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L+D 77

Edição 2º trimestre

Edição 2º trimestre

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R$25,00<br />

DIGITAL HUB (TÓQUIO)<br />

CATEDRAL DE NORWICH (NORFOLK) | TEATRO VIVO (SÃO PAULO) | FRESH & GOOD (RIO DE JANEIRO)<br />

GALERIA MELISSA (SÃO PAULO) | FOTO LUZ FOTO: ROMULO FIALDINI


Foto: Cristiano Bauce<br />

LED Lighting Solutions


Inscrições abertas!<br />

Confira os palestrantes já confirmados:<br />

5 e 6 de novembro de 2020<br />

Tivoli Mofarrej Conference Hotel<br />

São Paulo | Brasil<br />

Semana da Luz 2020<br />

Daan Roosegaarde<br />

Holanda<br />

Liz West<br />

Reino Unido<br />

Prof. Jan Blieske<br />

Alemanha<br />

Rafael Leão<br />

Brasil | EUA<br />

Ricardo Hofstadter<br />

Uruguai<br />

Wim aan de Stegge<br />

Holanda | India<br />

4<br />

Mary-Anne Kyriakou<br />

Austrália / Alemanha<br />

experience room: avenida dos tajurás, 152 cidade jardim são paulo | 11.3062 7525 | goelight.com.br


SUMÁRIO<br />

2º Trimestre 2020<br />

edição <strong>77</strong><br />

38 44<br />

50<br />

54<br />

62<br />

66<br />

10<br />

38<br />

44<br />

¿QUÉ PASA?<br />

CATEDRAL DE NORWICH<br />

TEATRO VIVO<br />

50<br />

54<br />

62<br />

66<br />

DIGITAL HUB<br />

Yin-Yang<br />

FRESH & GOOD<br />

Em busca da luz tangível<br />

GALERIA MELISSA<br />

Moda, arte e design<br />

FOTO LUZ FOTO<br />

Romulo Fialdini<br />

6


CAPA<br />

Fabiana Rodriguez<br />

Márcio Silva<br />

Maria Fraga<br />

Orlando Marques<br />

Débora Torii<br />

Thiago Gaya<br />

Lucimara Ricardi<br />

Diogo de Oliveira<br />

Carlos Fortes<br />

PUBLISHER<br />

Thiago Gaya<br />

Iluminação: nendo<br />

Foto: Takumi Ota<br />

EDITOR-CHEFE<br />

Orlando Marques<br />

EDITORA<br />

Débora Torii<br />

VIVÊNCIA VIRTUAL<br />

DIAGRAMAÇÃO<br />

Maria Fraga<br />

PROJETO GRÁFICO<br />

Thais Moro<br />

Pela primeira vez, uma edição inteira da <strong>L+D</strong> foi desenvolvida de modo<br />

virtual, com nossos colaboradores trabalhando de casa. No entanto, essa<br />

interação está longe de ser “sem efeito real”, como definiria o dicionário.<br />

A verdade é que, durante o processo de trabalho, sentimos de nossos<br />

colaboradores uma qualidade de troca e um comprometimento tão grande<br />

ou maior que antes, o que nos ajudou a seguir com confiança e otimismo no<br />

lançamento desta edição.<br />

Apresentamos cinco projetos com tipologias bastante diversificadas: a<br />

Catedral de Norwich, em Norfolk, Inglaterra, iluminada por Speirs + Major;<br />

o Teatro Vivo, em São Paulo, com projeto de iluminação do Estúdio Carlos<br />

Fortes; a Galeria Melissa, também em São Paulo, cuja iluminação é assinada<br />

pela Lit Arquitetura de Iluminação; o projeto de lighting design para o<br />

restaurante Fresh & Good, no Rio de Janeiro, realizado pela LD Studio em<br />

parceria com o Kelving Lab; e o projeto do estúdio de design japonês nendo<br />

para o novo núcleo de desenvolvimento digital de um escritório internacional<br />

