15.05.2020 Views

A comunidade daqui para frente (Diálogo)_Grossi (2020)_

Diálogo utilizando o conceito de Rajneeshpuram e o documentário da Netflix “Wild wild country” Uma adaptação

Diálogo utilizando o conceito de Rajneeshpuram e o documentário da Netflix “Wild wild country” Uma adaptação

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

1


A COMUNIDADE DAQUI PARA FRENTE

DIÁLOGO UTILIZANDO O CONCEITO DE RAJNEESHPURAM

E O DOCUMENTÁRIO DA NETFLIX “WILD WILD COUNTRY”

UMA ADAPTAÇÃO DE GROSSI

PROFESSOR

Ele disse mais ou menos assim: “Criaremos um centro de meditação aqui.

Ainda está pequeno mas é só o começo... Faremos uma meditação.”

PROFESSOR (cont.)

“Meditação? O que é isso” (risos) É brincadeira, quero ver se estão

atentos.

PROFESSOR (cont.)

Vamos lá, eu vou contar para vocês como é na comunidade... e espero só

que façam melhor na sua, nas outras! Caso contrário eu nem estaria aqui

(risos)

ALUNO

Legal, professor. Aqui também todo mundo se dá bem, todo mundo se

ajuda. Eu ouvi falar que esteve em uma das primeiras. Fala mais!

ALUNA

Tem quanto tempo isso? Fala para a gente, estamos curiosos!

PROFESSOR

Calma, eu sei. Mas vocês terão sua chance.

2


ALUNA

É que acabamos de sair de uma terra onde não somos bem-vindos, você

sabe, nunca mais voltaremos para aquele tipo de vida (...)

PROFESSOR

Sim, e agora querem se juntar para viver em paz, eu conheço isso. Foi o

mesmo com seus pais.

PROFESSOR (cont.)

Bem... Na comunidade, eu vivenciei pela primeira vez ser amado, ser

totalmente aceito. Totalmente.

Vocês podem ter certeza, vale a pena! É ótimo viver sempre de bom

humor... e rindo muito! Não é como lá fora onde fica tudo sem graça. É

possível reconhecer que incrível presente estar vivo neste planeta... e sentir

o porquê de tudo isso que passamos.

ALUNO

É o que mais precisamos, validar nossa atual existência.

Claro, é mais que justo (...)

PROFESSOR

ALUNA

Ah, é uma cidade grande ali? Queremos saber mais coisas, a nossa é

pequena ainda.

PROFESSOR

Isso. Nós havíamos construído essa cidade incrível que... era uma alegria

só (risos) Somos pessoas verdadeiras, e por isso o ideal é viver vidas

verdadeiras, poxa.

Mas o que ainda enfatizo é que o que concretizados... foi literalmente no

meio do inverno que o mundo exterior ainda... está afundado! Mas eles

um dia chegam lá! (risos)

3


ALUNA

Ah, uma referência! (risos)

PROFESSOR

Foi um momento completamente surreal... começar tudo aquilo.

ALUNO

Nós também queremos viver assim pelo resto das nossas vidas.

PROFESSOR

Vocês vão chegar lá, todos merecemos. É o estado natural!

PROFESSOR (cont.)

Quando o portão se abriu e eu também entrei, era como um outro

mundo. Havia muita paz. Era muito verde, um verde vigoroso.

Havia pequenos grupos de pessoas sentadas ou em pé, conversando em

voz baixa, e ninguém precisava se afirmar sobre ninguém... isso já é um

ponto!

Era um verdadeiro oásis, uma sensação de... “Finalmente, consegui.”

PROFESSOR (cont.)

Nossos dias finalmente pareciam ensolarados, lindos.

Caramba, vocês podem imaginar muitas árvores, árvores frutíferas para

aquele campo, e todo um mar de gente caminhando e... falando. Pessoas

tomando uma xícara de chá, pessoas se abraçando; as coisas eram simples.

Falar uns com os outros é bom. Tudo isso em um movimento gracioso,

sabe?

