Revista Mistérios de Órunmilá - 2
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JANEIRO.2017
EDIÇÃO N° 2
Mãe Maria de
Xangô
Entrevista com
Mãe Maria de Xangô
MAR EM FESTA
O Brasil reverencia as águas
FELIZES ANOS
NOVOS
Anos novos ao
redor do mundo
AS FESTAS PARA
YEMANJÁ
As festas para a rainha das
águas pelo Brasil
FESTA NOS MARES
TRADIÇÃO DO POVO BRASILEIRO
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA. PROIBIDA A VENDA
Pela diminuição do racismo neste ano novo!
PRIMEIRA PÁGINA
Editorial
Um ano de lutas e conquistas
O final do ano chega e sempre fazemos
uma retrospectiva das conquistas do ano
que passou e nos é dada a oportunidade de
renovação e de vitórias futuras para o ano
seguinte.
Em 2016, nasceu a revista Mistérios
de Orunmilá, que como a um filho, nós
depositamos as melhores expectativas para
abordar assuntos referentes à igualdade,
interreligiosidade, fraternidade e meio
ambiente, com uma boa aceitação dos nossos
queridos leitores, sempre informando e
fazendo a diferença para a cultura do nosso
país.
Agradecemos aos anunciantes, que nos
garantem suporte financeiro, aos nossos
colaboradores que se empenham na elaboração
do conteúdo e aos nossos leitores, que são
merecedores de todo carinho, consideração e
respeito.
Nesta despedida do ano velho, a direção
manifesta seus votos de saúde, felicidade e
prosperidade e faz um convite para receber o
Ano Novo em IRÊ.
Vamos todos ao mar saudar Iyemoja? Nós
iremos!
Feliz 2017 !!!
Agradecemos a todos que
acreditaram e contribuíram
para essa iniciativa.
Agradecimentos
Iyawo IFA Beatriz Melo
Narinha de Iyemoja, Carlinhos de Osalá, Iyá
Leke, Iya Paula de Odé, Gisele de Nana, Paula
Santana, Thiago, Cristina Amadeu e Pai Dedeco
“Agradeço em especial ao
Babalawo Afisi Famuiwa, somente um amigo
mostra IFA para uma pessoa”
- Sandro Fatorerá
Presidente- Sandro Fatorerá
Diretora geral - Nara Barcellos
Design - Felipe Perrot
Revisão de texto - Roberval Barcellos
Assessoria de imprensa - Thiago
Fotografia - Ogan Júnior
-Sandro Fatorerá
Vendas de publicidade - Ogan Júnior
Telefone - (21) 98780-7140
Vendas de publicidade - Alexander Oliveira
Telefone - (21) 9929-93422
5000 exemplares distribuídos
Erratas da edição anterior: Bangbala nasceu dia
21/06/1919, tem 97 anos de idade e fez agora dia
08/12/2016 85 anos de confirmado.
Nara Barcellos
Diretora geral
Janeiro 2017 Mistérios de Órunmilá 01
Jan.
2017
SUMÁRIO
06 Saúde
Prevenir a dengue só depende de nós
08 Racismo
Pela diminuição do racismo neste ano novo
12
Mar em Festa
O Brasil reverencia as
águas
10 IITAB
15 Loreley
Loreley, a sereia européia
Cultura para todos
14
A simbologia
dos peixes
20 Casa de Jacira
27 Homenagens póstumas
32 Felizes anos novos
16
As festas para
Yemanjá
As festas para a rainha
das águas pelo Brasil
40 Infantil
Destaques mirins
34 Poema dos leitores
Envie seu poema
34 Distribuidores
Encontre sua revista
42 Cinema & Arte
A maldição dos mortos vivos
24
Mãe Maria de
Xangô
Entrevista com Mãe
Maria de Xangô,
herdeira do Axé
Pantanal
03 Mistérios de Órunmilá Janeiro 2017
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Interreligiosidade, filantropia e cultura. Divulgue!
Contato:. (21) 98780-7140
Vírus Zika X Microcefalia
O que é a microcefalia?
Microcefalia é uma malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. Essa malformação congênita pode ser efeito de uma série de
fatores de diferentes origens, como substâncias químicas e agentes biológicos (infecciosos), como bactérias, vírus e até radiação.
O perído da gestação é mais suscetível à ação do vírus?
Pelo relatado dos casos até o momento, as gestantes cujos bebês desenvolveram a microcefalia tiveram sintomas do vírus Zika no primeiro trimestre da gravidez. No
entanto, o cuidado para não entrar em contato com o mosquito Aedes aegypti é para todo o período da gestação.
Cuidados para a gestante
Prevenção/Proteção
› Utilize telas em janelas e portas, use roupas compridas (calças e blusas) e se vestir roupas que deixem áreas do corpo expostas, aplique repelente nessas áreas.
› Fique, preferencialmente, em locais com telas de proteção, mosquiteiros ou outras barreiras disponíveis.
› Pratique sexo seguro
06 Mistérios de Órunmilá Janeiro 2017
SAÚDE Aedes Aegypti
PREVENIR A DENGUE SÓ DEPENDE DE NÓS
A doença é transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, mais conhecido como mosquito da dengue, ou o Aedes albopictus. A única forma de evitar é com
o combate do mosquito, através da eliminação dos criadouros do mosquito nas casas, no trabalho e nas áreas públicas.
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CULTURA PARA TODOS
Racismo
Pela diminuição do racismo neste ano novo
O Brasil acabou com a escravidão oficialmente em 1888. Os descendentes dos escravos, porém, não são livres social e economicamente: o racismo
é o obstáculo. Velado, “cordial” ou odioso, ele persiste mesmo sendo um crime. É urgente pôr fim a esse sentimento selvagem que impede o avanço
do país e da humanidade – como mostram as vozes de brasileiros e estrangeiros neste manifesto.
O que é o racismo?
O racismo é a tendência do pensamento, ou do modo de pensar em que se dá grande importância à noção da existência de raças humanas distintas e superiores
umas às outras. Onde existe a convicção de que alguns indivíduos e sua relação entre características físicas hereditárias, e determinados traços de caráter e inteligência
ou manifestações culturais, são superiores a outros. O racismo não é uma teoria científica, mas um conjunto de opiniões pré-concebidas onde a principal função
é valorizar as diferenças biológicas entre os seres humanos, em que alguns acreditam serem superiores aos outros de acordo com sua matriz racial. A crença da
existência de raças superiores e inferiores foi utilizada muitas vezes para justificar a escravidão, o domínio de determinados povos por outros, e os genocídios que
ocorreram durante toda a história da humanidade e ao complexo de inferioridade, se sentindo, muitos povos, como sendo inferiores aos europeus. O número de
mortes de jovens negros no Brasil é maior do que em regiões em guerra. A morte de jovens negros já passou a 70 mil no último ano no País. O número é quase seis
vezes maior do que as perdas em Gaza, por exemplo, que chegam a 12 mil por ano. Isso, reflete “um sistema de desigualdade racial”.
• O racismo mata. O preconceito racial é algo que já é concebido e estigmatizado. Ele está na construção mental do brasileiro. As pessoas operam o racismo antes
de qualquer reflexão. O pensamento racista é irracional e funciona como uma compulsão. Isso faz com que, algumas pessoas, sempre associem o negro a coisas
negativas e cria a vontade de que eles sejam excluídos da sociedade.
• O racismo é um problema social, econômico e de saúde. O que acontece é a eliminação de pessoas negras que poderiam estar contribuindo com sua força
de trabalho. Quantos talentos são eliminados?
Religiões de origem africana e o racismo
Não é coincidência que a intolerância religiosa se expresse, sobretudo em relação às religiões de origem africana e afro-brasileiras no Brasil: que apesar de ser país
com a maior população negra fora da África, ainda é profundamente marcado pelo racismo.
A Teoria do Branqueamento Racial - que teve como um de seus principais entusiastas o médico e antropólogo João Batista Lacerda que foi diretor do Museu
Nacional de 1895 a 1915 - foi uma adaptação brasileira das teorias racistas e deterministas europeias de meados do século XIX que afirmava a necessidade de
branquear a população para que o país pudesse se modernizar e se desenvolver. Em 1911, J.B Lacerda foi designado pelo estado brasileiro para representar o país num
“Congresso das Raças” ocorrido em Londres, no qual apresentou um plano para branquear toda a população brasileira em três gerações, partindo do pressuposto
de a população negra não seria apta para civilização. Assim, vemos historicamente o grande esforço por parte do Estado e suas instituições de branquear também
culturalmente o país, combatendo aspectos da cultura africana e afro-brasileira e apagando a luta das negras e negros da história do país.
Isso se dá pela necessidade de deixar a população negra sem referência de sua história e cultura, evitando que surjam novas organizações ou levantes da população
negra tais quais as que surgiram ao longo de toda a história do Brasil, como Palmares, revolta dos Malês, revolta da chibata, colocando em risco a própria manutenção
da ordem burguesa.
Frequentar espaços como os terreiros é entrar em contato com traços da luta e história das negras e negros no Brasil. As cantigas, o toque dos atabaques, as
danças, as histórias de entidades como os Preto Velho que passaram pela escravidão, ou os Exus que não raramente foram vítimas da violência policial, nos coloca
em sintonia com nossos ancestrais negros e em contato com a história de luta que precisa ser resgatada.
Finalizando: 5 motivos para o fim deste argumento:
O TEMPO: o tronco onde pessoas negras eram amarradas e torturadas em praça pública acabou.
PERDOAR: Pedir para pessoas negras relevarem é conveniente aos privilegiados pelo ideal de supremacia branca. Esperar que pessoas negras sempre levem tudo na
brincadeira também é uma forma de discrimina
SUCESSO: Ser bem-sucedido no desempenho de seu trabalho, ou até no
engajamento social, nunca impossibilitou uma pessoa negra de sofrer racismo.
