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Jornal Paraná Maio 2020

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OPINIÃO

O mundo global e a covid-19

A globalização será fortemente impactada pelos dois tsunamis da pandemia

Marcos Sawaya Jank (*)

Acharge mais dura e realista

da crise que vivemos

são as duas ondas

que nos vão atingir em

cheio. A primeira é uma onda de

menor tamanho, que recebe todas

as atenções neste momento:

a pandemia do coronavírus. A

segunda, ainda desconhecida e

muito mais avassaladora, é a recessão

mundial que vem atrás da

covid-19. Dois tsunamis sucessivos,

porém de diferentes natureza

e impacto.

O dilema é que quanto melhor

forem a contenção e o isolamento

das pessoas, maior será

a vitória contra a primeira onda

e mais desastroso será o impacto

da segunda. Como diz o

ditado, se correr o bicho pega,

se ficar o bicho come. Neste

caso, se corrermos para fora de

casa o bicho da covid pega todo

mundo, se ficarmos confinados

em casa o bicho da recessão

nos come mais à frente.

A tragédia é que, enquanto a

covid-19 ataca os mais velhos,

a recessão atingirá principalmente

os mais pobres, o mercado

informal e as pequenas empresas,

que têm pouco acesso a

crédito e capital de giro, afetando

milhões de empregos.

A crise atual origina-se na área

sanitária, que determinou o isolamento

social, e avança na

área econômica, com a paralisação

da oferta de bens e serviços.

Esta crise exige, portanto,

políticas públicas que consigam

administrar o difícil trade-off entre

riscos sanitários e riscos socioeconômicos,

com suas respectivas

medidas e seus ajustes.

No cenário otimista teremos um

impacto momentâneo, com a

doença causando poucas mortes

e uma recessão moderada e

administrável, compensada pelo

inevitável surto de crescimento

quando a vida se normalizar.

No cenário pessimista, a pandemia

demora muito para ser solucionada

e a recessão resultante

deixa pesadas sequelas em

termos de desemprego, quebra

de empresas, desorganização

de cadeias produtivas, desespero

e mesmo violência.

As fronteiras do mundo haviam

desaparecido com a facilidade

de se conectar, viajar, conversar

e trabalhar online. Pessoas se

integraram por meio de aviões,

internet, redes sociais e empresas

e produtos que se tornaram

globais. Mas esta crise está revelando

aspectos até aqui inimagináveis,

como a incapacidade

dos países de prever e lidar

com crises sanitárias. Com

tanta riqueza acumulada, a humanidade

da era digital foi abalroada

pela falta de testes, máscaras,

respiradores.

Isso sem contar a hoje visível

fragilidade das cadeias de suprimento

e a inoperância de organizações

multilaterais como

ONU e G-20 para atuarem de

forma coordenada e contundente

num momento em que

elas são mais necessárias.

O fato é que a crise do coronavírus

traz o Estado-nação e as

fronteiras nacionais de volta à

cena e vai aumentar as pressões

por controles de fronteira,

favorecimento de produtores e

produtos locais e maior protecionismo.

O mundo global pode sangrar se

o nacionalismo pós-coronavírus

levar à deterioração das relações

EUA-China, ao colapso da arquitetura

integrada da União Europeia

e à redução do comércio e

dos investimentos globais. Isolamento

e quarentenas, xenofobia,

movimentos antiglobalistas e antimigração

podem produzir uma

aversão a produtos importados,

atingindo em cheio a crescente

presença e a competitividade do

agronegócio brasileiro.

Um dos elos mais sensíveis no

ambiente altamente tumultuado

desta pandemia é o abastecimento

de alimentos e bebidas.

Pelo menos aqui, no Brasil, não

vai faltar comida, já que produzimos

muito mais do que consumimos.

Mas dois problemas

podem impactar o esforço de

produção: a distribuição de produtos

e a recessão global.

