam
secos e, de tão ralos, se podia ver a terra, restringindo a
alimentação dos rebanhos, Nicholas e Diego conseguiam engordar
seus animais e estavam empolgados com os resultados.
AMPLIANDO
É uma quebra de paradigmas em relação à realidade de grande parte
dos pecuaristas tradicionais. Os dois sócios implantaram há três
anos a integração lavoura-pecuária (ILP). Começaram com dez
alqueires (24,2 hectares), aumentaram a área para 37 (89,5 hectares)
e planejam incorporar ao sistema mais 40 alqueires (96,8
hectares) no ciclo 2020/21.
MASSA VERDE
Eles cultivam soja no verão, seguida do plantio de capim braquiária
após a colheita da oleaginosa. A braquiária, espécie de fácil adaptação
ao clima e solo regionais, é que garante pasto em quantidade
e qualidade para o gado por pelo menos 100 dias – justamente
na época mais crítica do inverno. Nicholas registrou em fotos: era
tanta massa verde que chegou a encobrir as laterais de sua caminhonete.
Com comida à vontade, eles alojaram em maio a média de 10,5
cabeças de gado por alqueire (4,3/hectare), o dobro da quantidade
quando ainda não haviam aderido à integração. Para se ter ideia,
a média nos depauperados pastos do noroeste do Paraná tem sido
de apenas um animal por hectare, segundo dados da Secretaria da
Agricultura e do Abastecimento (Seab). O rebanho entrou pesando
10,5 arrobas cada cabeça e foi terminado com 14,5 arrobas, o que
dá um ganho de peso de 600g/dia, em média, por cabeça. Além da
braquiária, Nicholas conta que foi fornecida aos animais uma suplementação
de ração. “De qualquer forma, sobrou pasto e pretendemos
colocar mais animais na mesma área em 2020”, afirmou.
SOJA
Nicholas e Diego não adubam os pastos, que vicejam sobre os
nutrientes deixados pela soja, no verão. Aliás, a soja entrou não
apenas para fazer a reforma dos pastos, mas para ser uma nova
fonte de renda na propriedade. No primeiro ano, a média de produtividade
foi de 120 sacas por alqueire (49,5/hectare) e, na safra
2018/19, marcada por forte estiagem, a colheita fechou em 88
sacas por alqueire (36,3/hectare), o que ainda possibilitou cobrir
os custos diretos. Os sócios se estruturaram com maquinários para
realizar todas as operações, exceto a colheita, contratada junto a
prestadores de serviços. “A soja complementa a renda da pecuária,
que é o nosso carro-chefe”, disse Diego.
Flamma
PALHA
Os pastos de braquiária foram dessecados quimicamente em setembro,
o que constituiu outra quebra de paradigma para os pecuaristas
da região que, na época, faziam das tripas coração para
alimentar o gado. A dessecação é parte dos preparativos para o
plantio direto da soja, efetuado na palhada, que é indispensável.
Em um ponto escolhido aleatoriamente, o produtor retirou a palha
para examinar as condições do solo e demonstrou que mesmo
com o forte calor no momento e sob uma temperatura ambiente
superior a 30ºC, o solo estava fresco e apresentava umidade. Diferente
do que se podia observar em solo desprotegido, que estava
seco e muito quente.
Antes de implantar a integração lavoura-pecuária (ILP), Nicholas
Martins e Diego Pereira participaram de dias de campo e, a
convite da Cocamar, visitaram propriedades no Paraná e no oeste
paulista, onde esse sistema é praticado, ficando convencidos de
que seria um bom negócio. Três anos depois da implantação, veem
que está valendo a pena, prosperam e, como já dito, seus planos
são de ampliar.
Segundo Nicholas, não existe mais espaço para a pecuária tradicional,
dada a baixa produtividade e os custos altos, “a conta não
fecha”. No entanto, observa uma situação de inércia dos pecuaristas
mais tradicionais, relutantes em adotar práticas modernas e
comprovadamente viáveis, que poderiam ajudá-los a se tornarem
mais eficientes, produtivos e rentáveis.
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
43
Integração é
o caminho em
Nova Londrina
No município de Nova Londrina, a 140km de Maringá,
o cooperado Antonio Carmo Pacífico é um
exemplo do que a Cocamar, interessada no desenvolvimento
regional, pretende para aquela região de solos
arenosos, onde a pecuária extensiva e as culturas de cana de
mandioca são dominantes na paisagem.
RESISTIU
Pacífico, de 61 anos, extrai sua renda de uma atividade que
vem chamando a atenção por ali: o sistema de integração em
que o cultivo da soja reforma os pastos. Ele possui 150 alqueires
(363 hectares) no total de três propriedades e conta
que por gostar da pecuária – e ver futuro nela – é que resistiu
firme ao assédio da usina e dos mandioqueiros, interessados
em arrendar suas terras.
“Eu vi na integração uma alternativa promissora, a salvação
da terra arenosa”, diz o produtor, que por muito tempo
dedicou-se apenas à pecuária. Segundo ele, ao perceber o
declínio natural dos pastos, em razão do esgotamento do
solo, partiu em busca de uma solução.
VALEU A PENA
Há alguns anos, ele deu início à integração e, no seu entender,
os resultados têm sido animadores. Graças à revitalização
dos pastos, onde o capim braquiária se desenvolve bem
após um ciclo de dois anos de solo cultivado com soja, ele
já conseguiu aumentar a ocupação que era de 3 a 4 cabeças
por alqueire para a média de 7.
“Hoje eu tenho mais gado em menos área”, comenta o
produtor, satisfeito, explicando que no inverno, por causa da
braquiária, ele possui pasto de qualidade que possibilita ao
rebanho ganhar peso ao longo de pelo menos quatro meses,
enquanto na região, nesse mesmo período, o comum é as
pastagens minguarem e o gado passar fome. “Eu tenho pasto
à vontade numa época que poucos têm”, observa.
MAIS BARATO
Pacífico afirma ainda que devido à boa pastagem usa menos
suplementação, o que acaba ficando mais barato, lembrando
que, pelo mesmo motivo, consegue terminar mais cedo o
ciclo dos animais.
O produtor foi um dos primeiros a investir na integração e,
por isso, está despertando a curiosidade da vizinhança.
Quanto a soja, além de recuperar o solo, a cultura diversifica
as fontes de renda, oferecendo mais segurança ao produtor.
Na safra 2017/18, a média foi de 138 sacas por alqueire
(57/hectare), assegurando boa rentabilidade. A falta
de chuvas comprometeu a lavoura na temporada seguinte
(2018/19), quando o produtor colheu 63 sacas por alqueire
(26/hectare), o que ainda deu para pagar as contas. Neste
ano, a lavoura se desenvolve dentro da normalidade, avalia
Flamma
o engenheiro agrônomo da cooperativa.
Para diluir os riscos, o produtor costuma travar os custos
de produção, comercializando uma parte da safra futura, e
faz seguro de toda a lavoura, Dos maquinários que necessita
para lidar com a oleaginosa, ele só não possui a colheitadeira
e contrata o serviço junto a terceiros.
44 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
“Eu tenho mais gado em menos área e pasto à vontade numa época em que poucos têm”
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
45
Agropecuária de primeira
em solo arenoso
Foi o tempo em que se achava que as terras arenosas
de Presidente Castelo Branco, a 40km de Maringá, não
serviam para as culturas mecanizadas de grãos. Mas a
tecnologia, aliada às boas práticas, está aí para mostrar que
o arenito pode, sim, abrigar projetos agrícolas e pecuários altamente
produtivos – e, se forem integrados, melhor ainda.
É o que se vê na Fazenda Santa Isabel, bem na divisa de
Presidente Castelo Branco com São Jorge do Ivaí, onde o solo
apresenta baixo teor de argila.
Em 100 alqueires (242 hectares), dos quais 12 de pastagens
fixas e 80 destinados ao plantio de grãos, a propriedade
pertencente à família Garcia demonstra que não há impeditivos
para um salto de produtividade na agropecuária.
Quando adquiriram as terras há 23 anos, João Garcia e o
filho André Carlos Garcia Vilhegas, habituados a cultivar a
terra roxa, semearam soja em cima de pastos dessecados no
sistema de plantio direto, depois de corrigir o solo. No entanto,
com o passar do tempo, a produtividade não se sustentou.
“Foi um aprendizado”, diz André, que é engenheiro agrônomo
e, atualmente, vice-presidente da cooperativa Unicampo.
PIQUETES
Foi então que, com planejamento, eles começaram a instalar
as bases de uma moderna programação que contempla agricultura
e pecuária focada na engorda. O primeiro passo foi a
implantação de 16 piquetes com área média de 7 mil m2 cada,
mantidos com capim ponta-roxa, para abrigar os animais, em
sistema de rodízio, entre os meses de setembro e maio.
Como o inverno continuava sendo limitante para a pecuária,
pois nessa época os pastos tradicionais perdem volume, os Garcia
incrementaram o projeto com a integração lavoura-pecuária.
Dessa forma, a partir do cultivo de capim braquiária no outono
(logo após a colheita da soja), eles passaram a ter pasto em
quantidade e de qualidade entre maio e agosto, a época mais
crítica do frio. Dessa maneira, a pecuária não apenas mantém
seu potencial ao longo dos doze meses do ano, como os animais
ganham peso em pleno inverno, o que não acontecia antes. Segundo
André, o rebanho entra pesando nove arrobas em média,
no mês de maio, e sai com doze em setembro.
MUITO ALÉM
Considerando que a média nos solos arenosos e de pastos degradados
do noroeste paranaense é de apenas 1 cabeça animal
por hectare, a Fazenda Santa Isabel, na soma do sistema de
piqueteamento dos pastos no verão, e a integração no inverno,
aloja a elevada média de dez a doze cabeças por hectare.
SOJA
A produção de soja, nos últimos anos, tem ficado ao redor
de 140 sacas por alqueire (57,8 sacas/hectare): a cultura
remunera os proprietários, acelera o fluxo de caixa e revitaliza
o solo para a entrada da pastagem.
“Temos muitos planos para incrementar ainda mais a propriedade”,
afirma André, citando que já foi obtida outorga de
Flamma
água e o objetivo, para o futuro, é instalar um equipamento
de irrigação com pivô central. Satisfeito com a realidade da
Fazenda, o produtor João Garcia completa: “Ninguém precisa
ter medo do arenito”.
46 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Em 100 alqueires (242 hectares),
dos quais 12 de pastagens fixas e
80 destinados ao plantio de grãos,
a propriedade demonstra que não
há impeditivos para um salto de
produtividade na agropecuária
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
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47
Enraizamento
da braquiária
aprofundouse
mais de
3,5 metros,
conforme
trincheira
escavada na
propriedade
Flamma
Braquiária,
um show
Garcia decidiu fazer duas trincheiras com profundidade de 3,5 metros para
demonstrar o quanto o capim braquiária, caracterizado pelo seu enraizamento
agressivo, é importante para o solo. Na primeira, as raízes da braquiária
(semeada em março e dessecada em agosto) foram vistas ao longo
dos 3,5m das paredes da trincheira. “Se tivéssemos escavado mais, possivelmente
nós as encontraríamos ainda mais fundo”, afirma o engenheiro
agrônomo Mariucelio Santos Lima, gestor de Astec da Unicampo, que participou
do trabalho.
O engenheiro agrônomo Alex Zaniboni, da unidade da Cocamar em Paranavaí,
explicou que as raízes da braquiária, entre outros benefícios, agregam
o solo, rompem a camada de compactação, abrem canais que facilitam a
infiltração de água e ciclam nutrientes das camadas mais profundas. E, na
superfície, a palhada da braquiária protege o solo, mantendo-o úmido por
vários dias após a chuva e inibindo o surgimento de ervas de difícil controle,
como a buva.
Em outra trincheira, aberta onde havia sido feito o cultivo de aveia, as raízes
dessa forragem não passaram de 20cm de profundidade. Em resumo:
é ótima como palhada, mas não exibe um desempenho comparável à da
braquiária, no subsolo.
48 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
49
Entrada da fazenda Candiolinda
Fazenda de cana em
Porecatu inova com
integração pecuária-floresta
Aprodução de cana-de-açúcar é, por tradição, a base da
Fazenda Candiolinda, em Porecatu, norte do Paraná.
De seus 911 hectares, quase a metade é ocupada por
essa cultura.
Desbravada na década de 1940, a propriedade conserva
inúmeras construções dos tempos do café, quando chegou a
empregar mais de 80 famílias de trabalhadores. A capela, onde
ainda é celebrada mensalmente a missa, se eleva entre o bem
conservado casario de paredes amarelas.
Pertencente a quatro mulheres – Maria Virgínia e suas filhas
Ana Thereza, Ana Beatriz e Ana Cândida – a Candiolinda não
apenas é parte da história da região como se propõe a escrever
50 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
As irmãs Ana Thereza e Ana Beatriz comandam a propriedade que possui 47 integrados
a assessoria técnica do engenheiro agrônomo Henrique Lopes
Moimo, da empresa Unisafe de Londrina.
uma nova história.
Com visão empreendedora, as proprietárias têm investido
em um programa de diversificação de negócios. Há seis anos,
elas inovaram ao implantar a integração pecuária-floresta
(IPF) com o cultivo de eucaliptos em 47 hectares de pastagens.
No total, a pecuária soma 100 hectares e o foco é a produção
de bezerros a partir do cruzamento industrial de nelore
com angus.
A cana também impera em outra propriedade da família, a
Fazenda Retiro, de 540 hectares, onde a soja começou há cinco
anos a fazer parte da receita, cultivada nesta safra em 133
hectares de plantio direto sobre palhada de capim braquiária.
A gestão, no dia a dia, está à cargo de Ana Thereza, engenheira
agrônoma, e Ana Beatriz, médica-veterinária. Coube à
outra irmã, Ana Cândida – que trabalha em indústria química
– a tarefa de modernizar a estrutura administrativa e financeira,
implantando controles mais modernos. A família conta com
Flamma
AFINIDADE
“Sempre gostamos da agropecuária, é o nosso mundo desde
crianças”, afirma Ana Thereza. Elas assumiram efetivamente a
fazenda em 2012, mas há pelo menos duas décadas as irmãs,
com o acompanhamento da mãe, começaram a se envolver
na gestão. Atualmente, enquanto Ana Thereza responde pela
parte agrícola, Ana Beatriz, que por anos trabalhou como instrutora
do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) é
quem cuida da pecuária.
Uma das atribuições do engenheiro agrônomo contratado
é elaborar um planejamento que vai sendo seguido e avaliado
pelas proprietárias. “Estamos sempre pensando onde melhorar,
como racionalizar custos e a projetar novos negócios”, afirma
Ana Thereza. Líder de classe, ela está à frente do Sindicato
Rural Patronal de Porecatu e, em nível estadual, é vice-presidente
do Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar
e Etanol do Estado do Paraná (Consecana).
DIFERENCIAL
A integração pecuária-floresta (IPF) é um diferencial e também
um cartão de visitas da Fazenda Candiolinda na região.
Segundo Ana Thereza, o sistema silvipastoril tem ajudado a
aplacar os efeitos dos veranicos, com o seu sombreamento,
mantendo o solo mais fresco e úmido, além de as árvores
conterem os ventos fortes, que também secam o solo. “Nós
tratamos pastagem como agricultura”, pontua Ana Beatriz, explicando
que os pastos são as áreas mais férteis da fazenda.
Os 47 hectares de integração, com muitas árvores, trazem
conforto térmico para os animais e acabam refrescando o ambiente
na sede da fazenda, ao lado.
Os bezerros são desmamados aos oito meses com os machos
pesando de 240 a 230 quilos e as fêmeas entre 230 a
220 quilos, fornecidos a um comprador habitual.
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
51
GASES EFEITO ESTUFA (GEE)
ILPF neutraliza emissões
nas fazendas
Resultado obtido em experimento demonstra o
elevado potencial de compensação de carbono
dessa tecnologia
Flamma
Osistema de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF)
implantado em apenas 15% da área de produção, é suficiente
para compensar todas as emissões de gases de
efeito estufa (GEEs) gerados pelos animais e pela pastagem, deixando
um saldo positivo de carbono na fazenda. Esse resultado foi
registrado em pesquisas conduzidas pela Embrapa Cerrados (DF),
e comprovou que a produção de animais, árvores e lavouras/pastagem
em um mesmo local tem elevado potencial de gerar saldos
positivos de carbono.
O estudo procurou averiguar a capacidade de o sistema ILPF
compensar os GEE emitidos pela atividade agropecuária, principalmente
pela pecuária. O estudo utilizou duas áreas experimentais,
com medições de balanço de carbono. Publicados em circular técnica,
os resultados mostram que o componente arbóreo é fundamental
para aumentar o estoque de carbono na propriedade.
Em um sistema de ILPF com uma população de 417 árvores de
eucalipto por hectare distribuídas na forma de renques (linhas) em
apenas 15% da área da propriedade, tem potencial para neutralizar
as emissões de metano (CH4), produzido por fermentação entérica
dos bovinos, e de óxido nitroso (N2O), proveniente do solo e
das excretas (urina e fezes) dos animais.
“Para que haja a compensação das emissões de gases de
efeito estufa, uma propriedade com mil hectares de pastagem,
por exemplo, deve destinar 150 ha ao sistema ILPF com 417
árvores/ha com taxa de lotação de 1,7 cabeça/ha”, detalha o
pesquisador da Embrapa Kleberson de Souza. Caso o sistema
seja de integração lavoura-pecuária (sem as árvores), o produtor
teria de destinar 850 hectares da mesma propriedade para
conseguir a neutralização das emissões, considerando uma taxa
de lotação de três cabeças por hectare.
O especialista observou também que a quantidade de árvores
pode ser menor, desde que o sistema ILPF seja adotado em área
total de produção. Nesse caso, é possível manter aproximadamente
70 árvores por hectare, com taxa de lotação de 1,7 cabeça/ha,
isto é, 0,7 unidade animal (UA). A taxa de lotação diz respeito ao
número de unidades animais (UA) que podem ser colocadas por
hectare e cada UA corresponde a 450 kg de peso vivo.
O sistema de integração lavoura-pecuáriafloresta
(ILPF) implantado em apenas
15% da área de produção, é suficiente
para compensar todas as emissões de
gases de efeito estufa (GEEs) gerados
pelos animais e pela pastagem, deixando
“um saldo positivo de carbono na fazenda
52 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Para que se tenha um saldo
positivo de carbono é preciso
que o componente florestal
seja inserido no sistema de
produção agrícola, pois as
árvores têm capacidade de
armazená-lo.
A importância das
árvores no balanço
Os estudos comprovaram que para que se tenha um saldo positivo significativo
de carbono é preciso que o componente florestal seja inserido
no sistema de produção agrícola. Isso porque as árvores têm grande
capacidade de armazenar carbono. “São menos comuns os casos em
que os estoques de C no solo sob os sistemas agrícolas superam os
estoques da vegetação nativa adjacente. Ou seja, é difícil obter saldo
positivo de carbono caso o componente florestal não seja inserido no
sistema de produção agrícola”, afirma o pesquisador Kleberson de Souza.
No experimento de ILPF da Embrapa Cerrados, uma única árvore
do híbrido de Eucalyptus urograndis, com sete anos de idade, foi capaz
de acumular, em média, 30,2 kg de C/ano (considerando 45% de C
da massa seca de biomassa aérea da planta). Isso equivale ao sequestro
de 110,5 kg de CO2/ano da atmosfera por cada árvore inserida no
sistema. No sistema ILP, esse tipo de sequestro de carbono ocorre, em
grande parte, devido ao sistema de raízes da pastagem e da palhada
depositada sobre o solo, e tende a se estabilizar com o tempo.
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
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54 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
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56 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
FAMÍLIAS
Os filhos voltaram
para o sítio, mais
promissor que na cidade
Eles fortalecem o trabalho familiar no sítio em Guaravera, distrito de Londrina, e ampliam a plantação de soja
Flamma
O casal Pedro e
Ruth, em um de seus
barracões de frango.
Segundo ela, “Ter
os filhos por perto,
trabalhando conosco,
é a nossa maior
felicidade”
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
57
O foco do produtor Márcio Perez é
expandir a produção de soja
58 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
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Flamma
Parte da família: propriedade diversificada, onde cada qual tem sua função
Em muitas regiões do norte do Paraná, quase não se vê
mais gente morando no campo. A praticidade oferecida
pelo meio urbano e a busca por garantir mais renda
fizeram com que famílias de pequenos agricultores deixassem
o sítio.
