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OPINIÃO
O mundo global e a covid-19
A globalização será fortemente impactada pelos dois tsunamis da pandemia
Marcos Sawaya Jank (*)
Acharge mais dura e realista
da crise que vivemos
são as duas ondas
que nos vão atingir em
cheio. A primeira é uma onda de
menor tamanho, que recebe todas
as atenções neste momento:
a pandemia do coronavírus. A
segunda, ainda desconhecida e
muito mais avassaladora, é a recessão
mundial que vem atrás da
covid-19. Dois tsunamis sucessivos,
porém de diferentes natureza
e impacto.
O dilema é que quanto melhor
forem a contenção e o isolamento
das pessoas, maior será
a vitória contra a primeira onda
e mais desastroso será o impacto
da segunda. Como diz o
ditado, se correr o bicho pega,
se ficar o bicho come. Neste
caso, se corrermos para fora de
casa o bicho da covid pega todo
mundo, se ficarmos confinados
em casa o bicho da recessão
nos come mais à frente.
A tragédia é que, enquanto a
covid-19 ataca os mais velhos,
a recessão atingirá principalmente
os mais pobres, o mercado
informal e as pequenas empresas,
que têm pouco acesso a
crédito e capital de giro, afetando
milhões de empregos.
A crise atual origina-se na área
sanitária, que determinou o isolamento
social, e avança na
área econômica, com a paralisação
da oferta de bens e serviços.
Esta crise exige, portanto,
políticas públicas que consigam
administrar o difícil trade-off entre
riscos sanitários e riscos socioeconômicos,
com suas respectivas
medidas e seus ajustes.
No cenário otimista teremos um
impacto momentâneo, com a
doença causando poucas mortes
e uma recessão moderada e
administrável, compensada pelo
inevitável surto de crescimento
quando a vida se normalizar.
No cenário pessimista, a pandemia
demora muito para ser solucionada
e a recessão resultante
deixa pesadas sequelas em
termos de desemprego, quebra
de empresas, desorganização
de cadeias produtivas, desespero
e mesmo violência.
As fronteiras do mundo haviam
desaparecido com a facilidade
de se conectar, viajar, conversar
e trabalhar online. Pessoas se
integraram por meio de aviões,
internet, redes sociais e empresas
e produtos que se tornaram
globais. Mas esta crise está revelando
aspectos até aqui inimagináveis,
como a incapacidade
dos países de prever e lidar
com crises sanitárias. Com
tanta riqueza acumulada, a humanidade
da era digital foi abalroada
pela falta de testes, máscaras,
respiradores.
Isso sem contar a hoje visível
fragilidade das cadeias de suprimento
e a inoperância de organizações
multilaterais como
ONU e G-20 para atuarem de
forma coordenada e contundente
num momento em que
elas são mais necessárias.
O fato é que a crise do coronavírus
traz o Estado-nação e as
fronteiras nacionais de volta à
cena e vai aumentar as pressões
por controles de fronteira,
favorecimento de produtores e
produtos locais e maior protecionismo.
O mundo global pode sangrar se
o nacionalismo pós-coronavírus
levar à deterioração das relações
EUA-China, ao colapso da arquitetura
integrada da União Europeia
e à redução do comércio e
dos investimentos globais. Isolamento
e quarentenas, xenofobia,
movimentos antiglobalistas e antimigração
podem produzir uma
aversão a produtos importados,
atingindo em cheio a crescente
presença e a competitividade do
agronegócio brasileiro.
Um dos elos mais sensíveis no
ambiente altamente tumultuado
desta pandemia é o abastecimento
de alimentos e bebidas.
Pelo menos aqui, no Brasil, não
vai faltar comida, já que produzimos
muito mais do que consumimos.
Mas dois problemas
podem impactar o esforço de
produção: a distribuição de produtos
e a recessão global.