RELACIONAMENTOS INTERRACIAIS: A mentira da miscigenação, que
vem sendo desmistificada pela genética, relacionamentos afetivos ou sexuais entre
pessoas de cores diferentes a miscigenação brasileira teve início com o estupro de
mulheres indígenas e africanas, e nem por isso os europeus responsáveis deixaram
de explorar seus “filhos” e “mulheres
A LEI ÁUREA: o racismo não findou com a abolição da escravatura.
Gente para finalizar, mesmo: Não se constrói um país mais igualitário com
oportunidades e com justiça neste ano ou em outro sem pensar na população
negra deste país, portanto, ainda há muito a se fazer para pôr um fim no racismo
brasileiro. Os pais precisam ensinar desde cedo aos seus filhos que a raça não mede
caráter de ninguém.
A inserção do negro na sociedade não como um ser diferente, mas como ser
um semelhante criando medidas para geração sem racismo para o Brasil poder
erradicar boa parte dos atos racistas e a ideia de um país igualitário não será apenas
uma utopia.
Um afro abraço.
Claudia Vitalino.
08 Mistérios de Órunmilá Janeiro 2017
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Não deixe de registrar sua festa ou evento, divulgue!
Contato:. (21) 98780-7140
CULTURA PARA TODOS IITAB
IITAB
QUEM SOMOS?
O Instituto Irê de Tradições Afro Brasileiras, é
uma instituição sem fins lucrativos localizada na rua
Clemente Falcão 54, Tijuca, fundada por membros de
matriz africana.
OBJETIVOS
Acolher as minorias em vulnerabilidade social, promover
saúde, cultura e preservação ambiental.
Projeto Dr. Griot
Projetos do IITAB
O curso teórico prático de contadores de história foi administrado pela professora Simone Ribeiro, especialista
em contos infantis e teve a participação do cantor Loro para as cantigas de rodas e outras músicas infantis.
Aula de cantiga de roda do curso de contadores de história
Entrega do certificado a primeira turma de contadores de história
pelo Babalawo Sandro Fatorerá e a Professora Simone Ribeiro
PROJETO DR. GRIOT
O remédio para o preconceito é a cultura!
Próxima turma prevista para Abril de 2017
Curso teórico prático de 12 horas
Reserve já a sua vaga!
10 Mistérios de Órunmilá Janeiro 2017
O projeto acolhe 50 senhoras em vulnerabilidade social e suas famílias
Projeto Irê Alimentar
NATAL DO PROJETO IRÊ ALIMENTAR
Babalorisá Gilberto de Ogum foi o nosso papai Noel para a entrega de 50 cestas básicas, doados pelos amigos e
pela entrada de 2 kg de alimentos do Sarau da Africanidade. Foram entregues também, brinquedos para todas
as crianças das famílias do projeto.
Muito obrigados a todos que colaboraram para o natal das nossas famílias!
Bazar de natal Cestas de natal Café da manhã natalino
Telefone - (21) 2570 - 2730
Celular - (21) 98746 - 3701
Facebook - facebook.com/instituto.iretab
Alimente essa ideia
seja um voluntário!
Moção honrosa entregue na camâra dos
vereadores no dia 24 de novembro de 2016
por serviços prestados em prol da sociedade
Carioca.
MAR EM FESTA O Brasil reverencia as águas
O BRASIL REVERENCIA AS ÁGUAS
“(...) o mar festeja
Celebração de benção
Lembrança de uma mãe presente
Merecedora do nosso respeito e cuidado
Barcos navegam em seu vestido
Presenteando a Rainha do mar
Do trono a mãe suga os presentes
De uns filhos muito orgulho
Doutros um desgosto profundo(...)*
*Extraído do poema Mãe dos Filhos Peixes, de Laila Guedes
As crenças se misturam, as diferenças desaparecem, por algumas
horas ou dias ao menos. O comércio de flores, perfumes, pequenos
mimos, fitas, espelhos e tantos pequenos mimos, além de muita comida,
fervilha, enquanto a multidão cresce e se aglomera para agradecer,
para rezar, fazer pedidos, cantar, louvar ou apenas ver a festa em
homenagem à Rainha das Águas, Rainha do Mar, Dandaína, Janaína,
Princesa de Aiocá, Nossa Senhora, Yemanjá, ou Iemanjá, na ortografia
popularizada.
Milhares de brasileiros, de todas as crenças e cores, começam o ano
vestindo-se de branco e entregando presentes nas águas dos mares, e
de rios, onde fazem seus pedidos usando o rito umbandista de “pular
sete ondas” e cumprimentar Yemanjá, em festas que se tornaram
um espetáculo turístico apreciado em várias partes do mundo, como
acontece na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. No entanto, a
devoção do brasileiro às águas vai bem além de um evento turístico
e Yemanjá é, por certo, a divindade mais comemorada no calendário
oficial do país, resultado de sua sincretização com a Virgem Maria dos
cristãos. Suas festas acontecem em datas dedicadas pelos católicos às
suas Nossas Senhoras. Em dezenas de cidades do Brasil, há monumentos, estátuas representando a Deusa das Águas Doces
do povo Yoruba, que a trouxe para as terras brasileiras durante a escravidão que lhes foi imposta pelo ocidente branco.
Não por acaso, a imagem usada para representá-la evoca à
das Santas com as quais foi sincretizada, no começo, pelos
próprios negros escravizados, para escaparem da tirania dos
senhores brancos que não permitiam o culto aos Orixás.
“Trazida ao Brasil pelos povos de origem ioruba, desde que
assumiu o reino das águas salgadas começou a ser cultuada
pelos pescadores como sua padroeira. Ao mesmo tempo,
quanto mais o seu papel de mãe se fortaleceu, maior foi a
aproximação com a mãe dos católicos, Nossa Senhora, com
a qual é sincretizada”, resume Armando Vallado, autor do
livro “Iemanjá, a grande mãe africana do Brasil” (2002)
e “Lei do Santo” (2010), em artigo no jornal Le Monde
Diplomatique.
No século XX, o processo de sincretização, principalmente desta Orixá, se aprofundou com o nascimento da Umbanda,
religião de matriz africana que reúne a crenças nos Deuses africanos no panteão adotado pelo Candomblé ao cristianismo
da Igreja romana. Os rituais dos umbandistas nas praias atraia gente de toda crença e cor, e foram se disseminando, a
despeito ou em razão da intolerância contra as religiões de matriz africana, e acabaram por se integrar e institucionalizar nos
calendários oficiais de centenas de cidades litorâneas e ribeirinhas brasileiras, e mesmo em lugares como a capital federal,
Brasília, localizada a mais de 1.200 metros acima do nível do mar.
Sob vestes que se assemelham muito mais às trajadas pelas Nossas
Senhoras, a pele branca europeia, os lisos cabelos que remetem às índias
brasileiras, numa interpretação errônea das Mãe d’Água dos Tupi que
habitavam as terras brasileiras antes dos colonizadores chegarem, Yemanjá
é homenageada em todo o país e praticamente durante todo o ano. “Até
pouco tempo, as manifestações das crenças religiosas africanas foram
toleradas por causa de um sincretismo inventado pelos negros para poder
cultuar seus santos em paz, no tempo da escravidão; de outro jeito não
era permitido. Foi assim que, sincretizada com a Nossa Senhora dos
católicos, Yemanjá ganhou prestígio e popularidade em todas as camadas
da sociedade cubana e brasileira. É claro que ela não é mais a mesma.
12 Mistérios de Órunmilá Janeiro 2017
Nem poderia ser. Aqui, o rio de Yemanjá é o mar, este mar Atlântico que atrai multidões às praias no ano-novo. A matriz,
a grande matriarca, com seu axé assentado sobre conchas e pedras marinhas, está na África. Mas, na virada do ano, quando
todos estão tomados pelo sentimento de renascimento, de renovação, é a ela, à velha dona do mar, Yemanjá, que milhões de
pessoas recorrem vestidos de branco, levando flores, presentes para pedir um novo começo da vida e do mundo”, resume
Carolina Cunha, em seu livro Histórias de Okú LaiLai (Edições SM).
NAS ÁGUAS DO TEJO
Esta exportação do culto popular e amplamente acessível, segundo João Ferreira Dias,
vice presidente da Associação Portuguesa de Cultura Afro-Brasileira levou-a até Lisboa,
juntamente com a crescente presença de imigrantes brasileiros. “Yemanjá passou a
figurar no imaginário português como uma santa brasileira, ao mesmo tempo que a
sua imagem foi massivamente usada em novos contextos como do tarô, dos cristais
e todas as manifestações espirituais, onde antes nem era falada. Yemanjá entrou em
circuitos que a desestruturaram e desmitificaram, urbanizaram-na e embranqueceramna.
É extremamente comum encontrar imagens de Iemanjá em agências funerárias, em
casas de incensos e velas, em lojas de tarô e cristais, e na cidade do Porto Iemanjá dá
nome a uma enorme superfície comercial”.
ONTEM E HOJE
Deusa negra embranquecida
Na África, Yemanjá (grafada Yemoja, a pronúncia aproximada é “Yemondjá”)
é a Deusa do povo egbá, que outrora habitava a região situada na bacia do rio
Oshun, onde ainda existe o rio Yemoja. No início do século XIX, por causa
das guerras com os dahomeanos, os egbás foram obrigados a migrar para
o oeste, para Abeokutá, na região centro-sul do país yorubá. “Lá, Yemanjá
ganhou nova morada e passou a ser cultuada nas margens do rio Ògùn, que
nada tem que ver com o Orixá Ogun. Muitas pessoas que prestavam culto
a Yemanjá foram feitas prisioneiras e vendidas pelos dahomeanos para o
tráfico de escravos”.