Mas há exceções. No distrito de Guaravera, em Londrina, o
que se observa no Sítio Olho D’Água, da família Perez, é um
êxodo rural ao contrário. Os filhos Márcio e Marcelo, que tinham
saído para trabalhar na cidade, a exemplo da filha Jeniffer,
retornaram há alguns anos para morar na propriedade com
os pais Pedro e Ruth. Juntos, eles dizem que se sentem felizes,
realizados e ninguém pensa em sair dali.
Pedro e Ruth já não conseguiam manter toda a família no sítio
de 30 alqueires (72,6 hectares) comprado em 2003, onde
eles plantam soja e milho, produzem frangos de corte e mantêm
horta orgânica e pomares. O retorno financeiro não era
suficiente para todo mundo. No entanto, os filhos que tinham
partido em busca de trabalho na cidade e formado suas famílias
por lá, entenderam que poderiam viver de uma maneira muito
melhor se voltassem para as terras da família onde, unidos,
teriam mais chances de progredir, viver e criar os filhos com
qualidade de vida.
EMPREENDEDORES
Eles trilharam o caminho certo. Apoiados pelos pais, os irmãos
Márcio e Marcelo voltaram em 2014 e como a família já possuía
maquinários, em apenas cinco anos eles mais que triplicaram
a área de soja, para 100 alqueires, arrendando terras de
vizinhos. Caprichosos e orientados pelo engenheiro agrônomo
Vinícius Arantes, eles contam que investem nas melhores tecnologias
e garantem que nunca tiveram prejuízo, mesmo diante
das oscilações climáticas e dos altos custos do arrendamento.
A expectativa de Márcio é de uma safra acima de 160 sacas
de média por alqueire. “Planejando e fazendo o investimento
certo, a gente consegue bons resultados”, diz o produtor, que
pretende continuar ampliando o cultivo de grãos.
QUALIDADE DE VIDA
As esposas Tais e Joselaine tinham bons empregos na cidade,
mas garantem que não trocariam a vida que levam hoje, a
exemplo de Jeniffer, casada com Alex. “A agricultura familiar é
muito benéfica para seus integrantes”, afirma Jeniffer, lembrando
que na cidade as pessoas quase não se relacionam: “lá, a
gente nem conhecia os nossos vizinhos”.
Cada qual tem a sua função no sítio e a melhoria da qualidade
de vida pode ser observada não apenas pelas boas casas que
construíram, mas também pela tranquilidade, a vida mais saudável
que passaram a ter, a satisfação de produzirem de tudo
um pouco e o fato de compartilharem juntos cada momento.
“Se a família se separar, tudo se acaba”, diz Pedro, ao lado da
esposa Ruth, que afirma: “Ter os filhos por perto, trabalhando
conosco, é a nossa maior felicidade”.
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
59
DIVERSIFICAÇÃO
Grãos e abacate, uma
dobradinha lucrativa
Abacate, laranja, café e outras frutas entram no programa de diversificação de propriedades
paranaenses, para diluir os custos com a soja
Flamma
Wilson diz que a cotação do quilo do abacate oscila bastante, mas pomar não deixar de ser rentável por causa do baixo custo
Imagine uma lavoura de soja com centenas de abacateiros
plantados nas curvas de nível. É assim a propriedade da família
Castro, em Assaí, a 40km de Londrina. São cerca de 700
pés em diferentes idades, desde os mais antigos até os que foram
plantados recentemente.
Pioneiro no cultivo comercial da fruta no município há cerca
de 25 anos, o produtor Wilson Fernandes de Castro, 53, colhe
agora – literalmente – os frutos de sua decisão acertada. Na propriedade
de 40 alqueires (96,8 hectares), os 700 pés respondem
por 40% do faturamento e os 60% restantes ficam por
conta da soja.
VALORIZAÇÃO
Com mercado garantido, o abacate é uma das frutas que mais
se valorizaram nos últimos anos, por ser versátil na gastronomia,
saudável e saborosa. Diante do rendimento alcançado por Wilson,
vários outros produtores da região se animaram a apostar na
cultura. Mas não é tão simples.
“Para o pequeno produtor é um excelente negócio”, afirma
Wilson, assinalando que há vários pontos a serem observados
60 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
para que o investimento dê certo. Ele começou plantando 300
abacateiros e, motivado pelo retorno, foi ampliando o pomar e
sua meta é chegar a mil pés nos próximos anos.
LUCRO
Os números demonstram o quanto um pomar de abacates é lucrativo.
Cabem 100 árvores em um hectare, no espaçamento 10
x 10m; a produção inicia no quinto ano e atinge a fase plena no
oitavo, quando se colhe em média 15 caixas (400 quilos) por
pé, cotados atualmente a R$ 1,20 o quilo. Corroboram para a
rentabilidade o baixo custo de produção – que exige apenas uma
adubação normal a cada ano - e o controle rotineiro de antracnose
e da broca da fruta, os problemas mais comuns.
Segundo Wilson, por falta de orientação técnica especializada,
ele teve que aprender com as próprias experiências, no dia a dia.
PLANTIO
Uma recomendação sua é que, apesar de ser uma árvore rústica,
o abacateiro requer alguns cuidados, a começar pelo plantio,
em que as mudas precisam ser protegidas do ataque de formigas
cortadeiras e lebres. Além disso, são vulneráveis ao sol forte e
50% acabam perecendo depois de plantadas.
ENXERTIA
Para tentar evitar a perda dos materiais com a insolação, Wilson
produz as próprias mudas e faz também a enxertia, recorrendo
a mudas de abacateiros rústicos para servirem de porta-enxerto,
plantadas com antecedência para que se adaptem ao ambiente.
A enxertia é feita com quatro variedades: geada, de ciclo precoce
(produz de dezembro a fevereiro), quintal, a preferida do mercado
(com colheita de fevereiro a maio), breda (colhida no final de
maio) e margarida, a mais tardia (cujos frutos amadurecem de junho
a agosto). Outra recomendação: ao planejar o pomar, o ideal
é que ele fique próximo à casa do morador, para inibir furtos.
HERBICIDA E SOLO
De acordo com Wilson, mesmo as árvores maiores apresentam
sensibilidade ao herbicida 3.4D e o pomar pode ser contaminado
se um vizinho aplicar o produto costumeiramente. Outras limitações
para o abacateiro, segundo o produtor, está no tipo de solo,
que precisa ser profundo e de qualidade, sem pedras nas camadas
inferiores, para o desenvolvimento do sistema radicular. Por
fim, na colheita, evitar que os frutos sofram danos para que não
sejam rejeitados pelos compradores. Wilson lembra ainda que a
cotação do quilo do abacate oscila bastante, mas o pomar não
deixa de ser rentável em razão do seu baixo custo. O abacateiro
resiste bem a secas e geadas e possibilita produção ao longo de
25 anos, quando a árvore entra em declínio e deve ser substituída.
As floradas acontecem nos meses de setembro e outubro.
DESTINO
Quase sempre, metade da produção de Wilson segue para uma rede
de supermercados e a outra metade para o Ceasa, em Curitiba. Nas
gôndolas, um quilo de abacate pode sair a R$ 8,00 para o consumidor.
SOJA
Em relação à soja, a produção média tem ficado ao redor de 140
sacas por alqueire (57,8/hectare). Wilson é um dos três filhos
de seu Vicente Carrilho Castro e dona Zulmira, que se casaram
em 1953 e residem na propriedade. Por muitos anos os Castro
plantaram algodão e, em 1986, seguindo uma tendência regional,
decidiram investir na soja, hoje o carro-chefe da família,
cujos rendimentos têm rivalizado com o abacate.
O abacateiro resiste bem a secas e geadas
e possibilita produção ao longo de pelo
menos 25 anos
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
61
O produtor Luiz Genovês explica
que custos da agricultura são altos
e não se pode ficar na dependência
apenas de soja e milho
Soja e laranja, uma
dupla que dá certo
62 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
PIONEIRISMO
Segundo Genovês, a soja, cultura temporária e muito sujeita às
variações do clima, é para arriscar; já a laranja, cultivo perene,
proporciona mais segurança, embora também esteja exposta
aos efeitos climáticos. Ele mantém pomares desde o começo
dos anos 1990, figurando entre os primeiros a investir na atividade.
“Aprendi a gostar da citricultura” diz o produtor, que é
orientado pelo engenheiro agrônomo Carlos Aravechia.
MERCADO SOLIDÁRIO
Todo o suco produzido com as laranjas dele e de outros 300 citricultores
têm destino certo: o mercado solidário internacional.
Desde 1999, Genovês está entre os participantes. Funciona
assim: a cada tonelada adquirida pela organização não governamental
Fairtrade Labelling Organization International (Flo),
sediada na Alemanha, 200 dólares retornam para ser aplicados
na melhoria do processo produtivo.
BENEFÍCIOS
Com esse tipo de apoio, entre outros benefícios, o produtor de
Floraí melhorou o barracão onde são guardados os defensivos
agrícolas, passou a contar com sanitários químicos na propriedade
e os trabalhadores da colheita recebem equipamentos de
proteção invididual (Epi).
EM DESTAQUE
A imagem de Genovês está bem associada ao mercado solidário.
Há alguns anos, fotografias suas foram utilizadas em uma
campanha internacional realizada pela Flo para promover o
chamado “suco justo”.
EM GUARAVERA
Para ter mais segurança em seus negócios, o produtor Antonio
Massao Nakamura, de Guaravera, distrito de Londrina, também
aposta na diversificação.
Como a maioria dos agricultores locais, o carro-chefe são os
grãos: soja no verão e milho no inverno, em 205,7 hectares de
terras próprias e arrendadas. O que diferencia Massao, de 65
anos, é a estratégia adotada para reduzir riscos, manter o equilíbrio
financeiro da propriedade e prosperar. Em 36,3 hectares, o
produtor mantém a cultura que tem garantido um bom retorno
nos últimos anos: pomares de laranja. Com média de 2,8 caixas
por planta – 114,2kg – a laranja possibilita também que Massao
aproveite melhor o seu parque de maquinas, otimizando-o.
Diversificar é assim mesmo. No município de Floraí, a
50km de Maringá, o produtor Luiz Antônio Genovês
costuma semear a soja atento à colheita da laranja.
Genovês é um produtor que adota boas práticas agrícolas e
sempre empenhado na busca por altas médias. Seu histórico
na soja, considerando um ano pelo outro, aponta para níveis
ao redor de 140 sacas por alqueire (57,8 sacas/hectare). Nos
pomares, cerca de 3 caixas de 40,8 quilos por planta.
Flamma
RISCOS
“Os custos da agricultura são altos, é arriscado ficar na dependência
apenas da soja e do milho”, disse o produtor, lembrando
que os cultivos temporários são mais sujeitos a perdas em períodos
de déficit hídrico do que os perenes, caso dos pomares.
Focado em diversificar, Massao procura adotar essa prática
até mesmo na lavoura de verão: uma parte da soja é cultivada
com sementes convencionais (não modificadas geneticamente),
aproveitando assim uma oportunidade oferecida pelo mercado
que paga até R$ 6,00 a mais por saca.
Morando na propriedade em companhia da esposa Elza, com
quem tem dois filhos, o produtor é taxativo: se não diversificar,
o pequeno agricultor corre o risco de ficar inviável diante da alta
dos custos.
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
63
Soja e café
altamente
produtivos
em Cambé
Muito capricho e o uso das melhores tecnologias. É dessa maneira que a
propriedade mantida pelo agricultor Dagoberto Gorni, em Cambé, vem
se destacando na região. São 20 alqueires (48,4 hectares) mantidos
com soja, milho e trigo e 5 (12,1 hectares) de café.
Se as dimensões do sítio são consideradas pequenas, o jeito é crescer verticalmente
e isto Dagoberto, de 57 anos e servidor municipal aposentado, tem sabido
fazer muito bem. Ele conta com a orientação técnica do engenheiro agrônomo
Marcos Zorzenon Alteia E tem um filho, Otávio, também graduado em agronomia,
que trabalha em uma empresa do agro, mas, quando pode, participa do
andamento das atividades.
Na safra de soja 2018/19, castigada por uma seca severa em praticamente
todo o estado, a média de produtividade de soja de Gorni foi de 180 sacas por
alqueire (74,3 sacas/hectare), que regula com a dos anos anteriores. Em alguns
talhões, ele chegou a colher 215 e até 238 sacas por alqueire.
RETER UMIDADE
Gorni disse que não é possível fazer chover, mas há providências que podem ser
tomadas no sentido de reter umidade no solo e, com isso, minimizar os efeitos de
uma estiagem. Ele faz correção mediante análise e, entre outras medidas, investe
em adubação diferenciada que inclui cama de frango. E, pelo segundo ano, realiza
consórcio milho de inverno x braquiária para ter palhada para o plantio direto.
SENTE MENOS
“Em um solo em boas condições, corrigido, saudável e protegido, a lavoura vai
demorar pelo menos uma semana a mais até começar a sentir”, observou, lembrando
ainda que as perdas são, geralmente, mais suaves no comparativo com
uma lavoura onde o solo não recebe o mesmo tratamento.
CAFÉ
Com relação ao café, sua expectativa de produtividade para a safra a ser colhida
em 2020 é de 250 sacas beneficiadas por alqueire ou 100 sacas por hectare. São
50 mil plantas no total. Marcos, o mesmo engenheiro agrônomo da cooperativa
que o assiste na soja, também tem especialização em café. Depois de colher uma
safra nos mesmos volumes no ciclo 2017/18, Gorni promoveu o esqueletamento
dos cafeeiros (um tipo de poda drástica para que as plantas, mediante nutrição
adequada, rebrotem com mais vigor).
REFERÊNCIA
Com isso, o produtor de Cambé se firma como uma referência, também, em diversificação
de culturas. Segundo ele, a receita líquida proporcionada pelo café – que
produz de dois em dois anos - é o dobro quando comparada à soja e, pela fórmula
que adota, os custos acabam diluídos e a propriedade tem maior fluxo de caixa.
Gorni investe para
ter alta produtividade
no café: 100 sacas
beneficiadas por
hectare; faturamento,
mesmo com
produção a cada dois
anos, é o dobro em
comparação à soja
64 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
65
Hoshino: produtos
saudáveis e com
clientela certa
Menos milho,
mais frutas
Flamma
Com a experiência de já ter trabalhado em uma companhia
multinacional e uma empresa de pesquisa, o
engenheiro agrônomo Everton Hoshino, de 36 anos,
decidiu em 2011 retornar para a propriedade da família, em
Ibiporã (PR). Desde então, ele se dedica à produção de soja,
milho e outros cultivos, respondendo pela gestão dos negócios,
enquanto o pai Júlio se ocupa da parte operacional.
A comunidade de origem nipônica representa importante
parcela da população de 52 mil habitantes e seus representantes
são numerosos na atividade rural do município.
BOAS MÉDIAS
Os Hoshino apostam na soja: a produtividade tem ficado ao
redor de 150 sacas por alqueire (61,9 sacas/hectare). E mesmo
no ano passado, quando a safra foi prejudicada pela estiagem,
eles não perderam tanto, finalizando com a média de 130
sacas por alqueire (53,7 sacas/hectare). “Fazemos análise de
solo todo ano, correção, investimos em uma adubação com alta
tecnologia e cultivamos variedades de bom desempenho”, comenta
Everton.
Já o cultivo de milho vem sendo desacelerado e ocupa apenas
20% das terras, ficando o restante com aveia preta para cobertura
do solo. “Nos últimos anos o milho não tem valido a pena”, explica
o produtor. A exceção ficou por conta da safra em 2019, que
alcançou cotação remuneradora e registrou a boa produtividade
de 300 sacas em média por alqueire (123,9 sacas/hectare).
MORANGOS
Quem visita o sítio da família se depara com estufas onde eles se
dedicam, também, à produção de morangos, maracujá e outras
espécies de frutas, atendendo a um mercado em que os compradores
não abrem mão de produtos saudáveis e de alta qualidade.
66 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
67
Peixe reduz o custo com a
soja em Bela Vista do Paraíso
O produtor Toniquinho
Reis: em uma área
antes inaproveitada da
Fazenda Água Clara, ele
produz tilápias que são
fornecidas para engorda
a compradores de várias
regiões e estão prontas
quando atingem o peso
entre 800g e 1,2kg
Flamma
68 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Flamma
Empregado do produtor Toniquinho Reis na frente do tanque de peixes)
Diversificar os negócios sempre é bom, especialmente
para reduzir os custos das culturas principais, de soja
e milho. Há alguns anos o produtor Antonio Aparecido
dos Reis, de Bela Vista do Paraíso (PR), adicionou a piscicultura
à sua atividade. Em 24 mil metros quadrados de uma área antes
inaproveitada da Fazenda Água Clara, na vizinha Florestópolis,
ele produz tilápias que são fornecidas para engorda a compradores
de várias regiões. Estão prontas quando atingem o peso
entre 800g e 1,2kg. “Esse espaço aqui, antigamente, era só
brejo. Hoje é a parte mais valorizada da propriedade” sorri Antônio,
o Toniquinho Reis, como é conhecido o médico-veterinário
de família tradicional no município.
A Fazenda Água Clara está em nome de dona Anna Esteves
dos Reis, viúva de Antonio Manoel dos Reis e mãe de Toniquinho,
que tem duas irmãs: Anna Virgínia dos Reis e Rosa Fátima dos
Reis Matos, cujo marido, Romildo, é parceiro do produtor na lida.
RECEITA BOA
Com o faturamento obtido nos tanques, Toniquinho dilui o investimento
na soja, plantada em 135 alqueires [326,7 hectares].
“Mais ou menos o equivalente a 30 sacas por alqueire”, calcula.
Em resumo: para uma estimativa de custos diretos com a soja
que correspondem a 70 sacas por alqueire, a receita da piscicultura
faz com que o desembolso caia para 40 sacas por alqueire,
em média.
Além do peixe, pomares de laranja cultivados em 8 alqueires,
numa outra propriedade, também ajudam no orçamento. Mas o
produtor não queria ficar dependendo da receita de outros negócios
para aumentar a lucratividade na soja. Nesse caminho, entre
outras iniciativas, há quatro anos ele começou a cultivar capim
braquiária em consórcio com o milho de inverno, orientado pela
cooperativa. Enquanto alguns agricultores do município viam a
braquiária com reservas, sua decisão foi a de ir em frente: “Se está
dando certo em todo lugar, por que não daria certo aqui também?”,
pensou.
Em paralelo, sempre aberto a tecnologias,ele não descuidou
da adubação com fertilizantes especiais, mediante análise de solo,
em um programa de agricultura de precisão no qual faz ajuste fino
com a reposição de vários nutrientes.
SOLO
“O mais importante de tudo é a construção da fertilidade do
solo e, em relação a isso, a braquiária é a ferramenta principal”,
comentou o produtor, que é assistido pelo engenheiro
agrônomo Josimar Mazucato. Ele explica que o capim atua
na reestruturação física do solo, descompactando-o com suas
raízes e mantendo a umidade em todo perfil do solo, o que
beneficia as plantas em condições adversas. Além disso, ajuda
a controlar ervas como a buva e o amargoso, diminuindo
gastos com herbicidas. “Depois da braquiária, o perfil do solo
melhorou muito na profundidade e também na formação de
matéria orgânica.” O pH também melhorou: de abaixo de 4,0,
agora está acima de 5,0.
CRESCENDO
O resultado disso tudo é que se até alguns anos a média de produtividade
de soja patinava em 120 sacas por alqueire (49,5/
hectare), o patamar agora é outro: subiu para 150 sacas por alqueire
(61,9/hectare) e o produtor já está de olho em uma nova
meta: 180 sacas por alqueire de média (74,3/hectare).
REFERÊNCIA
O engenheiro agrônomo Josimar Mazucato conta que tem havido
expansão de braquiária em Bela Vista do Paraíso e municípios
da região, um assunto no qual a família Reis se tornou
referência. “O Toniquinho gosta de usar produtos de primeira
qualidade e está sempre interessado em conhecer novas tecnologias”,
diz Mazucato.
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
69
COOPERATIVISMO
Antes desassistida, região
celebra o cooperativismo
Pequenos municípios como Cafeara mostram a importância de produtores contarem com o apoio
de cooperativas de produção e de crédito
Flamma
A família Salviano cultiva o solo arenoso, com bons resultados
Produtores rurais dos municípios de Cafeara, Lupionópolis
e Santo Inácio, localizados num raio de 35km na transição
do norte para o noroeste do Paraná e na divisa com o
estado de São Paulo, se sentem agora mais seguros e confiantes
para investir em seus negócios.