No médio e no longo prazos,
temos de entender melhor qual
será o impacto de uma recessão
global nas nossas exportações
de commodities. Conceitualmente,
o agronegócio deveria
ser um dos setores menos
afetados, pois as pessoas não
vão deixar de comer e o mundo
depende do Brasil para sua segurança
alimentar em diversas
O dilema é que quanto melhor forem
a contenção e o isolamento das
pessoas, maior será a vitória contra
a primeira onda e mais desastroso
será o impacto da segunda.
commodities. Mas uma recessão
longa e penosa pode criar
alta volatilidade e derrubar preços
e margens, se for igual à
Grande Depressão de 1929.
No curto prazo, as medidas de
contenção têm criado travas importantes
no fluxo físico das cadeias
de suprimento de produtos
agropecuários e alimentos, que
são longas e complexas, principalmente
na área de produtos perecíveis,
como frutas, verduras, carnes
e lácteos, e de atividades que
dependem de mão de obra intensiva
e aglomerada. Isso sem contar
o impacto das restrições impostas
sobre importantes canais
de distribuição, como bares, restaurantes,
hotéis e serviços de alimentação.
Tenho ouvido relatos
de arbitrariedades absurdas, falta
de serviços de apoio, atrasos e
quebra de contratos nas cadeias
do agro.
Em toda a minha vida, nunca vi
um momento tão crítico como
este, que exige estratégia sólida e
coordenação firme de autoridades
em diferentes níveis do governo e
imenso esforço coletivo e cooperativo
de empresas e pessoas. Os
países que melhor lidaram até aqui
com a mitigação da doença e da
recessão foram os que implementaram
estratégias firmes e focadas
para lidar com problemas concretos
(isolamento de doentes, por
exemplo), junto com campanhas
de ampla informação e conscientização
da sociedade
(*) Professor de Agronegócio Global
do Insper e titular da Cátedra Luiz de
Queiroz da Esalq/USP.
2
Jornal Paraná
COLHEITA
Safra fica dentro do esperado no PR
No Centro Sul, período fechou com produção recorde de etanol. Vendas
em queda contrastam com o incremento observado na maior parte do ciclo
Com a cana-de-açúcar
esmagada em março
no Paraná, após a retomada
da colheita
por dez unidades de produção,
as 25 usinas e destilarias do Estado
encerraram a safra 2019/
20 no dia 31 de março com
34.135.547 toneladas de cana
moídas. Comparando com as
35.641.489 toneladas registradas
no mesmo período do ano
safra 2018/19, houve uma redução
de 4%, mas o número
ficou dentro do esperado para
este ano, segundo o presidente
da Alcopar, Miguel Tranin.
A produção de açúcar totalizou
2.008.671 toneladas, 5,3% a
menos do que na safra passada
quando as usinas do Paraná fecharam
com 2.121.768 toneladas
industrializadas da commodity.
Com relação ao etanol, foram
produzidos 1,612 bilhão de
litros, 0,7% a mais do que os
1,600 bilhão do período anterior,
sendo 558,016 milhões de
anidro (8,2% a mais do que os
515,853 milhões) e 1,054 milhões
de litros de hidratado
(2,8% a menos do que os
1,085 bilhão da safra 2018/19).
A quantidade de Açúcares Totais
Recuperáveis (ATR) por tonelada
de cana no acumulado
da safra 2019/20 ficou 2,2%
acima do valor observado na
safra 2018/19, totalizando
142,26 kg de ATR/t de cana,
contra 139,24 kg ATR observados
na safra passada.
Já na região Centro-Sul do Brasil,
as 267 usinas em atividade
concluíram a safra 2019/20
com 590,36 milhões de toneladas
de cana processadas, crescimento
de quase 3% sobre as
573,17 milhões de toneladas
registradas na temporada 2018/
2019. Segundo Antonio de Pádua
Rodrigues, diretor técnico
da União da Indústria da Canade-Açúcar
(Unica), “essa expansão
da moagem, simultânea
a melhora da qualidade da matéria-prima,
refletiu na maior
disponibilidade do produto,
convertido majoritariamente em
etanol”.