Apesar de continuar sendo saudada com a exclamação “Odo Iyá” (a mãe
do rio), na Bahia, para onde grande quantidade de egbás de Abeokutá foi
trazida, Yemanjá tornou-se a deusa das águas salgadas. No continente de
origem, o mar era o reino mítico de Olokum, literalmente o Dono ou a Dona
do Mar, divindade considerada pai ou mãe de Yemanjá. Olokum tem papel
tão importante na obra da criação como aquele correspondente a Olorum,
o ser supremo dos yorubanos. Na maior parte dos terreiros de Candomblé
e Umbanda, as primeiras cerimônias acontecem em águas doces antes do
cortejo para o mar, como na maior de todas, a realizada na Praia do Rio
Vermelho, em Salvador. “Os Orixás que na África estavam associados a um
acidente geográfico específico, especialmente aos rios, perderam no Brasil
tal associação e tiveram o culto generalizado, Yemanjá perdeu o rio Ogum
e ganhou o mar. A nova geografia reorganizou o panteão; a nova cultura
rearranjou os patronatos”, resume Armando Vallado, autor do livro Iemanjá,
a grande mãe africana do Brasil (2002) e Lei do Santo (2010).
O principal templo de Yemanjá na África está localizado em Ibará, um bairro
da cidade de Abeokutá, capital da Nigéria. Os fiéis desta divindade vão todos
os anos buscar a água sagrada para lavar os axés, não no rio Ògùn, mas
numa fonte de um dos seus afluentes, o rio Lakaxa. Esta água é recolhida em jarras, transportada numa procissão seguida por pessoas
que carregam esculturas de madeira (ère) e um conjunto de tambores. O cortejo na volta vai saudar as pessoas importantes do bairro,
começando por Olúbàrà, o rei de Ibará. Yemanjá é nomeada de diversas formas relativas aos diferentes lugares profundos (ibù) do
rio, assim como Oxum. Ela é representada em imagens africanas com o aspecto de uma matrona, de seios volumosos, símbolo de
maternidade fecunda e nutritiva. Esta particularidade de possuir seios mais majestosos – ou somente um deles, segundo outra lenda –
foi origem de desentendimentos com seu marido, Oxalá, primeiro na hierarquia do panteão de ministros e ministras de Olorum. Ela já
o havia honestamente prevenido antes do casamento que não toleraria a mínima alusão desagradável ou irônica a esse respeito. “Tudo
ia muito bem e o casal feliz. Uma noite, porém, o marido havia se embriagado com vinho de palma e, não mais podendo controlar as
suas palavras, fez comentários sobre seus seios volumosos. Tomada de cólera, Iemanjá bateu com o pé no chão e transformou-se num
rio a fim de voltar para Olóòkun”.
Texto e pesquisa: Mirela Maria
CULTURA PARA TODOS
Simbologia dos peixes
A SIMBOLOGIA DOS PEIXES
Em um curso sobre Mitologia Afro-Brasileira, recebi um número variado de pessoas
das mais distintas ocupações e idades, sem nenhum envolvimento com estudos dessa
espécie. Estávamos, no momento, debruçados sobre a figura de Iemanjá, deusa do
panteão Yorubá que no Brasil é amplamente cultuada como a Rainha do Mar. O mar é
sua morada e é ela mesma.
Uma senhora pelos 70 anos apresentava um comportamento incontinente diante
das minhas tentativas de expor uma visão a respeito do motivo mitológico do parto da
virgem. Para ela, não fazia o mínimo sentido e ela se colocava frontalmente a respeito
disso. Pedi-lhe um pouco de paciência e prosseguimos com a aula; pretendia conduzir a
aula de modo a alcançá-la em sua perplexidade, que é a mesma de todos cuja natureza
excessivamente atada à lógica não conseguem uma abertura imediata para que o paradoxo
do mito possa ser experimentado. Ela estava impaciente e tive de prometer-lhe que no
fim da aula, depois de exposto todo o conteúdo, voltaríamos ao assunto. Confiei na
intuição de que conseguiria pelo menos fornecer alguns dados para que ela construísse
yemanjá yoruba escultura sua própria experiência do paradoxo, que o pudesse experimentar segundo suas próprias
disposições.
Num dado momento mencionei que o nome Iemanjá decompõe-se em três étimos: Ie-mo-já, cuja tradução pode ser: a
mãe cujos filhos são peixes. Os primeiros filhos que Iemanjá gera são os Orixás, potências divinas responsáveis pela vida
no Ayié (Terra). Num exercício de comparação, que exige aproximação do símbolo com outras ocorrências em contextos
diversos, chamei a atenção para o símbolo do peixe: sendo os únicos animais que não precisaram entrar na arca de Noé,
representam, de certa forma, uma condição perene do instinto. Os peixes não precisaram do salvamento que Yaveh ordena
que Noé realize, porque já são eles mesmos aquilo que habita a fonte primeira da destruição e da recriação, que é o mar,
são um símbolo do fluxo imutável da vida. Mencionei de passagem o milagre da multiplicação dos peixes pelo Cristo, como
de certa forma esta é uma maneira de simbolizar o seu sacrifício em nome do fundamento primeiro da existência que a
tudo anima e que não necessita de transformação, a própria vocação crística da psique para a auto-realização. Num gesto
metonímico, Cristo dá a si mesmo quando distribui os peixes. Imediatamente o semblante daquela senhora se iluminou:
“Tudo pra mim são os peixes. Pinto peixes, sonho com peixes, vejo peixes em todo lugar, gosto deles de qualquer forma. A
noite passada sonhei que tomava nas mãos dois peixes mortos e os depositava no aquário, depois os pintava com um pincel
usando as cores primárias e eles voltavam à vida. Uma vez me disseram que eu desenhava e tinha essa obsessão por peixes
porque sou uma pessoa infantil. Isso me entristecia muito,
porque essa pessoa dizia infantil em um sentido muito ruim,
como alguém atrofiado, que não se desenvolveu. Agora você
me diz isso. Estou aliviada!
Veja que problema um símbolo mal interpretado pode
causar! O peixe tinha uma importância fundamental para a
vida criativa da mulher e, no entanto, disseram a ela que se
tratava de uma expressão de infantilismo. Esse é o problema
de tentar reduzir um símbolo à uma única possibilidade:
corre-se o risco de impedir o desenvolvimento de ideias que
de outra maneira poderiam ser muito melhor aproveitadas.
O fluxo saudável do inconsciente é aquele que transita em
direção à consciência como revelação de si mesmo, e com
isso, atingindo a conscientização de si, age plenamente na
manutenção do equilíbrio psíquico.
Extraído do artigo Cartografia do Inconsciente, publicado em junho de
2015, no site: www.monomito.org/tag/historia-das-crencas/
14 Mistérios de Órunmilá Janeiro 2017
CULTURA PARA TODOS
Loreley
LORELEY, A SEREIA EUROPÉIA
Lorelei ou Loreley é um rochedo localizado junto ao rio Reno, próximo a
Sankt Goarshausen, no Estado Alemão, o nome provém da lenda germânica
de uma Sereia de beleza exuberante de longos cabelos dourados. Nas noites
de lua cheia, Loreley entoava um irresistível canto que fazia os navegantes
esquecerem o leme e baterem com seus barcos contra as rochas daquele trecho
perigoso. Assim aconteceu com o filho do conde de Palatinado, Ronald, que
apaixonado pelo canto da sereia, teve o mesmo fim de outros navegantes.
Irado pela morte do filho, o conde enviou tropas ao penhasco para capturar a sereia
e a lançar do alto do Rochedo ao rio, uma queda que seria impossível sobreviver.
Quando os soldados chegaram no alto do penhasco, a sereia estava calmamente
sentada, penteando os seus cabelos com um pente dourado. Ao saber das
intenções dos soldados, Loreley agarrou o seu colar de pérolas e o lançou no rio.
Imediatamente levantou-se uma enorme onda, sobre a qual a sereia desceu
lentamente ao Reno. Lorelay nunca mais foi vista , mas o seu canto continuou a ser
ouvido nas noites claras de lua cheia.
No Reno, o Rochedo foi considerado pela UNESCO como patrimônio mundial
em 2002.
SEREISMO
Você sabe o que é Sereismo?
Após celebridades internacionais aderirem a filosofia do sereismo, o mesmo ganhou muitos adeptos pelo mundo e chega ao
Brasil. Muito além da moda, o sereismo e uma filosofia de vida que exalta a figura lendária da Sereia, a feminilidade e a
preocupação com o meio ambiente. São ativistas que protegem a água e toda vida animal nela existente, acredita na harmonia
do homem com a natureza e e claro são todos apaixonados pelo mar. A tendência invade as ruas nos cabelos coloridos, na
maioria azul e verde as cores do mar, nas roupas com figuras marítimas, nos brinquedos, nas tatuagens e nos acessórios.
A figura da Sereia encanta criancas e adultos do mundo inteiro com suas lendas e feminilidade que faz da figura da mulher um ser
destemido e mágico que habita o fundo dos oceanos, rios e no nosso imaginário.
Janeiro 2017 Mistérios de Órunmilá 15
MAR EM FESTA Festas para Yemanjá
AS FESTAS PARA A RAINHA DAS ÁGUAS PELO BRASIL
REVEILLON DE YEMANJÁ, PRAIA DE COPACABANA, RIO DE JANEIRO (RJ) 29-30-31 DE DEZEMBRO E 1º DE JANEIRO
Está entre os espetáculos turísticos internacionais mais importantes
do Estado do Rio de Janeiro, junto com o desfile das Escolas de Samba
no Carnaval. Milhares de pessoas, vestidas de branco, passam a virada na
Praia e fazem pedidos à Yemanjá sob cascatas de fogos de artifício, shows
e espumantes. Por isso, devotos ou não, participam das homenagens
ritualísticas do povo de Santo (Candomblé e Umbanda) nos dias anteriores
ou no dia 2 de janeiro, como acontece no Rio de Janeiro e em outras
cidades.
Historicamente, segundo relato de Pai Paulo de Oxalá, “em 31 de
dezembro de 1952, um terreiro da Ilha do Governador chamado “Tenda
de Santa Bárbara” seguiu com um grupo de médiuns para a praia de
Copacabana. A festa tinha como finalidade reverenciar Iemanjá, a Rainha
do mar. Este Terreiro foi um dos muitos que começaram o réveillon
religioso nas praias. Era comum nesse dia (31) os adeptos da Umbanda,
todos de branco, cercarem com cordas o espaço onde a “gira” era realizada.