No médio e no longo prazos,

temos de entender melhor qual

será o impacto de uma recessão

global nas nossas exportações

de commodities. Conceitualmente,

o agronegócio deveria

ser um dos setores menos

afetados, pois as pessoas não

vão deixar de comer e o mundo

depende do Brasil para sua segurança

alimentar em diversas

O dilema é que quanto melhor forem

a contenção e o isolamento das

pessoas, maior será a vitória contra

a primeira onda e mais desastroso

será o impacto da segunda.

commodities. Mas uma recessão

longa e penosa pode criar

alta volatilidade e derrubar preços

e margens, se for igual à

Grande Depressão de 1929.

No curto prazo, as medidas de

contenção têm criado travas importantes

no fluxo físico das cadeias

de suprimento de produtos

agropecuários e alimentos, que

são longas e complexas, principalmente

na área de produtos perecíveis,

como frutas, verduras, carnes

e lácteos, e de atividades que

dependem de mão de obra intensiva

e aglomerada. Isso sem contar

o impacto das restrições impostas

sobre importantes canais

de distribuição, como bares, restaurantes,

hotéis e serviços de alimentação.

Tenho ouvido relatos

de arbitrariedades absurdas, falta

de serviços de apoio, atrasos e

quebra de contratos nas cadeias

do agro.

Em toda a minha vida, nunca vi

um momento tão crítico como

este, que exige estratégia sólida e

coordenação firme de autoridades

em diferentes níveis do governo e

imenso esforço coletivo e cooperativo

de empresas e pessoas. Os

países que melhor lidaram até aqui

com a mitigação da doença e da

recessão foram os que implementaram

estratégias firmes e focadas

para lidar com problemas concretos

(isolamento de doentes, por

exemplo), junto com campanhas

de ampla informação e conscientização

da sociedade

(*) Professor de Agronegócio Global

do Insper e titular da Cátedra Luiz de

Queiroz da Esalq/USP.

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Jornal Paraná


COLHEITA

Safra fica dentro do esperado no PR

No Centro Sul, período fechou com produção recorde de etanol. Vendas

em queda contrastam com o incremento observado na maior parte do ciclo

Com a cana-de-açúcar

esmagada em março

no Paraná, após a retomada

da colheita

por dez unidades de produção,

as 25 usinas e destilarias do Estado

encerraram a safra 2019/

20 no dia 31 de março com

34.135.547 toneladas de cana

moídas. Comparando com as

35.641.489 toneladas registradas

no mesmo período do ano

safra 2018/19, houve uma redução

de 4%, mas o número

ficou dentro do esperado para

este ano, segundo o presidente

da Alcopar, Miguel Tranin.

A produção de açúcar totalizou

2.008.671 toneladas, 5,3% a

menos do que na safra passada

quando as usinas do Paraná fecharam

com 2.121.768 toneladas

industrializadas da commodity.

Com relação ao etanol, foram

produzidos 1,612 bilhão de

litros, 0,7% a mais do que os

1,600 bilhão do período anterior,

sendo 558,016 milhões de

anidro (8,2% a mais do que os

515,853 milhões) e 1,054 milhões

de litros de hidratado

(2,8% a menos do que os

1,085 bilhão da safra 2018/19).

A quantidade de Açúcares Totais

Recuperáveis (ATR) por tonelada

de cana no acumulado

da safra 2019/20 ficou 2,2%

acima do valor observado na

safra 2018/19, totalizando

142,26 kg de ATR/t de cana,

contra 139,24 kg ATR observados

na safra passada.

Já na região Centro-Sul do Brasil,

as 267 usinas em atividade

concluíram a safra 2019/20

com 590,36 milhões de toneladas

de cana processadas, crescimento

de quase 3% sobre as

573,17 milhões de toneladas

registradas na temporada 2018/

2019. Segundo Antonio de Pádua

Rodrigues, diretor técnico

da União da Indústria da Canade-Açúcar

(Unica), “essa expansão

da moagem, simultânea

a melhora da qualidade da matéria-prima,

refletiu na maior

disponibilidade do produto,

convertido majoritariamente em

etanol”.