O sistema cooperativista de produção ganhou impulso
e musculatura com a chegada da Cocamar em 2018
a Centenário do Sul, nas imediações. A cooperativa, que
mantinha desde 2016 instalações em Lupionópolis, num
espaço alugado, adquiriu ali uma estrutura mais ampla no
ano passado.
SUSTENTÁVEL
Também para fortalecer o cooperativismo na região, a cooperativa
de crédito Sicredi União PR/SP, parceira da Cocamar,
inaugurou em 2018 em Cafeara uma agência Smart, com funcionamento
eletrônico e sem o uso de dinheiro em espécie. Totalmente
sustentável e inovadora, a unidade foi adaptada em
70 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Flamma
A agência Smart do Sicredi em Cafeara caiu no agrado da população
dois contêineres instalados na praça da igreja, oferecendo toda
a linha de serviços financeiros aos moradores.
SEM QUEIXAS
Se até pouco tempo a população dessas cidades se sentia esquecida
e desassistida, agora ela não tem do que se queixar. A
Cocamar entrou para valer na orientação técnica aos produtores,
além de regular o mercado com estrutura para o recebimento das
safras de grãos e fornecimento de insumos.
NOVA REALIDADE
Por sua vez, o Sicredi popularizou rapidamente o uso de cartões
de crédito entre os associados locais e espalhou maquininhas
pelo comércio. Com isso, quem achava que não seria viável trabalhar
sem dinheiro vivo, adaptou-se logo à nova realidade.
PROTAGONISMO
“O cooperativismo assumiu protagonismo na economia da região”,
resume a gerente da Cocamar em Centenário do Sul, engenheira
agrônoma Tatiele Rodrigues.
MODERNIDADE
Do lado do Sicredi, o gerente em Cafeara, Éder Romeiro da Silva,
ressalta que a população do município, atendida em suas demandas
por uma agência Smart, “deu um salto de modernidade”.
Com sua proposta e ineditismo, a agência até já foi apresentada
em reunião da ONU e passou a ser visitada por cooperativistas
do ramo financeiro de várias partes do país, interessados em conhecer
e adotar aquele modelo.
REIVINDICAVAM
Em Cafeara, o produtor Marcos Salviano, que cultiva 90 alqueires
(217,8 hectares) de grãos ao lado do pai João e do irmão
Maurício, conta que ele e outros colegas reivindicavam há tempos
a presença da Cocamar na região. Antigamente eram atendidos
pela Cofercatu, de Porecatu, que entrou em dificuldades
e, por anos, os produtores se sentiram desamparados. Segundo
Marcos, “a Cocamar é atuante na orientação técnica, está sempre
atenta e nós nos sentimos seguros em trabalhar com ela”.
PRODUZ BEM
A segurança foi também a palavra citada por Luiz Rogério Augusto,
de Lupionópolis, ao se referir à Cocamar. Ele cultiva 50 alqueires
(121 hectares) em companhia do filho Ivan. E, a exemplo
dos Salviano, investe no solo e nos cuidados com a lavoura
para garantir boas médias. “O clima nesta região é mais difícil
que em outras, mas o solo é bom e produz bem. Se chover normalmente,
a colheita é garantida”, afirma.
MUITO MELHOR
A respeito da agência do Sicredi em Cafeara, onde é associado,
Marcos Salviano explica que faz ali o custeio, financiamentos e
o seguro da lavoura. “Ficou muito melhor e mais ágil, para nós,
do que trabalhar com outros bancos, que ficam em cidades vizinhas”,
comenta o também associado Luiz Rogério Augusto,
lembrando que relutava em fazer seguro da lavoura por causa
da burocracia imposta pelas instituições. “Com o Sicredi, tudo
ficou mais fácil, nos sentimos em casa e não deixamos de fazer
seguro”, finaliza.
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
71
CONSTRUÇÃO CIVIL
Momento propício para
a compra de imóveis
Construtoras retomam lançamentos e apostam em público diversificado: do comprador do
programa Minha Casa, Minha Vida ao imóvel de alto padrão, passando por salas comerciais e imóveis
compactos, há opções para moradia e investimento
72 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Dos apartamentos compactos aos de alto padrão,
passando por salas comerciais e imóveis na planta, a
compra de imóveis para moradia ou locação é uma
forma de construir um patrimônio seguro e lucrativo.
Para o presidente do Sindicato da Construção Civil do Paraná
(Sinduscon/PR-Noroeste), Rogério Yabiku, com a taxa
Selic de 4,5%, o imóvel é um excelente investimento. “É
seguro e tem valorização, sem contar que é um bem material”,
destaca.
Entre maio de 2018 e maio de 2019 Maringá registrou
crescimento de 7,5% no volume de operações de compra
e venda de imóveis, segundo estudo da Associação dos Registradores
de Imóveis do Paraná (Aripar). O ano passado
foi de restruturação e retomada do crescimento: as vendas
reduziram os estoques de imóveis prontos e abriram espaço
para lançamentos neste ano.
Os números trazem otimismo às construtoras, que se
preparam para lançar empreendimentos dos mais variados
tamanhos e padrões, para todos os tipos de investidores.
A Nova Um Construção Civil, por exemplo, trabalha com
condomínios a preço de custo. São apartamentos de um ou
dois quartos, com média de 40 parcelas de R$ 4,3 mil. A
construtora sempre mantém três edifícios em construção.
Atualmente, a empresa está construindo edifícios na Zona
3 e na rua Santos Dumont: o Monte Evora, com 39 unidades,
o Monte Viso, também com 39 unidades, e o Dumont
Premium, com 96 apartamentos.
De acordo com o engenheiro civil Luis Renato de Oliveira
Muçouçah, o momento é propício para que os produtores
rurais invistam parte do lucro em imóveis novos. “A terra
rural está valorizada enquanto os imóveis novos estão com
preços defasados. Além disso, essa opção tira parte dos ovos
de um ‘cesto único’ e ajuda na diversificação dos investimentos.
Sem contar que, com a queda nos juros, investimentos
conservadores como aplicações financeiras estão
tendo rentabilidade decrescente”, destaca.
Para o engenheiro, apartamentos compactos de um ou
dois dormitórios, com boa localização, são os mais indicados
para investimento. “Em nossa carteira, temos clientes que
Ivan Amorin
Rogério Yabiku, presidente do Sinduscon/PR-Noroeste: com a taxa
Selic de 4,5%, o imóvel é um excelente investimento: “é seguro e tem
valorização, sem contar que é um bem material”
compraram unidades no passado e com o aluguel, pagam
novas unidades. Em outras palavras, ‘não precisam mais colocar
a mão no bolso’ para ampliar o patrimônio. A gente
trabalha para pessoas que querem ter renda no futuro, como
se fosse uma previdência privada”, acrescenta.
Já a MRV teve três lançamentos recentes em Maringá: o
Residencial Montecarlo, o Residencial Montalbán e o Residencial
Martinelli. Além disso, a construtora tem dois empreendimentos
com obras em andamento: o Residencial
Marsanne e o Spazio Medelín, na região do Jardim América.
Os cinco condomínios são compostos por apartamentos de
Le Monde Centro Empresarial, com 209 salas comerciais; Construtora
Marluc tem planos de lançar outros empreendimentos comerciais
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
73
Nova Um Construção Civil, Luis Renato de Oliveira Muçouçah, trabalha com condomínios a preço de custo: “em nossa carteira, temos clientes que compraram
unidades no passado e com o aluguel, pagam novas unidades”
dois dormitórios.
O valor dos apartamentos da MRV em Maringá é a partir
de R$ 150 mil. Os imóveis pertencem às linhas Eco e
Bio. A Linha Eco adota soluções construtivas inteligentes
para oferecer conforto e ótimo custo-benefício, com preços
acessíveis. Já na linha Bio a empresa oferece condomínio-
-clube, com área de lazer completa e equipada, aliada a um
acabamento especial em todas as áreas internas e externas.
Ambas contam com apartamentos de dois dormitórios, com
sala de estar/jantar, cozinha e banheiro. Há também apartamentos
com a opção de sacada gourmet. “Os apartamentos
são ideais para jovens famílias. Com o crescimento da região
noroeste do Paraná, que vem gerando empregos e atraindo
jovens em início de carreira, a tendência é a valorização dos
imóveis com ressonância com esse público de até 30 anos,
que hoje representa metade dos nossos clientes”, destaca o
gestor executivo de vendas, Willians Ribeiro.
Ele ressalta que os empreendimentos da empresa oferecem
condições de pagamento facilitadas e financiamento pelo
programa Minha Casa, Minha Vida. Entre as facilidades oferecidas
estão Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis
(ITBI) e registro gratuitos, e entrada em até 60 parcelas.
Empreendimentos comerciais
Já a construtora Marluc investiu em salas comerciais. A empresa
lançou no ano passado o Le Monde Centro Empresarial,
na avenida Carneiro Leão. Com 20 andares e 209 salas
comerciais moduláveis, de 57 m² a 1.380 m², o edifício
abriga escritórios de advocacia, engenharia e arquitetura,
empresas de Tecnologia da Informação (TI), além de consultórios
médicos.
O empreendimento conta com dez elevadores de alta performance,
sistema eletrônico com catracas e identificação
biométrica, além de ser o primeiro da cidade com heliponto.
Sete transformadores e geradores a diesel corrigem oscilações
de amperagem e garantem o fornecimento de energia
do complexo empresarial em casos de interrupções.
O local conta com anfiteatro com 200 lugares, sala de
reuniões e praça de alimentação. Além disso, todas as salas
têm dois banheiros e sacadas. Ainda há unidades disponíveis
à venda. A construtora também já tem estudos em
andamento para a construção de outros empreendimentos
comerciais.
De acordo com o engenheiro civil e empresário Ailton Rezende,
empreendimentos comerciais bem localizados sempre
terão grande demanda por conta dos serviços envolvidos
neles e nos arredores, e é essa demanda que gera valor ao
imóvel. “Quanto mais o entorno depender dos serviços desse
empreendimento comercial, mais será valorizado. Esse
tipo de empreendimento é construído onde existe demanda
de serviços”, ressalta Rezende.
Construtoras como a Plaenge e a A. Yoshii também
lançaram empreendimentos em 2019 e têm previsão de
lançamentos de alto padrão para 2020. Em Maringá, a
Plaenge iniciou a construção do Almond, empreendimento
com apartamentos de 137 a 146 metros de área privativa,
localizado na Zona 3. E a A.Yoshii lançou dois empreendimentos
na cidade no ano passado. Um com um apartamento
por andar, localizado ao lado do Parque do Ingá, e o
outro, com três quartos, erguido na avenida Guedner, está
sendo revitalizado.
Umuarama
Mas não é só em Maringá que os empresários do setor estão
otimistas. Em Umuarama a Construtora Morena aposta em
empreendimentos de médio e alto padrões, feitos para um
público que busca investir em imóveis com boa localização,
para moradia ou locação. As condições para pagamento incluem
financiamento direto com a construtora. Atualmente,
a empresa conta com três empreendimentos em construção:
Interlagos Residencial Clube, Montpellier Residence e Vivare
Residence.
74 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
“Com o crescimento da região noroeste, que vem atraindo jovens em início
de carreira, a tendência é a valorização dos imóveis com ressonância com
esse público de até 30 anos”, destaca Willians Ribeiro, da MRV
Localizado no ‘Novo Centro’, o Interlagos Residencial Clu
be tem apartamentos a partir de R$ 192 mil. São 124 apartamentos
divididos em duas torres, com opções de dois ou três
dormitórios. A área de lazer oferece salão de festas, piscina
adulto e infantil, quiosques com churrasqueiras, playground,
minicampo com grama sintética, academia e outros.
Na mesma região o Montpellier Residence foi inspirado na
arquitetura europeia e tem apartamentos a partir de R$ 290
mil. São 44 unidades com três dormitórios, quatro coberturas
duplex com três suítes e três salas comerciais. Na área de
lazer, o empreendimento conta com sala de jogos, piscina,
terraço e espaço gourmet, academia e outros. Já o Vivare
Residence oferece apartamentos a partir de R$ 279 mil. Localizado
próximo à prefeitura, o empreendimento tem 90
apartamentos com dois ou três dormitórios, e a área de lazer
com salão de beleza, lounge externo, solário, piscina, brinquedoteca
e outros.
A Construtora Morena também está em fase de pré-lançamento
do Top Life New Concept, no ‘Novo Centro’, com
apartamentos menores, no modelo studio. O projeto foi desenvolvido
para pessoas que preferem por morar sozinhas,
recém-casados e, principalmente, investidores.
Segundo o diretor Moacir Silva, o momento é ideal para
investir em imóveis, pois as taxas de juros oferecidas pelos
bancos estão baixas, e a valorização e a rentabilidade são
superiores. “Investir em imóveis sempre foi e será o melhor
investimento, e quando você escolhe o parceiro certo, não
há como dar errado. Analisar a região onde o imóvel está
localizado, vizinhança e futuras áreas de expansão são algumas
dicas para garantir lucro com a revenda ou locação”,
destaca Silva. “A rentabilidade é maior que a poupança. O
comprador tem aumento da aposentadoria com rendimentos
de aluguel, e nós oferecemos crédito acessível ao produtor
rural. A negociação é direta com a construtora, com
baixa taxa de juros e correção. Oferecemos pagamento facilitado
em até 60 vezes”, acrescenta.
Moacir Silva, da Construtora Morena: “a rentabilidade com o aluguel é
maior que a poupança. O comprador tem aumento da aposentadoria com
rendimentos de aluguel, e oferecemos crédito acessível ao produtor rural”
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
75
PRODUTORAS
Paixão pela terra move
fazenda em Astorga
Histórias inspiradoras de
mulheres que fazem sucesso no
agro servem de incentivo para
muitas outras
A produtora Mariluce
Teixeira de Anchieta
mudou-se há 15 anos
com o marido para a
região de Astorga, onde
ela descobriu a alegria de
trabalhar na propriedade
rural da família
76 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Na Fazenda Camargo de Anchieta, em Astorga (PR),
as boas médias de produtividade podem ser atribuídas
aos cuidados com a adoção de tecnologias e novos conhecimentos,
em especial a adubação diferenciada das lavouras
e também ao capricho em relação ao complemento foliar.
A soja atinge média de 160 sacas por alqueire, enquanto o
milho, no inverno, não menos de 280 sacas, período em que o
cereal divide espaço com o trigo.
Os níveis de produtividade de soja foram mantidos mesmo na
problemática safra 2018/19 em que houve redução de 40% na
média das regiões da Cocamar, devido a problemas climáticos.
Mariluce Teixeira de Anchieta, esposa de Frederico, um dos
filhos do proprietário Samuel de Anchieta, que reside em Birigui
(SP), ajuda o marido na gestão do negócio.
DA CIDADE PARA O CAMPO
Mariluce explicou que há cerca de 15 anos o marido, técnico
em administração, e ela, formada em administração de empresas,
aceitaram o desafio de fazer a gestão da propriedade, em
processo de sucessão familiar. “Tivemos que aprender muito,
eu principalmente”, dizendo não ter sido fácil trocar a vida de
moradora na cidade, onde se dedicava à atividade comercial da
família no interior paulista, pela de empresária rural no Paraná.
PAIXÃO PELA TERRA
O tempo fez com que Mariluce se apegasse ao novo trabalho,
mesmo desdobrando-se nos cuidados diários com o casal de
filhos e a sua casa. E, na parceria com o marido, acabou descobrindo
a paixão pela terra e a vontade de continuar evoluindo.
Tanto que, interessada em aprimorar-se cada vez mais, participa
de eventos técnicos e passou a fazer parte de um grupo de
empresárias rurais do norte do Paraná, com as quais se reúne
periodicamente para a troca de informações.
REFERÊNCIA
Há cinco anos, a fazenda recebe a orientação técnica do engenheiro
Jacson Bennemann. Segundo ele, “a propriedade é uma
referência regional pela atenção que dispensa ao solo e às novas
tecnologias, seguindo às recomendações técnicas, o que se reflete
nas boas médias de produtividade”.
Flamma
Soja: produção com médias
elevadas faz da fazenda uma
referência regional
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
77
Produtoras Eliata e Josiane Schilive acompanhadas da mãe
Seguindo os ensinamentos do pai
Enquanto os produtores de laranja do noroeste do Paraná
já projetam uma redução de 30 a 40 por cento
na produtividade da safra deste ano, causada pelo
déficit hídrico, uma família de Presidente Castelo Branco –
município a 33,6km de Maringá – está colhendo volumes
típicos de anos de clima favorável e muito além das médias
regional e nacional.
Com sua história associada ao início da implantação da
citricultura comercial na região, em 1989, os Schilive se tornaram
uma referência na atividade. Não por acaso, o dedicado
produtor Izaías Schilive (falecido em maio deste ano)
se tornou um campeão regional em produtividade de laranja,
amealhando uma coleção de troféus que podem ser vistos
em um armário de vidro no escritório da residência onde vivia
com a esposa Aparecida.
NEGÓCIO PRODUTIVO
Izaías partiu aos 62 anos incompletos deixando como legado
aos familiares a determinação em fazer dessa atividade
um negócio bem cuidado e altamente produtivo. Das quatro
filhas (Eliata, Josiane, Lidiane e Jerusa) e um filho (Giancar-
lo), este último e mais Eliata e Josiane estão diretamente
envolvidos na gestão.
“Ele era um conhecedor, só de bater o olho percebia algum
problema nas plantas”, afirma Eliata, referindo-se ao pai. “Tinha
o hábito de fazer um check-list toda vez que ia viajar, mas ficava
sempre telefonando para saber do andamento das coisas”,
lembra Josiane, explicando que o Izaías, pacientemente, nunca
deixava de esclarecer as dúvidas dos filhos.
No ciclo 2018/19, em que a insuficiência de chuvas e as
altas temperaturas prejudicaram os pomares, a família registrou
a colheita de 3,8 caixas de 40,8kg, em média, por planta
(155kg). Para se ter ideia, a média regional em anos de clima
favorável é de 2,3 caixas por planta (93,8kg) e a nacional não
passa de 1,8 caixa por planta (73,4kg).
No entanto, mesmo com uma média tão alta, os irmãos consideram
que se o tempo tivesse ajudado, poderiam ter repetido
a excepcional produtividade obtida no ciclo 2017/18, que foi
de 7 caixas de 40,8 quilos por planta (285,6 quilos) da variedade
valência. Da mesma forma, se tivesse chovido bem neste
ano, as laranjas teriam ficado maiores.
São, no total, 25.950 pés em pomares cultivados com as va-
78 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Produtora Eliata
riedades pera, valência e folha-murcha, dos quais 3.500 remanescem
do primeiro plantio efetuado em 1989 e que apresentam
potencial produtivo já em seu declínio natural. O objetivo,
em breve, é renovar inteiramente essa área.
OS CUIDADOS
Os irmãos seguem à risca o rigor em relação aos cuidados
transmitidos pelo pai e se orientam, tecnicamente, por meio
da assistência prestada pela engenheira agrônoma Amanda
Caroline Zito. Em matéria de tratos culturais, a cada dois
meses são feitos adubação e manejo preventivo contra pragas
e doenças. A cada 20 dias o pragueiro (profissional especialista
na identificação de pragas) vistoria os pomares e
a engenheira agrônoma emite o receituário, visitando regularmente
a propriedade. Por sua vez, ao apresentarem sintomas
do greening (doença letal causada por uma bactéria),
as plantas são sumariamente erradicadas.
A família procura economizar o quanto possível com herbicidas,
preferindo as roçadas periódicas no pomar, ocasião em que
as quantidades de mato cortado são acumuladas para decomposição
embaixo das plantas.
Participantes do
Mercado Justo
A propriedade dos Schilive é uma das 42
integrantes da Coopsoli, a cooperativa
fundada para congregar exclusivamente
produtores de laranja. O objetivo é atender
às exigências do Mercado Justo (Fairtrade)
e. desse modo, o suco resultante das laranjas
produzidas pelo grupo segue para países da
União Europeia (UE), onde é distribuído nos
pontos de venda com um selo do mercado
solidário internacional.
