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Jornal Paraná Abril 2020

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SAFRA

Colheita avança,

mas mercado preocupa

A pandemia causada pelo avanço do coronavírus não têm atrapalhado o ritmo

das atividades no campo, mas pode levar a danos graves à economia do setor

Como as usinas e destilarias

sucroenergéticas

já costumam

trabalhar com situações

de contingência, por conta

de chuvas ou outros problemas,

a pandemia causada

pelo avanço do coronavírus no

Brasil não afetou o ritmo de

colheita, mas pode levar a

danos graves à economia do

setor.

As indústrias, segundo o presidente

da Alcopar, Miguel Tranin,

têm tomado todos os

cuidados seguindo as recomendações

do Ministério da

Saúde para prevenir contaminações.

“O pessoal administrativo,

sempre que possível,

está em home office, as pessoas

que apresentam maior

risco de contágio estão em

isolamento em casa, e todos

têm tomado os cuidados com

o distanciamento e a higiene,

os ônibus circulam com meia

lotação, há escalonamento no

almoço e segue-se as demais

recomendações”, afirma.

Com a retomada da moagem

de cana no Estado do Paraná

por seis unidades produtivas, a

produção realizada até o dia 16

de março ainda na safra 2019/

20, foi de 33.542.896 toneladas

de cana, no acumulado. Comparando

com as 34.935.547

toneladas registradas no mesmo

período do ano safra 2018/

19, houve uma redução de 4%.

Os dados de colheita ainda são

contabilizados como da safra

anterior até o dia 30 de março,

mas iniciou-se desde 1 de abril

a safra 2020/21.

A produção de açúcar totalizou

até o dia 16 de março

1,971 milhão de toneladas e a

de etanol 1,585 bilhão de litros,

sendo 546 milhões de litros

de anidro e 1,039 bilhão

de litros de hidratado. A quantidade

de Açúcares Totais Recuperáveis

(ATR) por tonelada

de cana no acumulado da

safra 2019/20 ficou 1,9%

acima do valor observado na

safra 2018/19, totalizando

142,55 kg de ATR/t de cana,

contra 139,84 kg ATR observados

na safra anterior.

A grande preocupação das

usinas no momento, entretanto,

é com os preços do

etanol e do açúcar no mercado

nacional e internacional,

afirmou Tranin. Os estragos

causados pela pandemia de

coronavírus nas economias

globais atingem em cheio as

commodities, mas a mais sofrida

com a pandemia viraleconômica

é o açúcar, onde o

colapso dos preços dos combustíveis

leva ao aumento da

oferta do adoçante.

Os preços do petróleo fecharam

março com as maiores

quedas e perdas da história,

o que deve afetar negativamente

as margens e fluxos

de caixa dos produtores de

açúcar e etanol do Brasil,

citou o presidente da Alcopar.

Com o valor mais baixo do

petróleo, a competitividade

do concorrente etanol deve

diminuir, até mesmo por conta

de um menor consumo

com as paralisações e menor

mobilidade.

“A tendência é que o setor sucroalcooleiro

altere o mix de

produção em favor do açúcar.

Isso pode criar um excesso de

oferta, transformando as previsões

de déficit para um novo

superávit na produção mundial,

reduzindo os preços internacionais

do açúcar”, comentou.

Como maior exportador

de açúcar do mundo, o Brasil

tem a capacidade de elevar a

oferta global de açúcar muito

rapidamente, o que pode deprimir

os preços internacionais.

“É o que se poderia chamar de

tempestade perfeita. Os dois

produtos base do setor estão

com os preços em queda,

abaixo do custo de produção.

Isso em um momento em que

o setor começava a se recuperar

de uma das piores crises

econômicas pela qual já passou,

com o fechamento de dezenas

de usinas em todo o

País e o endividamento de

outro tanto delas. Todo esse

cenário só traz ainda mais preocupação

com o início da safra

e aumento da oferta de etanol

e açúcar”, lamentou Tranin.

A situação preocupa mesmo

as usinas que aproveitaram os

Safra 2020/21 começou dia 1 de abril

bons preços do açúcar entre o

final do ano passado e início

deste ano para fixarem preços,

antecipando as vendas desta

temporada. A estimativa é que

a maior parte das 19 milhões

de toneladas previstas para

serem exportadas nesta safra

tenha sido fixada até fevereiro.

Isso significa que a perspectiva

de maior oferta de açúcar do

Brasil já foi precificada. “O impacto

de toda essa situação

será gravíssimo para o setor. O

momento é de união visando

superar os efeitos econômicos

e para a saúde”, finalizou Tranin.

Jornal Paraná 3

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