A qualidade da matéria-prima

aumentou para 138,57 kg de

Açúcares Totais Recuperáveis

(ATR) por tonelada de cana,

contra 137,88 kg no ciclo

2018/19. Esse crescimento,

alinhado com a maior moagem,

resultou em um incremento de

3,43% na quantidade global de

produtos disponíveis, que somou

81,74 milhões de toneladas

de ATR.

Somente 34,32% dessa quantidade

destinou-se à produção

de açúcar, o menor percentual

dos últimos 22 anos. Com isso,

a fabricação da commodity alcançou

26,76 milhões de toneladas,

similar as 26,51 milhões

de toneladas na safra 2018/19.

Já a produção de etanol foi a

maior da história do setor:

33,26 bilhões de litros - 9,95

bilhões de etanol anidro e 23,31

bilhões de hidratado. O recorde

anterior, observado na última

safra, era de 30,95 bilhões de

litros. Este volume incorpora a

produção de 1,62 bilhão de litros

de etanol de milho, valor

que também é o maior já registrado.

Na safra 2018/19, essa

cifra alcançou 791,43 milhões

de litros.

As vendas de etanol pelas unidades

produtoras da região

Centro-Sul caíram em março.

No total, foram comercializados

2,30 bilhões de litros no mês -

148,62 milhões de litros destinados

à exportação e 2,15 bilhões

de litros ao mercado doméstico,

uma retração de

12,94% sobre os 2,64 bilhões

de litros computados no mesmo

mês de 2019.

No mercado interno, o volume

comercializado de etanol hidratado

caiu 17,75% para 1,37 bilhão

de litros, ante 1,67 bilhão

de litros verificados em março

do último ano. Mesmo se comparado

a fevereiro de 2020, período

com menos dias úteis

disponíveis para a comercialização,

o recuo alcançou 23,39%:

81,46 mil litros diários em fevereiro

versus 62,41 mil litros no

mês seguinte.

Esse comportamento do mercado

em março contrasta com

o incremento das vendas observado

na maior parte do ciclo

2019/20, iniciado em 1º abril de

2019 e concluído em 31 de março

de 2020. No agregado da

safra recém encerrada, o volume

comercializado pela região Centro-Sul

somou 33,26 bilhões de

litros, alta de 7,08% quando

comparado aos 31,06 bilhões

de litros contabilizados em

2018/19. À exportação destinaram-se

1,91 bilhão de litros

(crescimento de 17%) e 31,35

bilhões de litros foram comercializados

no mercado doméstico.

O destaque da safra coube ao

etanol hidratado: o volume vendido

atingiu 22,35 bilhões de litros,

superando em 7,02%

àquele observado na temporada

2018/2019 (20,88 bilhões de litros),

no mercado doméstico.

Rodrigues explica que “as medidas

para conter a disseminação

do novo coronavírus e a

disputa envolvendo Rússia e

Arábia Saudita no mercado de

petróleo promoveram uma queda

nas cotações internacionais

do óleo e uma redução drástica

no consumo doméstico de

combustíveis”. Apesar do recorde

no ciclo 2019/20, estamos

iniciando a safra 2020/21

em um contexto de total incerteza

e preocupação, alerta Rodrigues.

“As usinas se prepararam para

garantir o abastecimento pleno

de etanol na entressafra, com

níveis elevados de consumo. A

mudança abrupta de cenário e

a queda da demanda de combustíveis

pegaram todos de surpresa

criando uma situação

muito difícil, pois o produtor

precisa comercializar etanol

para fazer frente aos desembolsos

típicos de início de safra”,

explica Rodrigues.