A qualidade da matéria-prima
aumentou para 138,57 kg de
Açúcares Totais Recuperáveis
(ATR) por tonelada de cana,
contra 137,88 kg no ciclo
2018/19. Esse crescimento,
alinhado com a maior moagem,
resultou em um incremento de
3,43% na quantidade global de
produtos disponíveis, que somou
81,74 milhões de toneladas
de ATR.
Somente 34,32% dessa quantidade
destinou-se à produção
de açúcar, o menor percentual
dos últimos 22 anos. Com isso,
a fabricação da commodity alcançou
26,76 milhões de toneladas,
similar as 26,51 milhões
de toneladas na safra 2018/19.
Já a produção de etanol foi a
maior da história do setor:
33,26 bilhões de litros - 9,95
bilhões de etanol anidro e 23,31
bilhões de hidratado. O recorde
anterior, observado na última
safra, era de 30,95 bilhões de
litros. Este volume incorpora a
produção de 1,62 bilhão de litros
de etanol de milho, valor
que também é o maior já registrado.
Na safra 2018/19, essa
cifra alcançou 791,43 milhões
de litros.
As vendas de etanol pelas unidades
produtoras da região
Centro-Sul caíram em março.
No total, foram comercializados
2,30 bilhões de litros no mês -
148,62 milhões de litros destinados
à exportação e 2,15 bilhões
de litros ao mercado doméstico,
uma retração de
12,94% sobre os 2,64 bilhões
de litros computados no mesmo
mês de 2019.
No mercado interno, o volume
comercializado de etanol hidratado
caiu 17,75% para 1,37 bilhão
de litros, ante 1,67 bilhão
de litros verificados em março
do último ano. Mesmo se comparado
a fevereiro de 2020, período
com menos dias úteis
disponíveis para a comercialização,
o recuo alcançou 23,39%:
81,46 mil litros diários em fevereiro
versus 62,41 mil litros no
mês seguinte.
Esse comportamento do mercado
em março contrasta com
o incremento das vendas observado
na maior parte do ciclo
2019/20, iniciado em 1º abril de
2019 e concluído em 31 de março
de 2020. No agregado da
safra recém encerrada, o volume
comercializado pela região Centro-Sul
somou 33,26 bilhões de
litros, alta de 7,08% quando
comparado aos 31,06 bilhões
de litros contabilizados em
2018/19. À exportação destinaram-se
1,91 bilhão de litros
(crescimento de 17%) e 31,35
bilhões de litros foram comercializados
no mercado doméstico.
O destaque da safra coube ao
etanol hidratado: o volume vendido
atingiu 22,35 bilhões de litros,
superando em 7,02%
àquele observado na temporada
2018/2019 (20,88 bilhões de litros),
no mercado doméstico.
Rodrigues explica que “as medidas
para conter a disseminação
do novo coronavírus e a
disputa envolvendo Rússia e
Arábia Saudita no mercado de
petróleo promoveram uma queda
nas cotações internacionais
do óleo e uma redução drástica
no consumo doméstico de
combustíveis”. Apesar do recorde
no ciclo 2019/20, estamos
iniciando a safra 2020/21
em um contexto de total incerteza
e preocupação, alerta Rodrigues.
“As usinas se prepararam para
garantir o abastecimento pleno
de etanol na entressafra, com
níveis elevados de consumo. A
mudança abrupta de cenário e
a queda da demanda de combustíveis
pegaram todos de surpresa
criando uma situação
muito difícil, pois o produtor
precisa comercializar etanol
para fazer frente aos desembolsos
típicos de início de safra”,
explica Rodrigues.