Para cada tonelada que adquire, o
Fairtrade retorna 200 dólares ao setor
produtivo, que são convertidos na compra
de equipamentos de proteção individual
(EPI) aos trabalhadores, realização de
melhorias na propriedade, estruturação do
depósito de agroquímicos e aquisição de
sanitários móveis. Os Schivile contam com
18 funcionários devidamente protegidos pela
legislação – outra exigência do mercado justo
– e um deles, José Pereira da Silva, está desde
1989, quando houve o primeiro plantio.
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
79
USINA
SANTA TEREZINHA
Desde 1964 produzindo energia
para um mundo mais sustentável!
De origem maringaense, a Usina Santa Terezinha é reconhecida no segmento
Açúcar e Álcool como a 10° maior empresa brasileira e a maior do sul do país.
(Revista Exame - Melhores e Maiores 2018)
80 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Organização de capital fechado 100% brasileiro
Mais de 8 mil funcionários em 3 clusters no Paraná e
Mato Grosso do Sul
1 Corporativo
2 Terminais Logísticos
13 milhões de toneladas de cana-de-açúcar processada
1,1 milhão de toneladas de Açúcar VHP
Cerca de 4 mil fornecedores
556.196 MW/h de bioeletricidade
463.847 m³ de etanol
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
81
Flamma
Simone e Maria, a mãe, garantem todo o apoio ao trabalho dos homens na lavoura
Família conta com o suporte
da filha para prosperar
Em Jussara (PR), a família Vitali produz grãos em terras
próprias e arrendadas, o que é comum entre agricultores
do município.
O que ainda não é comum, por lá, é ver mulheres se envolvendo
diretamente no dia a dia agricultura. Mas, em relação
aos Vitali, o produtor Antônio Aparecido, que tem ao
seu lado o filho Haroldo na gestão dos negócios, conta com
a ativa participação da filha Simone e da esposa Maria.
Simone, de 26 anos, costuma levantar às 5h e preencher
o seu dia com muitos afazeres em apoio aos familiares.
Embora morando na cidade, desde pequenos ela e o irmão
foram incentivados pelos pais a gostar da atividade rural.
Os Vitali vêm expandindo todos os anos as lavouras
ao absorver áreas de proprietários que os procuram, interessados
em arrendar-lhes as suas terras.Caprichosos, eles
investem em cuidados com o solo, corrigindo e adubando
mediante análise, e estão começando a implementar agricultura
de precisão.
SECRETÁRIAS
“Eu e minha mãe somos secretárias assistentes”, brinca
Simone, explicando que ambas ficam nos bastidores, em
especial nos períodos de plantio e colheita, oferecendo suporte
para que tudo corra bem. Se preciso, Simone é quem
sai para comprar peças, insumos, comercializar parte da
produção e se ocupar de serviços em bancos e cartórios.
Quando da pulverização na lavoura, ela se encarrega de levar
água para a máquina na roça e está disponível e apta a
prestar qualquer tipo de ajuda, inclusive a dirigir caminhão
e maquinário.
O que não falta é ânimo para os Vitali. De 15 anos para
cá, quando começaram a cuidar da própria lavoura e a arrendar
terras, eles estruturaram o parque de máquinas para dar
conta do recado e só veem progressos. “Nunca precisamos
vender nada para pagar contas”, comenta Simone, que diz
vislumbrar seu futuro no agro, onde as oportunidades para o
crescimento pessoal e da família são muitas.
Mulheres já
são 30% de
cargos de
liderança no agro
Recentemente, a Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), realizou uma pesquisa com cerca de
300 mulheres que atuam no setor de agronegócio no país. No levantamento, foi identificado que
cerca de 30% dos cargos de gestão são ocupados por mulheres. Se comparada à indústria, que possui
um índice de 22%, e a área de tecnologia com 20%, a liderança feminina ganha destaque nas operações do
ciclo da agricultura e pecuária.
ATUANTES
A especialista em desenvolvimento de lideranças, Carolina Valle Schrubbe, comenta que, até há pouco
tempo, o agronegócio era dominado pela presença masculina e o estudo chamou a atenção pelo percentual
de mulheres atuantes no setor.
DESAFIOS PROPULSORES
Na pesquisa, a ABAG identificou que 71% das mulheres entrevistadas já enfrentaram problemas motivados
por questões de gênero, apontando, principalmente, dificuldade em serem ouvidas e de ascenderem profissionalmente,
mesmo que sejam capacitadas para isso. “As mulheres que sobrevivem e se destacam em
um mercado inóspito, transformam dificuldades em desafios propulsores de suas carreiras. Elas costumam
investir em doses extras de dedicação, estudo e aperfeiçoamento constante. Para se destacarem, muitas
vivem uma eterna busca pela perfeição profissional”, ressalta Carolina.
Míriam Neumann, com o marido, já faz a gestão de 17 dos 70 alqueires do pai e tomou a decisão de adquirir maquinários, que aprendeu a manejar, para depender menos de terceiros
Duas jovens
promissoras
No município de Rancho Alegre, de colonização germânica
e que fica a 82,4km de Londrina, na divisa
com o estado de São Paulo, Mirian Cristina Neumann,
de 33 anos, é a sucessora do pai Alfons Aloysius, de
83. Casada com o médico Aníbal Eumann Mesas, ela já faz
a gestão de 17 alqueires [41 hectares] da propriedade da
família, de 70 alqueires [169,4 hectares], onde cultiva soja
e milho. O pai descende de alemães que adquiriram as terras
em 1943.
Formada em administração de empresas e agronegócio,
a produtora tem se estruturado para depender menos
de maquinários de terceiros. Em 2018, recorrendo
a recursos do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento
da Agricultura Familiar) ela adquiriu um trator
John Deere com GPS e piloto automático e, recentemente,
uma plantadeira da mesma marca. Com isso,
84 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Fotos/Flamma
A produtora Amália Ferreira Pintar e o agrônomo Tiago Glatz
poderá efetuar as operações sem atrasos, o que antes
era comum por depender da disponibilidade de máquinas.
A plantadeira conta com sistema de gerenciamento
de plantio e sensor para alertar o operador em caso de
falhas.
As máquinas próprias vão possibilitar também que Mírian
se aprofunde em um trabalho mais sustentável a partir do
próximo ano, quando pretende implantar o consórcio formado
por milho de inverno e capim braquiária, para tornar sua
atividade mais sustentável.
Desde pequena acompanhando o pai no campo, Mírian
tomou gosto pela atividade e ainda é uma das únicas mulheres
a comandar uma propriedade rural no município. “Enfrentei
preconceito no início, mas isso já é página virada”,
diz. Ela faz parte de um recém-criado grupo de produtoras
de cidades do norte do Paraná que participam da gestão de
negócios rurais.
SERTANEJA
Aos 34 anos, engenheira agrônoma Amália Ferreira Pintar
também é uma das poucas mulheres a dedicar-se à agricultura
em Sertaneja, município vizinho a Rancho Alegre, na
região de Londrina. Ela retornou no final de 2018 de Sorriso
(MT), onde residia há dez anos, para dividir a gestão da propriedade
da família com o irmão Eduardo, de 36. Enquanto
ela cuida de 40 alqueires [96,8 hectares] cultivados com
soja e milho, Eduardo responde pela pecuária.
Hélio Ferreira Pintar, o pai, acompanha o trabalho dos filhos
e dá a palavra final, mas por entender a importância da tecnologia,
ele tem incentivado a filha, que conta com o assessoramento
do engenheiro agrônomo Anderson Tiago Glatz. Após o
retorno de Amália, a família não demorou a retomar alguns negócios
que havia parado, como a produção de leite e a criação
de suínos; por outro lado, estuda investir em caprinos e quer,
principalmente, melhorar seus níveis de produtividade de grãos.
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
85
SENAR/PR
Programa Mulher Atual
passa por renovação
Conteúdos mais objetivos, alinhamento das instrutoras e redução da cargahorária
fazem parte das novidades
Fotos/Faep/Senar/PR
Desde 2009, 1.256 turmas participaram da realização
A presença feminina no campo tem se mostrado cada vez
maior e precisamos não apenas acompanhar esse processo,
mas incentivar a participação ativa destas mulheres, algo
indispensável para o desenvolvimento contínuo do setor”
“ÁGIDE MENEGUETTE, presidente do Sistema Faep/Senar
86 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Para acompanhar a trajetória das mulheres do campo,
o Senar-PR investiu na reformulação e atualização do
Programa Mulher Atual. Desde dia 19 de fevereiro, o
programa passou a trazer conteúdos mais embasados e articulados
com uma rede de instrutoras 100% alinhadas aos
objetivos do programa. A previsão é que sejam criadas 140
turmas em 2020.
“O Programa Mulher Atual já se concretizou como uma ferramenta
de fortalecimento da representatividade rural, tendo
formado mulheres que hoje são referências ao agronegócio
estadual e nacional. A presença feminina no campo tem se
mostrado cada vez maior e precisamos não apenas acompanhar
esse processo, mas incentivar a participação ativa destas
mulheres, algo indispensável para o desenvolvimento contínuo
do setor”, salienta o presidente do Sistema Faep/Senar/
PR, Ágide Meneguette. Desde 2009, quando foi a campo pela
primeira vez, 1.256 turmas participaram do Mulher Atual.
Por falar em objetivos, estes também foram aperfeiçoados.
As novas participantes do Mulher Atual sairão preparadas
para atuar com uma postura ativa, frente aos desafios pessoais,
sociais e profissionais. Neste sentido, os conteúdos e
atividades trabalhadas foram moldadas em quatro pilares: autoconhecimento,
dimensões da vida, sustentabilidade e empreendedorismo.
Segundo a técnica do Sistema Faep/Senar-PR e responsável
pelo Programa Mulher Atual, Regiane Hornung, os temas
destes pilares já eram tratados durante os encontros, porém,
não de forma tão objetiva e definida como a partir de agora.
“Nós atualizamos as estratégias de aplicação de conteúdo e
atividades desenvolvidas durante as aulas. As instrutoras precisam
dominar todos os temas para atingir os objetivos do
programa e das participantes de forma satisfatória, por isso,
houve esse alinhamento para que o trabalho em equipe seja
realmente efetivo”, afirma Regiane.
Programação reformulada
Os conteúdos aplicados ao Mulher Atual passaram
por reformulações de acordo com as necessidades
identificadas em turmas anteriores, o que inclui a
evolução do público feminino e sua relação com os temas.
A carga-horária do programa também passou por alterações,
agora com 64 horas divididas em oito encontros.
As duas primeiras aulas são baseadas no pilar do autoconhecimento,
abordando conteúdos sob viés psicológico,
como tipos de temperamento, atividades cerebrais e neuroplasticidade
(capacidade do sistema nervoso em mudar e se
adaptar diante de novas experiências). Também são tratados
assuntos relacionados à qualidade de vida, como saúde
física e emocional, sexualidade feminina, espiritualidade e
planejamento financeiro.
Na terceira e quarta aulas, sob o pilar nomeado dimensões
da vida, o debate envolve formas de relacionamentos
interpessoais, comunicação assertiva, autoestima, imagem
e asseio pessoal.
Os pilares sustentabilidade e empreendedorismo, que norteiam
a quinta e sexta aulas, ganharam novas abordagens. A
objetividade é uma das principais características deste novo
Mulher Atual, de modo que os conteúdos serão transmitidos de
forma mais prática para facilitar a absorção pelas participantes.
Neste instante, vão ser trabalhados conceitos como tripé
da sustentabilidade, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ODS), 6Rs ecológicos (Repensar, Reduzir, Reutilizar, Replantar,
Recusar e Reciclar), capital social, definições e tipos
de empreendedorismo e características empreendedoras. Ao
final, as participantes serão desafiadas a desenvolverem uma
ação fundamentada pelo que aprenderam nas aulas.
No sétimo encontro, os quatro pilares serão trabalhados
de forma unificada sob o conceito C.H.A.V.E., sigla que se
refere às iniciais de características importantes de desenvolvimento
pessoal e profissional. São cinco: conhecimento,
habilidades, atitudes, valores e entorno. A última aula será o
momento de conclusão do programa, com apresentação das
ações desenvolvidas.
Os conteúdos
aplicados ao Mulher
Rural passaram por
reformulações de acordo
com as necessidades
identificadas em turmas
anteriores, o que inclui
a evolução do público
feminino e sua relação
com os temas
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
87
PECUÁRIA
Um sistema de
alto padrão
Em Nova Londrina, modelo avançado é destaque por seus números
Com seus 120 alqueires (290 hectares), a Fazenda Santa
Luzia se destaca no noroeste do Paraná pelo elevado padrão
da sua pecuária de corte. Localizada há poucos quilômetros
do centro urbano em Nova Londrina, a 70 quilômetros
de Paranavaí, a propriedade adquirida em 1963 pela família Pires
é especializada em cria, recria e engorda a partir de cruzamento
industrial de nelore e angus.
São 90 alqueires (217,8 hectares) de pastagens bem formadas,
em que os capins (panicum, estrela e braquiária) permanecem durante
todo o ano a uma altura que corresponde ao do joelho do boi.
“O boi não pode pegar vento na canela”, sorri o proprietário Silvio
Pires, que é técnico agrícola, ao lado do pai Antonio Santos Pires.
SUPERPRECOCES
“Estamos há 26 anos no sistema”, comenta Antonio, falando de
sua tradição na pecuária tecnificada. Pai e filho explicam que, entre
outras iniciativas, é feito manejo diferenciado, Inseminação Artificial
em Tempo Fixo (IATF), piqueteamento em vários tamanhos
nos pastos e, por fim, os animais superprecoces são terminados
em confinamento com autogrão e seguem para o abate aos 16
meses. As fêmeas, pesando de 16 a 17 arrobas, alcançam 54% de
aproveitamento de carcaça, enquanto os machos, com peso entre
20 e 22 arrobas, chegam a 56% de aproveitamento. Em ambos os
casos, os animais possuem de 4 a 6 milímetros de capa de gordura.
Certificados individualmente, os animais da raça angus são destinados
a abastecer a CooperAliança, uma cooperativa de Guarapuava
(PR) especializada em carnes nobres, que assegura um
valor adicional de R$ 8,00 por arroba.
O contrato firmado com a cooperativa prevê o fornecimento de
20 animais/mês que, historicamente, apresentam um peso médio
de 19 arrobas.
Por ser uma referência no assunto, há sete anos Silvio coordena
um grupo formado por 22 pecuaristas do município, fruto de uma
parceria firmada entre o Instituto Emater, o Sindicato Patronal e
que tinha também a Copagra. O objetivo é contribuir para que o
setor se desenvolva por meio de técnicas mais modernas.
FUTURO
O plantio de soja em sistema de integração com a pecuária ainda
não está nos planos da família Pires, que prefere manter seu foco
no trabalho de qualidade que realizam. Mas Silvio não descarta a
integração no futuro, desde que encontre parceiros especializados
em agricultura, por considerar que o sistema oferece muitas vantagens.
Na atividade silvipastoril da qual são modelo, os Pires investem
na conservação do solo arenoso e fazem terraços para impedir
os efeitos da erosão.
88 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Flamma
Na atividade silvipastoril a família investe na
conservação do solo arenoso e faz terraços para
impedir os efeitos da erosão
Silvio Pires e o pai
Antônio implantaram
há 26 anos um
projeto para a
produção de novilhos
superprecoces em
uma das regiões de
solo mais desafiador
do estado
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
89
HISTÓRIA
Em Cambé,
uma fazenda
alia tradição
aos negócios
Conversão do café para a soja representou a chegada de novos tempos, sem
que o imóvel perdesse a sua identidade
Flamma
Aos 71 anos, João José Rezende Paiva comanda a
tradicional Fazenda Ipomeia
90 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Flamma
Detalhe da propriedade, que já foi um importante
centro produtor de café
História é o que se percebe, logo ao chegar, na Fazenda Ipoméia,
município de Cambé.
São inúmeras construções que remontam aos tempos
do café, entre casas de colônia, sede, clube, capela e barracões. E,
claro, o sino, que desde 1954 repica em alguns horários, numa tradição
mantida pelo proprietário, o engenheiro mecânico João José
Rezende Paiva, de 71 anos. Segundo ele, até mesmo propriedades
vizinhas se orientam pelo estridente e nostálgico badalar que ecoa
da Ipoméia.
A fazenda, que está desde 1951 em poder de sua família –
oriunda de São Sebastião do Paraíso (MG) - já chegou a ter mais
de 500 trabalhadores e viveu o seu apogeu em 1965, quando da
colheita da maior de todas as safras de café.
MUDANÇA
Com o passar do tempo, o ouro verde foi perdendo lugar para as
culturas mecanizadas de grãos, uma mudança que se observou em
todo o norte do Paraná. Atualmente com 6 funcionários, a fazenda
é produtora de soja, milho e laranja.
SOJA
São 165 alqueires (399 hectares) cultivados com grãos, e 20 (48
hectares) de citricultura. A soja, o carro-chefe, apresenta uma produtividade
média de 150 sacas por alqueire (61,9/hectare).
LEVANTAMENTO
Com seus controles bem organizados, a fazenda mantém anotações
dos níveis pluviométricos desde 1974. A cada chuva, os valores
são registrados na média de vários pontos da propriedade. Depois
de imprimir o levantamento, o produtor mostrou que 1978
foi o ano menos chuvoso em toda a série histórica, totalizando
apenas 867 ml, quase a metade em comparação aos 1.515ml
acumulados no ano anterior. O mais chuvoso foi 2009, quando as
precipitações somaram 2.419ml (quase o triplo de 1978).
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
91
CRÉDITO
Sicredi oferece
suporte a agricultores
Do crédito agrícola à lavoura, passando por seguro, poupança e previdência,
cooperativa acompanha produtores rurais em todas as etapas do negócio
Olga Agulhon, produtora rural: “é imprescindível ter seguro.
Inclusive já acionamos para uma colheitadeira que pegou fogo
durante a safra de milho. Deu perda total e se não tivéssemos o
seguro, estaríamos em uma condição muito difícil”
92 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Marco Bruschi Neto, associado da Sicredi União PR/SP: “é uma cooperativa de crédito em que somos sócios, então, trabalhamos com um negócio que é nosso”
Produtores rurais encontram na Sicredi União PR/SP uma
cesta de produtos e serviços para cada necessidade: crédito
agrícola, seguro, previdência privada, poupança e outros.
Para auxiliá-los, a cooperativa conta com 56 gerentes de
negócios agro, nas cinco regionais: Maringá, Noroeste do Paraná,
Norte do Paraná, Centro-leste paulista e centro paulista.
A cooperativa conta com especialistas em agronegócio para
oferecer a melhor solução financeira para o produtor. O atendimento
próximo, que é o Jeito Sicredi de Ser, tem como base
valores importantes para o produtor rural: cooperação, empatia,
segurança, gentileza, confiança, proatividade e constância.
Gerente agro na agência Cocamar, Cristiana Tessarolo Marino
faz questão de visitar as propriedades rurais dos associados e oferecer
um atendimento próximo. “Temos uma cultura de pertencimento.
Somos transparentes e incentivamos os produtores a vir à
agência. Fazemos questão de cumprimentar, conversar e mostrar
para o associado que ele é bem-vindo. Enquanto tem instituição
financeira que evita a presença do correntista na agência, na Sicredi
é o contrário: acolhemos todos”, conta ela, que tem mais de 20
anos de experiência como gerente de agronegócio.
Além de custeio do milho e soja, tem havido forte procura pelo
financiamento de maquinários e veículos utilitários, e dependendo
da linha, até cinco anos para pagar e financiamento de até
100% do equipamento.
As soluções são elogiadas pelos produtores. Que o diga
Olga Agulhon, produtora de soja e milho nas regiões de
Ivatuba, Terra Boa e Araruna. Ela usa o crédito rural para
financiamento das lavouras, além dos seguros da produção
e de maquinário agrícola e operações de investimentos.
“Trabalhamos com uma área de alto risco, com produções
a céu aberto, por isso, é imprescindível ter seguro. Inclusive
já acionamos para uma colheitadeira que pegou fogo
durante a safra de milho. Deu perda total e se não tivéssemos
o seguro, estaríamos em uma condição muito difícil”,
explica a agricultora. “Sempre fomos bem atendidos,
e estou satisfeita. Além disso, minha agência fica ao lado
da Cocamar, o que facilita a vida, porque estou sempre na
cooperativa”, acrescenta.
Produtor há mais de 50 anos, Marco Bruschi Neto também
tem culturas de soja e milho em Maringá, Floresta e Ângulo.