Jornal Paraná 3


CENÁRIO

Setor busca evitar colapso

Um quarto das usinas de açúcar e álcool em operação no País corre

o risco de fechar as portas até o fim do ano, segundo especialistas

Um quarto das usinas

de açúcar e álcool em

operação no País

corre o risco de fechar

as portas até o fim do ano, segundo

especialistas. A crise

econômica pela qual passa o

setor há anos foi agravada pela

queda de 34,8% na comercialização

de etanol na primeira

quinzena de abril. A baixa demanda

do combustível foi causada

pela menor circulação de

pessoas devido à pandemia da

Covid-19, justamente no momento

em que a produção está

em alta, com o início da safra.

A guerra comercial do petróleo

entre Arábia Saudita e Rússia,

que levaram a queda dos preços

do barril do petróleo no

mercado internacional aos menores

níveis dos últimos anos

veio agravar a situação.

Segundo a União da Indústria

da Cana-de-Açúcar (Unica), o

faturamento com as vendas de

etanol nas usinas da região

Centro-Sul, que respondem por

cerca de 90% da produção de

cana-de-açúcar do país, caiu

pela metade no início da safra

2020/21, o que coloca o setor

sucroenergético em risco de

colapso das atividades.

Sem capital de giro para pagar

as contas de curto prazo, parte

das empresas tem sofrido as

consequências desse cenário.

“São dois choques. A principal

é a queda do consumo e, depois,

a de preços”, diz Plínio

Nastari, sócio da consultoria

Datagro. Historicamente, quando

as cotações do petróleo recuam

e a gasolina ganha

competitividade sobre o etanol,

a indústria sucroalcooleira se

volta para a produção de açúcar.

Porém, também há queda

no preço de açúcar no mercado

global, aumentando as perdas

do setor.

Grupos mais capitalizados têm

fôlego para armazenar sua produção

de etanol e até mudar o

mix da indústria, passando a

produzir mais açúcar, para passar

o momento mais agudo da

crise. Mas este não é o caso de

quase uma centena de unidades

produtoras, que não têm condições

de estocar etanol - e acabam

vendendo a baixos preços

- e também não apresentam

saúde financeira para aguentar

os próximos meses. “Um quarto

das empresas do setor vai passar

por muita pressão para garantir

sua sobrevivência”, avalia

Pedro Fernandes, diretor de

agronegócios do Itaú BBA.

Na região Centro-Sul (Centro-

Oeste, Sudeste e Sul), que concentra

a maior parte da produção

do País, a moagem de

cana teve início em abril. Contudo,

já há dúvidas se muitas

empresas vão ter fôlego para

continuar.

A situação fica ainda mais delicada

para usinas que só possuem

destilarias. Das 267 unidades

produtoras do Centro-

Sul, 80 só produzem etanol. Do

total de cana colhida no País em

2019/20, 35% foram para a

produção de açúcar, explicou

Antônio de Padua Rodrigues,

diretor da Unica. Neste ano, a

fatia poderá chegar a 45%.

Com receita de cerca de R$

100 bilhões, o setor sucroalcooleiro

conseguiu reduzir nos últimos

anos seu endividamento

– hoje está em torno de R$ 90

bilhões. Até fevereiro deste ano,

o setor tinha um cenário positivo

pela frente: os preços de

açúcar e etanol estavam competitivos.

As usinas mais capitalizadas

já tinham travado as

cotações do açúcar (hedge) e a

demanda pelo combustível estava

firme. O cenário, entretanto,

se reverteu completamente.

No Brasil, há 104 unidades produtoras

em recuperação judicial,

das quais 81 no Centro-

Sul, segundo a Unica. Desde

2005, 95 usinas foram fechadas

na região. Com as incertezas

provocadas pela pandemia,

boa parte das empresas que já

estão em dificuldades financeiras

pode ir para o mesmo

caminho. Atualmente há 350

usinas sucroalcooleiras em

operação no País e quase

1.300 municípios no país vivem

a partir do setor sucroenergético.