em Tóquio, Japão, capa desta edição.<br />

Se, por um lado, os registros fotográficos desses projetos ilustram<br />

perfeitamente suas distintas naturezas e atmosferas – uns austeros e<br />

monocromáticos, outros coloridos e descontraídos –, por outro, uma<br />

característica em comum os une: espaços arquitetônicos vazios que<br />

coincidentemente traduzem o momento peculiar que o mundo está<br />

atravessando.<br />

Da mesma forma que sentimos a materialidade uns dos outros no<br />

desenvolvimento desta edição, sugerimos que esses espaços também sejam<br />

povoados, ainda que de maneira virtual, antes que voltem a ser vivenciados<br />

presencialmente.<br />

Boa leitura!<br />

REPORTAGENS DESTA EDIÇÃO<br />

Carlos Fortes, Débora Torii , Diogo de Oliveira,<br />

Fabiana Rodriguez, Orlando Marques<br />

REVISÃO<br />

Débora Tamayose<br />

CIRCULAÇÃO E MARKETING<br />

Márcio Silva<br />

PUBLICIDADE<br />

Lucimara Ricardi | diretora<br />

PARA ANUNCIAR<br />

comercial@editoralumiere.com.br<br />

T 11 3062.2622<br />

PARA ASSINAR<br />

assinaturas@editoralumiere.com.br<br />

T 11 3062.2622<br />

ADMINISTRAÇÃO<br />

administracao@editoralumiere.com.br<br />

T 11 3062.2622<br />

PUBLICADA POR<br />

C<br />

M<br />

Y<br />

CM<br />

MY<br />

CY<br />

CMY<br />

K<br />

Editora Lumière Ltda.<br />

Rua João Moura, 661 – cj. <strong>77</strong>, 05412-001<br />

São Paulo SP, T 11 3062.2622<br />

www.editoralumiere.com.br<br />

8


¿QUÉ PASA?<br />

#LEDFORUM20<br />

Análogo ao escopo abrangente da profissão do arquiteto<br />

de iluminação, o conteúdo da sala de conferências do<br />

LEDforum deste ano foi pensado para instrumentalizar e inspirar<br />

o profissional de iluminação.<br />

O arquiteto e lighting designer alemão Jan Blieske, professor<br />

do programa de mestrado internacional de Architectural<br />

Lighting Design na Faculdade de Design da Hochschule<br />

Wismar, na Alemanha, proferirá palestra sobre iluminação<br />

e patrimônio histórico.<br />

A lighting designer australiana Mary-Anne Kyriakou, professora<br />

de Lighting Design na Universidade de Ciências Aplicadas<br />

de Ost-Westfalen Lippe, em Detmold, Alemanha, abordará o<br />

conceito de aprender fazendo no ensino de iluminação.<br />

O lighting designer holandês Wim aan de Stegge, fundador<br />

do escritório Lampje aan Design Consultants, em Nova Délhi,<br />

Índia, apresentará sua investigação de mestrado na aplicação<br />

dos conceitos do desenho biofílico em projetos de lighting<br />

design.<br />

A artista britânica Liz West, especialista na criação<br />

de instalações in situ, explicará detalhes de seus trabalhos que<br />

envolvem cor, luz e suas propriedades físicas.<br />

O premiado artista e arquiteto holandês Daan Roosegaarde,<br />

fundador do Studio Roosegaarde e autor de instalações aclamadas<br />

internacionalmente, falará sobre os bastidores de seu processo<br />

de criação e dará detalhes de seus trabalhos reconhecidos<br />

mundialmente pela inovação e pela inspiração que despertam.<br />

Os renomados lighting designers e arquitetos Rafael Leão,<br />

do Brasil, e Ricardo Hofstadter, do Uruguai, apresentarão<br />

problemas e soluções na aplicação e no uso de tecnologia LED<br />

em projetos de iluminação.<br />

O #LEDforum20 acontecerá nos dias 5 e 6 de novembro<br />

no Hotel Tivoli Mofarrej, em São Paulo. (O.M.)<br />

10


ALYA line + Nix<br />

pendente linear led slim com<br />

sistema DALI para controle do fluxo<br />

luminoso e RGBW.<br />

+<br />

projetor led fixo<br />

Divulgação<br />

¿QUÉ PASA?<br />

40UNDER40<br />

ALYA floor<br />

embutido linear led slim com<br />

sistema DALI para controle do<br />

fluxo luminoso, temperatura da cor<br />

branco e RGB.<br />

Foi divulgada a lista dos 40 indivíduos mais talentosos e<br />

promissores da indústria da iluminação em 2020! A 5ª edição<br />

do prêmio 40under40, criado em 2016 em comemoração aos<br />

40 anos dos Lighting Design Awards, mais uma vez homenageia<br />

lighting designers, arquitetos, artistas e outros profissionais<br />

relacionados, por sua capacidade de trabalhar a iluminação<br />

arquitetural de maneira criativa e competente.<br />

Em consonância com o princípio do equilíbrio de gênero,<br />

amplamente defendido pelo movimento internacional Women in<br />

Lighting, neste ano foram premiados 25 mulheres e 15 homens,<br />

de 12 diferentes países, considerados representantes da nova<br />

geração da iluminação. Todos serão homenageados durante<br />

cerimônia marcada para o dia 22 de setembro em Londres, Reino<br />

Unido, juntamente com a entrega dos Lighting Design Awards.<br />

Dentre as vencedoras deste ano, cinco são embaixadoras<br />

do Women in Lighting e atuam diretamente na divulgação<br />

local do movimento em seus países: a lighting designer e<br />

educadora mexicana Magali Méndez, titular do escritório<br />

SáaS Lighting Conception; a lighting designer e pesquisadora<br />

portuguesa Martina Frattura; a lighting designer grega<br />

Chloe Kazamia, fundadora do escritório CK Design<br />

Lighting; e as lighting designers e educadoras paquistanesas<br />

Momena Saleem e Ana Tanveer, sócias no estúdio<br />

Light Space.<br />

A única brasileira premiada em 2020 foi a lighting designer<br />

Mohana Barros, titular do escritório Archidesign e diretora<br />

financeira da Associação Brasileira de Arquitetos de Iluminação<br />

(AsBAI) na gestão 2020/2021. “A profissão de lighting designer<br />

no Brasil é repleta de muito amor e sacrifício. E é com essa<br />

paixão que venho atuando no mercado da luz, sempre buscando<br />

aperfeiçoar a minha formação. Espero ser um exemplo para o<br />

mercado brasileiro e para os novos profissionais que desejem<br />

atuar no mercado”, declara Mohana.<br />

Nossos parabéns às vencedoras e aos vencedores!<br />

Teatro Vivo, Foyer<br />

São Paulo<br />

Triptyque Architecture<br />

Estúdio Carlos Fortes<br />

VEGA DOT<br />

pendente linear com mini-projetores<br />

led fixo e sistema DALI para controle<br />

do fluxo luminoso.<br />

Teatro Vivo, Plateia<br />

São Paulo<br />

Triptyque Architecture<br />

Estúdio Carlos Fortes<br />

12<br />

São Paulo SP Brasil 11 3871-3755 www.lightsource.com.br @lightsource_lighting


¿QUÉ PASA?<br />

CAPA DA INVISIBILIDADE<br />

A capa da invisibilidade está um passo mais próximo de<br />

se tornar realidade. Pelo menos é o que promete a empresa<br />

canadense Hyperstealth Biotechnology. Guy Cramer, CEO<br />

da companhia dedicada ao desenvolvimento de produtos de<br />

camuflagem, anunciou a recente patente de um novo material<br />

chamado Quantum Stealth (algo como “esconderijo quântico”,<br />

em tradução livre).<br />

Segundo seu criador, o material é formado por microlentes<br />

que permitem curvar a luz incidente, tornando invisível a olho<br />

nu o que estiver por trás dele. Além de distorcer a radiação<br />

eletromagnética que compõe o espectro de luz visível, o<br />

material age sobre as radiações ultravioleta e infravermelha,<br />