PROFESSOR (cont.)

Nosso movimento fez acontecer... Eu sentia, eu queria estar ali. Sentia que

tinha chegado. Era como se, após passar a vida em um lugar que não

pertencia, inclusive na minha família, eu tivesse voltado ao lar. É aquilo,

casa, amigos, nós encontramos, nós escolhemos.

4


PROFESSOR (cont.)

Não deixem que digam que não são especiais, de forma alguma! Vocês

são parte. Vocês são filhos da Criação.

Só digo uma coisa (risos) eu estava adormecido, todos estávamos, mas

enfim despertamos.

Se vocês acham que estão adormecidos e também podem despertar, olha,

já chegaram lá. Já vivem em grupo, nunca mais se sentirão isolados.

PROFESSOR (cont.)

Continuaremos tentando ajudar as pessoas a despertar. O homem

desperto será o novo homem. Ele não será cristão. Não será hindu. Ele

não seguirá Maomé. Não será indiano.

Também não quer ser apenas alemão, nem inglês. Ele vai ser apenas

desperto. Tudo isso Osho deixou para a gente.

PROFESSOR (cont.)

Um novo homem que vive em harmonia com os outros... vive em

harmonia com a natureza; um lugar para que todas as nacionalidades,

todas as cores, todas as religiões... fiquem lado a lado. Este novo homem

sente apenas respeito pelos outros.

PROFESSOR (cont.)

O mundo lá fora continua desigual, continua sem se conhecer? Continua

pobre, ignorante, se atrelando a uma da ciência, uma tecnologia...? E

escolheu o materialismo? É possível resolver.

PROFESSOR (cont.)

Mas o homem está muito vazio e sem sentido, parece que um peso puxa

para baixo. Vocês já aprenderem: sem espiritualidade, não há centro.

O homem está se desintegrando. O homem é uma metade... que deve se

esforçar para criar o novo homem, o integral.

5


PROFESSOR (cont.)

Vocês, meus alunos, eu quero ouvir!... quem lembra do exemplo dos

antigos gurus? O guru típico rejeita tudo. Tudo que é material, toda a

sexualidade.

Antigamente, essa linha funcionava, dava para vender a ideia. Muito bem.

Mas agora estamos na era moderna, atacamos tudo isso. É possível ser

espiritual sem rejeitar nada. Eu pelo menos durmo tranquilo!

PROFESSOR (cont.)

Mas enfim, relembrando. Existem duas formas: reprimir o sexo, como

tem sido feito por todas as tradições religiosas do mundo, ou... transformálo.

Eu apoio a transformação.

Por isso, também ensino meus alunos a serem criativos. A criar música,

criar poesia, criar pinturas, criar cerâmicas... Criar alguma coisa! Osho nos

ajudou com a direção, cabe a cada um se alinhar.

Seja lá o que for, usem de muita criatividade. Deem vida a algo novo... e

sua vida sexual será plena em um plano superior.

PROFESSOR (cont.)

E outra coisa...! “Você pode rir, ele comentou. Não tem de chorar o

tempo todo!” É bom ouvir isso, motiva.

PROFESSOR (cont.)

Legal, agora só voltando para a parte sobre a nova comunidade (risos)

olha, todos sentiam que estavam no início de uma grande experiência. E

vimos que tinha o potencial de transformar a consciência do planeta.

Nós realmente sentíamos... que éramos o povo escolhido.

Nós somos os espiritualistas materialistas que vivem no mundo, que não

precisam desgostar nem se isolar dele. Nada parecido jamais aconteceu no

planeta, havia muita separação.

Esta é uma nova experiência, um recomeço depois dos erros do passado.

E tem muito futuro!

6


ALUNA

É bom saber, professor. Nas outras gerações tínhamos de pensar apenas

em ir para uma universidade, arrumar emprego, ter uma família. O ser

humano tinha ficado chato!

ALUNO

E as pessoas e... essa coisa de governos questionando o valor de nossos

corpos, nossos atos. Isso lá é viver!? Coisa besta.