Medidas como uma linha de financiamento

para estocagem

de etanol por meio de títulos de

garantia, o aumento da Cide,

tributo cobrado sobre a gasolina

vendida, para R$ 0,40 o

litro (valor é de R$ 0,10), além

da suspensão temporária da

cobrança de PIS e Cofins

sobre o etanol hidratado, que é

de R$ 0,24 por litro, são fundamentais.

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Jornal Paraná


EVENTO

Fenasucro & Agrocana amplia

oportunidades de negócios

Feira que acontecerá de 18 a 21 de agosto em Sertãozinho/SP promove

live com expositores para orientá-los sobre plataforma de negócios

AFenasucro & Agrocana

- Feira Internacional

da Bioenergia

chega à sua 28ª edição

em agosto deste ano, mas

os negócios já começaram. O

evento apresenta um programa

exclusivo para que expositores

iniciem contatos e negociações

desde já. Trata-se do Matchmaking,

um programa de recomendações

personalizadas que

se utiliza de uma plataforma digital

para linkar os produtos e

serviços das empresas expositoras

aos interesses de profissionais

de mercado que buscam

soluções, tecnologias e

serviços para suas indústrias.

Isso possibilita às empresas

expositoras iniciarem relacionamento

e negócios com os

compradores desde o momento

que adquirem seu espaço

até após a realização do evento.

Tudo foi apresentado aos

expositores através de lives

voltadas à apoiar e orientar os

clientes sobre como tirar o melhor

proveito do programa.

"O agronegócio e o setor sucroenergético

são essenciais

para o nosso país e por isso

nunca param. Mas hoje é fundamental

complementar qualquer

estratégia de relacionamento

com ferramentas digitais

e é nesse sentido que o nosso

programa de Matchmaking otimiza

os negócios dos nossos

clientes. O que atende não só

as expectativas dos expositores,

mas as necessidades dos

compradores que buscam soluções

para sua indústria também

através de canais online",

explica o diretor da feira, Paulo

Montabone. Sobre as expectativas

desta edição, Montabone

reafirma otimismo: "até

mesmo pelo fato do setor não

estar parado, inclusive se mantendo

em pleno funcionamento

para atender as demandas do

mercado por alimentos e energia",

completa.

O pré-credenciamento da feira

está aberto pelo site

http://www.fenasucro.com.br

gratuitamente a todos os profissionais

do mercado. A Feira

Internacional de Bioenergia é

realizada pelo CEISE BR - Centro

Nacional das Indústrias do

Setor Sucroenergético e Biocombustíveis

e promovida e organizada

pela Reed Exhibitions

Brasil.

A Fenasucro & Agrocana é o

único evento da América Latina

a reunir inovações e conteúdo

de alto nível técnico voltados às

indústrias de alimentos e bebidas,

papel e celulose, biodiesel,

usinas de etanol/açúcar, usinas

de etanol de milho, distribuidora

e comercializadora de

energia e agrícola. Em 2020 a

feira acontece de 18 a 21 de

agosto no Centro de Eventos

Zanini em Sertãozinho/SP.

Jornal Paraná 5


Exportação

DOIS

PONTOS

Açúcar

Os EUA abriram oportunidades

para exportação de açúcar bruto

da cana-de-açúcar em 2020.

Mais de 64.000 toneladas adicionais

estão prontas para entrar

no mercado norte-americano

com uma taxa de imposto reduzida

até 30 de setembro. Este

aumento terá um valor em aproximadamente

US$ 34 milhões,

representando um aumento de

34% em relação à exportação

atual de mais de 152.000 toneladas

- a maior alocação desde

Um grupo internacional liderado por pesquisadores brasileiros

concluiu o sequenciamento mais completo já feito do

genoma da cana comercial. No total, foram mapeados

373.869 genes, o que corresponde a 99,1% do total. O trabalho

é resultado de quase 20 anos de pesquisas apoiadas

pela FAPESP e abre caminho para o melhoramento genético

da cultura mais produzida no mundo em toneladas, segundo

a Organização das Nações Unidas para a Alimentação

e a Agricultura. Esse conhecimento abre diversas

possibilidades, desde aplicações em biotecnologia e melhoramento

genético até edição gênica, substituição ou eliminação

de genes com funções específicas.