bloqueando o espectro termal dos objetos e dos seres vivos e<br />

impossibilitando a detecção de uma pessoa escondida atrás de<br />

uma camada desse material, por exemplo.<br />

Cramer esclarece que o Quantum Stealth, cuja espessura é<br />

igual à de uma folha de papel, tem custo inexpressivo e pode ser<br />

usado em qualquer ambiente, clima e horário, diferentemente<br />

dos padrões de camuflagem comuns. A princípio criado para fins<br />

militares, o material promete “tornar invisíveis” pessoas, veículos,<br />

navios e até mesmo edifícios. Dezenas de vídeos de demonstração<br />

do produto estão disponíveis na página invisibility.ca.<br />

A empresa anunciou também a patente do Solar Panel<br />

Amplifier, que utiliza o mesmo tipo de lente para aplicação em<br />

painéis solares, prometendo gerar mais que o triplo de energia<br />

em comparação com os painéis existentes até o momento. (D.T.)<br />

Hyperstealth Biotechnology<br />

14


¿QUÉ PASA?<br />

LUZ SIN FRONTERAS MÉXICO<br />

Zaickz Moz<br />

A associação sem fins lucrativos Luz Sin Fronteras México<br />

(LSFM) foi fundada no ano passado, com o objetivo de utilizar a luz<br />

e a iluminação como ferramentas de melhoria do desenvolvimento<br />

humano em comunidades carentes desse estímulo. Como<br />

parte da associação internacional Concepteurs Lumiére Sans<br />

Frontiéres (CLSF), baseada na França, que conduz projetos sociais<br />

internacionalmente há mais de dez anos – incluindo importantes<br />

ações no Haiti e no Mali –, a associação mexicana fundamenta-se<br />

na premissa de que a iluminação artificial é um direito humano e<br />

deve, portanto, ser acessível a todos.<br />

A metodologia da associação busca facilitar processos<br />

colaborativos, promovendo um diálogo constante, baseado no<br />

reconhecimento mútuo das capacidades e dos conhecimentos<br />

de cada um dos participantes do processo. Por meio de<br />

dinâmicas lúdicas e de workshops participativos envolvendo<br />

as comunidades, a LSFM busca entender as questões mais<br />

significativas e específicas para cada grupo e então trabalhar<br />

coletivamente para atendê-las.<br />

A associação foi lançada oficialmente no mês fevereiro deste<br />

ano, durante a Expo Lighting America (ELA), o mais importante<br />

evento mexicano de iluminação. Na ocasião, a LSFM apresentou<br />

o processo de um dos projetos em que esteve envolvida nos<br />

últimos meses: Sendero Km21. Trata-se de uma estrada de<br />

300 metros de extensão, comumente usada pela comunidade<br />

Km21, ao longo do rio San Juan de Dios, que, em decorrência<br />

da falta de iluminação noturna, transforma-se em um ambiente<br />

perigoso e violento. Em oposição ao senso comum, esse caminho<br />

não foi iluminado indiscriminadamente com postes, mas sim<br />

levando em consideração o ambiente natural e atendendo, ao<br />

mesmo tempo, às necessidades sociais locais. Mais do que um<br />

espaço de trânsito, a LSFM buscou criar, em parceria com a<br />

comunidade, um espaço de estar, encorajando a presença das<br />

pessoas e sua interação com a luz e com a noite.<br />

A LSFM é atualmente comandada por quatro experientes<br />

lighting designers mexicanas, Alejandra Hernández, Brenda<br />

Castillo, Cristina Escofet e Oriana Romero que acreditam que a luz<br />

e a iluminação podem atuar como elementos de transformação<br />

social, se usadas de maneira adequada e responsável. Para<br />

saber mais informações e colaborar com a associação, entre em<br />

contato pelo e-mail contacto@luzsinfronteras.org. (D.T.)<br />

16


¿QUÉ PASA?<br />

TECENDO A LUZ<br />

Dando as boas-vindas aos visitantes do histórico distrito<br />

londrino de Broadgate – antigo polo da indústria têxtil da cidade –,<br />

a instalação Loom (“tear”, em português) foi concebida pelos<br />

artistas ingleses Ronan Devlin e Michael Flückiger para integrar<br />

o pórtico de entrada do bairro, a convite da incorporadora British<br />

Land, com curadoria de Rosie Glenn.<br />

Inspirados pela história do local, hoje aberto exclusivamente<br />

para pedestres, os artistas desenvolveram uma espécie de<br />

“tear digital”, em que fios de luz são tecidos, em tempo real, de<br />

acordo com o momento do dia e a movimentação do público.<br />

As projeções se apresentam como curvas sinuosas, com<br />

diferentes amplitudes, frequências e cores, que se tornam mais<br />

densas à medida que o público é mais numeroso. O conceito da<br />

instalação se entrelaça à invenção do inovador tear mecânico<br />

pelo francês Joseph Marie Jacquard, no século XIX, que<br />

funcionava com base em um sistema binário, por meio de uma<br />

tela perfurada – o que também é referenciado pela fachada<br />

do edifício que abriga a instalação, totalmente revestida de<br />

cartões perfurados metálicos, criados pelo escritório Orms<br />

Architects.<br />

“Assim como a tecnologia criada por Jacquard impactou a<br />

vida social dos tecelões à época, ao automatizar seu serviço,<br />

Loom encoraja todos a ‘tecer’ novas formas de interação por<br />

meio das tecnologias digitais”, declaram os artistas.<br />

O sistema – cujos aspectos técnicos foram desenvolvidos em<br />

parceria com o escritório britânico Speirs + Major e com a<br />

empresa TLS International – consiste em uma grande luminária<br />

circular, com 5 metros de diâmetro, dotada de difusor em tela<br />

tensionada translúcida. A projeção de luz tem início todos<br />

os dias às 6 horas da manhã, quando apresenta intensidade<br />

luminosa mais sutil, que se torna gradualmente mais definida e<br />

reluzente no decorrer do dia, até ser desligada, à meia-noite. (D.T.)<br />

Luca Piffaretti<br />

18


Tomasz Zurek<br />

¿QUÉ PASA?<br />

RADIO,<br />

LIVE TRANSMISSION<br />

A Grimeton Radio Station é uma estação transatlântica de<br />

telegrafia sem fio construída na década de 1920, na localidade<br />

de Grimeton, Suécia, e declarada patrimônio mundial da<br />

Unesco em 2004, por ser o único exemplar remanescente<br />

da tecnologia pré-eletrônica de rádio transmissão, chamada<br />

alternador Alexanderson.<br />

A artista sérvia baseada na Suécia Aleksandra Stratimirovic<br />

foi convidada pela municipalidade sueca de Varberg a criar<br />

uma instalação permanente para a rádio. Ao visitar o local,<br />

a artista conta que se inspirou na porção imperceptível<br />

da história da estação para criar um elemento inesperado<br />

que pudesse ser visto a distância e tornasse visível, de<br />

maneira poética, a atividade da rádio. Assim foi concebida<br />

a instalação Transmission, que consiste em projeções de dois<br />

feixes de laser verdes, originados do topo de uma das torres<br />

da rádio, a uma altura de 127 metros, que materializam as<br />

comunicações imaginárias emitidas pela torre. As luzes se<br />

movimentam e pulsam em sequências rítmicas de acordo com<br />

o código Morse, transmitindo mensagens reais baseadas no<br />

trabalho da Unesco em prol da paz mundial, do respeito pelos<br />

