You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
SAFRA
Colheita avança,
mas mercado preocupa
A pandemia causada pelo avanço do coronavírus não têm atrapalhado o ritmo
das atividades no campo, mas pode levar a danos graves à economia do setor
Como as usinas e destilarias
sucroenergéticas
já costumam
trabalhar com situações
de contingência, por conta
de chuvas ou outros problemas,
a pandemia causada
pelo avanço do coronavírus no
Brasil não afetou o ritmo de
colheita, mas pode levar a
danos graves à economia do
setor.
As indústrias, segundo o presidente
da Alcopar, Miguel Tranin,
têm tomado todos os
cuidados seguindo as recomendações
do Ministério da
Saúde para prevenir contaminações.
“O pessoal administrativo,
sempre que possível,
está em home office, as pessoas
que apresentam maior
risco de contágio estão em
isolamento em casa, e todos
têm tomado os cuidados com
o distanciamento e a higiene,
os ônibus circulam com meia
lotação, há escalonamento no
almoço e segue-se as demais
recomendações”, afirma.
Com a retomada da moagem
de cana no Estado do Paraná
por seis unidades produtivas, a
produção realizada até o dia 16
de março ainda na safra 2019/
20, foi de 33.542.896 toneladas
de cana, no acumulado. Comparando
com as 34.935.547
toneladas registradas no mesmo
período do ano safra 2018/
19, houve uma redução de 4%.
Os dados de colheita ainda são
contabilizados como da safra
anterior até o dia 30 de março,
mas iniciou-se desde 1 de abril
a safra 2020/21.
A produção de açúcar totalizou
até o dia 16 de março
1,971 milhão de toneladas e a
de etanol 1,585 bilhão de litros,
sendo 546 milhões de litros
de anidro e 1,039 bilhão
de litros de hidratado. A quantidade
de Açúcares Totais Recuperáveis
(ATR) por tonelada
de cana no acumulado da
safra 2019/20 ficou 1,9%
acima do valor observado na
safra 2018/19, totalizando
142,55 kg de ATR/t de cana,
contra 139,84 kg ATR observados
na safra anterior.
A grande preocupação das
usinas no momento, entretanto,
é com os preços do
etanol e do açúcar no mercado
nacional e internacional,
afirmou Tranin. Os estragos
causados pela pandemia de
coronavírus nas economias
globais atingem em cheio as
commodities, mas a mais sofrida
com a pandemia viraleconômica
é o açúcar, onde o
colapso dos preços dos combustíveis
leva ao aumento da
oferta do adoçante.
Os preços do petróleo fecharam
março com as maiores
quedas e perdas da história,
o que deve afetar negativamente
as margens e fluxos
de caixa dos produtores de
açúcar e etanol do Brasil,
citou o presidente da Alcopar.
Com o valor mais baixo do
petróleo, a competitividade
do concorrente etanol deve
diminuir, até mesmo por conta
de um menor consumo
com as paralisações e menor
mobilidade.
“A tendência é que o setor sucroalcooleiro
altere o mix de
produção em favor do açúcar.
Isso pode criar um excesso de
oferta, transformando as previsões
de déficit para um novo
superávit na produção mundial,
reduzindo os preços internacionais
do açúcar”, comentou.
Como maior exportador
de açúcar do mundo, o Brasil
tem a capacidade de elevar a
oferta global de açúcar muito
rapidamente, o que pode deprimir
os preços internacionais.
“É o que se poderia chamar de
tempestade perfeita. Os dois
produtos base do setor estão
com os preços em queda,
abaixo do custo de produção.
Isso em um momento em que
o setor começava a se recuperar
de uma das piores crises
econômicas pela qual já passou,
com o fechamento de dezenas
de usinas em todo o
País e o endividamento de
outro tanto delas. Todo esse
cenário só traz ainda mais preocupação
com o início da safra
e aumento da oferta de etanol
e açúcar”, lamentou Tranin.
A situação preocupa mesmo
as usinas que aproveitaram os
Safra 2020/21 começou dia 1 de abril
bons preços do açúcar entre o
final do ano passado e início
deste ano para fixarem preços,
antecipando as vendas desta
temporada. A estimativa é que
a maior parte das 19 milhões
de toneladas previstas para
serem exportadas nesta safra
tenha sido fixada até fevereiro.
Isso significa que a perspectiva
de maior oferta de açúcar do
Brasil já foi precificada. “O impacto
de toda essa situação
será gravíssimo para o setor. O
momento é de união visando
superar os efeitos econômicos
e para a saúde”, finalizou Tranin.
Jornal Paraná 3