Microrganismos encontrados na

cana podem ser uma das chaves

para elevar a produtividade

no campo e mitigar os efeitos

das mudanças climáticas, como

secas severas, que atingem diversas

culturas agrícolas usadas

para alimentação e produção de

bioenergia. Em um projeto conduzido

no Centro de Pesquisa

em Genômica Aplicada às Mudanças

Climáticas, constituído

Genoma

2012 e 50% maior do que o próximo

país exportador. O novo

total de mais de 230.000 toneladas

de exportação de açúcar

brasileira, com um valor estimado

de quase US$ 100 milhões,

será um grande benefício

para os 65 mil produtores do

Brasil, principalmente os 25 mil

produtores de cana no Nordeste.

A indústria açucareira brasileira

sustenta cerca de 1 milhão de

empregos diretos, dos quais

330 mil são do Nordeste.

Biotecnologia

pela FAPESP e pela Embrapa, na

Universidade Estadual de Campinas

(Unicamp), pesquisadores

identificaram fungos e bactérias

que favorecem o crescimento da

cana e, posteriormente, inocularam

esses microrganismos em

culturas de milho. O experimento

resultou em plantas com maior

tolerância à escassez de água e

em um aumento da biomassa

de até três vezes.

Os Estados Unidos vão processar

9,5 milhões de toneladas de

milho a menos do que esperavam

na produção de etanol

nesta safra. Previsto anteriormente

em 138 milhões de toneladas,

o consumo cairá para

um volume próximo de 128,5

milhões. Os dados foram divulgados

pelo Usda (Departamento

de Agricultura dos EUA). Os

americanos usam 38% de todo

o milho colhido para produzir

A produção de cana da Tailândia

na temporada 2019/20 foi

a menor em uma década,

após a longa seca ter prejudicado

a produtividade. A Tailândia,

segundo maior exportador

de açúcar, atrás do Brasil,

moeu 74,89 milhões de

toneladas de cana, produzindo

apenas 8,27 milhões de toneladas

de açúcar. O volume

A produção de açúcar do Centro-Sul

do Brasil tem potencial

para atingir 35,8 milhões de toneladas

em 2020/21, volume

35% acima do verificado na

safra anterior, mas a estimativa

pode ser alterada dependendo

do impacto do coronavírus, estimou

a Archer Consulting. Já a

produção de etanol pode atingir

26,2 bilhões de litros, queda de

Fixação de preços

Etanol de milho

Seca

etanol. O recuo se deve à queda

nos preços do petróleo e à

menor utilização de combustíveis

pelos americanos, devido

ao forte efeito do coronavírus

no país. A safra atual, a 2019/

20, termina em 31 de agosto.

A redução do uso do cereal

para a produção do combustível

deverá ser ainda maior na

2020/21, principalmente se

houver uma continuidade nos

preços baixos do petróleo.

de cana foi o menor desde as

68,4 milhões de toneladas na

temporada 2009/10. A produção

de cana da Tailândia deve

cair em mais cerca de 20% na

próxima temporada, à medida

que a prolongada seca impacta

plantações neste ano e

a economia global é atingida

pela pandemia de coronavírus.

mais de 20% em relação ao volume

do ciclo passado, com a

fabricação de anidro caindo

cerca de 9%, para 9 bilhões de

litros, e a de hidratado despencando

mais de 25%, para 17,2

bilhões de litros. No Centro-Sul,

a Archer apontou uma moagem

de 596 milhões de toneladas

de cana, 2,25% maior que

o total da safra 2019/2020.