direitos humanos universais e do desenvolvimento equitativo<br />

e sustentável: “paz; amor; vida; igualdade; diversidade; respeito;<br />

conhecimento; educação; liberdade de expressão; direitos<br />

humanos; diálogo intercultural; esperança”, são algumas delas.<br />

Dessa forma, a instalação se comunica na mesma linguagem<br />

que a utilizada pela Grimeton Radio Station, quando<br />

em atividade. (D.T.)<br />

20


Marco Borggreve<br />

C<br />

¿QUÉ PASA?<br />

EGO<br />

M<br />

Y<br />

CM<br />

MY<br />

CY<br />

CMY<br />

K<br />

Novo trabalho do Studio DRIFT, Ego foi apresentado pela<br />

primeira vez na montagem deOrfeu, ópera de Verdi.<br />

A escultura foi criada para a companhia holandesa de ópera<br />

itinerante Nederlandse Reisopera, por meio de uma parceria<br />

entre a diretora Monique Wagemakers, a coreógrafa Nanine<br />

Linning e a artista Lonneke Gordijn, do Studio DRIFT.<br />

A escultura é tecida à mão, usando 16 quilômetros de<br />

um finíssimo fio de fluorocarbono de cor preta e altamente<br />

reflexivo. Ego foi concebida a partir da forma regular de um bloco<br />

pendurado pelas quatro pontas.<br />

Durante a ópera, um marionetista direciona o bloco ao vivo,<br />

por meio de algoritmos e do uso de um software, para interagir<br />

com dançarinos e cantores. Sua capacidade de mudar de forma<br />

e de estado retrata as perspectivas inconstantes do protagonista<br />

do trabalho de Verdi.<br />

A escultura também foi apresentada nos espaços da galeria<br />

nova-iorquina Pace. Nesses ambientes, o diálogo e a interação<br />

entre o trabalho do Studio DRIFT e o espectador se expande<br />

para além do palco. (O.M.)<br />

22


Henrik Kam, courtesy of Illuminate<br />

¿QUÉ PASA?<br />

CHEIA DE GRAÇA<br />

O projeto sem fins lucrativos Illuminate dedica-se à<br />

realização de ousadas instalações públicas de arte, contando<br />

com o apoio de filantropos e de outras fundações e organizações<br />

não lucrativas. Baseado em São Francisco, Estados Unidos, o<br />

projeto foi responsável por viabilizar a instalação The Bay Lights,<br />

do artista Leo Villareal, exibida permanentemente em uma das<br />

famosas pontes da cidade, a Bay Bridge.<br />

Sua mais recente realização é Grace Light, uma instalação de<br />

grande escala em exibição na igreja episcopal Grace Cathedral,<br />

na mesma cidade, desde outubro passado. Criada pelo artista<br />

norte-americano George Zisiadis, a instalação é composta de<br />

um poderoso projetor – com fluxo luminoso de 30 mil lumens –<br />

instalado sobre o famoso labirinto de meditação pintado no piso,<br />

criando uma cortina de luzes coloridas, com mais de 30 metros<br />

de altura, evidenciada pela fina névoa lançada no espaço.<br />

Os visitantes são convidados a se deitar no labirinto e<br />

vivenciar uma jornada de 15 minutos de luzes sincronizadas a<br />

uma trilha sonora, composta pelo músico californiano Gabriel<br />

Gold especialmente para a instalação.<br />

“Grace Light suscita adoração, sensibilizando desde a mente<br />

até o coração”, declarou o fundador e CEO do Illuminate,<br />

Ben Davis. A experiência é gratuita e teve suas inscrições<br />

rapidamente esgotadas no ano passado, o que fez a Grace<br />

Cathedral estender a temporada até o final de 2020. (D.T.)<br />

24


T O D O P R O J E T O P R E C I S A D E I L U M I N A Ç Ã O.<br />

¿QUÉ PASA?<br />

VALE DE LUZ<br />

MAS ALÉM DISSO, A LUZ PODE EXPRESSAR IDENTIDADE!<br />

26<br />

Kristof Vrancken<br />

Em referência ao “vale da sombra da morte”, citado no<br />

Salmo 91 da Bíblia, o mais recente trabalho da artista visual<br />

polonesa Karolina Halatek, Valley, subverteu essa ideia ao<br />

propor a criação de um “vale de luz”.<br />

A instalação era formada por um estreito corredor<br />

que parecia amplificado pela luz originada das paredes<br />

paralelas retroiluminadas refletida pelas superfícies<br />

brancas de piso e teto. Ao adentrar no espaço, o visitante<br />

era transportado a um ambiente introspectivo, semelhante<br />

à fenda de uma geleira, onde poderia vivenciar a luz de<br />

maneira abstrata, em uma experiência transformadora.<br />

Ao mesmo tempo, a possibilidade de cruzar com outros<br />

visitantes em um espaço diminuto poderia remeter a um<br />

encontro entre dois estranhos, em um contexto urbano, como<br />

em uma estreita passagem entre dois arranha-céus. De acordo<br />

com a artista, a obra demonstra como a arquitetura tanto pode<br />

blindar e dividir quanto conectar.<br />

A instalação foi apresentada na exposição Alone Together,<br />

como parte do festival belga de arte contemporânea Artefact,<br />

que reuniu trabalhos de diversos artistas em busca de explorar<br />

todos os vieses da solidão e da intimidade. “Observando o<br />

crescente desenvolvimento da tecnologia, que leva a um<br />

aumento do isolamento e da ansiedade, quero seguir na direção<br />

oposta, por meio da criação de situações que envolvam todos<br />

os sentidos humanos”, declara Karolina. (D.T.)<br />

Catálogo Revoluz 2020.<br />

Baixe a versão digital no site,<br />

ou peça a versão impressa.<br />

Utilize o verdadeiro potencial da tecnologia LED,<br />

aliado à sensibilidade na decoração.<br />

(11) 97146-5035<br />

sac@revoluz.com.br<br />

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Uma campanha promovida entre os fabricantes<br />

nacionais de iluminação, visando a valorização<br />

da indústria, do design e da produção brasileira.<br />

VEJA O MANIFESTO COMPLETO E APOIE!


ERCO, Gavriil Papadiotis<br />

¿QUÉ PASA?<br />

A LUZ DE REMBRANDT E DE PETER<br />

A galeria de arte mais antiga do mundo, a Dulwich Picture<br />

Gallery, no sul de Londres, comemorou no final do ano passado<br />

o 350º aniversário da morte do pintor holandês Rembrandt com<br />

a exposição A luz de Rembrandt.<br />

A mostra teve conceito de iluminação do cinematógrafo<br />

Peter Suschitzky, diretor de fotografia dos filmes Guerra nas<br />

Estrelas, Marte Ataca, The Rocky Horror Picture Show e da<br />

maioria dos filmes do diretor David Cronenberg. Na opinião<br />

de Suschitzky, os trabalhos do pintor mostram uma verdade<br />

universal sobre a existência humana, utilizando a luz para criar<br />

movimento e emoção.<br />

28<br />

O projeto de iluminação da exposição explora a temática<br />

de cada sala. Na primeira, por exemplo, Suschitzky acentua<br />

a habilidade de Rembrandt como contador de histórias. Na<br />

última, dedicada à exibição de trabalhos de caráter mais pessoal<br />

do artista, o diretor propõe uma atmosfera sensual e íntima.<br />

A exposição deu ênfase à fase mais produtiva do pintor,<br />

durante o período de 1639-1658, em que viveu na casa de seus<br />

sonhos, no centro de Amsterdã – hoje o Rembrandt House<br />

Museum –, caracterizada por grandes janelas e pela abundância<br />

de luz natural. (O.M.)<br />

PLAFON BOX FOCO FLAT FOCO NO FRAME FOCO<br />

Focos de 10° ou 24° com lente<br />

antiofuscante. Disponível nas<br />

opções de 3000k e 4000k.<br />

Acesse o QR Code e saiba mais.