PROFESSOR

Muita tolice, tem razão... Eu mesmo, quando me levantava de manhã,

pensava: “O que estou fazendo? O quê? Comendo demais, bebendo

demais. Trabalhando demais. Para quê?”

Então, decidi que bastava. Pedi demissão. As pessoas pensaram que eu

estava ficando louco por largar uma... mina de ouro por uma, como é que

diziam, ‘aquela’ utopia. Eles que são a utopia, a fantasia em si! A utopia é

porque não têm coragem.

PROFESSOR (cont.)

Acho que foi contra isso que tantos jovens da nossa época se rebelaram,

procurando respostas dentro deles mesmos.

Para muitos, o movimento do potencial humano era a maior invenção

social, isso lá no último século. Não queremos que esse movimento se

transforme em negócio... uma religião alternativa, contracultura, ou apenas

um fenômeno local. Precisamos atrair centenas de milhares de pessoas

comuns para pensar sobre a vida, entender a vida, prosperar como a

espécie que somos!

PROFESSOR (cont.)

É o viés dos potencializadores, a autossatisfação, iluminação espiritual,

criatividade, evolução, isto tudo pode se tornar o futuro. Osho faz parte do

despertar da Nova Era que está acontecendo.

7


PROFESSOR (cont.)

As comunidades no passado morreram por causa da ideia estúpida de que

não deveriam gerar riqueza. Osho ensinava que não devíamos nos isolar,

sentar no Himalaia e meditar e tal. Devíamos fazer parte do mercado.

Afinal de contas, quem não precisa comer, beber, enfim.

Agora, muitos estão trabalhando pelo ideal das comunidades. Eles

precisam de roupas, remédios, precisam de tudo. Porque são pessoas

normais desse mundo, são de carne e osso, e mesmo assim pensam no

lado espiritual.

ALUNO

As comunidades vão sobreviver, professor, e a única forma de sobreviver é

prosperando. Não só de conceitos. Quanto mais fizermos, maiores nos

tornamos.

PROFESSOR

E continuar. Recebemos muitas pessoas, tantos seguidores por todo canto.

Logo a massa toma forma (...)

ALUNA

Não tem que ter fim! Fico cada vez mais feliz porque mudamos a

realidade ultrapassada.

PROFESSOR

E eu fico feliz em dobro por ajudar vocês nessa cadeia! Osho não queria

pessoas que vinham só estimular a mente, ele queria pessoas que podiam

apoiar a comunidade, por isso escolhi ensinar. Bem, era o que eu podia

acrescentar!

PROFESSOR (cont.)

Seguindo... Nos primeiros tempos, reunimos intelectuais altamente

treinados, médicos, advogados, urbanistas. Nosso plano era criar um

grupo que pudesse ser usado como exemplo do que era possível no dia a

dia.

8


PROFESSOR (cont.)

Eu estava fascinado pelo pensamento de liberdade, para ver a igualdade

entre homens e mulheres funcionar na prática.

PROFESSOR (cont.)

Éramos alguns malucos que por acaso se organizaram e construíram uma

comunidade porque quiseram assim? (risos) Talvez. Vocês sabem,

queríamos ser livres. Era a percepção.

E as pessoas anti isso, anti aquilo, que diziam que nós não poderíamos sair

dos condicionamentos dos outros... na verdade tinham pavor dessa

liberdade individual. Pavor. Porque estava perto demais e isso tira do

sério.

PROFESSOR (cont.)

Reflitam comigo... por que é necessário levar alguém à guilhotina? Hein?

Por causa da força dessa pessoa. Querem destruir essa força, e a memória

(...)

Apesar da guilhotina existir, eles ainda não me mataram. Ainda não

mataram meu espírito. Aonde quer que eu vá, sempre usarei uma coroa, a

minha dignidade... e não terei medo de ser levado à guilhotina, se precisar.

Mas não foi o caso (risos) Eu estou aqui, todos nós sobrevivemos!