As usinas do Brasil fixaram,

até 31 de março, preços para

vendas de 17 milhões de toneladas

de açúcar com base

em contratos futuros negociados

na ICE em Nova York,

um grande avanço em relação

a igual período do ano

passado, estimou a consultoria

Archer. No mesmo período

de 2019, as usinas brasileiras

haviam feito "hedge" para

vendas de apenas 11 milhões

de toneladas de açúcar, disse

a consultoria. Grande parte

dessa fixação de preços foi

realizada no início deste ano,

quando as cotações do açúcar

figuravam acima de 15

centavos de dólar por librapeso,

diante de expectativas

de um déficit global. Recentemente,

os preços do adoçante

acompanharam outros

mercados e caíram, pressionado

pela pandemia de coronavírus.

Petróleo

A demanda global por petróleo

pode cair em 20%, à medida

que 3 bilhões de pessoas estão

sob isolamento devido à pandemia

de coronavírus, disse o

chefe da Agência Internacional

de Energia. Isso daria cerca de

20 milhões de barris por dia

(bpd). A demanda por petróleo

no mundo foi de 100 milhões

de bpd em 2019.

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Jornal Paraná


BIODIESEL

BSBIOS completa 15 anos de história

Empresa lança o Relatório de Sustentabilidade 2019 apresentando

suas ações sociais, econômicas, ambientais e de governança e ética

Com o propósito de

produzir biodiesel,

energia limpa e renovável,

a BSBIOS

completou 15 anos dia 15 de

abril. A empresa que nasceu

em 2005, na mesma época

em que foi criado o Programa

Nacional de Produção e Uso

do Biodiesel – PNPB, passou

por diversos avanços e ampliações.

Atualmente, a companhia

emprega 445 colaboradores

e faturou em 2019 R$

3,3 bilhões.

A indústria conta com duas

unidades de biodiesel, localizadas

estrategicamente em

Passo Fundo, no Rio Grande

do Sul e em Marialva, no Paraná.

Em 2019 foram produzidos

mais de 600 milhões de

litros de biodiesel, contribuindo

com 10,28% do volume

total do Brasil. Atualmente,

com a conclusão das ampliações

das unidades industriais

em 2020, a BSBIOS tem uma

capacidade anual de produção

de 828 milhões de litros de

Biodiesel. Em 2007, quando

começou a produzir, a capacidade

instalada era de 127 milhões.

O presidente da BSBIOS,

Erasmo Carlos Battistella,

agradece ao trabalho de todos

os colaboradores, fornecedores

e parceiros que ajudaram

a construir a história da companhia.

“Ao ver a BSBIOS

completar 15 anos me passa

um filme na minha cabeça,

não é fácil descrever, mas

muitos foram os momentos

em que juntos tivemos de superar

adversidades, aumentar

os trabalhos e enfrentar os

desafios,” salienta, contando

que não imaginava que a

BSBIOS seria tão grande como

é hoje.

O empresário ainda destaca

que tudo isso só foi possível

devido ao comprometimento

de todos. “Agradeço as pessoas

que já nos ajudaram e

encerraram o seu ciclo na empresa

e a este time maravilhoso

que temos hoje, que faz

a diferença. Não tenho dúvidas

que a BSBIOS é o retrato de

todas as pessoas que aqui

estão,” afirma Battistella.

Uma das práticas desenvolvidas

pela empresa para dar

transparência as suas atividades

é a publicação do seu Relatório

de Sustentabilidade. A

edição de 2019, que foi lançada

na data do aniversário,

apresenta as práticas exercidas

nas dimensões sociais,

econômicas, ambientais e de

governança e ética. Nesse documento

também são destaques

três importantes estudos:

o inventário de gases do

efeito estufa; o relatório sobre

o valor do carbono; e o impacto

econômico da BSBIOS

nos municípios nos quais a

empresa está inserida.