Nessas giras davam-se consultas com Caboclos e Pretos Velhos. As champanhes em homenagem a Iemanjá eram abertas à meia-noite ao som dos
disparos de fogos de artifícios, que na época não tinha a tecnologia atual. A cada ano que passava a festa crescia em notoriedade e ganhava uma
imensidão de participantes, ao ponto de chamar a atenção das autoridades públicas, até culminar no réveillon da Praia de Copacabana e virar um
megaevento patrocinado pelo poder público e empresas privadas. E a nós, adeptos dos Cultos Afros, coube nos adaptar pois ficou inviável cultuar
Yemanjá no meio da agitação da passagem de ano.”
SALVADOR - PRAIA DO RIO VERMELHO (BAHIA) 2 DE FEVEREIRO
É a maior festa popular do país dedicada à Yemanjá, exclusivamente. Em 2016, a festa reuniu
mais de 300 mil pessoas. No mesmo dia acontece a festa católica em homenagem a Nossa Senhora
dos Navegantes, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia na Cidade Baixa.
Alguns entregam seus presentes pessoalmente, deixando-os na orla da praia, ou então preferem
deixá-los na Casa do Peso, na Colônia de Pescadores, onde são distribuídos em diversos balaios
e levados em cortejo até a praia para início da procissão marítima, que envolve mais de 300
embarcações para carregar cerca de 700 balaios repletos de presentes para o alto mar, ao som de
atabaques e fogos de artifício. Os presentes são deixados a aproximadamente 6 km da costa, no
ponto chamado carinhosamente de Buraquinho de Iaiá. Dizem que, se os presentes afundam, a
Rainha do Mar aceitou a oferenda, mas se permanecem na superfície ou voltam à orla, o presente
foi recusado.
Segundo Pierre Verger, fotógrafo e antropólogo francês que se dedicou ao estudo do culto aos
Orixás, desde África até o Candomblé do Brasil, inclusive se tornando adepto, a data de 2 de
fevereiro adotada para os festejos de Yemanjá decorre do sincretismo entre Oxum e Nossa
Senhora das Candeias, em 2 de fevereiro. Relacionada às águas doces, a Orixá Oxum é presenteada
antes do tradicional presente de Yemanjá, no Dique do Tororó, a meia noite do início do dia
das festividades. De acordo com o antropólogo Edison Carneiro Ali eram feitas inicialmente as
oferendas a Yemanjá. A festa atual teria surgido quando a celebração do presente de Yemanjá no
Candomblé migrou do Dique do Tororó para o mar, em 1924, e viria a substituir a tradicional festa
de Sant’Ana, cuja igreja fica ao lado da Casa do Peso e que hoje abriga a Casa de Yemanjá, com a
escultura de uma mulher sereia na frente.
Conforme o antropólogo Edison Carneiro, os festejos realizados para o culto de Sant’Ana
eram realizados entre os meses de janeiro e fevereiro, em 1823. Na época, os jangadeiros tinham
total liberdade para a organização e já entregavam presentes para a Rainha do Mar, representada
e idealizada pelo povo pesqueiro como uma sereia, ser mítico dos povos europeus. Uma série de
conflitos ideológicos, existentes nas primeiras décadas do século XX entre as novas orientações
do clero católico e os costumes dos pescadores vinculados ao Candomblé, também favoreceu as
mudanças. De acordo com a historiadora Edilece Souza Coutto, “com a criação da Paróquia de
Sant’Ana em 1913, já fica bem evidente a perda de espaço e autonomia na arrumação da igreja e
dos festejos, a repressão de costumes ocorre com a supervisão de um padre permanente, o que
acarretaria em sérios conflitos, lenta decadência do culto a Sant’Ana”.
Em 1930, quando o padre recusa-se a celebrar a missa depois de discutir com os presentes que
não gostaram do sermão do clérigo, em que ele classificou de ignorantes os que faziam as homenagens e referiu-se à Yemanjá como uma “mulher
com rabo de peixe”. Em contrapartida, a comunidade de pescadores da praia do Rio Vermelho deixou de pedir a celebração da missa no dia da
entrega dos presentes, e assumiu os aspectos do culto da Rainha do Mar, que somente seria denominado como Festa de Iemanjá em 1960. Desde
então, a Igreja de Santana sempre mantém as portas fechadas no dia 2 de fevereiro.
16 Mistérios de Órunmilá Janeiro 2017
PELOTAS (RIO GRANDE DO SUL) 2 DE FEVEREIRO
No Rio Grande do Sul também é comemorada a festa de Yemanjá no mesmo dia dedicado à Nossa Senhora
dos Navegantes. Em Pelotas, a imagem da santa católica é carregada até o Porto de Pelotas, mas antes do
encerramento da homenagem, as embarcações param e são recepcionadas por umbandistas que carregam a
imagem de Yemanjá. As duas procissões se encontram na Lagoa dos Patos.
PRAIA GRANDE (SÃO PAULO) 2 DE FEVEREIRO
É considerada a maior do Estado de São Paulo, atraindo mais de 30 mil pessoas anualmente à cidade.
Desde a década de 50, umbandistas e candomblecistas realizavam os rituais em reverência à Orixá nas
praias locais. Os festejos são organizados pela prefeitura e realizados por adeptos dos Cultos de Matrizes
Africanas, Espíritas, Espiritualistas e Umbandistas, assim como demais fiéis e simpatizantes de Iemanjá.
Passou a integrar o calendário oficial da cidade em 1969, na administração do prefeito Dorivaldo Lória
Junio, cuja esposa Layde Rodrigues Reis Lória frequentava a Umbanda. Essa primeira festa oficial teve
uma importante participação de Pedro Furlan (União Regional da Zona Oeste da Grande São Paulo),
como um dos grandes responsáveis pela concretização desse sonho, que contou em sua primeira edição
com aproximadamente 15 mil participantes.
No estado, também as cidades de Santos e São Vicente realizam a festa oficialmente, reunindo milhares de pessoas.
JOÃO PESSOA (PARAÍBA) 8 DE DEZEMBRO
Seguindo a regra do sincretismo com as Nossas Senhoras, na capital da Paraíba o data é feriado
municipal dedicado à Nossa Senhora da Conceição é também o dia da festa em homenagem
à Yemanjá, realizada na Praia de Tambaú, em frente ao busto de Tamandaré, em um palco
circular cercado de bandeiras e fitas azuis e brancas onde acontece o desfile dos Orixás. Conta
com uma programação tradicional, com flores jogadas ao mar, queima de fogos e oferendas e
agradecimentos à divindade. A festa é organizada pela Federação dos Cultos Afro-Brasileiros da
Paraíba (FCAB-PB).
Conforme relato do professor e um dos fundadores do curso de Ciência das Religiões, da UFPB,
Severino Celestino, os adeptos das religiões de matriz africana sofreram enormes perseguições
durante os anos 70, denominados anos duros da ditadura militar-civil. “Para se ter uma ideia,
nos anos 70 na Paraíba era proibido os cultos afro-brasileiros. Quem liberou isto aqui foi João
Agripino. A festa de Iemanjá, lá na praia de Tambaú, era proibida até os anos 70. Eu era acadêmico
e eu me lembro que João Agripino foi ovacionado porque liberou os cultos, é tanto que eles cantavam pedindo a Yemanjá proteção ao governador
que tinha liberado. E essa perseguição surgiu com a Igreja. Aqui na Paraíba foi muito forte isto. Nós tínhamos aqui grandes cultos afro-brasileiros.
Os cultos afro-brasileiros sofreram muita oposição. O espiritismo também sofreu perseguições no início. O governo militar quis prender pessoas e
fechar muitos centros espíritas no Brasil, inclusive aqui na Paraíba. João Pessoa passou por tudo isto. Mas hoje a Constituição Federal decretou que
o Brasil é um país laico e inclusive é crime preconceito religioso”,
PORTO ALEGRE (RIO GRANDE DO SUL) 8 DE DEZEMBRO
Também na capital gaúcha as festividades acontecem junto com a festa de Nossa Senhora dos Navegantes.
Originalmente, uma procissão fluvial que partia do cais do porto e percorria o Guaíba levando a imagem da santa
do centro da cidade até a Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes. Hoje, a procissão é feita por terra e a imagem
parte da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, no centro da cidade.
SALVADOR (BA) 8 DE DEZEMBRO
A data é dedicada à Nossa Senhora da Conceição da Praia, feriado municipal na cidade, é realizado no
Monte Serrat, na Pedra Furada, o presente de Yemanjá, com a participação de milhares de pessoas.
Janeiro 2017 Mistérios de Órunmilá 17
MAR EM FESTA Festas para Yemanjá
RIO GRANDE (RIO GRANDE DO SUL) 2 DE FEVEREIRO
Uma das maiores festas do país ocorre na Praia do Cassino, município de Rio Grande
(RS), devido ao sincretismo com Nossa Senhora dos Navegantes. A primeira festa data
de 1º de fevereiro de 1963, quando o então vereador de Rio Grande, João Paulo Araújo,
organizou a primeira festa dedicada a Yemanjá na praia do bairro Cassino. Historiadores
relatam que todas as despesas da festa foram pagas pelo prefeito, incluindo a compra
de um motor a óleo diesel e postes para a iluminação da praia. Mas, as festividades
não se restringem ao Cassino. Já no ano de 1966, aconteciam também à costa do canal,
proximidades do Matadouro e do Saco da Mangueira.