ALUNO

Isso, esperteza! Mesmo assim, professor... às vezes precisamos fazer algo...

mesmo que nunca na vida tenha sido planejado, tem coisas que não

esperamos e temos que lidar... daí você precisa fazer (...)

PROFESSOR

Mas é melhor esquecer isso, deixa eles para lá (risos) Ah são reacionários!

Se não, entramos naquilo de novo, de que “para que o mal triunfe, basta

que os bons não façam nada.” Revidar não ajuda. A vela dessa gente logo

se apaga.

ALUNA

Ok, mas eles queriam demolir todo o trabalho que fizeram!

9


ALUNO

E eles foram além do preconceito e procuraram uma destruição sem

propósito!

PROFESSOR

Eu entendo a preocupação de vocês, seria o assassinato de uma

comunidade vibrante, e tudo isso em nome do tal “uso da terra”.

Que abuso! Não é certo.

ALUNA

ALUNO

A combinação de preconceito religioso e uma mentalidade xenofóbica...

difícil deixar para lá.

PROFESSOR

No fim, todos têm o que merecem. Melhor não esquentar a cabeça, meu

filho. Sua energia custa muito!

Felizmente, ou infelizmente! existe o direito de cada um pela

autopreservação (...) e ainda que a contragosto, sempre vão existir os

contrários.

Aqui! Voltando para a gente (...)

PROFESSOR (cont.)

Decidimos pelo autogoverno. Bastam bons cidadãos para a criação de

uma cidade própria... é uma lei, um direito fundamental. A comunidade

poderia conceder licenças de construção e cuidar do seu policiamento.

Poderia ser independente.

Uma linda cidade que nunca existiu no universo, onde todos vivem em

harmonia. Todos vivem com... amor. Melhor, não é!?

10


PROFESSOR (cont.)

Um exemplo para o universo. Acho que nunca existiu uma cidade que foi

estruturada e construída assim, baseada no amor, na compaixão e no

compartilhamento; em vez de propriedade, ganância e ódio.

E nós... as pessoas de lá, sabíamos que estávamos realizando isso. Fui para

lá porque pensei que seria estimulante construir tudo do nada.

Estávamos no início do lugar mais importante que já existiu após todos

esses países já... nomeados. Construímos um santuário!

PROFESSOR (cont.)

Provavelmente, foi a primeira tentativa da humanidade de utilizar

tecnologia avançada para vivermos juntos, em harmonia até com a

natureza!

Tínhamos muito trabalho pela frente. Não queríamos gente preguiçosa.

Era hora de trabalhar!

ALUNA

PROFESSOR

Isso aí (risos) Tivemos a ajuda de experientes arquitetos, cientistas,

urbanistas, foram esses amigos que renunciaram ao conforto moderno em

favor da autossuficiência.

Pegávamos as pessoas mais criativas do grupo para que cooperassem e

tivessem ideias inovadoras.

Estávamos em uma grande experiência para criar algo do nada. Foi então

um esforço enorme, especialmente nos primeiros meses. As pessoas eram

muito entusiasmadas, estavam preparadas para tudo. Trabalhávamos dia e

noite, em três turnos, quatro turnos, o que fosse preciso.

Construíamos sem parar, até o corpo cansar. Todos trabalhavam como

burros e ficavam felizes (risos) Todos ficavam rindo e brincando.

Se trabalhassem 16 horas ao dia, ninguém reclamava porque era a casa de

todos, o destino seria igual!

Por que ainda não havia nada... Estávamos fazendo algo incrível (...)

11


PROFESSOR (cont.)

Se imaginar a construção de uma cidade, poxa, nós arranjamos todo o

necessário. Construímos a infraestrutura. Construímos uma rede de

energia elétrica suficiente para todas essas pessoas.

Instalamos encanamentos, canos que cobriam toda a área. Fizemos um

grande esforço para abrir vias.

Foi um planejamento urbano em um nível nunca visto para algo desse

tamanho e alcance.

PROFESSOR (cont.)