A Fundação Instituto de Pesquisas

Econômicas (FIPE) é

responsável pela consultoria

dos dados, que segue as diretrizes

da Global Reporting Initiative

(GRI). De acordo com o

estudo de impacto econômico,

no ano de 2017 a BSBIOS foi

responsável por 22,6% do PIB

de Passo Fundo e 34,7% do

PIB de Marialva. Ainda, estimase

que tenha sido gerado de

impostos a soma de R$754

milhões superior devido à atividade

da BSBIOS na cidade

gaúcha e R$399 milhões no

município do Paraná.

O Relatório de Sustentabilidade

da BSBIOS 2019 está

disponível no site da empresa:

www.bsbios.com.

Em 2019 foram produzidos mais de 600

milhões de litros de biodiesel, contribuindo

com 10,28% do volume total do Brasil

Jornal Paraná 7


BOLSA QUALIFICAÇÃO

Cooperval investe na capacitação de sua equipe

Projeto teve três meses de duração e contou com a participação de 174 trabalhadores

Encerrada no início de

abril, a edição de

2020 do projeto Bolsa

Qualificação Profissional

da Cooperval, Cooperativa

Agroindustrial Vale do Ivaí

Ltda, com sede no município

de Jandaia do Sul, contou

com a participação de 174

trabalhadores, divididos em

oito turmas e teve duração de

três meses.

O projeto Bolsa Qualificação

Profissional é uma suspensão

temporária do contrato de trabalho,

prevista pela legislação

conforme o artigo 476-A da

CLT, e tem como objetivo qualificar

os empregados quanto

as suas habilidades educacionais,

profissionais e humanas,

no período de entressafra, visando

à manutenção dos empregos

e a geração de renda.

Durante o programa, os trabalhadores

participaram de treinamentos

de Aperfeiçoamento

em Eletricidade Predial, Mecânica

e Eletricidade Básica

de Veículos Pesados, Direção

Defensiva, Direção Econômica,

NR 12 - Segurança no Trabalho

com Máquinas e Equipamentos,

NR 17 - Ergonomia,

Benefícios Previdenciários

e Aposentadoria, Comunicação

Organizacional, Desenvolvimento

de Equipes, Educação

Financeira e Informatica

Básica. No total foram ofertadas

188 horas/aula de treinamento,

ministrados pelo Senai

em parceria com o Sescoop.

O projeto foi organizado pela

área de Gestão de Pessoas da

Cooperativa, sendo conduzido

pela supervisora de RH, Larissa

Peixoto, e pela gerente de RH,

Ana Paula Morelli Buranelo.

Em meados de abril teve início

a colheita de cana-de-açúcar na

área de ação da Cooperval. Segundo

o diretor presidente da

cooperativa, Fernando Fernandes

Nardine, a empresa deverá

moer aproximadamente 1,1 milhão

de toneladas de cana e

produzir 70 mil toneladas de

açúcar, 25 milhões de litros de

etanol hidratado e 13 milhões

de litros de etanol anidro.

Como a empresa tem diversificado

suas atividades, também

produzirá mais 23 milhões

de litros de etanol anidro

e 18 milhões de litros de etanol

hidratado através da moagem

de 105 mil toneladas de

milho. Outro subproduto obtido

desse processo é o DDG,

utilizado para ração animal: 15

mil toneladas.

“Entendemos que estamos atravessando

uma crise em nosso

setor devido à covid-19 e ao

preço do petróleo em queda. Diversas

medidas devem ser tomadas

pelo setor junto ao governo,

mas acreditamos que

temos que fazer também à lição

de casa, que é de trabalharmos

firmes e motivarmos nossa sociedade

para o consumo do etanol,

que além de ser sustentável,

gera desenvolvimento e emprego

onde as usinas estão localizadas”,

afirma Nardine.

*(Fotos foram feitas antes do

isolamento social)

Usina retomou colheita em meados de abril e

deve moer 1,1 milhão de toneladas de cana

No total foram ofertadas 188 horas/aula de treinamento

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Jornal Paraná

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