© Robert Irwin / Artists Rights Society (ARS), New York<br />

Tiago Reckler<br />

¿QUÉ PASA?<br />

DESLUZES<br />

A nova exposição Unlights, do artista estadunidense Robert Irwin,<br />

na galeria nova-iorquina Pace, é composta de lâmpadas fluorescentes nuas<br />

e apagadas, que são montadas em luminárias retangulares e instaladas em<br />

fileiras verticais diretamente na parede.<br />

Os tubos de vidro são cobertos por camadas de filtros translúcidos<br />

de diferentes cores e tiras de fita isolante, o que permite que a superfície<br />

refletora de vidro interaja com a iluminação difusa e uniforme do ambiente.<br />

Dessa forma, as esculturas apresentam um jogo de luz e sombra e tonalidade<br />

cromática, propondo sensações de ritmo, pulsação, expansão e intensidade<br />

e promovendo o imediatismo de nossa presença no espaço.<br />

Cada luminária contém uma ou duas lâmpadas apagadas – ou nenhuma<br />

lâmpada –, e intervalos vazios alternados de parede são pintados em sutis<br />

tons leves de cinza, provocando uma sensação de incerteza sobre o que<br />

é tátil e o que é meramente óptico.<br />

Como os intervalos sombreados, pintados e refletidos do espaço aguçam<br />

o campo visual do espectador, a própria parede entra na composição das<br />

esculturas, desestabilizando qualquer senso de materialidade. (O.M.)<br />

30<br />

SHOWROOM DASS<br />

Local: Ivoti - RS<br />

Projeto de arquitetura e iluminação: Acampoi Arquitetura<br />

www.lemca.com.br


Hendrik Zeitler<br />

C<br />

M<br />

Y<br />

¿QUÉ PASA?<br />

FENDAS NO ÁRTICO<br />

CM<br />

MY<br />

CY<br />

CMY<br />

K<br />

Os designers Sofia Hedman e Serge Martynov, fundadores<br />

do estúdio multidisciplinar MUSEEA, são especializados na<br />

criação de espaços expográficos, geralmente de perfil intrigante,<br />

provocador e imersivo. Foi o que apresentaram, mais uma vez,<br />

na exposição The Arctic – While the Ice Is Melting (O Ártico –<br />

Enquanto o Gelo Derrete, em tradução livre), em cartaz pelos<br />

próximos três anos no salão principal do Nordiska Museet, em<br />

Estocolmo, Suécia.<br />

A exposição apresenta uma viagem imersiva à vida no Ártico,<br />

contando sua história e falando sobre seu futuro sob o viés das<br />

mudanças climáticas, cujos efeitos são drásticos na região. O<br />

conceito é todo centrado em rachaduras, que têm um forte apelo<br />

simbólico sobre a vida local, denotando o rápido derretimento<br />

do gelo ocasionado pelo aquecimento global e ilustrando até<br />

mesmo a divisão existente entre os protetores do ambiente<br />

natural e aqueles que o exploram visando lucrar financeiramente.<br />

O visitante inicia seu percurso adentrando pela fenda de um<br />

enorme bloco de gelo, situado no grandioso hall do museu –<br />

que teve suas abóbadas tingidas por projeções mapeadas. Ali,<br />

a primeira sala recria a luz da Estrela do Norte, a mais brilhante<br />

da constelação da Ursa Menor, que se destaca no céu noturno<br />

do polo Norte.<br />

A ambientação ártica é proporcionada pela iluminação<br />

em tons azuis. No decorrer do percurso, a iluminação e<br />

as superfícies se tornam gradualmente mais esverdeadas,<br />

simbolizando o derretimento do gelo até alcançar o azul<br />

profundo do alto-mar.<br />

O espaço em que é demonstrada a importância da madeira<br />

para a cultura local, historicamente utilizada na construção de<br />

casas, é iluminado em temperatura de cor mais cálida.<br />

Após o trabalho nesse projeto, os designers, que já<br />

costumavam empregar materiais reciclados e reutilizados em<br />

suas criações, iniciaram a construção de uma plataforma para<br />

que outros profissionais possam encontrar e compartilhar<br />

materiais de reúso para futuras exposições. “A crise climática é<br />

uma questão crítica, do interesse de todos”, declara Sofia. (D.T.)<br />

32


Stephane Muratet<br />

¿QUÉ PASA?<br />

LOUIS VUITTON MAISON OSAKA MIDOSUJI<br />

FIDELIDADE E REPRODUÇÃO DE COR COMO VOCÊ NUNCA VIU<br />

A arquitetura da nova maison da grife francesa Louis Vuitton<br />

em Osaka presta homenagem à história marítima da cidade<br />

japonesa, em especial aos navios Higaki-Kaisen, tradicionais<br />

embarcações de carga a vela. Concebido pelo arquiteto Jun<br />

Aoki, em parceria com Peter Marino (responsável pelo projeto<br />

dos interiores), ambos colaboradores de longa data da marca,<br />

o edifício chama a atenção por sua fachada revestida de vidro<br />

translúcido e texturizado, que remete às velas de um barco, em<br />

decorrência do formato curvo.<br />

Durante o dia, o material tem aparência opaca, apesar de<br />

permitir a entrada controlada de luz natural nos ambientes<br />

da loja. À noite, porém, a fachada torna-se translúcida, em<br />

razão da iluminação indireta instalada na parte interna da<br />

base de cada vela, criando um dégradé de luz e revelando a<br />

presença da estrutura metálica que sustenta esses elementos.<br />

A luz vinda dos interiores também contribui para a criação<br />

de um interessante jogo de superfícies translúcidas e opacas,<br />

conferindo dinamismo à fachada. Ainda com relação ao tema<br />

marítimo, os acabamentos metálicos do térreo externo buscam<br />

recriar a impressão de um navio flutuando sobre a água, o<br />

que também é reforçado pelos acabamentos em madeira nos<br />

interiores, em referência ao convés.<br />

Nessa loja foi inaugurado o primeiro café da Louis Vuitton,<br />

Le Café V, que, instalado em um terraço descoberto no último<br />

andar, permite uma vista especial das velas da fachada. O café<br />

funciona como antessala para o Sugalabo V, um exclusivo<br />

restaurante de alta gastronomia aberto em parceria com o<br />

badalado chef japonês Yosuke Suga. (D.T.)<br />

34


¿QUÉ PASA?<br />

MISTERIOSO VALE DA ALTA GASTRONOMIA<br />

Shao Feng<br />

A equipe do escritório chinês Various Associates encontrou,<br />

na adversidade, uma inspiração. Contratados para projetar<br />

a sede do restaurante Voisin Organique, em um espaço<br />

preexistente em Shenzhen, os arquitetos depararam com<br />

um ambiente escuro e marcado pelas diferentes alturas, por<br />

razões estruturais. Levando em conta a filosofia farm-to-table<br />

(algo como “da fazenda à mesa”) adotada pelo restaurante, os<br />

arquitetos utilizaram as características do espaço para criar uma<br />

narrativa, que norteou os projetos de arquitetura e interiores:<br />

“um passeio pelo vale”.<br />

Ao entrar, os visitantes são recebidos no lounge, onde<br />

são oferecidos drinks e petiscos. O ambiente é marcado pela<br />

iluminação sutil, proveniente de detalhes lineares integrados ao<br />

fundo do bar e ao balcão, e da falsa claraboia construída em uma<br />

das fendas da estrutura existente, cuja iluminação mimetiza um<br />

pôr do sol. A única conexão com o ambiente externo se dá pelas<br />

lentes convexas instaladas na fachada, que permitem a entrada<br />

da luz natural no espaço.<br />

Um misterioso e escuro corredor leva ao espaço do<br />

restaurante, onde são oferecidos pratos de alta gastronomia<br />

que fazem uma releitura da cozinha chinesa clássica. Os<br />

acabamentos escuros e rústicos dominam esse espaço,<br />

iluminado apenas por poucos downlights sobre as mesas e por<br />

mais uma claraboia falsa, dessa vez fornecendo iluminação com<br />

temperatura de cor mais fria. A pintura marrom-avermelhada<br />

desse elemento se destaca do restante dos acabamentos,<br />

contribuindo para a experiência sensorial diferenciada que os<br />

arquitetos almejavam para esse ambiente. (D.T.)<br />

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CATEDRAL DE NORWICH<br />

Texto: Orlando Marques | Fotos: James Newton<br />

A Catedral de Norwich, em Norfolk, Inglaterra, foi construída<br />

entre 1096 e 1145, após a dominação normanda de Guilherme, o<br />

Conquistador, no século XI.<br />

O estilo gótico normando, atribuído principalmente à<br />

arquitetura românica inglesa, desenvolvida entre os séculos X<br />

e XII, define a arquitetura do edifício de construção em<br />

argamassa e pedra de Caen, tipo de calcário de cor bege-clara,<br />

extraído na cidade de Caen, no norte da França.<br />

Desde 2012 o escritório Speirs + Major trabalha no projeto<br />

de iluminação de seus interiores, caracterizado por arcos,<br />

abóbadas e artefatos históricos.<br />

A principal abordagem do projeto enfatiza elementos<br />

arquitetônicos e decorativos, permitindo, ao mesmo tempo, a<br />

realização de uma série de atividades e usos, próprios de uma<br />

catedral contemporânea, sem descaracterizá-la.<br />

“Sabemos que durante séculos e séculos esse edifício<br />

foi iluminado somente pela luz do dia e pela luz de velas.<br />

Nosso objetivo foi desenvolver um projeto ‘instintivo’,<br />

enfatizando a arquitetura dos elementos litúrgicos, de forma<br />

a permitir diversos usos”, declara Mark Major, arquiteto titular<br />

do escritório.<br />

O projeto de iluminação foi criado em camadas. Na base<br />

do edifício, a luz geral é mais baixa e uniforme, projetada para<br />

facilitar as atividades do dia a dia, como circulação, limpeza e<br />

leitura. Acessos e circulações com alterações de nível do piso<br />

foram iluminados para permitir conforto e segurança a pessoas<br />

com todas as habilidades.<br />

Outra camada de luz é formada por destaques, que<br />

chamam a atenção para os elementos de liturgia, como altares,<br />

púlpitos, assentos especiais, pia batismal, bancos e demais<br />

artefatos, como a cadeira do bispo. Outra camada de luz<br />

inclui a infraestrutura necessária para concertos e eventos da<br />

comunidade paroquiana.<br />

O estilo arquitetônico da Catedral de Norwich é caracterizado<br />

principalmente por uma estética limpa, cujos volumes são<br />

revelados por meio da iluminação natural, o que também<br />

define a experiência sensorial no edifício. A última camada<br />

de iluminação foi concebida para expressar esses volumes.<br />

Esse é o caso do destaque, por meio de iluminação indireta,<br />

das abóbadas da nave central e da lateral, do transepto e do<br />

presbitério, dos nichos e volumes do trifório e do clerestório e<br />

ainda das abóbadas dos corredores do ambulatório.<br />

38 39


Um dos desafios mais críticos do projeto foi determinar<br />

a localização das luminárias com a mínima interferência na<br />

estrutura do edifício. “Para nós foi essencial restringir o máximo<br />

possível o número de perfurações para a fixação das luminárias.<br />

Igualmente crucial foi manter a flexibilidade do conceito<br />

do projeto e distribuir luminárias onde fosse necessário”,<br />

conta Phillip Rose, lighting designer coordenador do projeto.<br />

Definiu-se então que, entre as caneluras das colunas, seriam<br />

fixados, verticalmente, trilhos eletrificados. Cada trilho recebeu<br />

até seis projetores cada, o que permitiu iluminar os volumes<br />

arquitetônicos e os artefatos, de acordo com o uso do espaço.<br />

Para iluminar as abóbadas – e com isso destacar os botões<br />

decorativos nos cruzamentos das vigas –, os trilhos foram<br />

distribuídos na parte posterior das colunas, escondidos do<br />

contato visual, a partir da entrada da nave principal.<br />

Outro aspecto importante no projeto de iluminação<br />

envolveu remover o cabeamento existente e adicionar uma<br />

nova infraestrutura elétrica, mais eficiente e com menos<br />

encaminhamentos. Para minimizar seu impacto visual na<br />

arquitetura, os cabos foram pintados à mão, utilizando a técnica<br />

artística de ilusão de óptica e perspectiva trompe l'oeil.<br />

Os bancos do coro receberam uma reinterpretação<br />

contemporânea do castiçal de vela, por meio de uma luminária<br />

decorativa que brilha suavemente na ponta e, na sua base, emite<br />

luz para baixo, a fim de iluminar o apoio de livros e partituras e<br />

destacar os bancos.<br />

No coro, os bancos são iluminados por luminárias decorativas<br />

inspiradas em uma vela. Uma fonte de luz direta, para baixo,<br />

ilumina o apoio de livros e partituras. Cenas variadas em<br />

diferentes momentos do dia permitem destacar diversas<br />

situações do culto religioso.<br />

No conceito produzido pelos lighting designers, é possível reconhecer as diversas<br />