SÃO LOURENÇO DO SUL (RIO GRANDE DO SUL) 1 DE FEVEREIRO
Há 37 anos a Festa de Yemanjá faz parte do calendário anual de festividades oficiais
da cidade a incorporada ao calendário anual de festividades oficiais da cidade gaúcha,
as homenagens acontecem no dia 1º de fevereiro, na Praia da Barrinha. O evento em
homenagem à Rainha do Mar é promovido pela Associação dos Cultos Afros, com o
apoio da prefeitura. A festividades públicas começam com uma procissão poe terra,
conduzindo a imagem de Yemanjá até o trapiche de onde sai a procissão de barco pelo
Arroio São Lourenço e na Lagoa dos Patos. Após a meia noite, a imagem de Yemanjá
chega à Praia da Barrinha para receber as oferendas, sob o som dos atabaques da Umbanda
e do Candomblé. No dia seguinte, acontece a Festa de Nossa Senhora dos Navegantes, há
mais de 100 anos no calendário das procissões da cidade.
BRASÍLIA (DISTRITO FEDERAL) 31 DE DEZEMBRO E 2 DE FEVEREIRO
As festas para Yemanjá são realizadas na Prainha do Lago Paranoá, onde está a Praças dos
Orixás, alvo de depredações por intolerância religiosa. Na virada do ano, integram as festividades
do calendário de reveillon da cidade. No dia 2, umbandistas e candomblecistas homenageiam
Yemanjá e Oxóssi, o Caçador, filho da Deusa, na Festa que integra o calendário da cidade reunindo
milhares de pessoas.
FORTALEZA (PERNAMBUCO) 14 E 15 DE AGOSTO
Por ser sincretizada com Nossa Senhora da Assunção, Yemanjá é
reverenciada na mesma data que homenageia a padroeira da capital
cearense, dia 15 de agosto. A Festa acontece há 50 anos, reunindo milhares
de pessoas. É realizada pela União Espírita Cearense de Umbanda
(UECUM) em parceria com a organização Mulheres de Fé, Mulheres
de Axé Saravá e a Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde
(Renafro-CE). O evento sempre traz um tema específico para a reflexão
dos participantes. Em 2016, o tema foi “O combate à violência doméstica
contra a mulher”. A programação contará com apresentações culturais,
além da tradicional entrega de oferendas.
18 Mistérios de Órunmilá Janeiro 2017
Texto e pesquisa: Mirela Maria
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20 Mistérios de Órunmilá Janeiro 2017
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ENTREVISTA Mãe Maria de Xangô
MÃE MARIA DE XANGÔ
Mistérios de Orunmilá: Como começou a sua vida religiosa?
Mãe Maria: Primeiro, eu gostaria de agradecer a gentileza da revista em
me convidar para essa entrevista. Também quero agradecer a Ogun e
Orunmilá por ter sido escolhida para dar continuidade ao Asé Oloroke
Pantanal, do meu Avô. Eu creio que minha vida espiritual começou no
ventre da minha mãe. Quando ela tinha 14 anos de idade, eu nasci na
Rua Manoel Faustino, 26, Engenho Velho de Brotas, e meu avô tinha o
Asè na Albarana, em Amaralina. Com oito meses de vida, viemos para o
Rio de Janeiro, e não voltamos mais para Salvador. Primeiro, eu morei
no Jacatirão e com o tempo eu passei a ver seu Joãozinho da Goméia, Sr.
Ciriaco, e dizia para o meu avô que eu queria ser feita e ele dizia que não,
que eu seria professora e ia estudar que nem as irmãs dele. Daí inaugurou
a casa do Pantanal e ele ia colocar o primeiro barco, isso em Novembro
de 1954. Quando foi em dezembro, ele já tinha começado as funções
das Iaôs que iam entrar, que eram um Omolu e um Sango. Eu tinha 5
anos de idade quando o Orisá me tomou e praticamente desacatou meu
Avô, por que ele disse que seria iniciado. Naquela época, às vezes, os pais
duvidavam da incorporação e eu fui espetada. Minha mãe testou ferro
quente em mim, alfinete. E aí eu ficava mais tomada do Orisá. Tanto foi
que meu Avô teve que mudar o barco, porque era em 1954 que ia sair o
barco, mas só foram feitos em Janeiro do ano seguinte, porque eu tive que
entrar e aí o barco ficou parado pra poder iniciar a criança que seria eu.
Então, quando eu iniciei para o Orisá, já estava chegando aos 6 anos de
idade, no dia 06 de janeiro de 1955, que foi o dia do Odum de Sango, que
foi o dia do Oruncó, porque antigamente não tinha essa coisa de Odum.
Não tinha nada, era dia do Oruncó.
Então minha vida espiritual, começou dentro do berço, de escolhida,
porque quando meu avô assumiu que eu tinha que fazer o santo porque
também não era “Iniciada” que se dizia, mas sim “fazer Santo”. Ele já
fez de uma forma que eu já fosse apresentada para herdar a casa, com
isso não teve nenhum atrito quanto a essa questão. E como criança, eu
hoje, acho que não vivi o suficiente a parte de ser criança, e sim a parte da
espiritualidade porque aqui em casa era meio que uma Ditadura, pois se
não aprendesse uma cantiga, ou uma reza, o que hoje vocês falam Oriki,
a pessoa não comia. Por exemplo, no café da manhã, se não cantasse a
cantiga que ele amanheceu cantando, a gente não tomava café, só quando
aprendesse a cantiga. Se chamasse para jogar, chegava um cliente, ele
dizia: “vem aqui, sente aí”, não aprendi jogo desenhado, nem escrito,
nem orientado. Ele falava: “-Olha aí, fale o que o jogo está falando.” e
ali a gente falava e ele confirmava: “Aprendeu essa caída, então é isso.”
E acabou, pois não tinha repetição nem nada. Daí eu acho que ele foi
moldando a Iyalorixá, foi moldando a criança com uma responsabilidade
muito grande. Eu, como criança, não vivia o que era ser criança, mas
sim ser Iyaolorisá. Eu achava aquilo maravilhoso, porque eu achava que
mandava em todo mundo, que eu podia tudo. Eu era uma criança assim,
que não pisava no chão e só vivia carregada na “corcunda”, que se falava
na época. O Pantanal não tinha condução nessa época, e vínhamos da Av.
Presidente Keneddy até o pantanal sem que eu pisasse no chão. Meu avô
não deixava eu pisar no chão. Ele me chamava de “Boneca de Odê”. E
essa boneca dele de Odê não podia nem pisar no chão. E assim eu acho
que foi bom porque como criança eu vivi isso e foi bom também porque
hoje eu tenho essa bagagem de aprendizado e me considero uma escolhida
para servir ao Orisà.
Mistérios de Orunmilá: Como foi seu barco?
Mãe Maria: Meu barco foi de um Obaluaiê, um Baru e eu de Ogodô.
Dofona de Obaluaie, eu Dofonitinha e o Baru foi o Fomo.
Mistérios de Orunmilá: Quais foram suas referências de pessoas religiosas?
Mãe Maria: Pessoas que tínhamos contato foram o finado Seu Alvaro, a
24 Mistérios de Órunmilá Janeiro 2017
finada Senhorazinha, a finada Dona Dila, Táta Ciriaco, Seu Joãozinho
da Goméia, Seu Bobó, Dona Simplícia, que morava na Bahia e meu
Avô era muito amigo dela, o Seu Mundinho da Formiga. Eu fui criada
no meio dessas pessoas. Seu Nezinho de Ogun, que ia junto com meu
avô para a Igreja do Bonfim, na Bahia. Então essas pessoas eram uma
referencia para mim. Dona Olga do Alaketu tinha amizade com meu
avô.
Mistérios de Orunmilá: Como surgiu a iniciativa do Memorial Cristóvão
Lopes dos Anjos?
Mãe Maria: Eu sempre achei que nós precisávamos de um acervo, que
o Candomblé tem que ter história, identidade. E desde que meu avô
faleceu, tudo que eu pude colher dele, eu guardei e armazenei. Não
pensava em ter um museu, mas eu queria fazer uma sala com tudo que
era dele, e a casa onde ele morava eu queria manter ela do jeito que
era na época dele. Nos cinquenta anos do Asé Pantanal, eu juntei tudo
com alguns filhos de santo e resolvemos colocar as fotos nos painéis
para inaugurar na casa dele com uma placa comemorativa. E até então
não era um Memorial, nem nada. Aí passaram quinze anos, e eu achei
que poderia melhorar, porque comecei a visitar outros Memoriais, de
outras casas, aí eu achei que não tinha nada ver com o meu. Foi então
que eu pedi a um filho de santo meu, que é Museológo, pra assumir a
responsabilidade de transformar num espaço mais digno com o que nós
temos. Assim, com muito esforço, ele realizou o meu sonho de ter um
lugar para expor as coisas do meu avô, e ao mesmo tempo que ficasse
reservado. Mas ainda não é o que eu desejo, pois eu quero mais. Eu
sou muito possessiva com as coisas que tenho. E de antemão, já quero
começar a fazer o meu Memorial em vida, porque aí já fica tudo que eu
tenho e recebo, já fica guardado pra não dar o mesmo trabalho que eu
tive para o próximo que vier no meu lugar.
Mistérios de Orunmilá: Qual a sua relação com o Estado de São Paulo?
Mãe Maria: Quando eu morava no RJ, meu avô ainda era vivo e fui pra
São Paulo por divergências familiares. Em 1973, São Paulo me abraçou,
me fez gente, me educou, me apresentou um novo mundo, e eu acho
que em São Paulo as pessoas tem outro tipo de fé, outro tipo de crença
e um respeito diferente quanto a questão de religiosidade, eles seguem,
eles respeitam a nossa fala como Iyalorisá, como zeladora, e pra mim,
Maria, São Paulo também foi tudo. E como eu já venho fazendo isso há
35 anos, desde que meu avô faleceu, São Paulo e Rio pra mim, é a mesma
coisa. Não tenho mais casa de Candomblé em São Paulo, mas tive casa
por 20 anos, própria, porque acho que Asé tem que ser próprio. E meu
avô foi lá buscar meu santo, antes de morrer. Ele chegou na minha casa
e falou: “Vim buscar Sango, vim buscar você. Porque seu lugar é lá.”