Jornal Paraná 3
CENÁRIO
Setor busca evitar colapso
Um quarto das usinas de açúcar e álcool em operação no País corre
o risco de fechar as portas até o fim do ano, segundo especialistas
Um quarto das usinas
de açúcar e álcool em
operação no País
corre o risco de fechar
as portas até o fim do ano, segundo
especialistas. A crise
econômica pela qual passa o
setor há anos foi agravada pela
queda de 34,8% na comercialização
de etanol na primeira
quinzena de abril. A baixa demanda
do combustível foi causada
pela menor circulação de
pessoas devido à pandemia da
Covid-19, justamente no momento
em que a produção está
em alta, com o início da safra.
A guerra comercial do petróleo
entre Arábia Saudita e Rússia,
que levaram a queda dos preços
do barril do petróleo no
mercado internacional aos menores
níveis dos últimos anos
veio agravar a situação.
Segundo a União da Indústria
da Cana-de-Açúcar (Unica), o
faturamento com as vendas de
etanol nas usinas da região
Centro-Sul, que respondem por
cerca de 90% da produção de
cana-de-açúcar do país, caiu
pela metade no início da safra
2020/21, o que coloca o setor
sucroenergético em risco de
colapso das atividades.
Sem capital de giro para pagar
as contas de curto prazo, parte
das empresas tem sofrido as
consequências desse cenário.
“São dois choques. A principal
é a queda do consumo e, depois,
a de preços”, diz Plínio
Nastari, sócio da consultoria
Datagro. Historicamente, quando
as cotações do petróleo recuam
e a gasolina ganha
competitividade sobre o etanol,
a indústria sucroalcooleira se
volta para a produção de açúcar.
Porém, também há queda
no preço de açúcar no mercado
global, aumentando as perdas
do setor.
Grupos mais capitalizados têm
fôlego para armazenar sua produção
de etanol e até mudar o
mix da indústria, passando a
produzir mais açúcar, para passar
o momento mais agudo da
crise. Mas este não é o caso de
quase uma centena de unidades
produtoras, que não têm condições
de estocar etanol - e acabam
vendendo a baixos preços
- e também não apresentam
saúde financeira para aguentar
os próximos meses. “Um quarto
das empresas do setor vai passar
por muita pressão para garantir
sua sobrevivência”, avalia
Pedro Fernandes, diretor de
agronegócios do Itaú BBA.
Na região Centro-Sul (Centro-
Oeste, Sudeste e Sul), que concentra
a maior parte da produção
do País, a moagem de
cana teve início em abril. Contudo,
já há dúvidas se muitas
empresas vão ter fôlego para
continuar.
A situação fica ainda mais delicada
para usinas que só possuem
destilarias. Das 267 unidades
produtoras do Centro-
Sul, 80 só produzem etanol. Do
total de cana colhida no País em
2019/20, 35% foram para a
produção de açúcar, explicou
Antônio de Padua Rodrigues,
diretor da Unica. Neste ano, a
fatia poderá chegar a 45%.
Com receita de cerca de R$
100 bilhões, o setor sucroalcooleiro
conseguiu reduzir nos últimos
anos seu endividamento
– hoje está em torno de R$ 90
bilhões. Até fevereiro deste ano,
o setor tinha um cenário positivo
pela frente: os preços de
açúcar e etanol estavam competitivos.
As usinas mais capitalizadas
já tinham travado as
cotações do açúcar (hedge) e a
demanda pelo combustível estava
firme. O cenário, entretanto,
se reverteu completamente.
No Brasil, há 104 unidades produtoras
em recuperação judicial,
das quais 81 no Centro-
Sul, segundo a Unica. Desde
2005, 95 usinas foram fechadas
na região. Com as incertezas
provocadas pela pandemia,
boa parte das empresas que já
estão em dificuldades financeiras
pode ir para o mesmo
caminho. Atualmente há 350
usinas sucroalcooleiras em
operação no País e quase
1.300 municípios no país vivem
a partir do setor sucroenergético.