E depois poderíamos construir um centro comercial, ter uma pizzaria ou

uma butique! (risos)

Poderíamos construir nosso aeroporto, um dique, um monumento e ainda

se divertir.

PROFESSOR (cont.)

Nossa, você se sente bem em ser útil e ver que está fazendo algo que é

muito construtivo. Sentimos muito orgulho de termos feito isso. Se não for

lá você não entende (...)

Acho que é a Xangri-Lá que todos sonhávamos. Todos que queriam

participar mas nunca chegavam lá.

PROFESSOR (cont.)

Era um tipo avançado de consciência ambiental, uso controlado de água,

agricultura inteligente. Queríamos pegar uma terra danificada,

negligenciada, e recuperá-la... vimos que o solo pode ser recuperado. Fica

o exemplo.

Então, desde o início conseguimos desenvolver recursos como energia

solar, irrigação, recuperar a terra, alimentar as pessoas de forma holística.

PROFESSOR (cont.)

Fomos criar uma fazenda onde não havia terra produtiva. Nós mesmos

produzimos a maior parte dos alimentos, leite e queijo, dentro de nossa

comunidade.

Nós reconstruímos uma série de diques. Nós estávamos tornando o

deserto mais verde. E enquanto a terra se recuperava, a vida selvagem

voltou... como que recriada. Trouxemos a natureza de volta, não é legal!?

12


PROFESSOR (cont.)

Esta terra reviveu com nosso suor e trabalho árduo.

Eu me sentia muito orgulhoso, não só por mim, mas por todos.

ALUNO

Somos gratos por este belo lar que temos.

ALUNA

Verdade, continuaremos cuidando e cultivando para que fique cada vez

mais lindo em sua graça.

ALUNO

(...) gira em torno da respiração e consciência.

PROFESSOR

Exatamente (...) A intenção era simplesmente aumentar a consciência da

humanidade. Esse era o objetivo e a dedicação.

Temos esses textos aqui do Osho, prestem atenção. Pode ler para a gente?

ALUNO

Pronto! “Nós temos que desprogramar nosso meio da política desonesta,

das religiões fanáticas, de todos os tipos de hipocrisia.

Não é uma coincidência... que, de repente, viemos parar aqui. Nós temos

que fazer algo ótimo... pelo bem da humanidade.”

ALUNO (cont.)

“Eu sou contra todas as religiões. Eu não sou seu líder. Vocês não são

meus seguidores. Eu estou então destruindo tudo... para que a história

nunca se repita.”

13


ALUNA

Entendi, significa que não há separação entre nós e o resto do mundo.

Ele queria que as pessoas fossem livres. Ele queria que as pessoas fossem

livres dessa restrição e abrissem a sua energia, abrissem seu entendimento

interior, abrissem seu aprendizado interior.

PROFESSOR

É como em um casamento! Deixa eu explicar... Somos a única

comunidade sem doenças venéreas, crimes, drogas, alcoolismo. E vou

dizer mais uma coisa, somos as únicas pessoas que desfrutam inteiramente

do sexo.

PROFESSOR (cont.)

O que quer saber sobre o casamento aberto? O casamento de todos aqui

é da forma que as pessoas envolvidas desejam. Não há tabus, não há

regras, não há sugestões de como alguém deve se relacionar com o outro.

PROFESSOR (cont.)

Assim que a nossa realidade passou a existir, com pessoas se abraçando na

rua, pessoas se beijando, pessoas rindo e dançando sem música...

chamamos a atenção! Foi aí que a nova comunidade se tornou global. Há

milhares e milhares e milhares de adeptos... que entenderam.

PROFESSOR (cont.)

Mas para a maioria dessas pessoas, esta é uma visita a um estado de

espírito.

“O que o traz aqui?” eles perguntam. “Aventura, amor.” Querem dançar,

comemorar. Querem cantar.

Sim, o meu coração quer cantar!

ALUNA

PROFESSOR

Onde quer que vão, as pessoas estão comemorando. É uma explosão de

atividade.