Por meio da Sicredi, ele faz desde operações de custeio ao seguro
de todo o maquinário e veículos utilizados para transporte.
“A Sicredi é uma cooperativa de crédito em que somos sócios,
então, trabalhamos com um negócio que é nosso. Temos
facilidade, porque estamos em contato direto com o gerente,
temos maior liberdade e abertura”, destaca.
Participação em eventos
Com a proposta de levar os produtos e serviços aos produtores
rurais, a Sicredi União PR/SP participa de grandes eventos do
setor, como Safratec, ExpoParanavaí, ExpoLondrina e Expoingá.
Durante o 30º Safratec, em Floresta, realizado no início do
ano, a cooperativa manteve três especialistas para orientar os
produtores nas áreas de seguro agrícola, crédito rural e investimento.
Além disso, nesses eventos a Sicredi União oferece
condições e taxas diferenciadas para financiamento de veículos
leves, utilitários e equipamentos agrícolas de alta precisão, e para
consórcios de veículos e seguros de auto.
A Sicredi União PR/SP também apoia eventos como o Seminário
Regional da Soja em Maringá, realizado em Maringá para
melhorar a eficiência das lavouras por meio de estratégias para o
controle de ferrugem asiática e percevejos da soja.
Sicredi
O Sistema Sicredi é uma instituição financeira cooperativa comprometida
com o crescimento dos associados e com o desenvolvimento
das regiões onde atua. O modelo de gestão valoriza a
participação dos mais de quatro milhões de associados, os quais
exercem papel de donos do negócio. Com presença nacional, o
Sicredi está em 22 estados e no Distrito Federal, com mais de
1.800 agências, e oferece mais de 300 produtos e serviços financeiros
(www.sicredi.com.br).
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
93
IRRIGAÇÃO
94 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Produtor dribla a
estiagem e prospera
Para uma boa safra, está ao alcance do produtor
investir em tecnologias e maquinários, mas com
relação ao clima não há o que fazer, a menos que a
propriedade seja servida por um sistema de irrigação.
Em Florestópolis, norte do estado, enquanto a maior parte
dos agricultores ainda não conseguia plantar e ficava cada
vez mais aflita com o passar dos dias, a família Baíse concluiu
o plantio no início de outubro. O pivô central roda em horário
noturno, assegurando a necessária umidade.
No distrito de Herculândia, em Ivaté, próximo a Umuarama,
fica a propriedade da família Lavagnoli, produtora de grãos. Arcino
e o filho Marcelo implantaram o pivô central em 2013 e o equipamento
está praticamente pago. “A gente consegue ter estabilidade
da produção e planejar a atividade”, afirmou Marcelo.
Governador promete esforços
pela irrigação no noroeste
Flamma
RESULTADOS
Na última safra de soja a média dos Lavagnoli foi de 135 sacas por
alqueire (55,7/hectare), enquanto em cultivos não irrigados, na região,
a estiagem prejudicou bastante a produtividade. Eles também
cultivam milho no inverno - já alcançaram a média de 300 sacas
por alqueire (123,9/hectare) -, algo impensável para a maioria das
propriedades ali, por causa, invariavelmente, do clima seco.
De quebra, os Lavagnoli ainda se dão ao luxo de colher uma
terceira safra, de feijão, cujas plantas estão carregadas de vagens
- diferente de uma área que não recebe umidade. A captação da
água é feita no Rio Ivaí, que passa nos fundos da propriedade.
O técnico Gabriel Teixeira, da Cocamar em Douradina, que presta
assistência à família, enfatiza que a irrigação é uma tecnologia a
mais no processo de gestão que tem como objetivo avançar para
uma alta produtividade nas lavouras. Segundo o técnico, a irrigação,
somada ao manejo adequado do solo, à análise periódica do
mesmo, à correção e à adubação e um bom acompanhamento fitossanitário,
aumenta as possibilidades de o produtor se sair bem e
prosperar mesmo em períodos de clima adverso.
Ao participar no mês de setembro do Fórum de Irrigação
em Paranavaí, o governador Carlos Massa Ratinho
Júnior anunciou diante de mais de 250 participantes,
entre produtores e técnicos, que lotaram o Recinto Felício Jorge
no Parque de Exposições, algumas medidas de incentivo para
investimentos em culturas irrigadas.
“O Paraná é o maior produtor mundial de alimentos em quantidade
e qualidade por metro quadrado, mas podemos ampliar
os volumes por meio da irrigação”, disse o governador, acrescentando
que o objetivo é promover o desenvolvimento. “Se
a região precisa investir em irrigação para gerar mais riquezas,
empregos e se desenvolver, vamos trabalhar, entre outras frentes,
para baixar os preços dos equipamentos e também para
conseguir um crédito mais acessível”, comentou.
POTENCIAL A EXPLORAR
Antes dele, o presidente do Conselho de Administração da Cocamar,
Luiz Lourenço, havia se pronunciado para dizer que “a
região noroeste apresenta grande potencial a explorar, precisa
de incentivo e, no caso da irrigação, de uma outorga da água
que seja menos burocrática”.
O secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto
Anacleto Ortigara, disse que “tem jeito de mudar o cenário de
pastos degradados do noroeste. O caminho é cobrir o solo o
tempo todo com culturas e armazenar água no solo”, explicando
que o produtor, ao investir em irrigação, precisa seguir um projeto
bem elaborado e atender todas as recomendações técnicas.
“A irrigação é uma das ferramentas, não é a única solução para
tudo”, destacou, salientando que o custo do uso da energia elétrica,
em horários fora de pico, tem 60% de desconto; haverá linhas
de crédito mais baratas para irrigação; estão sendo estudadas
formas de reduzir os preços dos equipamentos e também de
tornar a licença e a outorga da água mais simplificados. “Temos
3 milhões de hectares de solos arenosos na região noroeste, a
maior parte com pastos degradados. Podemos mudar a realidade
da região para melhor”, completou.
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
95
UNICESUMAR
Agronomia 4.0: matriz
curricular em função das
demandas de mercado
Desde os primeiros anos do curso, alunos da Instituição são incentivados a trabalhar com agricultura
digital, mapeamentos e transmissão de dados via internet para operação e controle de máquinas
96 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Ouso da tecnologia na produção agrícola tem se tornado
cada vez mais comum. Segundo o último Censo Agropecuário
do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística
(IBGE) mais de 1,5 milhão dos produtores rurais acessam dados
por meio de dispositivos eletrônicos – um crescimento de
1.900% em dez anos.
Essa análise reflete a necessidade de instituições de ensino
atualizarem metodologias, com a finalidade de capacitar os futuros
profissionais para as mudanças do mercado. Por isso, o curso
de Agronomia da UniCesumar possui uma matriz curricular
adaptada a partir de um conceito que representa transformação:
a Indústria 4.0, que propõe o uso de dados e tecnologias de automação
nos processos.
De acordo com o coordenador do curso, Edison Schmidt Filho,
o uso de recursos inovadores, agricultura digital, mapeamentos,
agricultura de precisão e de informações transmitidas via internet
para operação e controle de máquinas agrícolas aumenta a
cada dia. “Isso levou a necessidade de se criar um curso mais
moderno, voltado à automação e tecnologia no campo. Em termos
educacionais, significa que os alunos sairão da UniCesumar
mais preparados para esse mercado, que nos próximos cinco a
dez anos estará muito diferente do que é hoje.”
Assim como outros cursos da Instituição, a graduação em
Agronomia é marcada pela forte experiência prática oferecida
aos estudantes. Assim, eles realizam atividades na Fazenda
UniCesumar desde o primeiro semestre do curso, com práticas
voltadas ao aprendizado dos conteúdos expostos em sala de
aula. Na fazenda, há o ensino de práticas de campo, máquinas,
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
97
defensivos agrícolas e outras ações que são necessárias para o
desenvolvimento do conhecimento de campo dos futuros engenheiros
agrônomos.
Como resultado desse investimento, a UniCesumar estima
que entre 70% a 80% dos estudantes formados pela Instituição
estão empregados no setor agropecuário da região, especialmente
no campo agrícola. O número contempla inclusive, alunos
que estão no último ano da graduação. “Os estudantes que se
formam conosco e estão empregados retornam à universidade
com muita satisfação e agradecimento pela formação obtida”,
diz o professor Edison Schmidt Filho, ressaltando que as empresas
empregadoras também estão satisfeitas com a atuação dos
profissionais no mercado. “Isso nos dá garantia da qualidade de
nossos alunos, de como eles estão sendo formados e de como
estão atuando fora da universidade.”
Responsabilidade global
A modernização tecnológica é um elemento que contribui para
a responsabilidade global do setor agropecuário em relação ao
abastecimento mundial de alimentos. No relatório publicado em
2018 sobre os mercados de commodities agrícolas no mundo,
o chefe da Organização das Nações Unidas para a Alimentação
e a Agricultura (FAO), José Graziano da Silva, chamou atenção
para a sustentabilidade na agricultura como forma de erradicar
a pobreza e a fome. “À medida que a população aumenta, a urbanização
se intensifica e a renda cresce, o setor agrícola sofre
maior pressão para atender a demanda por alimentos nutritivos”,
ressaltou.
Para o professor Edison Schmidt Filho, o curso de Agronomia
tem compromisso com a produção de alimentos em larga escala,
assim como as empresas agrícolas. “O engenheiro agrônomo é
a pessoa que estará apta a desenvolver pesquisas, melhoramento
de plantas, testes de defensivos e todas as outras atividades
necessárias para se aprimorar e desenvolver tecnologias que aumentem
a produtividade no campo, bem como a qualidade dos
alimentos.”
Pensando nessa conscientização, que envolve o relacionamento
estreito entre estudantes, engenheiros e produtores rurais,
a UniCesumar realiza, entre outras ações, o Dia de Campo
de Agrárias. “Os alunos são colocados em teste, apresentando
trabalhos que eles realizaram durante o último ano do curso.
Com isso, nós aumentamos a confiabilidade do nosso acadêmico
e a responsabilidade moral e ética que eles têm em transmitir
informações ao produtor rural, tanto em qualidade de vida quanto
em desenvolvimento econômico”, enfatiza o coordenador do
curso de Agronomia.
98 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
99
SETOR INDUSTRIAL
Crescimento
forte
no Paraná
Com a redução
nas vendas para a
Argentina o setor se
reorganizou e focou
seus esforços para
atender o aumento da
demanda do mercado
interno
Segmento automotivo liderou a expansão em 2019, registrando alta acumulada
de 25,7% em relação ao ano anterior
100 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Reprodução
OParaná apresentou em 2019 um crescimento de 5,7%
na produção industrial. Foi o melhor índice desde 2011,
quando a indústria registrou alta de 11,2%, e também
o maior do país, de acordo com dados divulgados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estado liderou o
ranking nacional ao longo do ano, enquanto o indicador nacional
registrou queda acumulada de -1,1% no mesmo período. Quando
se avalia o resultado, o setor automotivo foi o que puxou o crescimento
da produção industrial paranaense, com alta acumulada de
25,7% em relação a 2018. Em seguida, ficou o segmento de máquinas
e equipamentos, com 9,5%; alimentos, 8,8%; fabricação
de produtos de metal, 7,1%; e máquinas, aparelhos e materiais
elétricos somaram 5,3%.
Os produtos que mais influenciaram o crescimento desses setores
são produção de automóveis, de caminhão-trator para re-
boques e semirreboques; caminhões, reboques e semirreboques
no segmento de máquinas e equipamentos. Na área de alimentos,
destaque para carnes e miudezas de aves congeladas, rações para
animais, bovinos congelados e leite esterilizado. Máquinas para colheita,
ar condicionado e equipamentos para refrigeração; e, ainda,
torres e pórticos de ferro e aço, produtos de ferro e aço para a indústria
automotiva, esquadrias de alumínio e parafusos.
Os setores que mais enfrentaram dificuldades são os da madeira,
com queda acumulada de -7%; produtos derivados do petróleo
-3,8%; produtos químicos, -2,2; e fabricação de móveis, -1%.
De acordo com o economista da Federação das Indústrias do Estado
do Paraná (Fiep), Evânio Felippe, o desempenho positivo da
indústria paranaense em 2019 mostra que, aos poucos, o setor vem
recuperando as perdas acumuladas no período de crise. “Algumas
medidas adotadas pelo governo federal, principalmente no segundo
semestre, contribuíram para melhorar o ambiente de negócios no
país. A liberação do saque do FTGS, as sucessivas quedas da Selic e a
expansão do crédito, o controle da inflação e a melhora na oferta de
empregos se refletiram em aumento do consumo”, avalia.
Ele completa dizendo ainda que o crescimento acumulado na
produção industrial, puxado principalmente pelo setor automotivo,
é resultado da mudança de estratégia do segmento no país, em
razão da acentuada queda nas vendas para o mercado argentino.
“Com a melhora na economia brasileira e ao perceber a queda de
30% a 35% nas vendas de produtos automotivos para a Argentina
no ano passado, o setor se reorganizou e focou seus esforços
para atender o aumento da demanda do mercado interno. E deu
certo”, comenta o economista.
Mercado de trabalho
Os dados de emprego também contribuíram para os bons resultados
da produção industrial no Paraná. O setor de transformação
do Paraná fechou 2019 com saldo positivo na oferta de empregos.
De acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados
e Desempregados (Caged), foram criados 1.462 novos postos de
trabalho na indústria do estado. A construção civil também teve
bom desempenho, com criação de 6.036 novos empregos, contra
2.301 registrados durante todo o ano de 2018, gerando um crescimento
de 162%.
As áreas da indústria de transformação que mais contrataram foram
indústria mecânica, com oferta de 1.811 novas vagas; alimentos,1.448;
e metalúrgico, 1.085. “Com mais pessoas trabalhando e
com renda, o consumo aumenta, o que favorece diversos segmentos
da indústria, impulsionando a produção”, comenta Felippe.
De acordo com o economista da Fiep, a expectativa para este
ano também é positiva, mas depende da manutenção do crescimento
da atividade econômica e de medidas a serem adotadas
para estimular o setor produtivo. “A aprovação das reformas tributária
e administrativa, as privatizações e os investimentos em
infraestrutura podem contribuir para um cenário mais positivo para
os negócios e aumento da confiança dos empresários para retomar
os investimentos. E tudo isso pode se refletir em maior competitividade
no setor e geração de mais empregos”, conclui.
5,7%
foi o crescimento médio da indústria do PR,
em 2019Unium, em 2019 e 2020, na construção de
novas estruturas industriais
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
101
Tornar a indústria
mais competitiva
Desde 1º de outubro, a Federação das Indústrias do Estado
do Paraná (Fiep) tem uma nova diretoria. Industrial
do setor metalmecânico, em que atua há 38 anos, Carlos
Valter Martins Pedro foi escolhido pela maioria dos sindicatos
filiados para presidir a entidade no quadriênio 2019-2023.
Uma das mais importantes entidades do setor produtivo, a
Fiep mantém uma interface constante com todas as esferas do
poder público. Segundo o novo presidente, será intensificado
esse relacionamento. “O fato de eu não ter ação político-partidária
vai facilitar a interlocução tanto com o governo, quanto
com a Assembleia e a Câmara Federal. O que diz respeito à
indústria vamos tratar firme e forte e o que for transversal quero
integrar com as demais entidades, no âmbito do G7”.
Sobre as políticas voltadas ao setor industrial, por parte dos
governos federal e estadual, a opinião de Carlos Valter é que
“tem que evoluir muito”. O que é nacional será tratado junto à
Confederação das Indústrias, a CNI. “A Fiep vai fazer a interface
com a bancada paranaense e atuar também com a Assembleia
Legislativa, no estado.” Na visão dele, as reformas Trabalhista
e da Previdência – e em breve a Tributária e a Política – “são
boas sinalizações. Elas fazem parte de um processo de reconstrução
em que precisamos recuperar nossa competitividade.
Temos condições favoráveis, mas há muito a fazer. Somos a
quinta população do mundo, temos um grande mercado e precisamos
potencializar isso para a evolução da indústria como
um todo. Precisamos deixar de exportar só commodities. Os
manufaturados também precisam fazer parte de nossa pauta
de exportações”.
Entre outras medidas que considera importantes para recuperar
a competitividade da indústria, o presidente cita a desoneração
da produção. “Uma peça fabricada no Brasil tem que ser
tão competitiva quanto uma fabricada na China, nos Estados
Unidos, na Europa ou em qualquer parte do mundo. A indústria
brasileira sofre com custos externos à produção que impactam
no preço final, na competitividade. Isso passa pela carga tributária,
que é muito pesada, mas também pela burocratização e
pelos custos indiretos que temos para prestar informações ao
governo. Temos também a questão do nosso trabalhador, que
não ganha tanto, mas custa muito, e isso também onera. Tudo
isso precisa mudar.”
Sistema Fiep
“Os manufaturados
também precisam fazer
parte de nossa pauta de
exportações”
Precisamos desonerar a produção, uma peça fabricada no Brasil tem que ser tão
competitiva quanto uma fabricada na China, nos Estados Unidos, na Europa ou em
qualquer parte do mundo”.
“Carlos Valter Martins Pedro, presidente do Sistema Fiep
102 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Soluções que
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ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
103
C.Vale de Palotina
Inovar para
sobreviver
Inovar é uma necessidade para o sucesso de qualquer negócio e isso deve estar
presente nos planos de desenvolvimento, pois reduz custos, aumenta a produtividade
e proporciona novos mercados. Por competir muitas vezes em nível global,
a indústria precisa se desenvolver para levar aos clientes soluções de classe mundial.
A necessidade de inovação não vem ao acaso, pois a indústria passa por uma nova
revolução, em que avanços tecnológicos nas últimas décadas trouxeram novas formas
de interação entre as diferentes etapas dos processos produtivos. Como resultado,
surgiu o conceito de indústria 4.0, que é a integração digital de toda a cadeia de valor
dos produtos industriais – do desenvolvimento ao uso – e envolve ainda a criação de
novos modelos de negócio, produtos e serviços. “As empresas que não se transformarem
digitalmente vão deixar de existir”, adverte Filipe Cassapo, gerente de inovação do
Sistema Fiep. Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI)
e Instituto Euvaldo Lodi (IEL) mostra que, em uma década, a indústria 4.0 deve atingir
21,8% das empresas brasileiras. Hoje, esse percentual é de apenas 1,5%.
As empresas
que não se
transformarem
digitalmente vão
deixar de existir”
Filipe Cassapo,
“gerente de Inovação
104 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Inovar é uma estratégia que
precisa fazer parte do plano de
desenvolvimento de qualquer
organização, seguindo lembram os
especialistas
REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS | A evolução da indústria ao longo dos anos
INDÚSTRIA 1.0
INDÚSTRIA 2.0
INDÚSTRIA 3.0
INDÚSTRIA 4.0
Métodos de
produção mecânica
Linha de
montagem
Automação dos
processos
Interconectividade
e análise de dados
Reino Unido,
final do século XVIII
Início do
século XX
Década
de 1970
A partir
de 2010
Produção
mecânica e
energia a vapor
Produção industrial
em massa, baseada
em linhas de
montagem
Automatização e uso
de produtos eletrônicos
e tecnologia de
informação
Interconectividade e
análise de dados com
a fusão dos mundos
real e virtual
FONTE | Fiep
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
105
A urgência de uma
reforma tributária
OO empresário conhece bem o peso da carga tributária,
um dos principais entraves ao crescimento do país.
De acordo com dados do IBGE, os tributos no Brasil
equivalem a 32% do Produto Interno Bruto (PIB). A indústria
de transformação é, disparada, a que mais paga impostos. Os
gastos equivalem a 46% do PIB. No setor de serviços a taxa cai
para 19%; na construção civil, 12%; e no agronegócio, 1,7%.
A reforma tributária vai beneficiar principalmente médias e
grandes empresas. Micro e pequenas geralmente estão inclusas
no regime de tributação simplificado, o Simples Nacional, que
não terá mudanças.
Uma redução na carga tributária brasileira ajudaria a melhorar
o ambiente de negócios, restaurar a produtividade e ampliar o
potencial de crescimento. A possibilidade de reforma finalmente
sair do papel anima empresários e trabalhadores para uma
mudança de rumo. Entre as propostas que tramitam em Brasília
, tanto a PEC 45/2019, discutida na Câmara Federal, quanto
a PEC 110/2019, no Senado, preveem a racionalização dos
impostos. Isso gera uma alavanca para a retomada do crescimento.