Medidas como uma linha de financiamento
para estocagem
de etanol por meio de títulos de
garantia, o aumento da Cide,
tributo cobrado sobre a gasolina
vendida, para R$ 0,40 o
litro (valor é de R$ 0,10), além
da suspensão temporária da
cobrança de PIS e Cofins
sobre o etanol hidratado, que é
de R$ 0,24 por litro, são fundamentais.
4
Jornal Paraná
EVENTO
Fenasucro & Agrocana amplia
oportunidades de negócios
Feira que acontecerá de 18 a 21 de agosto em Sertãozinho/SP promove
live com expositores para orientá-los sobre plataforma de negócios
AFenasucro & Agrocana
- Feira Internacional
da Bioenergia
chega à sua 28ª edição
em agosto deste ano, mas
os negócios já começaram. O
evento apresenta um programa
exclusivo para que expositores
iniciem contatos e negociações
desde já. Trata-se do Matchmaking,
um programa de recomendações
personalizadas que
se utiliza de uma plataforma digital
para linkar os produtos e
serviços das empresas expositoras
aos interesses de profissionais
de mercado que buscam
soluções, tecnologias e
serviços para suas indústrias.
Isso possibilita às empresas
expositoras iniciarem relacionamento
e negócios com os
compradores desde o momento
que adquirem seu espaço
até após a realização do evento.
Tudo foi apresentado aos
expositores através de lives
voltadas à apoiar e orientar os
clientes sobre como tirar o melhor
proveito do programa.
"O agronegócio e o setor sucroenergético
são essenciais
para o nosso país e por isso
nunca param. Mas hoje é fundamental
complementar qualquer
estratégia de relacionamento
com ferramentas digitais
e é nesse sentido que o nosso
programa de Matchmaking otimiza
os negócios dos nossos
clientes. O que atende não só
as expectativas dos expositores,
mas as necessidades dos
compradores que buscam soluções
para sua indústria também
através de canais online",
explica o diretor da feira, Paulo
Montabone. Sobre as expectativas
desta edição, Montabone
reafirma otimismo: "até
mesmo pelo fato do setor não
estar parado, inclusive se mantendo
em pleno funcionamento
para atender as demandas do
mercado por alimentos e energia",
completa.
O pré-credenciamento da feira
está aberto pelo site
http://www.fenasucro.com.br
gratuitamente a todos os profissionais
do mercado. A Feira
Internacional de Bioenergia é
realizada pelo CEISE BR - Centro
Nacional das Indústrias do
Setor Sucroenergético e Biocombustíveis
e promovida e organizada
pela Reed Exhibitions
Brasil.
A Fenasucro & Agrocana é o
único evento da América Latina
a reunir inovações e conteúdo
de alto nível técnico voltados às
indústrias de alimentos e bebidas,
papel e celulose, biodiesel,
usinas de etanol/açúcar, usinas
de etanol de milho, distribuidora
e comercializadora de
energia e agrícola. Em 2020 a
feira acontece de 18 a 21 de
agosto no Centro de Eventos
Zanini em Sertãozinho/SP.
Jornal Paraná 5
Exportação
DOIS
PONTOS
Açúcar
Os EUA abriram oportunidades
para exportação de açúcar bruto
da cana-de-açúcar em 2020.
Mais de 64.000 toneladas adicionais
estão prontas para entrar
no mercado norte-americano
com uma taxa de imposto reduzida
até 30 de setembro. Este
aumento terá um valor em aproximadamente
US$ 34 milhões,
representando um aumento de
34% em relação à exportação
atual de mais de 152.000 toneladas
- a maior alocação desde
Um grupo internacional liderado por pesquisadores brasileiros
concluiu o sequenciamento mais completo já feito do
genoma da cana comercial. No total, foram mapeados
373.869 genes, o que corresponde a 99,1% do total. O trabalho
é resultado de quase 20 anos de pesquisas apoiadas
pela FAPESP e abre caminho para o melhoramento genético
da cultura mais produzida no mundo em toneladas, segundo
a Organização das Nações Unidas para a Alimentação
e a Agricultura. Esse conhecimento abre diversas
possibilidades, desde aplicações em biotecnologia e melhoramento
genético até edição gênica, substituição ou eliminação
de genes com funções específicas.