E ele trouxe Sango, e aí eu me desfiz da casa, vendi. Eu levei Sango,
e ele foi buscar Sango, e trouxe todo mundo. Trouxe do Atabaque ao
Santo, de volta ao Pantanal. Mas nisso aí gerou muitos filhos, dentro
desses 20 anos. Eu fiz uma família espiritual. E essa família existe até
hoje, com filhos de 35, 40 anos, que estão comigo não só em São Paulo,
mas também em Brasília, Espirito Santo, Ceará, Pernambuco, vários
lugares do Brasil. Interior de São Paulo, de Sorocaba, Lins, Jaguariúna,
Campinas, eu tenho muitos descendentes que hoje são até bisnetos de
santo. E todos gostam da minha fala, da minha presença. Porque eu
tenho um ditado, muito certo, que aprendi com meu avô. Ele dizia
assim: “Na sua casa, você é Rei e Rainha, mas quando você sair, você
pega uma pedra bem pesada no portão, você amarra tudo ali, tudo de
bom e de ruim. E deixa amarrada na sua casa, quando você voltar você
veste tudo de novo”. Na época eu não entendia, mas com o tempo,
conforme fui crescendo e adquirindo sabedoria, eu entendi o que ele
queria dizer. A gente tem que saber entrar e sair de qualquer lugar e não
deixar rastro. E como eu acho que tenho facilidade de conquistar as
pessoas, de respeitar, porque a conquista é o respeito. Eu respeito, pra
ser respeitada. Eu procuro entender, pra ser entendida. Então, com essa
fala minha, é aonde eu consigo botar Rio e São Paulo como se fossem
Pantanal e Vila Rosário. E trato todas as pessoas bem, que vem até a
mim. Eu respeito tantos os daqui do Rio como os que vêm de fora. Eu
sempre procurei fazer de uma forma em que todos se sentissem bem
e agregado, e acho que essa é a minha essência. Respeitar as pessoas,
tratar bem as pessoas. Não interessa se a pessoa está com santo, ou
não, eu sei que respeito. E a diferença que eu acho de São Paulo e Rio
de janeiro, é a Fé. Eu acho que o carioca, até por conta da mistura, tem
uma fé falha. Por exemplo, eu não começo um dia sem tomar a benção
a Ogun e agradeço a Ogun, e eu não vejo isso aqui. As vezes no próprio
asé a pessoa entra e sai e não vai cumprimentar Iroko. E o paulista, é
assim: O que você ditou no regulamento, o que você passou ele vai
seguir, tanto na sua presença como na sua ausência. Eu tiro, porque
as casas de filhos de santo, como uma que eu tenho há 40 anos aberta,
que é onde eu faço minhas coisas pra santo em São Paulo, eu posso
sair e do jeito que eu deixar eu encontro na volta. E isso eu acho que é
a fé. Se eu disser que o copo d’agua tem que ficar no meio da sala, ele
vai ficar lá. Aqui não, pois o carioca vai chegar pro ladinho e dar um
jeitinho de passar (risos). E do Rio eu nunca vou sair porque eu tenho
um juramento com Ogun e com o Asè, mas eu sempre digo que se
Ogun quisesse ir embora comigo pra São Paulo, seria como ganhar na
loteria (Risos).
Mistérios de Orunmilá: Quais as características do Candomblé de Efon
e qual o Orisa Patrono?
Mãe Maria: Olha, vou te falar três coisas sobre essa pergunta. A primeira
é que Candomblé não é Nação. Candomblé é uma dança que o Orisà
faz na sala pro povo ver. Então Candomblé não é Aldeia Africana.
Segundo, que a nossa aldeia, aliás eu nunca fui na África e nem desejo ir,
eu só falo aquilo que meu avô falava, o meu Efon é o que ele aprendeu
com os Africanos, e esse Efon que eu cultuo é de Oloroque, de Oloque
odi orifé, que é o Patrono, junto com Osun, porque se Tio Firme era de
Osun, que foi o negro que veio de Ekiti, assim a história contada pelo
meu avô, e a Maria Bernarda da Paixão que era de Oloke, todos feitos
na mesma aldeia. E a filha deles, que eles criavam, da qual a Maria da
Paixão era a Ama-seca, também era de Osun e se chamava Asika. Então,
os dois eram de Osun, Pai e filha, e ela de Oloque. Então, o Patrono são
Oloque e Osun por motivo dele que trouxe pro Brasil. Não por causa
do que as pessoas falam que Osun que é a dona do Efon. E o Ijesà, o
toque de mão, é característico de Efon por parte de Osun. Porque se for
ver as saudações e cantigas de Oloque, tudo está em Agabi, Alujá. Mas
por causa do Tio Firme, que introduziu todas essas cantigas. Tanto que
as pessoas cantam as cantigas de Oloque para Osun. E não tem nada a
ver. E por fim, as nossas características são o Alá de Oloque e o pé de
Iroko, porque Oloque nas montanhas são os Leões, que são os deuses
das montanhas, e essa gameleira diz que é que fazia sombra. Dentro
do ritual interno, eu costumo dizer que os elementos são os mesmos.
Meu avô também falava isso. Os elementos em qualquer Nação são os
mesmos. Não existe diferença de Asè. Tudo que o Efon usa, o Ketu usa,
o Jejê usa, porque o bicho é o mesmo, a cor do Ejé é a mesma. Quando
eu digo elementos, eu digo que é o mesmo efun, o mesmo leleque, o
mesmo feijão fradinho. O Omolocum é universal. Então como que tem
diferença e característica particular? Não pode ter, gente. Asè é um só.
A palavra Asè é unificação. Uma Nação usa os elementos antes, outra
depois, mas são os mesmos. Então, pra mim não existe característica
própria ou diferente porque os elementos são os mesmos. Se a minha
galinha d’angola tivesse o sangue azul, aí seria diferente. Mas ela não tem.
Porém, existe a diferença na sala. Como nós temos a Roda de Oloque,
como no Opo Afonjá tem a Roda de Sango, e assim vai. A diferença é
nesse sentido. Toda casa de Efon, por causa do Oloque representado
pelo Branco, a gente estia a bandeira, mas nem assim é diferente porque
na Angola estia bandeira branca de Tempo. Então quem sou eu, pra
achar que tenho característica diferente, se tudo vai chegar num lugar só?
Mistérios de Orunmilá: O que significou o Tombamento do Memorial
Cristóvão Lopes dos Anjos como Patrimônio Cultural do Município de
Duque de Caxias?
Mãe Maria: Vou te falar, meu filho. Pra mim tem duas coisas nessa
pergunta. Primeiro que eu nasci e cresci ouvindo meu avô falar que
aquele lugar era de Ogun e que ninguém ia nos tirar. Porém, nós seres
humanos somos falhos e eu não posso ter a mesma confiança de que na
hora que eu partir, as coisas continuarão do mesmo jeito. Então, meu
objetivo principal de querer tombar um espaço é porque temos herdeiro.
E segundo, onde Ogun vai ficar? O que vão fazer com Ogun? Então
meu medo era esse. Eu ainda não estou satisfeita porque vou continuar
lutando pra buscar mais segurança para o Orisà, pra quem vai cuidar
do Orisà e para os filhos terem uma referência. E não acontecer o que
aconteceu com a casa na Bahia onde nós perdemos o Asè Oloroque na
Bahia, por falta de experiência. Por confiar demais no ser humano, eu
perdi a casa de Salvador, porque eu acreditei no ser humano. E hoje eu
não acredito tanto assim, que eu estou buscando coisas sólidas, honestas
e seguras, pra que Ogun tenha o canto dele, como meu avô sempre
sonhou. O tombamento não é por vaidade, meu objetivo é saber que
um dia eu vou partir e o Orisà vai ter o lugar dele. Pode não ter ninguém
pra cuidar, mas ninguém vai tirar ele de lá. Só isso. E eu quero chegar
num órgão federal para as pessoas poderem visitar, estudar. Não deixar
acontecer aqui o que aconteceu com a casa de Salvador, pois poderia ser
aqui uma filial e a sede na Bahia.
Janeiro 2017 Mistérios de Órunmilá 25
ENTREVISTA Mãe Maria de Xangô
Mistérios de Orunmilá: O Conselho Nacional do Asè Efon, CONAE, o
que é? Como surgiu? E qual o objetivo?
Mãe Maria: Assim, eu sempre tive vontade de centralizar de uma forma
que a gente pudesse se juntar e organizar, por existir várias divergências,
várias ramificações, levadas por uns caminhos que não é aquilo que eu
aprendi com meu avô. Porque eu sempre disse, o meu Efon é o Efon
de Seu Cristóvão. Eu nunca fui pra outras casas. Eu nunca vi um bori
em outro Asè. Esse é o meu objetivo, sobre o Conselho. E aí, surgiu a
ideia de alguns filhos de santo, de uma unificação. Mas o que é unificar?
Não é ditar rituais internos. Mas o objetivo é padronizar o externo,
como exemplo, os elementos do portão das casas de Efon. O Sirè, por
exemplo, ter uma ordem, pra quando alguém chegar, saber que se seguiu
daquela forma igual ao Asè Oloroke Pantanal. O Pé de Iroko, todas as
casas de Efon têm que ter um Iroko e um dendezeiro plantados. Iroko
por causa da sombra de Oloque e o dendezeiro por causa de Ogun.
Outra parte do Conselho é a identificação. A gente vai cadastrar todas as
casas de Efon, para que elas tenham a sua linhagem de ancestrais. Mas
sempre batendo numa tecla, que o CONAE quer uma identidade Efon,
uma qualidade das casas. Uma característica do Conselho com Oloque,
que todas as casas vão seguir. E todo mundo falar a “mesma língua”. Eu
não posso cantar uma cantiga pra tirar o Iyawo, e meu descente cantar
outra. Então o objetivo do CONAE é esse, cadastramento e filiação das
casas, identificação das características externas iguais em todas as casas
de Efon. E eu acho isso fundamental. Não quero mudar tudo o que já
existe, mas quero dar um jeito pra ficar tudo parecido.
Mistérios de Orunmilá: Como é fazer 62 anos de iniciada para Sango?