O ICMS é o tributo mais prejudicial à competitividade da in-
dústria, segundo o consultor tributário da Fiep, Alexandre Tortato.
Isso porque é muito complexo, gera dúvidas na arrecadação,
na apuração, no entendimento das empresas e em como pagar.
“É necessário contar com muitos advogados e contadores para
apurar os tributos a serem pagos. Este custo é muito alto para
o empresário”, esclarece.
TRANSFORMAÇÃO
SERVIÇOS
AGRONEGÓCIO
1,7%
19%
46,4%
Designed by katemangostar / Freepik
106 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Novos tempos para
o setor de Bioenergia
Açúcar, etanol, biodiesel e bioeletricidade.
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
www.alcopar.org.br
107
EDIÇÃO 2020
Expoingá conecta
ao novo agro
Repleta de atrações e em meio a um cenário favorável para negócios, a feira que integra o
grupo das maiores e mais importantes realizações do segmento agropecuário no país, está
programada para o período de 7 a 17 de maio
108 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Realizada pela Sociedade Rural de Maringá (SRM), a Exposição
Feira Agropecuária, Industrial e Comercial de
Maringá – Expoingá– é um megaevento que apresenta
o diferencial competitivo dos principais setores da economia
brasileira, movimentando nas últimas edições em torno de 600
milhões de reais em negócios, com um público superior a 500
mil visitantes em 11 dias de evento.
Em sua 48ª edição, 25ª internacional, e com o tema “Conecta
você ao novo Agro”, a Expoingá 2020 apresenta todas as possibilidades
utilizadas pelo setor produtivo e será realizada no período
de 7 a 17 de maio.
Com ênfase em tecnologia, inovação e sustentabilidade, a feira
apresenta muitas novidades dos segmentos do agronegócio,
indústria, comércio e serviços, posicionando-se como uma plataforma
completa de geração de excelentes negócios e prospecção
de clientes.
Divulgação SRM
A Expoingá exibe resultados positivos e quebras de recordes a
cada edição, contando com a presença das melhores marcas de
equipamentos e implementos agrícolas, automóveis, as últimas
tecnologias e pesquisas, ciência e desenvolvimento genético,
inovações e tendências para o campo e, ainda, entretenimento,
cultura, gastronomia, turismo, eventos técnicos e muito mais
Segundo a presidente da Sociedade Rural de Maringá (SRM),
entidade realizadora da feira, Maria Iraclézia de Araújo, “o agronegócio
brasileiro vive hoje um momento sem precedentes ao
longo de sua história. Um momento de desafios e oportunidades.
Chegamos à era digital, ao novo agro. Esse novo agro não é apenas
tecnológico, conectado com a inovação. Ele é sustentável.
Contempla um manejo responsável dos recursos econômicos,
ambientais e sociais. Ele é moderno e recordista de produtividade,
o que nos coloca à frente de outros mercados internacionais”.
A presidente acrescenta que é “um agro feito por homens,
mulheres e jovens. Um agro cooperativista, profissionalizado,
que faz uso do desenvolvimento tecnológico, da biotecnologia,
de pesquisas e inovações científicas para produzir mais e com
qualidade, entendendo que a natureza é parte vital para que o
Brasil possa cumprir a sua missão de garantir o alimento das futuras
gerações de uma maneira rentável e com sustentabilidade”.
“As feiras agropecuárias do Paraná vivem um momento especial.
Elas consolidam a cadeia produtiva que é matriz do desenvolvimento
econômico do Estado e apresentam as inovações
tecnológicas associadas ao campo para milhares de pessoas. São
feiras irrequietas e que atraem negócios cada vez mais certeiros,
além de movimentar o turismo”, afirma o governador do estado,
Carlos Massa Ratinho Júnior. Ele enfatiza que “esses são aspectos
fundamentais para o governo do Paraná, que reconhece no
agronegócio a força motriz do desenvolvimento estadual”. Para
ele, “um evento como a ExpoIngá nos mostra as possibilidades
de transformar a realidade, de converter potencial em algo concreto
e de sucesso”.
O prefeito de Maringá, Ulisses Maia, diz ser “muito oportuno
o tema da Expoingá 2020, que propõe conexão na agricultura
como elemento representativo do conjunto de mudanças que
potencializam transformações profundas no campo”. Na sua visão,
o ambiente cada vez mais desafiador valoriza a competência
e o profissionalismo do produtor e de toda a cadeia produtiva do
agronegócio. “Vitrine moderna e sempre atualizada na exibição
de tecnologias e fomento de negócios, a Expoingá se redesenha
a cada ano para continuar como referência fundamental de um
segmento econômico de importância vital para o Brasil.”
O PARQUE
Com localização privilegiada, o Parque Internacional de Exposições
de Maringá é hoje um dos maiores e mais versáteis complexos
de eventos e exposições do Brasil. São 47 mil metros quadrados
de área construída em uma área total de 248 mil metros
quadrados. Destaque para a Arena de Shows e Rodeios, uma das
maiores estruturas cobertas da América Latina, com capacidade
para 14 mil pessoas. A Expoingá reúne mais de mil expositores
de diversos segmentos, protagonistas na geração e prospecção
de grandes e bons negócios, impulsionando o desenvolvimento
econômico e os números positivos da feira.
TECNOLOGIA
Nos últimos anos, o agro passou por uma revolução tecnológica.
Imagens de satélite, drones, sensores, tecnologia de precisão e
uso do Big Data são algumas das ferramentas que foram incorporadas
ao dia a dia do campo. As soluções são infinitas e valio-
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
109
sas nas tomadas de decisão pelo produtor, com otimização dos
processos, produzindo mais e com qualidade, economia de tempo
e preservando o meio ambiente. De acordo com a Sociedade
Rural de Maringá (SRM), a Expoingá tem a tecnologia como
aliada, e além da exposição de produtos e serviços de ponta, com
destaque para máquinas e implementos de última geração dos
melhores fabricantes, a feira promove eventos que estimulam
o desenvolvimento de inovações, como o 3º Hackathon Inova
Agro, 2º Seminário Inova Agro e o programa de pré-aceleração
de startups Agrotech.
Fotos/Divulgação SRM
CONHECIMENTO
A Expoingá se consolidou em um patamar de liderança em realização
de eventos que contribuem para o fortalecimento do agronegócio,
por meio de troca de experiências, compartilhamento
de informações, ideias inovadoras e a constante atualização de
conhecimentos. Destaque para o 4º Encontro de Mulheres que
Fazem a Diferença no Agronegócio Brasileiro, o 3º Fórum Brasileiro
Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), o 16º Fórum de
Negócios Internacionais, o 3º Agrojur - Congresso de Integração
de Direito e Agronegócio e 2º Fórum de Turismo Rural. Além desses,
palestras, cursos, seminários, workshops, simpósios e oficinas,
de variados temas e enfoques, integram a agenda técnica da feira.
AGROMUSEU
Durante a Expoingá 2020 serão abertas ao público as primeiras salas
do Agromuseu, inaugurando oficialmente o mais novo museu
com a temática agro do país. Segundo a Sociedade Rural de Maringá
(SRM), será um espaço ocupado por atrações interativas e educativas,
juntamente com as atrações da Fazendinha, que este ano se
incorpora ao Agromuseu. O novo espaço contará com acervos vivos,
compostos por animais e plantas, apresentando ao público a história
da agricultura e pecuária no Brasil e no mundo.
A presidente da Sociedade Rural de Maringá,
Maria Iraclézia de Araújo
Uma série de eventos técnicos estão agendados para discutir temas
relevantes do agronegócio
110 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
A evolução da genética animal é
percebida a cada realização
Novidades
tecnológicas
em maquinários
agrícolas
também são
destaque na
feira, que reúne
as principais
marcas
Arena coberta
tem capacidade
para 14 mil
pessoas
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
111
ARTIGO
Aproveitar as oportunidades
em um cenário de otimismo
Miguel Rubens Tranin*
Operíodo de profunda crise por que passou o setor
sucroenergético nos últimos anos, trouxe muitas
dificuldades para as indústrias, mas também lições
e aprendizados. Agora, no momento em que finalmente
avistamos uma luz no final do túnel, percebida por uma
mudança governamental e uma visão mais clara do Estado,
precisamos estar preparados para aplicar os conhecimentos
adquiridos em meio a tantos desafios e saber aproveitar as
oportunidades.
O ciclo que se apresenta é, sem dúvida, de recuperação
para o setor. No entanto, não devemos nos preocupar apenas
com os nossos produtos mais tradicionais, caso do açúcar
e do etanol - este último em demanda muito aquecida
no país. Faz-se necessário perscrutar um horizonte mais amplo,
que se apresenta bastante promissor.
Antes de mais nada, vale lembrar que a implementação do
RenovaBio, a grande conquista do setor, avança na certificação
das usinas, conferindo otimismo entre os investidores.
O programa, do qual muito já se falou, é o reconhecimento
dos ativos ambientais da atividade sucroenergética por parte
da sociedade como um todo.
Os indicativos são animadores. Contudo, é providencial
manter a atenção redobrada. Neste início de 2020, em que
se intensificam as discussões acerca de uma inadiável reforma
tributária, surgem ruídos de toda parte, inclusive sobre
uma possível tributação do açúcar, o que seria extremamente
danoso ao segmento, em termos de competitividade. Não
podemos permitir que o agronegócio, o carro-chefe da economia
e principal vetor do desenvolvimento, venha a ser penalizado
por algo que terá impacto direto em sua capacidade
produtiva e, por extensão, na geração de postos de trabalho.
Indispensável que os atores envolvidos nesse processo tenham
uma visão mais ampla e detalhada do setor para que
sejam evitadas possíveis arroubos e distorções. Não se pode
levar em conta, apenas, o produto final.
Para esses novos tempos é preciso, como já se afirmou
antes, que estejamos devidamente preparados e fazer a lição
de casa, uma vez que nossas perdas foram vultosas durante
o período de crise. Ampliar nossa produtividade é urgente,
assim como aumentar a eficiência e olhar para a capacidade
industrial. Começando pela matéria-prima, temos que buscar
variedades mais produtivas, adequadas à colheita mecânica,
reduzir os custos de implantação da lavoura e desenvolver
parcerias sinérgicas.
A propósito de parcerias, uma prática sustentável vem
ganhando força em alguns estados, a meiosi, pela qual usinas
implementam projetos a quatro mãos com cooperativas
agropecuárias para a reforma de áreas de canaviais a partir
do saudável cultivo de soja nas entrelinhas. Em vez de a indústria
instalar uma estrutura própria para esse fim, recorre
à expertise de produtores especializados, num sistema bem
planejado e ágil em que todas partes envolvidas só têm a
ganhar.
Todo esforço é necessário. Vemos, de um lado, a China se
posicionando a favor do etanol, possivelmente projetando a
adição à gasolina e, com isso, reduzir os elevados níveis de
poluição nos centros urbanos. Se vai produzir ou importar,
isto só o tempo nos dirá, mas é um tema que requer toda a
atenção.
De outro, ainda em relação ao plano externo, vemos que
há espaço para o estímulo à produção e consumo de etanol
de milho no Sul do Brasil e, dessa forma, não só abastecer
a região, mas ultrapassar fronteiras e conquistar mercados
vizinhos, o que serve também, é claro, para o etanol de cana.
A exemplo do Paraná, Santa Catarina e o Rio Grande do Sul
são importantes produtores do cereal.
Nos países do Mercosul, surgindo uma possibilidade de
adicionar etanol na gasolina, ou mesmo em se tratando do
futuro veículo à célula de combustível, estaremos preparados.
A tendência é que isto venha a acontecer, mais cedo ou
mais tarde. Tudo isso faz parte de um novo cenário que se
vislumbra para o setor e, naturalmente, nós os brasileiros temos
que continuar sendo protagonistas do desenvolvimento
de uma cultura voltada ao consumo de combustível renovável.
Falamos em âmbito de Brasil, Mercosul e da própria
América Latina como um todo. A questão ambiental, obviamente,
precisa respeitar as particularidades de cada país,
mas é inegável que, em resumo, ela traz oportunidades para
os produtores brasileiros.
Ainda em relação ao etanol de milho, seja em paralelo à
produção de etanol de cana, implantando uma indústria flex
ou no intervalo oferecido pela entressafra, temos que apro-
112 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Em relação ao etanol de milho, seja em paralelo à produção de etanol de cana, implantando uma
indústria flex ou no intervalo oferecido pela entressafra, temos que aproveitar a oportunidade. Por
meio de parcerias com cooperativas e empresas cerealistas, há como otimizar a capacidade ociosa
e aumentar a eficiência de tempo nas indústrias”
Miguel Rubens Tranin,
presidente da Alcopar “veitar a oportunidade. Por meio de parcerias com cooperativas
e empresas cerealistas, há como otimizar a capacidade
ociosa e aumentar a eficiência de tempo nas indústrias. Nas
plantas paranaenses, é possível incluir o etanol de milho ao
portfólio, o DDG (subproduto destinado à alimentação animal)
e também o biodiesel. Não podemos abrir mão disso.
A maior eficiência tem que ser conquistada e o ganho de
tempo é fundamental.
Por fim, outra questão diz respeito à cogeração. Contamos
com enorme potencial a ampliar e, no caso do Paraná,
estamos abrindo um novo diálogo com a companhia estadual,
a Copel, visando a expandir e incrementar essa atividade
a partir do aumento da capacidade de cada indústria, atendendo
com isso a uma demanda que se fortalece cada vez
mais diante das perspectivas de crescimento do país.
(*) Presidente da Associação de Produtores de Bioenergia do
Estado do Paraná (Alcopar)
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
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CRESCIMENTO
Cocamar almeja faturar
R$ 10 bilhões em 2025
Depois de um 2019 desafiador, em razão dos problemas climáticos que atingiram as lavouras,
meta é continuar crescendo fortemente nos próximos anos e gerar mais opções de renda aos
produtores cooperados
114 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Expansão industrial, com
investimento em novos
setores, está nos planos da
cooperativa até 2025
“2019 foi um ano desafiador”, resume o presidente-executivo
Divanir Higino. Diante dos efeitos do clima, a gestão
promoveu contenção de custos e adiou alguns investimentos.
Ao final, o faturamento ficou levemente acima do registrado
no ano anterior.
Para chegar ao crescimento que havia sido projetado no ciclo
2015-2020 e praticamente dobrar o faturamento, a Cocamar
apostou no seu próprio diferencial como cooperativa,
na ampliação do número de unidades operacionais e de lojas
agropecuárias, no aumento de participação de mercado e em
novos negócios.
CAMINHO E COMPROMISSO
Entre as maiores do país, a cooperativa sediada em Maringá
(PR) quer demonstrar, com sua solidez e o retorno de resultados
que proporciona aos produtores, que o cooperativismo é
o melhor caminho. “Nós podemos atuar como uma empresa,
mas nenhuma empresa do segmento agropecuário pode oferecer
a mesma segurança e tantos benefícios que uma cooperativa
forte”, afirma Higino.
Segundo ele, a Cocamar é movida pelo compromisso de gerar
renda aos seus cooperados, dos quais 70% são de pequeno
porte. “Trabalhamos para os nossos cooperados, que são os
donos do negócio, assegurando retorno de resultados de várias
maneiras”, explica o presidente. Ele cita como exemplos a instalação
de estruturas de apoio em locais estratégicos para facilitar
o recebimento das safras, a transferência de tecnologias
por meio de uma equipe técnica preparada e a realização de
eventos para que os produtores tenham acesso a novos conhecimentos
e se mantenham competitivos, sem falar da distribuição
de sobras ao final de cada exercício. Em dezembro, apesar
das dificuldades trazidas pela quebra da safra, os cooperados
receberam mais de R$ 40 milhões em recursos rateados, equivalentes
a 20% do resultado da cooperativa. Para muitos, foi
como um décimo-terceiro salário. Os produtores de soja, por
exemplo, tiveram direito a um adicional de R$ 2,00 para cada
saca depositada.
Divulgação/Cocamar
Depois de um 2019 desafiador, em razão dos problemas
climáticos que atingiram as lavouras, meta é continuar
crescendo fortemente nos próximos anos e gerar mais
opções de renda aos produtores cooperados
O ano de 2020 é representativo para a Cocamar Cooperativa
Agroindustrial. O exercício finaliza o planejamento estratégico
referente ao período 2015-2020 e abre o novo ciclo de
2020-2025. A previsão é faturar R$ 5,8 bilhões neste ano,
contra os R$ 4,6 bilhões de 2019. A cooperativa conta com
87 unidades operacionais nos estados do Paraná, São Paulo e
Mato Grosso do Sul, que atendem a mais de 15 mil cooperados
e cerca de 30 mil clientes.
EXPANSÃO
A ampliação territorial tem acontecido em ritmo forte, nos últimos
anos, para aproveitar oportunidades como as que estão
surgindo nos três estados. Em uma delas, no interior de São
Paulo, a cooperativa firmou no ano passado uma parceria com
a usina Cocal, sediada em Paraguaçu Paulista. Pelo acordo, foram
arrendados 5,2 mil hectares e repassados a 19 cooperados
para a renovação de canaviais com a cultura da soja. Os
resultados têm sido tão positivos que, de acordo com a própria
Cocal, os números devem ser ampliados neste ano, abrindo assim
uma nova fronteira para produtores que precisam de mais
terras para plantar.
ILPF
Novas fronteiras também estão sendo abertas pela cooperativa
na região noroeste paranaense, onde desenvolve outro programa
inovador, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), pelo
qual pastos degradados são convertidos ao moderno processo
produtivo por meio do cultivo de grãos no verão, que resulta em
uma pecuária de alto desempenho no inverno. A floresta de eucalipto,
em espaços intercalares, vai servir para o conforto térmico
dos animais e gerar renda adicional com a venda de madeira.
Atualmente há mais de 200 mil hectares mantidos com arranjos
integrados sob a orientação da Cocamar.
“Para o ciclo 2020-2025 a Cocamar, com envolvimento
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
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de um grande número de cooperados e colaboradores, definiu
como meta continuar crescendo fortemente, buscando o faturamento
de 10 bilhões para o ano de 2025”, afirma Higino. Em
janeiro, foram inauguradas três lojas para a comercialização de
insumos agrícolas em municípios do sudoeste paulista, região
que é a maior produtora de grãos no estado vizinho. Em rápida
expansão, o segmento de insumos contribuiu com R$ 1,4 bilhão
para o faturamento da cooperativa e, até 2025, a meta é
elevar esse montante para R$ 2,6 bilhões.
INDÚSTRIAS
Dona de um diversificado parque industrial, a cooperativa
inaugurou no começo de fevereiro uma moderna indústria de
rações para 150 mil toneladas/ano e prevê finalizar, nos próximos
meses, uma planta para fertilizantes foliares. As operações
nessa área já incluem desde uma indústria de extração de óleo
de soja e torrefadora de café, à produção de sucos e néctares de
frutas, bebidas à base de soja, maioneses e molhos, farinha de
trigo, álcool doméstico, madeira tratada e sal mineral.
Entre os novos negócios nos quais a Cocamar ingressou nos
últimos anos estão a concessão de maquinários agrícolas John
Deere, posto de combustíveis, unidade de beneficiamento de
sementes, corretora de seguros e moinho de trigo.
Além da abertura de novas lojas, estão previstas aquisições
e melhorias de estruturas operacionais, ampliação da capacidade
estática de armazenagem de 1,7 para 2,3 milhões de toneladas,
investimentos em inovação e aposta em novos segmentos
industriais, entre os quais a produção de biodiesel, etanol
de milho e proteína animal (a partir da aquisição de animais
produzidos em sistema de ILPF).
Com o novo planejamento estratégico, a Cocamar quer garantir
mais renda nas propriedades, incentivando a produção de
sorgo (para a indústria de rações), trigo branqueador destinado
ao seu moinho, lavouras irrigadas e vários outros projetos em
estudo, entre eles piscicultura, pulses (grão de bico, ervilha e
lentilha) e algodão para reforçar as opções de inverno.