Microrganismos encontrados na
cana podem ser uma das chaves
para elevar a produtividade
no campo e mitigar os efeitos
das mudanças climáticas, como
secas severas, que atingem diversas
culturas agrícolas usadas
para alimentação e produção de
bioenergia. Em um projeto conduzido
no Centro de Pesquisa
em Genômica Aplicada às Mudanças
Climáticas, constituído
Genoma
2012 e 50% maior do que o próximo
país exportador. O novo
total de mais de 230.000 toneladas
de exportação de açúcar
brasileira, com um valor estimado
de quase US$ 100 milhões,
será um grande benefício
para os 65 mil produtores do
Brasil, principalmente os 25 mil
produtores de cana no Nordeste.
A indústria açucareira brasileira
sustenta cerca de 1 milhão de
empregos diretos, dos quais
330 mil são do Nordeste.
Biotecnologia
pela FAPESP e pela Embrapa, na
Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp), pesquisadores
identificaram fungos e bactérias
que favorecem o crescimento da
cana e, posteriormente, inocularam
esses microrganismos em
culturas de milho. O experimento
resultou em plantas com maior
tolerância à escassez de água e
em um aumento da biomassa
de até três vezes.
Os Estados Unidos vão processar
9,5 milhões de toneladas de
milho a menos do que esperavam
na produção de etanol
nesta safra. Previsto anteriormente
em 138 milhões de toneladas,
o consumo cairá para
um volume próximo de 128,5
milhões. Os dados foram divulgados
pelo Usda (Departamento
de Agricultura dos EUA). Os
americanos usam 38% de todo
o milho colhido para produzir
A produção de cana da Tailândia
na temporada 2019/20 foi
a menor em uma década,
após a longa seca ter prejudicado
a produtividade. A Tailândia,
segundo maior exportador
de açúcar, atrás do Brasil,
moeu 74,89 milhões de
toneladas de cana, produzindo
apenas 8,27 milhões de toneladas
de açúcar. O volume
A produção de açúcar do Centro-Sul
do Brasil tem potencial
para atingir 35,8 milhões de toneladas
em 2020/21, volume
35% acima do verificado na
safra anterior, mas a estimativa
pode ser alterada dependendo
do impacto do coronavírus, estimou
a Archer Consulting. Já a
produção de etanol pode atingir
26,2 bilhões de litros, queda de
Fixação de preços
Etanol de milho
Seca
etanol. O recuo se deve à queda
nos preços do petróleo e à
menor utilização de combustíveis
pelos americanos, devido
ao forte efeito do coronavírus
no país. A safra atual, a 2019/
20, termina em 31 de agosto.
A redução do uso do cereal
para a produção do combustível
deverá ser ainda maior na
2020/21, principalmente se
houver uma continuidade nos
preços baixos do petróleo.
de cana foi o menor desde as
68,4 milhões de toneladas na
temporada 2009/10. A produção
de cana da Tailândia deve
cair em mais cerca de 20% na
próxima temporada, à medida
que a prolongada seca impacta
plantações neste ano e
a economia global é atingida
pela pandemia de coronavírus.
mais de 20% em relação ao volume
do ciclo passado, com a
fabricação de anidro caindo
cerca de 9%, para 9 bilhões de
litros, e a de hidratado despencando
mais de 25%, para 17,2
bilhões de litros. No Centro-Sul,
a Archer apontou uma moagem
de 596 milhões de toneladas
de cana, 2,25% maior que
o total da safra 2019/2020.