camadas de luz da nave central e do transepto.<br />

40 41


CATEDRAL DE NORWICH<br />

Norfolk, Inglaterra<br />

Projeto de iluminação:<br />

Speirs + Major<br />

Arqueologia:<br />

Dr. Roland Harris<br />

Levantamento técnico:<br />

Henry Freeland<br />

Integração de sistemas<br />

e administração de contrato:<br />

Light Perceptions<br />

Obra:<br />

EV Bullen<br />

Cliente:<br />

Catedral de Norwich<br />

Fornecedores:<br />

ACDC, Lutron, Mike Stoane<br />

Lighting e Viabizzuno<br />

O escopo do projeto também incluiu a iluminação de seis<br />

capelas e da chancelaria da catedral. O conceito nessas áreas<br />

privilegiou o destaque dos altares, por meio de luminárias<br />

escondidas atrás do observador ao entrar nesses espaços.<br />

O projeto conta com sistema de automação, no qual é<br />

possível controlar a intensidade de todas as fontes de luz de<br />

0% a 100%. Isso permite ao deão total flexibilidade em definir<br />

a ambiência e atmosferas mais adequadas de acordo com o<br />

serviço e o uso dos espaços. Esse sistema permite ainda uma<br />

economia significativa no consumo de energia elétrica. E, por se<br />

tratar de fontes luminosas com tecnologia LED, o projeto também<br />

permitiu reduzir o impacto dos raios UV nos artefatos históricos.<br />

Vista do coro e do presbitério com iluminação de destaque<br />

para o altar.<br />

As circulações laterais são acentuadas pela iluminação<br />

indireta das abóbadas por pequenas luminárias embutidas<br />

nos capitéis das colunas.<br />

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TEATRO VIVO<br />

Texto: Orlando Marques (colaborou Carlos Fortes)<br />

Fotos:Tadeu Melegatti<br />

O Teatro Vivo está situado no térreo da sede corporativa<br />

da operadora de telefonia Vivo, em São Paulo. Projetado<br />

inicialmente para abrigar um cinema, a sala de espetáculos<br />

já tinha sido adaptada anteriormente para um teatro. A atual<br />

reforma, projetada pelo escritório de arquitetura Triptyque,<br />

equipou tanto o teatro em si quanto o foyer com os mais<br />

modernos sistemas de controle de som, vídeo, iluminação,<br />

acústica etc., superando as dificuldades inerentes às limitações<br />

físicas do projeto do antigo cinema.<br />

O reforço da identidade da marca da empresa foi um dos<br />

vetores de sustentação do projeto. Presente nos elementoschave<br />

do projeto de interiores (cortinas de veludo, estofados das<br />

poltronas da plateia e revestimentos acústicos), a cor púrpura –<br />

um tom de roxo saturado e vibrante – também está presente de<br />

forma estratégica no projeto de iluminação desenvolvido pelos<br />

lighting designers do Estúdio Carlos Fortes.<br />

44 45


O conceito inicial dos arquitetos foi pouco alterado durante<br />

o desenvolvimento do projeto de iluminação. Suas premissas<br />

foram sustentadas, e uma detalhada pesquisa de materiais<br />

e tecnologias foi desenvolvida, para que o resultado atendesse<br />

às expectativas.<br />

Em toda a área do foyer, que pode ser subdividido em<br />

múltiplas salas para uso individual, a estrutura de concreto foi<br />

deixada aparente, assim como todos os sistemas de instalações.<br />

Além de servir de foyer ao teatro, esses ambientes atendem<br />

aos usuários da torre corporativa, como é o caso do café que<br />

funciona durante todo o período de expediente, aberto também<br />

ao público externo.<br />

Seguindo esse conceito, todos os equipamentos de<br />

iluminação são aparentes. O principal desafio do projeto foi<br />

desenhar um sistema estrutural ao mesmo tempo rígido e<br />

leve que configura um plano visual abaixo das instalações. Tal<br />

sistema deveria ser o mais esbelto possível, incorporando a<br />

infraestrutura necessária à implantação do complexo sistema<br />

de automação DALI.<br />

O espaço é constituído por dois “quase quadrados”,<br />

inseridos um no outro com os eixos deslocados – o que nos<br />

remete à geometria encontrada na arte concreta brasileira. O<br />

grid da laje nervurada se impõe rapidamente como mais uma<br />

composição entre quadrados. Essa rigidez geométrica é rompida<br />

por uma imponente cortina de veludo roxa, que traça uma curva<br />

separando a área do foyer dos acessos à plateia.<br />

As áreas de uso são delimitadas em torno dos quatro<br />

lados do quadrado menor – que abriga bilheteria, sanitários,<br />

escadas, áreas de apoio e casas de máquinas. A iluminação<br />

difusa da bilheteria, composta de um forro de lona tensionada<br />

retroiluminada, destaca-a na frente do volume central. À<br />

esquerda, a circulação que dá acesso à plateia e conecta o foyer<br />

principal ao café é destacada pela cortina curva de veludo roxo.<br />

À direita, fica a área que pode ser fragmentada em salas de<br />

reuniões – quando todas as divisórias estão abertas, essa área<br />

integra-se com o lounge, na frente, e com o café, nos fundos.<br />

O partido fundamental do projeto foi o traçado de um grid<br />

luminoso de 2 m × 2 m, espelhado no teto e no piso, paginado<br />

a partir do volume central no foyer. A opção pelo sistema de<br />

iluminação RGBW visou, além da versatilidade do sistema,<br />

reforçar a identidade visual da Vivo, centrada na cor púrpura.<br />

Todo o sistema é integrado, incluindo a iluminação da plateia,<br />

100% dimerizável.<br />

46 47


A paginação valoriza o volume central, revestido de espelho<br />

acidado, que abriga bilheteria e serviços.<br />

Além das linhas difusas, luminárias cilíndricas iluminam a área<br />

do café e do foyer, contribuindo na modelagem dos espaços.<br />

O sistema RGBW e a automação DALI permitem quaisquer<br />

combinações de cores; no entanto, a fim de preservar a<br />

identidade da Vivo, as linhas do piso são programadas apenas<br />

em branco quente (3.000 K) ou púrpura.<br />

Toda a iluminação dos ambientes é composta de malha<br />

modular de 2 m × 2 m, que se espelha no piso e no teto. Essa<br />

malha é formada por linhas difusas conectadas entre si, com<br />

um sistema duplo de iluminação RGB e branco dinâmico.<br />

As dimensões do perfil são as mínimas necessárias para<br />

alojar o sistema duplo de fitas de LED, assim como drivers e<br />

controladores, resultando em 2,5 cm de largura.<br />

A paginação da malha inicia com um quadrado que dá<br />

a volta no volume central, iluminando as paredes revestidas<br />

de vidro acidado. A partir desse quadrado, repete-se o ritmo<br />

modular vez ou outra interrompido por elementos estruturais<br />

ou de fixação das divisórias.<br />

No café, no lounge e nas salas de reuniões, um segundo<br />

sistema de iluminação pontual foi inserido na malha, fixado em<br />

tubos que formam uma cruz entre os módulos. Esse sistema<br />

complementar de iluminação direta auxilia na modelagem dos<br />

ambientes e na hierarquização dos espaços.<br />

Como regra geral, o sistema de iluminação difusa pode ser<br />

programado considerando todos os espaços integrados, compartimentados<br />

com diferentes ocupações simultâneas ou ainda<br />

com ocupação parcial. O protocolo de controle DALI confere ao<br />

sistema a flexibilidade necessária para a programação adequada<br />

às diferentes possibilidades de uso.<br />

Para o uso diário do foyer, com todas as áreas integradas<br />

e ocupadas desde a abertura da torre corporativa no início<br />

da manhã até o final da última sessão no teatro, foram<br />

preestabelecidas cenas que corroboram a versatilidade do espaço<br />

e a identidade visual da Vivo.<br />

Essas cenas combinam o branco quente 3.000 K com a cor<br />

púrpura. Durante o dia, a iluminação é mais intensa nas áreas do<br />

café, no lounge e nas salas de reuniões, variando de 5% (piso e<br />

áreas de circulação) a 80% nas áreas em destaque. Nos minutos<br />

que antecedem o início dos espetáculos noturnos, aciona-se a<br />

iluminação púrpura com maior intensidade, em 100%, na área<br />

central revestida de vidro que abriga a bilheteria, e nas demais<br />

áreas, em 5%. Quando é liberado o acesso à plateia, a cor<br />

púrpura dá lugar ao branco quente em baixa intensidade em<br />

5%, com o corredor de acesso à plateia a 80%. No intervalo,<br />

mantém-se a iluminação geral em 5%, com destaque apenas<br />

na área do bar, a 30%. Ao final do espetáculo, a iluminação<br />

púrpura no piso é combinada com a iluminação branca de baixa<br />

intensidade no teto.<br />

Quaisquer outras combinações de cores podem ser<br />

programadas. Como regra impõe-se apenas que a iluminação<br />

embutida no piso seja sempre branca em 3.000 K ou púrpura.<br />

Na plateia, a iluminação direta, vinda de miniluminárias de facho<br />

concentrado agrupadas em linhas contínuas no teto, destaca<br />

mais uma vez a cor roxa das poltronas. Em complemento à<br />

iluminação direta, há uma sanca que ilumina a parede do fundo,<br />

revestida de madeira e com arandelas decorativas de luz indireta<br />

nas circulações laterais.<br />

TEATRO VIVO<br />

São Paulo, Brasil<br />

Projeto de iluminação:<br />

Estúdio Carlos Fortes<br />

Projeto de arquitetura:<br />

Triptyque<br />

Construtora:<br />

Lock<br />

Fornecedores:<br />

Lightsource, Osram e Tensoflex<br />

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YIN-YANG<br />

Texto: Débora Torii | Fotos: Takumi Ota<br />

Yin e Yang são princípios milenares do taoísmo que se<br />

baseiam no conceito de dualidade presente em tudo o que<br />

existe no Universo: sim ou não; verdadeiro ou falso; tudo ou<br />

nada; ligado ou desligado; aberto ou fechado; claro ou escuro...<br />

As relações binárias estão presentes em incontáveis situações<br />

cotidianas, sendo aplicadas também em diversos conceitos e<br />

práticas nos campos da filosofia, da teologia, da astrologia, da<br />

psicanálise e até mesmo da medicina. No entanto, a ciência<br />

a que o sistema binário é mais frequentemente associado é a<br />

computação, cuja linguagem é constituída dos dígitos 0 e 1, que<br />

são a base de toda a codificação e armazenamento de dados.<br />

Esse foi o ponto de partida do projeto de interiores do<br />

estúdio japonês nendo para o novo núcleo de desenvolvimento<br />

digital de um escritório internacional em Tóquio, no Japão. Líder<br />

mundial no mercado de consultoria empresarial, a empresa<br />

americana preza pela discrição ao lidar com dados sigilosos<br />

de importantes clientes, o que se traduz perfeitamente nos<br />

materiais e nos acabamentos adotados no projeto.<br />

50 51


O local é dividido em três galerias, que contêm espaços de<br />

escritório e salas de reuniões, além de um lounge destinado<br />

à apresentação de novas tecnologias digitais e um espaço<br />

multiuso para a realização de eventos e seminários. Os<br />

ambientes são marcados pelo alto contraste dos acabamentos,<br />

como, por exemplo, nas áreas comuns, onde o teto é pintado<br />

na cor preta, permitindo que os equipamentos de iluminação<br />

“desapareçam” em meio às instalações aparentes, pintadas<br />

na mesma tonalidade. Detalhes lineares de iluminação difusa<br />

contribuem para valorizar os acabamentos, como os espelhos<br />

aplicados nas paredes das circulações e o encontro do teto preto<br />

com as paredes brancas na sala multiuso.<br />

O aquecimento das lâminas de vidro, quando posicionadas sobre<br />

moldes de aço, deformou-as pela ação de seu próprio peso,<br />

adquirindo assim a textura formada pelos números “0” e “1”.<br />

Pela irregularidade das superfícies, esses elementos não<br />

puderam ser transportados de maneira tradicional, por meio<br />

de ventosas, o que demandou maior tempo e mão de obra para<br />

sua instalação.<br />

O principal elemento construtivo do projeto são as divisórias<br />

de vidro transparente, criadas pelo estúdio com inspiração nos<br />

dígitos binários da computação. Compostas de duas camadas<br />

de vidro laminado e de quatro camadas de película para a<br />

prevenção contra estilhaços, as divisórias foram moldadas em<br />

fôrmas de aço inoxidável, que lhes imprimiram uma textura<br />

ondulada, feita dos números 0 e 1. Com exceção do mobiliário,<br />

os interiores das salas contidas por essas divisórias são<br />

predominantemente brancos, amplificando a reflexão da luz. Ao<br />

ser transmitida pelo vidro texturizado, a luz é refratada, criando<br />

um curioso jogo de reflexos, semelhantes aos que são gerados<br />

quando a luz do Sol é transmitida e refletida pela água.<br />

As salas do escritório oferecem, ao mesmo tempo,<br />

permeabilidade visual e privacidade, já que a textura do vidro<br />

faz parecer distorcido – ou codificado – tudo o que está do<br />

outro lado. Segundo os designers, “a intenção era expressar o<br />

futuro da ‘Internet das coisas’ (IoT), uma fusão entre o digital e<br />

o real, por meio desse cenário em que imagens reais e virtuais<br />

se integram de maneira harmônica”. Curiosamente, esse futuro<br />

é expresso por meio da referência a esse sistema tão antigo que<br />

confere ao espaço múltiplas interpretações e linguagens – assim<br />

como ocorre na computação.<br />

DIGITAL HUB<br />

Tóquio, Japão<br />

Projeto de iluminação e interiores:<br />

nendo<br />

Oki Sato (Chief Designer)<br />

Mado, Snz (Designers)<br />

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EM BUSCA DA LUZ TANGÍVEL:<br />