14


ALUNA

Para mim, toda a energia é comemorativa. Uma comemoração para os

olhos, para os ouvidos, para o sorriso... uma comemoração de cores.

ALUNO

Então é por isso que ainda existem os contrários a tudo isso, porque veem

nossa paz; e como essa paz perturba sua ignorância... eles nos acusam!

PROFESSOR

Eles desconhecem, e com isso são relutantes e não mudam. Quem sabe

uma hora isso termine (risos)

ALUNO

Tudo bem, mas a perseguição tem que parar! Perseguição de todas as

pessoas, de todas as raças, religiões... deve parar. É nosso direito evoluir

sem perturbações..!

ALUNA

Devemos ensinar, e retribuir com boas ações.

PROFESSOR

Colocar o ponto final! Espalhem a notícia. “Venham se unir a nós. Mais

uma bela cidade está crescendo, um exemplo para as outras. Está

acontecendo agora mesmo, é uma cidade que não tem em nenhum outro

lugar do mundo antigo.

Não interessa se você é homem ou mulher, nem a cor da sua pele, se for

veterano de guerra, todos somos convidados!”

ALUNO

Os rejeitados da sociedade agora são nossos hóspedes.

PROFESSOR

Na Índia, quando um convidado chega, ele pode ser uma forma de Deus.

15


ALUNA

O que fazemos com eles é limpá-los, limpamos suas feridas, oferecemos

serviço odontológico gratuito (...)

ALUNO

(...) para que da boca não saiam mais... impropriedades! (risos)

ALUNA

(risos) e examinamos seus olhos. Nós lhes devolvemos o respeito próprio.

PROFESSOR

Até agora, a sociedade abusou dessas pessoas... a vida toda; nossa intenção

é criar uma situação que o mundo nunca havia vivenciado antes.

Precisamos cada vez mais proporcionar um senso de união.

PROFESSOR (cont.)

“A comunidade se importa comigo.” Eles dizem. “Eu nunca tive isso na

vida.”

ALUNA

E acho que não é só algo que as pessoas precisam, mas o mundo em geral.

ALUNO

É um pressentimento, um que todos têm, eu também acho.

O que tem de tão lindo aqui?

PROFESSOR

ALUNO

Bom, não tem crime. Não temos que nos preocupar em andar na rua e

sermos esfaqueados ou baleados, sabe? (risos) É difícil de explicar.

16


PROFESSOR

Tiramos muitos da vida mundana, das... vielas. E vi dramáticas mudanças

nessas pessoas depois de passarem a viver assim, em um curto período de

tempo.

Fiquei impressionado. Elas mudaram, se abriram. Elas começaram a se

descobrir espiritualmente.

ALUNA

As pessoas que eram chamadas de... pessoas de rua, pessoas que foram

acusadas de degradadas ou criminosos ou bêbados, elas não são apenas

isso... são seres humanos respeitados.

Se você respeitá-los, eles irão respeitá-los dez vezes mais.

PROFESSOR

“Traga-nos sua gente cansada e pobre, suas massas que desejam ser livres.”

É por aí!

ALUNA

Vamos tratá-los com respeito, daremos lindas casas, lindas roupas... e

também uma nova vida (...)

ALUNO

(...) sempre para as pessoas que estão dispostas e conseguem se adaptar.

PROFESSOR

É isso, bem, eu que não vou ficar longe da minha gente! É hora de voltar,

a caminhada foi longa para caramba! (risos)

17


“Grossi é escritor, roteirista e músico espiritualista. Publicou entre outros

títulos a novela “Beijo técnico”, além dos argumentos de “Amor, Ódio,

Redenção e Morte” e “Casa de praia” para o Cinema. Pela Poesia, lançou

“Cura”, “Servidão”, “A Conferência”. “Cabezada”, “Esencias”, “Maneja” e

“El Viajero Loco Ø § La May Madre” são suas obras em espanhol.

Participou também como guitarrista e vocalista das bandas Alice, íO,

Instrumental Vox, Ummantra e SAEM”

18

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!