As usinas do Brasil fixaram,
até 31 de março, preços para
vendas de 17 milhões de toneladas
de açúcar com base
em contratos futuros negociados
na ICE em Nova York,
um grande avanço em relação
a igual período do ano
passado, estimou a consultoria
Archer. No mesmo período
de 2019, as usinas brasileiras
haviam feito "hedge" para
vendas de apenas 11 milhões
de toneladas de açúcar, disse
a consultoria. Grande parte
dessa fixação de preços foi
realizada no início deste ano,
quando as cotações do açúcar
figuravam acima de 15
centavos de dólar por librapeso,
diante de expectativas
de um déficit global. Recentemente,
os preços do adoçante
acompanharam outros
mercados e caíram, pressionado
pela pandemia de coronavírus.
Petróleo
A demanda global por petróleo
pode cair em 20%, à medida
que 3 bilhões de pessoas estão
sob isolamento devido à pandemia
de coronavírus, disse o
chefe da Agência Internacional
de Energia. Isso daria cerca de
20 milhões de barris por dia
(bpd). A demanda por petróleo
no mundo foi de 100 milhões
de bpd em 2019.
6
Jornal Paraná
BIODIESEL
BSBIOS completa 15 anos de história
Empresa lança o Relatório de Sustentabilidade 2019 apresentando
suas ações sociais, econômicas, ambientais e de governança e ética
Com o propósito de
produzir biodiesel,
energia limpa e renovável,
a BSBIOS
completou 15 anos dia 15 de
abril. A empresa que nasceu
em 2005, na mesma época
em que foi criado o Programa
Nacional de Produção e Uso
do Biodiesel – PNPB, passou
por diversos avanços e ampliações.
Atualmente, a companhia
emprega 445 colaboradores
e faturou em 2019 R$
3,3 bilhões.
A indústria conta com duas
unidades de biodiesel, localizadas
estrategicamente em
Passo Fundo, no Rio Grande
do Sul e em Marialva, no Paraná.
Em 2019 foram produzidos
mais de 600 milhões de
litros de biodiesel, contribuindo
com 10,28% do volume
total do Brasil. Atualmente,
com a conclusão das ampliações
das unidades industriais
em 2020, a BSBIOS tem uma
capacidade anual de produção
de 828 milhões de litros de
Biodiesel. Em 2007, quando
começou a produzir, a capacidade
instalada era de 127 milhões.
O presidente da BSBIOS,
Erasmo Carlos Battistella,
agradece ao trabalho de todos
os colaboradores, fornecedores
e parceiros que ajudaram
a construir a história da companhia.
“Ao ver a BSBIOS
completar 15 anos me passa
um filme na minha cabeça,
não é fácil descrever, mas
muitos foram os momentos
em que juntos tivemos de superar
adversidades, aumentar
os trabalhos e enfrentar os
desafios,” salienta, contando
que não imaginava que a
BSBIOS seria tão grande como
é hoje.
O empresário ainda destaca
que tudo isso só foi possível
devido ao comprometimento
de todos. “Agradeço as pessoas
que já nos ajudaram e
encerraram o seu ciclo na empresa
e a este time maravilhoso
que temos hoje, que faz
a diferença. Não tenho dúvidas
que a BSBIOS é o retrato de
todas as pessoas que aqui
estão,” afirma Battistella.
Uma das práticas desenvolvidas
pela empresa para dar
transparência as suas atividades
é a publicação do seu Relatório
de Sustentabilidade. A
edição de 2019, que foi lançada
na data do aniversário,
apresenta as práticas exercidas
nas dimensões sociais,
econômicas, ambientais e de
governança e ética. Nesse documento
também são destaques
três importantes estudos:
o inventário de gases do
efeito estufa; o relatório sobre
o valor do carbono; e o impacto
econômico da BSBIOS
nos municípios nos quais a
empresa está inserida.
A Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas (FIPE) é
responsável pela consultoria
dos dados, que segue as diretrizes
da Global Reporting Initiative
(GRI). De acordo com o
estudo de impacto econômico,
no ano de 2017 a BSBIOS foi
responsável por 22,6% do PIB
de Passo Fundo e 34,7% do
PIB de Marialva. Ainda, estimase
que tenha sido gerado de
impostos a soma de R$754
milhões superior devido à atividade
da BSBIOS na cidade
gaúcha e R$399 milhões no
município do Paraná.
O Relatório de Sustentabilidade
da BSBIOS 2019 está
disponível no site da empresa:
www.bsbios.com.
Em 2019 foram produzidos mais de 600
milhões de litros de biodiesel, contribuindo
com 10,28% do volume total do Brasil
Jornal Paraná 7
BOLSA QUALIFICAÇÃO
Cooperval investe na capacitação de sua equipe
Projeto teve três meses de duração e contou com a participação de 174 trabalhadores
Encerrada no início de
abril, a edição de
2020 do projeto Bolsa
Qualificação Profissional
da Cooperval, Cooperativa
Agroindustrial Vale do Ivaí
Ltda, com sede no município
de Jandaia do Sul, contou
com a participação de 174
trabalhadores, divididos em
oito turmas e teve duração de
três meses.
O projeto Bolsa Qualificação
Profissional é uma suspensão
temporária do contrato de trabalho,
prevista pela legislação
conforme o artigo 476-A da
CLT, e tem como objetivo qualificar
os empregados quanto
as suas habilidades educacionais,
profissionais e humanas,
no período de entressafra, visando
à manutenção dos empregos
e a geração de renda.
Durante o programa, os trabalhadores
participaram de treinamentos
de Aperfeiçoamento
em Eletricidade Predial, Mecânica
e Eletricidade Básica
de Veículos Pesados, Direção
Defensiva, Direção Econômica,
NR 12 - Segurança no Trabalho
com Máquinas e Equipamentos,
NR 17 - Ergonomia,
Benefícios Previdenciários
e Aposentadoria, Comunicação
Organizacional, Desenvolvimento
de Equipes, Educação
Financeira e Informatica
Básica. No total foram ofertadas
188 horas/aula de treinamento,
ministrados pelo Senai
em parceria com o Sescoop.
O projeto foi organizado pela
área de Gestão de Pessoas da
Cooperativa, sendo conduzido
pela supervisora de RH, Larissa
Peixoto, e pela gerente de RH,
Ana Paula Morelli Buranelo.
Em meados de abril teve início
a colheita de cana-de-açúcar na
área de ação da Cooperval. Segundo
o diretor presidente da
cooperativa, Fernando Fernandes
Nardine, a empresa deverá
moer aproximadamente 1,1 milhão
de toneladas de cana e
produzir 70 mil toneladas de
açúcar, 25 milhões de litros de
etanol hidratado e 13 milhões
de litros de etanol anidro.
Como a empresa tem diversificado
suas atividades, também
produzirá mais 23 milhões
de litros de etanol anidro
e 18 milhões de litros de etanol
hidratado através da moagem
de 105 mil toneladas de
milho. Outro subproduto obtido
desse processo é o DDG,
utilizado para ração animal: 15
mil toneladas.
“Entendemos que estamos atravessando
uma crise em nosso
setor devido à covid-19 e ao
preço do petróleo em queda. Diversas
medidas devem ser tomadas
pelo setor junto ao governo,
mas acreditamos que
temos que fazer também à lição
de casa, que é de trabalharmos
firmes e motivarmos nossa sociedade
para o consumo do etanol,
que além de ser sustentável,
gera desenvolvimento e emprego
onde as usinas estão localizadas”,
afirma Nardine.
*(Fotos foram feitas antes do
isolamento social)
Usina retomou colheita em meados de abril e
deve moer 1,1 milhão de toneladas de cana
No total foram ofertadas 188 horas/aula de treinamento
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Jornal Paraná