A EXPERIÊNCIA DO FRESH & GOOD<br />

Texto: Diogo de Oliveira | Fotos: André Nazareth<br />

A luz biologicamente eficaz ou human centric lighting (HCL)<br />

está no centro do debate entre lighting designers, pesquisadores<br />

e indústria de iluminação. Trata-se, no entanto, de um campo<br />

ainda bastante novo em termos de evidências, mas que, ao<br />

mesmo tempo, atende à crescente demanda por produtos<br />

associados à saúde e ao bem-estar dos usuários. Uma pesquisa<br />

de mercado publicada no ano passado previu crescimento global<br />

de 38% no consumo de produtos baseados em HCL entre 2018<br />

e 2019, movimentando quase 1 bilhão de dólares.<br />

Do ponto de vista fisiológico, a ciência reconhece<br />

fotorreceptores no olho humano não relacionados à visão e<br />

afirma que a luz influi diretamente no ciclo circadiano por meio<br />

da supressão ou da liberação do hormônio melatonina, ligado<br />

ao ciclo sono-vigília e à reprodução, sendo menos atuante<br />

quanto menor é nossa exposição à luz. Estamos diante de<br />

novas áreas do conhecimento que por hora apresentam mais<br />

perguntas que respostas.<br />

Crescentes iniciativas do lighting design e da indústria<br />

de iluminação, no entanto, adiantam-se com soluções que<br />

relacionam os efeitos da luz à qualidade visual e ao conforto,<br />

assim como à qualidade do sono, à atenção, ao humor e ao<br />

comportamento, além de suas consequências na saúde, no<br />

aprendizado, no consumo e no desempenho profissional.<br />

Ainda, práticas correntes nos estudos de mercado, como os<br />

indicadores-chave de desempenho (key performance indicator<br />

– KPIs) e a gestão de marcas (branding) aplicada ao sucesso de<br />

estratégias empresariais, têm fornecido dados para a concepção<br />

de projetos de iluminação visando ao desempenho.<br />

54 55


O conceito de fluidez entre espaços múltiplos, com restaurante<br />

casual, grab & go e bar no térreo e ambiente mais formal<br />

no mezanino, resultou em adequação e integração da luz.<br />

As soluções de iluminação combinaram luz difusa e pontual,<br />

criando contrastes, além de iluminar superfícies.<br />

LD STUDIO E KELVING LAB<br />

Resultado de quatro anos de apuração e aplicação rigorosa<br />

de dados tanto científicos quanto de tecnologia, do design e<br />

do marketing no campo da iluminação biologicamente eficaz,<br />

os parceiros cariocas LD Studio e Kelving LAB desenvolvem<br />

metodologias experimentais que aplicam indicadores de<br />

medição para materializar os benefícios da luz na vida<br />

humana, promovendo desde bem-estar até produtividade e<br />

experiências de consumo.<br />

FRESH & GOOD<br />

O projeto de iluminação do restaurante Fresh & Good, aberto<br />

desde 2018 em Ipanema, Rio de Janeiro, é o primeiro resultado<br />

dessa parceria. A colaboração entre desenho de iluminação<br />

e metodologias de medição dos impactos fisiológicos da<br />

iluminação para otimizar as experiências dos usuários do<br />

restaurante define esse projeto.<br />

O restaurante foi concebido pelos empresários Fabiola<br />

Giffoni e Andre Penso como um espaço gastronômico múltiplo<br />

capaz de acolher o público ao longo de todo o dia, servindo<br />

comida saudável, afetiva e saborosa. Esse conceito de comida<br />

“de verdade” orientou a criação da identidade visual da marca<br />

com paleta de cores intensas, evocando alimentos in natura, ou<br />

seja, não processados.<br />

O projeto de arquitetura de Vicente Giffoni trouxe para o<br />

ambiente essa mesma intensidade de cores, seguindo estratégia<br />

de fortalecimento da marca. Outro elemento relevante é a<br />

convivência de espaços múltiplos: grab & go, restaurante casual<br />

e bar, no térreo, e restaurante mais formal, no mezanino.<br />

O conceito do projeto de iluminação do LD Studio<br />

inspirou-se na fluidez entre esses espaços: a ideia de conexão<br />

e conectividade aplicada não apenas na luz adequada a cada<br />

ambiente, mas também na instalação cenográfica de fios<br />

tensionados com as cores da marca, cuja variação de densidade<br />

identifica os espaços.<br />

Fios coloridos instalados no teto do térreo conectam-se com<br />

divisórias e luminárias também feitas de fios, mesmo elemento<br />

usado próximo ao forro do segundo andar, onde a luz azul reforça<br />

essa conexão entre os ambientes. As soluções de iluminação<br />

combinaram luz difusa e pontual, criando contrastes, além de<br />

iluminar superfícies como as prateleiras do bar, as cortinas do<br />

mezanino e a parede da escada.<br />

56 57


58 59


9h<br />

13h<br />

17h<br />

18h<br />

19h<br />

A ideia de conexão e conectividade inspirou o uso de fios<br />

tensionados com as cores intensas da marca em instalações<br />

cenográficas no teto, cuja variação de densidade dos fios<br />

identifica os espaços, além da criação de divisórias e luminárias.<br />

A sequência acima ilustra as cinco composições espectrais<br />

criadas a partir da variação diária da experiência dos usuários:<br />

café da manhã, almoço, meio da tarde, crepúsculo e noite.<br />

Essas variações foram programadas digitalmente para execução<br />

e monitoramento em tempo real e são resultado da metodologia<br />

de light branding.<br />

O Kelving LAB integrou-se ao projeto na criação de soluções<br />

flexíveis e moduladas de iluminação para o uso dos espaços<br />

por públicos diversos ao longo da jornada de operação da casa,<br />

ajustadas a limitações de orçamento, metas de retorno do<br />

investimento e compreensão de mercado.<br />

Com o objetivo de conhecer e otimizar a experiência<br />

dos usuários em cada período da operação, definiram-se<br />

indicadores-chave de desempenho a partir de atributos<br />

fisiológicos (atender necessidades visuais e não visuais),<br />

psicológicos (efeitos da luz e do ambiente no acolhimento e na<br />

adequação) e identitários (elementos de iluminação e variações<br />

espectrais alinhados com a identidade da marca). Com base<br />

nesse estudo, surgiram composições espectrais como resultado<br />

da aplicação da metodologia de Light Branding, programadas<br />

digitalmente para execução e monitoramento em tempo real e<br />

adequadas a cada período: café da manhã, almoço, tarde, fim de<br />

tarde, crepúsculo e noite.<br />

Um resultado tangível desse foco nas experiências dos<br />

usuários aplicado ao projeto de iluminação, citado pelos<br />

lighting designers responsáveis pelo Fresh & Good, foi o gradual<br />

aumento da frequência no período da noite, uma conquista<br />

bem-vinda quando se esperava público principalmente diurno.<br />

A iluminação biologicamente eficaz amplia a vocação múltipla<br />

da casa.<br />

FRESH & GOOD<br />

Rio de Janeiro, Brasil<br />

Projeto de iluminação:<br />

LD Studio<br />

Clarissa Bonotto, Daniele Valle,<br />

Mônica Lobo e Monique Helen<br />

Consultoria em Light Branding®<br />

Kelving LAB<br />

Projeto de arquitetura e interiores:<br />

VG Vicente Giffoni Arquitetura<br />

e Planejamento<br />

Cliente:<br />

Fresh & Good<br />

Fornecedores:<br />

Dimlux, Ledplus, Light Design + Exporlux,<br />

Osvaldo Matos, Luz Carioca, Zigbee<br />

e Z-wave<br />

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MODA, ARTE E DESIGN<br />

Texto: Fabiana Rodriguez | Fotos: Romulo Fialdini<br />

Em comemoração a seus 40 anos de história, no ano<br />

passado a Galeria Melissa São Paulo foi inteiramente reformada.<br />

Localizada na rua Oscar Freire, famosa por ser o local das<br />

grandes marcas e do circuito paulistano da moda, a proposta<br />