Mãe Maria: Eu não tenho nem palavras pra responder a isso, mas eu não
digo nem por ser iniciada para Sango, mas sim por ser escolhida para
estar dentro de um Asè, para ser Iyalorisà, para herdar uma casa, poder
fazer o bem sem olhar a quem. E poder dar aquilo que é pouco, mas
é o que eu tenho, para todos os seres humanos. E ver as pessoas bem,
pra mim, não tem preço. Agora, quanto a ser de Sango, pra mim é um
privilégio. Mas também, de qualquer Orisà que eu fosse ia amar e zelar,
porque eu amo Ogun. Eu acho que estou dentro da religião e eu amo a
religião, por causa de Ogun. Meu café da manhã tinha que agradecer a
Ogun, minha janta. Eu nasci e me criei agradecendo a Ogun todos os
dias. E até hoje eu faço isso, todo dia eu agradeço a Ogun pela minha
existência e vou fazer isso até o último dia. Hoje eu vejo o Candomblé
de forma diferente. E eu acho que a gente tem que se atualizar, porque é
como eu digo, se Deus deu, porque pra mim Deus são os meus Orisàs,
se meus Orisás deram sabedoria ao homem, pra hoje a gente gravar uma
entrevista pelo telefone, se deram o moinho pra moer o feijão, e não
mais na pedra. Eu ralei muito feijão e milho na pedra. E meu avô ainda
dizia, que é para “fazer ginká”, “pra poder dançar bem”, pra poder ficar
leve, era assim. Pra socar pilão, tinha um pilão de duas bocas, a gente
tinha que socar de costas uma pra outra. Então, é difícil pra gente ver
hoje o Candomblé da forma que ele está. Não em todas as casas, em
todos os Asè, mas hoje a pessoa tem que ter sabedoria e humildade, coisa
que não tem. As pessoas não respeitam seus mais velhos. Eu acho que
está faltando no Candomblé de hoje, é a educação de berço e respeito.
A educação, tanto espiritual, como pessoal, é de família, porque quem
não é bom filho não é bom pai, bom amigo, nem nada. E na religião do
Candomblé está assim. Hoje as pessoas só querem pompa. Está muito
carnavalesco, não tem mais ninguém de pé no chão. Você não vê mais
uma Iyalorisà de pé no chão. Vou te contar um fato: Quando chegou
uma cliente na minha casa, ela perguntou: - Cadê a Mãe Maria? Porque eu
estava de saia de ração e Ojá simples na cabeça. Ela falou pra mim: - Não
acredito que a senhora é a tão falada Mãe Maria. Ela falou: “A senhora
não está com as suas indumentárias!”. Aí, eu respondi: “Pra eu abrir
um jogo pra senhora, eu não preciso estar ornamentada”. Então, esse
é o Candomblé de hoje. E outra, virou uma epidemia todo mundo ter
26 Mistérios de Órunmilá Janeiro 2017
conhecimento. Os sacerdotes venderão seus segredos por muito pouco.
Não tem mais segredo de Asè. Falta a essência de Asè. Antigamente era
assim: Se você não tem você não participa, você não vê. E era a regra.
Hoje, a pessoa já chega na sua casa com a lista do Ebó pronta, você quer
mais o quê?
Mistérios de Orunmilá: A Senhora pode deixar uma mensagem para os
nossos leitores?
Mãe Maria: A minha mensagem é para o povo afro-descente, que virou
outra “epidemia” isso, para que o povo de Asè se respeitasse, fosse
mais humilde, pensasse mais em Deus e nos Orisàs, respeitassem seu
semelhante, se amassem mais. E pensasse sempre em fazer o bem sem
olhar a quem. Então, que todos nós fossemos mais irmãos, mais unidos,
independente do Asé. Aliás, muita gente não sabe o significado da
palavra Asè. Eu não sou intelectual porque eu não estudei pra isso, mas
se todos soubessem a força dessa palavra, não teria diferença de casa, de
nação, nem de nada. A gente se uniria pelo Asè, pela essência do Orisà.
Está faltando isso. Aí, ninguém ia poder com a gente. Porque um iria dar
a mão ao outro. Sabe por que? Porque quando eu era pequena, aqui no
Asè, eu via que se acabasse um obi aqui no Pantanal, não tinha telefone,
não tinha nada. A gente mandava um mensageiro lá em Jacarepaguá, e
Seu Álvaro era da Casa Branca na Bahia, Axogun da Casa Branca. E ele
já mandava o obi, mandava um galo, uma d’angola, o feijão fradinho que
sobrou da casa dele. E ia completar aqui. E assim vice-versa. Dona Dila,
as outras pessoas que eu citei no inicio da entrevista. Era uma troca de
Asè. Asè era isso. Era uma roupa que saía de uma Iyawo. Não tinha esses
paramentos de agora, mas era o Abebé, o Ofá, vinha de uma casa para
outra, e ninguém sabia de onde veio. E o Santo saía bonito na sala, vinha
lindo. O santo dançava, flutuava, com aqueles elementos representativos.
Então, eu gostaria, não vou conseguir isso, mas se eu conseguisse na
minha mensagem que Oloque Odi Orifé e Ogun Anaeji pudessem fazer
que pelo menos nós do Efon, se unissem. Porque vou te falar, esse
conselho vai até servir pra outras nações. Muitos Asè vão aderir a essa
ideia. Eu vejo isso pra frente porque vai ser uma forma de união. Eu
quero a união do Asè. Se todos se respeitassem, ninguém derrubava a
gente. Essa é a minha mensagem. Muito Obrigado!
Entrevista: Pai Dedeco
HOMENAGENS POSTUMAS
´
CRISTÓVÃO LOPES DOS ANJOS
Também conhecido como Cristóvão de Ogunjá ou Cristóvão do
Pantanal, nasceu em 24 de julho de 1908 em Brotas, Salvador, e faleceu
no dia 23 de setembro de 1985. Viveu em função do Orixá desde que
foi iniciado aos 10 anos de idade. Formou-se em Topografia pelo
Liceu de Artes e Ofícios de Salvador. Falava yorubá fluentemente e
aprendeu muito do culto do Orixá com uma africana chamada Maria
Bernarda da Paixão. Pai Cristóvão difundiu o Ase Efon ou Efan no
Rio de Janeiro com a sua descendência do terreiro de Oloroke, em
Salvador, Bahia.
JOÃO ALVES DE TORRES FILHO
Ou Joãozinho da Gomeia, nasceu em 27 de março de 1914
em Inhambupe, Bahia, e faleceu em 1971. Joãozinho da
Gomeia era apelidado pela imprensa de “rei negro” e até
de “Papa do Candomblé”. Fez história no Candomblé
ao colocar a religião na mídia e por seu terreiro ter sido
frequentado por várias celebridades do meio artístico,
empresarial e político. Foi iniciado aos 16 anos pelo Pai
de Santo Severiano Manoel de Abreu, conhecido como
Jubiabá, nação de Angola. Joãozinho era irreverente, filho
de Iansã, que assumia sua orientação sexual publicamente
e por isso enfrentou o preconceito de sua época. Foi
considerado o “Rei do Candomblé”, uma referência
carinhosa que se mantém até os dias de hoje.
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Preparação do Vishukani na índia
CULTURA PARA TODOS Anos novos
Ano Novo ou ano-bom é o momento em que um novo ano civil começa e
quando um novo calendário anual é iniciado. Em muitas culturas ao redor do
mundo, o evento é comemorado de alguma maneira, principalmente na véspera
da data.
O Ano Novo do calendário gregoriano começa em 1 de janeiro (Dia do Ano
Novo), assim como era no calendário romano, antes chamado de calendário
juliano. Existem inúmeros calendários que permanecem em uso em certas
regiões do mundo e que calculam a data do ano novo de forma diferente. A
comemoração ocidental tem origem num decreto do ditador romano Caio
Júlio César, que fixou o 1 de janeiro como o Dia do Ano Novo em 46 a.C.
Os romanos dedicavam esse dia a Jano, o deus dos portões. Aliás, o mês de
Janeiro deriva do nome de Jano, que tinha duas faces - uma voltada para frente
(visualizando o futuro) e a outra para trás (visualizando o passado).
A mudança do calendário juliano ou antigo para o calendário gregoriano ou
moderno não teve lugar ao mesmo tempo em todo o mundo, o que causa uma
certa confusão na harmonização de datas e na datação de eventos, principalmente
entre os séculos XVI e XX.
Até 1751, por exemplo, na Inglaterra e em todos os domínios britânicos, o ano novo começava em 25 de março. Durante
a Idade Média, vários outros dias foram considerados como o início do ano civil (1 de março, 25 de março, 1 de setembro,
25 de dezembro). Em muitos países, como República Checa, Brasil, Espanha, Portugal, Itália e Reino Unido, o dia 1 de
janeiro é um feriado nacional.
Mas não é no mundo inteiro que se deseja uma “Feliz 2017!”.
Para nós ocidentais, o “ano um” é o nascimento de Jesus de Nazaré, que teria ocorrido 2017 anos atrás e que serve de
marco inicial para a nossa contagem de anos, mas como a História antecede o nascimento de Jesus, dividimos a História em
a.C. (antes de Cristo) e d.C. (depois de Cristo).
Alguns povos e países comemoram em datas diferentes e se contam
o “novo ano” diferente. Na China, a festa da passagem do ano começa
em fins de janeiro ou início de fevereiro e durante os festejos, os
chineses realizam desfiles e shows pirotécnicos. No Japão, o ano novo é
comemorado do dia 1º de janeiro ao dia 3 de janeiro.
A comunidade judaica tem um calendário próprio e sua festa de ano
novo ou Rosh Hashaná, “A festa das trombetas”, dura dois dias do
mês Tishrê, que ocorre em meados de setembro ao início de outubro
pelo nosso calendário. Para os islâmicos, o ano novo é celebrado em
meados de maio, marcando um novo início. A contagem corresponde ao
aniversário da Hégira (em árabe, emigração), cujo ano inicial corresponde
ao nosso ano de 622, pois nesta ocasião, o profeta Maomé, deixou a
cidade de Meca estabelecendo-se em Medina.