116 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Divulgação/Cocamar
A Cocamar inaugurou, em
janeiro, uma indústria de rações
com capacidade para 150 mil
toneladas/ano
O presidente
Divanir Higino:
em cinco anos,
faturar R$ 10
bilhões
Reprodução
Flamma
O algodão é uma das culturas
que a cooperativa estuda para
oferecer como alternativa de
inverno aos seus cooperados
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
117
NOVIDADES
Fotos/Flamma
Os quadriciclos têm uma atuação versátil e com muitas vantagens em uma propriedade rural
Resistentes utilitários
UTV são produzidos
para o trabalho pesado e
também para o lazer no
ambiente off-road
118 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Rio Náutica, uma loja com
soluções mais modernas
para o produtor
Os versáteis quadriciclos Outlander 570 e os veículos utilitários UTV BRP
são “pau pra toda obra” e desempenham com desenvoltura – e vantagens – as
demandas em uma atividade rural. Conheça-os
As mudanças pelas quais vem passando o agronegócio
brasileiro, cada vez mais moderno e técnico, incluem
o uso de veículos que apresentam mais praticidade e
economia no constante deslocamento dos profissionais pela
propriedade, entre outras vantagens.
O quadriciclo Outlander e o veículo utilitário UTV BRP Defender
HD8 são indicados pela facilidade com que permitem
manejar os animais, inspecionar a propriedade e percorrer superfícies
irregulares – nem sempre acessíveis a picapes e motos.
O primeiro foi desenvolvido para oferecer excelente dirigibilidade,
tração e possui 5 ajustes de pré-carga nas molas e
8.0 polegadas de curso da suspensão, mantendo o condutor
confortável e confiante. Disponível em diversas opções de
motores e configuração, o Outlander é equipado para mover
cargas, possui placa de engate padrão com capacidade para
rebocar até 590kg, é resistente, seguro e ideal para uso em
geral, inclusive para a realização de análises de solo.
Os veículos utilitários UTV BRP Defender HD8 são apresentados
em versões para dois, quatro e até seis lugares, produzidos
para o trabalho pesado e que ampliam as opções de
lazer no ambiente off-road. Muito versátil, conta com uma
capacidade de reboque de até 1.134 quilos e 454 quilos na
caçamba.
“Pau pra toda obra”, tanto um como outro cumprem com
desenvoltura e economia de combustível as demandas em
uma atividade rural, além de servirem também como veículos
de lazer, atendendo quem apreciadores de trilhas e passeios
no campo. O produtor da região que tiver interesse em conhecê-los
e saber mais detalhes, pode se dirigir até uma das lojas
da concessionária Rionáutica.
A empresa Rionáutica dirigida por Saul Rodrigues e que
possui duas lojas em Maringá (Av. Colombo, 5.088), uma em
Campo Mourão (R. Maria O. Jardim, 1.914), uma em Presidente
Prudente-SP (Av. Brasil 101), e duas nas margens do
Rio Paraná, em Porto Rico (Rua Pioneiro João Mangialardo,
247, e Rua Javali, a Rionáutica Concept, que possui um ampla
e completa boutique) e em breve em Araçatuba (SP).
O carro-chefe da Rionáutica são as motoaquáticas SeaDoo,
utilizadas para fins recreativos – desde um curto passeio no
lago até um dia inteiro de diversão em família. E para os pescadores,
há diversas opções em embarcações de alumínio de
fabricação própria, e também as de fibra do estaleiro Fibrafort,
além de motores de popa da Mercury e Evinrude.
Em Maringá, a concessionária conta com uma loja de 2,3
mil metros quadrados situada na Avenida principal da cidade.
Na parte da frente há o showroom dos produtos comercializados
e, na parte de trás, cujo acesso pode ser feito pela rua
paralela, fica a assistência técnica. Faça uma visita.
O diretor da
Rionáutica,
Saul Rodrigues
(esq.), com o
secretário de
Meio Ambiente
do Paraná,
Márcio Nunes
FERTILIDADE
Flamma
120 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Vencendo o solo difícil em
busca de produtividade
Produtores relatam como estão enfrentando o desafio de trabalhar em solos difíceis
“O manejo do solo é fundamental quando se pensa
em uma agricultura sustentável”, afirma o produtor
Gérson Bortoli, de Umuarama, noroeste do Paraná.
As terras de Bortoli, de 62 anos, que em 1994 deixou
a atividade bancária para se dedicar ao agronegócio,
ficam no arenito caiuá, uma região de solo
arenoso ainda dominada pela pecuária tradicional.
Ele tem autoridade para falar. A partir de 2004,
quando adotou o programa de integração lavoura-
-pecuária (ILP) orientado pela Cocamar, o produtor
começou a se sobressair e, ao longo dos
anos, tem sido recompensado por médias de produtividade
que se situam bem acima da realidade
local. Por duas vezes faturou o primeiro lugar no
Concurso Cocamar de Produtividade de Soja e em
duas ocasiões garantiu a segunda colocação, disputando
com agricultores dos solos mais férteis
do norte do estado.
Na colheita, o produtor disse que esperava ao
menos 68 sacas por hectare. A quantidade, expressiva
diante da média regional de 50 sacas, parece
conservadora quando se observou as plantas de
perto, repletas de vagens. Em uma delas, escolhida
aleatoriamente, o produtor contou 132 vagens
graúdas.
PASTAGENS
Na pecuária, a outra atividade que mantém, Bortoli
conta com pastagens de sobra durante o inverno, à
base de capim braquiária – semeada após a colheita
de soja e que vai servir também para proteger o solo
com sua palhada no verão. Tanta comida permite a
ele alojar quatro cabeças de gado por hectare, enquanto
nos pastos degradados da região é comum
manter apenas uma cabeça na mesma unidade de
área, mas o animal ainda vai perder peso no inverno,
quando os pastos escasseiam por causa do frio.
O produtor investe no manejo do solo, mediante
análise, realiza correções regulares, bem como a
reposição de nutrientes a cada safra e não descuida
das pulverizações para a prevenção de doenças
fúngicas.
“No arenito o produtor precisa fazer bem feito e
seguir as recomendações técnicas”, diz o técnico,
assinalando que Bortoli, pelo trabalho que realiza, é
sempre um forte candidato nos concursos de produtividade.
“O manejo do solo vem sendo feito há
muitos anos, não é de uma hora para outra que o
resultado aparece”, lembra Bortoli. Ele possui três
propriedades, duas em sistema de ILP e outra exclusivamente
com pecuária.
Seu filho Hugo, de 30 anos, graduado em agronomia,
tem o pai como referência e neste ano, pela
primeira vez, participa também do concurso de produtividade.
O prêmio para o vencedor e o profissional
técnico é uma viagem aos Estados Unidos.
ALGODÃO
Gérson Bortoli não apenas é um produtor antenado
em relação a boas práticas e tecnologias modernas,
como também se coloca em posição de vanguarda
na sua região. Além do bem conduzido projeto de
integração lavoura-pecuária (ILP), nos últimos três
anos ele passou a testar o cultivo de algodão em
parceria com a Associação dos Cotonicultores Paranaenses.
Segundo Bortoli, o objetivo é avaliar o
algodão como uma possível alternativa de inverno
para os produtores do noroeste.
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
121
FRANGO DE CORTE
Maringá sedia, em julho, o
X Encontro Técnico Avícola
122 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Em um ano que promete manter o ambiente favorável às
exportações de carne de frango brasileira, a cidade de Maringá
(PR), um dos principais polos paranaenses do setor,
realiza em julho o X Encontro Técnico Avícola, um dos mais importantes
eventos especializados do país. Promovido pela Integra
e o Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do
Paraná (Sindiavipar), o Encontro – que acontece de dois em dois
anos – está programado para o período de 21 a 23 daquele mês
no espaço Vivaro.
A previsão é reunir mil participantes, entre especialistas e dirigentes
de empresas, para uma agenda de 36 palestras em dois
ambientes, a cargo de técnicos especializados e voltadas, principalmente,
à atualização tecnológica. Em área anexa, haverá exposição
de produtos e serviços.
ESTRATÉGIAS
O astral positivo do segmento avícola se deve ao seu desempenho
em 2019, quando bateu recorde de abates no estado, e às
projeções otimistas para 2020. De acordo com o coordenador do
Encontro Técnico, Jeferson Vidor, “o evento é o momento também
para o setor debater e reavaliar suas estratégias visando a
aproveitar as oportunidades que estão surgindo”.
No ano passado as indústrias paranaenses abateram 1,87 bilhão
de cabeças, uma alta de 6,43% em comparação a 2018,
segundo números do Sindiavipar. O estado liderou as exportações
de carne de frango em 2019, quando embarcou 1,58
milhão de toneladas, montante que representa 38% do total
exportado pelo Brasil.
Ao mesmo tempo, as exportações de carne de frango do Paraná
aumentaram 4,71% em relação a 2018. As projeções indicam
que a produção e as remessas da proteína devem evoluir
entre 4% e 6% em 2020. No ano passado, os principais países
compradores da carne de frango paranaense foram a China (290
mil toneladas), África do Sul (139 mil) e Arábia Saudita (127,5
mil). Em receita, o valor chegou a US$ 2,56 bilhões, com aumento
de 9,58% em relação a 2018 (US$ 2,34 bilhões).
1,87
O segmento vem apresentando recordes seguidos e a projeção para 2020 é
de continuidade do crescimento
Importante realização promovida
a cada dois anos estará voltada a
palestras técnicas e debates para
atualização tecnológica
Flamma
bilhão de cabeças foram
abatidas em 2019
1,58
milhão de toneladas, o total de carne
de frango exportada
38%
é a participação do Paraná nas
exportações brasileiras do setor
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
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POLICULTURA
Oeste do Paraná tem
camarão de primeira
124 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
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Região apresenta possibilidade de criação em
conjunto com a tilápia
Blog Ceagesp Oficial
O
cultivo de camarão em cativeiro é uma atividade
promissora especialmente em regiões como o oeste
do Paraná, onde pequenos produtores vêm se
dedicando a isso.
A carne do camarão é considerada nobre, com sabor
mais suave, textura delicada e mercado garantido. A espécie
que vem ganhando espaço é o popularmente conhecido
como camarão gigante da Malásia. Em muitos lugares, é
possível cultivá-lo em conjunto com a tilápia. São os chamados
Policultivos.
O policultivo tem a vantagem de apenas uma espécie
ser alimentada, no caso a tilápia, que por sua vez vive na
coluna d’água. O camarão, que é de hábito bentônico, alimenta-se
dos restos de ração e outros detritos do fundo do
viveiro. Ao final do cultivo, ao invés de despescar apenas a
tilápia, o produtor tem também o camarão, que proporciona
uma renda extra a um baixo custo de produção.
Recentemente o policultivo ganhou fôlego no Paraná
graças a instalação do Lacqua, um laboratório especializado
na produção de pós-larvas de camarão. O laboratório
está localizado em Palotina, oeste do estado. Além dele, a
Universidade Federal do Paraná (UFPR), que possui um
campus em Palotina, desenvolve desde 2010 um projeto
com produtores buscando estimular a produção do camarão
de água doce e contribuir para o desenvolvimento
dessa atividade na região. É mais uma possibilidade para
quem já está na atividade ou para quem deseja entrar. Afinal,
o camarão de água doce também pode ser produzido
sozinho.
Segundo especialistas, o peso final de despesca é muito
maior do que o camarão marinho comumente cultivado
no Brasil. Em geral os produtores tiram esse camarão do
viveiro com cerca de 40 gramas e leva em média 4 meses
de cultivo. O povoamento tem início quando começa
a esquentar, entre setembro e outubro. Primeiro entram
as pós-larvas de camarão e entre 15 e 30 dias depois as
tilápias. Em média são usadas 3 a 4 tilápias e 10 camarões
por metro quadrado. Um fator importante é o oxigênio, os
camarões não são animais tão resistentes quanto a tilápia,
seno preciso manter esse parâmetro acima de 3 mg/L.
Contudo, apesar de parecer um nicho de negócio muito
bom é preciso que o produtor fique atento para o momento
de despesca dos animais. Quando os camarões são retirados
do tanque o abate precisa ocorrer imediatamente
em gelo para que sejam mantidas as características e qualidades
da carne.
O detalhe da despesca é essencialmente importante para
que a imagem desse camarão que começa a entrar no mercado,
não seja distorcida. Outro ponto é que não há ainda
um mercado sólido de consumidores. Esse por sua vez é
outro detalhe que deve entrar no planejamento antes de
se investir alto nessa espécie. Cautela é o que se deve ter,
mas sobretudo, os produtores estão animados e a atividade
com o camarão de água doce promete render bons
frutos no estado do Paraná.
O cultivo de camarão em cativeiro é uma atividade promissora
especialmente em regiões como o oeste do Paraná, onde
pequenos produtores vêm se dedicando a isso
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
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NOVA ESPERANÇA
Uma cidade cada vez mais
sustentável e referência em
qualidade de vida
As ruas planas e sombreadas por arvoredos são uma das características marcantes de Nova
Esperança, cidade agradável e bem cuidada, que concilia desenvolvimento e visão de futuro à
qualidade de vida de seus quase 27 mil moradores.
Cidade agradável, tranquila e bem cuidada, com muita área verde
128 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
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Ao investir na qualidade de
vida de seus moradores, Nova
Esperança avança ainda mais
como cidade diferenciada e
tranquila, onde sua gente se
sente feliz”
Moacir Olivatti,
“prefeito
Localizado no portal do noroeste paranaense, às margens
da confortável rodovia duplicada BR-376, o município
fundado em 1952 conta com uma economia
dinâmica que tem o agronegócio como carro-chefe. A região
que já foi das mais expressivas no segmento cafeeiro é atualmente
a capital nacional da seda e referência mundial em
qualidade desse produto, obtido em pequenas propriedades
rurais por um grande número de famílias. A atividade fortalece
a diversificação de negócios no campo, em que se
sobressaem os cultivos de mandioca, citros, grãos, olerícolas
e o próprio café, sem falar da pecuária de corte e da piscicultura
– esta última com a expectativa de forte expansão nos
próximos anos.
Ainda na área rural, Nova Esperança é destaque pelos
investimentos em sustentabilidade, promovendo a preservação
de suas bacias hidrográficas por meio de ações contínuas
como a construção de curvas de nível para proteção
de nascentes e mananciais, readequação de vias secundárias
e carreadores, instalação de fossas sépticas em moradias e
distribuição de essências nativas, produzidas no Viveiro Municipal,
para a recomposição de Áreas de Preservação Permanente
(APP). “Um trabalho gratificante em que, ao preservar,
nos conectamos ao futuro”, afirma o prefeito Moacir
Olivatti (PPS).
Fazendo a sua parte em relação ao futuro e a propósito da
sustentabilidade, Nova Esperança lidera o ranking dos municípios
que são modelo no país pela gestão de resíduos e
não descuida de um de seus diferenciais - mencionados no
início deste texto: o conforto térmico propiciado em suas
vias públicas, graças à arborização.
Ao mesmo tempo, a cidade mostra estar sintonizada
às exigências dos novos tempos, que requerem prepará-la
para que sua gente possa contar com um plano moderno
de mobilidade urbana, de forma a impactar positivamente
a segurança e as condições de trânsito. Com relação a isso,
o prefeito menciona a construção de calçadas com ciclovia
a partir do entorno do estádio, que vão ser ligadas à Praça
Rocha Pombo, num total de 2 quilômetros. “Estamos avançando
em um projeto de ciclomobilidade que atende a uma
aspiração dos moradores”, observa Olivatti. Ele cita também
A região é referência mundial em qualidade de seda
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
129
o aprimoramento da acessibilidade como resultado de um
conjunto de ações que inclui, entre outras, a reestruturação
do Terminal Rodoviário, a revitalização de praças, a execução
de calçadas em espaços públicos e a melhoria da iluminação.
No que refere à segurança, especificamente, a cidade está
prestes a ganhar uma central de monitoramento – já licitada -
com a instalação de câmeras em pontos estratégicos.
O prefeito Moacir Olivatti ressalta, por fim, que o Parque
das Grevíleas já foi dotado de pistas de caminhadas e 2 quilômetros
de trilhas de bike de alta performance. “Ao investir
na qualidade de vida de seus moradores, Nova Esperança
avança ainda mais como cidade diferenciada e tranquila,
onde sua gente se sente feliz”, conclui.
O município investe na conservação de nascentes e mananciais, com o Projeto
Água Limpa
Plantio de árvores é parte da educação ambiental a que estudantes estão habituados
Mudas de árvores e flores são produzidas em viveiro municipal
Gestão de resíduos coloca Nova Esperança em destaque no país
130 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
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ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
131
CAFÉ
Produto paranaense
premiado
Casal de cafeicultores de Japira, norte do estado, fica em segundo lugar no 16º
Concurso Nacional Abic de Qualidade
132 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
“
Tenho 70 anos e nasci dentro da
fazenda. Sou neta, filha, sobrinha
e mãe de cafeicultores. E me casei
com um agrônomo, apaixonado
por café. O prêmio é o resultado
de um trabalho de muitos anos
nessa atividade, estamos felizes e
realizados”
OSSI CRUZ DE OLIVEIRA LIMA,
produtora
Flamma
Uma safra de café colhida em Japira norte do estado,
ficou em segundo lugar no 16º Concurso
Nacional Abic de Qualidade de Café – Origens
do Brasil – Safra 2019, que recebeu inscritos de sete
estados. Os produtores são o casal Ossi Cruz de Oliveira
Lima e Francisco Barbosa Lima, do Sítio Fortaleza.
Os cafés finalistas foram avaliados por um júri técnico
composto por provadores e especialistas, responsáveis
por 90% da nota final, enquanto o critério de Sustentabilidade
corresponde aos 10% restantes.
O lote de Café Arábica, Cereja Descascado, da variedade
Arara, sobressaiu-se com as características sensoriais
de Especiarias, Frutado e Baunilha. A pontuação da
Abic foi de 8,81, muito próxima do primeiro colocado,
da Bahia, que somou 8,92 pontos. Os vencedores participaram
de um leilão e o café paranaense teve duas sacas
vendidas por R$ 3,8 mil cada – valor seis vezes maior do
que conseguiriam no mercado comum. Eles são responsáveis
pela marca Pecatto, comercializado em Londrina.
Desde 1981, o casal mantém uma propriedade com
29 hectares de café. Em tantos anos de dedicação, não
é a primeira vez que recebem o reconhecimento. Em
2012, Ossi venceu o prêmio estadual promovido pelo
Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e Instituto
Emater. Também já foram finalistas em outros concursos,
como o da Associação Brasileira de Cafés Especiais
(ABCA).
Barbosa atribui o sucesso às boas condições do clima
na região, com atitude próxima de 760 metros e temperatura
média anual de 20º. Ele é engenheiro agrônomo
e dedica-se ao café durante toda a sua vida profissional.
Já Ossi é sua maior parceira na gestão da propriedade
na preparação do produto, rotulação e comercialização.
“Tenho 70 anos e nasci dentro da fazenda. Sou neta, filha,
sobrinha e mãe de cafeicultores. E me casei com um
agrônomo, apaixonado por café. O prêmio é o resultado
de um trabalho de muitos anos nessa atividade, estamos
felizes e realizados”, diz a produtora.
TRADIÇÃO
O café do norte pioneiro foi o primeiro produto a obter
o registro de Indicação Geográfica (IG) junto ao Instituto
Nacional de Propriedade Industrial (INPI). A tradição
e a importância do produto da região são fatores que
impulsionaram essa conquista, obtida em 2012. Os produtos
com registro de Indicação Geográfica são aqueles
com características diferenciadas por serem produzidas
em uma região ou território específicos. Isso estimulou
a organização dos pequenos produtores e tem ajudado a
movimentar a economia da região.
R$ 3,8 mil
foi o valor obtido pela saca de 60kg, em leilão,
seis vezes maior do que o produtor
conseguiria no mercado comum
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
133
134 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
135
ASSOCIAÇÃO COMERCIAL
ACIM oferece portfólio
para empreendedores
Além de cursos, consultas de crédito, entre outras soluções, entidade tem
como novidade um espaço de inovação gratuito
Inovus, novo espaço
da ACIM voltado para
a inovação de micro e
pequenas empresas:
serviço não tem
custo para empresas
associadas
136 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Os micro e pequenos empresários contam com um
parceiro importante para inovar. É que a Associação
Comercial e Empresarial de Maringá (ACIM) lançou
o Inovus, um espaço que oferece serviços para os associados.
É uma oportunidade para buscar melhorias e aprimorar processos
e produtos. Tudo isso validando uma ideia em poucos
dias e com acompanhamento de consultores.
A novidade está disponível de forma gratuita para os cinco
mil associados. E para implantar o espaço, foi necessário revitalizar
os três pisos do prédio da entidade. A reforma permitiu
também a ampliação do espaço destinado ao Centro de Treinamento,
que oferece cursos rápidos. São mais de 20 cursos
todos os meses de temas variados, como gestão, redes sociais,
finanças, lideranças, entre outras áreas. Associados pagam
metade do valor. E quem não tem tempo, pode escolher
entre as opções online.