do espaço é misturar moda, arte e design, três pilares da marca.<br />

Com conceito idealizado pelo empresário de design<br />

Houssein Jarouche e projeto arquitetônico desenvolvido pela<br />

arquiteta Moema Wertheimer, do escritório de arquitetura<br />

mw.arq, a ideia foi criar um espaço híbrido para atender a uma<br />

grande variedade de atividades, como intervenções artísticas,<br />

talks, workshops e lançamentos dos produtos da marca.<br />

Com base nessas premissas, o projeto de iluminação,<br />

desenvolvido pelo escritório Lit Arquitetura de Iluminação,<br />

apoiou-se na ideia de flexibilidade e inovação, entendendo o<br />

universo da marca e ressaltando o produto no contexto espacial.<br />

O projeto procurou o equilíbrio entre dois efeitos distintos e<br />

complementares da luz: a iluminação geral difusa do ambiente e<br />

a iluminação de destaque dos produtos e dos demais elementos<br />

arquitetônicos. Além disso, criou uma solução simples e eficaz<br />

para acompanhar a versatilidade de layout dos expositores.<br />

Uma grande praça junto à calçada integra a loja ao contexto<br />

urbano, criando uma área de convivência “dentro-fora” da<br />

Galeria Melissa. A utilização de 20 mil tijolos de PVC Melflex®,<br />

o famoso plástico das sandálias Melissa, como revestimento<br />

das paredes desse espaço, reforça a identidade da marca. A<br />

utilização inovadora desse material como elemento construtivo<br />

conferiu ao espaço a aparência, a textura e o cheiro dos produtos<br />

da marca. Esses “tijolos Melissa” podem ainda, por exemplo, ser<br />

substituídos por outros de cores diferentes e reaproveitados na<br />

fabricação de novos produtos.<br />

A grande superfície de tijolos dourados da fachada é valorizada<br />

com iluminação de baixo para cima por meio de projetores<br />

lineares embutidos no piso com módulo LED de 40 W, 3.700 lm<br />

e 2.700 K. Perfis lineares integrados sob os bancos com fita<br />

de LED LONG RUN de 3,5 W, 31 0lm e 2.600 K e projetores de<br />

LED de 7 W, 85 0lm, 3.000 K e facho de 31° nas jardineiras<br />

completam a iluminação da praça de acesso à loja.<br />

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A aparência das paredes, atualmente com tijolos dourados, é potencializada pelo<br />

sistema de iluminação uplight de maneira intensa e uniforme, por meio de projetores<br />

lineares embutidos no piso. Em complemento à iluminação vertical, foram instalados<br />

perfis lineares integrados aos bancos, para iluminação indireta, e projetores fixados em<br />

espetos nas jardineiras, para destaque do paisagismo.<br />

Ao entrar na loja, um grande espaço com pé-direito duplo abriga, um de cada<br />

lado, expositores em forma de andaimes com rodízios, o que permite também layouts<br />

diferentes na exposição de produtos ou elementos decorativos. Como os expositores<br />

são móveis, a iluminação acompanha esse conceito, por meio de luminárias móveis,<br />

fixadas por garras nas prateleiras ou na estrutura dos andaimes.<br />

Projetores orientáveis com diferentes aberturas de fachos foram incluídos para<br />

destacar os produtos expostos, bem como a mesa coletiva, criando brilhos pontuais<br />

nos ambientes e nos produtos. A iluminação geral da loja, projetada por meio de<br />

perfis de LED para iluminação difusa, está distribuída em linhas descontínuas sobre<br />

um forro de tela metálica expandida. A intenção foi criar uma iluminação homogênea,<br />

permitindo mais conforto visual na transição das áreas externas para as internas.<br />

Para marcar a transição de textura do revestimento de tijolo dourado para o<br />

da tela metálica nas paredes e, com isso, conferir continuidade visual, o projeto de<br />

iluminação repetiu a distribuição dos perfis de LED do forro, fixando-os nos limites<br />

desses revestimentos.<br />

O destaque dos produtos nos expositores móveis é feito por meio<br />

de arandelas orientáveis com lâmpada de LED PAR20 de 6 W,<br />

450 lm, 2.700 K e 25°, fixadas na estrutura dos andaimes por<br />

meio de garras. Sobre a tela metálica expandida foram instaladas<br />

luminárias lineares com LED 25 W/m, 1.600 lm/m e 3.000 K<br />

para iluminação difusa. Sob a tela foi projetado um sistema de<br />

iluminação de destaque com projetores orientáveis com módulo<br />

LED COB de 7,6 W, 1.100 lm, 3.000 K e fachos de 14° e 24°.<br />

O mesmo tipo de sistema uplight da entrada, menos contínuo<br />

e com luminárias de menos intensidade, ilumina a parede verde<br />

localizada na parte posterior do espaço, convidando os clientes<br />

a percorrer toda a extensão da loja até chegar a mais uma área<br />

de convivência da Galeria Melissa.<br />

Para ajudar a trazer mais calidez aos ambientes, foi adotada<br />

tecnologia LED com temperatura de cor entre 2.600 K e 3.000 K,<br />

uma vez que, com exceção dos tijolos dourados, a maior parte<br />

dos acabamentos do projeto é em tonalidade neutra.<br />

Alinhando características técnicas e estéticas de um espaço<br />

híbrido, o projeto de iluminação reforçou esse conceito de<br />

espaço mutável e urbano, destacando o universo estético atual<br />

e democrático que a Galeria Melissa propõe à cidade.<br />

GALERIA MELISSA SÃO PAULO<br />

São Paulo, Brasil<br />

Projeto de iluminação:<br />

Lit Arquitetura de Iluminação<br />

Cláudia Borges Shimabukuro<br />

e Letícia Mariotto (arquitetas titulares)<br />

Projeto conceitual:<br />

Houssein Jarouche<br />

Projeto de arquitetura e interiores:<br />

Moema Wertheimer Arquitetura<br />

(arquiteta titular)<br />

Arthur Madsen (arquiteto coordenador)<br />

Cliente:<br />

Grendene<br />

Fornecedores:<br />

Lemca, LightDesign + Exporlux,<br />

Omega Light e Stella<br />

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FOTO LUZ FOTO<br />

ROMULO FIALDINI<br />

Nesta foto eu quis dar a impressão de uma enorme pilha de<br />

barras de ouro. Foi o que eu enxerguei na primeira vez que vi a<br />

fachada desse projeto. Em todas as fotos que produzi procurei<br />

enquadrar de maneira que tudo parecesse grande, que é o que<br />

eu estava sentindo.<br />

Tive uma dificuldade engraçada na realização dessa<br />

imagem. Antes da reforma, a fachada recebia, quase que<br />

mensalmente, uma nova intervenção de um artista diferente.<br />

No caso desse projeto era uma mudança definitiva...<br />

Então foi marcado um evento para a abertura, como<br />

uma inauguração, com convidados. Tudo foi sincronizado<br />

para dar certo, uma vez que a loja só ficaria definitivamente<br />

pronta no horário da abertura. Quando cheguei havia uma<br />

enorme equipe trabalhando freneticamente para que tudo<br />

ficasse pronto. Estava um caos, e eu precisava das fotos<br />

para o mesmo dia. Nesse momento consegui convencer que<br />

todos saíssem de dentro da loja por 10 minutos. Esse foi o<br />

tempo total que tive para realizar meus trabalhos. Todos toparam,<br />

e as fotos foram feitas milagrosamente – pelo menos para mim –<br />

nesse tempo!<br />

A câmera utilizada foi uma Nikon, lente Nikkor 12-24 mm.<br />

A imagem praticamente não recebeu nenhum retoque, apenas<br />

um ajuste de cor.<br />

Romulo Fialdini iniciou sua carreira como fotógrafo no Museu<br />

de Arte de São Paulo (Masp) em 1971, onde permaneceu até<br />

1974. A partir de então, atua no campo editorial em revistas<br />

como Vogue, Wish, Trip, Joyce, DBA, Prêmio, entre outras,<br />

em publicidade e particularmente no trabalho fotográfico<br />

de edições de livros de arte, arquitetura, decoração, culinária<br />

e memória de empresas.<br />

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