FELIZES ANOS NOVOS
Ano novo chinês
Na Índia, a data do Ano Novo pode variar porque cada região adota um
método para contagem dos dias, com base nos calendários lunares e astrais.
No estado de Kerala, sul da Índia, a festividade de ano novo recebe o nome de
Vishu e aconteceu no dia 15 de abril.
Nós ocidentais frequentemente nos referimos aos festejos de passagem de ano
como “Réveillon”, que é um substantivo masculino com origem francesa usado
para descrever uma festa de passagem de ano. Quanto à etimologia, réveillon
tem origem no verbo em francês réveiller, que significa “acordar” ou “reanimar”
(em sentido figurado). Assim, o réveillon significa o despertar do novo ano em
nossa cultura e simboliza o recomeço, a renovação e o renascimento.
As simbologias ou simpatias mais comuns nos festejos de passagem de ano são:
PULAR SETE ONDAS
O número sete está presente em várias tradições e crenças. O número sete
simboliza conclusão cíclica e renovação. O mar também simboliza renovação.
Pular sete ondas tem o sentido de ultrapassar obstáculos.
SETE SEMENTES DE ROMÃ
A romã simboliza fertilidade e prosperidade. Para atrair a sorte para o ano
novo a tradição diz que deve-se guardar sete sementes de romã até o próximo
réveillon.
LENTILHA
A lentilha simboliza renovação e renascimento. A simpatia para atrair fartura para o ano novo é comer um prato de sopa
de lentilha.
PRESENTEAR YEMANJÁ
Flores, sabonetes, velas ou qualquer outra oferenda a Yemanjá faz com que todos os problemas
sejam levados ao fundo do mar e devolvidos em forma de ondas, transformados em sorte para o
ano que está por vir.
USAR ROUPA BRANCA
A tradição de usar roupa branca veio das tribos africanas, que usavam trajes brancos - que
significa paz e purificação espiritual.
VINHO ESPUMANTE (CHAMPAGNE)
Nas religiões cristãs, o vinho é considerado sabedoria e vida. Por serem feitos com
uvas, acredita-se que traz sorte e prosperidade para o novo ano. Importante lembrar
de beber em taças de cristal, pois o cristal purifica as energias espirituais.
FRUTAS SECAS OU CRISTALIZADAS
Figo, pêssego, ameixa, damasco e maçã, por exemplo, significam sorte e fartura para
o próximo ano.
LINGERIE COLORIDA
A cor que você usa tanto no Réveillon como em qualquer dia do ano, reflete na sua vida SIM. O significado das cores e
como elas afetam a vida humana revela que, quando as cores são captadas pelos olhos, transmitem para o cérebro impulsos
que resultam em mudanças comportamentais na sua vida.
Significado da cor da roupa no Réveillon:
Na noite da véspera de ano novo, as cores são usadas como símbolos daquilo que se deseja para o ano novo.
Branco - é uma das cores mais usadas e simboliza paz, harmonia, simplicidade e pureza.
Amarelo - simboliza sorte, riqueza, dinheiro, energia.
Vermelho - é usado para simbolizar paixão, conquistas, energia, amor, força e vitalidade.
Rosa - representa amor, perdão, ternura e serenidade.
Azul - atrai saúde, renovação, vitalidade, serenidade, família e espiritualidade.
Dourado - simboliza luxo, sucesso, dinheiro, poder, exuberância, nobreza e prosperidade.
Prateado - simboliza equilíbrio, estabilidade, prosperidade, sucesso e riqueza.
Texto e pesquisa: Roberval Barcellos Janeiro 2017 Mistérios de Órunmilá 33
POEMAS DOS LEITORES
Vestir branco já é Asé, sorriso franco com flores brancas é marca pra quem tem fé,
Fé na vida, de lutas vencidas, certeza de um ano com vitórias, amores, saúde e prosperidade,
Aonde busco? Quem pode me dar? Só o mar de Olokum, Ajê e Iyemonjá,
Que leva o que não se quer, tem vida que se multiplica, Água com sacor de lágrimas,
É a mistura de sal e água que envolve a criança antes do nascer,
É o lugar que temos para melhor ver o dia amanhecer, A vida renascer...
Vamos pular 7 ondas, deixar a espuma do mar nos abraçar
e nos preparar para o ano que vai chegar!
-Nara Barcellos
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Direção: Ogã Flávio
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36 Mistérios de Órunmilá Janeiro 2017
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LUIZ EDUARDO DE AIRA
Iniciado em 28 de Janeiro de 2012, pelo
Babalorixá Gustavo de Ogun, no Ilé Asé Omi
Funfun em Pilares, casa essa dirigida pelo
Babalorixá Luiz Henrique de Oxalá.
DANDARA DE OXUM
Iniciada pelo babalorixá Luiz Henrique de oxalá
do Ile Ase Omi Funfun, em 30 de março de 2013,
hoje com 14 anos de idade.
LUANA DE OSUMARE,
BETHANIA DE IYEWA,
LUAN ELEMASHÓ DE OXOGUIÃ E
JOÃO PEDRO DE SANGO
JOÃO D’XANGO
Filho de mãe Soraya de o’dé.
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imagem para a publicação
para o e-mail
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As crianças que são destaque da revista
Mistérios de Órunmilá serão homenageadas
em Setembro de 2017 e receberão um
presente surpresa.
KAUN DE XANGO E DIOGO DE OXOSSI
Kaun de Xango , iniciado em 30 de março de 2013 , hoje com
12 anos de idade e Diogo de Oxossi iniciado em 28 de Janeiro de
2012, hoje com 13 anos de idade. Foram iniciados pelo Babalorixá
Luiz Henrique de Oxalá, sacerdote do Ile Ase Omi Funfun.
OGAN LUKA D’OSALUFON
Ogan de Ogum Ja, Filho de Babá Jairo
D’Osoguian, Neto De Lia Margarida D’Osun.
Quando me confirmei tinha 3 anos, Sou Ase
Gantois.
ÍCARO QUINTANA
iniciado para Iemanjá e Aira, Filho da
Yalorixa Patrícia de Oxossi, ilê ase omim
opara.
Desenho: André Luiz Arte e Pintura
CLARA GASPAR
Iniciada no Ilê Ase Omim
Opara, Pela Iyalorisa
Odoromim de Osun, teve
ogan Bangbala como
pai pequeno e quem deu
comida a Oxossi da Clarinha
assim como Oxun de Yá
Mi foi mãe Maria moreira
(Makota Arrungindala) sua
mãe pequena.
FELIZ 2017!
CINEMA & ARTE
A MALDIÇÃO DOS MORTOS VIVOS
Uma sinopse: o antropólogo Dennis Alan trabalha para uma grande
empresa farmacêutica nos Estados Unidos. Há uma pesquisa em
andamento e Dennis precisa ir ao Haiti para descobrir e trazer os
princípios ativos da zumbificação utilizado em rituais de vodu. A meta
da empresa é utilizar a droga como um poderoso anestésico durante
cirurgias. A ação se passa durante um conturbado momento político
no Haiti.
Os princípios ativos são de uma toxina encontrada no fígado do
peixe conhecido como baiacu, misturada a ervas alucinógenas e restos
humanos como ossos e peles.
O filme foi baseado no livro “A Serpente e o Arco Íris”, de Wade
Davis, um etnobotânico canadense que viveu na floresta amazônica
por muito tempo e passou quatro anos no Haiti.
Haiti, zumbis, vodu, magia negra... O quanto há de real e o quanto
há de clichê na associação dessas palavras e o que elas significam
simbolicamente?
Como explorar cinematograficamente uma cultura, um povo e uma
religião?
Quase sempre, o cinema industrial reforça a caricatura ao dar pouco
espaço para as ambiguidades e para abertura dos sentidos... Essas são
algumas questões que surgem após rever “A Maldição dos Mortos Vivos”,
filme de 1988 dirigido por Wes Craven.
Os zumbis fazem parte da mitologia do cinema desde os anos 1940.
Há filmes bons e ruins sobre o mito. A Maldição dos Mortos Vivos ou
A Serpente e o Arco Íris, na tradução literal do inglês, é considerado um
clássico do gênero.
Dennis Allan, personagem principal do filme, é inspirado na
experiência real de Wade Davis.
O cientista canadense disse em uma entrevista, de 2010: “Na lenda,
o zumbi é alguém quem teve sua alma roubada por um feitiço e que
fica capturado em estado de purgatório perpétuo e que acaba sendo
mandado trabalhar como escravo em plantações. Sabemos que não
há nenhum tipo de incentivo para criar uma força de escravos zumbis
no Haiti, mas dada a história colonial aliada à ideia de perder sua alma
– o que significa perder a possibilidade de ter uma morte digna para
o voduista (feiticeiro), tornar-se um zumbi é um destino pior do que
a morte”.
Segundo o cientista, o “vodu não é magia, mas uma forma complexa
e metafísica de ver o mundo. É uma religião dinâmica e viva em que os
seres humanos entram em contato com os mortos, os espíritos e com
as múltiplas expressões de Deus.
E por que o vodu haitiano ficou associado à práticas demoníacas?
A resposta é política: porque o Haiti foi a primeira colônia a se tornar
independente na América Latina e Caribe e por uma rebelião de
negros. “Após a independência, os haitianos costumavam comprar
navios de escravos que iriam para os Estados Unidos para dar-lhes
liberdade no Haiti”. O mundo ocidental, branco, eurocêntrico nunca
viu essa independência com bons olhos e tratou logo de demonizar as
expressões religiosas e culturais do povo haitiano.
Todas essas questões científicas, históricas e políticas atravessam
o filme A Maldição dos Mortos Vivos, num roteiro muito bem
articulado que nos prende a atenção da primeira à última cena.
A entrevista com o cientista está aqui:
www.goo.gl/BviRGq
Vinicius Reis,
cineasta.
42 Mistérios de Órunmilá Janeiro 2017
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