As mudanças foram implantadas na primeira gestão do
presidente Michel Felippe Soares, que foi reeleito para um
mandato de dois anos, até 2022. Ele aposta em uma gestão
colaborativa, com foco na inovação e no aumento de portfólio
de produtos e serviços para os associados, em especial
para os pequenos negócios. Foi na gestão dele que a ACIM
atingiu a marca dos cinco mil associados. “A Associação Comercial
é a parceira dos empreendedores, seja oferecendo
soluções para o dia a dia dos negócios e contribuindo para
uma gestão eficiente, seja colaborando com o desenvolvimento
regional”, destaca.
Uma das formas de contribuir com a competitividade dos
pequenos negócios é o programa Empreender, que une em
núcleos setoriais e multissetoriais empresários de um mesmo
segmento ou interesse. Em reuniões quinzenais, eles discutem
os desafios e como melhorar os negócios, criando centrais
de compra, negociações em conjunto junto aos fornecedores,
participando de visitas técnicas, capacitações, entre
outras soluções. Tudo com o acompanhamento de consultores.
O programa é o maior do gênero no Brasil e conta com
quase 70 núcleos e mil empresários.
Os bons resultados e o porte do Empreendedor renderam
destaque internacional. No ano passado o presidente da ACIM
representou a entidade num evento em Paris, na França, para
compartilhar as boas práticas associativistas e explicar sobre
o Empreender. Ele foi a convite do Al-Invest, um dos programas
de cooperação econômica mais bem-sucedidos da União
Europeia na América Latina para apoiar as empresas de micro,
pequeno e médio portes. Também no ano passado a entidade
recebeu o prêmio ‘Desenvolvimento Local’, concedido pela
Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do
Brasil (CACB), como reconhecimento ao desenvolvimento
local e apoio ao associativismo e ao empreendedorismo.
Gestão
A entidade oferece outras ferramentas, como o Serviço de
Proteção ao Crédito (SPC), que permite o acesso à base de
dados mais completa do Brasil, a do SPC Brasil e Serasa. Isso
significa que as consultas abrangem até 90% dos cadastros
de mau pagadores registrados em todo o Brasil.
Mas não é só isso. Os serviços que envolvem o SPC integram
uma lista de dezenas de soluções em diversas áreas
como o Consult Imobiliário, que emite Declaração Negativa
ou Positiva do locatário/fiador para imobiliárias.
Segurança com menos burocracia e mais vantagens é a proposta
da certificação digital, ofertada para empresas e pessoas
físicas por meio de uma parceria com a Federação das Associações
Comerciais e Empresarias do Paraná (Faciap).
A ACIM também tem contribuído com condições diferenciadas
em soluções de crédito. O escritório da Fomento Paraná
instalado na sede da entidade libera crédito para pessoas
físicas e jurídicas e iniciativa pública. Também dentro da associação,
a Noroeste Garantias avaliza empréstimos de micro
e pequenos empresários, permitindo taxas mais baratas nas
instituições financeiras parceiras. Outro parceiro é o Sicoob
Metropolitano, uma cooperativa de crédito que nasceu na
ACIM e é uma das mais sólidas do Brasil.
O portfólio de produtos e serviços inclui uma ferramenta
de gerenciamento e emissão de boletos ao custo máximo de
R$ 1,99, um programa de vantagens para os colaboradores e
agora o Inovus, o espaço de inovação com serviços gratuitos
para os associados.
Fotos/Ivan Amorin
Centro de treinamento:
mais de 20 cursos
rápidos por mês; há
também opção online
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
137
“ENTREVISTA MICHEL FELIPPE SOARES
Maringá tem uma
condição diferenciada
Para o presidente da ACIM, cidade oferece qualidade de vida, bom ambiente de negócios e
organização social
Soares: a
maioria dos
associados
é composta
por micro
e pequenas
empresas
Segundo um relatório do Banco Mundial, as empresas
brasileiras gastam, em média, 1.958 horas por ano para
cumprir as regras tributárias, o que contribui para o país a
ocupar a 109ª posição no ranking que mede a facilidade “de fazer negócios no mundo”
138 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Michel Felippe Soares, presidente da Associação Comercial
e Empresarial de Maringá (ACIM), afirma em
entrevista para este Anuário que Maringá, por contar
com uma sociedade civil organizada e atuante, e por ser planejada
desde a fundação, tem uma condição diferenciada em relação
a outros municípios brasileiros. Graduado em Direito e em Administração,
ele tem focado a inovação em sua gestão à frente da
entidade que representa cinco mil associados.
A retomada da atividade econômica é percebida de
forma geral no país e especialmente em cidades pujantes
e estruturadas em serviços, como Maringá, que também
é um polo agrícola importante. Na sua avaliação, de
que maneira as reformas que vêm sendo propostas
(tributária, política e administrativa) podem contribuir
para impulsionar esse processo?
Michel Felippe Soares As reformas tributária, política e administrativa
são reivindicações antigas da classe produtiva. No
caso da reforma tributária, o Brasil tem quase cem impostos,
taxas e contribuições, fora o emaranhado de leis e portarias. Segundo
um relatório do Banco Mundial, as empresas brasileiras
gastam, em média, 1.958 horas por ano para cumprir as regras
tributárias, o que contribui para o país ocupar a 109ª posição
no ranking que mede a facilidade de fazer negócios no mundo.
A reforma deve substituir cinco impostos por um, com a tributação
sobre o consumo. Esse imposto único também acabaria
com a guerra fiscal entre os estados, já que uma alíquota seria
cobrada no local onde o bem ou serviço é consumido. Outra
reforma é a política, que discute o fim da reeleição do executivo
com o aumento do mandato para cinco anos, entre outras
mudanças. Já a reforma administrativa pode revisar salários, reduzir
número de carreiras e aumentar o prazo para o atingir a
estabilidade para os futuros servidores federais, sem afetar os
servidores atuais. São reformas essenciais para contribuir com a
redução da carga tributária, permitir maior competitividade dos
negócios e modernizar o funcionalismo público.
Sendo uma entidade de classe, o que a ACIM mais tem
ouvido dos associados a respeito de outras medidas
que os governos estadual e federal precisam priorizar
no sentido de apoiar o desenvolvimento dos setores
industrial e empresarial?
Maringá, por ter uma sociedade civil organizada atuante e por
ser planejada desde a fundação, tem uma condição diferenciada,
oferecendo qualidade de vida, bom ambiente de negócios,
organização social e interação positiva entre poder público e
sociedade civil. Justamente por isso muitas vezes a cidade é
preterida em investimentos em segurança, a exemplo do envio
de novas viaturas e mais policiais e delegados da polícia
civil, sendo essa uma reclamação frequente entre os empresários.
Também precisamos de investimentos em infraestrutura,
como a duplicação de 20 quilômetros entre Maringá e Iguaraçu,
cujo projeto executivo foi custeado por empresários e a licitação
da obra deverá ser feita neste ano, segundo o governo
do estado. Outras reivindicações são: a construção do viaduto
do shopping Catuaí, no cruzamento entre as rodovias BR-376
e PR-317, para reduzir o congestionamento; trincheiras na
rodovia de passagem pelo distrito de Iguatemi e a duplicação
da PR-323 entre Maringá e Cianorte
Estamos vivendo tempos mais desafiadores no âmbito
das tecnologias. Como a ACIM vem conduzindo esse
assunto e trabalhando no sentido de orientar seus
associados quanto à inovação?
Os três pisos do prédio da ACIM foram reformados para tornar
os ambientes mais colaborativos e para a implantação do
Inovus, no segundo piso, voltado principalmente para micro e
pequenas empresas que querem inovar. Os empreendedores
poderão buscar melhorias, aprimorar e evoluir em processos e
produtos. O objetivo é que uma ideia seja validada em poucos
dias, com o acompanhamento de consultores.
Capital nacional do associativismo, Maringá congrega
vários ramos nessa área, como agropecuário, crédito,
mão de obra, transportes e educação, com números
expressivos em faturamento, ativos, geração de
impostos e empregos. Ao longo de sua história, a ACIM
foi sempre uma entidade de vanguarda. Como ela atua
em relação ao associativismo?
A ACIM surgiu pouco após a fundação de Maringá. Desde então
reúne empresários para incentivar um bom ambiente de negócios,
contribuir com o desenvolvimento regional e fazer pleitos
aos governos. A maioria dos nossos associados é composta por
micro e pequenas empresas, que encontram produtos e serviços
voltados para o dia a dia de seus negócios, como boletos
bancários, cursos rápidos, consultas de crédito e campanhas de
incentivo às vendas. Temos um programa chamado Empreender
que une micro e pequenos empresários em núcleos setoriais
e multissetoriais para que possam ganhar competitividade, por
meio de compras em conjunto, ações publicitárias, visitas técnicas
e cursos. São cerca de mil empresas agrupadas em quase 70
núcleos, que têm o acompanhamento de um consultor da ACIM
A respeito do agronegócio, a safra de soja que está
sendo colhida, uma das maiores dos últimos anos, deve
injetar alguns bilhões de reais na economia da região
de Maringá e região próxima. O sr. possui um estudo,
uma avaliação mais precisa sobre a importância desse
setor e de como seus resultados contribuem para
impulsionar a economia local?
Não temos estudo específico sobre o agronegócio, mas é um
setor que movimenta um número grande de setores da economia
local, como insumos, maquinários, seguros e automóveis, e
injeta recursos importantes na região.
Temos o programa Empreender que une micro e pequenos
empresários em núcleos setoriais e multissetoriais para que
possam ganhar competitividade, por meio de compras em
“conjunto, ações publicitárias, visitas técnicas e cursos”
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
139
140 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
141
SHOPPING
Divulgação/Maringá Park
142 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
Marcas exclusivas e
atendimento premium
são diferenciais
do Maringá Park
Por mês, 400 mil consumidores passam pelo shopping que é referência em
centro de compras e de lazer para toda a região
Com mais de dez anos de atuação e localização privilegiada,
o Maringá Park Shopping Center abriga, em
seus quatro pisos, cem lojas de marcas exclusivas e
desejadas, sendo 36% delas exclusivas em Maringá. Mais
de 90% das operações são lojas próprias de grandes redes
e franquias. Lá estão Animale, Victor Hugo, Capodarte,
Santa Lolla, Canal, Farm, Polo Play, Lilica e Tigor e muito
mais, isso sem falar das lojas-âncoras, entre elas Renner,
C&A e Riachuelo. Recentemente o shopping recebeu novas
operações como Vivara e Bonny e as exclusivas Valisère,
Affetto e Moncloa – espaço gourmet de chás.
Nos corredores iluminados, vitrines e araras enchem os
olhos dos visitantes e são um convite para o consumo,
mas não é só isso, o shopping também oferece operações
de serviços, entretenimento, uma irresistível praça de alimentação
e recebe exposições e eventos de lifestyle. E
ainda oferece um mundo de experiências aos clientes.
Em 2019, o Maringá Park fez história ao sediar o Vogue
Fashion’s Night Out (VFNO), evento da Vogue Brasil
considerado a maior celebração do mundo em torno
da moda e o primeiro no Brasil a ser realizado fora de
uma capital. Estiveram presentes em Maringá: a editora
de moda, Barbara Migliori, a editora digital, Renata Garcia,
e o editor de cultura, Nô Mello, além de influenciadoras
digitais da cidade e da região. A programação contou
com desfile comentado, talk show e visita às lojas pelo
time da Vogue. E neste ano mais uma edição do badalado
evento está confirmada.
Para as crianças, o shopping oferece dois espaços de diversão:
o Funplace e o Kid’s Life. Nesses espaços há atrações
para todas as idades, desde brinquedos eletrônicos
aos tradicionais. Na rede de cinemas Cineflix, os clientes
encontram lançamentos de filmes nacionais e internacionais
e contam com cinco modernas salas.
Na praça de alimentação as opções vão de fast-food
a self-service gourmet. Há ainda espaços de convivência,
fraldário, caixas eletrônicos e espaços instagramáveis
para os clientes fazerem clicks para as redes sociais. O
Instapark, como foi batizado o espaço, conta com cinco
opções de cenários.
Em 2019, o Maringá Park deu mais um importante passo
no acolhimento aos clientes. O shopping passou a ser
pet friendly, ou seja, permite a circulação de animais de
estimação, um conforto a mais para os tutores que gostam
de estar sempre acompanhados de seus pets. Para atender
esse público, o Maringá Park disponibiliza carrinhos petcar
para pets de até 45kg, uma exclusividade em Maringá, que
podem ser usados gratuitamente para passear pelo shopping.
Se o tutor preferir, pode andar com o pet no colo, em
bolsas de transporte ou usando coleira e guia. O Espaço
Pet, que fica no G1 - primeiro piso do estacionamento -
também conta com ponto de arrecadação de ração, bebedouro
e saquinhos higiênicos descartáveis.
Todo esse esmero tem levado a importantes conquistas.
O Maringá Park, que tem 82% dos clientes nas classes
A e B, tem registrado crescimento de vendas acima da
média de mercado de shoppings e tem baixíssima taxa de
vacância (desocupação de lojas), além de nota de investimento
elevada, de AA pela Fitch Ratings.
Outra importante conquista é que o Maringá Park pertence
ao seleto grupo de melhores empresas para trabalhar.
Após avaliação do Great Place to Work (GPTW), é
uma das melhores empresas de pequeno porte (até 99
funcionários) do Paraná. Há dois anos consecutivos o
shopping integra o ranking, que leva em consideração a
avaliação dos funcionários sobre o ambiente de trabalho
e a gestão de pessoas. A equipe, além de uma cesta de
benefícios, recebe treinamentos gratuitos, participa de
ações solidárias e sustentáveis e de eventos comemorativos,
o que gera sentimento de pertencimento.
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
143
“ENTREVISTA EVANDRO DE FREITAS OLIVEIRA
Valores do
empreendedorismo
são fundamentais
“Governo municipal, lideranças
empresariais e comunitárias devem
multiplicar forças para se unir para
implantação desse novo parque
industrial e outros espaços de
acolhimento de startups, empresas e
empreendimentos”
Considero correta a decisão do governo de iniciar a
correção de rumos do país pela redução dos gastos. Sem
reduzir despesas e o déficit público não adianta pensar
em mudanças na arrecadação. Começando pela certeza
de que os brasileiros não aceitam, de forma nenhuma,
“aumento de impostos ou da carga tributária”
144 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
E
mpreendedor do segmento educacional, Evandro de
Freitas Oliveira é diretor-presidente da mantenedora do
Centro Universitário Metropolitano de Maringá (Unifamma),
instituição que, atenta às novas tendências do setor,
inova na oferta de novas modalidades, além da presencial. Nessa
linha são oferecidos, atualmente, cursos online para alunos que
não têm a disponibilidade de irem ao polo, e semipresenciais,
destinados àqueles que precisam unir tecnologia e encontro presencial.
Nesta entrevista, Evandro fala de ensino e também de
desafios a serem enfrentados pela cidade e o país para um crescimento
econômico consistente de longo prazo.
O Brasil tem conseguido, enfim, retomar o caminho do
desenvolvimento e entre os próximos desafios está a
aprovação de reformas que a sociedade considera muito
importantes, como a tributária, política e administrativa.
Como o sr. vê o atual cenário e o que mais considera que
deve ser feito para que o país tenha um crescimento
realmente sustentável?
Evandro de Freitas Oliveira: Entendendo o recado das urnas,
o presidente Bolsonaro entregou os destinos da economia ao
economista Paulo Guedes e sua equipe. Há uma unanimidade
de apoio às medidas de redução de gastos públicos, de diminuir
o tamanho do Estado e torná-lo mais moderno e eficiente.
Considero correta a decisão do governo de iniciar a correção de
rumos do país pela redução dos gastos. Sem reduzir despesas e o
déficit público não adianta pensar em mudanças na arrecadação.
Começando pela certeza de que os brasileiros não aceitam, de
forma nenhuma, aumento de impostos ou da carga tributária. A
partir deste equilíbrio, o país poderá ganhar um ambiente mais
favorável aos negócios e reencontrar o caminho para um crescimento
econômico consistente e de longo prazo.
No âmbito da educação, nunca as pessoas tiveram tantas
oportunidades de cursarem o ensino superior, como
agora. Ao mesmo tempo, os desafios são grandes em
todas as áreas, o que faz com que necessitem estar ainda
mais atentas e preparadas. O que o sr. diria a elas?
De fato, em polos educacionais, como Maringá, há muitas alternativas
para a graduação pós-graduação em ensino superior.
Sem dúvida, no processo de desenvolvimento do país, com o
atual nível de difusão de informações e globalização, as carreiras
profissionais e empresariais passaram a depender, cada vez mais,
de formação e qualificação. Certamente os jovens e pessoas de
todas as idades que se mantêm competitivas sabem e buscam o
conhecimento e a constante qualificação.
Uma instituição de ensino como a sua serve de
termômetro, percebendo a garra, a determinação e a
vontade de superação de muitos acadêmicos e ajudandoos
a se tornarem cidadãos. A escola os desperta para o
empreendedorismo. O sr. poderia fazer um comentário
sobre esse papel de uma instituição?
A determinação dos acadêmicos, seus objetivos de crescimento
e superação fornecem grande parte da energia positiva que
impulsiona a nossa instituição. Estamos atentos ao fato de que
os valores do empreendedorismo são fundamentais, tanto para
aqueles que terão os seus próprios negócios ou serão profissionais
liberais, quanto para aqueles que estarão nas equipes de
colaboradores das empresas. Conhecer o empreendedorismo
amplia a visão sobre a importância de produzir, essência dos
resultados que qualquer empresa necessita para sobreviver e
crescer. Um novo país, mas eficiente, mais produtivo e próspero,
acontecerá e será feito quando a maioria da população entender
o seu papel e o seu compromisso de ser produtivo, de ser realizador,
de fazer parte dos grupos que impulsionam o seu bairro,
dão valor à sua cidade e contribuem para as realizações dos seus
estados e o desenvolvimento do Brasil.
Maringá se destaca como uma cidade diferenciada no
país. O que, a seu entendimento, precisa ser feito para
que ela se torne ainda melhor e ofereça mais qualidade
de vida à população?
Chegamos a 2020 aos 73 anos da nossa cidade. Ela se tornou
destaque no país graças à força empreendedora e realizadora do
seu povo. Nosso grande desafio, neste momento, é não retroceder,
é não perder fôlego, é voltar a ter prioridades nos serviços
públicos básicos e no incentivo direto e real ao empreendedorismo,
aos projetos empresariais, às iniciativas das micro e pequenas
empresas, no apoio e qualificações dos empreendedores
individuais e trabalhadores. A qualidade de vida que conquistamos,
para ser mantida hoje e amanhã, precisa de gestão pública
com planejamento, execução e responsabilidade. Pelo que observo,
há necessidade de uma mudança vigorosa nas prioridades
da gestão municipal e uma maior participação da sociedade organizada
e da população nas discussões e tomadas de decisões.
Não basta ouvir a sociedade e as pessoas, é preciso atender as
demandas e reivindicações da maioria.
Com relação ao agronegócio regional, gerador de muitas
riquezas, a cidade é um polo importante e um bem
estruturado centro de serviços. Mas como verticalizar
isso, por meio da atração de novas indústrias?
A nova Cidade Industrial, ao lado de um aeroporto estruturado
para ser um polo aeronáutico, integrado a rodovias e ferrovia
precisa de incentivos prioritários da administração municipal.
Nos atrasamos nos últimos três anos. Governo municipal,
lideranças empresariais e comunitárias devem multiplicar forças
para se unir para implantação desse novo parque industrial e
outros espaços de acolhimento de startups, empresas e empreendimentos.
Maringá pode avançar mais e com maior união e
velocidade na direção do seu desenvolvimento.
Um novo país, mas eficiente, mais produtivo e próspero,
acontecerá e será feito quando a maioria da população entender o
seu papel e o seu compromisso de ser produtivo, de ser realizador,
de fazer parte dos grupos que impulsionam o seu bairro, dão valor
à sua cidade e contribuem para as realizações dos seus estados e o
“desenvolvimento do Brasil”
ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO
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146 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
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148 ANUÁRIO PARANAENSE DE AGRONEGÓCIO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO/2020 - 12ª EDIÇÃO